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A NOVA ERA COM AXÉ:

artigo
umbanda esotérica e esoterismo
umbandista no Brasil1

Amurabi Oliveira

Resumo Abstract
A New Age – NA – enquanto fenômeno so- The New Age - NA - as a social phenome-
cial tem se mostrado um grande desafio pa- non has been a great challenge for the re-
ra a pesquisa nas ciências sociais, o que se search in the social sciences, which is due
deve em parte à própria dificuldade de in part to the difficulty of apprehension
apreensão e classificação do movimento, and classification of the movement, marked
marcado por uma profunda heterogeneida- by a profound heterogeneity. This work
de. Buscamos, neste trabalho, destacar uma aims at highlighting a dimension unex-
dimensão pouco explorada pelos pesquisa- plored by researchers with respect to the
dores, que diz respeito à articulação entre relationship between the elements of popu-
os elementos das religiosidades populares e lar religiosity and the NA, particularly with
a NA, em especial no que tange àqueles respect to those present in the african-Bra-
presentes nos cultos afro-brasileiros; neste zilian cults, in this sense, we wish to con-
sentido, almejamos analisar se estamos sider whether we are simply faced with the
diante da formulação simplesmente de uma formulation am Esoteric Umbanda or an
umbanda esotérica, ou de um esoterismo Umbandist Esotericism.
umbandista.

Palavras-chave Keywords
Nova era. Religiosidade popular. Campo re- New age. Popular religiosity. Religious field.
ligioso.

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1 Sobre o caratér polissêmico aqui, ainda mais diante de uma bibliogra-
da New Age fia, em termos nacionais, discreta, se com-
pararmos com a vasta literatura produzida
Pesquisar o universo religioso da cha- no campo das Ciências Sociais em torno de
mada Nova Era (NE), ou New Age (NA), re- outras práticas religiosas.
presenta um grande desafio, considerando Em termos históricos, a NE começa
o caráter idiossincrático que tal movimento a se delinear, ainda nos finais do século
apresenta devido à sua profunda heteroge- XIX, a partir da teosofia, do ocultismo e
neidade, desprovida de uma doutrina ou do transcendentalismo, o que, em verdade,
hierarquia unificada, abarcando práticas tratou-se mais de um reavivamento de tais
religiosas e não-religiosas (AMARAL, 1999, práticas, da elaboração de “novas gnoses”
2000, 2003; MAGNANI, 1999, 2000, 2006; (MELLO, 2004) que passaram a confluir e
OLIVEIRA, 2009, 2010, 2011a, 2011b, a encontrar também novas práticas. Neste
2011c; SIQUEIRA, 2003), de tal modo que sentido, o processo de “orientalização do
há um amplo leque de possibilidades para ocidente”, apontado por Campbell (1977),
se referir a este mesmo fenômeno. D’An- mostra-se fundamental para a compreen-
drea (2000), ao discutir a dificuldade que os são do fenômeno, uma vez que a NE seria
pesquisadores têm de defini-lo, aponta que: impensável sem considerar a proposta de
[...] as descrições empíricas variam desde síntese entre o ocidente e o oriente, ainda
uma metapragmática reflexivista new age que devamos fazer aqui uma ressalva, já
(como conjunto de padrões externos), que que este oriente que é trazido para o univer-
contamina e transforma diversos sistemas e so NE está envolvido nas relações de poder
tradições, até grupos pseudo-new age, como que se estabelecem entre estas duas reali-
seitas mágico-milenaristas, geralmente des- dades socioculturais, situando, por vezes, o
tacadas por jornalistas e teólogos. A expan- oriente enquanto uma invenção ocidental,
são das terapias alternativas e a questão eco- apresentado de forma estática, o que Said
lógica são outros aspectos enfatizados, ao (2007) denomina de “oriente latente”.
passo que outra linha de estudos explora a Além da confluência entre ocidente e
New Age como espiritualidade anti-religiosa oriente, bem como da utilização performá-
centrada no self (identidade do sujeito), re- tica de diversos elementos culturais retira-
lacionada agora mais explicitamente à pós- dos de seus contextos originários, devemos
modernidade. (D’ANDREA, 2000, p. 59). destacar que a NE se faz possível ante o ce-
nário do pluralismo religioso que aflora na
Esta breve colocação por parte do au- modernidade (BERGER, 1970), e das possi-
tor nos indica o quão difícil é a apreensão bilidades postas a partir do fim das iden-
do fenômeno a que nos propomos analisar tidades religiosas herdadas (HERVIEU-LÉ-

1. Este trabalho, em parte, origina-se de minha tese de doutorado intitulada “Entre Caboclos, Preto-Velhos
e Cores: A imersão dos sujeitos no universo místico-esotérico do Vale do Amanhecer”, defendida no final
de 2011 junto ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Pernambuco,
orientada pelo Professor Roberto Motta, a quem agradeço a contribuição inestimável para a realização
deste trabalho, por meio de sua leitura cuidadosa e de suas sugestões perspicazes.

