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Rev, edflc, comin, CRMV·SP I Co"timwlls Edllcmioll )olln/a/ CRMV-SP.

Slio Pau/o, "o/lime 3. ftadcu/o J. p. 004 - 0/3. 2000,

Exame clínico do aparelho


respiratório de bezerros
Clinicai examination ofthe respiratory * Faculdade de Medicina Veterinária
e Zootecnia - UNESP - Botucatu

system ofcalves Departamento de Clinica Veterinária


Distrito de Rubião Júnior
CEP:18618-000 • Botucatu - SP
Fone: (OXX14) 6802-6293

* Roberto CalderonGonçalvesl - CRMV-SP nO 1713


GrazielaBarioni2 - CRMV-SP n°8564

I Professor Assistenle Doulor da Disciplina de Clínica de


Grandes Animais· FMVZ . UNESP

, Médica Veterinária, Doutoranda,


área de Clínica Veterinária - FMVZ - UNES!'

RESUMO
As afecções do trato respiratório estão entre as doenças mais comuns em bezerros, acarretando
altas perdas econômicas decorrentes dos custos com diagnóstico, tratamento e morte dos animais.
Neste trabalho são descritos os exames semiológicos para que se estabeleça o diagnóstico deste
processo. São descritos como métodos semiológicos a anamnese, inspeção, palpação, percussão,
auscultação e olfação; comenta-se sobre o uso de alguns métodos auxiliares de diagnóstico.

Palavras chave: Bovinos, bezerros, sistema respiratório, semiologia.

Introdução res (REBHUN el ai., 1995) e até o auxílio da necropsia


para o diagnóstico diferencial (PRINGLE el ai., 1991).
s afecções respiratórias são consideradas sério O exame clínico, quando realizado de maneira cor-

A
_
problema de sanidade animal, acarretando altos ín-
dices de morbidade e mortalidade, além de perdas
econômicas decorrentes da baixa conversão ali-
mentar, retardo no ganho de peso, e custos com diagnós-
reta, toma-se insubstituível por qualquer exame comple-
mentar e chega a ser encarado como arte por alguns
autores (WILSON, 1992; REBHUN el ai., 1995). En-
tretanto, depende de técnicas apropriadas, de cuidado,
tico e tratamento (GRIFFIN, 1997) paciência e rotina lógica, que cubram todas as possibili-
Um animal doente pode indicar uma doença no dades eventuais (PINSENT, 1992). Por meio da anam-
rebanho que, se corretamente identificada e tratada, po- nese, inspeção, palpação, percussão, auscultação e olfa-
derá ser abreviada e prevenida (WILSON, 1992; RA- ção, o clínico deve ter como finalidade a localização do
DOSTITS el ai., 1994). Assim, é de grande importância processo, o estabelecimento de sua natureza, prognósti-
o diagnóstico precoce de uma afecção, o tratamento ade- co e, se possível, sua etiologia.
quado e a prevenção de novos episódios, não só no ani-
mai examinado, mas no rebanho como um todo. MÉTODOS SEMIOLÓGICOS
O diagnóstico e tratamento das doenças respirató-
rias em animais de produção é uma constante e uma das Anamnese ou história
principais atuações na clínica veterinária (PRINGLE,
1992a). Algumas delas requerem poucos recursos diag- Tem o intuito de obter informações que dêem su-
nósticos, enquanto outras exigem exames complementa- porte ao clínico para o diagnóstico das afecções. Há ne-

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GONÇALVES, R. C.: BARIONJ. G. Exame clínico do aparelho respiratório de bezerros I ClinicaI eXl1minalion ofllle respiralory syslem Df cal\'es. Rev. educo contin.
CRMV·SP I Conti,WOIlS Edllcalioll Joumal CRMV-SP. São Paulo. volume 3. fascículo I. p. ()()..l- 013. 20D0.

