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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

Centro de Engenharias
Curso de Engenharia Civil

Trabalho de Graduação I

Dimensionamento de estruturas de contenção para


solos arenosos - Estudo de caso no município de
Pelotas/RS

Felipe Donizeti Costa Zucco

Pelotas, 2018
Felipe Donizeti Costa Zucco

Dimensionamento de estruturas de contenção para


solos arenosos - Estudo de caso no município de
Pelotas/RS

Primeira parte do Trabalho de Graduação


apresentado ao Curso de Engenharia Civil
da Universidade Federal de Pelotas, como
parte dos requisitos necessários à obtenção
do título de Engenheiro Civil.

Orientador: Klaus Machado Theisen

Pelotas, 2018
Dedico esse trabalho. . .
Agradecimentos

Agredeço. . .
Frase de efe
Resumo

Esse trabalho tem por objetivo. . .


Abstract

The book is on the table


Lista de ilustrações

Figura 1 – Bacia de solo transportado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18


Figura 2 – Representação de locais com ocorrência de solos coluviais . . . . . 18
Figura 3 – Esquema do local da barragem de Promissão, Rio Tietê, Estado de
São Paulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Figura 4 – Topossequência a leste da serra do sudeste . . . . . . . . . . . . . 19
Figura 5 – Fases constituíntes de um solo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Figura 6 – Fases do solo: (a) separada em volume, (b) em função do volume de
sólidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Lista de quadros

Quadro 1 – Aplicabilidade e utilidade de ensaios in situ . . . . . . . . . . . . . 30


Lista de tabelas

Tabela 1 – Designação das partículas de solo conforme a NBR 6502:1995. . . 22


Tabela 2 – Tabela dos estados de compacidade e de consistência. . . . . . . . 31
Tabela 3 – Correlações aproximadas de ângulo de atrito interno (φ0 ) e NSP T . 32
Sumário

1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

2 Estudos preliminares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

3 Solo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
3.1 Formação do solo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
3.1.1 Solos transportados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3.1.2 Solo da Unidade de Pelotas/RS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.1.2.1 Nível freático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3.2 Propriedades físicas das partículas sólidas do solo . . . . . . . . 21
3.2.1 Natureza das partículas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.2.2 Tamanho dos grãos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.2.3 Forma das partículas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3.2.4 Peso específico da partícula (γg ) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3.2.5 Densidade relativa da partícula (δ ) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3.3 Índices físicos do solo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3.3.1 Teor de umidade (w ) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
3.3.2 Grau de saturação (S%) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.3.3 Índice de vazios (e) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.3.4 Porosidade (n%) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.3.5 Peso específico natural (γnat ) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.3.6 Peso específico aparente seco (γs ) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.3.7 Peso específico aparente saturado (γsat ) . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.3.8 Peso específico aparente submerso (γsub ) . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.4 Classificação dos solos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.4.1 Granulometria e Limites de Atterberg . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.5 Métodos de investigação do solo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.5.1 Sondagem SPT (Standard Penetration Test) . . . . . . . . . . . . . . 30

4 Contenções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4.1 Tipos de contenções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4.2 Informações do solo necessárias para a definição do sistema de
contenção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4.2.1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4.2.2 Cargas estáticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4.2.2.1 Empuxo do Solo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4.2.2.2 Pressão hidrostática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4.2.2.3 Edficações lindeiras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4.2.3 Cargas dinâmicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4.2.3.1 Tráfego de veículos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4.2.3.2 Máquinários e equipamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4.3 Estabilidade de talude . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4.4 Estabilidade do fundo da escavação . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4.5 Estabilidade do sistema de contenção . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4.5.1 Estimativas de deslocamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4.6 Estabilidade hidráulica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

5 Rebaixamento do lençol freático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
12

1 Introdução

-
13

2 Estudos preliminares

Em qualquer obra civil, a necessidade de se obter as mais diversas informações


que possam influenciar no projeto e execução da mesma devem ser profundamente
estudas e avaliadas. Tal fato ocorre pois existe uma grande quantidade de variáveis
passíveis de interferir no resultado das decisões tomadas pelo técnico responsável, e a
sua negligência ou desconhecimento pode vir a comprometer a execução e a qualidade
final da obra.
Construções de grande porte e que exigem escavações profundas possuem
uma preocupação ainda maior quanto a relevância dessas variáveis. Devido à neces-
sidade de maquinários pesados e de grande dimensões, o primeiro obstáculo se dá
com relação ao tamanho do parque de obra e à acessibilidade desses equipamentos
na região. Segundo Milititsky (2016), a disponibilidade de um canteiro de grandes
dimensões é essencial, uma vez que, dependendo do método de contenção a ser
executado é necessário dispositivos auxiliares. Um exemplo é o que ocorre em méto-
dos de contenção de paredes diafragmas com fluído estabilizador, as quais exigem
desarenadores, armazenagem de lama, geradores, depósitos de armaduras, entre
outros, vindo a ocupar grande parte do pátio de obra. Além disso, o autor sobreavisa
à acessibilidade de equipamentos e serviços dependendo do mercado da construção
civil da região, e que grandes construtoras tendem a absorver maior volume de servi-
ços e consequentemente maior quantidade de maquinário, limitando assim, a pronta
disponibilidade dos mesmos.
Outra preocupação é com relação as edificações que circundam o terreno. Toda
obra civil executada em perímetro urbano e que imprescinde, principalmente, de elevada
profundidade de escavação, possui grande responsabilidade à segurança estrutural de
imóveis lindeiros. Durante um processo de escavação o solo pode vir a movimentar-se
devido a liberação das tensões confinantes, o resultado é a acomodação dos alicerces
das edificações vizinhas e o aparecimento de fissuras, trincas, rachaduras, infiltrações,
obstruções em aberturas e desníveis entre pisos.
Conforme Puller (1996), a grande maioria das deformações do solo durante uma
escavação pode ser causada por: variação de tensões no subsolo, profundidade da
escavação, propriedades do solo, variação das condições do lençol freático, qualidade
dos serviços executados, métodos construtivos, entre outros. Nesses casos, de acordo
com (MILITITSKY, 2016, p. 18)

