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Diretrizes para um campo político no PSOL

Teses fundamentais e propostas

Conjuntura e o balanço do período

1. O Brasil passa por uma combinação estrutural de crises: a crise


institucional da Nova República (crise entre poderes e do mecanismo de
funcionamento dos partidos-eleições-negócios), a crise econômica, social
e ambiental. Estas crises foram agravadas pelo esgotamento do
modelo de conciliação de classes e neodesenvolvimentista extrativista que
o lulopetismo tocou no país por 13 anos, intensificadas agora pela agenda
ultraliberal do Capital e do governo golpista de Michel Temer e pelo
devastador efeito causado pela revelação de todo tipo de esquemas de
corrupção envolvendo os blocos políticos dominantes da ordem e seus
principais partidos.

2.O primeiro grande terremoto político-social que sinalizou esses


esgotamentos foram as jornadas de junho de 2013. Embora aquela
extraordinária semana de ações de amplas massas nas ruas tenha sido
efetivamente disputada pela direita nos seus últimos dias, ela evidenciou:
a) os fortes sinais de fadiga do modelo econômico petista; b) a crise das
representações políticas tradicionais e c) o desgaste das instituições. Para
além disso colocou na cena política uma nova geração de milhares de
ativistas, trouxe para o centro das lutas e demandas sociais novos atores
em torno das pautas de opressões, abriu um novo ciclo de lutas populares,
resistências e greves que passaram a ter protagonismo de movimentos
sociais populares, como o MTST.

3. Se, por um lado, novos atores sociais surgiram na cena política, por
outro é notório que o modelo de conciliação de classe petista fez
retroceder o nível de organização e consciência de muitos outros setores,
além de, mais grave, permitir o crescimento de uma direita cada vez mais
fisiológica, extremamente conservadora e violenta no dia a dia da
sociedade. A bancada BBB (boi, bala e bíblia) cresceu nestes anos de
confusão e retrocessos ideológicos, enraizando-se na sociedade gerando
de forma mais nítida nos dias atuais a consolidação de setores
protofascistas, com base social que dão sustentação a uma forte e
violenta ofensiva conservadora.

4. Apoiado numa conjuntura externa favorável dos preços das comodities,


os governos petistas conseguiram, em especial os dois mandatos de Lula,
realizar concessões aos trabalhadores/as e aos seus setores mais
precarizados sem tocar no capital financeiro. Pelo contrário, governando
sob a base das suas exigências e condições, como a manutenção das altas
taxas de juros e a remuneração religiosamente paga da dívida pública.
Para expandir seu modelo desenvolvimentista burguês trouxe para si o
agronegócio, as empreiteiras e os setores do capital (alguns mega-
emergentes como Eike Batista) do entorno da indústria do petróleo e da
expansão do pré-sal com a fase das magaobras e megaprojetos. Para
retardar a entrada do país na longa crise mundial, que teve início no
coração do sistema em 2008, colocou montanhas de recursos públicos em
setores da economia e grandes empresas, orientou os bancos públicos a
baixar os juros e abriu o crédito popular. Ao lado das políticas públicas
compensatórias e a dinamização de um mercado interno este modelo
atinge seu auge com Lula encerrando seu segundo mandato com 85% de
apoio popular. Ou seja, os principais setores orgânicos da burguesia no
Brasil (finanças, indústria, agronegócio, empreiteiras entre outros) saíram
ganhando com o modelo e os traços de política reguladora do Estado a
ponto que naquele momento, incluindo a grande mídia empresarial, mal
se constituíam como uma oposição ao governo. Mas o agravamento da
crise internacional, a queda vertical no preço das comodities põe fim a um
quase “mágico” modelo de conciliação de classes e reabre a disputa na
burguesia e no aparelho do Estado, sendo que estes setores fundamentais
do grande capital, finanças a frente, passam a exigir um aprofundamento
da política de ajuste (iniciada de forma aberta no segundo mandato do
governo Dilma).