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GER, 2008), ainda que devamos ressaltar, mos perceber em suas obras Economia e
como nos coloca Brandão (1994), que esta- Sociedade e A Ética Protestante e o Espírito
mos diante de um processo de individuali- do Capitalismo. Pierucci (2006) estabelece
dade religiosa, não apenas de individualis- a seguinte distinção entre o pensamento de
mo, conforme nos argumenta o autor: Durkheim e Weber, no que diz respeito à
Eis um processo atual não propriamente de preponderância da ação individual ou cole-
individualismo religioso, já que, na maio- tiva no funcionamento da sociedade:
ria dos casos, a partilha de sistemas de sen- Olhando para o fenômeno religioso de um
tido associados ao sagrado sugerem a parti- ângulo de visão polarmente oposto ao de
lha, a reciprocidade e a participação, mas de Durkheim, Max Weber o percebe privilegia-
individualidade de opção que, como vimos, damente não como algo que consolida o pas-
aponta para as duas sugeridas aqui: por um sado, o herdado e o adscrito, consagrando-os
sertanejo jagunço, personagem de Guima- por dentro e para dentro, mas como algo que
rães Rosa, ou por uma difusa comuna de al- os conflagra por dentro, aberto que é para fo-
ternativos errantes, lembrados por Luís Edu- ra e para o futuro, para a invenção de uma vi-
ardo Soares. (BRANDÃO, 1994, p. 35). da comunitária nova, buscada, experimenta-
da e escolhida pelo “indivíduo-agora-indivi-
Esta discussão é um tema bastante caro duado”, que se disponibilizou a deixar-se le-
à Sociologia da Religião de um modo ge- var por um chamado, um convite, um anún-
ral, pois ocupou as preocupações de autores cio, vou dizer: por uma interpelação, na qual
clássicos, como Durkheim e Weber, ainda se reconhece e então se converte. (PIERUCCI,
que estes tenham apresentado interpre- 2006, p. 121-122).
tações diferenciadas acerca do fenômeno.
Para Durkheim (2008), em As Formas Ele- Compreendemos esta relação entre in-
mentares da Vida Religiosa, não há religião dividualidade e religiosidade como algo
que seja individual, pois, a crença seria dinâmico, que, na contemporaneidade,
algo eminentemente social, portanto coleti- marca-se por um processo de deslocamen-
va. Para se contrapor à prática religiosa que to da religiosidade para o âmbito da sub-
se orientaria a partir de representações de- jetividade2, o que não quer dizer que não
senvolvidas coletivamente e sistematizadas haja uma totalidade simbólica que media
em um grupo social denominado “igreja”, as trajetórias e escolhas realizadas pelos
Durkheim aponta para a magia enquan- sujeitos. Ainda que alguns autores apon-
to prática individual. Weber (1999, 2004), tem a NE como uma religiosidade do self
pelo contrário, ressalta o papel individual (ANDRADE, 2002), não podemos olvidar
no comportamento religioso, como pode- que esta dimensão se faz presente; porém,

2. Com isso, não negamos que o aspecto da subjetividade estivesse presente anteriormente nas práticas re-
ligiosas; contudo, ressaltarmos, nos termos postos por Hervier-Léger (2008), o fato de que na modernida-
de as escolhas e as vivências religiosas deslocam-se consideravelmente da experiência comunitária para a
experiência subjetiva, no sentido em que o sujeito possui uma possibilidade mais ampla de escolhas reli-
giosas, levando em consideração a esfera individual, sem que com isso haja uma negação total da relação
com a comunidade.

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pela própria heterogeneidade da NE, de- a partir da migração de japoneses para o
vemos reconhecer a existência de práticas Brasil, a NE só vem a ganhar visibilidade
religiosas centradas na experiência comu- aqui a partir dos anos 70 e 80 do século
nitária, e não apenas nas denominadas XX (ANDRADE, 2002; MAGNANI, 2000). É
“comunidades sem essência” apontadas válido destacar que a presença de tais prá-
por Amaral (2000). ticas permeia e influencia nossa sociedade
Neste trabalho, buscamos destacar uma mais do que poderia parecer em princípio,
esfera pouco explorada pelos pesquisadores ampliando nossa cultura religiosa (CAR-
na área, ao menos em termos comparati- VALHO, 1994). O momento político pelo
vos com outros aspectos debatidos neste qual o Brasil passava, em parte, explica a
campo, que diz respeito às transformações centralidade do debate cultural em torno
sofridas pelo universo da NE, com destaque de outras questões; mas, por outro lado,
à articulação entre os elementos presentes há que se chamar a atenção para o fato de
neste movimento e aqueles oriundos das que houve um intenso debate em torno do
religiosidades populares, em especial as re- movimento de contracultura, de forma am-
ligiões afro-brasileiras; o que, em nossa in- pla; o que foi significativo, para a recep-
terpretação, constitui um aspecto singular ção dos discursos e práticas esotéricas no
do movimento NE no Brasil. Brasil, uma vez que, o próprio movimento
de contracultura, se encontra na base do
2 Nova Era no país dos santos, que denominamos aqui de movimento NE
cablocos e guias (AMARAL, 2000; MAGNANI, 2000).
No Brasil, o Tropicalismo foi um marco
Poderíamos afirmar que sempre houve a cultural que abriu espaço para uma postura
formulação de práticas religiosas sui generis identificada com a estética libertária e dio-
no Brasil, o fenômeno das “santidades”3 pre- nisíaca da contracultura (MAGNANI, 2000),
sente no Brasil colonial (SOUZA, 1986), por seguido de Raul Seixas, que explora mais
exemplo, aponta nesta direção. Esta mística explicitamente este envolvimento místico,
articulou-se com as práticas mágico-religio- chegando mesmo a se iniciar em sociedades
sas presentes nos cultos afro-brasileiros, nas inspiradas na doutrina do famoso esoteris-
experiências xamânicas indígenas, nas nar- ta inglês Aleister Crowley. Segundo Pran-
rativas oníricas de nossa herança moura que di (2005), o movimento de contracultura
nos aponta Freyre (2006). no Brasil implicou também numa revisita
Contudo devemos reconhecer que, ape- às heranças culturais afro-brasileiras, em
sar da presença desde cedo da maçonaria, especial, pelas classes médias brasileiras,
da teosofia, dos rosa cruzes, das próprias ponto este bastante relevante para a nossa
práticas religiosas orientais, em especial, argumentação.