cessidade de se colher informações, de uma forma re- a disseminação de Dictyocaulus viviparus (BREEZE,
grada, para que não se perca de vista o objetivo e se 1985).
obtenham todos os dados necessários. É indiscutível a Uma das primeiras finalidades do exame clínico é
importância de uma anamnese precisa (BEECH, 1991; a localização do processo dentro do aparelho respirató-
PINSENT, 1992; RADOSTITS et al., 1994; DIXON, rio. Interessa saber se ele é alto ou baixo, ou seja, se está
1997) e, os erros grosseiros a que pode induzir se for mal restrito às vias aéreas superiores (anteriores) ou às vias
feita ou incompleta (MAREK e MÓCSY, 1965). aéreas inferiores (posteriores) e, ainda, se inclui o parên-
No exame do aparelho respiratório, é importante quima pulmonar. Os métodos semiológicos favorecem o
que se extraia da história se o problema é individual ou diagnóstico do local da lesão.
coletivo. Problemas num único indivíduo podem estar re-
lacionados somente a ele, como também podem ser o Inspeção
início de um problema de rebanho. Desta maneira, há
necessidade da observação do surgimento de casos no- A inspeção é o método semiológico em que se faz
vos e, se o problema for coletivo, deve-se investigar a a observação do animal como um todo e, neste caso, par-
morbidade e a mortalidade ou letalidade no rebanho (RA- ticularmente, do aparelho respiratório. Deve-se observar
DOSTITS el aI., 1994). o animal de preferência sem tocá-lo, sem excitá-lo, pois
Outros pontos importantes são as informações isso poderá provocar modificações na freqüência respi-
sobre o início do processo, o tipo e o tempo de evolu- ratória e até no tipo de respiração. Para a contagem da
ção, com o objetivo de se verificar a gravidade do caso. freqüência respiratória, o observador deve-se posicionar
Tratamentos anteriores ao atendimento devem ser ex- preferencialmente na parte traseira do animal, olhando-o
plorados, tanto para se saber da evolução do caso clí- de um ângulo oblíquo. A freqüência respiratória normal,
nico, como para eventuais modificações no plano te- segundo STOBER, (1993), para bovinos adultos é de 24
rapêutico (WILSON, 1992; RADOSTITS el aI., 1994). a 36 movimentos por minuto e de 30 a 45 movimentos
a anamnese dos problemas respiratórios, deve- por minuto em bezerros. WILSON e LOFSTEDT, (1990)
se estabelecer uma relação estreita entre os sinais clí- e RADOSTITS el aI., (1994) citam como sendo de 10 a
nicos apresentados e o momento em que eles ocorrem 30 movimentos por minuto em bovinos, de maneira geral.
com maior intensidade durante o manejo do animal. A observação da respiração, ou seja, da relação
Assim, a tosse pode estar exacerbada ou apresentar- inspiração/expiração, dos movimentos do tórax e abdõ-
se somente no ato da alimentação. Nesses casos, de- men e da postura adotada pelo animal, classifica a ativi-
vemos colher informações dirigidas sobre o tipo de ar- dade respiratória como normal (eupnéia) ou dificultosa
raçoamento (pulverulento ou não) sobre a altura do (dispnéia). A dispnéia pode ser de grande auxílio na loca-
cocho de alimentação, que pode provocar traumatis- lização do processo respiratório. Assim, dispnéia inspira-
mos constantes na traquéia ou laringe (WILSON e tória está relacionada a alterações nas vias aéreas supe-
LO FSTEDT, 1990; BEECH, 1991). Ao contrário, o riores, seja por estenoses, corpos estranhos, inflamações
corrimento nasal pode-se mostrar mais intenso quan- ou compressões, que diminuam o lúmen das vias aéreas,
do o animal abaixa a cabeça para comer. Isto pode dificultando a entrada de ar (PRINGLE, 1992; STOBER,
não indicar um efeito da alimentação sobre a secre- 1993). Nas doenças que determinam preenchimento do
ção nasal e, sim, um efeito físico de facilitação de dre- espaço pleural, dificultando a expansão pulmonar, há tam-
nagem. Entretanto, este pode ser um dos primeiros si- bémmanifestação de dispnéia inspiratória (RADOSTITS
nais manifestados numa alteração do aparelho respi- el aI., 1994) Dispnéia expiratória sugere processos mór-'
ratório (PRINGLE, 1992a). bidos que interferem na elasticidade de retorno pulmo-
Da mesma maneira, é importante a observação nar, ou que provoquem obstruções das pequenas vias
tanto da lotação, e tipo de bezerreiro, com relação à umi- aéreas, dificultando a saída do ar. É o que ocorre no en-
dade, temperatura interna, ventilação e insolação, quanto fisema pulmonar, nas bronquites e bronquiolites. A disp-
do tipo de cama utilizada nestas instalações, se são pul- néia mista manifesta-se na broncopneumonia. No edema
verulentas ou se possuem agentes irritantes. Todos estes pulmonar e na pneumonia intersticial, por serem enfermi-
são fatores predisponentes às infecções respiratórias em dades restritivas à expansão pulmonar, pode haver pre-
bovinos, especialmente nos bezerros (lO ES e WEBS- domínio de dispnéia do tipo inspiratória, quando o proces-
TER, 1981; ANDREWS, 1992; RADOSTITS et aI., 1994; so é intenso (RADOSTITS et aI., 1994).
RIBBLE el aI., 1995). Se os animais são de campo, deve- O pulmão pode responder funcionalmente à dimi-
se observar se os pastos são úmidos, pois podem facilitar nuição das trocas gasosas por dois mecanismos compen-

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GONÇALVES, R. c.: BARIONI, G. Exame clínico do aparelho respiratório de bezerros I Clinicai exam;lIafioll oflhe respiralOry syslem Df cah'es. Rev. edue. eonlin.
CRMV·SIl I COJl1;IIlIOItS El/ucalioll Joumal CRMV-SP, São Paulo. volume 3. fascículo I. p. 004 - 013. 2000.

