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Como se sabe, de acordo com o princípio da non reformatio in pejus direta, a

pena não pode ser agravada em recurso exclusivo da defesa (incluindo erros
materiais, exemplo: erro na soma da condenação). Art. 617 CPP.
CS – PROCESSO PENAL III 81
Art. 617. O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas decisões ao disposto nos arts. 383,
386 e 387, no que for aplicável, não podendo, porém, ser agravada a pena, quando somente o
réu houver apelado da sentença.
Entretanto, na non reformatio in pejus INDIRETA, em recurso exclusivo da defesa,
caso o tribunal anule a decisão de primeira instância, o acusado não poderá
ser prejudicado quando da prolação de nova sentença condenatória.
E no júri? O tribunal do júri condena o acusado a uma pena, a defesa entra
com recurso e o tribunal ad quem anula a sentença (juízo rescindente), para
que seja proferida outra no júri (juízo rescisório). Este novo júri pode
agravar a pena?
Doutrina: nada impede que os jurados reconheçam qualificadoras ou causas de
aumento de pena que não foram reconhecidas no primeiro julgamento, por força
da soberania dos vereditos. Porém, se a decisão dos jurados no segundo
julgamento for idêntica à decisão anterior (exemplo: homicídio antes e
homicídio agora...), o juiz presidente não poderá agravar a pena do acusado,
sob pena de violação ao princípio da non reformatio in pejus indireta.
OBS: HC 89544 STF.
EMENTA: AÇÃO PENAL. Homicídio doloso. Tribunal do Júri. Três julgamentos da mesma
causa. Reconhecimento da legítima defesa, com excesso, no segundo julgamento.
Condenação do réu à pena de 6 (seis) anos de reclusão, em regime semiaberto. Interposição
de recurso exclusivo da defesa. Provimento para cassar a decisão anterior. Condenação do
réu, por homicídio qualificado, à pena de 12 (doze) anos de reclusão, em regime integralmente
fechado, no terceiro julgamento. Aplicação de pena mais grave. Inadmissibilidade.
Reformatio in peius indireta. Caracterização. Reconhecimento de outros fatos ou
circunstâncias não ventilados no julgamento anterior. Irrelevância. Violação consequente do
justo processo da lei (due process of law), nas cláusulas do contraditório e da ampla defesa.
Proibição compatível com a regra constitucional da soberania relativa dos veredictos.
HC concedido para restabelecer a pena menor. Ofensa ao art. 5º, incs. LIV, LV e LVII, da CF.
Inteligência dos arts. 617 e 626 do CPP. Anulados o julgamento pelo tribunal do júri e a
correspondente sentença condenatória, transitada em julgado para a acusação, não
pode o acusado, na renovação do julgamento, vir a ser condenado a pena maior do que
a imposta na sentença anulada, ainda que com base em circunstância não ventilada no
julgamento anterior.
A princípio, como vimos acima, isso poderia acontecer (ser conhecida uma
qualificadora no julgamento posterior, tendo sido a anterior anulada),
entretanto, a decisão final neste caso foi para que a pena aplicada fosse de
6 anos de reclusão (homicídio simples) e não os 12 anos (homicídio
qualificado). De acordo com o STF, a pena deste último julgamento não poderia
ultrapassar a pena anterior no caso de recurso exclusivo da defesa, sem
prejuízo da soberania dos vereditos, ou seja, o indivíduo foi condenado pelo
121 §2º (homicídio qualificado – reconhecido pelos jurados), com a pena de
homicídio simples (6 anos). Concordância prática.
4.4. COMPETÊNCIA PARA O JULGAMENTO DOS CRIMES DOLOSOS CONTRA VIDA
CS – PROCESSO PENAL III 82
4.4.1. Crimes dolosos contra a vida: competência mínima
Trata-se de uma competência mínima, ou seja, nada impede que seja ampliada
por lei ordinária, tal como ocorre no art. 78 do CPP, que prevê a competência
do júri para julgar os crimes CONEXOS aos dolosos contra a vida, salvo os
militares e eleitorais, caso no qual haverá a separação dos processos.
Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas as
seguintes regras:
I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum,
prevalecerá a competência do júri;
4.4.2. Delitos envolvendo a morte dolosa de pessoa que NÃO são julgados pelo
júri
1) Latrocínio (Súmula 603 do STF);
2) Extorsão qualificada pelo resultado morte;
3) Ato infracional;
4) Foro por prerrogativa de função previsto na CF/88 (pelo princípio da
especialidade prevalece sobre o júri). Súmula Vinculante 45.
5) Genocídio. É crime da competência de juiz singular, pois o bem jurídico
tutelado não é a VIDA, mas sim a existência de um grupo nacional, étnico ou
religioso.
OBS: Se o genocídio for cometido mediante morte de membros do grupo, haverá
concurso formal impróprio de delitos (homicídio + genocídio), caso no qual o
delito de homicídio será julgado em um tribunal do júri, que exercerá força
atrativa em relação ao crime conexo de genocídio. RE 351487.
6) Militar da ativa que mata militar da ativa, mesmo que não estejam em
serviço. STF: Nesse caso, atinge-se indiretamente a disciplina, base das
instituições militares (CC 7.071).
7) Civil que mata militar das Forças Armadas em serviço (STF HC 91.003).
Entendeu-se que a competência da Justiça Militar, também prevista na CF,
afasta a competência do júri. Se o militar for dos estados, o civil é julgado
pelo tribunal do júri, eis que, como visto, a JME não julga civis.
8) Lei 7.170/83, art. 29 – crime por motivação política.
5. ORGANIZAÇÃO DO JÚRI
CPP. Art. 447. O Tribunal do Júri é composto por 1 (um) juiz togado, seu presidente e por 25
(vinte e cinco) jurados que serão sorteados dentre os alistados, 7 (sete) dos quais
constituirão o Conselho de Sentença em cada sessão de julgamento.
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5.1. JURADO
5.1.1. Requisitos para ser jurado
1) Cidadão (em sentido estrito) brasileiro (nato ou naturalizado) com mais de
18 anos (na Lei antiga falava-se em 21 anos)
Art. 436. O serviço do júri é obrigatório. O alistamento compreenderá os cidadãos maiores de
18 (dezoito) anos de notória idoneidade.
§ 1o Nenhum cidadão poderá ser excluído dos trabalhos do júri ou deixar de ser alistado em
razão de cor ou etnia, raça, credo, sexo, profissão, classe social ou econômica, origem ou grau
de instrução.
OBS1: Com a Lei 11.689/08, o idoso com mais de 70 anos (na Lei antiga era 60
anos) está isento do júri, caso requeira sua dispensa.
CPP Art. 437. Estão isentos do serviço do júri:
IX – os cidadãos maiores de 70 (setenta) anos que requeiram sua dispensa;
OBS2: O novo art. 437, X permite que o jurado peça isenção do júri, em caso
de justo impedimento.
CPP Art.437. X – Aqueles que o requererem, demonstrando justo impedimento.
2) Residência na comarca: A lei nova não repete essa previsão, mas se presume
que os ‘pares’ devem ser da mesma localidade.
3) Notória idoneidade.
Surdos-mudos, cegos e analfabetos podem ser jurados? Apesar do silêncio da
lei, entende-se que não podem ser jurados, uma vez que restaria prejudicado o
princípio do sigilo do voto, da imparcialidade e da oralidade.
5.2. ISENTOS DO SERVIÇO DO JÚRI (ART. 437)
CPP Art. 437. Estão isentos do serviço do júri:
I – o Presidente da República e os Ministros de Estado;
II – os Governadores e seus respectivos Secretários;
III – os membros do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas e das Câmaras Distrital
e Municipais;
IV – os Prefeitos Municipais;
V – os Magistrados e membros do Ministério Público e da Defensoria Pública;
VI – os servidores do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública;
VII – as autoridades e os servidores da polícia e da segurança pública;
VIII – os militares em serviço ativo
IX – os cidadãos maiores de 70 (setenta) anos que requeiram sua dispensa;
X – aqueles que o requererem, demonstrando justo impedimento.
CS – PROCESSO PENAL III 84
5.3. RECUSA INJUSTIFICADA
A consequência prevista pelo CPP é uma multa no valor de 01 a 10 salários-
mínimos, aplicada pelo juiz, levando em conta a capacidade econômica do
jurado (art. 436, § 2º).