É fundamental o registro das condições das edificações vizinhas anteri-


ores ao início de qualquer atividade no canteiro, especialmente para pre-
vinir futuras demandas. O registro deve ser elaborado por terceira parte
e registrado em cartório para ter validade jurídica.
Capítulo 2. Estudos preliminares 14

Além de eventuais problemas de caráter limítrofes, existe ainda a possibilidade


da ocorrência de interferências sob o próprio solo a ser escavado. O crescimento po-
pulacional consoante às atuais restrições de expansão dos centros urbanos, gera
a necessidade da realização de obras sobre terrenos que já foram ocupados an-
teriormente. Conforme Milititsky (2016), locais já edificados, instalações industriais
desativadas, áreas abondonadas, entre outros, podem conter elementos estruturais
enterrados ou resíduos sólidos ou líquidos contaminantes, os quais, podem vir a cau-
sar alguma dificuldade no processo de execução da escavação. Muito desses fatos
poderiam ser melhor observados caso houvesse uma regularidade na atualização das
informações do terreno junto aos registros de imóveis e prefeitura, todavia, um estudo
do histórico do terreno pela equipe técnica do empreendimento é essencial para que
as tomadas de decisão referentes as etapas iniciais da obra sejam positivas.
Ainda assim, existem muitas outras variáveis que devem ser levadas em consi-
deração no estudo preliminar. Questões particulares às politicas públicas de cada mu-
nicípio, como planos diretores, códigos de obras e leis devem ser obedecidas para
que não ocorram restrições e embargos. Ainda de acordo com Milititsky (2016), outras
consideração que tem grande influencia sobre o processo construtivo seriam: custos
associados a execução das técnicas de contenção e escavação, condições e caracte-
rísticas do solo, presença de água, durabilidade da solução da cortina de contenção,
velocidade construtiva necessária concomitante a prazos, entre outros. Além disso, fato-
res de menos relevância mas que deveriam constar em um estudo preliminar completo,
como: local de despejo do escavado, históricos de enchentes e alagamentos na região
e questões de preservação ambiental.
15

3 Solo

Indentificar as propriedades do solo da obra é determinante para a eficiência da


contenção das paredes laterais de uma escavação e da própria fundação do edifício.
Muitas vezes, o uso de métodos tradicionais na região se torna uma fator muito forte
para a escolha das técnicas construtívas a serem executadas, porém, alguns solos po-
dem vir a possuir características físicas diferentes de outros em condições geográficas
e climatológicas semelhantes, o que se torna um grande problema no momento que a
obra já está em andamento. Segundo Caputo e Caputo (2015, p. 16)

Os solos são materiais que resultam do intemperismo ou meteorização


das rochas, por desintegração mecânica ou decomposição químicas
[. . . ] Em geral esses processos atuam simultaneamente; em determi-
nados locais e condições climáticas, um deles pode ter predominância
sobre outro. O solo, é assim, uma função da rochamáter e dos diferentes
agentes de alteração [. . . ]

A discriminação das camadas de um solo é de extrema importância para com-


preender as forças atuantes sobre uma contenção. Dependendo das exigências de
projeto, pode ser necessária escavação de grandes profundidade, percorrendo dife-
rentes camadas do solo. Segundo Gerscovich, Danziger e Saramago (2016, p. 181),
“para a elaboração de um projeto de contenção, precisa-se identificar as camadas do
subsolo que porventura possam vir a participar dos estudos de estabilidade, assim
como determinar suas características geológicas e geotécnicas”.

3.1 Formação do solo

Os solos são compostos por materiais mineralógicos originados da decomposi-


ção das rochas através de processos de intemperismo, tendo como seus agentes, a
água, temperatura, vegetação e vento. Todo esse processo de desgaste e formação do
solo é estudado por um ramo da ciência chamado pedologia, a qual, tem por objetivo
estudar, compreender e classificar as camadas superficiais que circundam a crosta
terrestre. (CAPUTO; CAPUTO, 2015)
A maneira como se deu o surgimento da rocha matriz de um solo é de grande
importância para entender certas particularidades que os solos de uma determinada
região apresentam. Dentre as características herdadas pelo solo de sua rocha mãe,
são de grande vália ao engenheiro de quaisquer obras em terra os tipos minerais
presentes, os tamanhos de partículas e a porosidade, uma vez que, tais características
influenciam diretamente sobre os índices físicos de um solo e no seu comportamento
quando em estado de solicitação de esforços. As rochas, de acordo com (CAPUTO; CA-
Capítulo 3. Solo 16

PUTO; RODRIGUES, 2015a), podem ser divididas em três principais grupos primários:
ígneas, sedimentares e metamórficas.
As rochas de origem ígnea são resultado do resfriamento do magma1 . Esse
resfriamento pode vir a ocorrer tanto a grandes profundidades, denominadas intrusivas,
como na superfície terrestre, extrusivas. No processo de formação das rochas ígneas
extrusivas, a lava2 tende a resfriar-se e a cristalizar3 -se rapidamente, dando origem a
grãos de tamanhos, relativamente, pequenos. (KLEIN; DUTROW, 2012)
Diferente das rochas de origem intrusiva, as extrusivas possuem um resfriamento
mais lento devido a sua localização,