3. Segundo Pompa (2001, p. 179), os “termos ‘profeta’ e ‘santidade’, usados para designar os grandes xa-
mãs, leva-nos a desvendar o processo de leitura e tradução do “outro”, que se iniciou com a descoberta,
com os primeiros relatos dos viajantes e missionários a respeito dos tupinambás e de seus grandes xamãs:
os caraíbas.”

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As mudanças políticas ocorridas no Como nos elucida Bittencourt Filho
Brasil, após os anos 70 do século XX, con- (2003), os grupos sociais excluídos desse
solidando-se nos anos 80, com o término processo – de popularização das práticas
da ditadura militar, trouxeram à tona ou- da NE vivenciado pelas classes médias –
tras preocupações da agenda pública. Não à buscaram compor suas próprias estratégias
toa, é no período entre os anos 80 e 90 que simbólicas, seus próprios arranjos, de modo
há o “boom” editorial da Nova Era (SILVA, a terem acesso aos elementos postos pela
2000), livros de esoterismo, autoajuda, te- NE, compondo assim suas próprias sínteses.
rapias alternativas, ocultismo, tomam as Em meio ao processo de difusão e con-
prateleiras de livrarias pelo país afora. solidação das práticas NE no Brasil, argu-
Neste mesmo período, práticas como mentamos que se elabora aqui uma síntese
o Santo Daime4 e o Vale do Amanhecer5, singular do movimento, em especial quando
antes restritos apenas ao Acre e à Brasília, o mesmo passa a se difundir para além das
respectivamente, disseminam-se geogra- classes médias, atingindo camadas popula-
ficamente, por cidades de grande e médio res, havendo uma articulação entre as prá-
porte, e, hoje, mesmo em cidades pequenas, ticas da Nova Era e a cultura dos espíritos
ganhando, desse modo, adeptos e frequen- existente no Brasil (AUBRÉE; LAPLANTINE,
tadores curiosos6. 2009), assim como com as práticas mági-
Devemos destacar que a disseminação co-religiosas existentes nos próprios cultos
das ideias presentes no universo da NE se afro-brasileiros. Na direção oposta, Amaral
deveu, em grande medida, às classes mé- (2003) nega a possibilidade de haver o que
dias (MALUF, 2003, 2005, 2007; MARTINS, ela denomina de indigienismo, na NE brasi-
1999; TAVARES, 2012). Isto deve ser com- leira, argumentando que a presença de tais
preendido como elemento fundamental elementos apenas reflete um fenômeno co-
para a análise do fenômeno no Brasil, pois mum ao movimento em todo o mundo.
serão os elementos presentes no universo De fato, reconhecemos o caráter criati-
simbólico de tais estratos sociais que irão vo da NE, que possibilita os mais diversos
compor, inicialmente, os contornos da NE arranjos, enquanto característica emble-
no Brasil, o que não implica que se trate mática do movimento; porém, destacamos
aqui de algo estático. aqui que a articulação com os elementos

4. Trata-se de uma religião fundada no Acre, na primeira metade do século XX, por Raimundo Irineu Ser-
ra, também conhecido como Mestre Irineu pelos seus adeptos; caracteriza-se pelo consumo ritual da
ayahuasca, e por ser fortemente influenciada pelas tradições católicas, indígenas e também afro-brasilei-
ras. Para uma melhor discussão sobre o Santo Daime, vide os trabalhos de Labete, Rose e Santos (2008) e
Labete (2004).
5. Religião fundada no final dos anos 60 na cidade satélite de Planaltina por Neiva Chaves Zelaya, tam-
bém conhecida como Tia Neiva pelos adeptos, caracteriza-se pelo forte sincretismo religioso, envolvendo
principalmente a umbanda, o espiritismo kardecista e o catolicismo popular. Para um melhor exame acer-
ca do Vale do Amanhecer, vide Cavalcante (2011) e Oliveira (2009, 2011a).
6. Ambos os movimentos, já nos anos 70, já apresentavam filiais; no entanto, é nos anos 80 que se disse-
minam seus templos fora da sede, angariando um número maior de adeptos. Talvez este fato tenha sido
acelerado pela morte dos líderes destes movimentos também nos anos 80.

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da religiosidade popular no Brasil não mento fundamental para cimentar as práti-
apenas se deu a posteriori, ao menos em cas sincréticas, já que ele remete a uma reli-
termos de visibilidade, como também pos- gião de mediação, ao mesmo tempo próxima
sibilitou a emersão de uma NE idiossin- das práticas dos cultos afro-brasileiros, por
crática. Há de se destacar que, ainda que ser uma religião de possessão, mas ao mes-
o movimento busque sempre a elaboração mo tempo distante simbolicamente ao ser
de sínteses novas, já que seria caracteri- uma religião de brancos e letrados. (OLIVEI-
zado por sua errância (AMARAL, 1999, RA, 2011a, p. 81).
2003), quando os discursos e práticas aí
presentes chegam ao Brasil, eles se dis- O imbricamento entre os elementos
tanciam de seus emissores apriorísticos e afro-brasileiros e os da NE viabiliza-se, por
se reelaboram. Não há como colocar no exemplo, no nível do transe, que permite a
mesmo patamar a síntese realizada na Eu- comunicação destas entidades com a reali-
ropa e nos Estados Unidos, berço do mo- dade social dos “errantes da Nova Era”7, o
vimento, com aquela realizada no Brasil; que torna possível o “abrasileiramento” da
afirmamos, dessa forma, que haveria, sim, NE, da mesma forma que, outrora, tornou
uma “Nova Era brasileira”, cuja principal possível o “abrasileiramento” dos orixás,
característica se daria, justamente, através como nos aponta Silva (2006, p. 218):
desta síntese que articula também elemen- Foi por meio do transe, por exemplo, que
tos das religiosidades populares. deuses africanos romperam suas linhagens
A Nova Era no Brasil, ao sincretizar, realiza e ‘abrasileiraram-se’ ao descerem nos corpos
tal processo dentro de uma brasilidade, com de seus filhos na nova terra: negros, mestiços
o famoso jeitinho, fala-se em preto-velhos, e, finalmente, brancos. Ou que índios e es-
caboclos, Iemanjá, etc, mas quando indaga- cravos, na condição e divindades veneradas,
mos aos nossos informantes se estes são os puderam voltar à terra para a remissão das
mesmos daqueles encontrados na umbanda e injustiças sociais e habitar os mais diferentes
no candomblé, eles enfaticamente destacam corpos na forma de caboclos e preto-velhos.
que não são, só se aparentam na imagem,
mas são outros, seres de luz, evoluídos espiri- O que se percebe em movimentos como
tualmente, que estão aqui para fazer carida- o Vale do Amanhecer e o Santo Daime,
de. Neste sentido, encontramos a incorpora- que tomamos aqui como emblemáticos
ção do espiritismo kardecista, como um ele- dessa síntese original da NE brasileira, é

