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DISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA/LITERATURA/ARTES

PROFESSOR: ALEXANDRE SANTOS


E MAIL: alexandresantos1952@globomail.com
ASSUNTO: REVEJA
TURMA: TERCEIRAS SÉRIES

1 – (Enem 2016)

Do amor à pátria
São doces os caminhos que levam de volta à pátria. Não à pátria amada de verdes mares bravios, a mirar em berço
esplêndido o esplendor do Cruzeiro do Sul; mas a uma outra mais íntima, pacífica e habitual - uma cuja terra se
comeu em criança, uma onde se foi menino ansioso por crescer, uma onde se cresceu em sofrimentos e esperanças
plantando canções, amores e filhos ao sabor das estações.
MORAES, V. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1987.

O nacionalismo constitui tema recorrente na literatura romântica e na modernista. No trecho, a representação da pátria
ganha contornos peculiares porque
A o amor àquilo que a pátria oferece é grandioso e eloquente.
B os elementos valorizados são intimistas e de dimensão subjetiva.
C o olhar sobre a pátria é ingênuo e comprometido pela inércia.
D o patriotismo literário tradicional é subvertido e motivo de ironia.
E a natureza é determinante na percepção do valor da pátria.
TEXTO I
Minha amada tem palmeiras
Onde cantam passarinhos
e as aves que ali gorjeiam
em seus seios fazem ninhos

Ao brincarmos sós à noite


nem me dou conta de mim:
seu corpo branco na noite
luze mais do que o jasmim

Minha amada tem palmeiras


tem regatos tem cascata
e as aves que ali gorjeiam
são como flautas de prata

Não permita Deus que eu viva


perdido noutros caminhos
sem gozar das alegrias

que se escondem em seus carinhos


sem me perder nas palmeiras
onde cantam os passarinhos
Ferreira Gullar

TEXTO II
"Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza.
Os poetas da minha terra
são pretos que vivem em torres de ametista,
os sargentos do exército são monistas, cubistas,
os filósofos são polacos vendendo a prestações.
A gente não pode dormir
com os oradores e os pernilongos.
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.
Eu morro sufocado
em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
nossas frutas mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia.
Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
e ouvir um sabiá com certidão de idade!"
Murilo Mendes

ANOTAÇÕES

2 – (Enem-2016)

Casamento
Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como “este foi difícil”
“prateou no ar dando rabanadas”
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.
PRADO, A. Poesia reunida. São Paulo: Siciliano, 1991.

O poema de Adélia Prado, que segue a proposta moderna de tematização de fatos cotidianos, apresenta a prosaica
ação de limpar peixes na qual a voz lírica reconhece uma
A expectativa do marido em relação à esposa.
B imposição dos afazeres conjugais.
C disposição para realizar tarefas masculinas.
D dissonância entre as vozes masculina e feminina.
E forma de consagração da cumplicidade no casamento.
TEXTO

Mulheres de Atenas
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Vivem pros seus maridos, orgulho e raça de Atenas
Quando amadas, se perfumam
Se banham com leite, se arrumam
Suas melenas
Quando fustigadas não choram
Se ajoelham, pedem, imploram
Mais duras penas
Cadenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas


Sofrem pros seus maridos, poder e força de Atenas
Quando eles embarcam, soldados
Elas tecem longos bordados
Mil quarentenas
E quando eles voltam sedentos
Querem arrancar violentos
Carícias plenas
Obscenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas


Despem-se pros maridos, bravos guerreiros de Atenas
Quando eles se entopem de vinho
Costumam buscar o carinho
De outras falenas
Mas no fim da noite, aos pedaços
Quase sempre voltam pros braços
De suas pequenas
Helenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas


Geram pros seus maridos os novos filhos de Atenas
Elas não têm gosto ou vontade
Nem defeito nem qualidade
Têm medo apenas
Não têm sonhos, só têm presságios
O seu homem, mares, naufrágios
Lindas sirenas
Morenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas


