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20/02/2018 Quarta revolução industrial – Adaptar-se à nova tecnologia ou perecer (mas é isso mesmo?

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Dossiê Indústria 4.0 (fev/2018) _comciência

ARTIGO, _DOSSIÊ 195

QUARTA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL –


ADAPTAR-SE À NOVA TECNOLOGIA OU
PERECER (MAS É ISSO MESMO?)
8 DE FEVEREIRO DE 2018

Por Steven Poole

No livro de Klaus Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial, o termo chave é “adaptar-se” ao mundo
novo que a tecnologia criará. A ideia raramente é contestada, mas, na verdade, é uma atualização velada do
darwinismo social, segundo o qual as pessoas que sobreviverem ao dilúvio robótico que se aproxima terão sido

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o tempo todo, por de nição, os mais aptos. O apelo para nos adaptarmos implica que as circunstâncias em
mutação que Schwab prevê são como forças inexoráveis da natureza. Mas, obviamente, não são.

H
ouve muita diversão recentemente quando a equipe de publicidade de Jeremy Corbyn [líder
trabalhista britânico] emitiu uma foto do estimado líder com uma citação resumida de seu
discurso: “Enfrentamos agora a tarefa de criar uma Nova Inglaterra da quarta revolução
industrial – movida pela internet das coisas e por big data para desenvolver ciber-sistemas físicos e
fábricas inteligentes.” Espera, como é que é???

Pode-se perdoar alguém por suspeitar que Corbyn não zesse ideia do que estava dizendo, mas a
“quarta revolução industrial” é uma coisa real, pelo menos segundo alguns analistas. A primeira
revolução foi movida a vapor; a segunda foi movida a eletricidade; a terceira se deveu ao nascimento da
era do computador; e a quarta – que alguns alegam que é apenas uma continuação da terceira – é a era
dos dispositivos “vestíveis” (wearable), impressão 3D, edição de genes, inteligência de máquinas e
dispositivos em rede tais como iluminação de ruas cheias de sensores eletrônicos, ou geladeiras
inteligentes que encomendam ovos quando os que você tinha na geladeira acabaram. O sonho de
colocar em rede objetos comuns com processadores baratos e comunicação sem o se encaixa na
rubrica de “internet das coisas” [IoT], que é (ou deveria ser) abreviação de “internet de coisas que não
deveriam estar conectadas à internet”. Inevitavelmente, algum adolescente entediado vai “hackear” sua
geladeira inteligente para inundar sua cozinha enquanto você estiver fora de casa; quanto mais
infraestrutura urbana estiver computadorizada, mais vulnerável ela será a ciber-ataques. A “cidade
inteligente” é a cidade “hackeável”.

No entanto, muitas pessoas acham que esse tipo de coisa acontecerá de um jeito ou de outro. Então,
como vamos fazer? Surge Klaus Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial, com um pequeno livro
expondo os desa os e oportunidades que nos esperam. Eu chamo de “livro”, mas ele é escrito mais na
linguagem de tópicos de um relatório produzido por um thinktank, com muito pouco argumento
discursivo, opinião ou ilustração. Foi redigido na linguagem anestesiante do jargão executivo, para
“líderes” que querem saber como navegar em uma era de “desa os exponencialmente destrutivos”.
“Para algumas empresas”, escreve Schwab, “conquistar novas fronteiras de valor pode consistir em
desenvolver novos negócios em segmentos adjacentes, enquanto que, para outros, trata-se de
identi car mudanças em bolsões de valor nos setores existentes.”. (Isso poderia ter sido verdade em
qualquer momento do século passado).

C
omo de costume, esse estilo de alta gerência
contém muito discurso vazio, mas moderno
(devemos evitar o “pensamento linear”, diz ele,
algo sem sentido, não importando a forma como você o
interpretar) e também  um tipo esquisito de brutalidade
imagística – as empresas de “economia gig” tais como
Uber são “plataformas humanas de nuvem”, como se os
crédito da imagem: Fabrice Coffrini / Agência France Press /
servos que trabalham para elas fossem anjos eufóricos
Getty Images
tocando harpa num leito de cumulonimbus. Para
completar o estilo, acrescente apenas uma dose pesada

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de clichês tecnológicos utópicos, tais como a alegação de que “a tecnologia digital desconhece
fronteiras”, mas que, na realidade conhece, sim: por exemplo, a recente decisão do Facebook de
obedecer às leis de censura da China para poder operar no país.

