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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIME DA

COMARCA DE CAMAMU/BA

Processo n.: 0300218-87.2018.8.05.0040

Weverton da Paixão de Jesus, brasileiro, solteiro,


natural de Simões Filho/BA, nascido em 09/01/1996, inscrito no RG de nº
20006377-44 SSP/BA, residente na Avenida Manoel Vasconcelos, CEP 45445-
000, Camamu/BA, por intermédio de seus procuradores, conforme instrumento
procuratório anexo, com escritório profissional localizado à Rua Duque de
Caxias, n. 107, Centro, Camamu, Bahia, CEP 45445-000 e endereço profissional
na Rua Bento Berilo, n. 234, Centro, Ilhéus/BA, endereço eletrônico
advranericosta@gmail.com e advthaynacosta@gmail.com, onde recebem
citações, notificações e intimações, vem à presença de Vossa Excelência,
requerer a

REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA

com fundamento no art. 316 do Código de Processo


Penal, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

I – DA SÍNTESE DO APF

Consta do auto de prisão em flagrante que no dia 10 de


abril de 2018, por volta das 08h, foi solicitado apoio da guarnição, que na
localidade da Rua Manoel Vasconcelos, traficantes trocaram tiro e após
empreenderam fuga para o povoado do Acaraí; que estavam na moto e um
deles saltou e fugiu, sendo o outro alcançado (WEVERTON); Que o Sr.
Weverton adentrou na casa onde reside e trabalha; Que os policiais
realizaram busca pessoal do mesmo, encontrando drogas em quantidade;

Sobre tais imputações, o Sr. Weverton desconstituiu todos


os fatos, negando-os em sua integralidade. Narrou o ocorrido, informando,
inclusive, que houve troca de tiro, cuja participação deu-se em razão de sofrer
ameaça de morte do vulgo “Deivão”.

II – DA REALIDADE FÁTICA

Em que pese os dados contidos no auto de prisão em


flagrante, os fatos ocorrerem de maneira diversa do quanto afirmado pelos
policiais.

Na realidade, o Sr. Weverton, no dia indicado, trocou tiros


com um indivíduo chamado de “Deivão”, evadindo-se, em seguida, para o
povoado do Acaraí, onde foi abordado por força policial. Sem apresentar
qualquer resistência, o Sr. Weverton foi guiado pelos policiais para adentrar
um imóvel desconhecido, local onde as drogas foram encontrados e
imputadas ao mesmo.

Em verdade, houve evidente arbitrariedade quanto à


prisão do acusado, sendo, inclusive, implantadas provas a fim de legitimar a
prisão do Sr. Weverton. Isso porque, como afirmado pelo acusado diversas
vezes em sede policial, o mesmo não reside, trabalha ou conhece os
proprietários/possuidores da residência onde foram encontradas as drogas.

Salienta-se, ainda, desde já, a existência de testemunhas


oculares que presenciaram o exato momento da prisão, bem como a
apreensão das drogas em imóvel desconhecido pelo réu e distinto do local
em que o acusado fora abordado pelos policiais, sendo, portanto, aptas a
comprovar a ilegalidade cometida pelos policiais militares.

Por fim, faz-se mister salientar, no momento da apreensão


das drogas dentro de uma residência a qual o réu desconhece e não é
proprietário ou possuidor, os policiais militares não possuíam qualquer
mandado judicial para efetuar tal desiderato.

III - DAS PROVAS ILÍCITAS

O direito à prova, como todo e qualquer direito


fundamental, não tem natureza absoluta. Está sujeito a limitações porque
coexiste com outros direitos igualmente protegidos pelo ordenamento jurídico.
Não por outro motivo, dispõe a Constituição Federal que “são inadmissíveis,
no processo, as provas obtidas por meio ilícitos” (art. 5º, LVI).