[. . . ] Um magma situado a grande profundidade na crosta terrestre nor-


malmente resfria lentamente e o tempo é suficiente para que os mine-
rais cristalizem atingindo um tamanho considerável (mm-cm) originando
a textura com granulometria variando de média a grossa. Os grãos mi-
nerais destas rochas podem então ser identificados a olho nu. (KLEIN;
DUTROW, 2012, p. 606)

Já rochas de origem sedimentares possuem sua formação originada, princi-


palmente, pela deposição de outras partículas oriundas da decomposição de outras
rochas, as quais, são transportadas através da erosão, por meio de agentes transporta-
dores como o vento e a água. Após depositados sobre uma bacia de acumulação, as
partículas passam a se compactar, devido ao próprio peso do montante sedimentado,
e a se cimentar através de processos químicos, tais fenômenos são denominados
diagênese3 e litificação4 . (KLEIN; DUTROW, 2012) Por fim, as rochas de origem meta-
mórficas ocorrem por meio da transformação ou metamorfismo5 das rochas magmáticas
(ígneas) ou sedimentares. (CAPUTO; CAPUTO; RODRIGUES, 2015b)
Durante o processo de pedogênese6 , grande parte dos solos em formação
permanecem sobre as suas respectivas rochas mães, podendo ser observado assim
uma gradual transição entre as duas camadas. Esses tipos de solos são denominados
1
Magma é uma solução mineral, complexa, de silicatos, formada a elevadas temperaturas sob grandes
pressões. (CAPUTO; CAPUTO, 2015, p. 11)
2
Lava é o material fundido, que chega à superfície da Terra ou ao fundo dos mares expelido pelos
vulcões. (CAPUTO; CAPUTO, 2015, p. 11)
3
Diagênese refere-se aos processos geológicos (físicos, químicos, biológicos) de baixa temperatura,
como desidratação, cimentação, compactação, dissolução, reações minerais e outros que sucedem
à deposição de sedimentos, levando, geralmente, a transformação destes em rochas sedimentares
(litificação). (WINGE; ALVARENGA; PIMENTEL, 2001)
4
Litificação é o processo de transformação de material friável, inconsolidado, principalmente sedimentar,
em rocha maciça, podendo envolver vários processos como desidratação, compactação, cimentação, re-
cristalizações, lateritização, entre outros. (WINGE; ALVARENGA; PIMENTEL, 2001)
5
Metamorfismo são os processos de transformações mineralógicas, texturais e estruturais de uma rocha
pré-existente ou protólito sob a ação de variáveis temperatura e/ou pressão (litostática, dirigida e/ou
de fluidos) sem mudança química significativa e no estado sólido. (WINGE; ALVARENGA; PIMENTEL,
2001)
6
Processo de formação do solo.
Capítulo 3. Solo 17

na literatura como solos residuais ou autóctones. Entretanto, pode ocorrer dessas


partículas sofrerem a ação de agentes transportadores, da mesma maneira que acon-
tece na formação das rochas sedimentares, e virem a se depositar em bacias de
acumulação7 , esses passam a se chamar solos sedimentares ou alotóctones. Além
desses já citados, há ainda os solos de formação orgânica, os quais, são de origem
essencialmente orgânica e formados através da decomposição de plantas, raízes,
animais, entre outros. (CAPUTO; CAPUTO, 2015)

3.1.1 Solos transportados

Esse tipo de solo deve ser melhor aprofundado com relação aos outros devido
ao seu protagonismo na formação de solos arenosos, em especial, aos da região de
Pelotas/RS onde está situada a obra utilizada para o estudo de caso deste trabalho.
Como dito anteriormente, os solos sedimentares são formados através da sedi-
mentação de milhares de particulas advindas de outros solos, os quais, sofreram pro-
cessos erosivos e tiveram partes de seu material levado por agentes transportadores,
principalmente, pela força do vento e da água. Por esse motivo também, são menciona-
dos na literatura como solos transportados. Após isso, a porção sedimentada tende a
sofrer algumas modificações decorrentes, em especial, da infiltração da água da chuva
e gravidade. Uma destas alterações, pode ser, por exemplo, a transportação dos argilos
mineráis na camada superior da superfície para as camadas mais profundas, resultando
em uma camada inferior mais resistente e densa. (ANTUNES et al., 2015) Além disso,
durante esse processo de modificação que ocorre dentro do maciço sedimentado, pode
acontecer o favorecimento de fenômenos químicos e, portanto, formação de novos
minerais.

As adições de substâncias químicas, dissolvidas na água de infiltra-


ção, provenientes de solos e rochas decompostas dos maciços das
regiões circunvizinhas, podem mudar o ambiente químico do meio,
propiciando a formação de novos minerais, inclusive de argilomine-
rais expansivos, presentes em muitos solos argilosos que ocorrem nas
baixadas. (ANTUNES et al., 2015, p. 191)

Outro caso, pode ser com relação a heterogeneidade do próprio solo se com-
parado dois perfis em posições distintos da bacia. Diferente de um solo residual que
tende a ter um aspecto mais homogêneo ao longo do seu perfil, tanto transversal como
longitudinal, um solo transportado pode apresentar camadas com características mine-
rais diferentes em uma mesma bacia, principalmente, devido ao agente transportador
no decorrer do tempo. (CHIOSSI, 1975)
7
Características do terreno que favorecem ao deposito e acumulação de partículas trazidas pelos agentes
transportadores.
Capítulo 3. Solo 18