7. Amaral (1999) cunha esse termo para se referir aos praticantes do universo da Nova Era de modo geral,
compreendendo que os mesmos se caracterizam por um “[...] esforço de cruzar e juntar domínios inusita-
dos e suspender dualidades, traz à tona e coloca em debate um sincretismo de novo tipo: um sincretismo
em movimento.” (Ibidem, p. 48). Para a autora, esses praticantes seriam “errantes” na medida em que não
apresentariam uma preocupação em se manterem arraigados a uma tradição religiosa específica, muito pe-
lo contrário, buscariam vivenciar o máximo de experiências místicas (religiosas ou não) possível. Ainda
que possamos concordar com o que é afirmado enquanto uma tendência geral dentro da NE, destacamos
que esta não forma um campo homogêneo, sendo constituída também por movimentos iniciáticos, bas-
tante rígidos em termos hierárquicos e doutrinários, aos quais muitos praticantes se filiam.

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que os caboclos e preto-velhos adentram espontâneo a um sincretismo refletido, e ten-
no êxtase vivenciado pelos sujeitos arti- tar uma síntese coerente das diversas religi-
culados com elementos outros; no caso do ões que se enfrentam no Brasil, as dos bran-
Vale, por exemplo, estas entidades que são cos católicos ou espíritas, as dos primitivos
denominadas de espíritos de luz são incor- habitantes do Novo Mundo, os índios, e fi-
porados ao som de músicas que lembram nalmente as dos antigos escravos africanos,
antigas músicas católicas em termos de a fim de reconciliá-las, torná-las harmônicas
ritmo, mas que são chamadas pelos adep- entre si e então opor essa religião construí-
tos de mantras, fazendo referência a ele- da no Brasil às religiões europeias de expor-
mentos múltiplos como o “Grande Orien- tação, assim como ao colonialismo cultural
te”, “Mãe Iara”, “Pai Seta Branca” etc., ocidental.
numa vivência religiosa completamente
caleidoscópica. Duas questões nos parecem ser impor-
Estes encontros realizados na NE brasi- tantes de explorar desse ponto. A primeira,
leira aproximam-se do que Bastide (2006) que, em princípio, poderia parecer uma re-
denominou de sincretismo8 refletido, ao ferência nossa a um fenômeno fac simili ao
menos em certa medida, expressão esta que que estamos denominando de NE brasileira
o autor utilizou para se pensar o “espiri- – ou seja, aos contornos peculiares que a
tismo de umbanda”, como ele denominou, NE toma no Brasil, como a presença dos
cujo processo de síntese se aproxima do elementos das religiosidades afro-brasilei-
que estamos descrevendo aqui. Nas pala- ras nestas práticas – não o é. Mais adiante
vras de Bastide (2006, p. 225-226): exploraremos a questão; contudo, podemos
Eles leram muito, os livros esotéricos de An- pontuar, aqui, que uma umbanda esotérica
nie Besant, dos espíritas de Allan Kardec até não seria o mesmo que um esoterismo um-
os livros dos antropólogos e dos africanistas. bandista.9 A segunda questão que nos pa-
O que lhes permite passar de um sincretismo rece relevante é esta antinomia entre uma

8. Apesar de compreendermos aqui a relevância da categoria de sincretismo religioso, ou mesmo hibridis-


mo como alguns autores têm colocado, não buscaremos aqui aprofundar tais categorias neste trabalho,
contudo, para uma melhor compreensão do que estamos aqui discutindo, esclarecemos que tomamos por
sincretismo enquanto categoria analítica: “[...] um processo fundamental, tendencialmente universal ain-
da que diferenciado em seus graus, níveis e modalidades: O processo de usar relações apreendidas no mun-
do do outro para entender, modificar e/ou eventualmente transfigurar seu próprio universo simbólico, ou
ainda o modo pelo qual as sociedades humanas, quando confrontadas – igual ou desigualmente – a outra
sociedade, outro grupo social, ou simplesmente outra visão do mundo, redefinem sua própria identidade
a partir da alteridade cultural.” (SANCHIS, 1994, p. 10). Para uma melhor análise do sincretismo vide tra-
balhos de Bastide (1985), Ferretti (1995) e Sanchis (1994, 2001).
9. Compreendemos aqui que a Umbanda Esotérica seria catacterizada por se tratar de um culto afro-bra-
sileiro no qual há a incorporação de elementos oriundos das práticas esotéricas; contudo, mantendo-se a
identidade de religião de matriz africana, ao passo que o esoterismo umbandista seria uma prática esoté-
rica na qual há a incorporação de elementos oriundos dos cultos afro-brasileiros; contudo, negando nes-
ta identidade, principalmente em termos de pertencimento religioso de seus praticamente. Em todo o ca-
so, desenvolveremos mais adiante as características destas práticas religiosas.

