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REVISÃO

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

I. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE: DIREITO COMPARADO E SISTEMA


BRASILEIRO;

II. BREVE ANÁLISE EVOLUTIVA DO SISTEMA BRASILEIRO DE CONTROLE DE


CONSTITUCIONALIDADE;

III. ESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADE;

IV. MOMENTOS DE CONTROLE;

V. CONTROLE DIFUSO:
- Contexto histórico;
- Controle difuso nos Tribunais e cláusula de reserva de plenário ou full bench;
- Efeitos da decisão;
- Teoria da abstrativização do controle difuso;
- Controle difuso em sede de Ação Civil Pública;

VI. CONTROLE CONCENTRADO:


- ADI genérica:
1. Objeto;
2. Teoria da transcendência dos motivos determinantes;
3. Teoria da inconstitucionalidade por arrastamento;
4. Lei “ainda constitucional”;
5. “Atalhamento constitucional”;
6. Competência;
7. Legitimidade;
8. Procedimento e características marcantes do processo objetivo;
9. Amicus curiae;
10. Efeitos da decisão;
11. Medida cautelar;
- ADPF:
1. Previsão constitucional e legal;
2. Competência e legitimidade;
3. Descumprimento de preceitos fundamentais: finalidade e parâmetro;
4. Objeto;
5. Subsidiariedade;
6. Medida cautelar.

- ADO:
1. Previsão constitucional;
2. Competência;
3. Espécies de omissão;
4. Objeto;
5. Medida cautelar;
6. Efeitos da decisão;
7. Fungibilidade;
8. Parâmetro.
- ADC:
1. Objeto e competência;
2. Legitimidade e efeitos;
3. Particularidades em relação à ADI;
4. Medida cautelar.
- Representação Interventiva:
1. Previsão Constitucional;
2. Conceito e finalidade;
3. Objeto;
4. Competência e legitimidade;
5. Procedimento;
6. Medida liminar.

VII. CONTROLE ABSTRATO DE CONSTITUCIONALIDADE NOS ESTADOS-MEMBROS:


- Previsão constitucional;
- Objeto e competência;
- Legitimidade;
- Parâmetro.

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I. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE – DIREITO COMPARADO E
SISTEMA BRASILEIRO:

São requisitos fundamentais do controle de constitucionalidade: 1) a


existência de uma Constituição rígida; 2) a atribuição de competência a um
órgão para resolver os problemas de constitucionalidade.
No que tange ao controle de constitucionalidade, a necessidade de
constituição rígida – aquela cujo procedimento de alteração formal é mais
rigoroso do que o das normas não constitucionais – relaciona-se à teoria do
escalonamento normativo e ao princípio da supremacia da Constituição,
que posicionam as normas constitucionais no grau máximo de hierarquia, para
que sirvam de parâmetro de validade das demais.

_______________________________________________________________
Supremacia material x supremacia formal

SUPREMACIA CARACTERÍSTICAS
Relaciona-se ao conteúdo da
Constituição, que é superior ao das
demais normas, pois cuidam da
MATERIAL estrutura do Estado, da organização
dos Poderes e dos direitos
fundamentais. Tanto as constituições
rígidas como as flexíveis podem ter
supremacia material.
Relaciona-se à forma como o
procedimento de alteração do texto
constitucional foi estabelecido. Assim,
FORMAL possuem supremacia formal as
Constituições cujo procedimento de
alteração é mais rigoroso do que o
das normas não constitucionais,
sendo, por isso, chamadas de rígidas.

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As constituições flexíveis, portanto,
não possuem supremacia formal.
Obs. 1: Para fins de controle de constitucionalidade, o que importa é a
SUPREMACIA FORMAL, bastando, portanto, que a norma invocada como
parâmetro esteja inserida no corpo da Constituição e, por isso, sua alteração
dependa de procedimento especial (rigidez constitucional).

ATENÇÃO: o CESPE, na PGEPB 2008, considerou incorreta a assertiva


segundo a qual “a distinção entre constituição formal e material é relevante
para fins de aferição da possibilidade de controle de constitucionalidade das
normas infraconstitucionais”. De fato, está incorreta, pois a classificação entre
constituição formal e material, embora próxima, não se confunde com a
distinção ora tratada, que cuida da supremacia. Aquela remete à ideia de Carl
Schmitt acerca da relação entre Constituição e lei constitucional: a primeira
é norma constitucional porque consagra conteúdo eminentemente
constitucional (direitos fundamentais, organização do Estado e dos Poderes);
a segunda, por sua vez, não guarnece conteúdo com materialidade
constitucional, mas é norma constitucional pelo simples fato de repousar no
corpo textual da Constituição. Respondendo à questão, tal distinção não tem
relevância porque, independente do conteúdo (classificação entre constituição
formal e material), se a Constituição gozar de supremacia formal, que se liga
à rigidez constitucional, servirá de parâmetro para o controle de
constitucionalidade.

Obs. 2: Por ser necessária a supremacia formal, apenas haverá controle de


constitucionalidade se a Constituição for rígida.

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II. BREVE ANÁLISE EVOLUTIVA DO SISTEMA BRASILEIRO DE
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE:

EVOLUÇÃO DO SISTEMA BRASILEIRO DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

Inexistente o controle de constitucionalidade, já que


imperava o dogma da soberania do Parlamento, cujas leis
Constituição de 1824 eram boas ao ponto de não se submeterem a controle
externo.

Surgimento do controle difuso, já que esta Carta foi


fortemente influenciada pela Constituição Americana de
Constituição de 1891
1787, berço deste tipo de controle.

Surgimento da ADI interventiva;


Consagração da cláusula de reserva de plenário;
Atribuição do Senado Federal para suspender a execução
Constituição de 1934
de leis tidas por inconstitucionais em controle difuso.

Conferia poderes discricionários ao Presidente da


República para determinar que as leis declaradas pelo Poder
Judiciário fossem reexaminadas pelo Parlamento, podendo
este Poder tornar sem efeito a decisão da Corte de Justiça,
Constituição de 1937
caso atingido o quórum de 2/3 em ambas as casas.

Restabeleceu a “normalidade” do controle de


constitucionalidade, amputando os poderes arbitrários do
Executivo.
Todavia, o ponto a se destacar diz com a edição da EC 16
de 1965, que inaugurou no Brasil o controle concentrado
Constituição de 1946
de constitucionalidade, cuja competência para exercê-lo foi

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conferida ao STF e a legitimidade exclusiva ativa para o
ajuizamento de ações ao PGR.
Destaca-se, ademais, a instauração do controle de
constitucionalidade abstrato no âmbito estadual.
Estabeleceu a impossibilidade de controle concentrado de
constitucionalidade estadual, à exceção da hipótese de ADI
Constituição de 1967
interventiva dos estados contra os municípios.

Constituição de 1988 Regras ora vigentes.

III. ESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADE:

SENTIDO DA TABELA

Inconstitucionalidade
orgânica: decorre da
inobservância da competência
legislativa para elaboração do
ato (Ex.: Estado legislando sobre
Direito Processual, cuja
competência é da União)

Inconstitucionalidade formal
propriamente dita: refere-se a
POR AÇÃO Vício formal ou vícios no procedimento
(INCONSTITUCIONALIDADE nomodinâmico: legislativo, seja por
POSITIVA) inobservância da iniciativa (vício
subjetivo), seja por desrespeito
ao rito e critérios de aprovação
legislativos (vício subjetivo)

Inconstitucionalidade por
violação a pressupostos
objetivos do ato: resulta de
vícios externos ao procedimento,

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mas a ele vinculados. (Ex.:
Medida Provisória editada sem
os pressupostos de relevância e
urgência ou criação de
Municípios sem consulta prévia à
população por plebiscito)

Vício material ou Refere-se à incompatibilidade da


nomoestático: norma examinada com o
conteúdo das regras e princípios
da Constituição.

POR OMISSÃO Decorre da inércia legislativa na regulamentação de


(INCONSTITUCIONALIDADE normas constitucionais de eficácia limitada.
NEGATIVA)

Obs. 1: O autor se refere a um terceiro caso de inconstitucionalidade positiva: a


inconstitucionalidade por vício de decoro parlamentar. A hipótese, para fins de concurso, ainda
não tem tanta relevância, bastando conhecer sua ideia central: a inconstitucionalidade decorre da
atuação corrupta dos parlamentares que aprovam leis, mediante o recebimento de vantagens
indevidas (Ex.: leis aprovadas mediante o pagamento do “Mensalão”).

Obs. 2: Em regra, a inconstitucionalidade formal macula todo o ato. Mas, na esteira de


Clèmerson Merlin Clève, excepcionalmente, há situações em que a inobservância ao
procedimento formal não acarreta a inconstitucionalidade total do ato, tal como ocorre com a
hipótese de Lei Ordinária versar sobre matéria afeta à Lei Complementar, sendo inconstitucional
apenas na parte usurpada (CESPE, TJPB, 2011).

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IV. MOMENTOS DE CONTROLE:

SENTIDO DA TABELA

Legislativo: Comissão de Constituição e Justiça


(CCJ);
PRÉVIO OU PREVENTIVO
Executivo: Veto jurídico;

Judiciário: MS impetrado por parlamentar;

Político: Cortes Constitucionais de natureza política


(França, Portugal e Espanha);

Jurisdicional: é o modelo adotado pelo Brasil, onde o


controle concentrado é exercido pelo STF e controle
POSTERIOR OU REPRESSIVO difuso pelos juízes de todos os graus;

Híbrido: aglutina os dois modelos acima, para que


determinadas normas sejam levadas ao Judiciário e
outras ao órgão de controle político.

Obs. 1: Conforme sustenta Barroso, no Brasil, existe controle político, nos casos de veto jurídico e rejeição
pela CCJ. O controle político, portanto, é preventivo no Brasil.

Obs. 2: No Brasil, consoante esposado na tabela, o controle repressivo ou posterior é realizado


principalmente pelo Poder Judiciário, em sede de controle concentrado e difuso de constitucionalidade.
Ocorre que os outros poderes também podem realizar, ainda que de forma secundária, controle repressivo
de constitucionalidade: 1) Poder Legislativo: (i) o Congresso Nacional pode controlar o poder regulamentar

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do Poder Executivo e os limites da delegação legislativa (art. 49, V, da CF/88); (ii) o CN pode deixar de
converter Medida Provisória em lei, por entendê-la inconstitucional; 2) Poder Executivo: pode deixar de
aplicar, no âmbito da Administração, uma lei que considere inconstitucional, homenageando, dessa
maneira, o princípio da supremacia da Constituição (posição adotada pelo STF e STJ).

Obs. 3: Os Tribunais de Contas podem, no caso concreto, analisar a constitucionalidade de determinada


norma, podendo deixar de aplicá-la se entendê-la inconstitucional. Cuida-se de controle posterior
sufragado pela Súmula 347 do STF: “o Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar
a constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público”.

Obs. 4: A legitimidade do parlamentar para o ajuizamento de MS preventivo, que se destina a corrigir


alegada violação às regras do processo legislativo ou às cláusulas pétreas, NÃO se estende aos respectivos
partidos políticos. Cuida-se, no MS, de tutela de direito público subjetivo, por isso mesmo afeto ao
indivíduo em atividade parlamentar. O controle, nesse caso, é difuso e concreto.
_____________________________________________________________________________________

QUESTÃO CESPE/AGU: O Presidente da República é parte legítima à impetração do MS, já que


também participa do processo legislativo? A legitimidade é apenas do parlamentar da Casa na qual a
questão está sendo debatida. O Presidente não tem legitimidade porque ele pode vetar o projeto de lei se
considerar que o processo legislativo está sendo violado. Faltaria interesse de agir no MS.

ATENÇÃO – controle preventivo judicial e “normas constitucionais interpostas”:


O controle preventivo a ser exercido pelo Poder Judiciário, durante o processo legislativo, abrange somente
a garantia de um procedimento em total conformidade com a Constituição. Não cabe, portanto, ao Judiciário
imiscuir-se em questões políticas e de organização interna do Poder Legislativo, sendo-lhe vedado
interpretar os chamados atos interna corporis, que se aperfeiçoam em normas regimentais.
A regra a ser fixada é, pois, a impossibilidade de controle de constitucionalidade dos referidos atos
interna corporis, como o regimento interno do Congresso Nacional.
Todavia, Gilmar Mendes propõe a possibilidade de aferição de constitucionalidade formal desses atos
quando eles disserem respeito ao processo legislativo previsto na CF/88, especialmente quando se
referirem ao trâmite de Emenda Constitucional. O autor assenta que, nesse caso, a discussão passa a ter
estrutura de controvérsia constitucional, devendo-se analisar as normas regimentais como normas
constitucionais interpostas, isto é, normas que, embora não sejam formalmente constitucionais, vinculam
os atos e procedimentos legislativos.

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V. CONTROLE DIFUSO:

CONTEXTO HISTÓRICO:

No caso “Marbury x Madison” foi proferida a primeira decisão


reconhecendo o poder de um órgão do Judiciário exercer controle de
constitucionalidade sobre as leis, podendo deixar de aplicá-las, caso
consideradas incompatíveis com a Constituição Federal. Essa “foi a decisão que
inaugurou o controle de constitucionalidade no constitucionalismo moderno,
deixando assentado o princípio da supremacia da Constituição, da
subordinação a ele de todos os Poderes estatais e da competência do Judiciário
como seu intérprete final, podendo invalidar os atos que lhe contravenham”
(BARROSO).

CONTROLE DIFUSO NOS TRIBUNAIS E CLÁUSULA DE RESERVA DE


PLENÁRIO OU FULL BENCH (ART. 97 DA CF/88):

O art. 97 da CF/88 consagra a cláusula de reserva de plenário, também


conhecida pela expressão full bench, nos seguintes termos:

“Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos
membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.”

Interpretando o texto constitucional, o STF sedimentou o entendimento de


que, não só a declaração de inconstitucionalidade (ato positivo), como também
a negativa de vigência, pela qual apenas se afasta a incidência da lei no caso
concreto, sem expressamente declará-la inconstitucional (ato negativo),
submete-se à reserva de plenário. Eis o teor da Súmula Vinculante 10:

“Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão


fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua
incidência, no todo ou em parte.”

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_______________________________________________________________
ATENÇÃO: Se o Pleno ou Órgão Especial do Tribunal já tiverem se manifestado
sobre a matéria, é desnecessária a observância da cláusula de reserva do
plenário. Entendimento que se afina aos princípios da economia processual e
da segurança jurídica.
_______________________________________________________________
ATENÇÃO: a cláusula de reserva do plenário se aplica às Turmas do STF
no julgamento de Recurso Extraordinário? A cláusula de reserva do plenário
não é de observância obrigatória no STF quando do julgamento de RExt, pois a
Corte Suprema não se inclui na expressão genérica “tribunais”, constante
do art. 97 da CF/88. As Turmas do STF, portanto, podem declarar a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo sem que violem a norma
constitucional inserta no referido dispositivo.
_______________________________________________________________
ATENÇÃO: a cláusula de reserva do plenário se aplica ao juízo de recepção
de direito pré-constitucional? ALEXANDRINO e VICENTE PAULO aduzem
que também não se submete à cláusula de reserva do plenário a aferição da
recepção ou da revogação do direito pré-constitucional. Isso porque, nessa
hipótese, não há juízo de inconstitucionalidade, mas mera revogação ou não
recepção de normas materialmente incompatíveis com a ordem constitucional
vigente.
_______________________________________________________________
ATENÇÃO: a cláusula de reserva do plenário se aplica ao juízo de
constitucionalidade? A observância à cláusula de reserva de plenário não é
exigida para arguições de CONSTITUCIONALIDADE de lei ou ato normativo,
mas tão somente quando o pedido incidental for de inconstitucionalidade
(CESPE, PGEPB, 2008)
_______________________________________________________________
ATENÇÃO: a cláusula de reserva do plenário se aplica às Turmas Recursais
dos Juizados Especiais? Não, pois esses órgãos não se subsomem à
densidade normativa da expressão “tribunais”, expressa no art. 97 da CF/88.
Dessa forma, as Turmas dos Juizados podem declarar incidentalmente a

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inconstitucionalidade de uma lei ou afastar a sua incidência no todo ou em parte,
sem afrontar a cláusula de reserva de plenário.
_______________________________________________________________
Quadro-resumo:
A cláusula de reserva de plenário se aplica a essas hipóteses?