satórios: aumentando a freqüência respiratória (taquip- glândulas das narinas estimulada por inflamações (BRY-
néia) e a amplitude torácica (hiperpnéia) respiratórias. A SON el ai., 1979; BELKNAP, 1993; CRA DELL,
taquipnéia não ajuda a localizar a alteração dentro do 1993). O corrimento nasal torna-se purulento quando há
aparelho respiratório, pois pequenas alterações anatômi- contaminação bacteriana e migração de células leucoci-
cas, por exemplo, as pneumonias focais, que determinam tárias para o local. Lesões vasculares provocadas por
alterações nas trocas gasosas, já podem exacerbar esse corpos estranhos, ferimentos, úlceras ou pólipos, podem
mecanismo de defesa (RADOSTITS el aI., 1994). A determinar corrimento do tipo hemorrágico. Às vezes, os
hiperpnéia, por sua vez, está relacionada principalmente bovinos apresentam corrimento nasal com conteúdo ali-
a processos que dificultam a expansão pulmonar, como o mentar e restos de capim, apresentando coloração es-
pneumotórax, já que não havendo manutenção da pres- verdeada e odor variável (desde ausência até putrefa-
são negati va intra-pleural, há necessidade de maior es- ção). Este tipo de corrimento demonstra defeitos na de-
forço para inspirar. Temporariamente, a hiperpnéia pode glutição por faringite ou processos obstrutivos de esôfa-
mani festar-se após exercício físico. go e o animal apresenta refluxo nasal, principalmente
O tipo de respiração também nos dá indícios para quando deglute (BRAZ, 1981; STÓBER, 1993).
a localização da doença. Os animais que manifestam dor Ainda, no exame das narinas, deve-se atentar para
torácica, relacionada à fratura de costela ou pleuris, po- o odor da respiração e o fluxo do ar exalado. Odor pútri-
dem apresentar respiração predominantemente abdomi- do à expiração está relacionado com lesões necrosantes
nal, como forma de defesa contra a dor. Aqueles com tais como laringite necrótica, abscesso pulmonar ou pneu-
dor abdominal, como nos casos de peritonite ou grandes monia por aspiração (LOPEZ e BILDFELL, 1992). Flu-
compressões sobre o diafragma, podem exibir respira- xo de ar desigual nas narinas, visto de forma comparati-
ção do tipo costal (STÓBER, ]993). va, implica diminuição de calibre de uma delas, que pode
A inspeção nasal é de grande importância no exa- ser encontrado nas obstruções por corpos estranhos ou
me do aparelho respiratório. Deve-se observar as alte- tumores (MAREK e MÓCSY, ]965; BRAZ, 1981; STÓ-
rações do espelho nasal, dos tipos, ressecamento, como BER,1993).
nos casos de febre e, hemorragias e erosões, como na A tosse, um dos mecanismos de limpeza do apare-
febre catarral maligna (ANDREWS, 1992; RADOS- lho respiratório, ocorre quando há irritação das termina-
TTTS el aI., 1994; REBHUN el aI., 1995). No conduto ções nervosas da laringe e traquéia provocada pela infla-
nasal, deve-se pesquisar úlceras, erosões ou corpos es- mação da mucosa, seja por ação direta do agente agres-
tranhos, que podem ser vistos sob inspeção direta da sor sobre a mucosa, seja pela produção excessiva de muco
cavidade nasal. Na inspeção das narinas, o corrimento (PRINGLE, J 992a; STÓBER, J 993; RADOSTITS el ai.,
nasal pode fornecer informações sugestivas da locali- 1994). A tosse seca geralmente acontece por alterações
zação do processo. Ele pode ser oriundo do trato respi- inflamatórias em vias aéreas superiores. É freqüente nos
ratório alto ou baixo. Se for unilateral indica, provavel- casos de faringite e laringite, podendo também se mani-
mente, alterações na narina correspondente, e os pro- festar nas traqueítes. Tosse úmida ou produtiva relacio-
cessos mais comuns são corpos estranhos, úlceras e na-se a aumento de exsudato broncopulmonar, sendo
ferimentos. Se bilateral, pode representar alterações de comum nas broncopneumonias, onde o movimento das
ambas as narinas, em especial os processos inflamató- secreções nas vias aéreas está associado à respiração
rios que aumentam a secreção nasal. Pode também es- (ANDREWS, 1992; STÓBER, 1993).
tar vindo de locais abaixo ou atrás da narina, geralmen-
te, laringe, traquéia e brônquios, relacionado a proble- Palpação
mas que exacerbam a produção de secreções (PRIN-
GLE, 1992a; STÓBER, 1993). A palpação do aparelho respiratório inicia-se pelo
Quanto ao tipo, o corrimento nasal pode ser classi- reflexo de tosse. Nos bezerros, pode ser realizado belis-
ficado em seroso, mucoso, purulento, hemorrágico e de cando-se ou esfregando-se os primeiros anéis traqueais
conteúdo alimentar. O corrimento seroso é o tipo de cor- logo abaixo da glote. Nos bovinos adultos, com o enrijes-
rimento comum em bovinos, que, como se sabe, lambem cimento dos anéis cartilaginosos da traquéia, a maneira
constantemente as narinas. Assim, este corrimento é visto mais fácil de se provocar tosse é a obliteração do ar ina-
com mais intensidade naqueles animais que se apresen- lado até o animal reagir. A inspiração rápida de grande
tam deprimidos, por problemas que podem não estar re- quantidade de ar provoca a tosse, se houver inflamação
lacionados ao aparelho respiratório. Corrimento nasal das vias aéreas (MAREK e MÓCSY, 1965; PRINGLE,
mucoso relaciona-se à maior produção de muco pelas 1992a). Recomenda-se pai par toda a pane externa do

