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Diferente da noção inicial, acerca da prestação de alimentos, este não se presta somente
a alimentos o sentido literal da palavra.
Quanto a origem:
A prestação de alimentos pode se originar de três elementos: lei, convenção e ato ilícito.
Os alimentos devidos por força de lei, são chamados de legítimos e surgem em razão de
matrimônio, união estável e parentesco. (Art. .1694 do C.C; Lei 9.278/96, art. 7º - regulamenta
o §3º do art. 226 da CRFB, trata união estável).
Os alimentos voluntários, são aqueles que surgem por força de um negócio jurídico
(convenção). Ex. Legado, disposto no art. 1920 do C.C.
Importante salientar que a constituição de renda disposta no art. 533 não é uma medida
necessária ou ainda que possa ser determinada de oficio pelo magistrado, tal fato pode ser
extraído da literalidade da letra de lei, que é claro, no sentido de que a medida depende de
requerimento do exequente.
O §2º do art. 533 do CPC, admite ainda que tal medida seja substituída, pela inclusão do
exequente na folha de pagamento de pessoa jurídica de notória capacidade econômica, ou
ainda a requerimento do executado, por fiança bancária ou garantia real, em valor a ser
arbitrado de imediato pelo juiz.
Destacando que tanto a revisão como a exoneração de alimentos devem ser requeridas
em ação própria.
Os alimentos provisórios por sua vez, são aqueles determinados no processo em que se
pleiteia alimentos definitivos, visando garantir desde já a mantença daquele a quem se destina
tal verba, para tanto exige-se a comprovação de parentesco ou da obrigação de prestar
alimentos. (Art. 2º e 4º da lei 5478/1968, ou ainda nos termos do art. 300 do CPC, casos em que
sua concessão estará condicionada a demonstração de probabilidade de direito e do perigo de
dano ou risco ao resultado útil do processo. (tutelas de urgência).
Rito de prisão
O Rito disposto no art. 528 “caput” e §§ 3º e 7º do CPC, diz respeito as três ultimas
prestações devidas antes da execução e as que vencerem posteriormente, lembrando que não
há necessidade de aguardar o vencimento da terceira parcela para se promover a execução
(entendimento 4ª turma do STF, AgRg no REsp 561.453/SC), submetendo-a a este rito
processual (conhecido como rito de prisão, pois se admite a prisão civil do devedor), tais
alimentos são ditos como futuros/atuais.
Após o CPC/2015, o entendimento trazido pela própria lei (art. 528, §7º) e ratificado
pelo STJ no recurso citado acima, é de que o debito alimentar que autoriza a prisão do devedor
é o correspondente até as 3 ultimas prestações devidas antes do ajuizamento da ação, deixando
cristalino a desnecessidade de se aguardar o vencimento das três prestações para ingresso do
execução por este rito processual.
Rito de penhora
Disposto no art. 528, §§8º e 9º do CPC, dizem respeito aos alimentos pretéritos, ou seja,
aqueles que já perderam a natureza alimentar, por não mais servirem para manter a
subsistência do credor, sendo a execução procedida por expropriação.
Cumprimento de sentença por coerção indireta: protesto e a prisão civil – Art. 528, §§1º
ao 7º
Aquele que foi condenado a prestar alimentos, seja por decisão interlocutória ou por
sentença, será intimado pessoalmente, para que no prazo de 3 dias: pagar, provar que já pagou
ou justificar a falta de pagamento.
Diante da não realização do pagamento é licito que o devedor apresente sua defesa, o
que não se confunde com impugnação, tal defesa na pratica é chamada de justificação,
momento em que o devedor poderá alegar:
Didier defende a ideia de que tal justificação deve ser analisada com maior tolerância
pelo órgão jurisdicional, considerando que em determinados casos a parte não tem condições
de contratar um advogado e acaba por apresentá-la sem um defensor constituído, situações em
que o juiz não deve rechaçá-la, desentranhando-a dos autos, considerando ainda que não
examinar a defesa apresentada, poderá acarretar a prisão civil de maneira indevida. (Didier,
2018, p. 738).
O prazo para sua ocorrência, se dá após escoado o prazo disposto no art. 921, §1º do
CPC, sem qualquer manifestação do exequente. (§4º do art. 921 do CPC).