Art. 436. O serviço do júri é obrigatório. O alistamento compreenderá os cidadãos maiores de
18 (dezoito) anos de notória idoneidade.
§ 1o Nenhum cidadão poderá ser excluído dos trabalhos do júri ou deixar de ser alistado em
razão de cor ou etnia, raça, credo, sexo, profissão, classe social ou econômica, origem ou grau
de instrução.
§ 2o A recusa injustificada ao serviço do júri acarretará multa no valor de 1 (um) a 10 (dez)
salários mínimos, a critério do juiz, de acordo com a condição econômica do jurado.
De acordo com a jurisprudência, como esse dispositivo previu única e
exclusivamente a pena de multa, sem fazer qualquer ressalva quanto à
possibilidade de cumulação dessa sanção com outra de natureza penal, não é
possível a responsabilização criminal pelo crime de desobediência.
Diferente é o caso de testemunha faltante, porquanto o art. 458 do CPP prevê
a possibilidade de dupla punição.
Art. 458. Se a testemunha, sem justa causa, deixar de comparecer, o juiz presidente, sem
prejuízo da ação penal pela desobediência, aplicar-lhe-á a multa prevista no § 2o do art. 436
deste Código.
5.4. ESCUSA DE CONSCIÊNCIA
Antes da Lei, não havia previsão de serviço alternativo relacionado ao júri,
de forma que o art. 5º, VIII era inaplicável (norma constitucional de
eficácia limitada).
CF Art.5º VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção
filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e
recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
Agora, com o novo art. 438 do CPP, existe previsão de serviço alternativo:
Art. 438. A recusa ao serviço do júri fundada em convicção religiosa, filosófica ou política
importará no dever de prestar serviço alternativo, sob pena de suspensão dos direitos políticos,
enquanto não prestar o serviço imposto.
§ 1º Entende-se por serviço alternativo o exercício de atividades de caráter administrativo,
assistencial, filantrópico ou mesmo produtivo, no Poder Judiciário, na Defensoria Pública, no
Ministério Público ou em entidade conveniada para esses fins.
§ 2º O juiz fixará o serviço alternativo atendendo aos princípios da proporcionalidade e da
razoabilidade.
5.5. SUSPEIÇÃO/IMPEDIMENTO/INCOMPATIBILIDADE DE JURADOS (ART. 448 DO CPP)
CS – PROCESSO PENAL III 85
5.5.1. Previsão legal
Art. 448. São impedidos de servir no mesmo Conselho (perceber, no CONSELHO e não do
tribunal do júri em si):
I – marido e mulher;
II – ascendente e descendente
III – sogro e genro ou nora;
IV – irmãos e cunhados, durante o cunhadio;
V – tio e sobrinho;
VI – padrasto, madrasta ou enteado.
§ 1º O mesmo impedimento ocorrerá em relação às pessoas que mantenham união estável
reconhecida como entidade familiar.
§ 2º Aplicar-se-á aos jurados o disposto sobre os impedimentos, a suspeição e as
incompatibilidades dos juízes togados.
Art. 449. Não poderá servir o jurado que:
I – tiver funcionado em julgamento anterior do MESMO processo, independentemente da
causa determinante do julgamento posterior; Nada impede que em processos distintos o
mesmo jurado julgue a mesma pessoa.
II – no caso do concurso de pessoas, houver integrado o Conselho de Sentença que julgou o
outro acusado;
III – tiver manifestado prévia disposição para condenar ou absolver o acusado.
5.5.2. Consequência da atuação de jurados impedidos/suspeitos/incompatíveis
no mesmo Conselho (art. 448)
Antes da Lei 11.689/08, a participação de jurados impedidos entre si no mesmo
conselho era causa de NULIDADE RELATIVA, hipótese em que deveria ser
comprovado o prejuízo (votação 4 x 3). Se a votação terminasse 7 x 0 não
haveria qualquer prejuízo.
Com a Lei 11.689/08, atingidos quatro votos no mesmo sentido, a votação será
interrompida. Como não é mais possível se saber o sentido do voto do jurado,
a atuação do jurado impedido será causa de NULIDADE ABSOLUTA.