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GONÇALVES, R. C.; BARlüNI. G. Exame clínico do aparelho respiral6rio de bezerros I C/blica/ examiml1ioll oflhe respirl/lory system of co/ves. Rev. educo contin.
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cussão, de forma comparativa entre


o lado esquerdo e o direito da cara
do animal. A principal alteração que
se consegue ouvir é a modificação
do som normal (claro) para maciço,
indicando que, uma cavidade, que an-
tes era vazia, está sendo preenchida
por alguma substância, por exemplo,
com pus. É sinal indicativo de sinu-
site principalmente em bezerros após
descomas, ou de tumorações em seio
paranasal, em bovinos adultos (STÓ-
BER,1993).
No bovino, a resposta sonora
à percussão do tórax pode variar
desde o som normal (claro) até as
suas alterações com significado clí-
Figura 1: Palpação do gradil costal.
nico. Assim, áreas de sons subma-
ciços a maciços podem indicar teci-
aparelho respiratório, à procura de depressões (afunda- do pulmonar solidificado ou, pelo menos, quantidade di-
mento do osso nasal, fratura de anel traqueal cervical, minuída de ar no órgão. Isto ocorre em casos de pneu-
fratura de costelas) ou aumentos de volume, que possam monia ou de abscessos pulmonares. Áreas de som tim-
ou não ter sido verificados à inspeção. Procuram-se sem- pânico sugerem maior acúmulo de ar no puLmão, deno-
pre, nestas alterações superficiais, os sinais clássicos da tando enfisema ou pneumotórax. As anormalidades, para
inflamação. Se estes sinais forem detectados nos espa- serem percebidas, devem ter no mínimo o tamanho de
ços intercostais, sem aumentos de volume nesta região, um ovo de galinha ou de um punho e estar próximas à
pode tratar-se de pleurite. A palpação do tórax deve ser parede torácica, pois o som produzido pela percussão tem
feita com a mão espalmada e com a ponta dos dedos uma penetração de até sete centímetros. O encontro de
apoiada nos espaços intercostais. Aumenta-se gradati- som maciço na parte inferior do tórax com limite horizon-
vamente a pressão dos dedos e observa-se a reação do tal é indicativo de líquido no espaço pleural, por exemplo,
animal. Procura-se sentir ainda os frêmitos torácicos, na pleuris exsudativa (PRlNGLE, 1992; STÓBER, 1993)
relacionados a vibrações de grande quantidade de líqui- (Figura 2).
dos em brônquios ou provocados pelo
atrito pleural (Figura I). Na traquéia,
pela palpação também pode detec-
tar-se o chamado frêmito traqueaJ,
originado geralmente por acúmulo de
líquidos na traquéia (PRINGLE,
1992a; STÓBER, 1993).

Percussão

A percussão é um dos méto-


dos semiológicos que fornece infor-
mações a respeito do estado físico
do aparelho respiratório (MAREK
e MÓCSY, 1965). Deve ser realiza-
da desde os seios paranasais até o
tórax. Nos seios paranasais (frontal
e maxilar) a percussão deve ser fei-
ta com o cabo do martelo de per- Figura 2: Percussão do tórax com martelo e plessÍmetro.

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GONÇALVES, R. C.; BARIONI, G. Exame clínico do aparelho respiratório de bezerros I Cli,lical examinaJiofl of lhe respiratory system of ClII\'es. Rev. educo contin.
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uma área sobre a outra, especialmente