5. O ano de 2016 estabeleceu o principal divisor de águas no país e no


movimento de massas: o golpe parlamentar institucional que encerrou o
segundo mandato de Dilma e interrompeu o ciclo de 13 anos de governos
petistas. O golpe foi expressão, em primeiro lugar, de um realinhamento
do capital financeiro e setores burgueses mais afetados pela crise que
optaram por apoiar a substituição do governo Dilma para poder ir a uma
ofensiva mais aberta na direção de um reordenamento neoliberal do
Estado de forma global e de ataques aos direitos da classe trabalhadora,
da juventude, mulheres, negrxs, LGBTTS e indígenas; em segundo lugar,
por uma relação de forças onde a direita ganhou a disputa de rua com
mobilizações reacionárias de massas a partir de março de 2015,
capitalizando o desgaste do governo Dilma, mas apoiando-se
exclusivamente nas bandeiras da corrupção e numa pauta reacionária e
antissocialista de maneira geral. Este cálculo se explica porque o governo
de conciliação de classes conduzido pelo PT e Dilma, em que pese sua
montanha de concessões ao Capital, não tinha mais peso politico e social
para impor reformas com a profundidade que o Capital exige nesta
conjuntura (ainda de grave crise econômica e incertezas no cenário
internacional).

6. Esta ofensiva do Capital em torno dos direitos e do reordenamento do


Estado andam junto com uma ofensiva conservadora sobre direitos
democráticos e a pauta de opressões. É parte constitutiva da ofensiva
global do capital, primeiro porque as bancadas que mais deram
sustentação ao golpe são as do fundamentalismo, da bala e do
agronegócio. Segundo porque a sanha para atacar os direitos das
mulheres, dos jovens, negros e negras, dos LGBTTS, dos indígenas é
bastante instrumental para o capital, pois trata-se de manter a opressão e
a ameaça de extermínio sobre aqueles que já tem menos direitos
econômicos e sociais na sociedade. Não é por acaso que cresce nesse
período o fundamentalismo e uma extrema-direita, capitalizadas no
terreno político-institucional por Bolsonaro ou pelas vitórias eleitorais,
como a de Crivella no Rio de Janeiro.

7. Consideramos o golpe parlamentar um divisor de águas na esquerda


porque, embora tenhamos sido oposição de esquerda aos governos do PT
desde a fundação do PSOL em 2004, nestas circunstâncias e nesta nova
conjuntura foi correta a mais ampla unidade de ação com todos que
estavam contra o golpe institucional, dada sua natureza profundamente
reacionária. A posição do partido e todos os setores, começando pela
bancada, que se colocaram contra o impeachment, a presença nos atos de
frente única contra o golpe e o perfil coerente com esta localização que o
PSOL apresentou nas eleições municipais permitiu ao partido, de maneira
geral, credenciar-se como principal ferramenta partidária da esquerda,
que não se confundiu com a direita na oposição ao governo Dilma e não
fez concessões políticas ao lulismo e ao governo Dilma durante a unidade
contra o golpe.

8. Além de um divisor de águas na esquerda, o golpe também é um divisor


de águas em toda a sociedade. Desde o Plano Nacional de Desestatização
do Governo Collor já em 1990 (menos de dois anos da promulgação da
Constituição), a cada ano que se seguiu, sem exceção, os distintos
governos adotaram medidas que avançavam na mercantilização de
distintas políticas públicas ou feriram algum princípio progressista ou
universal da Constituição de 88 no terreno dos direitos e da soberania.
Porém, foi com o golpe e a posterior aprovação da PEC 55 que as bases
estruturantes da Constituição são afetadas. A recente absolvição de
Temer no TSE, após este indicar dois dos próprios juízes, torna popular,
mas também evidente algumas destas consequências para o futuro:
estaremos lutando contra uma tentativa estratégica de reordenamento
político-jurídico e social no sentido de um regime ultra-liberal no terreno
do desmonte dos direitos sociais, trabalhistas, previdenciários,
democráticos.