Figura 1 – Bacia de solo transportado

Fonte: Nivaldo José Chiossi (1975)

Na Figura 1 é possível verificar que uma investigação feita na bacia, através de


dois pontos diferentes (furos A e B), dariam resultados diferentes.
Devido a essa situação, é de grande relevância que o engenheiro, o qual irá
projetar obras em regiões, as quais se desenvolveram, principalmente, sobre solos
transportados, realize as suas próprias sondagens e em quantidade necessária, de
acordo com as recomendações mínimas estipuladas pelas normas técnicas vigentes,
dentre elas, a NBR 8 036. (ABNT, 1983)
Por fim, pode-se classificar os solos sedimentares de acordo com o tipo de
agente transportador: (CHIOSSI, 1975)

• Solos coluviais: formados por meio da ação da gravidade, denominados depósi-


tos de tálus, geralmente, localizados ao pé de elevações e encostas.

Figura 2 – Representação de locais com ocorrência de solos coluviais

Fonte: Nivaldo José Chiossi (1975)

• Solos aluviais: ocorrem quando os materiais são levados pela força da água, e
posteriormente, vindo a se depositar quando a mesma perde velocidade. Muito
comuns às margens de rios.
Capítulo 3. Solo 19

Figura 3 – Esquema do local da barragem de Promissão, Rio Tietê, Estado de São Paulo

Fonte: Nivaldo José Chiossi (1975)

• Solos eólicos: formam-se a partir da ação do vento, como por exemplo, as dunas
em Fortaleza e Ceará.

3.1.2 Solo da Unidade de Pelotas/RS

Conforme um estudo organizado pelo Ministério da Agricultura (1973), o solo


que ocorre na região de Pelotas/RS é o denominado planossolo8 , compreendendo uma
profundidade mediana com drenagem imperfeita à ruim. Além disso, a sua formação é
derivada de sedimentação recente, com material proveniente do desgate das serras
cristalinas próximas. (DNPEA/MA; IPEAS/MA; DRNR/SA; INCRA/RS; DPP/MA, 1973)

Figura 4 – Topossequência a leste da serra do sudeste

Fonte: Ministério da Agricultura (1973)

Possuindo uma área de extensão estimada em 7.320 km² e apresentando um


relevo plano à suavemente ondulado, o solo de Pelotas possui a sua aplicabilidade
limitada devido a sua capacidade de drenagem, sendo muito comum na região, devido a
8
Solos minerais que apresentam desargilização (perda de argila) vigorosa da parte superficial e acumu-
lação ou concentração intensa de argila no horizonte subsuperficial, conferindo como características
distintivas marcantes, uma mudança textural normalmente abrupta ou transição abrupta conjugada com
acentuada diferença de textura do A para o horizonte B. Essa desargilização é responsável pela textura
arenosa dos horizontes superficiais (A ou E). (SANTOS; ZARONI, )
Capítulo 3. Solo 20

essa características, o cultivo de arroz. Além do mais, segundo o mesmo estudo “como
estäo localizados em várzeas9 , muitas vezes próximas a cursos d’água, ou mesmo em
locais mal drenados, sofrem riscos de inundação.“ (DNPEA/MA; IPEAS/MA; DRNR/SA;
INCRA/RS; DPP/MA, 1973, p. 253)
Portanto, devido às características supracitadas, é de grande relevância a qual-
quer projeto e execução de obras no município de Pelotas/RS, que o engenheiro
responsável, tenha consciência das dificuldades a serem enfrentadas. Principalmente,
decorrentes da má drenagem do solo e da possibilidade de inundações em dias de
grandes chuvas, essa situação é ainda agravada devido a problemas de infraestrutura
da própria cidade, tais como, bueiros ou galerias para o escoamento pluvial entupidos
ou fora de operação.

3.1.2.1 Nível freático

Outra característica marcante na região de Pelotas, principalmente, devido


à sua origem e localização, como visto anteriormente, é a altura do seu lençol freático,
o qual, se encontra muito próximo à superfície. Por esse motivo, existe uma grande
dificuldade em realizar obras civís de grande porte e que exigem escavações profundas.
A principal adversidade se dá, uma vez que, conforme a realização da abertura do
solo, o lençol freático tende a aflorar à superfície, causando assim, dificuldades no
prosseguimento das escavações.
Segundo um estudo realizado, em uma obra de construção civil no bairro Areal,
por Martins et al. (2012) entre os dias 22/06/2012 à 04/07/2012, o lençol freático da
cidade de Pelotas apresentava-se a uma distância máxima, com a relação à superfície,
de 1,65 m, chegando à 1,29 m no último dia da análise. Além disso, devido às chuvas
que ocorreram durante a observação, o lençol freático chegou a uma distância mínima,
com relação a superfície, de 0,99 m para o primeiro dia e 0,54 m para o último, repre-
sentando um aumento de 45 cm em duas semanas. Entretanto, o autor da pesquisa
salienta que os resultados demonstraram a amplitude do nível freático em um um pe-
queno intervalo de tempo, e que, para uma análise mais completa, seria necessário um
período de observação maior, passando por diferentes de regime pluviométricos, uma
vez que, essa depende muito das características climáticas do momento. (MARTINS et
al., 2012)
Em razão disso, técnicas para o rebaixameto do lençol tornam-se quase indis-
pensáveis, até mesmo para pequenas profundidades, como por exemplo, uma fundação
9
Várzea ou planície de inundação constitui-se de terrenos baixos e mais ou menos planos que se
encontram junto às margens dos rios e lagos [. . . ] a ocorrência de camadas de menor permeabilidade
no subsolo, o relevo plano e as inundações são as causas mais comuns do excesso de água presente
na maioria dos solos de várzea. (CURI; RESENDE; SANTANA, 1988)
Capítulo 3. Solo 21

de sapata superficial, e podendo isso ser agravado, devido as condições metereológicas


no período da execução. Com relação às maiores profundidades, o rebaixamento do
lençol freático junto a sistemas de contenção do solo tornam-se inevitáveis, entretanto,
em consequência dessas características, o número de técnicas é limitado e bastante
custoso.

