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Formas de Estado são modos, técnicas de distribuição do poder político em função das unidades
locais existentes no seu território. Assim, o que define as diferentes formas de Estado é o grau de
centralização do poder estatal. A forma adotada muito nos dirá sobre o passado e o presente do
Estado. Passado, pois é a trajetória histórico-política que determina a escolha da forma; e presente,
porque, a partir da técnica em uso, poderemos dizer se o poder político, naquele Estado, encontra-se
próximo ou afastado da comunidade. Nesse sentido, considera-se:
1)Estado simples (mais conhecido por unitário) – aquele no qual o poder político é exercido
exclusivamente por um único ente estatal, que emana a sua vontade por todo o território. Não há,
portanto, nesse modelo, pluralidade de centros decisórios, o que leva a uma lógica de
uniformização, padronização, que se manifesta na existência de um só direito, homogeneizando os
entendimentos e condutas nas unidades locais. Contudo, tal centralização política não exclui algum
grau de pulverização na execução das decisões tomadas. Nesse sentido, classificamos como:
a)Estado unitário puro, aquele sem regiões administrativas, ou seja, cuja prestação dos serviços
estatais ocorre de forma direta, sem deslocamento do centro de competências, tampouco delegação
de funções; b)Estado unitário desconcentrado, aquele no qual há canais administrativos (ex:
departamentos) sem autonomia na atividade executória, funcionando como pontes, braços do
Estado nas localidades; c)Estado unitário descentralizado, aquele cujas regiões têm autonomia
administrativa (frise-se, não por disposição constitucional, mas por ato volitivo do único ente
estatal); d)Estado unitário autônomo e unitário regional, aquelas formas atuais, mais complexas,
cuja descentralização não é apenas administrativa, mas política. Entretanto, cumpre registrar que,
embora estejamos a falar de descentralização política, esta sempre será incompleta nos Estados
unitários. Isso porque, diferentemente do que ocorre no Estado Federal, essa descentralização não
tem sede constitucional, ficando sujeita ao critério do poder central, que poderá ampliá-la, restringi-
la ou suprimi-la. Por fim, destaquemos que, no Estado Regional, como o italiano, a transferência da
competência legislativa se dá de cima para baixo, com o Parlamento propondo lei nacional que
promova certa descentralização política, dentro das matérias por ele determinadas. Já no Estado
autônomo, como o espanhol, a transferência da competência legislativa se dá de baixo para cima,
com as províncias se organizando, por conta própria, em regiões autônomas, que criam Estatutos
contendo aquilo que pretendem legislar, a serem entregues ao Parlamento, que transforma isso em
lei com validade de cinco anos.
2)Estado composto – aquele no qual o poder político é exercido por vários entes estatais, todos
dotados de competências políticas próprias, ou seja, que não podem ser alteradas pela simples
vontade de alguma entidade superior. Isso porque a distribuição do poder político, aqui, tem assento
na Constituição ou em tratados internacionais. Dada essa pluralidade de centros decisórios, haverá
uma lógica de coexistência de direitos, com cada ente legislando dentro da sua esfera de
competência. Tal modelo de Estado se divide em dois subtipos: a)Confederação, que caracteriza-se
pela aglutinação de Estados soberanos por meio de um acordo político internacional (tratado
internacional), que reservará a cada um dos entes, dada a referida soberania, a prerrogativa de
desligamento (direito de secessão); e b) Federação, definida como a aglutinação de Estados-
membros (além de municípios, no caso brasileiro) autônomos por meio de um acordo político
interno (Constituição Federal), que instituirá um pacto indissolúvel para esses entes (pacto
federativo).
1)Origem
1.1)Centrípeta – poder politico, presente nas extremidades, vai para o centro, criando uma estrutura
nacional. É o que ocorre quando uma confederação, intensamente descentralizada, resolve se
transformar numa federação. Dallari diz que a adesão ao pacto federativo será o último ato de
soberania desse Estado confederado, porque, a partir dali, ele morre como Estado soberano e
renasce como unidade federativa autônoma.
1.2)Centrífuga – poder politico, retido no centro, vai para as extremidades. É o que ocorre com o
Estado unitário que se transforma em Federação. Ex: Brasil.
Obs: a origem se reflete no modelo federativo. Se, no passado, o Estado era centralista, a tendência
é de que a federação que surge seja centralista. Assim, um Estado unitário, marcado pela
centralização do poder, tende a se transformar numa federação que cede pouco poder para as
unidades e com um ranço centralista muito mais forte.
2)Autonomia – envolve 3 conceitos básicos: poder politico (que vai ser repartido entre os Estados
federados por meio de um pacto), limitação constitucional (das competências) e circunscrição (da
autonomia concedida).
Tal autonomia se materializará em 3 grandes grupos:
• Poder político tributário;
• Poder político administrativo (autogestão dos serviços de sua competência, determinação da
forma como serão executados);
• Poder político lato sensu, que se divide em elemento organizativo (criar sua própria
Constituição), elemento governo (eleger seus próprios representantes) e elemento legislativo
(criar suas próprias leis dentro das competências que lhe foram destinadas no texto
constitucional)
Princípio da Simetria
Criado durante o período ditatorial, o princípio da simetria diz respeito à uniformização do desenho
institucional dos entes federativos. Segundo tal postulado, a organização político-institucional
adotada pelos Estados, inclusive em suas Constituições, deve seguir, na máxima medida, o modelo
federal.
Esse princípio é nocivo ao experimentalismo institucional, pois, ao obrigar Estados e Municípios a
uma forma pré-determinada, limita a capacidade de inovação destes no exercício das suas
competências.
Apesar de a Constituição brasileira não prever expressamente a simetria, adotando, aliás, postura
contrária ao ampliar e reforçar aspectos federativos, deixando lacunas para os entes agirem de
acordo com a sua autonomia, ainda nos vemos sob o norte deste princípio. Isso porque o STF,
recorrentemente, quando se depara com o silêncio da CF sobre a disciplina de certa matéria de
âmbito estadual, em vez de ratificar a autonomia do ente, recorre ao argumento da simetria
federativa para declarar a inconstitucionalidade dos dispositivos criados.
A doutrina, em regra, dirá que não existe um padrão federativo global. Isso porque, quem
materializa a federação é a Constituição do Estado, fruto de um acordo político interno. Logo, não
encontraremos Estados com Constituições iguais. Se não há Estados com Constituições iguais, o
poder politico interno, sua distribuição, também será diferente em cada Estado. Então, sem
Constituições federativas iguais, como falar de um padrão federativo global?
Ainda que, por acaso, houvesse normas muito parecidas de divisão de competências, com a mesma
redação, dificilmente isso geraria um padrão federativo, pois, quando falamos em ordenamento
jurídico, estamos a nos referir não só à letra da lei, mas a sua interpretação, feita a partir dos
pressupostos politico-históricos, das práticas doutrinárias e jurisprudenciais, das mudanças
paradigmáticas que caracterizam uma sociedade. O modelo federativo vai acabar se adaptando a
conjuntura que encontra. Não podemos falar, portanto, de um padrão, mas de pontos de contato,
premissas mínimas que caracterizam uma federação. Agora, a forma como essas premissas vão se
desenvolver, depende das variantes apontadas.