9. Diante destas enormes mudanças de ciclo e período a partir de 2016,


cujo sentido geral ainda está em aberto, de maneira geral o PSOL acertou
na sua localização; ao contrário de setores da esquerda socialista e mesmo
no interior do PSOL, mas com especial destaque para a posição do PSTU,
que levantaram o Fora Todos o que incluía o Fora Dilma e que naquela
conjuntura era, na prática, confundir-se com a mesma política da direita.
O teste da realidade mostrou que não havia espaço político para o Fora
Todos como uma politica alternativa para a esquerda. Nem havia espaço
para uma política de esquerda que jogasse as fichas no apoio a Lava Jato
(já que esta operação foi o instrumento jurídico central para impulsionar o
impeachment e cumpre um papel regressivo nesse projeto de
reordenamento também jurídico do Estado), nem para lançar eleições
gerais numa conjuntura anterior a definição se o golpe seria efetivado ou
não e tão pouco de, por essa via, constituir um “terceiro campo” com a
REDE e PPL (partido este que na ocasião apoiou diretamente o golpe e
depois apareceu na lista da JBS). A realidade e a ofensiva do capital
impuseram que a luta prioritária fosse contra o golpe na mais ampla
unidade de ação com todos os setores sociais da classe trabalhadora, da
juventude, democráticos e progressistas que se mobilizaram contra o
show de horrores da direita. Foi por essa via da mobilização unitária que
está sendo possível fazer a disputa e o balanço com o petismo e o diálogo
com os setores progressistas e as camadas mais combativas da juventude,
tanto pelo balanço de onde a política do petismo levou o movimento e o
país, como sobre as perspectivas futuras.

Conjuntura e as tarefas imediatas

1.A partir desta localização é que se colocam novos alinhamentos e as


tarefas para o período. Uma primeira escala destas tarefas são as mais
imediatas, especialmente após o crescimento de uma enorme resistência
do movimento de massas neste ano -- expressa nos atos do 8, 15 e 31 de
março, na greve geral de 28 de abril, no Ocupa Brasília de 24 de maio e na
proposta de nova greve geral em junho --, do semi-colapso do governo
Temer e sua base de sustentação após as delações da Odebrecht e da JBS.
A principal e imediata tarefa é derrubar o governo Temer, derrotar as
reformas e lutar por diretas já, no sentido de impedir que a saída de
Temer se dê por um acordão que eleja um presidente tampão pelo
Congresso Nacional.

2.Embora estejamos pela ampla unidade prática pelas diretas já,


defendemos também que as eleições sejam antecipadas e gerais também
para o Congresso Nacional, pois não há mais legitimidade em sua maioria
nem para eleger um novo presidente, nem para retomar a agenda de
reformas e nem para “brincar” de ficar pedindo intervenção das forças
armadas.

3. No caso de saída do governo golpista e prevalência de saída pelas


eleições indiretas, defendemos que o partido denuncie e boicote as
eleições indiretas.

4. Como parte das táticas para que as ruas imponham um novo rumo no
pais, defendemos a construção da greve geral de 30 de junho e um
processo de jornada de manifestações em todo os estados como a tática
central para derrotar o governo Temer e suas reformas.

5. Na luta para derrotar a agenda de reformas defendemos uma ampla


campanha pela revogação de todas as votações e atos regressivos do
governo Temer e aprovados por esse Congresso como a PEC 55 (a do teto
dos gastos por 20 anos), a lei das terceirizações, a reforma do ensino
médio, a PEC 759 (a antireforma agrária), a reforma trabalhista, etc.
Defendemos que a revogação das medidas regressivas sejam estendidas
as do governo Dilma, especialmente a revogação da lei anti-terror que
trouxe no seu bojo o GLO, invocada pelo governo Temer nas
manifestações do dia 24/05 em Brasília.

6. Nesta conjuntura de escandalosas denúncias e delações e como uma


meia dúzia de grupos capitalistas se beneficiaram dos recursos públicos
para levar vantagens em negócios, aumentar seus lucros, enriquecer seus
donos, corromper partidos e políticos é necessário avançar numa política
de controle social e público, a partir do Estado, de todas as empresas
envolvidas no roubo dos recursos públicos e vantagens indevidas. Bem
como é papel do PSOL denunciar as estruturas reais da política de
conciliação de classes que se ajusta a este sistema e destrói as referências
de esquerda.
Uma nova reorganização estratégica e a tática de frente única no
movimento

1.A crise política institucional, a crise dos partidos, o esgotamento do ciclo


e do modelo de governabilidade do petismo (a enésima demonstração da
falência do PT como elemento transformador e de mudança), o avanço da
repressão militar e da ofensiva conservadora, a emergência de novos
atores sociais explorados e oprimidos como parte da luta socialista e as
mudanças na classe trabalhadora colocam uma nova etapa na
reorganização do movimento de massas e para a esquerda.