Nessa linha, destaca com propriedade o Min. Celso de


Mello, referindo-se às provas ilícitas, leciona:

[...] a ação persecutória do Estado, qualquer que seja a


instância de poder perante a qual se instaure, para
revestir-se de legitimidade, não pode apoiar-se em
elementos probatórios ilicitamente obtidos, sob pena de
ofensa à garantia constitucional do “due processo of law”,
que tem, no dogma da inadmissibilidade das provas
ilícitas, uma de suas mais expressivas projeções
concretizadoras no plano do nosso sistema de direito
positivo. – A Constituição da República, em norma
revestida de conteúdo vedatório (CF, art. 5º, LVI),
desautoriza, por incompatível com os postulados que
regem uma sociedade fundada em bases democráticas
(CF, art. 1º), qualquer prova cuja obtenção, pelo Poder
Público, derive de transgressão a cláusulas de ordem
constitucional, repelindo, por isso mesmo, quaisquer
elementos probatórios que resultem de violação do direito
material (ou, até mesmo, do direito processual), não
prevalecendo, em consequência, no ordenamento
normativo brasileiro, em matéria de atividade probatória,
a fórmula autoritária do “male captum, bene retentum”.

Diante disso, verifica-se dos autos do inquérito que a


obtenção das provas em face do Sr. Weverton deu-se ao arrepio das cláusulas
constitucionais, haja vista que os policiais militares não tinham mandado de
busca e apreensão no domicílio, afrontando o quanto disposto no art. 5º, XI,
CF/88 - “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito
ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação
judicial”.

Outrossim, no HC 138.565, o próprio Min. Celso de Mello,


em uma de suas fundamentações, ponderou: “a busca sem mandado judicial
só seria justificada por uma fundada suspeita da prática de crime, o que não
se verificou no caso, revelando assim a ocorrência de flagrante ilicitude que
resultou na instauração de persecução criminal, pois ninguém pode ser
investigado ou denunciado, processado, e muito menos condenado, com
base em provas ilícitas. ”

Todo o ocorrido deu-se em uma clara arbitrariedade e


ilegalidade por parte dos policiais militares que, após abordarem o Sr.
Weverton e não encontrarem nada em posse do mesmo, dirigiram-se a
cidade baixa, na Rua do Dendê, onde invadiram uma casa, sem qualquer
ligação com o evento que supostamente tinha originado sua prisão (os
disparos de arma de fogo na Avenida Manoel Vasconcelos), apreenderam
drogas, bem como uma moto, cuja autoria foi imputada ao mesmo, a fim de
dar legitimidade a prisão.

Vale ressaltar que moradores observaram o evento


ocorrido quando da apreensão das drogas e que neste momento o Sr.
Weverton estava preso no fundo da viatura.

Desse modo, malgrado, como dito alhures, as drogas e a


moto encontrada na residência não seja de propriedade do acusado, a
própria apreensão desses objetos se deu de maneira ilícita, devendo, então
serem inadmitidas.

Outrossim, aliada às cláusulas constitucionais que vedam


a invasão domiciliar sem mandado judicial ou em fundadas razões que
concretizem o flagrante delito, as provas obtidas em desacordo aos
mandamentos constitucionais merecem ser desentranhadas dos autos, não
servindo para fundamentar a segregação cautelar do réu.

IV – DA REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA

A prisão cautelar é medida excepcional, regida pelo


princípio da necessidade, mediante a demonstração do fumus boni iuris e do
periculum in mora, porquanto restringe o estado de liberdade de uma pessoa,
que ainda não foi julgada e tem a seu favor a presunção constitucional da
inocência, nos termos do art. 5º da Constituição Federal.

No mesmo sentido o artigo 7º da Convenção Americana


sobre Direitos Humanos – Pacto de San José da Costa Rica (1969) – que
declara o direito a um julgamento em prazo razoável, sob pena de incorrer
em arbitrariedade.
A manutenção da prisão do acusado não merece
prosperar, uma vez que este não preenche os requisitos da prisão preventiva
elencados no artigo 312 do CPP.

O acusado possui residência fixa e pretende colaborar


com toda a persecução penal, no que couber, tanto que realizou, por livre e
espontânea vontade, confissão verdadeira dos fatos e intenções pretendidas.
Não oferece risco à instrução criminal e tampouco aos possíveis envolvidos na
persecução penal, razão pela qual não justifica a prisão preventiva.

A previsão dos artigos 316 e 319 do CPP é clara quanto a


possibilidade de sua revogação, bem como do caráter excepcional da prisão
preventiva. Esses dois dispositivos legais deixam claro que a prisão preventiva
é medida subsidiária e não pode ser decretada ou convertida sem que antes
tenha sido imposta uma medida cautelar alternativa e, ainda em último caso.

