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Resumo
Este estudo tem como objetivo demonstrar a diferença existente entre imunidade e isenção
tributária. Inicialmente, exploraram-se as categorias das imunidades, sendo dividida em três
categorias: subjetiva, objetiva e mista. Em seguida esse estudo pretende explorar o campo das
isenções que depende da contraprestação do sujeito passivo para conseguir sua obtenção
(isenção condicionadas) e as isenções que não dependem da contraprestação dos beneficiários
(isenções incondicionadas), e, por fim, a diferenciação uma da outra.
Abstract
This study aims to demonstrate the difference between immunity and tax exemption. First of
all, we explored the categories of immunities, dividing into three categories, known as:
subjective, objective and mixed. Secondly, this study intends to explore the field of tax
exemptions which depends on the consideration of the taxpayer to achieve its attainment
(conditional exemption) and exemptions that do not depend on the consideration of the
beneficiaries (unconditioned exemptions), and finally, to differentiate each one.
Introdução
A imunidade tributária surgiu como privilégio, pois eram imunes os nobres e depois os
clérigos. Somente os pobres eram compulsórios ao pagamento do tributo. Se esse cenário
passado fosse adotado nos dias atuais, estariam desrespeitando alguns princípios
constitucionais, como o da isonomia, da capacidade contributiva, da progressividade, da
legalidade entre outros.
A partir do Iluminismo a imunidade tributária deixou de ser um privilégio odioso e
passou a solidificar base de direitos fundamentais, a qual certas atividades estariam afastadas
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Destarte, a imunidade tributária por ser norma constitucional está fora do alcance da
tributação, considerando um privilégio para as entidades que usufruem desses benefícios
ortogado pela Lei Maior.
A imunidade em seu conceito constitucional se classifica como:
Genérica - Quando a Constituição não determina quais impostos serão exonerados
naquela hipótese tributária (art. 150, VI, “a”, “b”, “c”, “d” da CF);
Específica – Refere-se ao imposto específico (Art. 153, §3º, III, §4º, II, (art. 155, §2º,
X, “a” da CF);
Por outro lado, a imunidade pode ser entendida também, como hipótese de não-
-incidência qualificada, preservando os valores constitucionais, ignorando a capacidade
contributiva e proclamando a vedação e supressão ao poder de tributar.
Imunidade subjetiva
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União, Estado, Distrito Federal e Múnicípios.
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artigo 10 e 11:
Art. 10. É proibido aos Estados tributar bens e rendas federais ou
serviços a cargo da União, e reciprocamente.
Art. 11. É vedado aos Estados, como à União:
(1º) criar impostos de trânsito pelo território de um Estado, ou na
passagem de um para outro, sobre produtos de outros Estados de
República ou estrangeiros, e, bem assim, sobre os veículos de terra e água que os
transportem;
(2º) estabelecer, subvencionar ou embaraçar o exercício de cultos
religiosos;
3º) prescrever leis retroativas.
A imunidade recíproca foi criada como forma de garantia da independência dos entes
federativos, fortalecendo a não hierarquia entre eles.
No ponto de vista de AMARO (2003, p. 151), “a imunidade recíproca objetiva a
proteção do federalismo. O que imuniza é o patrimônio, a renda e os serviços dos entes
federativos que não impedem a incidência dos impostos indiretos com IPI e o ICMS”. Neste
caso, dos impostos indiretos, estão relacionados aos entes federativos que fazem exploração
de alguma atividade econômica deixando de atuar no domínio público, assim, não serão
beneficiados pela imunidade tributária.
SCHOUERI ( p. 415) diz que “[...] A entidade imune não pode valer de seu privilégio
em detrimento do princípio da livre concorrência, igualmente assegurado pelo texto
constitucional”, o autor também menciona que“[...] não se pode aceitar que a imunidade
destrua a concorrência”.
A prática para o princípio da livre concorrência, prevista no artigo 170, IV, do texto
constitucional, se faz necessária à igualdade das condições competitivas, por isso, que as
entidades do Direito Público ou entidades sem fins lucrativos, a qual fazem exploração de
atividade econômica, são compulsórias ao pagamento do tributo.
A imunidade recíproca está restrita a atuação dos entes federativos para as atividades
constitucionais, mas não às atividades que extrapolam, e que prejudicariam a livre
concorrência.
Através da arrecadação tributária, cabe aos entes federativos prestarem serviço de
qualidade para comunidade como saúde, educação e segurança. Por isso, também, não caberia
cada ente cobrar impostos uns dos outros, pois as suas destinações serão sempre em prol da
sociedade.
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Imunidade objetiva
Amaro (2003, p. 150) diz que “A imunidade objetiva está relacionada com fato
jurídico, (p. ex., um produto que em regra, poderia ser tributado, mas por destinar-se à
exportação2, é imune)”. (SIC).
