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CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL
por
elaborado por
Willian Tibulo Neves
Comissão Examinadora
Aos meus pais, Eldeni e Waldir, pela educação que me deram, pelo suporte e carinho
que me guiou até o fim da graduação.
Ao meu orientador, professor Almir Barros da Silva Santos Neto, símbolo do magistério
exercido com dedicação e retidão profissional. Pelas conversas que fizeram possível a
existência do presente trabalho e as opiniões sinceras que o levaram ao formato final.
À Pricila Kolling, pelo carinho e amizade, pela motivação e os bons momentos que me
proporcionou durante o último ano e durante a realização deste trabalho.
Ao Eng. Vinicius Estivallet, pela simples e honesta amizade que nos toca, e pela ajuda
e troca de materiais durante a composição desse trabalho.
Aos demais membros do corpo docente da Universidade Federal de Santa Maria, aos
colegas e amigos, agradeço pelos conhecimentos transmitidos nesses anos de graduação e
amizade que me proporcionaram.
“And death grows like a tree,
that’s planted in my chest
its roots are in my feet,
I walk so it won’t rest”
(Asaf Avidan)
RESUMO
LISTA DE TABELAS
1. INTRODUÇÃO
Por concreto armado, entende-se o concreto com barras de aço nele imersas – o concreto
é considerado “armado” com uma armadura de aço (dizia-se armiert devido ao francês béton
armé) (MÖRSCH, 1929). O concreto armado é, pois, um material de construção composto no
qual a ligação entre o concreto e a armadura de aço é devida à aderência do cimento e a efeitos
de natureza mecânica (LEONHARDT & MÖNNING, 1972).
Desde a criação do cimento Portlad pelo francês J. Aspdin em 1824 e então a adoção de
armaduras pela primeira vez, em 1855 pelo francês J. L. Lambot o qual construiu um barco com
argamassa reforçada com ferro, o francês J. Monier em 1861 construiu um vaso de flores de
concreto com armadura de arame e em 1867 F. Coignet apresenta na Exposição Internacional
de Paris, vigas e tubos de concreto armado. Em 1873 o americano W.E. Ward construiu uma
casa de concreto armado nominada Ward’s Castle, que existe até os dias de hoje, seguido por
outros percursores como: T. Hyatt, F. Hennebique, M. Koenen, Mörsch e C.W. F. Döhring.
maior dessa técnica em edificações de concreto armado. A estrutura será responsável por resistir
aos esforços solicitantes transmitindo estes até o solo, através das fundações.
A estrutura de concreto armado moldada no local possui como grande diferença das
demais estruturas, como a de concreto pré-moldado ou estruturas de aço, de possuir caráter
monolítico, ou seja, atuar como um único elemento conferindo grande rigidez as ligações entre
os elementos, enquanto as outras não apresentam monolitismo entre seus elementos, fazendo-
se assim que durante seu dimensionamento seus elementos sejam considerados isolados, onde
a redistribuição de esforços é nula ou parcial.
1.1 JUSTIFICATIVA
Atualmente a realidade de projeto é diferente, com edifícios mais esbeltos e que exigem
análises mais sofisticadas em relação ao comportamento global da estrutura.
Por esta razão, a análise global da estrutura e o estudo das causas e consequências são
itens que devem fazer parte do projeto, e que não devem ser ignorados.
14
Na análise linear com redistribuição os esforços determinados em uma análise linear são
redistribuídos na estrutura, para as combinações de carregamento do ELU, assim se
aproximando do comportamento real do concreto. Com os trabalhos de Ferreira (1999) e Alva
(2004), é possível observar a existência de rotações relativas nas ligações viga-pilar monolíticas
em concreto armado, causados pelo deslizamento das armaduras longitudinais das vigas no
interior dos nós de pórticos e pela fissuração do concreto.