O Pleno ou Órgão Especial já se NÃO


manifestou sobre a matéria:

Julgamento de RExt por turma do NÃO


STF:

Juízo de não recepção de direito pré- NÃO


constitucional:

Arguições de constitucionalidade: NÃO

Julgamento pelas Turmas Recursais NÃO


de Juizados Especiais:

EFEITOS DA DECISÃO

a) Para as partes: inter partes e ex tunc.


_______________________________________________________________
ATENÇÃO: O STF possui entendimento consolidado no sentido de que, embora
seja regra a aplicação de efeitos retroativos (ex tunc), a modulação de efeitos
também é possível no controle difuso. Assim, a decisão de
inconstitucionalidade pode ter, excepcionalmente, efeitos ex nunc ou pro futuro
(STF, RExt 197.917), a serem reconhecidos, em ponderação de valores, por
razões de excepcional interesse social, segurança jurídica ou boa-fé.
_______________________________________________________________

b) Para terceiros ou erga omnes (art. 52, X, CF/88):

Dispõe o art. 52, X, da CF/88:

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Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada
inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal
Federal.

Portanto, aplicando-se a regra constitucional acima transcrita, os efeitos


das decisões proferidas pelo STF, em sede de controle difuso de
constitucionalidade, apenas se espraiam para terceiros caso o Senado Federal,
mediante resolução, suspenda a execução, no todo ou em parte, da lei
declarada inconstitucional.
A suspensão pelo Senado Federal pode operar-se sobre leis federais,
estaduais, distritais e municipais. Em homenagem ao princípio da simetria e do
pacto federativo, as leis estaduais, distritais ou municipais, cotejadas em face da
respectiva Constituição Estadual ou Lei Orgânica do DF, podem ter sua eficácia
suspensa pela Assembleia Legislativa, depois de declaradas inconstitucionais
pelo Tribunal de Justiça.

_______________________________________________________________
ATENÇÃO: a expressão “no todo ou em parte”, constante do art. 52, X, da
CF/88, deve ser interpretada para se afastar a possibilidade de o Senado Federal
ampliar, restringir ou interpretar a decisão do STF. Ou seja, a resolução do
Senado deve adstringir-se aos termos decididos pelo STF. Assim, se lei toda
foi declarada inconstitucional, o Senado apenas pode, mediante
discricionariedade política, suspender a execução do ato normativo completo;
se a declaração alcançou apenas parte da lei, a atuação da casa legislativa
deverá ater-se a essa parte.
_______________________________________________________________

TEORIA DA ABSTRATIVIZAÇÃO DO CONTROLE DIFUSO:

O Ministro Gilmar Mendes capitaneia tese segundo a qual o art. 52, X, da


CF/88 deve ser interpretado à luz da teoria da mutação constitucional, para
significar que a atuação do Senado Federal é meramente declaratória e serve
apenas para tornar pública a suspensão da lei declarada inconstitucional pelo

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STF. Para ele, mesmo no controle difuso, os efeitos erga omnes de
inconstitucionalidade devem se operar imediatamente com a declaração da
Corte Suprema, sendo desnecessária, para fins constitutivos de eficácia, a
resolução do Senado.
_______________________________________________________________

ATENÇÃO: A teoria da abstrativização do controle difuso, contudo, não tem sido


acolhida pelo STF, sendo certa a necessidade de resolução do Senado Federal
para que, em sede de controle difuso, constituam-se efeitos erga omnes à
declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo.

Comentários: Dizer o Direito

Efeitos da declaração de inconstitucionalidade conforme a TEORIA


TRADICIONAL

Segundo o entendimento clássico, a decisão do STF reconhecendo a


inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo irá variar de acordo com a
espécie de controle exercido:

CONTROLE CONCENTRADO CONTROLE DIFUSO


Realizado pelo STF, de forma Realizado por qualquer juiz ou
abstrata, nas hipóteses em que lei ou Tribunal (inclusive o STF), em um
ato normativo violar a CF/88. caso concreto.
Produz, como regra, os seguintes Produz, como regra, os seguintes
efeitos: efeitos:
• Ex tunc • Ex tunc
• Erga omnes • Inter partes
• Vinculante • Não vinculante

Desse modo, pela teoria tradicional, em regra, a declaração de


inconstitucionalidade no controle difuso produz efeitos inter partes e não
vinculantes.

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Após declarar a inconstitucionalidade, o STF deverá comunicar essa
decisão ao Senado e este poderá suspender a execução, no todo ou em parte,
da lei viciada (art. 52, X):

Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:


X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional
por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal;

Trata-se de uma decisão discricionária do Senado. Caso ele resolva fazer


isso, os efeitos da decisão de inconstitucionalidade do STF que eram inter partes
passam a ser erga omnes. A resolução do Senado, portanto, amplia a eficácia
do controle difuso realizado pelo Supremo.

Efeitos da declaração segundo a TEORIA DA ABSTRATIVIZAÇÃO DO


CONTROLE DIFUSO

Em uma explicação bem simples, a teoria da abstrativização do controle


difuso preconiza que, se o Plenário do STF decidir a constitucionalidade ou
inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo, ainda que em controle difuso,
essa decisão terá os mesmos efeitos do controle concentrado, ou seja,
eficácia erga omnes e vinculante.
Assim, segundo essa concepção, se, em abril/2006, um juiz criminal de
Rio Branco (AC), por exemplo, decidisse que era constitucional a proibição de
progressão de regime em crime hediondo, o réu prejudicado poderia formular
uma reclamação diretamente ao STF, alegando que a autoridade de sua decisão
estaria sendo desrespeitada.
O STF iria conhecer essa reclamação e julgá-la procedente, determinando
que a decisão do juiz fosse cassada (art. 102, I, “l”, da CF/88).
Para essa corrente, o art. 52, X, da CF/88 sofreu uma mutação
constitucional e, portanto, deve ser reinterpretado. Dessa forma, o papel do
Senado, atualmente, é apenas o de dar publicidade à decisão do STF. Em outras
palavras, a decisão do STF, mesmo em controle difuso, já é dotada de efeitos
erga omnes e o Senado apenas confere publicidade a isso.

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Pode-se dizer que o STF acolheu a teoria da abstrativização do controle
difuso? O STF decidiu que houve mutação constitucional do art. 52, X, da
CF/88 e que o papel do Senado atualmente é apenas o de dar publicidade
da decisão?

NÃO. A resposta para essas perguntas ainda é negativa. É isso que se


extrai do resultado da Rcl 4335/AC, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgada em
20/3/2014.

A situação concreta discutida na referida reclamação foi a seguinte:


Em abril de 2006, ou seja, após a decisão do STF declarando
inconstitucional o § 1º do art. 2º da Lei n.° 8.072/90 (HC 82959/SP), o juiz da
vara de execuções penais de Rio Branco (AC) indeferiu o pedido de progressão
de regime em favor de um condenado, argumentando que a Lei de Crimes
Hediondos proibia e que a decisão do STF no HC 82959/SP somente teria
eficácia erga omnes se o Senado Federal suspendesse a execução do
dispositivo da Lei de Crimes Hediondos.
O réu, assistido pela Defensoria Pública, formulou reclamação no STF
alegando que o entendimento do juiz de 1ª instância ofendeu a autoridade da
decisão do STF no HC 82959/SP. Segundo argumentou o condenado, o
Supremo já havia definido que o dispositivo era inconstitucional. Logo, ninguém
mais poderia discordar, mesmo que a decisão tenha sido tomada em sede de
controle difuso.

Como o STF julgou essa reclamação?

Por maioria, a reclamação foi conhecida e julgada procedente. É preciso,


no entanto, ter calma e analisar o voto de cada julgador.
Apenas dois Ministros (Gilmar Mendes e Eros Grau) afirmaram
expressamente que:

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• as decisões do Plenário do STF proferidas em controle difuso de
constitucionalidade possuem efeitos erga omnes e
• que o papel do Senado, atualmente, é o de tão-somente dar publicidade
ao que foi decidido, tendo havido mutação constitucional do art. 52, X, da CF/88.

Os demais Ministros refutaram textualmente ou pelo menos não aderiram


a tais conclusões. Assim, para a maioria do STF, a decisão em controle difuso
continua ainda produzindo, em regra, efeitos apenas inter partes e o papel
do Senado é o de amplificar essa eficácia.

Principais argumentos do Min. Gilmar Mendes

O principal (e acho que atualmente único) expoente da teoria da


abstrativização do controle difuso no STF é o Min. Gilmar Mendes.
Para ele, de acordo com a doutrina tradicional, a suspensão da execução
pelo Senado do ato declarado inconstitucional pelo STF é um ato político que
empresta eficácia erga omnes às decisões definitivas sobre
inconstitucionalidade proferidas em caso concreto. No entanto, ele afirma que
essa concepção está ultrapassada e não mais se coaduna com a atual ordem
constitucional.
É preciso uma reinterpretação dos institutos vinculados ao controle
incidental de inconstitucionalidade. Reputou ser legítimo entender que, hoje em
dia, o papel do Senado é o de conferir simples efeito de publicidade, ou seja, se
o STF, em sede de controle incidental, declarar, definitivamente, que a lei é
inconstitucional, essa decisão terá efeitos gerais, fazendo-se a comunicação
àquela Casa legislativa para que apenas publique a decisão no Diário do
Congresso.

Principais argumentos do Min. Teori Zavascki:

Para o Min. Teori Zavascki (e a maioria dos demais membros do STF), o


art. 52, X, da CF/88 não sofreu mutação constitucional e o Senado continua
tendo o poder de conferir eficácia erga omnes às decisões do STF que, em
controle difuso, declaram a inconstitucionalidade de lei.

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O Ministro lembrou, contudo, que existem outras decisões do STF,
proferidas em controle difuso, e que gozam de força expansiva, mesmo sem o
art. 52, X, da CF/88. É como se o Ministro dissesse: o art. 52, X, da CF/88
continua válido, mas há decisões do Supremo que ganham eficácia erga omnes
mesmo sem a atuação do Senado.
O direito brasileiro tem seguido em direção a um sistema de valorização
dos precedentes judiciais emanados dos tribunais superiores, aos quais se
atribui, cada vez com mais intensidade, força persuasiva e expansiva em
relação aos demais processos análogos. Nesse ponto, o Brasil está
acompanhando um movimento semelhante ao que também ocorre em diversos
outros países que adotam o sistema da civil law e que vêm se aproximando,
paulatinamente, do que se poderia denominar de cultura do stare decisis, própria
do sistema da common law.
O Ministro citou diversos exemplos dessa força expansiva das decisões
proferidas, mesmo em processos individuais, sem que haja a suspensão da lei
pelo Senado.
Esse panorama ilustra a inequívoca força ultra partes que o sistema
normativo brasileiro atualmente atribui aos precedentes dos tribunais superiores
e, especialmente, do STF.
Vale ressaltar, no entanto, que, mesmo essas decisões do STF tendo
força expansiva, não é possível dizer que todas as vezes em que elas forem
descumpridas será permitido o ajuizamento de reclamação perante a Corte
Suprema.
Não há dúvida de que o descumprimento de qualquer dessas decisões
importará ofensa à autoridade das decisões do STF, o que, em uma
interpretação literal e radical do art. 102, I, “l”, da Constituição, permitiria a
qualquer prejudicado, propor reclamação na Corte. Ocorre que o mais prudente
é conferir uma interpretação estrita a essa competência, restringindo o
cabimento das reclamações.
A admissão incondicional de reclamação para qualquer caso de
descumprimento de decisão do STF transformará esse Tribunal em uma Corte
executiva, suprimindo instâncias locais e atraindo competências próprias das
instâncias ordinárias.

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Em outras palavras, não se pode dizer que a força expansiva das
decisões do STF seja sinônimo perfeito de efeitos erga omnes e
vinculantes. A reclamação cabe na hipótese de descumprimento de
decisões do STF que gozem de eficácia vinculante e erga omnes, mas não
será admitida em caso de violação a decisões que tenham “apenas” força
expansiva.
Assim, deve-se reconhecer que existem inúmeras decisões do STF com
força expansiva. No entanto, caso uma delas seja descumprida, a reclamação
somente será admitida quando for ajuizada por quem tenha sido parte na relação
processual em que foi proferida a decisão cuja eficácia se busca preservar.
A legitimação ativa mais ampla da reclamação somente será cabível nas
hipóteses em que a lei ou a CF/88 expressamente prever como sendo de efeitos
vinculantes e erga omnes. É o caso, por exemplo, das súmulas vinculantes.

Algumas conclusões:

1) O STF NÃO adota a teoria da abstrativização do controle difuso.

2) As decisões do Plenário do STF proferidas em controle difuso de


constitucionalidade possuem FORÇA EXPANSIVA (nas palavras do Min.
Teori Zavascki), mas não se pode afirmar que possuam, em regra,
eficácia erga omnes.

3) Para a maioria dos Ministros não houve mutação constitucional do


art. 52, X, da CF/88. O papel do Senado não é o de apenas dar publicidade
da decisão de inconstitucionalidade proferida em controle difuso. A
resolução do Senado continua conferindo eficácia erga omnes à
declaração de inconstitucionalidade prolatada no controle concreto.

_______________________________________________________________

CONTROLE DIFUSO EM SEDE DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA

Em sede de Ação Civil Pública, o controle difuso de constitucionalidade


somente será cabível como questão prejudicial, indispensável à resolução do

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litígio principal. Ou seja, não se pode ajuizar ACP com o objetivo precípuo de
declaração abstrata de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo. Bem ao
revés, descerra-se a possibilidade de controle por essa via apenas para declarar-
se incidentalmente a inconstitucionalidade de tais atos, em ordem a se resolver
um conflito concreto de cariz coletivo.
Isso porque os efeitos das decisões proferidas em ACP são, em regra,
erga omnes, não se podendo admitir a prolação de decisões de
inconstitucionalidade de atos normativos com tais efeitos por juízes de todos os
graus, pois assim seria usurpada a competência do STF.
Em suma, veda-se o ajuizamento de ACP como sucedâneo de ADI,
em razão de as competências para processamento e julgamento serem diversas
e exclusivas, não se podendo deduzir como pedido principal de ACP a
declaração de inconstitucionalidade de leis e atos normativos.
_______________________________________________________________

VI. CONTROLE CONCENTRADO

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INCONSTITUCIONALIDADE (ADI – GENÉRICA)

Nos termos do art. 102, I, a, da CF/88,

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da


Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou
estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo
federal;

1. Objeto da ADI

A expressão “ato normativo”, constante do dispositivo acima transcrito, já


foi analisada diversas vezes pelo STF, que tem adotado linha de raciocínio
baseada na normatividade do ato, entendida esta como o composto de
generalidade e abstração.