Temem por seus maridos, heróis e amantes de Atenas
As jovens viúvas marcadas
E as gestantes abandonadas
Não fazem cenas
Vestem-se de negro, se encolhem
Se conformam e se recolhem
Às suas novenas
Serenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas


Secam por seus maridos, orgulho e raça de Atenas
Chico Buarque

ANOTAÇÕES
3 – (Enem-2016)

Descobrimento
Abancado à escrivaninha em São Paulo
Na minha casa da rua Lopes Chaves
De sopetão senti um friúme por dentro.
Fiquei trêmulo, muito comovido
Com o livro palerma olhando pra mim.
Não vê que me lembrei que lá no norte, meu Deus!
Muito longe de mim,
Na escuridão ativa da noite que caiu,
Um homem pálido, magro de cabelos escorrendo nos olhos
Depois de fazer uma pele com a borracha do dia,
Faz pouco se deitou, está dormindo.
Esse homem é brasileiro que nem eu...
ANDRADE, M, Poesias completas. São Paulo: Edusp, 1987.

O poema Descobrimento, de Mário de Andrade, marca a postura nacionalista manifestada pelos escritores
modernistas. Recuperando o fato histórico do “descobrimento”, a construção poética problematiza a representação
nacional a fim de
A resgatar o passado indígena brasileiro.
B criticar a colonização portuguesa no Brasil.
C defender a diversidade social e cultural brasileira.
D promover a integração das diferentes regiões do país.
E valorizar a Região Norte, pouco conhecida pelos brasileiros.
TEXTO I

BRASIL
O Zé Pereira chegou de caravela
E preguntou pro guarani da mata virgem
— Sois cristão?
— Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte
Teterê Tetê Quizá Quizá Quecê!
Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!
O negro zonzo saído da fornalha
Tomou a palavra e respondeu
— Sim pela graça de Deus
Canhém Babá Canhém Babá Cum Cum!
E fizeram o Carnaval
Oswald de Andrade

TEXTO II

ERRO DE PORTUGUÊS
Quando o português chegou
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português
Oswald de Andrade
TEXTO III
EXCERTOS DA CARTA DE CAMINHA
(...)
Ali andavam entre eles três ou quatro moças, bem novinhas e gentis, com cabelos muito pretos e compridos pelas
costas; e suas vergonhas, tão altas e tão cerradinhas e tão limpas das cabeleiras que, de as nós muito bem olharmos,
não se envergonhavam.
(...)
E além do rio andavam muitos deles dançando e folgando, uns diante os outros, sem se tomarem pelas mãos. E
faziam-no bem. Passou-se então para a outra banda do rio Diogo Dias, que fora almoxarife de Sacavém, o qual é
homem gracioso e de prazer. E levou consigo um gaiteiro nosso com sua gaita. E meteu-se a dançar com eles,
tomando-os pelas mãos; e eles folgavam e riam e andavam com ele muito bem ao som da gaita. Depois de dançarem
fez ali muitas voltas ligeiras, andando no chão, e salto real, de que se eles espantavam e riam e folgavam muito.
(...)
Andariam na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e de aí a pouco começaram a vir. E parece-me que viriam
este dia a praia quatrocentos ou quatrocentos e cinqüenta. Alguns deles traziam arcos e setas; e deram tudo em
troca de carapuças e por qualquer coisa que lhes davam. Comiam conosco do que lhes dávamos, e alguns deles
bebiam vinho, ao passo que outros o não podiam beber. Mas quer-me parecer que, se os acostumarem, o hão de
beber de boa vontade! Andavam todos tão bem dispostos e tão bem feitos e galantes com suas pinturas que
agradavam.
(...)

TEXTO IV
A descoberta
Seguimos nosso caminho por este mar de longo
Até a oitava da Páscoa
Topamos aves
E houvemos vista de terra

os selvagens
Mostraram-lhes uma galinha
Quase haviam medo dela
E não queriam por a mão
E depois a tomaram como espantados
primeiro chá
Depois de dançarem
Diogo Dias
Fez o salto real

as meninas da gare
Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis
Com cabelos mui pretos pelas espáduas
E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
Que de nós as muito bem olharmos
Não tínhamos nenhuma vergonha.
(Oswald de Andrade, in Poesias Reunidas. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1971.)