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“religiosidade nacional” e uma “religião de A umbanda e o candomblé, cada qual a seu
exportação”. Claro que qualquer experiên- modo, são bastante valorizados no mercado
cia religiosa e cultural, no sentido amplo, de serviços mágicos e sempre foi grande a
nunca é simplesmente transposta; ela sofre sua clientela, mas ambos enfrentam hoje a
modificações em decorrência do tempo e concorrência de incontáveis agências de ser-
do espaço. Contudo, chama-nos a atenção viços mágicos esotéricos de todo tipo e ori-
o fato de que tais sínteses propostas a partir gem, sem falar de outras religiões, que inclu-
de um “sincretismo refletido” se coloquem sive se apropriam de suas técnicas, sobretudo
como em oposição a outras sínteses, afir- as oraculares.
mando-se a partir de um discurso de “bra-
silidade”. Será que não poderíamos afirmar A concorrência se dá em duas direções:
que um processo similar estaria em curso na oferta de novos bens simbólicos, com-
no universo da NE? pletamente diferenciados daqueles ofer-
Seguindo nossa esteira de argumentação, tados por estas religiões, como a acupun-
devemos dar relevo ao fato que a NE no Bra- tura, os florais, o tai chi, a experiência da
sil vai para além do aperfeiçoamento do self ayahuasca etc., como também se dá através
– seu foco originário nos contextos ameri- da oferta de novos bens simbólicos, que
cano e europeu (AMARAL, 2000; ANDRA- são marcados pela presença de elemen-
DE, 2002) – centrando-se no processo tera- tos oriundos das religiões afro-brasileiras,
pêutico, buscando dar respostas às agruras como no caso específico do Vale do Ama-
postas, no cotidiano dos sujeitos. Não que o nhecer, em que caboclos e preto-velhos dão
âmbito terapêutico não estivesse presente na passes, abrem correntes, realizam consul-
síntese originária da NE; contudo, no Brasil, tas; mas com uma nova estética, em que
esta esfera ganha uma centralidade maior. tais elementos aparecem não mais como
A mágica pessoal, preconizada pela NE objeto de culto, mas como elementos que
(AMARAL, 2000), centrada na ideia de uma compõem uma performance, em torno dos
“centelha divina” (SIQUEIRA, 2003), apro- quais narrativas são elaboradas e sobrepos-
xima-se do conceito de axé.10 O pluralismo tas às próprias narrativas daqueles que pro-
religioso também leva a um pluralismo má- curam estes serviços.
gico, em que se multiplica a oferta de ser- São visíveis os dilemas postos a partir
viços mágicos e terapêuticos, a partir das destas práticas sincréticas, que nos pare-
mais diversas elaborações. Prandi (2004) cem configurar um “sincretismo deslizante”
situa que a oferta de serviços das religiões (OLIVEIRA, 2010), em que todas as possi-
afro-brasileiras passa a concorrer, neste bilidades de arranjos simbólicos se abrem,
novo cenário, com outras denominações. sem que, necessariamente, haja uma liga-
Segundo Prandi (2004, p. 229): ção histórica e social entre os elementos

10. Segundo Bastide (2001, p. 308), “Axé: este termo corresponde mais ou menos ao que os sociólogos
chamam mana e é sempre empregado, não para designar uma força impessoal, mas para certas espécies
de encarnação de forças (ervas, alicerces do candomblé etc).”

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postos, visando uma situação contingen- 3 Uma Umbanda Esotérica ou um
cial, predominantemente performática, mas Esoterismo Umbandista?
que, aos olhos do praticante, ou mesmo do
curioso, forma uma totalidade simbólica Ao chamarmos a atenção para a articula-
coerente e eficaz. Ainda assim, este sincre- ção entre os elementos dos cultos afro-bra-
tismo não se realiza sem sobressaltos, pois, sileiros e a NA, cujas expressões emble-
se demanda que os símbolos manipulados máticas encontrar-se-iam em movimentos
possam dizer algo. Para quem busca os ser- como o Vale do Amanhecer, Santo Daime,
viços mágicos e terapêuticos ofertados os Barquinha, Umbanda Mística, Umbandaime
símbolos necessitam ser reconhecidos como etc., poderíamos cair no risco de nos refe-
eficazes, a partir das biografias dos sujeitos, rirmos apenas a uma “umbanda estiliza-
ao mesmo tempo em que se apresentam sob da”, ou mesmo a uma “umbanda branca”.
uma nova roupagem. Considerando que, como nos aponta Ortiz
Outro aspecto que vale a pena desta- (1999), a própria umbanda surge a partir
car é que, embora estudiosos da NE, entre de um movimento de “embranquecimento”
eles, Amaral (1999, 2000) e Bittencourt Fi- dos cultos afro-brasileiros, incorporando
lho (2003), ressaltem como característica elementos diversos a estes cultos, em es-
principal do movimento a multiplicidade pecial elementos do espiritismo kardecista.
das experiências e a falta de profundidade, Poderíamos ainda voltar à questão de que
e a aplicação de técnicas em si, entende- a articulação entre diversos elementos cul-
mos que não se pode tomar apenas um as- turais, retirados de seu contexto originário
pecto como característica essencial de um e utilizados de forma performática, que ca-
fenômeno tão complexo com a NE, tendo racterizaria a NE (AMARAL, 1999, 2000),
em vista que este apresenta características não é uma exclusividade deste movimento,
múltiplas e contrastantes. Numa crítica muito pelo contrário.
às iniciativas anteriores, outros autores, Interessante destacar que a própria Um-
entre os quais, Carvalho (1999), Guerrei- banda nasce de um sincretismo singular, do
ro (2006), Magnani (1999), Silva (2000), encontro do kardecismo com o candomblé
Siqueira (2003) e Oliveira (2009) preferem (ORTIZ, 1999), como já afirmamos, sendo
destacar a diversidade do mesmo; pois, apontada, por vezes, como a religião “ver-
acreditam que não se pode facilmente dadeiramente nacional” (PRANDI, 2005).
aprisioná-lo em categorias limitadas, uma Estando inserida num movimento de “em-
vez que, em seu diversificado universo, branquecimento”, situa-se num processo
observam-se tendências diversas. E, do em que se busca apagar determinados ele-
mesmo modo que ele abriga “comunida- mentos tidos como “primitivos” ou “desle-
des sem essência” (AMARAL, 1999), tam- gítimos”. Frigerio (1989) aponta para a exis-
bém comporta rígidas comunidades con- tência de uma “Umbanda Branca”, marcada
gregacionais, como tais, a Hari Khrishna, pela eliminação de elementos de origem
a Sokagakai, o Santo Daime e o Vale do africana: os sacrifícios de animais, as ofe-
Amanhecer, entre outros. rendas materiais, os tambores, as danças,
etc., elementos considerados “primitivos”, e
que se chocariam com os valores da “classe
média”, a qual ela se direcionava.