Assim, são considerados atos normativos:

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a) Resoluções administrativas dos tribunais;
b) Regimentos internos dos tribunais;
c) Decretos autônomos;
d) Emendas Constitucionais;
e) Tratados internacionais;
f) Medidas Provisórias e etc.
_______________________________________________________________
ATENÇÃO: Súmula de jurisprudência não pode sofrer controle concentrado
de constitucionalidade, pois não possui normatividade qualificada, ou seja, não
é ato normativo genérico e abstrato com coerção e imperatividade. E Súmula
Vinculante, pode ser objeto de ADI? Também não. Para elas, existe a
possibilidade de revisão ou cancelamento, por força do art. 103-A, §2º, da CF/88.
_______________________________________________________________
ATENÇÃO: Emendas Constitucionais, embora gozem da mesma estatura
hierárquica das demais normas constitucionais, podem ser objeto de controle
concentrado de constitucionalidade (Ex.: EC 62/2009 – “emenda do calote”,
que regulava o sistema de precatórios). Isso porque o processo de reforma
constitucional deve obedecer aos ditames consagrados no art. 60 da
Constituição Federal, sendo certo que, em caso de afronta, impõe-se a
declaração de inconstitucionalidade, a fim de que se estabilize o cenário
constitucional. As normas constitucionais originárias, contudo, não podem sofrer
controle de constitucionalidade, sendo soberana a construção do Poder
Constituinte Originário. No Brasil, portanto, não é aceita a tese das normas
constitucionais inconstitucionais, elaborada por Otto Bachof, sendo que os
aparentes conflitos se resolvem por meio de interpretação sistemática.
_______________________________________________________________
ATENÇÃO: Para o STF, a ADI não carecerá de interesse processual, se for
intentada contra Emenda Constitucional ainda não publicada oficialmente,
desde que antes do julgamento ocorra tal publicação. Isso porque, segundo
a Corte, as condições da ação devem ser analisadas no momento da
sentença. (CESPE, TRF1, 2009)

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STF: “Devendo as condições da ação coexistir à data da sentença, considera-
se presente o interesse processual ou de agir, em ADI de EC que só foi
publicada, oficialmente, no curso do processo, mas antes da sentença”.
_______________________________________________________________
ATENÇÃO: É possível o ajuizamento de ADI com vistas à declaração de
inconstitucionalidade de Medida Provisória, dado o seu caráter normativo e sua
força de lei. Caso a MP seja convertida em lei, contudo, a ADI perde o seu
objeto, devendo o autor da ação direta aditar o pedido à novel lei de conversão.
Porém, uma ressalva se impõe: se o pedido da MP se relacionar aos
pressupostos de relevância e urgência, a ADI não perde o objeto, tampouco a
conversão na lei respectiva sana o vício de pressuposto aludido.

Obs.: A análise pelo STF, em sede de ADI, acerca da configuração dos


pressupostos da MP – relevância e urgência – apenas é possível em caráter
excepcional, em razão da discricionariedade política dos termos, bem como
do princípio da separação dos poderes. Segundo o STF, contudo, o caso das
Medidas Provisórias que abrem crédito extraordinário (art. 167, §3º, da CF/88)
é diferente, pois para os seus pressupostos – imprevisibilidade e urgência – a
Constituição emprestou significação vinculada aos termos “guerra”, “comoção
interna” ou “calamidade pública”. Dessa forma, ao contrário do que ocorre em
relação aos requisitos de relevância e urgência (art. 62 da CF/88), que se
submetem a uma ampla margem de discricionariedade por parte do Presidente
da República, os requisitos de imprevisibilidade e urgência (art. 167, §3º, da
CF/88) recebem densificação normativa da Constituição, descerrando a
possibilidade de o Poder Judiciário, como regra (e não mais de forma
excepcional), cotejar a configuração de tais pressupostos aos vetores de
interpretação mencionados – “guerra”, “comoção interna” ou “calamidade
pública”.
_______________________________________________________________
ATENÇÃO: Regulamentos e decretos subordinados ou de mera execução
não podem sofrer controle concentrado de constitucionalidade, exatamente
porque não possuem normatividade. Caso sejam ilegítimos, a crise é de
ilegalidade, que macula a Constituição apenas de forma reflexa ou oblíqua.
_______________________________________________________________

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ATENÇÃO: Atualmente, o STF, no âmbito de controle concentrado de
constitucionalidade, procede à distinção entre ato de efeito concreto editado
pelo Poder Público sob a forma de lei e ato de efeito concreto não editado
sob a forma de lei. Para a Corte, essas leis, embora com conteúdo de ato
administrativo, podem ser objeto de controle concentrado de constitucionalidade,
pois a exigência de normatividade (generalidade e abstração) apenas alcança a
expressão “atos”, constante do art. 102, I, a, da CF/88. Eis a razão da
impossibilidade de se objetar, em controle abstrato de constitucionalidade, os
atos de efeitos concretos não editados sob a forma de lei, pois estes não são lei,
tampouco atos normativos.
Em suma: as leis, ainda que de efeitos concretos, podem ser objeto de
controle concentrado de constitucionalidade, tal como ocorre com as leis
orçamentárias (LOA, LDO e PPA); os atos de efeitos concretos não editados sob
a forma de lei não podem ser objeto de controle concentrado de
constitucionalidade, pois não são atos normativos, nem lei em sentido formal.
_______________________________________________________________
ATENÇÃO: É tradicional a posição do STF segundo a qual a perda de vigência
da lei combatida em ADI, ocorrida durante o trâmite do processo objetivo,
instaura relação de prejudicialidade, perdendo a ação direta o seu objeto.
Nesse caso, ainda que remanesçam efeitos concretos decorrentes da aplicação
da lei revogada, estes deverão ser sindicados em controle difuso.
Ou seja, independentemente da ocorrência de efeitos residuais
concretos, a revogação de lei ou ato normativo submetido a processo de
fiscalização abstrata de constitucionalidade instaura relação de
prejudicialidade a ensejar a extinção anômala do processo por perda
superveniente do objeto (CESPE, TRF5, 2011).

Obs.: Embora a regra seja a extinção do processo objetivo por perda do objeto,
em alguns casos específicos, o STF houve por bem afastar a preliminar de
prejudicialidade, sob o fundamento de que a revogação da lei objetada, na
iminência do julgamento da ADI, cuidava de fraude processual a ser combatida
pelo Judiciário.
_______________________________________________________________

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MUITA ATENÇÃO – Alteração do parâmetro de constitucionalidade:
Se o dispositivo constitucional invocado como parâmetro for modificado
por Emenda Constitucional, podem ocorrer duas situações:

1) Se a lei era CONSTITUCIONAL sob a égide do parâmetro original, mas em


virtude da EC tornou-se incompatível com a Constituição vigente, a ADI contra
tal lei resta prejudicada e o conflito se resolve no plano da revogação: o novo
parâmetro revoga a lei objeto da ADI;

2) Se a lei era INCONSTITUCIONAL sob a égide do parâmetro original, mas em


virtude da EC tornou-se compatível com a Constituição vigente, não há que se
proferir decreto de prejudicialidade da ADI, pois não se admite, no Brasil, a
convalidação de vício congênito de inconstitucionalidade, também conhecida
como o fenômeno da “constitucionalidade superveniente”. Assim, a lei objeto
da ADI deve ser nulificada perante a Constituição que vigorava à época de sua
edição, em homenagem ao princípio da contemporaneidade.
_______________________________________________________________

2. Teoria da transcendência dos motivos determinantes (efeitos irradiantes


ou transbordantes)

Comentários: Dizer o Direito

O STF não admite a “teoria da transcendência dos motivos


determinantes”

A Constituição Federal, em seu art. 102, § 2º, estabelece os efeitos da


decisão proferida pelo STF no controle abstrato de constitucionalidade:

Art. 102 (...)


§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal,
nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de
constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante,

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relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública
direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.

Vamos esquematizar esses efeitos:

Quanto ao aspecto subjetivo Eficácia contra todos (erga omnes)

(quem é atingido pela decisão?) Efeito vinculante

Quanto ao aspecto objetivo 1ª corrente: teoria restritiva

(que partes da decisão produzem Somente o dispositivo da decisão produz


eficácia erga omnes e efeito efeito vinculante.
vinculante?)
Os motivos invocados na decisão
(fundamentação) não são vinculantes.

__________________________________

2ª corrente: teoria extensiva

Além do dispositivo, os motivos


determinantes (ratio decidendi) da decisão
também são vinculantes.

Admite-se a transcendência dos motivos


que embasaram a decisão.

Em suma, pela teoria da transcendência dos motivos determinantes,


a ratio decidendi, ou seja, os fundamentos determinantes da decisão também
teriam efeito vinculante.

O STF adota a teoria da transcendência dos motivos determinantes (teoria


extensiva)?

NÃO. O STF já chegou a manifestar apreço pela teoria da transcendência


dos motivos determinantes na manifestação de alguns Ministros, mas,

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atualmente, a posição pacífica da Corte é no sentido de que não pode ser
acolhida.
Em julgado recente da Corte, noticiado no Informativo 668, a 1ª Turma do
STF reforça o entendimento de que não se admite a teoria dos motivos
determinantes (Rcl 11477 AgR/CE, rel. Min. Marco Aurélio, 29.5.2012).

A questão foi a seguinte:

“A”, Prefeito de uma cidade do interior do Ceará, teve suas contas


aprovadas pela Câmara Municipal, mas rejeitadas pelo Tribunal de Contas.
O Tribunal de Contas tomou essa decisão porque a Constituição do
Estado do Ceará prevê que o Tribunal de Contas irá julgar as contas dos
prefeitos.
“A” afirma que a decisão do Tribunal de Contas foi errada e que a
Constituição do Ceará, nesse ponto, viola a CF/88, considerando que, no caso
dos chefes do Poder Executivo, o Tribunal de Contas apenas emite parecer
prévio, não devendo julgar as contas.
“A” defende que o STF já acolheu essa tese, ou seja, a de que as contas
dos Prefeitos não são julgadas pelo Tribunal de Contas, mas sim pela Câmara
Municipal. Cita como precedentes do STF as ADIs 3715 MC/TO, 1779/PE e
849/MT.
Desse modo, “A”, inconformado com a decisão do Tribunal de Contas,
ajuíza reclamação no STF alegando que o entendimento do Supremo foi
desrespeitado pelo Tribunal de Contas.

Essa reclamação do Prefeito pode ser julgada procedente?

NÃO. Quando o STF julgou as ADIs 3715 MC/TO, 1779/PE e 849/MT, ele
realmente decidiu que:
As contas dos chefes do Poder Executivo são julgadas pelo Poder
Legislativo (no caso dos Governadores, pelas Assembleias e se for Prefeito,
pelas Câmaras Municipais);
No caso das contas dos chefes do Poder Executivo, o Tribunal de Contas
apenas emite um parecer prévio, que poderá ser acolhido ou não pelo Poder
Legislativo.

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No entanto, o STF mencionou essas duas conclusões acima expostas
apenas na fundamentação do julgado. O dispositivo da decisão foi a
declaração de inconstitucionalidade de normas das Constituições do Estado de
Tocantins (ADI 3715), de Pernambuco (ADI 1779) e de Mato Grosso (ADI 849).

O dispositivo das ADIs 3715 MC/TO, 1779/PE e 849/MT possui eficácia


vinculante e erma omnes?

SIM. Logo, a decisão do STF de que são inconstitucionais esses artigos


das Constituições do TO, PE e MT deve ser respeitada por todos e, em caso de
descumprimento, pode-se ajuizar reclamação no STF.

A fundamentação utilizada pelo STF ao julgar essas ADIs 3715 MC/TO,


1779/PE e 849/MT possui eficácia vinculante e erma omnes?

NÃO. Porque o STF não adota a teoria da transcendência dos motivos


determinantes.

O Supremo acolhe a teoria restritiva, de forma que somente


o dispositivo da decisão produz efeito vinculante. Os motivos invocados
na decisão (fundamentação) não são vinculantes.
Assim, ainda que a Constituição do Ceará tenha um artigo com redação
idêntica ao da Constituição do Tocantins (que foi declarado inconstitucional), não
se poderá ajuizar reclamação diretamente no STF caso o Tribunal de Contas
aplique normalmente esse artigo da Carta cearense. Teria que ser proposta uma
nova ADI impugnando a Constituição cearense ou então valer-se o interessado
dos instrumentos processuais para a defesa do seu direito e a declaração difusa
de inconstitucionalidade.

RECLAMAÇÃO:

A reclamação no STF é uma ação na qual se alega que determinada


decisão ou ato: (a) usurpou competência do STF; ou (b) desrespeitou decisão
proferida pelo STF.
No caso concreto, não houve desrespeito à decisão do STF porque a
posição do Tribunal de Contas foi contrária ao entendimento do Supremo

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expresso na fundamentação de algumas ADIs, mas não foi violadora de nenhum
dispositivo de decisão do Pretório Excelso.
O Min. Marco Aurélio (Relator) afirmou que não se pode utilizar a
reclamação, que é uma via excepcional (por ser proposta diretamente no STF
por qualquer interessado), como se fosse um incidente de uniformização de
jurisprudência.

OUTROS PRECEDENTES:

O STF possui outros precedentes, também atuais, negando aplicação à


teoria da transcendência dos motivos determinantes. Confira:

EMENTA AGRAVO REGIMENTAL NA RECLAMAÇÃO –


CABIMENTO DA AÇÃO CONSTITUCIONAL – AUSÊNCIA DE
IDENTIDADE DE TEMAS ENTRE O ATO RECLAMADO E O
PARADIGMA DESTA CORTE – TRANSCENDÊNCIA DE
MOTIVOS – TESE NÃO ADOTADA PELA CORTE – AGRAVO
REGIMENTAL NÃO PROVIDO.

1. É necessária a existência de aderência estrita do objeto do


ato reclamado ao conteúdo das decisões paradigmáticas do STF
para que seja admitido o manejo da reclamatória constitucional.

2. Embora haja similitude quanto à temática de fundo, o uso


da reclamação, no caso dos autos, não se amolda ao
mecanismo da transcendência dos motivos determinantes,
de modo que não se promove a cassação de decisões
eventualmente confrontantes com o entendimento do STF por
esta via processual. Precedente.

3. Agravo regimental não provido.

(Rcl 3294 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno,


julgado em 03/11/2011)
_______________________________________________________________

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(...) Este Supremo Tribunal, por ocasião do julgamento da Rcl 3.014/SP, Rel.
Min. Ayres Britto, rejeitou a aplicação da chamada “teoria da transcendência
dos motivos determinantes”. (Rcl 9778 AgR, Relator Min. Ricardo
Lewandowski, Tribunal Pleno, julgado em 26/10/2011)

_______________________________________________________________

O Supremo Tribunal Federal, ao julgar a ADI 2.868, examinou a validade


constitucional da Lei piauiense 5.250/02. Diploma legislativo que fixa, no âmbito
da Fazenda estadual, o quantum da obrigação de pequeno valor. Por se tratar,
no caso, de lei do Município de Indaiatuba/SP, o acolhimento do pedido da
reclamação demandaria a atribuição de efeitos irradiantes aos motivos
determinantes da decisão tomada no controle abstrato de normas. Tese
rejeitada pela maioria do Tribunal. (...) (Rcl 3014, Relator Min. Ayres Britto,
Tribunal Pleno, julgado em 10/03/2010)

_______________________________________________________________

3. Teoria da “inconstitucionalidade por arrastamento” ou “atração”, ou


“inconstitucionalidade por reverberação normativa”.

A teoria da “inconstitucionalidade por arrastamento” caracteriza-se como


técnica de decisão judicial destinada a nulificar, por inconstitucionalidade,
disposições normativas que não estejam arroladas nos pedidos da ADI, mas que
se relacionam às normas diretamente impugnadas por vínculo de
instrumentalidade. Há, portanto, entre o dispositivo impugnado e o dispositivo
alcançado por “arrastamento” relação de dependência jurídica: se o primeiro
for declarado inconstitucional, o segundo, consequentemente, deverá também
sê-lo, ainda que, quanto a este, não haja pedido expresso na ADI.
Com efeito, se as normas legais guardam interconexão e mantêm, entre
si, vínculo de dependência jurídica, formando-se uma incindível unidade
estrutural, não poderá o Poder Judiciário proclamar a inconstitucionalidade de
apenas algumas das disposições, mantendo as outras no ordenamento jurídico,
sob pena de redundar na desagregação do próprio sistema normativo a que se
acham incorporadas (ALEXANDRINO e VICENTE PAULO).