O júri é composto por 25 jurados, além do juiz presidente. Para que a sessão
tenha início, é necessário que pelo menos 15 estejam presentes. Entram nesses
15 os jurados declarados impedidos/incompatíveis? Sim. Jurados excluídos por
impedimento/suspeição/incompatibilidade SÃO levados em consideração para o
cômputo mínimo de 15 jurados (art. 451 do CPP).
Art. 451. Os jurados excluídos por impedimento, suspeição ou incompatibilidade SERÃO
considerados para a constituição do número legal exigível para a realização da sessão.
5.6. “JURADO PROFISSIONAL”
Antes da Lei 11.689/08, era uma situação bastante comum os juízes reeditarem
as mesmas listas de jurados, criando a figura do “jurado profissional”.
Agora, com a nova lei, se o
CS – PROCESSO PENAL III 86
jurado integrou o Conselho se Sentença nos 12 meses anteriores, ficará
excluído da lista geral (da qual são sorteados os 25 que formam o júri), nos
termos do art. 426, §4º.
Art. 426 § 4o O jurado que tiver integrado o Conselho de Sentença nos 12 (doze) meses que
antecederem à publicação da lista geral fica dela excluído.
5.7. BENEFÍCIOS DO EFETIVO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO DE JURADO (ARTS. 439 A 441)
A primeira questão que se propõe é: O que é exercício efetivo? Parte da
doutrina diz que é o fato de integrar o Conselho se Sentença; outra parte diz
que é o fato de constar da lista dos 25 sorteados e comparecer à sessão de
julgamento.
São vantagens do jurado:
a) Presunção de idoneidade moral;
b) Proibição de desconto dos vencimentos dos dias de atuação no julgamento;
c) Direito de preferência em concursos e licitações, quando em igualdade de
condições com outro candidato.
OBS: Quanto a concurso público e licitações, prevalece que o fato de o
candidato ser jurado deve ser usado como último critério de desempate.
6. PROCEDIMENTO DO JÚRI
É chamado de procedimento bifásico/escalonado.
OBS: Nucci diz que o procedimento é trifásico.
1) 1ª Fase) Judicium Accusationis (Sumário da culpa).
1.1) Atuação exclusiva do Juiz sumariante;
1.2) Tem início com o oferecimento da denúncia/queixa.
OBS: A queixa crime ocorre no júri quando:
- Ação penal privada subsidiária da pública ou;
- Litisconsórcio ativo entre MP no crime de ação penal pública e querelante
no crime de ação penal privada.
1.3) Termina com a pronúncia, impronúncia, desclassificação ou absolvição
sumária.
Essa primeira fase funciona como um “filtro”, para averiguar se o acusado
realmente deve se submeter ao julgamento popular.
2) 2ª Fase) Judicium Causae (Juízo da causa).
CS – PROCESSO PENAL III 87
2.1) Juiz-presidente + jurados.
2.2) Início: Antes da lei 11.689 era com o oferecimento do libelo acusatório.
Após a lei 11.689, o libelo foi suprimido, portanto o início ocorre com a
preparação do processo para julgamento em plenário.
Art. 422. Ao receber os autos, o presidente do Tribunal do Júri determinará a intimação do
órgão do Ministério Público ou do querelante, no caso de queixa, e do defensor, para, no prazo
de 5 (cinco) dias, apresentarem rol de testemunhas que irão depor em plenário, até o máximo
de 5 (cinco), oportunidade em que poderão juntar documentos e requerer diligência.
2.3) Termina com o julgamento no plenário do júri.
7. JUDICIUM ACUSACIONIS - SUMÁRIO DA CULPA
7.1. PROCEDIMENTO
7.1.1. Oferecimento da denúncia/queixa
Os requisitos desta denúncia estão previstos no art. 41 do CPP. Por se tratar
de procedimento do júri, o promotor não deve pedir a condenação do acusado,
mas apenas que este seja pronunciado.
