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04/11/2017 Walter Benjamin e a tarefa da crítica


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Walter Benjamin e a tarefa da crítica


Márcio Seligmann-Silva 
14 de março de 2010

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04/11/2017 Walter Benjamin e a tarefa da crítica

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O filósofo Walter Benjamin, Paris, 1938 (Foto Gisèla Freund)

Olhando retrospectivamente para o século 20, podemos dizer que Walter Benjamin
(1892-1940) de fato realizou um de seus projetos pessoais mais arrojados. Como ele
formulou em uma carta a seu grande amigo Gershom Scholem, de janeiro de 1930, ele
achava que conseguira o objetivo de “ser considerado como o primeiro crítico da
literatura alemã”. Este reconhecimento na época era na verdade muito tímido, restrito
a um pequeno círculo de leitores especializados. Hoje este círculo cresceu a ponto de
podermos com razão falar de um “reconhecimento” de sua posição privilegiada como
crítico.

Benjamin estava ciente, como ele escreveu na mesma carta, que para tornar-se este
“primeiro crítico” era necessário “recriar a crítica como gênero”. Este gênero
encontrava-se então na Alemanha desprezado, não era considerado como sério. No
mesmo ano, Benjamin diagnosticava que uma das causas que havia levado a crítica
alemã à crise naquela época, era a “ditadura da resenha como forma de pesquisa
crítica”. Ele mencionou então, como um contra-modelo do passado, as
“Características” dos irmãos Schlegel. Como um dos caminhos para a saída da crise da
crítica, ele cobrava dos críticos uma aproximação entre a abordagem filológica e uma
autêntica reflexão crítica. Este termo indicava para ele uma reflexão tanto no sentido
de uma teoria das formas, como de uma teoria da história.

Sem falsa-modéstia ele escreveu então que se a situação da crítica alemã estava se
transformando, isto ocorria em parte devido aos seus enormes esforços. E, de fato,
Benjamin então, com 38 anos, já fizera bastante para o aprimoramento da crítica. Ele
não apenas publicara dois ensaios de peso sobre a literatura alemã, seu “O conceito de
crítica de arte no romantismo alemão” (1919) e o “Origem do drama barroco alemão”
(de 1925, publicado em 1928), como compusera uma profunda análise das Afinidades
eletivas de Goethe (1922), além de mais de cerca de uma centena de artigos de crítica,
sobretudo sobre literatura alemã e francesa. Com o fracasso de seu plano de entrar
para a universidade, ele se entregara de corpo e alma a este projeto de crítica. Isto
significou para ele uma vida atribulada, com enormes dificuldades econômicas. Para a
posteridade, a sua enorme produção, paradoxalmente derivada desta mesma situação
precária, significou o estabelecimento de um marco no pensamento e na crítica.

Esta última, em Benjamin, nunca foi limitada à literatura ou às obras de arte


consagradas. Ele entendeu em primeiro lugar o conceito de crítica no seu sentido
kantiano, de crítica da possibilidade de conhecimento. Neste ponto seu pensamento já
se aproxima do dos românticos Schlegel (https://revistacult.uol.com.br/home/texto-
inaugural-do-romantismo-alemao-ganha-1-traducao-para-o-portugues/) e Novalis
que cobravam da filosofia kantiana uma expansão do seu conceito de experiência. Com
estes autores ele via na crítica um medium-de-reflexão.