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_______________________________________________________________
ATENÇÃO: A técnica da declaração de inconstitucionalidade por arrastamento
revela-se como exceção ao princípio processual da congruência ou da
correlação, segundo o qual “o juiz decidirá a lide nos limites em que foi proposta,
sendo-lhe defeso conhecer de questões, não suscitadas, a cujo respeito a lei
exige a iniciativa da parte” (art. 128 do CPC). Isso porque a norma alcançada por
atração pode ser declarada inconstitucional, mesmo quando não haja pedido
expresso na ADI em relação a ela, justificando-se tal excepcionalidade pela
necessidade de se manter a coerência do sistema.
_____________________________________________________________________
ATENÇÃO: A técnica de declaração de inconstitucionalidade por arrastamento
pode ser aplicada tanto em processos distintos, como em um mesmo
processo, sendo esta última situação verificada com maior frequência no STF.
_____________________________________________________________________

4. Lei “ainda constitucional”, ou “inconstitucionalidade progressiva”, ou


“declaração de constitucionalidade de norma em trânsito para a
inconstitucionalidade”:

Segundo Gilmar Mendes, o reconhecimento da inconstitucionalidade


progressiva é uma técnica de decisão aplicada às situações inconstitucionais
imperfeitas, afetas a um plano intermediário situado entre o estado de
constitucionalidade plena e o de inconstitucionalidade absoluta, nas quais as
circunstâncias fáticas do momento justificam a manutenção da norma.
Em outras palavras, as “leis ainda constitucionais” são normas cuja
constitucionalidade é transitória e amparada por circunstâncias de fato, que,
quando desaparecem em razão do natural caminhar das coisas, tornam as
referidas normas inconstitucionais.
As “leis em trânsito para inconstitucionalidade” são mantidas, em um
primeiro momento, por razões de segurança jurídica.
Exemplo:
Prazo em dobro para Defensoria Pública no processo penal: decorre
dos princípios processuais da paridade de armas, do devido processo legal e da
isonomia a necessidade de se fixar, em regra, prazos e condições iguais para as

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partes do processo. No processo penal, não existe a prerrogativa de prazo para
Ministério Público constante do art. 188 do CPC, sendo os seus prazos contados
de forma simples. De outro lado, a Lei n.º 80/94 estabeleceu que todos os prazos
da Defensoria Pública seriam contados em dobro, inclusive os do processo
penal. O STF, instado a se manifestar, decidiu que tal disposição seria
constitucional, apenas até quando as Defensorias Públicas se instalassem
efetivamente. Ou seja, naquele momento de “nascimento” das defensorias, as
circunstâncias fáticas justificariam a constitucionalidade transitória da referida lei,
que deverá ser progressivamente inconstitucional à medida que se organizem
os órgãos aludidos.
_______________________________________________________________

5. “Atalhamento constitucional” ou “desvio de poder constituinte”:

A expressão “desvio de poder constituinte” foi cunhada pelo professor


Fábio Konder Comparato, para traduzir o que os alemães chamam de
“atalhamento da Constituição”.
O instituto não é acolhido pelo Direito brasileiro, pois com ele se intenta,
por meios que se mostram aparentemente lícitos, fins não concebidos pela
ordem constitucional. Vale dizer, há vedação ao “atalhamento da Constituição”,
para impedir que qualquer artifício abrande, suavize, abrevie ou dificulte a ampla
produção de efeitos dos princípios constitucionais.
Exemplo:
Princípio da anualidade eleitoral – EC 52/2006 e art. 16 da CF/88: O
Ministro Lewandowski, em seu voto na ADI 3.685, referiu-se ao princípio da
vedação ao “atalhamento constitucional”, para afastar a intenção da EC 52/2006
de burlar o princípio da anualidade eleitoral, constante do art. 16 da CF/88,
segundo o qual “a lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de
sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data
de sua vigência”. A referida emenda, que foi editada no ano de 2006, para
desobrigar a vinculação das coligações nos âmbitos federal, estadual e
municipal, a pretexto de valer para as eleições de 2002 (meio aparentemente
lícito), possuía nítida intenção de ser aplicada já para as eleições de 2006,
desrespeitando, assim, o princípio da anualidade mencionado (fim ilícito).

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_______________________________________________________________

6. Competência (ADI genérica):

O controle de constitucionalidade concentrado destina-se à aferição de


validade formal e material de ato normativo infraconstitucional em face da
Constituição Federal ou Estadual.
No Brasil, tal expediente é realizado por órgãos constitucionalmente
instituídos no âmbito territorial que lhes compete jurisdição. Assim, o STF
procede ao controle abstrato de leis e atos normativos em face da CF/88, ao
passo que o TJ realiza o controle de leis e atos normativos estaduais e
municipais perante a respectiva CE.
_______________________________________________________________

MUITA ATENÇÃO – controle de lei ou ato normativo municipal em face da


CF: É inviável o controle de constitucionalidade, por meio de ADI, de ato
normativo municipal em face da CF. Contudo, caso a norma da CF/88 seja
repetida pela CE, será possível o controle concentrado do dispositivo municipal
em face da Carta local. Nessa hipótese, quando a norma que serviu de
parâmetro de controle na CE for de reprodução obrigatória, será cabível, da
decisão proferida pelo TJ, Recurso Extraordinário ao STF.
_______________________________________________________________

7. Legitimidade (ADI genérica)

Antes da CF/88, o único legitimado para o ajuizamento de ADI era o


Procurador-Geral da República. Atualmente, o rol de legitimados é expresso no
art. 103 da CF/88:
Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e
a ação declaratória de constitucionalidade:
I - o Presidente da República;

II - a Mesa do Senado Federal;

III - a Mesa da Câmara dos Deputados;

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IV - a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa

do Distrito Federal;

V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;

VI - o Procurador-Geral da República;

VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;

VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;

IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito

nacional.

_______________________________________________________________
ATENÇÃO – incisos II e III: Segundo o STF, Mesa do Congresso Nacional
não tem legitimidade para propositura de ADI. Os legitimados são as Mesas
do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, assim consideradas de forma
desagregada.
_______________________________________________________________
ATENÇÃO – inciso VIII: Segundo o STF, a exigência de representação de
partido político no Congresso Nacional é preenchida com a existência de
apenas 1 (um) parlamentar, em qualquer das casas legislativas.
_______________________________________________________________
ATENÇÃO – inciso VIII: Segundo o STF, a perda superveniente de
representação no Congresso Nacional não induz extinção do processo sem
resolução do mérito, devendo a legitimidade ser averiguada instantânea e
estaticamente no momento da propositura da ação direta.

MUITO CUIDADO: essa hipótese é distinta da que ocorre no controle difuso e


preventivo instaurado por Mandado de Segurança de parlamentar, com o
objetivo de ver respeitadas as regras do processo legislativo. Nessa situação, a
aferição da legitimidade é permanente e dinâmica, restando prejudicado o
julgamento da ação se o parlamentar perder o mandato. A razão da distinção é
simples: (i) no controle abstrato, não há pretensão subjetiva e individual a ser
tutelada, daí porque, iniciado o processo objetivo, o interesse em sua resolução
é de todos; (ii) no controle difuso, por sua vez, instaurado com o ajuizamento

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de MS preventivo, tutela-se direito subjetivo do parlamentar, sendo seu,
enquanto investido de tal múnus, o interesse de se submeter às regras
escorreitas do processo legislativo.
_______________________________________________________________
ATENÇÃO – inciso IX: Segundo o STF, a expressão “entidade de classe”,
expressa no referido inciso, deve ser interpretada como categoria profissional.
Assim, de acordo a Corte Suprema, a União Nacional dos Estudantes – UNE
não é legitimada ao ajuizamento de ADI.
_______________________________________________________________
ATENÇÃO – inciso IX: Segundo o STF, entidade de classe de “âmbito
nacional” é aquela entidade organizada em, pelo menos, 9 (nove) Estados da
Federação. Entendimento que se afina à Lei Orgânica dos Partidos Políticos,
aplicada, no caso das entidades, de forma analógica. Por sua vez, a
“confederação sindical”, também referida no dispositivo, deve congregar, pelo
menos, 3 (três) federações.
_______________________________________________________________
ATENÇÃO – inciso IX: Atualmente, o STF entende que as “associações de
associações” são legitimadas ao ajuizamento de ADI, pois se enquadram no
conceito de entidade de classe. Resta superada, assim, a jurisprudência
tradicional da Corte, no sentido de não franquear legitimidade a tais
organizações, sob o fundamento de que elas representariam as associações
representativas menores, e não a classe profissional.
_______________________________________________________________
ATENÇÃO – capacidade postulatória: O STF decidiu que apenas os partidos
políticos (inciso VIII) e as confederações sindicais ou entidades de classe
(inciso IX) necessitam de advogado para ajuizar ADI. Os demais legitimados,
nesse particular, possuem capacidade postulatória plena.
_______________________________________________________________
ATENÇÃO – pertinência temática: De acordo com o STF, apenas a Mesa de
Assembleia Legislativa (inciso IV), Governador de Estado (inciso V) e
confederação sindical ou entidade de classe (inciso IX) precisam demonstrar
pertinência temática. Os demais legitimados podem ajuizar ADI contra lei de
qualquer teor.

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_______________________________________________________________

8. Procedimento e características marcantes do processo objetivo:

O procedimento do processo objetivo é regulado pela Lei n.º 9.868/99 (de


leitura obrigatória, por sinal).
Dentre outras particularidades, destacam-se as seguintes regras do
processo concentrado de constitucionalidade:

a) Inexistência de prazo recursal em dobro ou diferenciado para contestar;


b) Inexistência de prazo prescricional ou decadencial;
c) Impossibilidade de intervenção de terceiros, ressalvada a possibilidade de
participação de amicus curiae;
d) Vedação à desistência da ação proposta;
e) Irrecorribilidade da decisão que declara a constitucionalidade ou
inconstitucionalidade da lei ou ato normativo, ressalvada a possibilidade de
oposição de embargos declaratórios;
f) Recorribilidade, por agravo, da decisão que declara a inépcia da inicial ou sua
manifesta improcedência.

_______________________________________________________________
ATENÇÃO – atribuições do AGU e do PGR: O AGU deverá defender o ato
impugnado, não lhe sendo franqueada, via de regra, independência intelectual
para agir no processo de controle objetivo. Por sua vez, o PGR emitirá parecer
cujo teor, ao contrário, poderá indicar tanto a constitucionalidade, como a
inconstitucionalidade do objeto da ADI.

Obs. 1: Segundo o STF, o AGU “não está obrigado a defender tese jurídica
se sobre ela esta Corte já houver fixado entendimento pela sua
inconstitucionalidade”.

Obs. 2: Ainda que a lei ou o ato normativo sejam estaduais, a atribuição para
defendê-los, em sede de ADI ajuizada no STF, é do AGU, e não do PGE, como
se possa imaginar. Cuidado!

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PERGUNTA: O AGU deve atuar no procedimento de ADI por omissão?

Conforme já assentado, no procedimento de controle de


constitucionalidade, o AGU tem a atribuição constitucional de defender a norma
impugnada, conforme reza o art. 103, §º, da CF/88:

§ 3º Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a


inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato normativo,
citará, previamente, o Advogado-Geral da União, que defenderá
o ato ou texto impugnado.

Na ADI por omissão, o problema constitucional que se busca solucionar


é, exatamente, a FALTA DE NORMA. Dessa forma, qual seria a função do AGU,
já que inexiste texto a ser defendido?
Ocorre que a omissão inconstitucional pode ser total (ausência de norma)
ou parcial (insuficiência de norma). Ou seja, quando se ajuíza uma ADI por
omissão parcial, impugna-se, a bem da verdade, um texto normativo, em razão
de a norma ser inconstitucionalmente limitada.
Desta feita, o AGU pode atuar em ADI por omissão, desde que tal omissão
seja parcial, pois apenas assim é possível preencher a hipótese normativa do
art. 103, §3º, da CF/88.
_______________________________________________________________

9. Amicus curiae

Comentários: Dizer o Direito

Conceito e finalidade

Amicus curiae é alguém que, mesmo sem ser parte, em razão de sua
representatividade, é chamado ou se oferece para intervir em processo relevante
com o objetivo de apresentar ao Tribunal a sua opinião sobre o debate que está
sendo travado nos autos, fazendo com que a discussão seja amplificada e o
órgão julgador possa ter mais elementos para decidir de forma legítima.

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Nomenclatura

Amicus curiae, em uma tradução literal do latim, significa “amigo da corte”


ou “amigo do tribunal”. Obs.: amici curiae é o plural de amicus curiae.

Natureza jurídica

Existe muita polêmica sobre este ponto, mas prevalece, entre os Ministros
do STF, que o amicus curiae é uma forma de intervenção anômala de
terceiros.

Previsão legal

Existem algumas leis que preveem expressamente a participação


do amicus curiae, destacando-se a: (1) Lei n.º 9.868/99 – ADI/ADC/ADO: nos
processos de ADI, ADC e ADO em tramitação perante o STF, o Ministro Relator,
considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes,
poderá admitir a manifestação de outros órgãos ou entidades; (2) Lei 9.882/99 –
ADPF: nos processos de ADPF em tramitação perante o STF, o Ministro Relator
poderá autorizar sustentação oral e juntada de memoriais por requerimento dos
interessados no processo.

Vale a pena destacar a previsão da Lei n.º 9.868/99 (ADI / ADC), que é a
mais cobrada:

Art. 7º Não se admitirá intervenção de terceiros no processo de


ação direta de inconstitucionalidade.

§ 2º O relator, considerando a relevância da matéria e a


representatividade dos postulantes, poderá, por despacho
irrecorrível, admitir, observado o prazo fixado no parágrafo
anterior, a manifestação de outros órgãos ou entidades.

(...)

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Art. 12-E. Aplicam-se ao procedimento da ação direta de
inconstitucionalidade por omissão, no que couber, as
disposições constantes da Seção I do Capítulo II desta Lei.

Como se vê, em regra, não é admitida a intervenção de terceiros nos


processos de ADI e ADC, sendo, contudo, permitida a participação do amicus
curiae, que é uma intervenção anômala.

Ressalte-se que é irrecorrível a decisão (“despacho”) que admite a


participação do amicus curiae, sendo admissível agravo regimental contra a
decisão que inadmite a sua intervenção.

Formalização da participação do amicus curiae:

O amicus curiae pode ser convocado, de ofício, pelo Tribunal, ou, então,
pleitear sua participação no processo. O STF já decidiu que o pedido de
admissão do amicus curiae deve ser assinado por advogado constituído, sob
pena de não ser conhecido (ADPF 180/SP).
O amicus curiae não poderá intervir se o processo já foi liberado pelo
Relator para que seja incluído na pauta de julgamentos (STF ADI 4071 AgR, Min.
Re. Menezes Direito, Tribunal Pleno, julgado em 22/04/2009). Assim, o
momento fatal para intervenção do amicus curiae é a liberação do processo
para a pauta de julgamento.

Poderes do amicus curiae:

O amicus curiae pode apresentar memoriais por escrito? SIM.

O amicus curiae pode fazer sustentação oral? DEPENDE. Nos processos


perante o STF: SIM. Nos processos perante o STJ: NÃO. Não é direito do
amicus, mas a Corte pode convocá-lo para sustentação oral se entender
necessário (QO no REsp 1.205.946-SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, em
17/8/2011).

O amicus curiae pode recorrer contra a decisão proferida? NÃO. O


amicus curiae não pode recorrer porque não é parte. Não pode nem mesmo opor

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embargos de declaração. Essa é a posição do STF (ADI 3615 ED/PB, rel. Min.
Cármen Lúcia, 17.3.2008), o que foi reafirmado no Informativo 696 STF. Vale
ressaltar, no entanto, que o amicus curiae pode recorrer, interpondo agravo
regimental, contra a decisão do Relator que inadmitir sua participação no
processo.

Obras consultadas: DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil.