Nesse ponto de vista, podemos usar como exemplo a imunidade sobre livros, jornais,
periódicos e papel destinado à impressão a qual ocorre o fato imponível conforme citado por
SCHOUERI (2012, p. 395): “Um exemplo típico de imunidade objetiva encontra-se no artigo
150, VI, “d”, da Constituição, que é a imunidade aos “livros, jornais, periódicos e o papel
destinado à impressão”.
A imunidade sobre livros é algo interessante, pois surgiu no ordenamento da
Constituição Federal de 1946, segundo SCHOUERI (2012, p. 424), “Naquela época,
entretanto, o que se imunizava era o papel de impressão destinado exclusivamente a livros,
periódicos e jornais”.
Na ocasião, o Brasil fazia muita importação do papel, e a carga tributária sobre
importação era muito alta, pois o então Presidente Getulio Vargas queria defender o seu
governo das críticas dos opressores. Jorge Amado, insatisfeito, correu na Corte para que
tomasse medidas cabíveis sobre essa situação. A Corte viu que a inclusão da imunidade sobre
livros, periódicos e jornais destinados à impressão na Constituição Federal de 1946 seria a
melhor opção para barateamento dos mesmos.
Veja que enquanto na imunidade subjetiva não é cobrado o tributo por não haver
capacidade contributiva, na imunidade objetiva sobre os livros, jornais, periódicos, papel
destinado à impressão e exportação ocorreu ao contrário, pois ocorre o fato imponível,
imunizando o ICMS e o IPI, mas são obrigatórios ao pagamento do Imposto de Renda sobre o
lucro auferido.
Nos dias atuais, há uma grande polêmica sobre a imunidade de livros, pois alguns
doutrinadores defendem que a imunidade sobre livros trata-se de imunidade teleológica
ampliativa, alcançando e-books até e-reader, pelo fato de se tratar de liberdade de expressão e
difusão de pensamentos e para que também a nossa Constituição Federal tenha vida longa e
não seja emendada a cada evolução tecnológica.
Outros doutrinadores defendem a ideia de que a imunidade de livros por ser expressa,
trata-se de imunidade teleológica restritiva, sendo imunizado somente livros, periódicos e
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A exportação é qualificada também como imunidade específica, por imunizar IPI (art. 153, §3º, III da CF/88),
objetivando os produtos brasileiros chegarem no mercado internacional em condições de competividade.
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Imunidade mista
Existem limites para ser alcançada a imunidade de quaisquer cultos? Sim, pois o
legislador constitucional foi bem categórico e restritivo ao dizer no parágrafo 4° ,do art 150,
da Constituição Federal, que a imunidade de templos será alcançada desde que atendam as
“finalidades essenciais dos templos”.
A partir do momento em que as igrejas passam a exercer outras atividades, que não
esteja sobre suas atividades essenciais, estarão desprotegidas pela imunidade. Cabendo ao
STF julgar caso a caso embasado no princípio da razoabilidade.
O princípio da razoabilidade distingue o caso em que as igrejas cobram o
estacionamento dos seus fiéis e visitantes somente em horário de culto, sendo que todo o
dinheiro arrecadado será gasto em suas atividades essenciais, daquelas outras igrejas, em que
mantém um estacionamento regular funcionando em horário comercial afetando a
concorrência. O último exemplo faz necessário em serem cobrados os impostos de prestação
de serviço e de propriedade territorial urbano.
Isenção tributária
A Constituição Federal vigente em seu artigo 155, § 2.º, XII, g”, se prontifica sobre as
isenções dizendo que só é concedida mediante lei específica fortalecendo o princípio da
legalidade:
“Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito
presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só
poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que
regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou
contribuição, sem prejuízo”.
Mas por outro lado, são proibidas as isenções heterônomas coforme prevista no texto
constitucional artigo 151, III, “É vedado a União instituir isenções de tributos da competência
dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios”. No passado a União poderia estabelecer
isenções sobre tributos estaduais e municipais, mas não tinha sentido a união renunciar uma
receita que não fazia parte de sua competência, por isso, coube ao legislador reforçar a
proibição desta prática na Constituição vigente.
Alguns doutrinadores defendem a isenção como uma dispensa legal do pagamento do
tributo, ocorrendo à obrigação tributária sendo impedido à autoridade administrativa constituir
o crédito tributário pelo lançamento conforme determina o CTN artigo 142; outros defendem
como exclusão do crédito tributário, não ocorrendo o fato gerador por ser mutilado um ou
mais fatores da regra-matriz de incidência.
A regra-matriz de incidência é formalizada por cinco critérios para realização do fato
imponível (nascimento da obrigação tributária). Esses critérios consistem em: analisar os fatos
abstratos descritos na norma jurídica para identificar o(s) tributo(s) devido(s) (critério
material); determinar o momento que se considera constituída a obrigação (critério temporal);
limitar as leis tributárias união, estaduais e municipais aos seus territórios (critério espacial);
determinar o sujeito passivo e o sujeito ativo da obrigação tributária (critério pessoal);
determinar o valor do tributo através da base de calculo e a alíquota (critério quantitativo).
