Regista-se boa produção da batata-reno no Baixo Limpopo (arquivo)

BAIXO LIMPOPO : Produção da batata-reno deixa camponeses

satisfeitos
NO seu terceiro ano de reinício da prática da cultura da batata-reno na cintura verde da cidade de Xai-Xai, a
azáfama e satisfação pelos resultados da produção, no seio dos produtores é enorme, estando-se neste
momento na festa da colheita.

Maputo, Sexta-Feira, 10 de Novembro de 2006:: Notícias

A nossa Reportagem testemunhou estes momentos na sua recente deslocação às zonas de

produção, no perímetro irrigado do Baixo Limpopo, ainda em plena reabilitação graças aos
fundos disponibilizados para o efeito, pelo Banco Africano de Desenvolvimento "BAD", na ordem
dos 132 milhões de meticais da nova família. Pequenos agricultores de Inhamissa, Fidel Castro
e Chongoene continuam determinados a trabalhar com afinco, tendo em vista a recuperação do
mercado há bastante tempo perdido, a favor dos sul-africanos. Aliás, os camponeses
asseguraram que com o processo de restauração das infra-estruturas de rega, aquele sonho em
breve será transformado em realidade.
Depois de se ter começado de forma tímida na última safra e a título experimental, apenas
numa área de 15 hectares de batata-reno, e não obstante o facto de as sementeiras terem sido
efectuadas com um atraso de cerca de quatro meses, alegadamente devido ao alargamento dos
campos, a colheita para esta temporada é estimada em cerca de 1000 toneladas, a serem
retiradas de uma área de 35 hectares.
"É uma grande felicidade para mim, para a minha família e para todos os outros produtores que
trabalham connosco, filiados na Casa Agrária de Nhocoene, porque depois da apreensão e
medo de assumir os riscos de tentar reatar a produção da batata-reno, uma cultura que já
estava praticamente esquecida entre nós, este ano nos entregamos ao trabalho e os resultados
são sintomáticos. Quero deixar aqui uma palavra de reconhecimento à assistência permanente
que nos foi sendo dada ao longo desta campanha pelos técnicos extensioniostas que resultou
neste sucesso", disse Eugénio Nhaule, agricultor em Nhocoene, posto administrativo de
Chongoene.
Nhaúle disse ser sentimento comum entre os produtores locais, assumir com patriotismo a
responsabilidade de se juntarem esforços no sentido de se avançar com toda a determinação e
segurança na mudança de cenário, nos moldes de produção, por forma a que Gaza e o país em
geral se lancem na busca de alternativas contra a dependência alimentar em relação à África do
Sul.
"Para mim, esta atitude é mais um gesto de orgulho e de patriotismo, uma afirmação
inequívoca da nossa moçambicanidade. A reabilitação do regadio em curso e as facilidades que
nos foram criadas para que possamos produzir sem grandes dificuldades são indicadores
importantes de que nós os moçambicanos temos capacidade de produzir para o nosso auto-
sustento e para a comercialização de excedentes", reiterou Nhaúle, agricultor e presidente da
Casa Agrária em Nhocoene.
Transportado em carinhas de pequena tonelagem ou em tractores, o resultado da primeira
experiência do envolvimento destes produtores na produção da batata será vista nos principais
mercados municipais da cidade de Xai-Xai a preços que variam entre os 15 e 17 mil meticais o
quilograma, o mesmo valor pelo qual geralmente se vende localmente a batata importada.
Segundo relatos feitos por fontes ligadas à edilidade, esta intervenção que de certo modo
ultrapassou as expectativas para os menos atentos, resultou do facto de ter havido uma
atenção muito especial por parte dos responsáveis do projecto de reabilitação do sistema de
regadio do Baixo Limpopo, que tiveram como preocupação a formação dos camponeses por
forma a adquirirem conhecimentos tecnológicos transmitidos pelo pessoal de extensão rural ali
afecto.

Vontade de se trabalhar
Maputo, Sexta-Feira, 10 de Novembro de 2006:: Notícias

Há sem dúvidas uma vontade enorme de se trabalhar no sentido destes prestarem o seu
contributo para que Gaza deixe de depender de mercados externos no consumo de hortícolas,
batata-reno entre outros produtos que aquelas terras férteis podem oferecer.
O resultado da produção para além de ser colocado à disposição dos interessados nos diversos
mercados da cidade de Xai-Xai, pode igualmente ser encontrado nas proximidades dos campos
agrícolas, onde o quilo da batata não ultrapassa os 10 meticais da nova família contra os 17 a
20 meticais com que é vendida a que é importada da África do Sul.
"Esperamos dar resposta ao interesse manifestado pelos consumidores da nossa batata,
passando isto necessariamente pela tentativa de produzirmos durante todo o ano, porque caso
contrário, os sul-africanos voltarão a reocupar o mercado. Estou particularmente feliz porque a
minha aero-bomba está finalmente pronta para entrar em actividade que irá permitir a irrigação
dos campos sem dificuldades. Espero igualmente que se encontre formas de nos alocarem
atempadamente as sementes por forma a cumprirmos integralmente as nossas obrigações
junto dos consumidores e das instituições que nos facilitam todo o processo em volta da
produção", afirmou o agricultor Fabião Uamusse.
A nossa fonte explicou-nos na ocasião que esta primeira experiência de lançamento da cultura
da batata no regadio de Xai-Xai mereceu a assessoria e acompanhamento de técnicos da
extensão rural, desde a preparação das terras, aplicação de fertilizantes até à colheita.
"Sem grandes euforias, podemos afirmar que estamos a caminhar de forma paulatina para a
nossa auto-suficiência alimentar graças, em primeiro lugar, aos enormes investimentos que o
Govemo tem estado a fazer na restauração do regadio e pelos importantes ensinamentos que
nos têm ministrado pelos extensionistas, que já estão a concorrer para uma melhoria
significativa na nossa produção", assegurou Uamusse.
Camponeses da casa agrária de Inhamissa contactados pela nossa Reportagem consideraram
ser urgente que as autoridades municipais de Xai-Xai e do projecto ligado à reabilitação do
regadio criem condições para alocação de meios, como motobombas e tractores que deverão
ser pagos por aqueles produtores desde que se estabelaçam condições de reembolso à altura
das suas capacidades.
"Vai ficando claro que com o resultado da nossa produção podemos melhorar as nossas
condições de trabalhar a terra, por forma a atingirmos melhores níveis de vida. Com a produção
da batata-reno, mesmo a título experimental, acreditamos que juntos e organizados, contando
com alguma ajuda do município, podemos assumir a responsabilidade de adquirirmos
motobombas e tractores. A casa agrária já provou muita capacidade para lidar com este tipo de
situações, daí que acreditamos estarmos à altura de mais este desafio no âmbito da produção",
disse Machine.
VIRGÍLIO BAMBO