No máximo 08 testemunhas podem ser arroladas por fato imputado.
a) Recebimento da peça acusatória
b) Citação
Qualquer forma é admitida, mas a regra é a citação pessoal (ver exceções
acima).
c) Resposta à acusação em até 10 dias (art. 406)
No procedimento comum seria possível nesse estágio a absolvição sumária. No
JÚRI, a absolvição sumária é possível somente no término da primeira fase.
Art. 406. O juiz, ao receber a denúncia ou a queixa, ordenará a citação do acusado para
responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.
Art. 394, § 3o Nos processos de competência do Tribunal do Júri, o procedimento observará as
disposições estabelecidas nos arts. 406 a 497 deste Código.
d) Réplica do MP em até 05 dias (art. 409)
Art. 409. Apresentada a defesa, o juiz ouvirá o Ministério Público ou o querelante sobre
preliminares e documentos, em 5 (cinco) dias.
CS – PROCESSO PENAL III 88
e) Providências judiciais e Designação de audiência (art. 410)
Art. 410. O juiz determinará a inquirição das testemunhas e a realização das diligências
requeridas pelas partes, no prazo máximo de 10 (dez) dias.
Pergunta-se: Para que serve esse prazo de 10 dias?
1ª C: A audiência de instrução deverá ocorrer no prazo máximo de 10 dias (LFG
e Badaró).
2ª C: Esse prazo de 10 dias é o prazo que o juiz tem para analisar os
requerimentos realizados pelas partes e designar a audiência (Nucci e Gustavo
Junqueira).
Corroborando com a segunda corrente está o disposto no art. 412, que prevê
prazo máximo de 90 dias para a conclusão da 1ª fase do procedimento.
Art. 412. O procedimento será concluído no prazo máximo de 90 (noventa) dias.
OBS: Esse prazo deve ser encarado com alguma relatividade, podendo ser
dilatado conforme a complexidade da causa ou pluralidade de acusados.
f) Audiência de instrução
g) Decisão (pronúncia, impronúncia, absolvição sumária ou desclassificação)
7.2. AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO
Art. 411. Na audiência de instrução, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, se
possível, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem,
bem como os esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e
coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado e procedendo-se o debate.
Aqui não há previsão legal de requerimento de diligências, também não há
previsão legal de substituição de alegações orais por memorais.
§ 1o Os esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio requerimento e de deferimento pelo
juiz.
§ 2o As provas serão produzidas em uma só audiência, podendo o juiz indeferir as
consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias.
§ 3o Encerrada a instrução probatória, observar-se-á, se for o caso, o disposto no art. 384 deste
Código (mutatio libelli).
§ 4o As alegações serão orais, concedendo-se a palavra, respectivamente, à acusação e à
defesa, pelo prazo de 20 (vinte) minutos, prorrogáveis por mais 10 (dez).
§ 5o Havendo mais de 1 (um) acusado, o tempo previsto para a acusação e a defesa de cada
um deles será individual. (lembrar que no procedimento
CS – PROCESSO PENAL III 89
comum a acusação não tem tempo a mais para acusar diante da pluralidade de acusados)
§ 6o Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação deste, serão concedidos 10 (dez)
minutos, prorrogando-se por igual período o tempo de manifestação da defesa.
§ 7o Nenhum ato será adiado, salvo quando imprescindível à prova faltante, determinando o juiz
a condução coercitiva de quem deva comparecer.
§ 8o A testemunha que comparecer será inquirida, independentemente da suspensão da
audiência, observada em qualquer caso a ordem estabelecida no caput deste artigo.
§ 9o Encerrados os debates, o juiz proferirá a sua decisão, ou o fará em 10 (dez) dias,
ordenando que os autos para isso lhe sejam conclusos.
Art. 412. O procedimento será concluído no prazo máximo de 90 (noventa) dias.
7.3. JUNTADA DE DOCUMENTOS
Pode juntar documentos a qualquer fase do processo penal? Em regra,
documentos podem ser juntados a qualquer momento.
Art. 231. Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão apresentar documentos em
qualquer fase do processo. (Princípio da verdade real).
Quais as restrições ao momento da juntada de documentos?
ANTES DA LEI 11.689/08
DEPOIS DA LEI 11.689/08 (plenário do júri) - Na fase de alegações escritas não era
possível a juntada de qualquer documento. - O Art. 475 determina a prévia ciência da outra
parte para a apresentação de documentos em plenário do júri. Art. 479. Durante o julgamento
não será permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado
aos autos com a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte.