nos sons produzidos nas vias aéreas al-
tas que podem interferir na auscultação
pulmonar. Em vista disto, é bom lem-
brar que a origem de produção do som
é o local onde se ouve com maior inten-
sidade o ruído alterado (PRINGLE,
1992).
Para a realização da auscultação
do trato respiratório, é necessário um
ambiente silencioso, facilitando a com-
pleta concentração nas pequenas mu-
danças dos sons respiratórios (PRIN-
GLE, I992a). Para a realização dessa
técnica utiliza-se o estetoscópio. A aus-
cultação deve ser iniciada na traquéia e
prosseguir para a área pulmonar, no sen-
Figura 3: Auscultação dos pulmões.
tido crânio-caudal e dorso-ventral, aus-
cultando-se em cada local no mínimo
dois movimentos respiratórios; dessa
maneira é feita a auscultação de toda a
área pulmonar. Em alguns casos, torna-
se necessária a injbição temporária da
respiração do animal, obstruindo as na-
rinas com as mãos, ou aplicando-se
V\.r:t.
saco
.
plástico envolvendo o focinho, pará a in-
tensificação dos sons respiratórios
(STÓBER, 1993) (Figura 3 e Figura 4).
Pode-se, também, usar-se um saco
maior envolvendo o focinho, que além
de aumentar o espaço morto respirató-
rio, eleva o conteúdo de CO 2 e diminui
o de O 2 do ar inalado, de tal maneira
que há estimulação dos mecanismos de
compensação respiratória e intensifica-
Figura 4: Uso do saco plástico no focinho. ção dos sons na auscultação.
Os sons auscultáveis são dividi-
dos em sons normais e em sons respi-
Auscultação ratórios patológicos. Os sons normais são produzidos pela
turbulência do fluxo de ar e vibração das paredas das
A auscultação é o método diagnóstico que dá mai- vias aéreas com mais de 2 mm de diâmetro (KOTLlKOFF
ores informações a respeito do funcionamento do apare- e GILLESPIE, 1983; HTNCHCLlFF e BYRNE, 1991).
lho respiratório (ROUDEBUSH, 1982; HINCHCLlFF e Variam na qualidade, dependendo da velocidade do ar e
BYRNE, 1991). A interpretação correta dos sons res- da quantidade de tecido sobre a área que se está ouvindo
piratórios pressupõe conhecimentos sobre sua produção (CURTIS, 1986). Nas vias aéreas anteriores, ouve-se,
e transmjssão no trato respiratório normal, bem como dos sobre a traquéia, o som laringotraqueal, provocado pela
efeitos que modificam o padrão normal dos sons produzi- vibração das paredes da laringe e traquéia, quando da
dos (KOTLlKOFF e GILLESPIE, 1983). passagem do ar. Patologicamente, pode-se ouvir o ester-
Deve-se auscultar as vias aéreas anteriores e a tor ou estridor traqueal, provocado por acúmulo de líqui-
região torácica separadamente, embora não se deva es- do ou muco neste órgão, como se fosse o estourar de
quecer que pode haver interferência de auscultação de bolhas (PRT GLE, I992a; STÓBER, 1993).

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Na área pulmonar, os sons respiratórios normais terstício pulmonar, aumentando sua densidade como nas
são perceptíveis em duas partes do tórax: no terço inicial, pneumonias e no edema pulmonar (KOTLIKOFF e
antes chamado de sopro laringotraqueal, glótico, bronqui- GILLESPIE, 1984; PRINGLE, 1992).
alou tu bário (MAREK e MÓCSY, 1965; BRAZ, 1981);
é produzido pela vibração da parede dos grandes brôn- Diminuição de Intensidade dos
quios e, por isto, foi proposta por KOTLIKOFF e GIL- Sons Pulmonares Normais
LESPIE, (1984) e CURTlS, (1986) a denominação de
som bronquial; no terço final do tórax, o murmúrio vesi- Pode-se ter diminuição dos sons à auscultação
cular, antes definido como sendo a penetração de ar em pulmonar sempre que houver interferência na transmis-
alvéolos (MAREK e MÓCSY, 1965) ou de "pequenos são dos sons produzidos pelo órgão, ao ouvido de quem
vasos" (ROUDEBUSH, 1982); com o intuito de simplifi- está auscultando. Estas barreiras podem advir de um pro-
car, foi sugerido ainda o nome de som respiratório normal cesso fisiológico, como no caso de espessamento de tó-
(KOTLIKOFf e GILLESPIE, 1984; CURTlS, 1986). A rax por depósito excessivo de gordura, de paredes torá-
literatura atual, baseada nos mecanismos de produção e cicas mais musculosas, de animais de pêlos excessiva-
na localização, apresenta nova nomenclatura para os sons mente longos ou na diminuição da velocidade de penetra-
pulmonares. Denomina laringotraqueal, o som ouvido so- ção do ar, conseqüentemente, menor vibração das pare-
bre a laringe e traquéia; traqueobrônquico, o som do ter- des das vias aéreas, como nos animais em repouso.
ço anterior do tórax e, broncobronquiolar, o som presente Patologicamente, a diminuição de intensidade dos
nos dois terços posteriores do tórax (STOBER, 1993). sons respiratórios pode acontecer nos casos em que haja
Os sons patológicos do pulmão também sofreram aumento na distância entre o órgão produtor de som e o
modificações na sua nomenclatura. O estertor úmido está ouvido, por coleções de ar (enfisema torácico) ou de lí-
sendo denominado crepitação grossa e o estertor crepi- quido (coleções pleurais de exsudato ou transudato) no
tante, crepitação fina. O estertor roncante, ou ronco, e o espaço pleural. A diminuição de som pode ser tanta que,
estertor sibilante, ou sibilo, são denominados simplesmente às vezes, é completamente abolido sendo chamado, à
sibilos (LEHRER, 1990; HINCHCLIFF e BYRNE, 1991; auscultação, de área de silêncio pulmonar. Acontece sem-
STOBER, 1993), o roce pleural, mudado para ruído pleu- pre na ausência de brônquios pérvios, como nos casos de
ral-respiratório, o sopro cardiopleural, para ruído cardio- broncopneumonia com obstrução de brônquios e nos ca-
pleural e o sopro cardiopulmonar, para ruído cardiopul- sos em que haja compressões intensas por tumores ou
monar (LEHRER, 1990; STOBER, 1993). A despeito da grandes abscessos que não permitem a passagem do ar
nomenclatura modificada ou não, é necessário o conhe- no pulmão (KOTLIKOFF e GfLLESPIE, 1984; STO-
cimento da fisiopatologia dos sons pulmonares. Se o clí- BER,1993).
nico dominar a natureza diferenciada destes sons, certa-
mente saberá identificar os normais e os patológicos, e Sons Patológicos do Pulmão
diagnosticar os processos respiratórios.
Além das alterações dos sons normais do pulmão,
Significado Clínico dos Sons Respiratórios pode-se ouvir outros ruídos à auscultação.