A Nova Era com Axé 175


Tais argumentos, em torno da “Umban- les, os grupos só possuíam uma cultura
da Branca”, foram explorados anteriormen- “rudimentar”) (BROWN, 1977, p. 34). Em
te por Motta (1977), apontando a existência todo o caso, não se trata de um fenôme-
de tal fenômeno na região de Recife. Se- no homogêneo, já que, como aponta Ortiz
gundo Motta (1977, p. 109): (1999), podemos delimitar um continuum
O centro do senhor José Cândido da Câma- entre os centros de Umbanda, indo des-
ra Lima […] constitui, a julgar pelos dados de de aqueles menos ocidentalizados, até os
meu trabalho de campo, o melhor exemplo de mais ocidentalizados; estes últimos mais
Umbanda Branca na área do Recife. Se os es- próximos do espiritismo.
píritos invocados conservam em grande par- A formação desta “Umbanda Branca”
te origem africana (ou cabocla) nada se retém se insere dentro do próprio projeto Na-
do ritual das matanças dos animais, das obri- cional, forjado no Estado Novo (BIRMAN,
gações de dar de comer aos santos que for- 1985; BROWN, 1985; CONCONE; NE-
mam a espinha dorsal da liturgia do Xangô. GRÃO, 1985; GIUMBELI, 2002; OLIVEIRA,
2008; ORTIZ, 1999; SEIBLITZ, 1985), ain-
Motta (1977) ainda distingue a existên- da que tal relação deva ser relativizada e
cia do que ele denomina Xangô Umban- pensada de forma não automática, muito
dizado, da Umbanda Branca. O primeiro menos homogeneizante. Na Umbanda, te-
seria caracterizado por: “a) forte presença ríamos a representação dos grupos étnicos
de traços de origem africana na doutrina formadores do próprio país.
e no ritual; b) concepção moderadamente Ligério e Dandara (1998) apontam
simbólica do ritual; c) estrutura eclesiás- para diversas vertentes, que teriam com-
tica, com um núcleo formal, expresso em posto o universo da Umbanda, as tradi-
termos de parentesco, porém fundamen- ções orais – ameríndia, kongo, iorubá –,
talmente orientada para o público abs- tradições escritas – católica portuguesa e
trato” (MOTTA, p. 111-112), ao passo que espírita kardecista – e outras tradições,
o segundo teria como características: “a) que incluem os malês, a maçonaria, o
elementos africanos e indígenas na dou- orientalismo, os ciganos, o vegetalismo e
trina e no ritual; b) concepção acentuada- a medicina popular.
mente simbólica do ritual; c) organização Acerca deste apontamento, devemos
eclesiástica informal.” (MOTTA, p. 112). destacar que as formas de como se vi-
Tais ideias são retomadas e desenvolvidas venciam e se dinamizam as religiões são
pelo autor em trabalhos posteriores (MOT- exemplos das transformações sofridas pela
TA, 1988a, 1988b). própria sociedade, não só no campo da re-
Não à toa – há um processo de recons- ligião, como também na cultura como um
trução da própria memória coletiva – em todo. Para Guerriero (2009, p. 4):
1941, é realizado o Primeiro Congresso Crenças e rituais de religiões nativas tradi-
de Espiritismo de Umbanda, no qual se cionais são vivenciadas, agora, a partir de
propõe codificar o ritual e a ideologia novos referenciais centrados na subjetivida-
umbandistas, e é dada uma versão da ori- de. Por outro lado, os novos usos e significa-
gem da umbanda, remontando às antigas dos das religiões tradicionais, pré- modernas,
civilizações da Índia ou do Egito (e não podem ser compreendidos como articulações
da África, porque, aqui, na opinião de- híbridas realizadas por atores inseridos numa