Salvador: Juspodivm, 2013. NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. 6ª ed.
São Paulo: Método, 2012.
_______________________________________________________________
Questões sobre o tema:
(Juiz Federal TRF2 2013 – CESPE) O amicus curiae somente pode demandar a
sua intervenção até a data em que o relator liberar o processo para pauta de
julgamento, e a sua participação será autorizada mediante despacho irrecorrível
do relator nas ações diretas de inconstitucionalidade; porém a sua participação
não será cabível no procedimento de controle difuso de constitucionalidade.
(ERRADO)

(TJDFT 2012) Embora não seja admitida a intervenção de terceiros no processo


da Ação Direta de Inconstitucionalidade, o Supremo Tribunal Federal vem
permitindo o amicus curiae, para possibilitar à sociedade um mais amplo debate
da questão constitucional. (CERTO)

(MP/SP 2012) A figura do amicus curiae ou “amigo da Corte”, cuja função


primordial é juntar aos autos parecer ou informações com o intuito de trazer à
colação considerações importantes sobre a matéria de direito a ser discutida pelo
Supremo Tribunal Federal, bem como acerca dos reflexos de eventual decisão
sobre a inconstitucionalidade ou constitucionalidade da espécie normativa
impugnada pode ser admitida a qualquer tempo, antes do julgamento final,
exigindo a maioria de 2/3 dos membros do STF. (ERRADO)

(TJ/BA 2012 – CESPE) No processo objetivo do controle de constitucionalidade,


a intervenção do amicus curiae equivale à intervenção de terceiros, o que lhe
garante a prerrogativa de interpor recurso para discutir a matéria objeto de
análise na ação em que atua. (ERRADO)

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(Juiz Federal TRF2 2009 – CESPE) O STF admite a figura do amicus curiae na
ADC, sem, contudo, reconhecer-lhe a faculdade de interpor recurso quanto à
matéria objeto do processo objetivo, salvo quando se insurge contra a decisão
que não admite sua intervenção. (CERTO)

(DPE/SP 2012 – FCC) É possível a intervenção de amicus curiae no


procedimento de análise da repercussão geral em recurso extraordinário, dando
legitimação social à decisão do STF. (CERTO)

(PFN 2012 – ESAF) A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, diante da


importância da apreciação de controvérsias sob a sistemática do julgamento por
amostragem de recursos repetitivos, permite a ampla participação de amicus
curiae, inclusive com direito à sustentação oral. (ERRADO)

(TJ/CE 2012 – CESPE) Na ação direta de inconstitucionalidade por omissão,


admite-se a participação do amicus curiae, bem como de peritos especializados
na realização de audiências públicas. (CERTO)

_______________________________________________________________
ATENÇÃO: O STF não tem admitido que pessoas físicas ingressem como
amicus curiae, pois estas carecem de representatividade adequada.

Pergunta-se: Parlamentar, que exerce, por força de disposição


constitucional, representação do povo, pode ser admitido no processo
objetivo como amicus curiae? O STF ainda não se manifestou sobre o tema,
havendo decisões de Tribunais locais admitindo essa intervenção, exatamente
sob o fundamento da democracia representativa.
_______________________________________________________________

10. Efeitos da decisão (ADI genérica)

Os efeitos da decisão de mérito de ADI são:

a) Dúplices ou ambivalentes: a procedência da ADI redunda na


inconstitucionalidade da lei ou ato normativo impugnados, ao passo que a sua
improcedência, na constitucionalidade do referido objeto;

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b) Erga omnes: opera-se, assim, contra todos;

c) Ex tunc: a aplicação de efeitos retroativos (ex tunc) é a regra, nulificando a lei


ou ato normativo impugnado ab initio. Porém, é possível a declaração de
inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade, caso sejam reconhecidas
por 2/3 dos membros do Tribunal (8 ministros) razões de excepcional interesse
social ou de segurança jurídica. Dessa feita, os efeitos podem ser ex nunc, pro
futuro, ou mesmo fixados em algum outro momento pela Corte.

d) Efeito vinculante em relação à Administração Pública e aos outros órgãos


do Poder Judiciário (exclui o próprio STF): o que descerra a via da
Reclamação Constitucional, inclusive em caso de improcedência da ação,
quando é reconhecida a constitucionalidade do objeto impugnado.

_______________________________________________________________
ATENÇÃO – princípio da “parcelaridade”: Com base nesse princípio, é
possível que o STF declare a inconstitucionalidade de apenas uma palavra ou
expressão, não estando adstrito ao dispositivo por completo (inciso, parágrafo
ou artigo).

CUIDADO: essa situação difere da hipótese do veto presidencial, que somente


pode ser declarado em relação à totalidade do dispositivo em tramitação
legislativa.
_______________________________________________________________
ATENÇÃO – declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto:
Cuida-se da técnica hermenêutica conhecida como “interpretação conforme a
Constituição”, que visa, a um só tempo, conservar o ato normativo no
ordenamento vigente e afastar possíveis interpretações inconstitucionais,
imprimindo ao texto objurgado significação compatível com a Lei Maior. Dessa
maneira, ao invés de se declarar inconstitucional o objeto impugnado e expurgá-
lo do sistema normativo, é preferível, tanto quanto seja possível, mantê-lo
vigente, interpretando-o à luz da Constituição Federal. Ressalte-se que essa
técnica apenas é possível quando existir espaço para decisão do Judiciário, tal
como ocorre com as normas polissêmicas. A interpretação conforme, portanto,
não cabe quando o sentido da norma é unívoco.

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_______________________________________________________________
ATENÇÃO – efeito repristinatório e necessidade de impugnação do
“complexo normativo:
Em decorrência do efeito repristinatório da declaração de
inconstitucionalidade com pronúncia de nulidade, a norma eventualmente
revogada pela lei inconstitucional volta a produzir efeitos, pois, a bem da
verdade, nunca foi realmente revogada. Isso porque a declaração de
inconstitucionalidade, nos termos ora tratados, produz eficácia retroativa (ex
tunc), desconstituindo todos os efeitos produzidos desde a origem, inclusive o
efeito revogador.
Nesse particular, um aspecto formal merece relevo: se a norma
anteriormente revogada e agora repristinada padecer de vício de
inconstitucionalidade, o autor da ADI deve deduzir pedido expresso para que o
STF declare também a sua inconstitucionalidade, sob pena de não
conhecimento da ação. Cuida-se, pois, da necessidade de impugnação de todo
o “complexo normativo” inconstitucional, que se limita, na linha do tempo, à
Constituição Federal de 1988, já que tal modalidade de controle põe em xeque
apenas normas pós-constitucionais (Gilmar Mendes).
_______________________________________________________________
ATENÇÃO: No que tange ao início da eficácia da decisão que reconhece a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo em ADI, o STF entende que “a
decisão passa a valer a partir da publicação da ata da sessão de julgamento
no DJE, sendo desnecessário aguardar o trânsito em julgado, exceto nos
casos excepcionais a serem examinados pelo Presidente do Tribunal, de
maneira a garantir a eficácia da decisão”.
Verifica-se, portanto, ser desnecessária, no âmbito do controle
concentrado de constitucionalidade, a edição de resolução pelo Senado
Federal, com vistas a imprimir efeitos erga omnes à declaração de
inconstitucionalidade proferida pelo STF. Tal procedimento é exigido apenas no
controle difuso. Cuidado!
_______________________________________________________________

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MUITA ATENÇÃO – Efeitos temporais da declaração de
inconstitucionalidade, Súmula 343 do STF e interpretação controvertida de
matéria constitucional:
De acordo com a Súmula 343 do STF, “não cabe ação rescisória por
ofensa a literal disposição de lei, quando a decisão rescindenda se tiver
baseado em texto legal de interpretação controvertida nos tribunais”.

Comentários (fonte: Dizer o Direito)

Análise do inciso V do art. 485 do CPC:


O inciso V do art. 485 prevê que é cabível a ação rescisória quando a
sentença de mérito transitada em julgado “violar literal disposição de lei”.
Importante ressaltar que, para incidir essa hipótese, a violação deve se
mostrar aberrante, cristalina, observada primo ictu oculi (STJ. 1ª Turma. REsp
1458607/SC, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 23/10/2014).

Quando o inciso fala em “lei” abrange também as normas constitucionais?


SIM. A palavra “lei” nesse caso deverá ser interpretada em sentido amplo,
abrangendo lei ordinária, lei complementar, medida provisória, norma
constitucional, decreto, resolução e qualquer outro ato normativo.
Assim, se a sentença violar literal disposição de lei, de norma
constitucional ou de qualquer outra norma jurídica, caberá, em tese, ação
rescisória.

Se a sentença violar um princípio, caberá ação rescisória?


SIM. A jurisprudência do STJ possui precedentes reconhecendo o
cabimento de ação rescisória por conta de violação a princípios. Vale lembrar
que a doutrina atual considera que o princípio é uma espécie de norma jurídica.
Nesse sentido: STJ. 1ª Turma. REsp 1458607/SC, Rel. Min. Napoleão Nunes
Maia Filho, julgado em 23/10/2014.

Se a sentença violar literal disposição de súmula (comum ou vinculante),


caberá ação rescisória?

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NÃO. Não cabe ação rescisória contra violação de súmula. O inciso V não
abrange a contrariedade à súmula porque não se trata de ato normativo.
Conforme prevê o art. 485, V, do CPC, a sentença pode ser rescindida
quando violar literal disposição de lei, hipótese que não abrange a contrariedade
à súmula. Logo, não há previsão legislativa para o ajuizamento de ação
rescisória sob o argumento de violação de súmula (STJ. 3ª Seção. AR 4.112-
SC, Min. Rel. Marco Aurélio Bellizze, julgada em 28/11/2012).

Súmula 343 do STF


Não é raro que uma mesma lei gere interpretações completamente
diferentes, inclusive dentro de um único Tribunal.
Imaginemos, por exemplo, que a 1ª Turma do STJ afirme que o art. XX da
Lei n.° 8.112/90 confere determinado direito ao servidor. A 2ª Turma do STJ, por
sua vez, interpreta o dispositivo de forma oposta e entende que a Lei não confere
esse direito.
O juiz “A” decidiu com base na intepretação dada pela 1ª Turma do STJ e
esta sentença transitou em julgado. Ocorre que, um ano depois, a 1ª Turma
modificou seu entendimento, curvando-se à posição da 2ª Turma.
Nesse caso, seria possível ajuizar ação rescisória contra a sentença
proferida pelo juiz “A” alegando que ela violou literal disposição do art. XX Lei
n.°8.112/90?
NÃO. A jurisprudência entende que, se na época em que a sentença
rescindenda transitou em julgado havia divergência jurisprudencial a respeito da
interpretação da lei, não se pode dizer que a decisão proferida tenha tido um
vício. Logo, não caberá ação rescisória. Isso está expresso na súmula 343 do
STF:

Súmula 343-STF: Não cabe ação rescisória por ofensa a literal dispositivo de lei,
quando a decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal de interpretação
controvertida nos tribunais.

O raciocínio que inspirou essa súmula é o seguinte: se há nos tribunais


divergência sobre um mesmo preceito normativo, é porque ele comporta mais
de uma interpretação, significando que não se pode qualificar qualquer dessas

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interpretações, mesmo a que não seja a melhor, como ofensiva ao teor literal da
norma interpretada. Trata-se da chamada “doutrina da tolerância da razoável
interpretação da norma” (Voto do Ministro Teoria Zavascki no RE 590809/RS).

Aplica-se a Súmula 343 do STF em caso de violação à norma


constitucional?
O STF dizia que não. Existem vários precedentes do STF afirmando que
não se aplica a Súmula 343 do STF quando o pedido de rescisão invoca ofensa
a preceito constitucional. Nesse sentido: 1ª Turma. RE 567765 AgR, Rel. Min.
Rosa Weber, julgado em 16/04/2013.
Ex: na sentença, o juiz decidiu que o art. XX da CF/88 assegurava uma
imunidade tributária. Na época, o tema era controvertido, mas esse era o
entendimento majoritário. Houve trânsito em julgado. Um ano depois, o STF
pacifica que o art. XX não garante imunidade tributária. O STF possuía julgados
dizendo que seria possível sim ação rescisória contra essa sentença
considerando que ela viola o atual entendimento do STF sobre a matéria. Logo,
essa decisão deveria ser rescindida porque não se poderia admitir que ela
permanecesse hígida, já que afrontaria a supremacia da CF/88.
Em outras palavras, pelo entendimento que vigorava no STF, não se
aplicava a vedação imposta pela súmula 343-STF quando o tema tratado
envolvia violação de norma constitucional.
O argumento para afastar a súmula e permitir a ação rescisória nesses
casos era o de que violar a CF é muito mais grave que ofender uma lei
infraconstitucional. Assim, se a sentença transitada em julgado está em
confronto com a interpretação atual da CF, ela deve ser rescindida, mesmo que,
na época em que prolatada, aquele fosse o entendimento majoritário. Isso
porque não se pode admitir interpretações erradas sobre normas constitucional,
ainda que razoáveis.

O STF ainda mantém o mesmo entendimento em relação ao tema?


NÃO. O STF, em recente julgado, decidiu aplicar a Súmula 343 em um
caso que envolvia ação rescisória tratando sobre matéria constitucional.

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O Min. Relator Marco Aurélio afirmou que, mesmo estando em jogo
matéria constitucional deve prevalecer, em tese, a regra da súmula 343-STF.

O caso concreto foi o seguinte (com adaptações):


Em 2007, o TRF4, interpretando determinado o artigo da CF/88, decidiu
que o contribuinte tinha direito de se creditar de IPI. Na época, esse tema era
controvertido, mas o entendimento do STF era de que existia direito ao
creditamento. Assim, o TRF4 adotou a posição do STF.
Em 2009, o STF mudou seu próprio entendimento e passou a proibir o
creditamento de IPI. Logo, significa que o Supremo disse que esse artigo da
CF/88 não dá direito ao creditamento.
Desse modo, o acórdão proferido em 2007 pelo TRF4 está em confronto
com a interpretação dada atualmente pelo STF ao artigo da CF/88 que fala sobre
o creditamento.

Cabe ação rescisória nesse caso? Podemos dizer que o acórdão do TRF4
violou literal disposição de lei?
NÃO. Mesmo que a sentença transitada em julgado esteja em confronto
com o atual entendimento do STF, não caberá ação rescisória se, na época em
que foi prolatada, ela estava em conformidade com a jurisprudência
predominante do próprio STF.
Aplicou-se, no caso, a Súmula 343 do STF: “Não cabe ação rescisória por
ofensa a literal dispositivo de lei, quando a decisão rescindenda se tiver baseado
em texto legal de interpretação controvertida nos tribunais.”
A súmula 343 do STF aplica-se quando a sentença transitada em julgado
e que está sendo atacada foi proferida na época com base no entendimento do
próprio STF. Nesse caso, não se deve relativizar o alcance do enunciado.
O Min. Marco Aurélio afirmou que, em regra, aplica-se a súmula 343-STF
mesmo em caso de violação à norma constitucional. No entanto, ele mencionou
uma exceção: se a sentença transitada em julgado se baseou em uma lei e esta
foi, posteriormente, declarada inconstitucional pelo STF com eficácia erga
omnes e sem modulação de efeitos, nesse caso caberia ação rescisória,
afastando-se a súmula 343-STF.

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Aplica-se a súmula 343 do STF em caso de violação à norma
constitucional? É vedada ação rescisória se a sentença foi proferida com
base em interpretação controvertida sobre matéria constitucional, mas
atualmente é contrária ao posicionamento do STF?
• Entendimento até então vigente: NÃO
• Entendimento atual: SIM (se na época em que a decisão rescindenda foi
prolatada, ela seguiu a jurisprudência do STF).

Assim, o que o STF decidiu foi o seguinte:

Se a sentença foi proferida com base na jurisprudência do STF vigente à


época e, posteriormente, esse entendimento foi alterado, não se pode dizer
que essa decisão impugnada tenha violado literal disposição de lei.