1.2 OBJETIVOS
Este trabalho tem como objetivo analisar a influência das rigidez em ligações
semirrígidas de viga-pilar sobre o comportamento estrutural de uma edificação de múltiplos
pavimentos em concreto armado moldado no local, utilizando métodos analíticos e simulações
numéricas.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Segundo a ABNT NBR 6118:2014 a análise estrutural deve ser feita a partir de um
modelo estrutural adequado ao objetivo da análise, podendo ser necessário mais de um modelo
a fim de realizar as verificações.
Logo, pode-se considerar esta etapa de projeto como a mais importante na concepção
da estrutura de uma edificação, devendo assim prever o comportamento da estrutura frente as
ações solicitantes, considerando as distribuições de esforços internos, tensões, deslocamentos e
deformações, realizando então as verificações dos estados limites últimos e de serviço.
A ABNT NBR 6118:2014 no item 14.5, permite cinco tipos de análise estrutural, sendo
elas: análise linear, análise linear com redistribuição, análise plástica, análise não-linear e
análise através de modelos físicos. Dentre estas, a análise linear com redistribuição e análise
plástica permitem a redistribuição dos esforços de acordo com a ductilidade das seções críticas.
Com os resultados obtidos por meio dessa análise será executado então o
dimensionamento e detalhamento dos elementos da estrutura, o que faz dessa etapa primordial
em relação a qualidade da estrutura.
Os pórticos espaciais são compostos por elementos lineares, que são caracterizados por
ter uma dimensão bem maior comparada as demais (igual ou maior que o triplo da maior
17
dimensão da seção transversal), composto por barras que representam todos os pilares e vigas
da edificação com ligações rígidas, semirrígidas ou flexíveis. Este método possibilita uma
avaliação completa e eficiente para a análise estrutural, uma vez que é possível determinar os
momentos fletores e de torção, além de esforços cortantes e nominais de toda a estrutura (figura
5).
As lajes geralmente não estão presentes neste modelo visto que possuem elevada rigidez
no plano horizontal, capaz de compatibilizar de forma equivalente em todos os pontos do
mesmo pavimento, tal caráter é designado como diafragma rígido. Porém podem ser
introduzidas na modelagem do pórtico espacial por meio de um artifício chamado de nó mestre,
um nó pertencente ao plano do pavimento associado aos demais nós e seus graus de liberdade.
2.2.2 Grelhas
Figura 7 Grelha
Fazendo-se uso desse artifício, as lajes podem ser calculadas como uma malha de barras,
com rigidez à flexão e rigidez à torção referente às das faixas de lajes por elas representadas.
Segundo Kimura (2007), a interação entre todas as lajes e vigas do pavimento é considerada de
forma bastante precisa. A transferência de cargas das lajes para as vigas não é mais feita por
19
área de influência e sim por distribuição dos esforços entre lajes e vigas por meio da rigidez de
cada barra. Assim, o esforço migrará automaticamente para as regiões de maior rigidez.
2.3 LIGAÇÔES
Nota-se que não é citado as ligações semirrígidas, estas sendo tema de estudos mais
recentes, principalmente na área de estruturas pré-moldadas de concreto.
conceito já vem sendo utilizado na análise estrutura de pórticos com nós semi-rígidos, aplicada
ao caso de estruturas metálicas. (FERREIRA, 2007).
Ainda segundo Mokk (1969 Apud BALLARIN, 1993) as ligações também são
classificadas segundo a exigência de concretagem “in loco”, ligação úmida, ou quanto à
presença de material de preenchimento, ligação seca. As ligações úmidas são obtidas através
da adição de material de preenchimento na interface dos elementos, conferindo caráter
monolítico a estrutura, sendo mais adequada para suportar grandes carregamentos. As ligações
secas são executadas simplesmente pela sobreposição de uma peça a outra, sem se fazer
necessário a adição de material de preenchimento na interface de contato.
21
As ligações viga-pilar, ou também conhecidas como nós de pórtico, são regiões geradas
pela interseção da viga com o pilar, onde ocorrem concentrações de tensões tanto normais como
tangenciais. Segundo Alva (2004), o nó de pórtico é uma porção do pilar de altura igual à da
seção da viga, conforme Figura 9.