OBS1: Livros de doutrina estão inseridos nessa restrição? Não estão inseridos. OBS2: Exibição
de linha direta pode? Pode, desde que o prazo de três dias seja respeitado.
7.4. NÃO HÁ PREVISÃO EXPRESSA DE REQUERIMENTO DE DILIGÊNCIAS
7.5. APLICA-SE O PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ (ART. 399, PARÁGRAFO
2º).
CPP Art. 399 § 2o O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença.
7.6. ALEGAÇÕES ORAIS
- Não há previsão expressa de substituição das alegações orais por memoriais.
A doutrina admite.
CS – PROCESSO PENAL III 90
- Para a jurisprudência (STJ), a não apresentação de alegações orais ou a sua
apresentação de forma sucinta não irá caracterizar violação ao princípio da
ampla defesa, desde que essa seja uma estratégia da defesa em benefício do
acusado, que antevendo provável pronúncia, prefira não antecipar as teses que
seriam sustentadas em plenário.
Lembrando que no procedimento comum essas alegações sucintas ou sua não
apresentação caracteriza nulidade absoluta, por violação ao princípio da
ampla defesa.
7.7. PRAZO PARA CONCLUSÃO DO PROCEDIMENTO: 90 DIAS.
CPP Art. 412. O procedimento será concluído no prazo máximo de 90 (noventa) dias.
Essa primeira fase deverá estar encerrada no prazo de 90 dias, sendo esse
prazo relativo. Porém, se houver a inobservância desse prazo em caso de réu
preso, para a jurisprudência o excesso de prazo estará caracterizado nas
seguintes hipóteses:
a) quando o excesso for causado por diligência requerida exclusivamente pela
acusação;
b) quando o excesso for causado pela inércia do judiciário e;
c) quando o excesso violar o princípio da razoabilidade.
Ou seja, pode ser avaliado no caso de prisão preventiva.
E o prazo para o término da 2ª fase? A doutrina entende que o prazo deve
computar o prazo de investigação, instrução da 1ª fase do procedimento e o
tempo previsto para julgamento em plenário:
-IP: 10 dias se réu preso (15 JF)
-1ª Fase: 90 dias conforme o 412.
-Julgamento em plenário: 06 meses, aplicação analógica do desaforamento,
conforme o 428.
Art. 428. O desaforamento também poderá ser determinado, em razão do comprovado excesso
de serviço, ouvidos o juiz presidente e a parte contrária, se o julgamento não puder ser
realizado no prazo de 6 (seis) meses, contado do trânsito em julgado da decisão de pronúncia.
Com base nessas premissas, a doutrina conclui que o prazo total deve ser de 9
meses e 10 dias (o que na prática é impossível).
Vamos às decisões:
7.8. IMPRONÚNCIA (art. 414)
7.8.1. Previsão legal
CS – PROCESSO PENAL III 91
Art. 414. Não se convencendo da materialidade do fato ou da existência de indícios suficientes
de autoria ou de participação, o juiz, fundamentadamente, impronunciará o acusado.
Parágrafo único. Enquanto não ocorrer a extinção da punibilidade, poderá ser formulada nova
denúncia ou queixa se houver prova nova.
Deve o juiz sumariante impronunciar o acusado quando não estiver convencido
da existência do crime ou de indícios suficientes de autoria.
2.1.1. Natureza da impronúncia
Trata-se de decisão interlocutória mista terminativa (Nucci).
- Interlocutória: Ocorre em meio à marcha processual.
- Mista: Coloca fim a uma fase procedimental.
- Terminativa: Caso não haja recurso do MP, ou este seja improvido, põe fim
ao processo.
OBS: LFG diz que é SENTENÇA terminativa, uma vez que põe fim ao processo,
porém sem resolver o mérito.
7.8.2. Coisa julgada
Só faz coisa julgada formal (“rebus sic stantibus”). Assemelha-se muito ao
arquivamento do inquérito por falta de provas. Surgindo provas novas, nada
impede o oferecimento de nova peça acusatória.