Aumento de Intensidade CREPITAÇÃO GROSSA significa, clinicamen-


dos Sons Normais do Pulmão te, o aumento de líquido no interior de brônquios, seja
inflamatório ou não. O ar, ao passar pelos brônquios que
Basicamente, o aumento de intensidade dos sons estão com quantidade exagerada de líquido, determina a
normais do pulmão à auscultação significa aumento na formação de uma onda, de tal maneira que há obstrução
quantidade de ar que penetra neste órgão e, conseqüen- de sua luz. Como a pressão anterior e posterior a esta
temente, vibração maior das paredes das vias aéreas. onda líquida é diferente, a tendência é que haja desobs-
Toda vez que houver modificação na respiração, ou por trução da luz bronquial para em seguida haver nova obli-
aumento na freqüência (taquipnéia), na amplitude (hiperp- teração, já que o ar continua entrando. O som provocado
néia) ou ainda, por dificuldade respiratória (dispnéia), por estas obstruções e desobstruções seqüenciais asse-
haverá exacerbação na auscultação dos sons respiratóri- melha-se ao estourar de bolhas, sendo por isto chamado
os. Os sons respiratórios normais podem estar exacerba- de estertor bolhoso, ou ao sopro de ar em líquido, sendo
dos, também, nos casos em que haja facilitação de sua então denominado de estertor úmido. Modernamente, por
transmissão, especialmente quando houver líquido em in- ser um ruído de crepitação, está sendo chamado de cre-