De acordo com Paulay e Priestley (1992, apud ALVA 2004) as ligações entre vigas e
pilares podem ser classificados de acordo com as diferenças dos mecanismos de ancoragem da
22
armadura da viga, classificando-se em dois grupos: externos e internos, ilustrados nas Figuras
10 e 11, respectivamente.
De maneira similar podem ser obtidas as forças cortantes nos nós internos, porém a
forma como as forças cortantes atuam nesses tipos de nós depende do tipo de ação atuante,
ações verticais correspondentes as ações gravitacionais, ou ações laterais, como as ações do
vento.
magnitude pode superar em várias vezes as atuantes nas vigas e pilares adjacentes, conforme
figura 15.
Figura 15 Pórtico submetido a ações laterais: a) Momentos fletores nos elementos estruturais: b) Variação dos
esforços solicitantes em um nó.
Para o caso de nós internos, percebe-se que as solicitações produzidas pelas ações
horizontais são diferentes das ações verticais, conforme a Figura 16.
27
𝑉𝑗ℎ = 𝑇𝑣1 + 𝐶2 − 𝑉𝑝
estrutural das ligações viga-pilar de concreto, para nós externos e internos sem a presença de
lajes:
Segundo Ferreira, Alva e El Debs (2009), a complexidade acerca do estudo das ligações
viga-pilar pode ser atribuída ao grande número de variáveis que influenciam seu
comportamento estrutural, as quais estão essencialmente relacionadas ao detalhamento das
armaduras, à geometria dos elementos estruturais conectados, à intensidade das solicitações
atuantes e à própria resistência dos materiais aço e concreto. Somado a isso, deve-se ressaltar o
fato de as ligações não poderem ser encaradas como apenas um nó da estrutura, mas como
sendo pertencente à região de descontinuidade (Zona D), região onde não permanece válida a
hipótese de Bernoulli (distribuição linear das deformações). Em virtude da descontinuidade
geométrica, o trecho da extremidade da viga junto ao pilar e o nó de pórtico são considerados
regiões da zona D, cujo comportamento influencia a relação momento-rotação relativa das
ligações (Figura 17).
29
O fator de restrição à rotação pode ser compreendido como a relação entre a rotação da
extremidade do elemento (𝜃1 ) e a rotação combinada do elemento mais da ligação (𝜃2 ), o que
permite avaliar a deformabilidade da ligação. A partir desta relação, pode-se deduzir a
expressão apresentada pela ABNT NBT 9062:2006 (SANTOS, 2016).
𝑀𝐿
𝜃1 3𝐸𝐼 1
𝛼𝑅 = = =
𝜃2 𝑀𝐿 𝑀 3𝐸𝐼
3𝐸𝐼 + 𝑅 1 + 𝑅𝐿
Sendo:
R a rigidez da ligação
Segundo a ABNT NBR 9062:2006, tem-se a seguinte equação para determinar o valor
de 𝛼𝑅 , tal expressão associa a rigidez à flexão da ligação viga-pilar (𝑅𝑠𝑒𝑐 ) com a rigidez da viga
(𝐸𝑐 𝐼𝑣 /𝐿𝑣 ).
1
𝛼𝑅 =
3(𝐸𝐼)
1 + 𝑅 𝐿𝑠𝑒𝑐
𝑠𝑒𝑐 𝑒𝑓
Sendo:
𝐿𝑒𝑓 o vão efetivo entre os apoios, ou seja, a distância entre os centros de giro nos apoios.
Ferreira (2003 Apud FERREIRA, ALVA e EL DEBS 2009) propôs um modelo analítico
para a determinação da curva-momento rotação para ligações semirrígidas em geral. Segundo
o modelo, a rotação relativa entre a seção da viga e do pilar é resultante de dois mecanismos de
deformações: um mecanismo resultante do alongamento das barras tracionadas da viga no
trecho de embutimento no pilar e um mecanismo decorrente da concentração de deformações
por flexão no trecho da zona de descontinuidade (zona D), conforme a Figura 19.