2.As jornadas de junho em 2013, de maneira geral, dão os sinais de


abertura de uma nova etapa da reorganização do movimento nitidamente
pautada na entrada em cena de milhões de jovens na luta política, da
ocupação do espaço público, do novo lugar das lutas democráticas e das
pautas de opressões, do crescimento das ideias horizontais e
autonomistas por conta do desgaste das formas tradicionais e
institucionais de representação, muito em função de que esta nova
geração se bate também contra os limites de uma esquerda e partidos
vinculados a esquerda tradicional que estavam exercendo o governo.

3. Em 2016, a ameaça do golpe e dos retrocessos sociais empurrou as ruas


centenas de milhares pelo país que na sua maioria foram tradicionalmente
a base social do antigo bloco histórico que deu sustentação a hegemonia
petista. E grande parte destes que foram as ruas, já se mobilizavam de
forma bem crítica aos rumos dos governos do PT.

4. Se um ciclo politico no país está se fechando com os acontecimentos


dos últimos anos, se isto implica também no encerramento de um ciclo na
esquerda brasileira, se ainda estamos num período de uma correlação de
forças geral desfavorável para os “debaixo”, é preciso balizar que uma
nova etapa da reorganização no movimento de massas e na esquerda
brasileira tem uma dimensão estratégica em primeiro lugar. Não se define
e se resolve em seus aspectos centrais em um ou dois anos (formatação
de um novo programa, de um novo bloco histórico dos exploradxs e
oprimidxs, dos instrumentos que serão centrais no próximo período).

5. Pois trata-se também de uma renovação na esquerda em termos de


programa, formas de fazer política, estratégia, lideranças e instrumentos.
Esta renovação será possível em torno de um projeto unificador que
recoloque as ideias socialistas e uma alternativa anti-sistêmica no centro
da polarização política e ideológica no país. E este projeto precisará ser
capaz de resgatar e deslocar de forma mais ampla possível os setores mais
combativos e preservados do antigo bloco hegemonizado pelo petismo e
de dar uma nova perspectiva socialista para as novas gerações e atores
sociais.

6. Mas esta caminhada começa a partir de uma intervenção prática na


conjuntura imediata e na compreensão que para as circunstâncias atuais
da relação de forças entre as classes, será preciso começar a construir a
unidade dos “debaixo” através da tática de frente única e das políticas de
unidade de ação para enfrentar a atual política do capital e dos golpistas.
Pois a reorganização não se dará no abstrato, desconectada da resistência
e das lutas sociais reais. A tática de frente única pode constituir espaços e
permitir vertebrar novos instrumentos unitários e ferramentas capazes de
unificar os exploradxs e oprimidos em novo bloco histórico buscando
superar a etapa atual de fragmentação.

7. Para avançar nessa tática devemos intensificar a atuação na Frente


Povo Sem Medo como principal e prioritário espaço de articulação de
iniciativas unitárias, enraizamento social, além de um espaço que pode ser
um dos condutores do debate de projeto para o país. Na medida em que a
Frente Brasil Popular toma uma direção mais nítida como representante
do projeto Lula 2018, a FPSM pode ser o espaço amplo onde se possa
buscar a síntese entre os tradicionais e novos atores e demandas sociais
como um espaço independente a amplo de ação e articulação. Neste
marco, em relação as frentes de movimento devemos evitar que se
consolidem novas frentes concorrentes de ação, que acentuem a
fragmentação. Apostar na Frente Povo Sem Medo como espaço nacional
prioritário de articulação para um novo bloco e deslocamentos para a
esquerda é a forma prática de engajamento numa política unitária de
aglutinação e frente única, que pode permitir uma política militante de
ampliação de enraizamento social para a esquerda socialista brasileira.

8. A tática de frente única admite frentes e campanhas comuns com os


setores do movimento ligados ao ex-governismo desde que a pauta das
ações sejam reivindicações justas e progressistas da classe trabalhadora
brasileira e dos atores sociais dos setores oprimidxs e sem que cada setor
político ou social que a compõe seja obrigado a diluir sua identidade,
como é o caso concreto agora da frente pelas diretas já!
9. O PSOL como instrumento político deve atuar para apresentar um
projeto de país e de poder, capaz de superar a estratégia de conciliação de
classes. Será preciso um projeto político que supere as estratégias
etapistas ou ilusões de mudanças estruturais convivendo com o
capitalismo. Mas o partido deve se abrir na interação com os movimentos
sociais e setores combativos dos oprimidxs para constituir junto a esses
setores um novo projeto. Este é o desafio que pode dar um novo sentido
ao instrumento partido, que não seja restrito a disputar eleições, nem
auto-proclamatório em relação ao programa.