Para ser justo, Schwab mostra em um apêndice que ele sabe que a ideia de que “a tecnologia digital
desconhece fronteiras” é simplesmente falsa, e, o tempo todo, tem cuidado para ser imparcial a respeito
das vantagens e desvantagens de cada tecnologia que discute. A inteligência arti cial pode ser super
útil, ou pode constituir “uma ameaça existencial à humanidade”. A biotecnologia pode curar todas as
doenças, ou criar um cisma de bio-desigualdade. O problema geral é que isso, basicamente, é tudo que
Schwab faz: descrever algum desenvolvimento futuro ou seu oposto e, essencialmente, perguntar: “Isso
é brilhante? Ou isso é terrível?” O comprador de tal livro poderia esperar que o autor tivesse uma
opinião fundamentada sobre o assunto.

Em vez disso, Schwab oferece recomendações sobre política que – talvez de propósito – são vagas o
su ciente para serem úteis para um político de qualquer bandeira. Sobre o futuro do emprego, admite
que os trabalhadores da “nuvem humana” poderiam se achar engajados em “uma corrida inexorável
para o fundo em um mundo de o cinas de trabalho escravo não regulamentado”. O que fazer então?
Schwab escreve sabiamente: “O desa o que enfrentamos é descobrir novas formas de contratos sociais
e de emprego que se adaptem à mão de obra em mutação e à natureza evolutiva do trabalho.”. Ah!
Certo. Entendi.

E
n m, uma opinião geral está expressa bem no nal e, até certo ponto, é admiravelmente
humanitária. Devemos nos lembrar, escreve Schwab, que “todas essas novas tecnologias são, em
primeiro lugar e principalmente, ferramentas feitas por pessoas e para pessoas”. Na realidade, o
livro chega a seu clímax com um apelo bastante bonito para que todos trabalhem juntos em uma
“renascença cultural” que aparentemente dependerá de algum tipo de espiritualidade cósmica. A quarta
revolução industrial pode levar a uma distopia, declara Schwab sensatamente. Por outro lado, podemos
usá-la para “elevar a humanidade até uma nova consciência coletiva e moral baseada em um sentido
compartilhado de destino”. Com certeza, isso seria muito bom.

N
o entanto, possivelmente essa mensagem inspiradora seja afetada pela política implícita do
vocabulário do livro. O termo chave em tudo isso é “adaptar-se” – como na alegação da
necessidade de todos nos adaptarmos ao mundo totalmente novo que a tecnologia criará em
torno de nós. A ideia que todos nós precisamos nos adaptar raramente é contestada, mas, na verdade, é
uma atualização velada do darwinismo social, segundo o qual as pessoas que sobrevivem ao dilúvio
robótico que se aproxima terão sido o tempo todo, por de nição, os mais aptos.

O apelo para nos adaptarmos implica na realidade que as circunstâncias em mutação, que Schwab
prevê, são alguma coisa como forças inexoráveis da natureza.

M
as, obviamente, não são: serão os resultados de decisões tomadas por legisladores,
regulamentadores e outras pessoas no poder. Uma ideia alternativa seria os cidadãos se
engajarem em tais decisões e, se necessário, desa á-las, em vez de, humildemente,

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adaptarem-se a qualquer coisa que seus mestres decidirem que o mundo deverá ser. Isso seria
realmente democracia em ação, e poderia até merecer o nome de revolução.

Steven Poole é formado em inglês no Emmanuel College,


Cambridge, e escreve para The Independent, The Guardian, The
Times Literary Supplement, The Sunday Times e New
Statesman. É autor, entre outros, de Rethink: the surprising
history of ideas (2017). Este artigo foi publicado em 6 de janeiro
de 2017 no Guardian e traduzido para o português, com
e ciência, velocidade e capricho, por Amin Simaika.

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