0.5
𝑀 𝜎𝑆 𝑀
𝜃 = [( ) . 𝐿𝑃 + ( ) . 𝐿𝑒 ] . ( )
𝐸𝑐𝑠 𝐼𝑒𝑞 𝐸𝑠 𝑑 𝑀𝑦
Onde:
𝑀𝑟 3 𝑀𝑟 3
𝐼𝑒𝑞 = ( ) . 𝐼𝐼 + [1 − ( ) ] . 𝐼𝐼𝐼
𝑀 𝑀
prescritas, externamente aplicadas ao contorno, podem ter sua ação alterada em função do
processo de deformação da estrutura (PROENÇA, 2010 Apud ZUMAETA, 2016)
A não-linearidade física considera o comportamento do concreto armado, como os
efeitos de fissuração, fluência, do escoamento da armadura, o que confere ao concreto armado
um comportamento não-linear. Tal comportamento pode ser verificado pelo diagrama de
tensão-deformação do concreto (figura 21)
Para as tensões 𝜎1, 𝜎2 e 𝜎3, a resposta do concreto não é a mesma, pois para essas
tensões encontra-se 𝐸𝑐1, 𝐸𝑐2 e 𝐸𝑐3 respectivamente, demonstrando-se assim que o módulo de
elasticidade não é constante.
A ABNT NBR 6118:2014 apresenta a relação momento-curvatura, onde o principal
efeito da não linearidade pode, em geral, ser considerado através da construção da relação
momento-curvatura para cada seção, com armadura suposta conhecida, e para o valor da força
normal atuante, ver Figura 22.
35
Sendo:
𝑀𝑅𝑑 : momento fletor resistente de cálculo;
𝑁𝑅𝑑 : esforço normal resiste de cálculo;
𝛾𝑓3: coeficiente de ponderação que considera os desvios gerados nas construções e as
aproximações feitas em projeto do ponto de vista das solicitações;
fcd: resistência à compressão de cálculo do concreto.
A ABNT NBT 6118:2014 no item 15.5.1 apresenta dois processos aproximados para
verificar a estabilidade global das estruturas, os efeitos de segunda ordem podem ser
desprezados sempre que não apresentarem um acréscimo superior a 10% nas reações e nas
solicitações relevantes da estrutura, ou seja, para indicar se a estrutura pode ser classificada
como de nós fixos, quando os efeitos de segunda ordem são desprezíveis, ou nós móveis,
quando os efeitos de segunda ordem são importantes e devem ser considerados.
Onde
2.4.4 Coeficiente 𝛾𝑧
1
𝛾𝑧 =
∆𝑀
1 − 𝑀 𝑡𝑜𝑡,𝑑
1,𝑡𝑜𝑡,𝑑
Sendo:
𝑀1,𝑡𝑜𝑡,𝑑 = ∑(𝐹𝐻𝑑𝑖 . 𝐻𝑖 )
∆𝑀𝑡𝑜𝑡,𝑑 = ∑(𝐹𝑉𝑑𝑖 . 𝑎𝑖 )
Segundo a ABNT NBR 6118:2014, item 15.7.2, para determinação dos esforços globais
de 2º ordem de maneira aproximada, é possível estimar os esforços finais (1º + 2º ordem) por
uma simples multiplicação dos esforços horizontais de 1º ordem, da combinação de
carregamento considerada, por 0,95 . 𝛾𝑧 . Essa aproximação somente é válida para 𝛾𝑧 ≤ 1,3.
Porém, como verificado nas pesquisas de Lima (2001) e Moncayo (2011, Apud
SANTOS 2016), a majoração por 0,95 . 𝛾𝑧 não conduz bons resultados, principalmente para
pavimentos inferiores, pois a verificação dos efeitos de segunda ordem é bastante significativa
ao longo da altura da edificação.