10. Cabe ressaltar aqui uma reflexão de mais fôlego. Desde sua fundação,
o PSOL corretamente apontou os elementos que iriam levar a falência do
projeto petista enquanto perspectiva transformadora da sociedade. Neste
período, nos comportamos como o “guarda chuva” que abrigava os
setores sociais que iam compreendendo esta crítica e se deslocando à
esquerda. Acreditávamos, contudo, que seria possível, ao final deste
processo, proceder uma “saída à esquerda” no Brasil. Infelizmente, o
golpe mostrou que, por diversos fatores muitos dos quais para além da
capacidade de incidência de nosso partido, a direita foi mais forte neste
processo. Assim, a construção de uma nova etapa na sociedade brasileira
exige reflexão de quais são também os novos desafios estratégicos, no
médio e longo prazo, do PSOL em contribuir para a revolução brasileira.
Queremos, neste congresso, discutir e aprofundar também estes temas.

11. Mesmo que a reflexão acima ainda precise ser feita com mais
profundidade, algumas ideias podemos afirmar: o PSOL deve defender a
frente única e social e iniciativas com os ex-governistas e seus
instrumentos como foi o caso evidente da greve geral para derrotar a
ofensiva do capital, mas diante do esgotamento do ciclo politico na
esquerda hegemonizado pelo PT, o PSOL não defende uma frente política
e estratégica com todos os atores desta frente social prática, pois o divisor
de águas para o futuro será o dilema entre repetir o modelo de
conciliação de classes, a estratégia institucional democrático-popular e os
métodos de governabilidade dentro do estado oligárquico brasileiro ou,
partir para uma renovação política, atualização programática no sentido
da busca de um programa para a revolução brasileira, para a ruptura
sistêmica.

Conjuntura e as eleições 2018


1.Os objetivos principais do PSOL na disputa das eleições em 2018 devem
ser: a) apresentar outro projeto e programa de Brasil capazes de disputar
a sociedade contra os modelos diretos do capital e do mercado e contra a
volta do modelo lulista de conciliação de classes; b) afirmar e consolidar o
partido como uma alternativa política para a reorganização da esquerda;
c) Fortalecer seu enraizamento social e nas lutas sociais; d) Aumentar sua
bancada parlamentar e superar a cláusula de barreira que ameaça os
partidos da esquerda.

2. O Partido deve apresentar o quanto antes uma candidatura própria a


presidente e um programa capaz de articular uma ampla frente política e
social independente e de esquerda. Ou seja, buscando não apenas agregar
os partidos da esquerda socialista como interagir com movimentos sociais
e setoriais amplos que se sintam representados pelo partido no seu
programa e que possam ser solidários nas suas campanhas políticas e
eleitorais.

3. Para o objetivo de procurar superar a cláusula de barreira,


especialmente se ela for mantida nos mesmos termos que saiu do Senado,
o partido precisa ter uma tática de estados prioritários, chapas fortes
federais, campanhas e comitês os mais unitários possíveis. Como parte de
procurar deslocar setores e ampliar sua representação política e social, o
PSOL estará aberto a setores oriundos da esquerda marxista
revolucionária, setores e quadros independentes dos movimentos sociais,
da esquerda católica e mesmo do campo oriundo do petismo e de
partidos anti-golpistas, desde que tenham compromissos com acúmulos e
posições políticas, programáticas e parâmetros éticos do PSOL.