OBS: Prova nova é aquela capaz de produzir uma alteração no contexto
probatório dentro do qual se deu a decisão de impronúncia. A prova nova pode
ser substancialmente nova (oculta ou inexistente a época da impronúncia) ou
formalmente nova (é aquela que foi produzida no processo, mas ganhou
posteriormente nova versão, exemplo: testemunha que dá o primeiro depoimento
sob coação, cessadas, dá outro depoimento mudando a versão).
OBS: Nucci defende que somente a prova substancialmente nova permite a
repropositura da ação.
7.8.3. Coisa julgada X Impronúncia
ANTES DA LEI 11.689/08
DEPOIS DA LEI 11.689/08 Impronúncia: 1- Insuficiência de provas. 2- Fato narrado
não constituísse crime 3- Provada inexistência do fato delituoso 4- Provado não ser o
acusado autor ou partícipe do fato Se o juiz reconhecesse uma das três últimas, a
impronúncia faria coisa julgada formal e material. Era a chamada impronúncia
absolutória. Impronúncia: - Somente ocorre diante da insuficiência de provas (indícios
insuficientes de autoria ou participação e não convencimento da materialidade do
delito). Essa decisão só faz coisa julgada formal.
CS – PROCESSO PENAL III 92
OBS: Essas hipóteses, HOJE, já não são causas de impronúncia, e sim de ABSOLVIÇÃO
SUMÁRIA.
7.8.4. Crime conexo
Na impronúncia o juiz não deve se preocupar com o crime conexo, e sim com o
doloso contra vida. Impronunciado o acusado (e transitada em julgado essa
decisão), o crime conexo não doloso contra a vida deve ser remetido ao juízo
competente, aplicando-se por analogia o art. 419 do CPP, que dispõe sobre a
desclassificação:
Art. 419. Quando o juiz se convencer, em discordância com a acusação, da existência de
crime diverso dos referidos no § 1º do art. 74 deste Código e não for competente para o
julgamento, remeterá os autos ao juiz que o seja.
7.8.5. Despronúncia
Despronúncia não se confunde com impronúncia. Ocorre quando a decisão
proferida pelo juiz de pronúncia é transformada em impronúncia, em virtude
da interposição de um RESE. O responsável pela despronúncia pode ser tanto o
Tribunal (reformando a decisão do juízo a quo) ou do próprio juiz sumariante,
uma vez que o RESE admite retratação.
7.8.6. Recurso da impronúncia
Art. 416. Contra a sentença de impronúncia ou de absolvição sumária caberá apelação.
- Antes da Lei 11.689, o recurso era o RESE (que admite retratação).
- Após a Lei 11.689, o recurso é o de apelação (que não admite retratação).
Em relação às impronúncias publicadas a partir do dia 09/08/2008 o recurso
cabível é a apelação.
A alteração da lei foi correta, porquanto a impronúncia é uma sentença
terminativa (que não julga o mérito), logo atacável por apelação.
Legitimidade para interpor apelação contra impronúncia:
a) MP tem interesse recursal.
b) Assistente da acusação também tem legitimidade para recorrer. (Esse
recurso é subsidiário em relação ao do MP, ou seja, só deve ser admitido se o
MP não recorrer, veremos isto depois em recursos).
c) E o acusado tem interesse em recorrer? Caso o acusado demonstre que tem
interesse recursal, pode apelar contra a impronúncia. Esse interesse estará
presente quando pretender a alteração da decisão de impronúncia para uma
absolvição sumária, hipótese em que haverá formação de coisa julgada formal e
material.
CS – PROCESSO PENAL III 93
OBS: Não há recurso de ofício (reexame necessário) na impronúncia (assim como
também não há na absolvição sumária).
7.9. DESCLASSIFICAÇÃO DO DELITO (ART. 419)
7.9.1. Previsão legal
Art. 419. Quando o juiz se convencer, em discordância com a acusação, da existência de
crime diverso dos referidos no § 1º do art. 74 deste Código e não for competente para o
julgamento, remeterá os autos ao juiz que o seja.
7.9.2. Conceito
Ocorre quando o juiz sumariante entender que não se trata de crime doloso
contra a vida, devendo remeter os autos ao juízo competente para que lá seja
proferida decisão.