Se, no topo do edifício, alguns pilares sobem para apoiar lajes de tamanho
reduzido ou caixas de água;
Se há mudança brusca de inércia entre pavimentos, em especial entre o térreo e
o primeiro andar;
Se os pés direitos forem muito diferentes entre os pavimentos;
Se existe transição por rotação de 90º de pilares na passagem do pavimento tipo
para o térreo ou para a garagem;
Se são usados fatores de redução de inércias em pilares e vigas
Em estruturas que já possuem deslocabilidade com cargas verticais;
Se existem torções do pórtico espacial;
Se há recalques não uniformes nas fundações.
𝑉𝐿3
∆=
3𝐸𝐼
Como 𝑀 = 𝑉. 𝐿
𝑀𝐿2
∆=
3𝐸𝐼
43
𝑀 = 𝑉. 𝐿 + 𝑃. ∆
E o deslocamento lateral:
Pode-se fazer uma análise aproximada do processo P-∆ sem iterações pela equação:
𝑉𝐿3
∆=
3𝐸𝐼 − 𝑃𝐿2
Existem dois tipos de efeito P-𝐷𝑒𝑙𝑡𝑎: o efeito P-∆, efeito global dos deslocamentos
laterais na estrutura e o efeito P-𝛿, efeito local dos elementos, associado com deformações
locais relativas à corda entre os extremos do elemento. (MUÑOZ, 2016).
Na análise do efeito P-∆ pelo método iterativo, primeiramente é realizada uma análise
de primeira ordem com as cargas horizontais, a seguir os deslocamentos horizontais calculados
são usados conjuntamente com as cargas verticais para calcular para cada nível da estrutura,
um incremento equivalente de cargas horizontais equivalentes às quais são adicionadas as
cargas horizontais iniciais, e assim, repete-se a análise.
de cargas. Estes são adicionados às cargas horizontais iniciais e o processo é repetido até que o
incremento nos deslocamentos horizontais seja desprezível.
A seguir, pela Figura 30, é demonstrado o cálculo para cada nível de uma edificação,
para os incrementos de carga horizontal com efeito equivalente às cargas P do nível com
excentricidade ∆ com relação à base.
𝐹𝑖 = 𝑉𝑖 + ∆𝑉𝑖+1 − ∆𝑉𝑖
A análise do efeito P-∆ pelo método direto baseia-se em um algoritmo apresentado por
E. L. Wilson, M. Eeri e A. Habibullah (1987, apud Muñoz 2016), onde a matriz de rigidez
passou por uma correção geométrica na formulação para incluir o efeito P-Delta. Este
procedimento pode ser utilizado tanto para análise estática quanto dinâmica, onde os períodos
e modos de vibração são alterados pelo efeito P-Delta.
𝑀𝑖 = 𝑃𝑖 ∆𝑖
46
Este momento pode ser convertido em forças laterais equivalentes às aplicas nos
pavimentos “i” e “i-1”, conforme a equação:
𝑃𝑖 ∆𝑖
∆𝑉𝑖 =
𝐻𝑖
∆𝑉𝑖 𝑃𝐼 1,0
[ ]= [ ] [∆ ]
∆𝑉𝑖−1 𝐻𝑖 −1,0 𝑖
As forças laterais podem ser calculadas para cada nível da edificação e então
adicionadas às forças horizontais atuantes para cada pavimento. Como resultado, obtém-se um
sistema de equações da forma:
Sendo:
47
K a matriz de rigidez lateral com relação aos deslocamentos horizontais dos pavimentos
[𝐾 ∗ ]{∆} = {𝐹}
Sendo:
[𝐾 ∗ ] = [𝐾] − [𝐿]
O sistema pode ser resolvido sem iterações, assim obtendo os deslocamentos laterais
mediante um procedimento linear, onde o equilíbrio da estrutura é atingido na configuração
deformada. Porém, o sistema não é simétrico devido a matriz [𝐿], o que é resolvido substituindo
as cargas laterais calculadas por um sistema de cargas equivalentes que é função dos
deslocamentos laterais relativos entre pavimentos, conforme a equação:
Com esta modificação, a matriz [𝐿] resulta simétrica e não precisa de procedimentos
especiais para a solução de sistemas não simétricos. A matriz que contém os termos 𝑃𝑖 /𝐻𝑖 é
chamada de rigidez geométrica, não considerando as deformações por flexão dos pilares, pois
a matriz de rigidez não é função das propriedades mecânicas dos elementos, só dependendo da
carga vertical e do comprimento do elemento, diferente da rigidez mecânica, a qual depende
das propriedades físicas dos elementos.