176 R. Pós Ci. Soc. v.11, n.21, jan/jun. 2014


dinâmica urbana pós-moderna, valorizando Victoriano (2005), ao pesquisar a Ten-
uma religiosidade não institucionalizada e da Espírita Mensageiros da Paz, que se
vivenciada nas subjetividades. denomina como uma Umbanda Esotéri-
ca, pontua que este espaço desenvolve
Para o autor, a Umbanda Esotérica surge ensinamentos teóricos e práticos para
como uma vertente da tradicional religião os seus adeptos. O teórico é centrado na
brasileira. No entanto, além dos sincretis- análise da Bíblia, e o prático baseado nos
mos originais da Umbanda, como religiões ensinamentos dos seguintes elementos:
indígenas brasileiras e cultos africanos, a) Mestre Zartú; b) trabalho com os cin-
incorpora, agora, ensinamentos esotéricos co reinos; c) o conhecimento básico de
das mais variadas correntes. A emergência si mesmo; d) a lei da correspondência e
de tal culto estaria vinculado aos próprios fraternidade cósmica; e) comportamento
processos de transformação sofridos, o que humano; f) Karma, vida fora da matéria;
inclui o fluxo de agentes sociais oriundos g) ARA MARA, espírito e forma. Perceba-
de outros estratos sociais, que teria trazido mos que diversos elementos presentes na
consigo elementos da contracultura, abar- NE, como a ideia do centramento no self
cando elementos do ocultismo oriental; es- (conhecer a si mesmo), e no seu aperfei-
tudos da Rosa Cruz e da teosofia acabaram çoamento (D’ANDREA, 2000), bem como
resultando numa concepção nova: a Um- a de karma (SIQUEIRA, 2003), e de fra-
banda Esotérica. ternidade cósmica (SILVA, 2000), encon-
O argumento desenvolvido por Guerrie- tram-se aí articulados, de modo a confi-
ro (2009) aponta para uma série de diferen- gurar uma umbanda específica, com seus
ciações, em especial, a partir das próprias próprios marcadores idenditários, mas
raízes às quais esta se remete. No entan- que, em todo o caso, não nega a ideia de
to, haveria elementos de proximidade que se tratar de um culto afro-brasileiro, pois
possibilitam a manutenção da identida- a autoafirmação enquanto uma “Tenda
de umbandista. Em todo o caso, devemos Umbandista” delimita de forma clara a
chamar a atenção para o fato de que, em centralidade da Umbanda nesta identi-
termos históricos, a Umbanda Esotérica é dade religiosa, que, obviamente, está em
fundada nos anos de 1950 pelo Mestre Zar- constante processo de negociação.
tú, em São Paulo, tido pelos adeptos como Estas questões se fazem pertinentes
um Mestre Indiano, segundo a pesquisa de para argumentarmos em torno da singu-
Victoriano (2005), antes das manifestações laridade de movimentos como o Vale do
deste Mestre: Amanhecer e o Santo Daime, afinal, tais
[...] a Umbanda se apresentava sob o ecletis- movimentos vão além de uma Umbanda
mo de vários cultos, como banto, ameríndio, Esotérica “estilizada”. Desdobrando-se o
asteca, feitiçaria e candomblé. O objetivo do argumento posto por Guerriero (2009), te-
Mestre Zartú, ainda de acordo com o ma- mos em tais movimentos, em princípio, a
nual, é revelar a Umbanda na sua verdadei- ausência de uma identidade umbandista,
ra luz esotérica, no seu ocultismo puro, sem há uma aproximação maior, em termos
se prender a rituais, seguindo os princípios identitários, com o kardecismo, no caso
do Budismo e unindo-os ao de Jesus Cristo. do Vale do Amanhecer, e com as práticas
(VICTORIANO, 2005, p. 104). indígenas, e mesmo com o catolicismo, no

A Nova Era com Axé 177


caso do Santo Daime11; mas que, em todo mericanas, a Castañeda, aos incas, ao xama-
o caso, não é a identidade assumida majo- nismo siberiano – isso para não falar na pre-
ritariamente pelos sujeitos. sença do esoterismo europeu, das filosofias
Argumentamos aqui que o que ocor- orientais, dos cultos de mistério da Antigui-
re nesta “umbanda branca”, ou “umban- dade Clássica, da tradição wicca, do paganis-
da esotérica”, em que os elementos tidos mo celta, etc.
como “primitivos” são retirados, em prol
de elementos tidos como mais “civiliza- As questões postas pelo autor ainda in-
dos”, “legítimos”, aproxima-se do pri- dicam um predomínio de sínteses religiosas
meiro movimento de síntese ocorrido na que tomam como referência unicamente o
NE. Macedo (2011), em sua pesquisa re- universo simbólico no qual a NE foi for-
alizada junto à Fraternidade de Umbanda jada. Contudo, o que temos apontado ao
Esotérica Caboclo Pena Branca, aponta longo deste trabalho é justamente a direção
para as distinções existentes entre esta e dos fenômenos que tem sido objeto de uma
a “umbanda de raiz”12, como a ausência reflexão menos sistemática por parte dos
de atabaques e a predominância de transes pesquisadores nesta área, ou seja, aqueles
conscientes e semiconscientes, cuja cen- que apontam para a singularidade da NE
tralidade no processo de consulta se dá no Brasil, por meio da articulação entre os
através da fala, dos conselhos “psicológi- elementos presentes originalmente na NE e
cos” dados a quem procura tais serviços, aqueles oriundos das religiosidades popu-
que caminharia para o processo de “au- lares, em especial os cultos afro-brasileiros.
toconhecimento”, que nos parece ser um Esse trânsito só é possível devido à exis-
ponto central de aproximação com a NE, tência de discursos e códigos diferentes e
na configuração desta umbanda esotérica. competitivos na sociedade brasileira, que
Segundo Magnani (2006, p.171), acerca da cria uma possibilidade de jogos de papéis e
síntese promovida pela NE: de identidades ampla, onde “Todas as no-
Mesmo com a valorização das tradições in- ções de normalidade e desvio têm um ca-
dígenas, e do contato mais estreito com as ráter eminentemente instável e dinâmico.”
religiões ayahuasqueiras como o Santo Dai- (VELHO, 2003, p. 25).
me e a União do Vegetal, o neo-esoterismo Em nossa análise, compreendemos que
no Brasil mantinha uma feição antes univer- o “esoterismo umbandizado”, esta NE bra-
sal que local: muito mais frequentes eram as sileira, vai em direção oposta, em termos de
referências aos índios das planícies norte-a- elaboração, do que propõe a umbanda eso-