Desse modo, não cabe ação rescisória em face de acórdão que, à época de
sua prolação, estava em conformidade com a jurisprudência predominante
do STF.
STF. Plenário. RE 590809/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 22/10/2014
(Info 764).
_______________________________________________________________

11. Pedido de cautelar (ADI genérica):

As decisões do STF proferidas em cautelar de ADI possuem distinções e


semelhanças em relação aos efeitos da decisão de mérito. Isso porque tais
decisões:

a) Possuem, via de regra, efeitos ex nunc: o STF, todavia, poderá conferir


eficácia retroativa (ex tunc) de forma excepcional;

b) Não possuem efeitos dúplices ou ambivalentes: isto é, a procedência da


cautelar redunda na declaração liminar de inconstitucionalidade do objeto
impugnado, mas a improcedência não importa a declaração de
constitucionalidade. Isso porque o simples reconhecimento de que não estão

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presentes os requisitos autorizadores da medida de urgência – periculum in mora
e fumus boni iuris – não significa sufragar a constitucionalidade do ato.

c) Possuem efeitos repristinatórios: a concessão da medida cautelar torna


aplicável a legislação anterior acaso existente, salvo manifestação expressa em
sentido contrário. Ex.: o retorno da vigência do art. 39 da CF/88, que consagra o
Regime Jurídico Único, por ocasião da declaração de inconstitucionalidade da
EC 19/98 em sede de cautelar na ADI 2135.

d) Possuem efeitos vinculantes: sendo assim, deferida a medida cautelar, abre-


se a possibilidade de ajuizamento de reclamação constitucional, para fazer valer
a decisão liminar de inconstitucionalidade proferida pelo STF. ATENÇÃO: como
o indeferimento da medida não importa a declaração de constitucionalidade, tal
decisão não possui efeito vinculante, não cabendo, por isso, reclamação
constitucional nessa hipótese.

e) Possuem efeitos erga omnes: nesse particular, os efeitos da decisão liminar


se assemelham aos da decisão de mérito, sendo desnecessária a edição de
resolução pelo Senado Federal para que se espraiem efeitos contra todos.

Previsão legal:

Art. 11 da Lei 9.868/99 (...)


§ 1o A medida cautelar, dotada de eficácia contra todos, será concedida com
efeito ex nunc, salvo se o Tribunal entender que deva conceder-lhe eficácia
retroativa.
§ 2o A concessão da medida cautelar torna aplicável a legislação anterior
acaso existente, salvo expressa manifestação em sentido contrário.

Quadro- resumo:

EFEITOS DAS DECISÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE EM ADI

Decisão de mérito Decisão liminar

(medida cautelar)

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Ex tunc, em regra; Ex nunc, em regra;

Ambivalentes, dúplices ou de “via Simples ou de “via única”;


dupla”;

Repristinatórios; Repristinatórios;

Vinculantes; Vinculantes, se deferida;

Erga omnes. Erga omnes.

_______________________________________________________________

ATENÇÃO: No controle concentrado de constitucionalidade admite-se a


reiteração de pedido cautelar anteriormente indeferido, caso sobrevenha ao
indeferimento a ocorrência de fatos novos (CESPE, TRT1, 2010).
_______________________________________________________________
ATENÇÃO: Conforme acima mencionado, a procedência de medida cautelar em
ADI possui efeitos vinculantes, habilitando, assim, a via da reclamação
constitucional. Contudo, se, em momento posterior, for extinta a ADI, eventual
reclamação constitucional, ajuizada exatamente para garantir a eficácia da
decisão cautelar do STF, perderá o objeto (CESPE, TRF1, 2009).
_______________________________________________________________

ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL (ADPF)

1. Previsão constitucional e legal:

Art. 102, §1º, da CF/88 – A arguição de descumprimento de preceito


fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo
Tribunal Federal, na forma da lei.

_______________________________________________________________

Art. 1o da Lei n.º 9.882/99 – A arguição prevista no § 1o do art. 102 da


Constituição Federal será proposta perante o Supremo Tribunal Federal, e terá

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por objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato
do Poder Público.

Parágrafo único. Caberá também arguição de descumprimento de preceito


fundamental:
I - quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou
ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à
Constituição;

2. Competência e legitimidade:

Nos termos dos dispositivos acima transcritos, a competência para o


julgamento será do STF. É possível que as Constituições Estaduais consagrem
a ADPF em seu âmbito, que deverá ser julgada pelo TJ.
A seu turno, o rol de legitimados da ADI/ADC aplica-se à ADPF, com as
mesmas observações quanto à pertinência temática e capacidade postulatória.

3. Descumprimento de preceitos fundamentais – finalidade e parâmetro:

A ADPF, ao contrário da ADI, não se destina à declaração de


inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, dirigindo-se, na verdade, à
demonstração de descumprimento de preceito fundamental.
O conceito de descumprimento é mais amplo do que o de
inconstitucionalidade. Assim, toda inconstitucionalidade é uma forma de
descumprimento, porém a recíproca não é verdadeira. Por exemplo, na
aplicação de direito pré-constitucional incompatível com a CF/88, não há
inconstitucionalidade, mas mero juízo de revogação ou não recepção, já que não
se admite o fenômeno da “inconstitucionalidade superveniente”.
Além das finalidades distintas, as normas constitucionais invocadas como
parâmetro, em uma e outra ação, também diferem em relação à maior ou menor
extensão de dispositivos. Com efeito, enquanto na ADI se pode invocar qualquer
norma formalmente constitucional, na ADPF o parâmetro restringe-se aos
chamados “preceitos fundamentais”, assim delimitados pela doutrina e
jurisprudência majoritárias:

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a) Princípios fundamentais: normas constantes do Título I da CF/88
(fundamentos, objetivos, princípios internacionais e etc.);

b) Direitos fundamentais: normas constantes do Título II da CF/88 e de outros


dispositivos, como o art. 196, que consagra o direito à saúde;

c) Princípios constitucionais sensíveis: normas constantes do art. 34, VII, da


CF/88 (forma republicana, sistema representativo, regime democrático; direitos
da pessoa humana; autonomia municipal; prestação de contas da Administração
Pública, direta e indireta; aplicação de recursos mínimos exigidos para o ensino
e a saúde).

d) Cláusulas pétreas: normas constantes do art. 60, §4º, da CF/88 e de outros


dispositivos, como o art. 150, III, b, da CF/88, que consagra o princípio da
anterioridade tributária.

Preceitos fundamentais são, portanto, “normas constitucionais


qualificadas, que veiculam princípios e servem de vetores de interpretação das
demais” (JUVENAL FARIA); ou “grandes preceitos que informam o sistema
constitucional, que estabelecem comandos basilares e imprescindíveis à defesa
dos pilares da manifestação constituinte originária” (BULOS).

4. Objeto (Gilmar Mendes):

a) Direito pré-constitucional: art. 1º, parágrafo único, I, da Lei 9.882/99;

_______________________________________________________________

ATENÇÃO – Direito pré-constitucional e alteração de regra constitucional


de competência legislativa:
É possível que a nova ordem constitucional altere regras de competência
legislativa, tornando, por exemplo, uma matéria, outrora tratada por lei federal,
agora de competência estadual ou municipal. Aqui há dois desdobramentos:
(1) se a matéria era afeta à União e passou aos Estados ou
Municípios: o direito pré-constitucional deve ser mantido, promovendo-se uma

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estadualização ou municipalização das normas federais, em nome do princípio
da continuidade do ordenamento jurídico;
(2) se a matéria era afeta aos Municípios e Estados e passou à União:
nesse caso, há que se reconhecer eficácia derrogatória à norma constitucional
que tornou a competência legislativa federal, por evidente impossibilidade de a
União absorver um sem número de leis locais.

QUESTÃO CESPE/AGU/2009: “Na hipótese de alteração, por uma nova


Constituição Federal, do rol de competência legislativa dos entes da Federação,
para inserir na competência federal matéria até então da competência legislativa
estadual ou municipal, ocorre o fenômeno da federalização da lei estadual ou
municipal, a qual permanecerá em vigor como se lei federal fosse, em atenção
ao princípio da continuidade do ordenamento jurídico.” Certo ou Errado?

ERRADO. É importante observar o seguinte: a federação é composta pela


União, 26 Estados, 1 Distrito Federal e milhares de municípios. Caso uma
constituição “A” diga que a matéria “X” é de competência da União e a
constituição “B”, posterior, coloque a matéria “X” sob competência legislativa
estadual ou municipal, teremos a subsistência da lei federal que, única,
permanecerá em vigor até que cada estado ou município edite sua própria lei
revogando, então, a antiga lei federal. Agora, se ocorrer o inverso, não
poderíamos falar na federalização das normas anteriormente estaduais ou
municipais, pois, teríamos um caos jurídico. Não podemos imaginar 27 diferentes
normas estaduais ou milhares de diferentes normas municipais se federalizando.
Isso seria fática e juridicamente impossível.
_______________________________________________________________
Direito municipal: art. 1º, parágrafo único, I, da Lei 9.882/99;

b) Interpretação judicial: na ADPF 101, restou consignada a possibilidade de se


ajuizar arguição contra decisões judiciais lesivas a preceitos fundamentais, pois
elas também configuram ato do Poder Público;

c) Norma revogada: diferentemente do que se verifica na ADI e ADC, a ADPF


poderá ser proposta contra ato normativo já revogado, tendo em vista o interesse

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jurídico da solução quanto à legitimidade de sua aplicação no passado (ADPF
33);

d) Tratado internacional antes da aprovação pelo CN, ou antes, de sua


incorporação definitiva à ordem jurídica interna: é possível o controle do
conteúdo do tratado antes de sua integração definitiva ao ordenamento pátrio.
Tal possibilidade descerra-se desde sua submissão ao CN, para aprovação, até
a edição do ato do Executivo relativo à promulgação;

e) Veto presidencial (?): a possibilidade de se objetar em ADPF o veto


presidencial não está pacificada no STF. Na ADPF 1, nos termos do voto do
Ministro Néri da Silveira, restou assentada a impossibilidade, sob o fundamento
de que o ato cuidaria de exercício de poder político, não se inserindo na
expressão “ato de poder público”. De outro modo, na ADPF 45, o Ministro Celso
de Mello considerou a ADPF instrumento idôneo a sindicar veto presidencial
tendente a lesar preceitos fundamentais. Gilmar Mendes, em consonância com
o quanto consignado na ADPF 45, entende que o veto pode ser objeto de ADPF;

f) Proposta de Emenda Constitucional (?): Em 2003, na ADPF 43, o STF decidiu


ser impossível o escrutínio de PEC pelas vias dessa ação, aduzindo que o
controle da proposta de reforma do texto constitucional se limitaria à hipótese do
Mandado de Segurança preventivo. Todavia, Gilmar Mendes discorda,
asseverando que a ADPF seria meio mais eficaz e expedito do que o MS,
especialmente em razão da legitimidade ativa e do procedimento;

5. Subsidiariedade:

Nos termos do art. 4º, §1º, da Lei 9.882/99,

§ 1o Não será admitida arguição de descumprimento de preceito fundamental


quando houver qualquer outro meio eficaz de sanar a lesividade.

O referido dispositivo, portanto, consagra o “princípio da subsidiariedade”


da ADPF, que somente será cabível se não outro meio igualmente eficaz a
sanar o descumprimento de preceito fundamental.

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A doutrina aponta três requisitos para se constatar a mesma eficácia da
ADPF e, assim, submetê-la ao princípio da subsidiariedade. Dessa maneira, o
“outro meio” a que se refere a Lei n.º 9.882/99 deve gozar das seguintes
características da ADPF: (i) imediatidade; (ii) efetividade e; (iii) amplitude. Em
outras palavras, o meio alternativo deve ser eficaz para solucionar a contenda
constitucional de forma geral, ampla e abstrata, tal como cumprem a ADI e a
ADC.
Por essa razão, conforme decidiu o STF na ADPF 33, “a existência de
processos ordinários e recursos extraordinários NÃO deve excluir, a priori, a
utilização da ADPF, em virtude da feição marcadamente objetiva dessa ação”.
Ou seja, a possibilidade de manejo de RExt, por si só, não satisfaz o
requisito da igual eficácia da ADPF, podendo ela, nessa hipótese, ser ajuizada
sem que afronte o princípio da subsidiariedade.

_______________________________________________________________
ATENÇÃO: para MARCELO NOVELINO, não apenas as ações diretas cumprem
o requisito da igual eficácia para substituir a ADPF. Segundo o autor, a súmula
vinculante seria um exemplo de “outro meio eficaz” para sanar a lesividade.
_______________________________________________________________

6. Efeitos da decisão:

Na ADPF, os efeitos da decisão proferida pelo STF são os mesmos das


ações diretas: ex tunc, vinculante e erga omnes.
Também na ADPF é possível a modulação de efeitos de que trata o art.
27 da Lei 9.868/99, podendo o STF, por razões de interesse social ou segurança
jurídica, reconhecidas por 2/3 de seus membros, estabelecer efeitos ex nunc,
pro futuro ou, mesmo, fixar o início da eficácia em outro ponto da linha do tempo.

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7. Espécies:

A ADPF pode ser autônoma (art. 1o, caput) ou incidental (art. 1o, §1º, I):
ADPF AUTÔNOMA ADPF INCIDENTAL

 Objetiva evitar ou reparar lesão a  Ajuizamento se legitima em


preceito fundamental, resultante de ato decorrência de processo subjetivo, com
do Poder Público; partes e interesses individuais, no qual se
instaura controvérsia constitucional
 A lesão pode resultar de relevante;
QUALQUER ATO, inclusive, decisão
judicial ou ato administrativo do Poder  No bojo dessa lide, surge, a
público, tal como os decretos respeito de LEIS OU ATOS
meramente regulamentares; NORMATIVOS, inclusive, municipais e
pré-constitucionais, controvérsia
 Ajuizada de forma autônoma, pois constitucional cuja importância impõe
não se relaciona a outros processos. seja sanada antecipadamente pelo STF,
a fim de se evitar uma multiplicidade de
ações com idêntico teor, bem como de
decisões provavelmente
contraditórias;

 Pressupõe divergência
jurisprudencial;

Obs. 1: Na ADPF incidental, há uma cisão cognitiva entre a demanda concreta e o


processo objetivo: o juiz de primeiro grau julga o caso concreto; o STF, a questão
constitucional. Ex.: no caso do aborto de fetos anencéfalos, o STF confirmou a
constitucionalidade da medida e os juízes de primeiro grau, responsáveis pelas
demandas concretas, resolveram os processos subjetivos, com base no
entendimento firmado pelo STF.

Obs. 2: Na ADPF autônoma, o objeto impugnado pode ser qualquer ato do poder
público (ato administrativo, decisão judicial e etc.). Na incidental, apenas lei ou ato

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normativo. Cumprido esse requisito da normatividade, contudo, o ato pode ser
federal, estadual ou MUNICIPAL (≠ADI: federal ou estadual; ≠ADC: federal). Pode
ser, ainda, PRÉ-CONSTITUCIONAL.

Obs. 3: Embora a natureza federativa da lei ou ato normativo (se federal, estadual ou
municipal) seja relevante para fins de identificação da ação correta, o STF aplica o
princípio da fungibilidade entre ADI, ADC e ADPF.

_______________________________________________________________
8. Medida cautelar:

A possibilidade de medida cautelar em ADPF é confirmada pela dicção do


art. 5º, caput e §§, da Lei 9.882/99:

Art. 5o O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de seus


membros, poderá deferir pedido de medida liminar na arguição de
descumprimento de preceito fundamental.
§ 1o Em caso de extrema urgência ou perigo de lesão grave, ou ainda, em
período de recesso, poderá o relator conceder a liminar, ad referendum do
Tribunal Pleno.
§ 2o O relator poderá ouvir os órgãos ou autoridades responsáveis pelo ato
questionado, bem como o Advogado-Geral da União ou o Procurador-Geral da
República, no prazo comum de cinco dias.
§ 3o A liminar poderá consistir na determinação de que juízes e tribunais
suspendam o andamento de processo ou os efeitos de decisões judiciais,
ou de qualquer outra medida que apresente relação com a matéria objeto da
arguição de descumprimento de preceito fundamental, salvo se decorrentes da
coisa julgada.
_______________________________________________________________
ATENÇÃO: O §3º acima transcrito é muito cobrado em concursos públicos.
Então é recomendável que se grave que a medida cautelar em ADPF: (1) possui
o efeito de suspender o próprio andamento dos processos, em cujo bojo nasceu
a controvérsia judicial relevante. Na ADI e ADC, a suspensão opera-se sobre o
julgamento dos processos, e não sobre o andamento; (2) embora possa

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suspender efeitos de decisões judiciais, não suspende os decorrentes da
coisa julgada.
_______________________________________________________________

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO (ADO)

1. Previsão constitucional:

Art. 103, §2º, da CF/88 - Declarada a inconstitucionalidade por omissão de


medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada (1) ciência ao Poder
competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando
de (2) órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias.