4. Estas tarefas necessárias para a consolidação do PSOL não podem levar


à reflexão que podemos flexibilizar nas marcas da independência de
classe, tão fundamentais para chegarmos até aqui avançando e
conquistando o respeito da militância e de diversos setores progressistas
da sociedade. Neste sentido, reafirmamos a defesa de que o PSOL deve
ser firme na negativa de aliança eleitoral com os distintos partidos da
ordem, ainda que aliados em algumas das frentes de movimento. As
campanhas vitoriosas em 2014 (várias vereadoras eleitas e 3 candidaturas
no segundo turno) mostraram que existe amplo espaço para a
consolidação de um PSOL programático e com diálogo crescente na
sociedade.
5. Também neste sentido, a amplíssima maioria das campanhas
municipais do partido em 2016 mostrou os rumos de um PSOL que pode
crescer, enraizar e disputar com fôlego sem ceder pragmaticamente, os
rumos da reorganização política no país. Mas a política de alianças que o
PSOL adota no Amapá segue na linha contrária. Mesmo o crescimento do
partido se confunde com setores que acabam por jogar ou confundir o
PSOL no lugar comum dos partidos da ordem. Entendemos como um
desastre o PSOL/AP seguir compondo a prefeitura de Macapá (aliança da
REDE com o DEM). Não guarda qualquer coerência com as mais
elementares resoluções da Executiva Nacional, de que não compomos
com partidos golpistas, só para citar um fator. Defendemos que a saída do
partido deste governo seja a mais rápida possível, inclusive para
possibilitar outro tipo de construção eleitoral para 2018. Relembremos
que em 2014, o partido mal fez campanha para a sua candidata a
presidente, tamanho o grau de caos e crise politica que a política de
alianças e acordos locais levou o PSOL.

Programa e estratégia

1. Defendemos uma concepção de programa associada a estratégia.


Defendemos que o PSOL seja um partido a serviço da transformação social
apoiada na auto-organização dos explorados e oprimidos. Portanto, não
apoiamos uma estratégia de ruptura sistêmica que seja conduzida pela
ilusão de que ela passe pela via institucional ou pela via da ocupação do
estado burguês oligárquico brasileiro como uma longa etapa para se
realizar as tarefas democráticas-radicais, anti-imperialistas e anti-
monopolistas.

2. Lutamos pela independência política de classe e dos atores sociais


oprimidos. Nosso programa para o Brasil é a busca de um programa da
revolução socialista brasileira, que não passe por um projeto de
conciliação e aliança de classes ou por uma estratégia institucional como
projeto de poder para aplicar um programa. Por isso, as políticas de
alianças estratégicas não podem passar por setores da classe dominante e
partidos que não representem um projeto de ruptura sistêmica (sem
prejuízo de alianças táticas em lutas parlamentares e institucionais, ou
lutas em torno de uma bandeira comum no movimento).

3. As bases de uma atualização programática que defendemos para o


PSOL e para uma ruptura com o capitalismo no Brasil devem compreender
uma metodologia que compreenda a discussão interna no partido e com
nossos aliados no movimento em base a seminários, ciclos de debates em
setores sociais, bairros, cidades e que o partido possa ser um promotor
desta iniciativa com uma autêntica campanha- caravana com um slogan
do tipo “E se o Brasil fosse nosso”.

4. Nossa contribuição ao debate em termos de diretrizes e temas que


consideramos fundamentais a serem desenvolvidos em reivindicações ou
numa plataforma transitória são os seguintes:

a) Um programa econômico que se vertebre pelas tarefas de ruptura com


os monopólios capitalistas e o capital financeiro; com as tarefas de
ruptura com a dependência e o imperialismo e com as tarefas de ruptura
com a concentração de terras, em busca de uma radical reforma agrária e
redistribuição de recursos;

b) Um programa que dê centralidade na questão sócio-ambiental,


apresentando um outro modelo e padrão de sociedade e civilização
ecossocialista, que não são compatíveis com o atual modelo de sociedade
capitalista; que acabe com a dependência da exploração irracional dos
combustíveis fósseis; que rompa com a lógica do produtivismo
extrativista;

c) Um programa que trate com centralidade as pautas de opressões


compreendendo as bandeiras das mulheres, negrxs, LGBTTs, indígenas
como questões de um programa de ruptura sistêmica, pois exigem a
libertação de toda forma de opressão e exploração destes que estão entre
os setores mais discriminados e explorados da sociedade e que são
maioria da classe trabalhadora brasileira;

d) Um programa que apresente outro modelo de cidade e de divisão do


solo urbano que implica numa radical reforma urbana, na questão do
transportes e serviços públicos;

e) Um programa que apresente outro projeto de poder e democracia


política e social. A questão de lutar por uma democracia real, por outro
tipo de institucionalidade, um poder popular autêntico constituído com
radicais reformas e rupturas que tenham como princípios a participação e
o poder popular auto-organizado, expressão de uma busca da ruptura
sistêmica com o Estado oligárquico brasileiro.