TEXTO V
ANOTAÇÕES

4 – (Enem-2014)

Quando Deus redimiu da tirania


Da mão do Faraó endurecido
O Povo Hebreu amado, e esclarecido,
Páscoa ficou da redenção o dia.

Páscoa de flores, dia de alegria


Àquele Povo foi tão afligido
O dia, em que por Deus foi redimido;
Ergo sois vós, Senhor, Deus da Bahia.

Pois mandado pela alta Majestade


Nos remiu de tão triste cativeiro,
Nos livrou de tão vil calamidade.

Quem pode ser senão um verdadeiro Deus,


que veio extirpar desta cidade
O Faraó do povo brasileiro.
DAMASCENO, D. (Org.). Melhores poemas: Gregório de Matos. São Paulo: Globo, 2006.

Com uma elaboração de linguagem e uma visão de mundo que apresentam princípios barrocos, o soneto de Gregório
de Matos apresenta temática expressa por
A visão cética sobre as relações sociais.
B preocupação com a identidade brasileira.
C crítica velada à forma de governo vigente.
D reflexão sobre os dogmas do cristianismo.
E questionamento das práticas pagãs na Bahia.
TEXTO
Triste Bahia! ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vejo eu já, tu a mi abundante.

A ti tocou-te a máquina mercante,


Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando, e tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante.

Deste em dar tanto açúcar excelente


Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sagaz brichote.

Oh se quisera Deus que de repente


Um dia amanheceras tão sisuda
Que fora de algodão o teu capote!
Gregório de Matos
ANOTAÇÕES

5 – (Enem 2016)

Soneto VII
Onde estou? Este sítio desconheço:
Quem fez tão diferente aquele prado?
Tudo outra natureza tem tomado;
E em contemplá-lo tímido esmoreço.

Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço


De estar a ela um dia reclinado:
Ali em vale um monte está mudado:
Quando pode dos anos o progresso!

Árvores aqui vi tão florescentes


Que faziam perpétua a primavera:
Nem troncos vejo agora decadentes.

Eu me engano: a região esta não era;


Mas que venho a estranhar, se estão presentes
Meus males, com que tudo degenera.
(COSTA, C.M. Poemas. Disponível em www.dominiopublico.gov.br

No soneto de Claudio Manuel da Costa, a contemplação da paisagem permite ao eu lírico uma reflexão em que
transparece uma:
A angústia provocada pela sensação de solidão.
B resignação diante das mudanças do meio ambiente.
C dúvida existencial em face do espaço desconhecido.
D intenção de recriar o passado por meio da paisagem.
E empatia entre os sofrimentos do eu e a agonia da terra.
TEXTO

Carlos Julião: Mineração de diamantes, c. 1770.


TEXTO II

Mineração, Rugendas

ANOTAÇÕES

6 – (Enem-2014)

Vida obscura
Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro,
ó ser humilde entre os humildes seres,
embriagado, tonto de prazeres,
o mundo para ti foi negro e duro.

Atravessaste no silêncio escuro


a vida presa a trágicos deveres
e chegaste ao saber de altos saberes
tornando-te mais simples e mais puro.

Ninguém te viu o sentimento inquieto,


magoado, oculto e aterrador, secreto,
que o coração te apunhalou no mundo,

Mas eu que sempre te segui os passos


sei que cruz infernal prendeu-te os braços
e o teu suspiro como foi profundo!
SOUSA, C. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1961.