_______________________________________________________________
ATENÇÃO: é muito cobrada a distinção constitucional em relação comando
judicial dado ao responsável por sanar o estado de omissão ou “síndrome da
inefetividade das normas constitucionais”. Assim, se a ordem judicial se dirigir a
um: (1) Poder: será dada ciência sobre a decisão de inconstitucionalidade, para
que o referido Poder adote as providências que reputar necessárias; (2) órgão
administrativo: será proferido um comando para que o órgão tome medidas
concretas, em 30 dias, para tornar efetiva a norma constitucional.
_______________________________________________________________

2. Competência e legitimidade:

É do STF a competência para o julgamento da ADO, que poderá ser


ajuizada pelos mesmos legitimados da ADI, ADC e ADPF (art. 103 da CF/88).

3. Espécies de omissão:

OMISSÕES NORMATIVAS

TOTAL: PARCIAL

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Ocorre quando não houver o Propriamente dita: Relativa:
cumprimento constitucional do
dever de legislar. Em outras
palavras, inexiste lei ou ato
Ocorre quando a lei existe, Surge quando a lei
normativo regulando a hipótese
mas regula de forma existe e outorga
constitucional pendente de
deficiente o texto benefício a determinada
regulação.
constitucional. O ato categoria, mas deixa de
Ex.: ausência de regulamentação inconstitucional é, portanto, concedê-lo a outra, que
do art. 37, VII, que consagra o positivo. Não é um vazio deveria ter sido
direito de greve dos servidores jurídico, como na omissão contemplada.
públicos. total.

Ex.: leis que fixam o salário


mínimo existem, mas não
cumprem suficientemente
a norma do art. 7º, IV,
CF/88.

Obs.: No caso de omissão parcial relativa, o STF tem aplicado sua Súmula 339, aduzindo
que “não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar
vencimentos de servidores públicos sob o fundamento de isonomia”. ATENÇÃO:
súmula muito usada nas defesas da Fazenda Pública!

_______________________________________________________________

4. Objeto:

A ADI por omissão (ADO) busca colmatar lacuna normativa e não


apenas lacuna legislativa. Isso significa que a omissão inconstitucional é
verificada não só na ausência de lei em sentido estrito (ato normativo primário),
mas também na ausência de atos normativos secundários de caráter geral,
cujo objetivo seja imprimir efetividade a direitos constitucionalmente
assegurados.

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A omissão, então, pode ser do Poder Legislativo, do Poder Executivo
(ausência de regulamentos, instruções, resoluções e etc.), ou do Poder
Judiciário (ausência de regulação de algum aspecto regimental, por exemplo).

_______________________________________________________________
CUIDADO: a omissão do Poder Judiciário, aqui tratada, diz respeito ao exercício
de sua função atípica de legislar. Assim, obviamente, não cabe ADO contra a
omissão do juiz que não julga os processos sob sua responsabilidade.
_______________________________________________________________
ATENÇÃO: Segundo o STF, a ADO fica prejudicada, por perda de objeto,
quando revogada a norma que necessite de regulamentação para sua
efetividade.
_______________________________________________________________
ATENÇÃO: Segundo o STF, a ADO fica prejudicada, por perda de objeto,
quando encaminhado projeto de lei ao órgão legislativo competente para
cuidar da matéria.
_______________________________________________________________
ATENÇÃO: Segundo o STF, a ADO não deve ser conhecida, quando, no
momento de seu ajuizamento, o processo legislativo já houver sido deflagrado.

Obs.: na ADO 3.682, o STF entendeu que é possível o conhecimento de ADO,


nos casos em que, embora haja projeto de lei tramitando, a demora exacerbada
em sua apreciação configure inércia deliberada da Casa Legislativa.
_______________________________________________________________

5. Medida Cautelar:

Dispõe o art. 12-F da Lei n.º 9.868/99:

Art. 12-F. Em caso de excepcional urgência e relevância da


matéria, o Tribunal, por decisão da maioria absoluta de seus
membros, observado o disposto no art. 22, poderá conceder
medida cautelar, após a audiência dos órgãos ou autoridades
responsáveis pela omissão inconstitucional, que deverão
pronunciar-se no prazo de 5 (cinco) dias.

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§ 1o A medida cautelar poderá consistir na suspensão da
aplicação da lei ou do ato normativo questionado, no caso
de omissão parcial, bem como na suspensão de processos
judiciais ou de procedimentos administrativos, ou ainda em
outra providência a ser fixada pelo Tribunal.

O dispositivo acima transcrito é produto da Lei n.º 12.063/2009, que


modificou a já mencionada Lei n.º 9.868/99. Portanto, a partir da vigência
daquela lei, passou a ser possível a concessão de medidas cautelares tanto em
ADI por omissão total, como por omissão parcial. Na primeira, dá-se ciência
ao responsável por sanar o estado omissivo; na segunda, suspende-se a
aplicação da lei ou ato normativo, insuficiente ou desabonador do princípio da
isonomia.

_______________________________________________________________

6. Efeitos da decisão:

Em respeito ao princípio da separação dos Poderes, não é permitido ao


Judiciário legislar. A sentença proferida em ADO, portanto, não pode substituir a
ausência da lei, constituindo-se, a bem da verdade, em comando
mandamental, que põe em mora o poder competente para edição do ato
normativo.
Assim, ao poder competente para legislar será dada ciência da decisão
mandamental, não se fixando prazo específico para suprir a omissão. Ao órgão
administrativo será estipulado, em regra, o prazo de 30 dias para colmatar a
lacuna normativa.

7. Fungibilidade – ADO x ADI e ADO x MI:

Em relação à fungibilidade entre ADO e ADI, o STF pacificou o


entendimento pela possibilidade nas ADIs 875, 1987 e 2727. Para a Corte, há
“clara imbricação de pedidos e causas de pedir e, dessa forma, a evidenciar a
patente fungibilidade que pode existir entre a ADI e a ADO”.

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Todavia, segundo o STF, não é possível a fungibilidade entre a ADO e o
Mandado de Injunção, conquanto ambas as ações se destinem a sanar estado
de omissão inconstitucional. De acordo com o Supremo, a diversidade de
pedidos e da legitimidade ativa entre as ações obsta a conversão do MI em
ADO, especialmente quando a ação direta pretende sanar omissão parcial, já
que, nessa situação, não há vazio legislativo.
_______________________________________________________________

8. Parâmetro

A ADO é ação de controle concentrado que busca tornar efetiva norma


constitucional ressentida de eficácia. Ou seja, a referida ação direta visa imprimir
efetividade, por meio de regulação infraconstitucional ou infralegal, de normas
de eficácia limitada (não autoaplicáveis). Esse é o posicionamento majoritário.

_______________________________________________________________

AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE (ADC)

Na teoria geral da norma, vige o princípio da presunção de


constitucionalidade das leis, ou seja, a lei é constitucional até que se declare
o contrário. Todavia, tal presunção é apenas relativa, podendo a Administração
e os demais órgãos do Judiciário afastar a incidência do ato normativo, por
entendê-lo inconstitucional.
A função da ADC é, portanto, transmudar essa presunção relativa em
presunção absoluta de constitucionalidade, momento em que o
comportamento dos órgãos integrantes da estrutura republicana (exceto o
Legislativo) deverá se adequar ao quanto decidido pelo Supremo.

1. Objeto e competência:

Nos termos do art. 102, I, a, da CF/88,

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Art. 102, I, a, da CF/88: Compete ao Supremo Tribunal Federal,
precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:

a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou


estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato
normativo federal;

Portanto, é do STF a competência para o processo e julgamento de ADC,


cujo objeto será apenas lei ou ato normativo FEDERAL, diferenciando-se da ADI
nesse particular, pois que esta pode ter como objeto lei ou ato normativo federal
ou estadual.

_______________________________________________________________
Quadro-resumo: objetos de ADPF, ADI e ADC
ADPF (incidental) ADI ADC
Lei ou ato normativo: Lei ou ato normativo: Lei ou ato normativo:
 FEDERAL;  FEDERAL;  FEDERAL.
 ESTADUAL;  ESTADUAL.
 MUNICIPAL.

_______________________________________________________________

2. Legitimidade e efeitos:

Nesse ponto, as ações até agora tratadas (ADI, ADPF, ADO e ADC) não
divergem: (1) a legitimidade ativa para todas elas consta do rol declinado no art.
103 da CF/88; (2) os efeitos para todas são, via de regra, ex tunc, erga omnes e
vinculantes.

3. Particularidades em relação à ADI:

À semelhança do que ocorre com a ADPF incidental, na petição inicial da


ADC é de rigor a demonstração de controvérsia judicial relevante, sendo

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considerada, por isso, requisito específico de admissibilidade da ação direta (art.
14, III, da CF/88).
Outro ponto que merece relevo, especialmente para concursos, diz com
a desnecessidade de atuação do AGU na ADC. Isso porque a atribuição desse
agente, nos termos do art. 103, §3º, da CF/88, restringe-se às hipóteses de
apreciação de inconstitucionalidade pelo STF, oportunidade em que terá de
defender o ato impugnado.
Ocorre que nessa ação: (1) o STF não aprecia a inconstitucionalidade
do objeto, mas sim a sua constitucionalidade; (2) não há ato impugnado, mas,
bem ao revés, existe ato em estado de confirmação de constitucional.
No entanto, ressalta-se que a ADC pode ser considerada uma ADI “com
sinal trocado”, na medida em que a improcedência daquela ação redunda na
declaração de inconstitucionalidade do ato. Assim, como ao fim e ao cabo de um
processo de ADC, pode-se declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo federal, parte da doutrina defende a necessidade de atuação do AGU
na defesa do objeto em exame. A matéria está pendente no STF, devendo-se
considerar, por ora, a regra explanada no parágrafo anterior.
_______________________________________________________________

4. Medida cautelar:

Conforme já assinalado, as leis se presumem constitucionais até


declaração em contrário. Desta feita, a concessão de medida cautelar, com
caráter satisfativo, não seria útil.
Assim, é possível provimento liminar em sede de ADC, para suspender
os processos pendentes nos quais se verificou a sobredita “controvérsia
judicial relevante”. A referida suspensão é limitada temporalmente ao prazo de
180 dias, findos os quais, ainda que sem julgamento, cessará a eficácia da
medida cautelar.
Tal como ocorre na ADI, na ADC a medida cautelar não tem efeito
ambivalente, ou seja, caso seja indeferida, não se estará declarando a
inconstitucionalidade do objeto da ação.
_______________________________________________________________

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REPRESENTAÇÃO INTERVENTIVA (IF ou ADI interventiva)

1. Previsão constitucional:

A representação interventiva está prevista no art. 36, III, da CF/88, abaixo


transcrito:

Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:


III. de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do
Procurador-Geral da República, na hipótese do art. 34, VII, e no caso de recusa
à execução de lei federal.

Para regulamentar o sobredito dispositivo constitucional, promulgou-se a


Lei n.º 12.562/2011. Assim, tratando-se de controle de constitucionalidade, tem-
se o seguinte quadro legislativo:

LEI 9.868/99 LEI 9.882/99 LEI 12.562/11

ADI, ADC, ADO; ADPF; IF.

_______________________________________________________________

2. Conceito e finalidade:

A representação interventiva, na esteira de BARROSO, cuida “de um


litígio constitucional, de uma relação processual contraditória, contrapondo
União e Estado-membro, cujo desfecho pode resultar em intervenção federal”.
Na IF, portanto, não se instaura processo objetivo, sem partes ou sem um
caso concreto subjacente. Tampouco o Judiciário nulifica algum ato, mas apenas
verifica se estão presentes os pressupostos para futura e eventual decretação
de intervenção pelo Chefe do Executivo.

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_______________________________________________________________

3. Objeto:

O objeto da ADI interventiva está previsto no art. 36, III, da CF/88: (1)
afronta aos chamados “princípios sensíveis” (art. 34, VII, da CF/88) e; (2)
recusa à execução de lei federal.

São princípios sensíveis (art. 34, VII, da CF/88):

a) Forma republicana, sistema representativo e regime democrático;

b) Direitos da pessoa humana;

c) Autonomia municipal;

d) Prestação de contas da administração pública, direta e indireta.

e) Aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais,


compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.

_______________________________________________________________
ATENÇÃO: em um primeiro momento, o STF entendia que apenas atos
normativos poderiam violar os princípios sensíveis acima transcritos. Todavia, o
entendimento atual é de que qualquer ato do Poder Público pode render
ensejo à violação dos citados baluartes. Assim, podem afrontar princípios
sensíveis e desencadear o processo de intervenção federal: lei ou ato
normativo; omissão ou incapacidade das autoridades locais de assegurar
o cumprimento, por exemplo, dos direitos da pessoa humana (caso dos
presídios superlotados); ato governamental; ato administrativo e etc.

4. Competência e legitimidade:

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É do STF a competência para o julgamento da ADI interventiva federal,
que somente poderá ser ajuizada pelo Procurador-Geral da República, na
forma do art. 36, III, da CF/88 e do art. 2º da Lei n.º 12.562/2011. Nos estados,
a competência é do TJ e a legitimidade, do Procurador-Geral de Justiça.
_______________________________________________________________

5. Procedimento:

FASE 1: FASE 2: FASE 3:


JURISDICIONAL INTERVENÇÃO BRANDA INTEVENÇÃO EFETIVA

O STF ou TJ analisam apenas O Chefe do Executivo, por Se a medida tomada durante


os pressupostos para a meio de decreto, limita-se a a fase 2 não for suficiente, o
intervenção, não nulificando o suspender a execução do ato Chefe do Executivo
ato que a ensejou. Sendo impugnado, se essa medida decretará a efetiva
procedente o pedido, bastar ao restabelecimento da intervenção, devendo
requisitam a intervenção ao normalidade. especificar a amplitude, o
Chefe do Executivo. prazo e as condições de
Nesta fase, NÃO há controle
execução e, se couber,
A requisição do STF ou TJ político, o que significa dizer
nomeará interventor.
cuida de ordem que a apreciação pelo
mandamental, não havendo Congresso Nacional ou pela Nesta fase, HÁ controle
discricionariedade do Chefe Assembleia Legislativa está político, devendo o decreto
do Executivo quanto ao seu dispensada. do Chefe do Executivo ser
cumprimento. Ele DEVE, submetido à apreciação do
portanto, decretar a CN ou da AL, no prazo de 24
intervenção. horas.

6. Medida liminar:

A possibilidade de provimento liminar está descrita no art. 5º da Lei


12.562/2011. Segundo o dispositivo, a liminar poderá ser concedida para
suspender o andamento do processo ou os efeitos de decisões judiciais ou
administrativas ou de qualquer outra medida que apresente relação com a
matéria objeto da IF.

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VII. CONTROLE ABSTRATO DE CONSTITUCIONALIDADE NOS ESTADOS-
MEMBROS

PREVISÃO CONSTITUCIONAL:

Dispõe o art. 125, §2º, da CF/88:

§ 2º - Cabe aos Estados a instituição de representação de


inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em
face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a
um único órgão.