Nesse sentido o professor Luiz Flávio Gomes:

A prisão preventiva não é apenas a ultima ratio. Ela é a


extrema ratio da ultima ratio. A regra é a liberdade; a
exceção são as cautelares restritivas da liberdade (art.
319, CPP); dentre elas, vem por último, a prisão, por
expressa previsão legal. g. n.

Ademais, importa salientar ser dever o magistrado a


devida análise dos fatos apresentados no Auto de Prisão em Flagrante
cominado com os requisitos autorizadores da prisão preventiva, previstos no
art. 312 do Código de Processo Penal, pois se nenhum deles estiver presente,
irrefutável será a revogação da preventiva.

Esse é o entendimento dos E. Tribunais:

Habeas Corpus - Extorsão mediante seqüestro, corrupção


passiva qualifica-da, corrupção ativa qualificada e fuga
de pessoa presa na forma tentada -Prisão Preventiva -
Alegação de desne-cessidade e descabimento da
manutenção da custódia cautelar, ante o parecer
favorável do Ministério Público - Paciente que passou a
colaborar na elu-cidação dos fatos - Colheita dos
testemunhos acusatórios encerrada Prisão cautelar que
perdura há mais de 19 meses - Desnecessidade da
custódia - Corréus que se encontram em similar situação
processual e que, por isso, padecem do mesmo
constrangimento ile-gal - Decisão que deve alcançá-los,
nos termos do artigo 580, do Código de Processo Penal -
Ordem concedida para deferir liberdade provisória ao
paci-ente, com extensão aos corréus, expedindo-se
alvarás de soltura clausulados. (HC 990092461605 SP,
Relator: Pedro Gagliardi, Julgamento: 05/01/2010, Órgão
julgador: 15ª Câmara de Direito Criminal, Publicação:
22/01/2010)

HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSUAL PENAL. PRETENSÃO


À CONCESSÃO DE LIBERDADE PROVISÓRIA. HOMICÍDIO
QUALIFICADO. OCULTAÇÃO DE CADÁVER. RÉU COM BONS
ANTECEDENTES E ENDEREÇO CERTO, DEVIDAMENTE
COMPROVADOS. AUSÊNCIA DE ELEMENTO CONCRETO A
DEMONSTRAR O PERICULUM LIBERTATIS. 1. Possível a
liberdade provisória em todas as hipóteses em que não for
cabível a prisão preventiva e nas em que a lei
expressamente estabelecer a proibição desta, conforme
dispõe o art. 5º, lxvi da c arta de outubro, in verbis:
"ninguém será levado à prisão ou nela mantido quando a
lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança", o
qual se constitui em um desdobramento do princípio da
presunção de inocência, sendo ainda certo que deve o
magistrado apontar os elementos concretos que justificam
a manutenção da prisão do réu que tem a seu favor todas
as condições pessoais: primariedade, bons antecedentes
e residência fixa. 2. É dizer: a mantença da prisão deve
decorrer da demonstração da presença de um dos
motivos constantes do art. 312 do código de processo
penal estando o magistrado obrigado a apontar os
elementos concretos ensejadores da medida, porquanto,
no ordenamento constitucional vigente, a liberdade é
regra, excetuada apenas quando concretamente se
comprovar, em relação ao indiciado ou réu, a existência
de periculum libertatis. 3. Concede-se ordem de habeas
corpus a paciente acusado de homicídio qualificado e
ocultação de cadáver por fato ocorrido há mais de cinco
anos e que, embora revelador de uma enorme gravidade,
não demonstra o decreto de prisão a real necessidade de
sua custódia cautelar. 4. Ordem conhecida e concedida.
(TJ-DF - HC: 100763920088070000 DF 0010076-
39.2008.807.0000, Relator: JOÃO EGMONT, Data de
Julgamento: 14/08/2008, 1ª Turma Criminal, Data de
Publicação: 09/01/2009, DJ-e Pág. 72)

HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA POR SUPOSTA


PRÁTICA DE TENTATIVA DE LATROCÍNIO. OBJETIVA A
CONCESSÃO DA LIBERDADE PROVISÓRIA, PORQUE
DESNECESSÁRIA SE MOSTRA A CUSTÓDIA CAUTELAR. RAZÃO
LHE ASSISTE. DECISÃO CARENTE DE FUNDAMENTAÇÃO.
Afora a gravidade abstrata do delito que lhes é imputado,
nada de concreto a evidenciar a necessidade da prisão.
Atributos pessoais favoráveis a demonstrar que em
liberdade pode responder ao processo. Ordem concedida
para deferir ao paciente a liberdade provisória, com
expedição de alvará de soltura clausulado, referendada a
liminar. (HC 5141871020108260000 SP 0514187-
10.2010.8.26.0000, Relator: Péricles Piza, Julgamento:
31/01/2011, Órgão julgador: 1ª Câmara de Direito Criminal,
Publicação: 31/01/2011)

HABEAS CORPUS. DIREITO PROCESSUAL PENAL. HOMICÍDIO


QUALIFICADO. ADITAMENTO DA DENÚNCIA. CABIMENTO.
PRISÃO CAUTELAR. FLAGRANTE DELITO. LIBERDADE
PROVISÓRIA. DEFERIMENTO. 1. Não há óbice qualquer,
legal ou constitucional, a que o Ministério Público, à luz dos
fatos descritos na acusatória inicial, retifique a
classificação jurídica dos fatos, imputando ao réu, não, o
homicídio simples, mas o qualificado pelo emprego de
recurso que dificultou impossível a defesa da vítima. 2. O
simples fato de se tratar de crime hediondo ou equiparado
não impede a concessão de liberdade provisória, uma vez
constatada a inexistência dos requisitos que autorizam a
decretação da prisão preventiva. 3. Ordem parcialmente
concedida. (HC 42484 DF 2005/0041084-8, Relator: Ministro
Hamilton Carvalhido, Julgamento: 08/08/2007, Órgão
Julgador: T6 - Sexta Turma, Publicação: DJ 10.09.2007 p.
312).
Dessa forma, ao analisar a concessão da liberdade aos
crimes hediondos, o juízo deve se ater aos requisitos da prisão preventiva, e
não à gravidade abstrata do crime. No caso em comento, por sua vez, inexiste
qualquer um dos requisitos da prisão preventiva, quais sejam, como forma de
garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da
instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal.

Como ressaltado alhures, o réu é primário, possui bons


antecedentes, com endereço certo, tudo devidamente comprovado nos
autos, de modo que não oferece qualquer risco à instrução criminal, quiçá à
sociedade.

Com efeito, os meios supressivos da liberdade devem ser


utilizados com base no princípio da necessidade para assim não perder a sua
conotação cautelar. Justamente por isso, a prisão preventiva só deve ser
decretada quando for estritamente necessária.

Nessa seara, não demonstrada, suficientemente, a


necessidade da prisão preventiva, merece prosperar o pedido de sua
desconstituição.

IV – DAS MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO

Por força do art. 1º, parágrafo único, do CPP, as medidas


cautelares diversas da prisão podem ser aplicadas não apenas aos
procedimentos regulados pelo CPP, mas a todo e qualquer procedimento
criminal, em primeira ou segunda instância.

Assim é que, na busca de alternativas para o cárcere


cautelar, ou seja, a previsão legal de outras medidas coercitivas que o
substituam com menor dano para a pessoa humana, porém com similar
garantia da eficácia do processo, o art. 319 do CPP passou a elencar 09
(nove) medidas cautelares diversas da prisão.

Dessa forma, requer seja aplicado, alternativamente, uma


das medidas diversas da prisão, encartadas no art. 319, CPP, em especial as
de comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas
pelo juiz, para informar e justificar atividades e de proibição de ausentar-se da
Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária para a
investigação ou instrução

IV – DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer:

I. A revogação da prisão preventiva, sem arbitramento de


fiança, por ausência de requisitos para sua manutenção, com a expedição
do respectivo alvará de soltura.

II. Alternativamente, seja revogada a prisão preventiva


com arbitramento de fiança no mínimo legal, tendo em vista a ausência dos
requisitos para sua manutenção e a incapacidade financeira do acusado em
suportar exorbitantes valores, com a expedição do respectivo alvará de
soltura, bem como sejam aplicada as medidas cautelares diversas da prisão.

III. A intimação do Ilustre representante do Ministério


Público, nos termos da lei.

Nesses termos,
Pede deferimento.

Camamu, Bahia, 24 de abril de 2017.

Ranieri Damasceno Costa Thayná Santos Costa


OAB/BA 53.330 OAB/BA 50.969

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