3.2 Propriedades físicas das partículas sólidas do solo

As propriedades físicas das partículas sólidas do solo são inúmeras. Como visto
anteriormente, as partículas do solo podem variar conforme a sua criação, bem como,
as condições geológicas e climatológicas onde se encontram. Dentre as mais impor-
tante a esse estudo, se destacam: a sua natureza, tamanho, forma, peso específico e
densidade relativa.

3.2.1 Natureza das partículas

Os cristáis minerais encontrados nos solos podem ser os mesmos das rochas
de origem ou originados da decomposição desses, respectivamentes denominados,
mineráis primarios e secundários. (CAPUTO; CAPUTO, 2015) Na literatura, os minerais
podem ser classificados de várias maneiras, mas, principalmente, em relação a sua
estrutura molecular e composição química, os quais não serão objetos de assunto
neste presente trabalho.
Entretanto, dentre as propriedades físicas do mineral que são formada a partir
da sua gênese, a sua dureza é uma das mais importantes. Essa propriedade não
possui unidade de grandeza fixa, porém, é muito comum classificá-la comparando
a capacidade que determinado mineral tem em riscar outro, por meio do números
indicativos da escala de Mohs10 . (CAPUTO; CAPUTO, 2015)

3.2.2 Tamanho dos grãos

O tamanho dos grãos de um solo são classificados no Brasil conforme NBR


6502 (ABNT, 1995) da seguinte maneira:
10
[. . . ] escala que quantifica a resistência que um determinado mineral oferece ao ser riscado por outro
mineral. ou seja, à retirada de partículas da sua superfície [. . . ] foi criada em 1812 pelo mineralogista ale-
mão Friedrich Mohs com 10 minerais de diferentes durezas. Essa escala atribui valores de 1 a 10.
O valor de dureza 1 foi dado ao material menos duro da escala, que é o talco, e o valor 10 foi dado
ao diamante que é a substância mais dura conhecida na natureza. (GANGORRA, 2013)
Capítulo 3. Solo 22

Tabela 1 – Designação das partículas de solo conforme a NBR 6502:1995.

Fração Diâmetro dos grãos

Bloco de rocha >1m

Matação de 20 cm a 1 m

Pedra-de-mão de 6 cm a 20 cm

Pedregulho grosso de 2,0 cm a 6 cm

Pedregulho médio de 6,0 mm a 2,0 cm

Pedregulho fino de 2,0 mm a 6,0 mm

Areia grossa de 0,60 mm a 2,0 mm

Areia média de 0,20 mm a 0,60 mm

Areia fina de 0,06 mm a 0,20 mm

Silte de 0,002 mm a 0,06 mm

Argila < 0,002 mm

Fonte: ABNT (1995)

3.2.3 Forma das partículas

As partículas de solo têm seu formato afetado principalmente pelo seu tamanho
e dureza. Dentre os formatos, distinguem-se: (CAPUTO; CAPUTO, 2015)

• Arredondados: de formato poliédrico, predominante nos pedregulhos, areias e


siltes.

• Lamelares: semelhante a escamas, elas são comuns em argilas, sendo respon-


sáveis, basicamente, pela sua plasticidade e compressibilidade.

• Fibrilares: presente nas partículas de solos turfosos.

3.2.4 Peso específico da partícula (γg )

O peso específico da particula (γg ) se dá, basicamente, dividindo o seu peso


pelo seu volume: (CAPUTO; CAPUTO, 2015)

PS
γg = (3.1)
VS
Capítulo 3. Solo 23

3.2.5 Densidade relativa da partícula (δ )

A densidade relativa da partícula (δ ) expressa a razão entre o peso específico


de determinada partícula (γg ) e o peso específico da água pura à 4°C (γa ), em geral
esse valor é usado na engenharia como 10 kN/m³.

γg
δ= (3.2)
γa

Sendo assim, o valor de densidade relativa é adimensional. Além disso, o mesmo


depende muito das características mineralógicas da própria partícula, mas em geral,
variando de 2,65 a 2,85 para particulas de solo. (CAPUTO; CAPUTO, 2015)

3.3 Índices físicos do solo

Os índices físicos possuem o objetivo de relacionar diferentes grandezas que


um solo possui. Em geral, essas relações ocorrem entre pesos, entre volumes e entre
pesos e volumes. O resultado, é oriundo da interação entre as três fases presentes no
solo: sólido (partícula), líquida (água) e gasosa (ar). (Waldemar Hachich et al., 1998)

Os índices e as relações [. . . ] desempenham um importante papel no


estudo das propriedades do solos, uma vez que estas dependem dos
seus constituintes e das proporções relativas entre eles, assim como da
interação de uma fase sobre a outra. (CAPUTO; CAPUTO, 2015, p. 43)