Após realização da regra-matriz de incidência há consumação do fato jurídico,
instaurando-se a relação jurídica, obrigando o sujeito passivo de pagar o tributo devido e o
sujeito ativo em cobrá-lo.
Quando existe alguma isenção tributária sobre determinado fato, o legislador de cada
ente federado elimina alguns critérios da regra-matriz de incidência, com isso, o fato gerador
não será realizado, consequentemente, o contribuinte, de fato, está dispensado do pagamento
do tributo.
SCHOUERI (p.227, 2012) tem outro posicionamento a qual diz que “[...] Há
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concretização do fato gerador do tributo sendo este devido, mas a lei dispensa o pagamento do
tributo”.
Com base na regra-matriz de incidência, quando não são preenchidos todos os critérios
o fato gerador não é concretizado. A isenção tributária elimina uns desses critérios.
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Conselho Nacional de Política Fazendária.
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legislação.
A isenção condicionada traz transtorno para os contribuintes, pois sendo modificada
ou revogada antes do prazo preestabelecido na legislação vigorada, prejudicaria os
contribuintes de desfrutar dos benefícios concedidos até o final do prazo legal a qual se
caracterizou um direito adquirido, formalizado no texto constitucional do artigo 5°, XXXVI, a
qual diz “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”.
O problema citado acima é antigo, pois, em 1969, o STF consolidou a Súmula 544 diz
que as “Isenções tributárias concedidas, sobcondição onerosa, não podem ser livremente
suprimida” não obstante posteriormente o Superior Tribunal de Justiça (STJ) de diversos
estados pronunciou também sobre esse assunto, dizendo:
• “A lei não pode, a qualquer tempo, revogar ou modificar a isenção concedida
por prazo certo ou sob determinadas condições. (Resp n° 74.092/PE, Rel. Min.
Barros Humberto gomes, primeira turma, DJ 12.12.1996)”.
• “A isenção concedida por prazo certo ou sob determinadas condições, não pode
ser revogada enquanto se mantiver em execução o projeto empresarial de
interesse público. (Resp n° 61.886/DF, Rel. Min. Viera Garcia, Segunda
Turma, DJ 14.12.1998)”.
• “A isenção, quando concedida por prazo certo e sob condição onerosa, não
pode ser revogada. (Resp n° 198.331/SC, Re. Min. Viera Garcia, Primeira
Turma, DJ 17.05.1999)”.
• "A lei não pode, a qualquer tempo, revogar ou modificar isenção concedida por
prazo certo ou sob determinadas condições. (REsp nº 188.950/BA, Rel. Min.
Peçanha Martins, Segunda Turma, DJ 8.3.2000)”.
CARRAZA (apud BARRETTO 2013, p. 8) em seu raciocínio esquemático fala sobre
esse assunto dizendo que:
“Por força do dispositivo constitucional que manda respeitar o direito
adquirido e o ato jurídico perfeito, a lei antiga, posto revogada, sobrevive,
continuando a disciplinar as situações que se consolidaram enquanto esteve em
vigor. A lei nova absolutamente não pode prejudicar tais situações pré-
constituídas”.
Mesmo com todas estas respostas do nosso poder judiciário, ainda existem entidades
do Direito Público que revogam as isenções antes do prazo estabelecido, sendo uma afronta
para o contribuinte por transgredir o princípio da segurança jurídica, por isso, ainda que
ocorra está revogação o sujeito passivo está sujeita à indenização em virtude de quebra
contratual.
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Imunidade x Isenção
QUADRO ILUSTRATIVO
Exoneração
x
Constitucional
Considerações Finais
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Decreto n° 45.490/2000, Anexo I, artigo 2°, 3° e 36.
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Referências
AMARO, Luciano. Direito tributário Brasileiro. 12 ed. Saraiva. São Paulo, 2003.
BARRETTO, David Sampaio. Isenção tributária. In: Constitucionalistas Disponível em:
<http://www.constitucionalistas.com.br/news/isen%C3%A7%C3%A3o-tributaria-(por-david-
sampaio-barretto)/> Acesso em Jun de 2013.
SANTOS JUNIOR, Fernando Lucena Pereira dos. A imunidade tributária como instrumento
de alcance às finalidades do Estado: análise teleológica do instituto à luz da doutrina e
jurisprudência. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIV, n. 94, nov 2011. Disponível em:
<http://www.ambitojuridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10626&re
vista_caderno=26 >. Acesso em out 2013.
SCHOUERI, Luis Eduardo. Direito tributário. 2 ed. Saraiva. São Paulo, 2012.
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SOUZA, Bruno Eduardo Pereira de. Imunidade tributária das entidades religiosas: breve
análise. Conteudo Juridico, Brasilia-DF: 20 mar. 2012. Disponível em:
<http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.36090&seo=1>. Acesso em: ago.
2013.
TAUIL, Roberto. A isenção tributária. In: Consultor municipal, mai 2006. Disponível em:
<http://www.consultormunicipal.adv.br/novo/iframe/listaarquivos.php?arquivo=0013.txt&dir
=finmun> Acesso em ago de 2013.