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04/11/2017 Walter Benjamin e a tarefa da crítica
Trocando em miúdos, assim como os românticos viam na “romantização” do mundo
um projeto de superação das barreiras entre o universo criativo e penetrado de
fantasia das artes, e, por outro lado, a vida prosaica cotidiana, do mesmo modo,
Benjamin propõe para a crítica um projeto tanto estético quanto político. O ato da
crítica era visto por ele como um meio de crítica de todo o sistema cultural e de sua
base econômica. A partir de seu encontro com o marxismo de Lukács
(https://revistacult.uol.com.br/home/o-testamento-filosofico-de-gyorgy-lukacs/),
isto tornou-se cada vez mais patente em seus ensaios e textos de crítica de arte. Aliás,
se ele se identificou tão rapidamente com o marxismo de Lukács, foi também porque
ambos, este e Benjamin, vinham de uma profunda relação com o romantismo alemão.
Mas Benjamin foi mais longe que seus colegas de geração, justamente porque ao invés
de “superar” seu romantismo, manteve-se fiel a ele por toda sua vida. Se ele tenta
nos anos de 1930 demarcar uma posição contra este seu romantismo, é justamente
porque ele não conseguiu superá-lo totalmente.

A crítica de Benjamin era, portanto, antes de mais nada, um ato de reflexão que se
desdobrava em cinco níveis, articulando-os. O primeiro nível incluía uma auto-
reflexão (ele sempre refletia sobre sua própria atividade de crítico, sobre o local e o
papel da crítica na sociedade). Em segundo lugar, destaca-se uma leitura detalhada e
uma reflexão sobre a obra criticada (que era sempre analisada não a partir de um
modelo a-histórico, mas sim de seu próprio Ideal a priori, nas palavras de Novalis).
Em terceiro lugar, encontramos uma reflexão sobre a história da arte e da literatura,
na qual Benjamin, dentro de uma forte tradição alemã, desenvolveu muitas vezes
(como no livro Sobre o barroco e no seu ensaio sobre o narrador, de 1936) o tema da teoria
dos gêneros literários. Em quarto lugar, nota-se sempre uma reflexão crítica sobre a
sociedade, ou seja, a crítica foi praticada em Benjamin a partir do seu presente e
voltada para ele, sem a ilusão positivista de se poder penetrar no passado “tal como
ele aconteceu”. Por fim, e articulando todos os níveis anteriores, devemos destacar a
teoria da história de Benjamin com a sua crítica aos modelos da evolução histórica,
tanto liberais como marxistas, que acreditavam em um avanço constante e positivo do
devir da história. Benjamin opôs a este modelo uma imagem da história como
acúmulo de catástrofes.

Contra o positivismo daqueles que pregavam (inocentemente ou não) uma crítica


apolítica, Benjamin demonstrou que não existe um campo fora do político. A arte e sua
crítica são medium-de-reflexão não apenas do sistema estético, mas, antes, de toda a
sociedade. Neste sentido, ele extrapolou programaticamente o âmbito da crítica da
literatura e da arte. Sua atividade crítica não pode ser inteiramente compreendida, se
não levarmos em conta seus seminais textos críticos dirigidos à questão do poder e do
direito (lembremos sobretudo de seu “Crítica da violência, crítica do poder”, de 1921,
que influenciou Carl Schmitt), assim como a sua crítica do que ele denominou de
concepção “burguesa”, ou seja, instrumental, da linguagem (recordemos seu “A
tarefa do tradutor”, também de 1921, e do artigo de juventude “Sobre a linguagem em
geral e sobre a linguagem dos homens”, de 1916). Além disso, Benjamin refletiu
também em vários importantes ensaios críticos sobre questões como a (atualíssima)
da coleção e do colecionismo (vejam seus trabalhos sobre Eduard Fuchs, de 1937,
assim como seus textos sobre coleção de brinquedos e de livros). Seus escritos
voltados para a recordação de sua infância (Crônica berlinense e Infância em Berlim
(https://revistacult.uol.com.br/home/a-coroacao-do-anti-subjetivismo/)) são
profundamente inovadores, na medida em que desconstroem criticamente os modelos
da autobiografia e introduzem uma modalidade da auto-escritura mais fragmentada e
voltada para uma “topografia da memória”.