Dentre essas três fases, denomina-se o volume de vazios a soma das fases
liquida e gasosa. Na fase gasosa, além do ar, há ainda a presença de vapor d’água
e carbono combinado. Já a fase líquida é composta basicamente por água, porém,
ela pode ser apresentar em várias situações distintas no solo, sendo que pertencem
aos vazios, a água livre11 , higroscópica12 e capilar13 , uma vez que, elas podem ser
totalmente evaporadas pelo calor, sobre uma temperatura maior que 100 °C. (CAPUTO;
CAPUTO, 2015)
11
Água que se encontra nos vazios do solo, e seu estudo é regido pelas leis da Hidráulica. (CAPUTO;
CAPUTO, 2015)
12
Água que se encontra presente no solo ao ar livre, mesmo ele estando seco.(CAPUTO; CAPUTO, 2015)
13
Água que sobe pelos interstícios capilares dos solos de grãos finos, como siltes e argilas, sobre a
superfície das águas livre. (CAPUTO; CAPUTO, 2015)
Capítulo 3. Solo 24

Figura 5 – Fases constituíntes de um solo

Fonte: Homero Pinto Caputo (2015a)

Figura 6 – Fases do solo: (a) separada em volume, (b) em função do volume de sólidos

Fonte: Waldemar Hachich et al. (1998)

Todos esses índices físicos são obtidos em laboratório ou por meio de corre-
lações de equações e, por isso, serão abordados de maneira sucinta durante esse
trabalho.

3.3.1 Teor de umidade (w )

A umidade de um solo é medida por porcentagem através da divisão do peso


da água encontrada no solo (Pa ), pelo da porção do solo (Ps ): (Waldemar Hachich et
al., 1998)
Capítulo 3. Solo 25

Pa
w= × 100 (3.3)
Ps

O valor do peso da água contida no solo é medido através do peso natural da porção
do solo a ser analisada, diminuido pela mesma porção após passado um processo de
secagem. A diferença é o valor de (Pa ).

3.3.2 Grau de saturação (S%)

O grau de saturação do solo também é medido em porcentagem, e tem por ob-


jetivo quantificar a porção de água presente no volume de vazios: (CAPUTO; CAPUTO,
2015)

Va
S= × 100 (3.4)
Vv

Se S = 100%, diz-se que o solo se apresenta em estado saturado e possui seu peso
específico conforme a Seção 3.3.7.

3.3.3 Índice de vazios (e)

O índice de vazios mede a razão entre o volume de vazios (Vv) e o volume de


sólido (Vs ) presente no solo. Tal índice é adimensional. (CAPUTO; CAPUTO, 2015)

Vv γg
e= = −1 (3.5)
Vs γs

onde:

γg é o peso específico da partícula (Seção 3.2.4)

γs é o peso específico do solo seco (Seção 3.3.6)

3.3.4 Porosidade (n%)

Pode ser comumente confundido com o índice de vázios, porém, ele expressa a
porcentagem do volume de vazios (Vv ) sobre o volume total da amostra de solo (Vt ).
Seu valor é dado em porcentagem. (Waldemar Hachich et al., 1998)
Capítulo 3. Solo 26

Vv e
n= × 100 = × 100 (3.6)
Vt 1+e

3.3.5 Peso específico natural (γnat )

Esse índice é um dos mais importantes para o engenheiro, uma vez que, na
prática o solo se apresenta em condições naturais, e portanto, deve-se levar em
consideração o seu estado natural durante os cálculos do projeto. Para estruturas
de contenções, é através dele que podem ser obtidos os valores de empuxo ativo e
passivo, por exemplo, presentes na Seção 4.2.2.1.
O seu valor é obtido dividindo-se o peso total do solo (Pt ) pelo seu volume total
(Vv ): (Waldemar Hachich et al., 1998)

Pt γs × (1 + w)
γnat = = (3.7)
Vt 1+e

Na prática, esse valor pode ser obtido através de ensaios in situ ou de correla-
ções feitas com os valores de NSP T vistos na Seção 3.5.1. Entretanto, tais correlações
possuem severas limitações de representatividade, e portanto, devem ser utilizados
com cautela.

3.3.6 Peso específico aparente seco (γs )

É a relação entre o peso da porção do solo (Ps ) e o volume total da amostra (Vt )
para quando S = 0. (Waldemar Hachich et al., 1998)

Ps γnat
γs = = (3.8)
Vt 1+w

3.3.7 Peso específico aparente saturado (γsat )

É o peso específico do solo quando ele se encontra em seu grau de saturação


igual a 100%, isto é, quando todos seus vazios são preenchidos por água. Na prática,
é o peso específico natural do solo. (Waldemar Hachich et al., 1998)

Ps + Pa Pt
γsat = = (3.9)
Vs + Va Vt
Capítulo 3. Solo 27

3.3.8 Peso específico aparente submerso (γsub )

É tido como o peso específico aparente saturado (γsat ) menos o peso específico da
água (γa ). Quando submerso, as partículas do solo passam a sofrer o empuxo da
água, essa situação é o que difere os solos em estado saturado dos submersos, por
isso, diz-se que um solo submerso é saturado, porém, um solo saturado não é
necessariamente submerso. (CAPUTO; CAPUTO, 2015)

γsub = γsat − γa (3.10)

3.4 Classificação dos solos

O objetivo deste tópico no trabalho é elucidar o leitor sobre as principais classifi-


cações que o solo recebe e que são normalmente empregadas na área de engenharia
civil. Em geral, essas classificações se baseiam, basicamente, no tamanho do grão e
na característica dos finos presente no solo. Segundo Waldemar Hachich et al. (1998,
p. 56):

A diversidade dos solos e a enorme diferença de comportamento apre-


sentada pelos diversos solos perante as solicitações de interesse da
engenharia, levou a que eles fossem naturalmente agrupados em con-
juntos distintos, para os quais algumas propriedades podem ser atribuí-
das. Desta tendência natural de organização da experiência acumulada,
surgiram os sistemas de classificação dos solos. O objetivo da classifica-
ção dos solos, sob o ponto de vista de engenharia, é o de poder estimar
o provável comportamento do solo, ou, pelo menos, o de orientar o
programa de investigação necessário para permitir a adequada análise
de um problema.