Com uma obra densa e expressiva no Simbolismo brasileiro, Cruz e Sousa transpôs para seu lirismo uma sensibilidade
em conflito com a realidade vivenciada. No soneto, essa percepção traduz-se em
A sofrimento tácito diante dos limites impostos pela discriminação.
B tendência latente ao vício como resposta ao isolamento social.
C extenuação condicionada a uma rotina de tarefas degradantes.
D frustração amorosa canalizada para as atividades intelectuais.
E vocação religiosa manifesta na aproximação com a fé cristã.
ANOTAÇÕES

7 – (Enem-2015)

A pátria
Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste!
Criança! não verás nenhum pais como este!
Olha que céu! que mar! que rios! que floresta!
A Natureza, aqui, perpetuamente em festa,
É um seio de mãe a transbordar carinhos.
Vê que vida há no chão! vê que vida há nos ninhos,
Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos!
Vê que luz, que calor, que multidão de insetos!
Vê que grande extensão de matas, onde impera,
Fecunda e luminosa, a eterna primavera!
Boa terra! jamais negou a quem trabalha
O pão que mata a fome, o teto que agasalha...

Quem com o seu suor a fecunda e umedece,


Vê pago o seu esforço, e é feliz, e enriquece!

Criança! não verás pais nenhum como este:


Imita na grandeza a terra em que nasceste!
BILAC, O. Poesias infantis. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1929.

Publicado em 1904, o poema A pátria harmoniza-se com um projeto ideológico em construção na Primeira República.
O discurso poético de Olavo Bilac ecoa esse projeto, na medida em que:
A a paisagem natural ganha contornos surreais, como o projeto brasileiro de grandeza.
B a prosperidade individual, como a exuberância da terra, independe de políticas de governo.
C os valores afetivos atribuídos à família devem ser aplicados também aos ícones nacionais.
D a capacidade produtiva da terra garante ao país a riqueza que se verifica naquele momento.
E a valorização do trabalhador passa a integrar o conceito de bem-estar social experimentado.
TEXTO

ANOTAÇÕES
8 – (Enem 2013)

Mal secreto
Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’aIma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse, o espirito que chora,


Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo


Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,


Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!
(CORREIA, R. In: PATRIOTA, M. Para compreender Raimundo Correia. Brasilia: Alhambra, 1995.)

Coerente com a proposta parnasiana de cuidado formal e racionalidade na condução temática, o soneto de Raimundo
Correia reflete sobre a forma como as emoções do indivíduo são julgadas em sociedade. Na concepção do eu lírico,
esse julgamento revela que:
A a necessidade de ser socialmente aceito leva o indivíduo a agir de forma dissimulada.
B o sofrimento intimo torna-se mais ameno quando compartilhado por um grupo social.
C a capacidade de perdoar e aceitar as diferenças neutraliza o sentimento de inveja.
D o instinto de solidariedade conduz o indivíduo a apiedar-se do próximo.
E a transfiguração da angústia em alegria é um artificio nocivo ao convívio social.
TEXTO
Eu sei que há muito pranto na existência,
Dores que ferem corações de pedra,
E onde a vida borbulha e o sangue medra,
Aí existe a mágoa em sua essência.

No delírio, porém, da febre ardente


Da ventura fugaz e transitória
O peito rompe a capa tormentória
Para sorrindo palpitar contente.

Assim a turba inconsciente passa,


Muitos que esgotam do prazer a taça
Sentem no peito a dor indefinida.

E entre a mágoa que a másc’ra eterna apouca


A Humanidade ri-se e ri-se louca
No carnaval intérmino da vida.
Augusto dos Anjos

ANOTAÇÕES
9 – (Enem-2016)

Esaú e Jacó
Ora, aí está justamente a epígrafe do livro, se eu lhe quisesse pôr alguma, e não me ocorresse outra. Não é somente
um meio de completar as pessoas da narração com as ideias que deixarem, mas ainda um par de Lunetas para que
o leitor do Iivro penetre o que for menos claro ou totalmente escuro.
Por outro lado, há proveito em irem as pessoas da minha história colaborando nela, ajudando o autor, por uma Iei
de solidariedade, espécie de troca de serviços, entre o enxadrista e os seus trabalhos.
Se aceitas a comparação, distinguirás o rei e a dama, o bispo e o cavalo, sem que o cavalo possa fazer de torre, nem
a torre de peão. Há ainda a diferença da cor, branca e preta, mas esta não tira o poder da marcha de cada peça, e
afinal umas e outras podem ganhar a partida, e assim vai o mundo.
ASSIS, M. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1964 (fragmento).