Assumindo que a deformação do elemento é uma função cúbica, obtém-se para a rigidez
geométrica a equação:
𝐹𝑖 36 3𝐿 −36 3𝐿 𝑣𝑖
𝑀𝑖 𝑃 3𝐿 4𝐿² −3𝐿 −𝐿² ] [ ∅𝑖 ]
𝐹𝑗 = 30𝐿 [−36 −3𝐿 36 −3𝐿 𝑣𝑗
[𝑀𝑗 ] 3𝐿 −𝐿² −3𝐿 4𝐿² ∅𝑗
Por esta equação pode-se formar a matriz de rigidez global da estrutura e resolver o
sistema de equação considerando de forma direta os efeitos de 2º ordem.
𝐻 = 𝑁. ∆/𝐿
Sendo:
N a carga vertical;
∆ o deslocamento horizontal
𝐿 a altura do pavimento.
Segundo a ABNT NBR 6118:2014 item 16.6.4.3 a norma impões limites para a
redistribuição de momentos, devendo obedecer os seguintes limites:
Ainda segundo a ABNT NBT 6118:2014 item 16.6.6.1, quando não for realizado o
cálculo exato da influência da solidariedade dos pilares com a viga (rigidez da ligação, que
permite a transmissão parcial de momentos) deve ser admitido, nos apoios extremos, momento
fletor igual ao momento de engastamento perfeito multiplicado pelos seguintes coeficientes:
Na viga:
𝑟𝑖𝑛𝑓 + 𝑟𝑠𝑢𝑝
𝑟𝑣𝑖𝑔 + 𝑟𝑖𝑛𝑓 + 𝑟𝑠𝑢𝑝
𝑟𝑠𝑢𝑝
𝑟𝑣𝑖𝑔 + 𝑟𝑖𝑛𝑓 + 𝑟𝑠𝑢𝑝
50
𝑟𝑖𝑛𝑓
𝑟𝑣𝑖𝑔 + 𝑟𝑖𝑛𝑓 + 𝑟𝑠𝑢𝑝
𝑆𝑒𝑛𝑑𝑜:
𝐼𝑖
𝑟𝑖 =
ℓ𝑖
𝑂𝑛𝑑𝑒
Nota-se que as normas técnicas reconhecem a influência da rigidez das ligações viga-
pilar na análise estrutural, porém não são fornecidas instruções específicas em relação a
consideração desta influência no projeto estrutural.
Araújo (2009 Apud SANTOS 2016) encontrou variações de momentos fletores nos
pilares, para as ligações flexíveis, os momentos fletores aumentam nos primeiros andares do
pórtico. Nos pavimentos superiores a diferença de momentos não foi significativa. (Figura 34)
Figura 34 Momentos fletores em um pilar do pórtico considerando-o com nós rígidos e nós flexíveis
3. METODOLOGIA
pavimentos, onde os parâmetros que sofrerão variações nas simulações numéricas serão a
rigidez das ligações viga-pilar e o número de pavimentos da edificação.
A seção transversal dos pilares será mantida constante, visando eliminar variáveis e
estudar a influência nos resultados somente da rigidez nos nós de pórticos.