Entretanto, o autor sobreavisa dos perigos que uma classificação pode fornecer,
principalmente a um engenheiro com pouca experiência na área, na questão de su-
perestimar o seu desempenho em relação a denominação que lhe foi dada. Uma vez
que, um solo possui muitas variáveis a serem analisada, e as mesmas, podem vir a
causar uma grande diferença no comportamento do maciço dependendo da situação,
principalmente, no tocante a seu desempenho. (Waldemar Hachich et al., 1998)
De qualquer forma, essa classificação é necessária e serve para orientar o
engenheiro nas decisões de projeto a serem tomadas. Além disso, é muito importante
ter o mínimo conhecimento sobre cada uma delas, uma vez que elas são muito
utilizada nos métodos de prospecção do solo, principalmente, pelo da sondagem SPT.
(item 3.5.1)
Capítulo 3. Solo 28

3.4.1 Granulometria e Limites de Atterberg

Um solo ao seu natural é, basicamente, composto por partículas de vários


tamanhos, isto é, pode possuir qualquer um dos diâmetros de partícula, vistos no
item 3.2.2, no seu interior. Por exemplo, um solo com um aspecto bem arenoso, deve
possuir em sua maioria, partículas com diâmetros entre 0,06 e 2,0 milímetros, e que
assim, determinam a sua textura e seu comportamento arenoso. Entretanto, isso não
quer dizer que esso solo não possua outras partículas de outros diâmetros. Mesmo
possuindo uma grande quantidade de areia, esse mesmo solo pode possuir uma grande
quantidade de finos (argilas e siltes) e até mesmo pedregulhos. Saber a proporção de
cada fração presente no solo é muito importante para o engenheiro que irá realizar o
dimensionamento das estruturas.
Em laboratório, é possivel determinar as frações presente no solo através da
análise granulométrica de uma amostra. Essa análise, consiste peneirar um solo solto,
de massa conhecida, através de uma série de peneiras padronizadas pela NBR NM
248 (ABNT, 2003), cada uma com um tamanho de abertura diferente, permitindo assim,
ter um volume fracionado da amostra, para cada tamanho de partícula, retido em cada
uma das malhas das peneiras. Posteriormente, cada volume retido é pesado, e assim,
estimado em porcentagem o volume daquela fração presente no todo.
As frações passante nas aberturas livres da peneira n° 200 (0,074 mm), a qual
é a peneira com menor abertura para a série de peneiras padrão14 , são as argilas
e siltes. Essas partículas passantes, denominadas finos possuem comportamento
plástico e coesivo, diferentes das areias ou partículas de maiores diâmetros que são
não coesivas. Essa característica ocorre, uma vez que

[. . . ] as propriedades das frações muito finas dos solos mostram que a


superfície da partícula sólida possui uma carga elétrica negativa, cuja in-
tensidade depende primordialmente de suas características mineralógi-
cas; as atividades físicas e químicas decorrentes dessa carga superficial
constituem a chamada atividade da superfície do mineral. (CAPUTO;
CAPUTO, 2015, p. 26)

Por esse motivo, os finos são suscetíveis as variações de umidade dentro


do maciço do solo, o qual, dependendo do seu teor (item 3.3.1) pode intervir na sua
consistência, e portanto, no seu comportamento. Tais comportamentos foram estudados
e propostos por Albert Atterberg em 1911, denominando-se Limites de Atterberg. Esses
limites de comportamento dos finos são: líquido (LL), e plástico (LP). Posteriormente,
Haines propôs um limite entre os estados sólido e semissólido dos finos, denominado
limite de contração (LC).
14
Número (Abertura) em ordem decrescente: 3” (75 mm); 1 1/2” (37,5 mm); 3/4” (19,1 mm); 3/8” (9,5 mm);
#4 (4,76 mm); #8 (2,38 mm); #16 (1,18 mm); #30 (0,59 mm); #50 (0,297 mm); #100 (0,149 mm) e #200
(0,074 mm). (ABNT, 2003)
Capítulo 3. Solo 29

Com isso, é possível identificar se o solo possui aspectos comportamentais


regidos, em sua maioria, pelas particulas de areias ou pelos finos. No Brasil, utiliza-se
tanto o sistema de classificação USC (Unified Classification System), proposto por A.
Casagrande, como o HRB (Highway Research Board)

3.5 Métodos de investigação do solo

As mais variadas formas de se obter informações completas e precisas do solo


são válidas. De acordo com a NBR 11 682 (ABNT, 2009, p. 8), “podem ser utilizados
quaisquer tipos de investigação que forneçam elementos confiáveis para a montagem
do modelo de análise, tanto sob o ponto de vista geométrico como paramétrico”.
Os parâmetros do solo mais relevantes ao projetista dependem muito da natu-
reza e particularidades da obra civil em questão, em geral, para projetos de contenção
das paredes de uma escavação ou fundação, busca-se realizar, no mínimo, sonda-
gens a percussão (SPT), com o objetivo de se obter a identificação das camadas do
solo e sua classificação, posição do nível d’água e a medida de índice de penetração
NSP T . (ABNT, 2010)
Além disso, há uma baixa frequência com relação aos ensaios de laboratório,
de acordo com Waldemar Hachich et al. (1998, p. 119):

A determinação das propriedades de engenharia, em princípio, tanto


poderia ser feita através de ensaios de laboratório quanto de ensaios de
campo. Na prática entretanto, há predominância quase que total dos
ensaios ’in situ’, ficando a investigação laboratorial restrita a alguns
poucos casos especiais em solos coesivos.