O fragmento do romance Esaú e Jacó mostra como o narrador concebe a leitura de um texto literário. Com base nesse
trecho, tal leitura deve levar em conta
A leitor como peça fundamental na construção dos sentidos.
B a luneta como objeto que permite ler melhor.
C autor como único criador de significados.
D caráter de entretenimento da literatura.
E a solidariedade de outros autores.
TEXTO I
Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns
magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai um pouco da eternidade. Mas o livro é enfadonho,
cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica; vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito deste livro és
tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direita e nutrida, o estilo regular
e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam,
urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem...
E caem! — Folhas misérrimas do meu cipreste, heis de cair, como quaisquer outras belas e vistosas; e, se eu tivesse
olhos, dar-vos-ia uma lágrima de saudade. Esta é a grande vantagem da morte, que, se não deixa boca para rir,
também não deixa olhos para chorar... Heis de cair.
(Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.)

ANOTAÇÕES

10 – (Alexandre Santos 2018 - adaptada)

“Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o
meu nascimento ou a minha morte. Suposto que o uso vulgar seja co-meçar pelo nascimento, duas considerações me
levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto
autor, para quem a campa foi outro berço; o segundo é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo.”
(“Memórias póstumas de Brás Cubas – Machado de Assis)

Essa é a abertura do famoso romance de Machado de Assis. Dentro desse contexto, já dá para se ver o tipo de narrativa
que será explorada. Assinale a alternativa correta a esse respeito.
A A narrativa decorre de forma cronologicamente correta, de acordo com a passagem do tempo: infância,
juventude, maturidade e velhice.
B A linearidade das ações apresenta cenas de suspense, dado o comportamento inusi-tado dos personagens.
C Não há como prever o final da narrativa, já que seu enredo é, propositadamente, complicado.
D A ação terá, como cenário, os diversos centros cosmopolitas do mundo.
E O autor usa o recurso do flashback devido a sua intenção de iniciar o romance pelo “fim”.
ANOTAÇÕES

11 – (Alexandre Santos 2018 - adaptada) A propósito de Dom Casmurro, de Machado de Assis, é correto afirmar:
A A narrativa de Bento Santiago é comparável a uma acusação: aproveitando sua formação jurídica, o narrador
pretende configurar a culpa de Capitu.
B O artifício narrativo usado é a forma de diário, de modo que o leitor receba as informações do narrador à
medida que elas acontecem, mantendo-se assim a tensão.
C Elegendo a temática do adultério, o autor resgata o romantismo de seus primeiros romances, com personagens
idealizadas entregues à paixão amorosa.
D O espaço geográfico e social representado é situado em uma província do Império, buscando demonstrar que as
mazelas sociais não são prerrogativa da Corte.
E Bentinho desejava a morte de Escobar (até tentou envenená-lo uma vez), a ponto de se sentir culpado quando o
ex amigo morreu afogado.

ANOTAÇÕES

12 – (Alexandre Santos 2018 - adaptada).

Navio Negreiro, Castro Alves


III
Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!
Desce mais ... inda mais... não pode olhar humano
Como o teu mergulhar no brigue voador!
Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras!
É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ...
Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!
IV
Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite, Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!

(...) Presa nos elos de uma só cadeia,


A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!”
Considerando o contexto de produção dos textos Condoreiros, pode-se afirmar que o poema “Navio Negreiro”, de
1869, tem por função predominante:
A Comover o público em função do sentimentalismo e do idealismo.
B Estetizar a realidade, de modo a trazer beleza ao cotidiano do leitor.
C Denunciar a sofrida realidade dos escravos, lutando pela causa abolicionista.
D Informar objetivamente quanto ao abuso de poder e a desigualdade social.
E Contemplar a paisagem marítima e as atividades comerciais do século XIX.
TEXTOS

ANOTAÇÕES

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