O fundamental dentro do universo das críticas de Benjamin, quando ele voltava seu
potente intelecto para as obras que eram publicadas na sua época (como as de Proust,
Kafka, Döblin, Kraus, Brecht etc.), ou para reedições de obras consagradas ou não (de
Goethe (https://revistacult.uol.com.br/home/o-conceito-de-literatura-universal-em-
goethe/), Kleist, Hebel etc.) é que ele sempre realizou uma crítica que era, ao mesmo
tempo, teoria da literatura. É este talvez o legado mais importante de sua produção
crítica: ele mostrou a infecundidade da crítica apenas filológica, assim como a
limitação da crítica meramente imanente, ou ainda, da crítica biográfica. Crítica para
ele só existia enquanto capacidade de se articular (delicadamente, ou às vezes, como
todo o peso histórico exigido por seu objeto de análise), a imanência da obra com a
reflexão histórico-crítica. As mostras mais eloquentes desta concepção são a
introdução “crítico-epistemológica” do seu livro sobre o drama barroco alemão, e as
reflexões que acompanham as notas de seu trabalho que ficou inconcluso sobre as
passagens de Paris.

Benjamin escreveu no seu último texto, dedicado à crítica da noção de progresso, que
“nunca existiu um documento da cultura que não fosse ao mesmo tempo um
[documento] da barbárie”. É interessante ler a tradução do próprio Benjamin dessa
famosa passagem das suas teses “Sobre o conceito da História”

https://revistacult.uol.com.br/home/walter-benjamin-e-a-tarefa-da-critica/ 3/5
04/11/2017 Walter Benjamin e a tarefa da crítica
(https://revistacult.uol.com.br/home/seis-teses-sobre-as-teses/): Tout cela
[l’héritage culturel] ne témoigne [pas] de la culture sans témoigner, en même temps,
de la barbarie. Com Benjamin aprendemos que cultura é a partir de meados do século
20 toda ela como que transformada em um documento e, mais ainda, ela passa a ser
lida como testemunho da barbárie. Esta noção é essencial, porque com este autor
vemos não apenas uma tremenda expansão nos critérios de seleção, como também a
afirmação radical de um modo de interpretar esses documentos. Sua teoria da história
e da cultura descortina o passado e suas ruínas, sobre as quais construímos nosso
presente, como um único e gigantesco arquivo. Quando se fala de arquivo, não se pode
esquecer que a toda inscrição deve-se associar um modo de leitura e de interpretação,
de outro modo teríamos um arquivo literalmente morto. O elemento político domina
todos os momentos do trabalho no arquivo, da seleção, passando pela conservação e
pelo acesso, chegando à leitura dos documentos. A história para Benjamin, como é
conhecida, é aproximada do modelo do colecionador e do Lumpensamler, o catador de
papéis. O historiador deve acumular os documentos que são como que apresentados
diante do tribunal da história. Em Benjamin, a cultura como arquivo e memória,
devido ao viés crítico e revolucionário de seu modo de leitura, não deixa a sociedade e
sua história se cristalizarem em museus e parques temáticos. É o viés conservador da
cultura como mercadoria (https://revistacult.uol.com.br/home/o-desconforto-da-
reproducao/) que o faz, ao qual Benjamin opõe sua visada da cultura como documento
e testemunho da barbárie. Seu projeto de historiografia calcada no colecionismo (que
tem por princípio o arrancar de seus objetos do falso contexto para inseri-los dentro
de uma nova ordem comandada pelos interesses de cada presente) e, por outro lado,
inspirado no trabalho do catador (que se volta para o esquecido e considerado inútil)
ainda hoje pode ser comparado a um pólen que guarda uma assombrosa força de
germinação.

Márcio Seligmann-Silva é doutor pela Universidade Livre de Berlim, pós-doutor por


Yale e professor de Teoria Literária na UNICAMP. Entre outros, é autor dos livros Ler o
livro do mundo e Walter Benjamin: romantismo e crítica poética (Iluminuras, 1999), Adorno
(PubliFolha, 2003) e O local da diferença (Editora 34, 2005); traduziu de Walter
Benjamin O conceito de crítica de arte no romantismo alemão (Iluminuras, 1993).

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