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pitação grossa (KOTLIKOFF e GILLESPfE, 1984; HIN- folhas de papel, couro molhado ou um gemido (STÓBER,
CHCLIFF e BYRNE, 1991; STÓBER, 1993). Ocorre 1993).
nos casos de broncopneumonia, bronquites e no edema SOPRO, ROCE OU RuíDO CARDIOPLEU-
pulmonar. RAL é um ruído rude, semelhante ao raspar de duas
CREPITAÇÃO FINA é o som semelhante ao superfícies ásperas, ouvido durante a inspiração e coinci-
esfregar de cabelos próximo à orelha, ou ao estourar dente com a movimentação cardíaca. Corresponde ao
de pequenas bolhas. Antigamente, acreditava-se que atrito do pericárdio sobre a pleura inflamada, indicando
este som seria provocado pelo descolamento de alvé- portanto uma pleuris associada a uma pericardite (STÓ-
olos preenchidos por líquido inflamatório, se ocorresse BER,1993).
durante a fase inspiratória da respiração (MAREK e SOPRO OU RuíDO CARDIOPULMO-
MÓCSY, 1965). Mas, modernamente, sabendo-se que NAR é um ruído suave, de baixa intensidade, seme-
os on re piratório são produzidos em tubos de no lhante ao soprar com os lábios apertados. Conforme
mínimo 2mm (KOTLlKOFF e GILLESPIE, 1983; o ar passa nos brônquios menores, nas áreas pulmo-
STÓBER, 1993), deduz-se que este ruído seja produzi- nares que estão sobre o coração, ele pode ser inter-
do durante descolamento das pequenas vias aéreas rompido durante o período de contração isovolumé-
preenchidas por líquido. Se ele for inspiratório, pode trica da sístole ventricular. Quando ocorre a sístole,
significar edema pulmonar ou pneumonia e, se expira- a passagem do ar é liberada e ouve-se este som, in-
tório ou inspiratório/expiratório (misto), doença pulmo- terrompido, de forma seqüencial a cada novo início
nar obstrutiva crônica e ou enfisema pulmonar (STÓ- da sístole. Ocorre em animais sadios ou naqueles em
BER, 1993). que há excesso de produção de muco como na bron-
RONCO é um som grave, de alta intensidade, quiolite (STÓBER, 1993).
produzido por secreções viscosas aderidas à parede INSPIRAÇÃO INTERROMPIDA são peque-
de grandes brônquios, que vibram durante a passagem nas interrupções na inspiração, como se fosse o soluçar
do ar. Este som pode indicar broncopneumonia, se sua de uma criança chorando. Se durante a inspiração, ouve-
origem, ou seja, o seu ponto máximo de auscultação se este ruído, com o tórax movimentando-se de uma úni-
estiver no tórax, ou mostrar laringite ou laringotraque- ca vez, é indicação de obstrução seqüencial de brônqui-
íte, se for melhor ouvido na região da laringe ou tra- os, com líquido (muco) em quantidade não suficiente para
quéia (KOTLIKOFF e GILLESPIE, (1984). provocar a crepitação grossa. Se ruído for ouvido com a
SIBILO é um som agudo, de alta intensidade, parede torácica movimentando-se em dois tempos, é su-
que se assemelha a um chiado ou a um assobio. Indica gestivo de dor à inspiração (pleuris) ou excitação psíqui-
estreitamento de vias aéreas, causado por deposição de ca do animal (MAREK e MÓCSY, 1965; KOTLlKOFF
secreção viscosa aderida, que deforma a luz tubular, e GILLESPIE, 1984).
como se fosse um bico de flauta, ou ainda, broncoes-
pasmo. Se ocorrer no início da inspiração, está relacio- Exames auxiliares no diagnóstico
nado a processos extratorácicos como estenose da la-
ringe, compressão da traquéia ou muco espesso deposi- Os exames complementares não substituem o exa-
tado nestes locais. Se aparecer no fim da inspiração ou me clínico, mas em alguns casos tornam-se essenciais
expiração, pode indicar obstrução das pequenas vias para a determinação do tipo de processo, do agente cau-
aéreas, como nos casos de bronquite ou bronquiolite sai, da reação inflamatória presente e gravidade, auxi-
(HINCHCLTFF e BYRNE, 1991; STÓBER, 1993). liando na escolha do tratamento mais adequado e no es-
LEHRER (1990) cita os sibilos polifônicos como sons tabelecimento do prognóstico (WILSON, 1992; STÓBER,
graves, expiratórios, com variações de timbre e de alta 1993; DIXON, 1997).
intensidade, relacionando-os às alterações de calibre dos
brônquios principais. O HEMOGRAMA fornece informações escla-
ROCE PLEURAL OU RUÍDO PLEURAL é recedoras, principalmente indicar se a alteração respira-
o ruído provocado pelo atrito das pleuras visceral e pari- tória é inflamatória ou não. De maneira geral, a presença
etal inflamadas, indicando uma pleurite. Num animal sa- de leucocitose com neutrofilia indica processo bacteria-
dio, as pleuras deslizam suavemente umas sobre as ou- no e, se houver leucopenia com linfocitopenia, identifica
tras, sem provocar ruído algum. Quando há inflamação e processo viral (JAIN, 1993).
deposição de fibrina sobre elas, o atrito transmite-se ao O exame PARASITOLÓGICO de fezes é indi-
ouvido do examinador como se fosse o esfregar de duas cado no diagnóstico de verminose pulmonar por Dictyo-

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GONÇALVES, R. C.; BARlüNI, G. Exame clínico do aparelho respiratório de bezerros I Clinicai eXOminGlioll of lhe respiralory syslem of co/ves. Rev. educo contiDo
CRMV-SP I COl/ri/mous Educarioll Joumo/ CRMV-SP, São Paulo. volume 3, fascículo I, p. 004 - 013, 2000.