Em resumo, buscamos contribuir para a construção de um programa de


ruptura com os atuais modelos capitalistas, incluindo os modelos de
desenvolvimento produtivistas e extrativistas que estão no âmbito do
capitalismo.

Partido – objetivos e concepção

1. Lutamos para fortalecer e construir o PSOL como principal ferramenta


partidária da reorganização da esquerda brasileira, um partido aberto,
para o qual chamamos, em seus próprios ritmos, todxs xs ativistas e
lutadores sociais e xs militantes socialistas que rompam com a política de
colaboração de classes do petismo.

2. Lutamos para que o PSOL se consolide como partido independente,


anticapitalista e socialista e colado nas lutas sociais de todas as camadas
dos explorados e oprimidos do povo brasileiro.

3. No âmbito internacional, defendemos o PSOL ao lado de todas as lutas


populares, sociais, democráticas e progressistas dos povos explorados,
sem concessões aos antigos governos ou campo burgueses “progressistas”
que respondem com a repressão brutal aos anseios populares. Lutamos
para o PSOL tenha como princípio se consolidar também no terreno
internacional como um partido socialista internacionalista independente
que apóia as justas demandas sociais, democráticas dos povos oprimidxs.

4. Afirmar o PSOL como partido das lutas sociais dos trabalhadorxs, dos
sem-terra, dos sem-teto, dos indígenas; como partido porta-voz das
pautas de opressões, sendo profundamente anti-racista, feminista, anti-
homofóbico, anti-transfóbico e capaz de acolher xs ativistas e lideranças
destes movimentos que queiram construir um outro projeto para o país;

5. Afirmar o PSOL como partido independente de qualquer financiamento


empresarial e que em coerência defenda essa concepção também para os
movimentos sociais e populares.

Partido, democracia e funcionamento

1. Lutar para que o PSOL se consolide como partido de militantes, plural e


democrático em todas as suas instâncias nacionais, regionais e setoriais,
onde se respeite a autonomia das setoriais e instâncias regionais, desde
que não estejam em conflito com resoluções programáticas e
conferenciais do partido. Um partido sem intervenções burocráticas, sem
mais dois pesos e duas medidas.
2. A partir da conjuntura atual, da necessidade de afirmar o partido como
instrumento partidário principal da reorganização da esquerda brasileira,
é preciso um ambiente interno unitário, plural e democratizado no seu
funcionamento. É preciso dar outra dinâmica do funcionamento do
partido no sentido de ser orgânico, compartilhado e dinâmico.

3. O leque de propostas para mudar a estrutura atual que apresentamos


são as seguintes:

-- Obrigatoriedade de Diretórios Nacionais e Estaduais trimestrais;


obrigatoriedade de executivas nacionais mensais e estaduais quinzenais;

-- Obrigatoriedade de plenárias bimestrais de base (municipal, regional ou


barrial a critério dos diretórios),

-- Obrigatoriedade de funcionamento regular das instâncias das setoriais


nos mesmos moldes das instâncias nacionais e estaduais e com apoio
material da direção nacional.

-- Construir uma política efetiva para dar organicidade nacional aos


núcleos de base do partido, orientando todos xs filiadxs a se nuclearem,
contribuírem com o enraizamento social do partido, auto-financiamento e
intervenção na realidade.

-- Rever o critério de filiações partidárias estabelecendo o fim de entrega


de listas que não passem pelo crivo dos diretórios e que sejam entregues
de forma interna após os prazos formais; estabelecer uma quarentena de
que filiadxs novos ao partido não podem participar de congressos no
mesmo ano, alterando assim o prazo de censo para um ano antes dos
congressos;

-- Gestão compartilhada dos fundos setoriais (não sejam controlados por


um grupo eventual majoritário ou as tesourarias nacional/estaduais) e do
fundo partidário como um todo, com prestação de contas periódicas;

-- Proibir possibilidade de intervenção do DN nas setoriais, assegurando


que tenham autonomia política e organizativa nos marcos do programa e
resoluções do partido;

-- Estabelecer que os parlamentares tem que participar regularmente das


instâncias dirigentes do partido;
-- Coletivização efetiva dos mandatos conquistados seja com o PSOL e/ou
com Movimentos Sociais. Apoiar-se em experiências de mandatos com
mais vivências e aqueles que estão se iniciando, mas que também já
ousam pensar distinto neste sentido.

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