A CF/88, portanto, limita-se a autorizar a instituição de ADI estadual, sem


mencionar a possibilidade de consagração dos demais meios de controle (ADO,
ADPF e ADC) na Constituição Estadual. Contudo, em que pese o silêncio da
Carta Magna, a doutrina sustenta ser perfeitamente possível a implementação
das referidas ações, respeitadas as diretrizes do princípio da simetria.

OBJETO E COMPETÊNCIA:

Somente poderá ser objetado em controle abstrato estadual lei ou atos


normativos estaduais e municipais, cuja constitucionalidade deverá ser
apreciada pelos TJs.

LEGITIMADOS:

A regra constitucional não especificou os legitimados, restringindo-se a


vedar, na parte final do art. 125, §2º, da CF/88, a atribuição de legitimidade
exclusiva, ou seja, a um único órgão.

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Decerto, a Constituição Estadual deverá, tanto quanto seja possível,
seguir o modelo federal no que tange à legitimidade ativa da ADI (art. 103 da
CF/88), em nome do princípio da simetria, que resulta de atividade do Poder
Constituinte decorrente.
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MUITA ATENÇÃO: Pode a Constituição Estadual ampliar o rol do art. 103
da CF/88, franqueando legitimidade, por exemplo, ao PGE, ao Defensor
Público Geral, e a Deputados estaduais?
O STF e a doutrina majoritária entendem ser possível a referida
ampliação, ainda que em dissonância com o princípio da simetria. Isso porque o
espírito da CF/88, condizente com o alargamento da legitimidade ativa da ADI,
seria cumprido, restando fortalecido o movimento da sociedade aberta de
intérpretes constitucionais (Peter Haberle).

E diminuir o referido rol de legitimados poderia?


Para concursos públicos, a resposta deve ater-se a dois pontos: (1) o art.
125, §2º, da CF/88 estabelece apenas a impossibilidade de atribuição de
legitimidade a um único órgão, pelo que poderia se concluir ser possível o
encurtamento da lista constante do art. 103 da CF/88; (2) a doutrina majoritária,
contudo, defende que seria impossível a referida diminuição, devendo-se
obedecer, ao menos, a simetria estrita.
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PARÂMETRO

No controle concentrado de constitucionalidade estadual, deve-se invocar


como parâmetro de constitucionalidade a Constituição Estadual, no caso dos
Estados-membros; e a Lei Orgânica do DF, no caso desse ente.

Relembre-se de que, embora seja chamada de “lei”, a LODF é


manifestação do Poder Constituinte derivado decorrente, pois seu conteúdo
consagra a estrutura organizativa do DF.
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MUITA ATENÇÃO – simultaneus processus:

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É pacífica a jurisprudência do STF no sentido de que não cabe a Tribunais
de Justiça exercer controle de constitucionalidade de leis e demais atos
normativos estaduais e municipais em face da CF/88. Todavia, é possível (e, por
vezes, obrigatório) que se insira uma norma constitucional federal no corpo da
CE, tornando-a, por isso, parâmetro de constitucionalidade também no âmbito
local.
Nessa hipótese, em havendo dupla fiscalização de constitucionalidade (TJ
e STF, respectivamente, em face da CE e CF/88), de forma simultânea, o
processo de aferição de constitucionalidade estadual deve ser suspenso,
tendo em vista o processo federal constituir causa prejudicial daquele.
Nesse passo, se for declarada pelo STF a:

(1) INCONSTITUCIONALIDADE da lei submetida ao controle, será ela


expurgada do mundo jurídico, não havendo razão para a continuação do
processo local, que deve ser extinto por perda superveniente do objeto;

(2) CONSTITUCIONALIDADE da lei objetada, o TJ ainda terá interesse


em examinar a constitucionalidade do ato em face da CE, desde que por outros
fundamentos.
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MUITA ATENÇÃO – dupla fiscalização sucessiva:
É possível, ainda, que a dupla fiscalização se processe em momentos
distintos, quando o TJ tenha julgado, com trânsito em julgado, a ação estadual.
Assim, se a Corte local declara previamente a:
(1) CONSTITUCIONALIDADE da lei estadual, o STF poderá, em
momento posterior, declará-la inconstitucional em face da CF/88, por ser ele seu
guardião máximo, desfazendo, assim, a coisa julgada operada no controle
estadual;

(2) INCONSTITUCIONALIDADE da lei estadual, o STF não poderá mais


analisá-la em face da CF/88, pois os efeitos da declaração estadual de
inconstitucionalidade a nulificaram, retirando-a do cenário jurídico. Nesse caso,
não haveria objeto na ADI federal.
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MUITA ATENÇÃO – RExt para o STF no controle estadual:
De modo geral, não cabe RExt para o STF da decisão do TJ local em
controle abstrato de constitucionalidade, já que a Suprema Corte é a
intérprete máxima das leis em face da CF/88 e não da CE.
Contudo, excepcionalmente, pode ocorrer de o parâmetro estadual ser
mera repetição do texto federal, em razão da compulsoriedade da reprodução
(normas de reprodução obrigatória). Nesse caso, é fácil intuir que, se a lei
estadual ou municipal viola a CE, por consequência, viola também a CF/88.
Dessa feita, como o TJ não pode analisar a constitucionalidade de atos
perante a CF/88, descerra-se a possibilidade de interposição de RExt para o
STF contra a decisão do TJ em controle abstrato estadual, a fim de que a
Corte Suprema estabeleça a interpretação constitucional última.

Obs.: O RExt, nessa hipótese, foi idealizado apenas para que o STF pudesse
analisar a contenda constitucional, sem a necessidade de se ajuizar nova ação.
Assim, seu julgamento produzirá os mesmos efeitos que o julgamento de uma
ADI: erga omnes, vinculantes e ex tunc, que poderão, naturalmente, ser
modulados. Cuida-se, portanto, de situação em que o RExt instaura controle
abstrato de constitucionalidade no STF, sendo falsa a afirmação de que sua
utilização se limita ao controle difuso.

Em resumo:

 Regra: não cabe RExt contra decisão do TJ em controle abstrato de


constitucionalidade;
 Exceção: cabe RExt contra decisão do TJ em controle abstrato de
constitucionalidade, quando o parâmetro estadual for norma de reprodução
obrigatória;
 Efeitos do RExt: idênticos aos da ADI, sendo, portanto, vinculantes, erga omnes
e, em regra, ex tunc.

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Questão discursiva – MPF, 18º concurso:
Descreva o sistema brasileiro de controle de constitucionalidade e as
diversas formas como se realiza tal controle.

Silvio Roberto Oliveira Amorim Júnior (Procurador da República) – adaptada:

O Brasil segue, ao longo de sua evolução constitucional, os mesmos


passos que deram razão à consolidação do controle da constitucionalidade das
leis e atos normativos do Poder Público, de maneira tal que findou por adotar as
diversas fórmulas empregadas a respeito. Por isso mesmo, diz-se que o sistema
brasileiro é misto ou híbrido, pois que guarnece tanto o controle concentrado
como o difuso.
Em relação à natureza do órgão do Estado que o pratica, diz-se que há
um controle de constitucionalidade político ou jurídico, o primeiro, exercido por
órgãos estatais que não possuem poder jurisdicional, e o último, praticado pelo
Poder Judiciário.
É controle político o exercitado pelas Comissões de Constituição e justiça
do Poder Legislativo (art. 58, CF/88), ou pelo Poder Executivo, no momento em
que o Presidente da República veta o projeto de lei que considera
inconstitucional (art. 84, V, c/c art. 66, § 1°, ambos da CF/88). Ocorre, ainda,
quando o Legislativo susta atos normativos do Executivo que exorbitem do poder
regulamentar ou dos limites de delegação legislativa (art. 49, V, CF/88).
Por outro lado, o controle jurídico acontece no momento em que os órgãos
do Poder Judiciário declaram a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo
estatal. Deixou o Brasil de adotar o sistema suíço, pelo qual certas espécies de
leis (leis federais) submetem-se ao controle político, sendo que outras (leis
locais) ficam à mercê do controle jurídico.
No que toca à sua finalidade, o controle pode ser concreto ou abstrato.

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O controle concreto, ou subjetivo ou pela via de exceção ou de defesa, é
o praticado no curso de um determinado processo jurisdicional, com a presença
de dois ou mais litigantes, por meio do qual a inconstitucionalidade é analisada
e discutida como prejudicial ao mérito da causa que, por sua vez, envolve direitos
subjetivos.
Trata-se do modelo de matriz norte-americana, celebrizado pelo Chief
Justice Marshall, ao avaliar o caso Marbury vs. Madison, em 1803, ocasião em
que se assentou que todo e qualquer órgão Judiciário pode aquilatar a validade
jurídica dos atos normativos, tomando como paradigma as normas da
Constituição. É reconhecido no Direito Brasileiro, tanto que as lides envolvendo
inconstitucionalidade de normas jurídicas podem ser dirigidas a qualquer Juiz ou
Tribunal, incidentalmente ao mérito da causa.
O controle abstrato (ou pela via de ação ou, ainda, objetivo), por seu turno,
é aquele praticado por uma Corte Constitucional, detentora única do Poder
Jurisdicional de declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo.
Sua origem remonta à Constituição Austríaca de 1920, imaginado que foi
por Hans Kelsen, e também se encontra albergado pelo Direito Constitucional
pátrio, desde que veio a lume a Emenda Constitucional n° 16, em 1965, que
alterou a Carta Constitucional de 1946, criando a ação direta de
inconstitucionalidade de leis federais e estaduais.
Não há, em tal modalidade de controle, lide propriamente dita, no sentido
de algum bem jurídico ser discutido por dois ou mais litigantes, visto que o único
debate travado é relacionado à constitucionalidade da norma jurídica. Por isso
mesmo, diz-se que há um controle objetivo, exercido de modo abstrato pelas
Cortes Supremas.
O Direito Brasileiro não faz previsão (como na Itália) do controle pelo qual,
havendo discussão sobre a constitucionalidade de norma jurídica, sua análise
desloca-se para a Corte Constitucional, permanecendo o feito original
sobrestado enquanto não resolvida tal questão.
Quanto ao momento em que é exercido, o controle pode ser preventivo
(prévio) ou repressivo (posterior), sendo que nas duas situações, qualquer
dos Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário) pode realizá-lo.

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O controle será, então, prévio ou posterior, na medida em que já exista lei
ou ato normativo, ou se ainda é, apenas, mero projeto, caso em que se procura
evitar, desde logo, qualquer lesão ao sistema constitucional.
Assim, o Legislativo pratica o controle preventivo por meio da análise,
pelas Comissões de Constituição e Justiça, de projetos de lei ou de propostas
de emenda constitucional. De outro giro, são exemplos de controle repressivo
exercido pelo Legislativo as hipóteses do art. 49, V, já mencionado, do art. 62, §
5° (medidas provisórias consideradas inconstitucionais) e do art. 52, X
(suspensão de lei declarada inconstitucional, pelo Supremo Tribunal Federal –
STF, no âmbito do controle difuso), todos da Carta de Outubro.
Não se descure, ainda, que o Tribunal de Contas, órgão auxiliar do Poder
Legislativo, também possui a atribuição de apreciar a constitucionalidade das
leis e dos atos do Poder Público, conforme expressou a Súmula n° 347 do STF.
Já o Executivo exerce o controle preventivo no âmbito do processo
legislativo, no caso do art. 84, V, c/c art. 66, § 1°, ambos da CF/88 (veto jurídico),
ao passo que o controle repressivo acontece pela possibilidade de invalidação
dos atos considerados inconstitucionais, entendimento que é, inclusive,
albergado pela jurisprudência do STF.
A possibilidade de o Executivo recusar a aplicação jurídica de lei que
considera inconstitucional é tese polêmica, mas parece ter sido reafirmada pela
Corte Suprema na vigência da Carta de 1988.
Contudo para evitar a prática de crime de responsabilidade, pela negativa
de execução de lei, a Corte Excelsa também já indicou que deve ser ajuizada,
em seguida à recusa, a ação destinada à instauração do controle em abstrato da
constitucionalidade, ou junto ao Tribunal de Justiça – TJ (se violada a
Constituição Estadual), ou junto ao STF (se constrangida a Constituição
Federal).
Por fim, diz-se que o Judiciário exercita o controle prévio ao analisar
Mandados de Segurança – MS ajuizados por parlamentares, nos quais se
discute a eventual violação a normas constitucionais relacionadas ao processo
legislativo ou, ainda, à existência de proposta de emenda constitucional tendente
a abolir as cláusulas pétreas (art. 60, § 4°, CF/88).

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O controle repressivo, por sua vez, é o comumente realizado pelo
Judiciário, pelo qual juízes e tribunais decidem sobre a constitucionalidade das
normas jurídicas editadas pelo Poder Público, enquanto não houver
pronunciamento do STF, com efeitos vinculantes. É, na prática, a principal forma
de controle repressivo.
No que se refere à conduta avaliada, o controle pode ser por ação (ou
positivo) ou por omissão (ou negativo).
O controle por ação dá-se, fundamentalmente, pelo ajuizamento de Ação
Direta de Inconstitucionalidade – ADI e de Ação Declaratória de
Constitucionalidade – ADC (art. 103, caput, CF/88), e por ele o STF, atuando em
um processo objetivo, decide sobre a constitucionalidade ou
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo já editado.
Realce-se que ADI e ADC possuem natureza dúplice, isto é, no exato
instante em que o STF declara a constitucionalidade da lei ou ato normativo,
também afasta qualquer consideração relacionada à sua inconstitucionalidade,
e vice-versa.
A inconstitucionalidade por omissão dá ensejo, por sua vez, ao
ajuizamento de ADI por Omissão (art. 103, § 3°, CF/88), por meio da qual o STF
dará ciência ao Poder competente, para a adoção das providências necessárias
a tornar plenamente aplicável a norma constitucional avaliada e, em se tratando
de órgão administrativo, para tomar medidas concretas no prazo de 30 (trinta)
dias.
Quanto à competência do órgão jurisdicional que o exerce, o controle de
constitucionalidade pode ser difuso (aberto) ou concentrado (reservado).
O controle difuso permite a qualquer órgão Judicial declarar a
inconstitucionalidade das leis e atos normativos. O tema questionado pode
chegar, em tal situação, ao conhecimento do STF por meio de Recurso
Extraordinário (art. 102, III, CF/88).
Já o controle concentrado é exercido somente por tribunais. É realizado
pelo TJ, no caso de a lei municipal ou estadual contrariar norma da Constituição
Estadual (art. 125, § 2°, CF/88), e pelo STF, no caso de lei estadual ou federal
violar norma da Constituição Federal (art.102, I, CF/88).

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Conclui-se, também, que na via concentrada é inviável a análise da
constitucionalidade de lei ou ato normativo local (municipal), salvo se manejada
a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental – ADPF. É o que se
dessume do art. 1°, parágrafo único, da Lei n° 9.882, de 03.12.1999, que
regulamentou o art. 102, § 1°, da Lei Magna de 1988.
Na prática, a ADPF tornou-se outro instrumento de controle concentrado
das leis e atos normativos, com o diferencial de exercê-lo em relação aos atos
jurídicos de ordem municipal, bem como sobre as leis e atos normativos
anteriores à própria Constituição Federal.
Para arrematar, mencione-se a Ação Direta de Inconstitucionalidade
Interventiva, cujo legitimado ativo é o Procurador-Geral da República e o órgão
competente para julgamento é o STF (art. 36, III, CF/88). A ação constitui-se em
outra forma de garantir a higidez das normas constitucionais e, particularmente,
dos assim chamados princípios constitucionais sensíveis, descritos no art.
34, VII, da CF/88.
Não se olvide, ainda, o fato de que pode ser discutida a
constitucionalidade das leis por ocasião do ajuizamento de Ação Civil Pública,
desde que não seja esse o objeto principal da ação, mas, tão-somente, questão
prejudicial à análise do mérito. Do contrário, tal instrumento jurídico estaria sendo
utilizado como sucedâneo de uma ADI, situação vedada pela jurisprudência do
STF.

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