A dimensão dos pilares e vigas foi feita realizando-se um pré dimensionamento para
cargas atuantes dos edifícios de 12 pavimentos. As seções escolhidas foram 20 x 60 cm para
pilares, fazendo-se uso de seções retangulares ao invés de seção quadradas a fim de representar
melhor edificações existentes, vigas de dimensões 20 x 50 cm e lajes pré-moldadas de 13cm de
espessura.
Fonte: o Autor
Fonte: o Autor
Fonte: o Autor
55
Fonte: o Autor
𝑉𝑘 = 𝑉0 . 𝑆1 . 𝑆2 . 𝑆3
Sendo:
𝑞 = 0,613𝑉𝑘 2
A força global do vento sobre uma edificação pode ser obtida pela equação:
𝐹𝑎 = 𝐶𝑎 𝑞𝐴𝑒
57
Onde:
Figura 37 Fator S2
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES.
deslocamentos horizontais em y
10 8,81
7,53
Deslocamentos (cm)
8
5,78
6
3,86
4 3,33
2,55
0
1 0,8 0,7
𝛼𝑅
Fonte: o Autor
0,8 0,65
0,6 0,51
0,34 0,38
0,4 0,27
0,14 0,16
0,2 0,11
0
1 0,8 0,7
𝛼𝑅
Fonte: o Autor
1,04
1,02
1
0,98
1 0,8 0,7
𝛼𝑅
Fonte: o Autor
É importante considerar que todas edificações foram analisadas com a mesma seção de
pilares, o que gerou uma rigidez exagerada para as edificações menores, sendo necessário
verificar para outras seções de pilares se a influência da rigidez das ligações realmente não é
significativa para edificações baixas.
63
12,45
9,31 6 pav
10 8
6,95 9 pav
5,35
5 12pav
0
1 0,8 0,7
𝛼𝑅
Fonte: o Autor
Nota-se um significativo aumento do efeito P-Delta pela redução do fator 𝛼𝑅, os valores
encontrados são referentes a diferença a variação de deslocamento no topo da edificação para a
combinação mais desfavorável de vento na direção Y somado os efeitos de 1º e 2º ordem. A
edificação de 6 pavimentos apresentou nós fixos para as 3 variações de 𝛼𝑅(P-∆ < 10%), porém
a edificação de 9 pavimentos apresentou nós móveis para 𝛼𝑅=0,80 e 𝛼𝑅=0,90, e a
edificação de 12 pavimentos apresentou nós móveis para as 3 variações. Valores acima de
25% podem indicar instabilidade na estrutura.
Nas figuras 46, 47 e 48, é ilustrado a influência nos momentos negativos e positivos
da viga contínua V1, referentes aos pavimentos 12, 9 e 6 das edificações (laje do último
pavimento e não a laje de cobertura).
64
Fonte: o Autor
Fonte: o Autor
Figura 388 Diagramas de momento fletor para viga V1 para a edificação de 12pavimentos
Fonte: o Autor
Observa-se uma redução de quase 35% no momento negativo para o pilar P4 e uma
melhor redistribuição dos momentos positivos no vão da viga.
resistir ao momento positivo da viga, além de uma redução do momento fletor ao qual o pilar
de apoio encontra-se submetido, diminuindo sua taxa de armadura e gerando economia do
material. Porém, para os modelos estudados, as variações de armadura não se fizeram
significativas, por via de estudo de outros modelos, essas variações só se tornaram significativas
para edificações mais altas.
7000
6000 5325
5000 3890 4095 6 pav
4000 9 pav
2446
3000 1877
2000 932 12pav
1000 2129
0
1 0,8 0,7
𝛼𝑅
Fonte: o Autor
5. Conclusão
Por fim, tendo em vista os resultados obtidos nesse trabalho, recomenda-se que a rigidez
das ligações viga-pilar seja analisada em projetos de estruturas de concreto armado moldado no
local.
69
REFERÊNCIAS
ANEXO A
PLANTA BAIXA, PLANTA DE FORMA, CORTE AA E CORTE BB
72
Fonte: o Autor
73
Fonte: o Autor
74
Fonte: o Autor