ATENÇÃO: Se o juiz entende que ainda está diante de um crime doloso contra a
vida, não será caso de desclassificação, mas sim de pronúncia (exemplo:
homicídio para infanticídio).
Ou seja, neste caso não fala em desclassificação (como no procedimento comum,
por exemplo, roubofurto) e sim, pronúncia.
É possível a desclassificação para crime mais grave? Sim. Exemplo: homicídio
para latrocínio.
IMPORTANTE: Desclassificação não se confunde com desqualificação.
EX: Acusado denunciado por homicídio qualificado. Na hora de o juiz
pronunciar, entende que na verdade o que teria ocorrido seria um homicídio
simples. Juiz pode excluir uma qualificadora? Sim, trata-se da
DESQUALIFICAÇÃO.
Entretanto, é medida de natureza excepcional, a fim de que os jurados não
sejam privados de sua competência. Porém, quando restar caracterizado um
excesso da acusação, o juiz sumariante, poderá afastar a qualificadora.
7.9.3. Natureza jurídica
Decisão interlocutória mista não terminativa.
Interlocutória – ocorre em meio à marcha processual.
Mista – encerra fase procedimental
Não terminativa – não põe fim ao processo.
7.9.4. Remessa dos autos ao juízo competente
Quando os autos são recebidos nesse juízo competente a defesa deve ser
ouvida? Antes da Lei 11.689, a oitiva da defesa era obrigatória por expressa
previsão legal. Depois da lei 11.689,
CS – PROCESSO PENAL III 94
essa oitiva da defesa não é prevista expressamente, o que ocasionou o
surgimento de duas correntes:
1ª C: De modo a garantir a ampla defesa a oitiva é obrigatória (Nucci e
Badaró).
2ª C: Depende do caso concreto, ou seja, se a desclassificação ocorrer em
caso de emendatio libelli não é necessário a abertura de prazo para manifestação
da defesa; em caso de mutatio libelli, a oitiva será obrigatória (bem como nova
produção de provas, novo interrogatório etc.), até porque deverá haver o
aditamento peça acusatória (LFG).
7.9.5. Nova capitulação
Ao desclassificar, o juiz já deve dizer a nova capitulação do crime?
NÃO. Ao realizar a desclassificação, de forma a evitar pré-julgamento e para
que não haja usurpação de competência alheia, não cabe ao juiz sumariante
fixar a nova classificação legal, bastando apontar a inexistência de crime
doloso contra a vida.
7.9.6. Crime conexo
O crime conexo não doloso contra a vida será também remetido para o juízo
competente, visto que ele só estava na vara do júri por conta do suposto
crime doloso conta a vida.
Agora, se eram dois homicídios em conexão, a desclassificação de um deles
para lesão corporal não afasta a competência do júri, que deverá julgar não
só o homicídio como também as lesões corporais.
A desclassificação implica na colocação do réu em liberdade?
NÃO. A desclassificação não possibilita de imediato a colocação do acusado
preso em liberdade (art. 419, parágrafo único). Basta imaginar o exemplo de
desclassificação de homicídio para latrocínio. Deveria o réu ser posto em
liberdade por conta dessa desclassificação? Lógico que não.
Art. 419 Parágrafo único. Remetidos os autos do processo a outro juiz, à disposição deste
ficará o acusado preso.
Doutrina: O ideal é que tão logo os autos sejam recebidos pelo juízo
competente, manifeste-se este quanto à manutenção ou não da prisão do
acusado.
7.9.7. Recurso cabível contra a desclassificação
Não houve alteração pela Lei, sendo ainda cabível o RESE, uma vez que a
decisão de desclassificação equivale a uma decisão de reconhecimento de
incompetência de juízo (art. 581, II, CPP).
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença:
II - que concluir pela incompetência do juízo;
CS – PROCESSO PENAL III 95
- Interesse recursal do MP.
- Interesse recursal do acusado, se a desclassificação o for maléfica.
Há interesse recursal do assistente da acusação?
1ª C: Como o interesse patrimonial do assistente não é prejudicado em virtude
da desclassificação este não terá interesse recursal. Então, não pode
recorrer. Prova objetiva.

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