caulus viviparus. A técnica indicada para detecção de As medidas de gases sangüíneos arteriais, deno-
larvas é a do tubo cônico de centrifugação, de UENO e minada HEMOGASOMETRIA, são indicadas para
GONÇALVES (1994). A migração de larvas de ascarí- documentar a insuficiência pulmonar, diferenciar hipoven-
deos pode também facilitar o aparecimento de processos tilação de outras causas de hipoxemia, ajudar a determi-
intlamatórios no pulmão. nar a necessidade de oxigenação e posteriormente para
A DETECÇÃO SOROLÓGICA DE ANTI- monitorizar a resposta à terapia (PRINGLE, 1992a;
CORPOS, é usada principalmente para se detectar an- SWEENEY e SMITH, 1993). Para que as anormalida-
ticorpos contra agentes virais, que são potencialmente des atinjam valores mensuráveis, o comprometimento
patogênicos para o aparelho respiratório; embora seja pulmonar deve ser grave, em virtude dos mecanismos
de grande auxílio para se descobrir a etiologia da doen- compensatórios de defesa do organismo (SWEENEY e
ça, tem suas limitações. Um rebanho vacinado ou que SMITH, 1993).
tenha tido contato com o agente que se está pesquisan- BIOPSIA PULMONAR é indicada para ob-
do pode ser reagente para aquele antígeno, sem, no en- tenção de diagnóstico histológico, ou para informações
tanto, significar que o animal está doente. Muitos reba- prognósticas, principalmente em casos de moléstia pul-
nhos têm título sorológico e durante o episódio de um monar difusa, visto que a amostra obtida é muito pe-
problema respiratório a detecção de anticorpos não es- quena (SWEENEY e SMITH, 1993). Segundo PRIN-
clarecerá a sua etiologia. No entanto, a associação dos GLE (1992) e LARKIN (1994), em casos de lesões
sinais clínicos com o resultado sorológico poderá forne- focais, como nas neoplasias, a colheita deve ser guia-
cer fortes indícios para identificar o agente causal da por ultra-som ou endoscopia. A biopsia pulmonar
(MARTIN e BOHAC, 1986; DURHAN e HASSARD, não deve ser realizada nos casos de hipertensão pul-
1990; DUBOVI, 1993). monar, cistos, abscessos e coagulopatias (PRINGLE,
O exame RADIOGRÁFICO é um exame não 1992). Também deve ser evitado em animais com de-
invasivo do tórax, estruturas intratorácicas e seios para- pressão grave, dispnéicos ou moribundos (LARKIN,
nasais, que ajuda na identificação e definição das doen- 1994).
ças intratorácicas e do trato respiratório superior (SWE- TORACOCENTESE é indicada para a colheita
ENEY e SMITH, 1993). Mostra algumas alterações no de amostras de derrame pleural, para remover o fluido
aparelho respiratório e ajuda muito na avaliação do tipo e pleural ou ar para a estabilização dos animais com a
na localização da alteração e tamanho da área afetada. ventilação comprometida. As complicações da tora-
As radiografias torácicas são melhor realizadas em ani- cocentese são o pneumotórax causado pela laceração
mais com pequeno porte, exigindo equipamentos especi- pulmonar, hemotórax ou piotórax iatrogênico (RADOS-
ais nos bovinos adultos (PRINGLE, 1992; SWEENEY e TITS el ai., 1994) e são as mesmas da biópsia pulmo-
SMITH, 1993; AMES e HMIDOUCH, 1995) nar.
A ULTRA-SONOGRAFIA TORÁCICA pos- A NECRÓPSIA é método seguro na pesquisa
sibilita detectar abscessos, tumores, enfisema e proble- etiológica das afecções pulmonares nos bovinos. Conse-
mas de pleura (efusão pleural) (PRINGLE, I992a; AMES gue-se, com esse método, a visualização das lesões do
e HMIDOUCH, 1995). aparelho respiratório e a colheita do material necessário
A ENDOSCOPIA é hoje um grande auxílio no para análises di agnósticas, tanto do tipo de lesão, como
diagnóstico das doenças respiratórias. Permite a visuali- do agente causal. É bastante utilizada para o estudo da
zação e análise das características físicas e funcionais etiologia das afecções pulmonares em bezerros (TAVE-
do aparelho respiratório, que, além de facilitar a colheita RA el ai., 1982; LÓPEZ, 1995).
de secreções durante o exame, poderão servir para exa- Com o uso cada vez maior dos métodos auxilia-
mes citológicos e diagnóstico do agente causal (PRIN- res, o clínico está adquirindo grande ajuda para o diag-
GLE,1992). nóstico e estudo das doenças respiratórias dos bovinos.
O LAVADO TRAQUEOBRÔNQUICO E Muitos dos métodos apresentam custos muito altos ou
BRONCOALVEOLAR está intimamente associado são pouco práticos, e só se justificam em alguns animais.
com o exame físico por fornecer o acesso ao trato respi- Outros, necessitam de estudos mais profundos para que
ratório inferior, e desta maneira auxiliar no diagnóstico do sejam usados na rotina diagnóstica, mas sem dúvida, tra-
agente causal, na avaliação da gravidade do processo balhos futuros nesta área irão cada vez mais fornecer
intlamatório e conseqüente prognóstico das doenças res- meios para que se consiga diagnósticos rápidos e segu-
piratórias (GONÇALVES, 1987; GONÇALVES el ai., ros para as doenças respiratórias dos animais (PRIN-
1990; GONÇALVES, 1997). GLE, I992a).

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GONÇALVES, R. C.: BARIONI. G. Exame clínico do aparelho respiralório de bezerros I ClinicaI examillaliorl ofrlle respiratOlY system of call'es. Rev. educo contin.
CRMV-SP I ComillUolts Educarioll 10umal CRMV-SP, São Paulo, volume 3, fascículo I. p. 004 - 013. 2000.

SUMMARY
Infections of the respiratory tract are among the most common disease of calves, leading to large
economic losses as a result of costs involve in diagnosis, treatment and loss of animais. In this study,
history, inspection, palpation, percussion, auscultation and olfaction are described. Comments are
made about some ancillary diagnostic procedures.

Key words: Bovine, calves, respiratory system, examination.

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