Prescrição x absolutamente incapazes art. 3º c/c art. 197 e 198 ambos do C.C
De acordo com tais diplomas do Código Civil, não ocorre prescrição entre ascendentes
e descendentes durante o poder familiar e contra os incapazes elencados no art. 3º do C.C
Natureza jurídica da prisão civil: medida coercitiva, tem por objetivo forçar o
cumprimento da obrigação por parte do devedor. Desta forma diante do adimplemento do valor
devido, deve a ordem de prisão ser suspensa pelo juiz, conforme art. 528, §6º do CPC,
justamente por não guardando relação com punição, pena ou sanção.
Conforme dito anteriormente o decreto da prisão civil por alimentos somente poderá
dizer respeito as três prestações anteriores ao ajuizamento da ação, bem como as que vencerem
no curso do processo, tendo em vista que as prestações anteriores as três últimas, já não mais
possuem natureza alimentar, ou seja, de manter a subsistência do alimentando.
Após o decreto da prisão, o devedor poderá ser mantido preso pelo período de três
meses, conforme prevê art.528, §3º do CPC.
O devedor de alimentos deverá ser mantido em separado dos presos comuns, tendo em
vista que não cumpre qualquer pena por nenhum crime, estando somente sob submissão de
coerção psicológica.
Paga a divida ou findo o prazo máximo da prisão, o devedor deverá ser colocado em
liberdade, considerando que a mantença do devedor preso por tempo excedente ao prevista na
lei constitui manifesta ilegalidade, a ser ataca por “habeas corpus”.
Não mais será permitida a prisão do devedor pelas mesmas prestações vencidas, porém
sobrevindo o vencimento de novas prestações, será cabível nova prisão.
Porém não é possível utilizar-se de tais mecanismos de forma simultânea, sob pena de
litispendência, existindo uma conexão e o decisões conflitantes, sendo sanável tal vicio com a
suspensão de um dos feitos.
Previsto no art. 529 do CPC, onde a efetivação da obrigação pode se dar através do
desconto em folha de pagamento.
Tem inicio por meio do requerimento do credor, em petição que deve ser solicitada a
ordem de desconto em folha, referente a pagamento de prestação alimentícia.
Recaindo sobre o credor o ônus de informar a fonte pagadora a qual se destina a ordem
de desconto, na hipótese de não dispor da informação, é licito que requisite ao juízo, que
requeira as informações necessárias a repartições públicas, determinando se for o caso quebra
do sigilo bancário e fiscal do executado.
Após o requerimento, haverá intimação do devedor, para que querendo apresente sua
impugnação, no prazo de 15 dias (aplicação por analogia do art. 523 do CPC), sob pena de
expedição de oficio determinando o desconto na fonte pagadora a partir da primeira
remuneração posterior, a contar do protocolo do oficio.
A execução por desconto se aplica tanto para alimentos futuros como pretéritos, assim
poderão ser descontados alimentos vincendos e vencidos, sendo que os vencidos poderão ser
descontados de forma parcelada, desde que a soma do parcelamento e da obrigação regular de
alimentos não ultrapasse 50% dos ganhos líquidos do executado, (art. 529, §3º, do CPC) com
intuito de preservar a dignidade da pessoa humana .
Fica a critério do credor a escolha pelo rito, seja por expropriação ou por coerção, porém
uma vez escolhido o rito de expropriação não será possível trilhar o caminho do cumprimento
por coerção, com o emprego da prisão civil.
Referências bibliográficas:
➢ Gonçalves, Marcus Vinicius Rios, Direito processual civil esquematizado– 8. ed. – São
Paulo : Saraiva, 2017;
➢ Theodoro Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – vol. III. 51. ed. rev.,
atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2017;
➢ Didier Junior, Fredie, Braga, Paula Sarno e outros - Curso de Direito Processual Civil –
vol. 5, 8ª ed. rev. ampl. e atual. Salvador: Editora JusPodivm, 2018;
➢ Neves, Daniel Assumpção Neves, Manual de Direito Processual Civil, volume único,
10ª ed. rev. e atual. Salvador: Editora JusPodivm, 2018;
➢ BRASIL. Lei 13.105 de 16 de março de 2015
➢ Neves, Daniel Assumpção Neves, Novo Código de Processo Civil comentado, 3. ed. rev.
e atual. Salvador: Editora JusPodivm, 2018;