11. É válido ressaltar que, no caso das religiões ayahuasqueiras, encontramos, de modo geral, uma apro-
ximação enfática com as práticas indígenas, e com o próprio catolicismo, cuja ideia de revelação da
ayhuasca por parte de Nossa Senhora da Conceição é emblemática nessa aproximação, bem como com as
religiões afro-brasileiras; contudo, o campo destas religiões é marcado por ser essencialmente plural, de
modo que denominações como a Barquinha, por exemplo, apresentará um caráter mais eminentemente
sincrético com relação às religiões afro-brasileiras (LABETE; ROSE; SANTOS, 2008).
12. Refere-se à prática umbandista preocupada em “resgatar a tradição”, ou seja, busca afirma-se enquan-
to culto afro-brasileiro; aproximando-se do candomblé, e, por vezes, negando qualquer forma de sincre-
tismo religioso.

178 R. Pós Ci. Soc. v.11, n.21, jan/jun. 2014


térica, uma vez que sua preocupação não mento de mão dupla; pois, tanto a referência
é a de retirar elementos tidos como “pri- ao Axé torna-se cada vez mais corriqueiro
mitivos”, mas, sim, de trazer ao palco tais nas práticas da NE, como a referência à ideia
elementos olvidados pela síntese primeva de energia passa a ser corriqueira nos ter-
da NE, que chega ao Brasil. reiros, em especial de umbanda. Este fluxo
Chamemos a atenção, ainda, em termos entre NE e cultos afro-brasileiros nos parece
de diferenciação, que um fenômeno impor- ser um campo ainda pouco explorado pelos
tante, que aponta nesta direção, diz res- cientistas sociais, ainda que estudos sobre
peito ao fato que as entidades oriundas da movimentos, como o Vale do Amanhecer,
Umbanda, presentes na NE, são muito mais Santo Daime, Umbanda Mística etc., tor-
elementos performáticos que objeto de cul- nem- se cada vez mais recorrentes no campo
to. Elas não ganham sentido por si mesmas, acadêmico brasileiro.
sua legitimidade não provém apenas por Os caboclos e preto-velhos aparecem no
serem caboclos, ou preto-velhos, mas, sim, Vale, no Daime, ainda que seja recorrente
por serem, também, seres intergalácticos, a ideia entre seus adeptos de que tais enti-
provindos do Astral Superior; são Espíritos dades são distintas das que são encontradas
de Luz, ainda que este cenário, em termos nos cultos afro-brasileiros; nesta direção,
de dados etnográficos, possa se mostrar, buscando marcar uma distância simbólica
por vezes, ambivalente. segura, em que, ao mesmo tempo, reconhe-
Além do mais, aspectos que perfazem o ce a eficácia dos “serviços prestados” por
discurso “Nova Erista”, como: a existência tais entidades e também almeja desvincular
de um novo momento, uma NE, no sentido de seu caráter estigmatizado. Para traçar
amplo, marcado pela harmonização entre o tal distância, tais entidades são retratadas
corpo e o espírito, entre os diversos polos como “espíritos de luz”, linguagem emi-
que estavam (estão) apartados, no momen- nentemente espírita, ou apenas como uma
to atual, delimitando uma utopia otimista forma de energia, linguagem recorrente no
com relação ao futuro (MEDEIROS, 1998, movimento NE (TAVARES, 1999), distin-
SILVA, 2000); a centralidade na ideia de guindo-se, também, em termos de ações,
Energia como algo que mobiliza as práticas tornando-se menos recorrente a utilização
dos sujeitos (TAVARES, 1999); encontram- de charutos ou bebida alcoólica.
se presentes, formando uma identidade Tais arranjos possibilitam o surgimento
muito mais esotérica que umbandista, ou, de combinações que, em princípio, pode-
como podemos resumir, formulando um riam parecer inviáveis em termos teológi-
esoterismo umbandizado, em vez de uma cos, ou mesmo contraditórias (CARVALHO,
umbanda esotérica. 1994). Contudo, “Para o sujeito que crê,
Interessa-nos, aqui, destacar este com- possíveis contradições não são sequer ob-
plexo processo de articulação entre os ele- servadas, pois o que conta é que esses no-
mentos das religiosidades populares; acredi- vos arranjos asseguram uma coerência psi-
tamos que nos encontramos em um momen- cológica e principalmente afetiva.” (GUER-
to em que há novas formulações em curso, RIERO, 2009, p. 46), logo, práticas como
em que elementos dessa pulsante realidade a da Comunidade Espiritual Alvorada, em
sincrética ganha visibilidade em meio ao he- que o líder Nivaldo Bastos afirma que o
terodoxo universo da NE, o que é um movi- “verdadeiro umbandista” tem que conhecer

A Nova Era com Axé 179


de física, química e astrologia (CAMURÇA, dade (MAGNANI, 1999, 2006), a utilização
2003), para o adepto soa como uma práti- performática de diversos elementos retira-
ca não marcada pela contradição, ou pela dos de seus contextos originários são algu-
ruptura; mas, sim, pela continuidade e pela mas questões que se mantêm mesmo ante
coerência teológica. esta nova síntese.

4 Conclusão
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