Dentre os vários métodos de prospecção do subsolo, alguns são executados de


maneira a obter parâmetros específicos.
Capítulo 3. Solo 30

Quadro 1 – Aplicabilidade e utilidade de ensaios in situ

Fonte: LUNNE T.; ROBERTSON P. K.; POWELL J. J. M. (1997)

3.5.1 Sondagem SPT (Standard Penetration Test)

O sistema de sondagem Standard Penetration Test (SPT) é, segundo Schnaid


e Odebrecht (2012, p. 10), “reconhecidamente, a mais popular, rotineira e econômica
ferramenta de investigação geotécnica em praticamente todo o mundo”. Esse método de
sondagem consiste em um tripé equipado com um peso padronizado, o qual, é lançado
a uma distância também definida por norma sobre um cilindro posicionado em um furo,
pré-escavado, no solo. Caracterizado pela NBR 6484 (ABNT, 2001), esse método de
prospecção do solo é:

[. . . ] uma medida de resistência dinâmica conjugada a uma sonda-


gem de simples reconhecimento. A perfuração é obtida por tradagem e
circulação de água, utilizando-se um trépano de lavagem como ferra-
menta de escavação. Amostras representativas do solo são coletadas
a cada metro de profundidade por meio de amostrador padrão com
diâmetro externo de 50 mm. O procedimento de ensaio consiste na
cravação do amostrador no fundo de uma escavação (revestida ou não),
usando-se a queda de peso de 65 kg de uma altura de 750 mm [. . . ] O
valor NSP T é o número de golpes necessários para fazer o amostrador
penetrar 300 mm, após uma cravação inicial de 150 mm. (SCHNAID;
ODEBRECHT, 2012, p. 10)

Através dos valores de NSP T é possível obter, de acordo com Milititsky (2016),
correlações com as propriedades do solo essenciais ao dimensionamento de qualquer
obra no âmbito da construção civil. Entretanto, tais correlações possuem severas
limitações de representatividade e podem não ser adequadas para algumas situações,
vindo a servir apenas como uma referência de pré-estudo.
Capítulo 3. Solo 31

A NBR 6484 (ABNT, 2001) define, a partir dos valores de NSP T designações
para as camadas de solo ensaiadas, tanto para areias quanto argilas e siltes.

Tabela 2 – Tabela dos estados de compacidade e de consistência.

Índice de resistência à
Solo Designação1
penetração (N)

≤4 Fofa(o)
Areias e siltes
5a8 Pouco compacta(o)
arenosos
Medianamente
9 a 18
compacta(o)

19 a 40 Compacta(o)

> 40 Muito compacta(o)

≤2 Muito mole
Argilas e siltes
3a5 Mole
argilosos
6 a 10 Média(o)

11 a 19 Rija(o)

> 19 Dura(o)

¹ As expressões empregadas para a classificação da compacidade das areias (fofa,


compacta, etc.), referem-se à deformabilidade e resistência destes solos, sob o ponto
de vista de fundações, e não devem ser confundidas com as mesmas denominações
empregadas para a designação da compacidade relativa das areias ou para a situação
perante o índice de vazios críticos, definidos na Mecânica dos Solos.

Fonte: ABNT (2001)

Além disso, dentre as correlações do NSP T com o solo, a do ângulo de atrito in-
terno (φ0 ) é a mais realizada e difundida na bibliografia nacional e internacional. (GERS-
COVICH; DANZIGER; SARAMAGO, 2016)
A tabela a seguir fornece os valores de ângulos de atrito interno (φ0 ) correlacio-
nados com índices de NSP T , segundo Peck, Hanson e Thornburn (1974).
Capítulo 3. Solo 32

0
Tabela 3 – Correlações aproximadas de ângulo de atrito interno (φ ) e NSP T

NSP T (sem correção de energia do Valor aproximado do ângulo de atrito


0
ensaio SPT) interno (φ )

5 28°

10 30°

15 31°

20 33°

25 34°

30 36°

Fonte: Peck, Hanson e Thornburn (1974).


33

4 Contenções

4.1 Tipos de contenções

4.2 Informações do solo necessárias para a definição do sistema de contenção

4.2.1

4.2.2 Cargas estáticas

4.2.2.1 Empuxo do Solo

4.2.2.2 Pressão hidrostática

4.2.2.3 Edficações lindeiras

4.2.3 Cargas dinâmicas

4.2.3.1 Tráfego de veículos

4.2.3.2 Máquinários e equipamentos

4.3 Estabilidade de talude

4.4 Estabilidade do fundo da escavação

4.5 Estabilidade do sistema de contenção

4.5.1 Estimativas de deslocamento

4.6 Estabilidade hidráulica


34

5 Rebaixamento do lençol freático


35

Referências

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ABNT. NBR 6502: Rochas e solos. Rio de Janeiro, 1995.

ABNT. NBR 6484: Solo - Sondagens de simples reconhecimento com SPT - Método de
ensaio. Rio de Janeiro, 2001.

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de Janeiro, 2003.

ABNT. NBR 11682: Estabilidade de encostas. 2. ed. Rio de Janeiro, 2009.

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