Corporações são grupos de pessoas que se unem a fim de alcançarem
propósitos comuns. No entanto essa associação se comporta como uma única pessoa se tratando, mais especificamente, no sentido legal, de uma pessoa jurídica com direitos e obrigações de uma pessoa física. As corporações estão presentes em todo o mundo e possuem grande poder de influência sobre questões globais como a política, cultura e economia. Esse grupo de pessoas que formam as corporação estão unidas e concentram seus esforços principalmente no objetivo de maximizarem os lucros em sua produção.
Em nome do lucro esse tipo de entidade é capaz de cometer os mais
diferentes danos nas mais variadas esferas, seja aos seus funcionários com condições precárias de trabalho, aos clientes através da venda de produtos prejudiciais à saúde, ou mesmo ao meio ambiente com a degradação de grandes áreas florestais, emissão de gases poluentes, poluição de águas, crime contra os animais, entre outros. Essa característica um tanto quanto perversa pode ser justificada pelo fato de que as corporações são como uma espécie de proteção para seus integrantes, tendo em vista que sua natureza como pessoa jurídica impede que seus donos ou gestores sejam os responsabilizados diretamente por qualquer ato infrator que venham a cometer em nome da organização.
A exemplo disso o documentário aborda a questão do hormônio produzido
pela empresa Monsanto vendido com a finalidade de aumentar a produção de leite. Pouco tempo após a vasta utilização da vacina por vários produtores, começaram os primeiros sinais de alerta para os riscos que o produto viria a trazer, as vacas nas quais fora aplicada a vacina começaram a apresentar problemas em suas mamas. As vacas sofriam com fortes dores nas tetas causadas por uma forte inflamação, havia ainda o agravante da contaminação do leito pelo pus produzido devido a infecção. O leite produzido por essas vacas quando ingerido por humanos pode causar diversos tipos de câncer.
Semelhante a esse caso recentemente no Brasil a empresa de mineração
Samarco foi responsável pelo pior acidente envolvendo mineração na história do Brasil. Em 2015 no município de Mariana (MG), uma barragem de rejeitos, contendo cerca de 62 milhões de metros cúbicos de óxido de ferro e lama, rompeu destruindo tudo o que havia em suas proximidades. A lama cobriu casas deixando dezenas de mortos, até um ano após o ocorrido ainda haviam vítimas desaparecidas. Os danos causados ao meio ambiente são ainda maiores, entre os principais ecossistemas afetados está o Rio Doce, os rejeitos atingiram suas águas causando a morte de diversas espécies, além de afetar diretamente na vida das diversas comunidades que são banhadas pelo leito do rio, acredita-se que dificilmente o rio possa ser recuperado; além do Rio Doce o acidente comprometeu ecossistemas marinhos, após atingir o oceano os produtos tóxicos encontrados na lama expelida pela barragem é capaz de destruir muitas espécies encontradas na região. Até os dias de hoje a empresa segue impune, sem ter arcado com nenhuma consequência do desastre.
Outro caso, ainda mais impressionante, diz respeito a questão de
privatização, que envolve o caso ocorrido na Bolívia onde uma empresa foi responsável por privatizar a água, um bem essencial para a vida. O que mais choca nesse caso é que a empresa além de privatizar as reservas de água terrestres ela chegou ao absurdo de privatizar a água que caía das chuvas, impedindo a população de coletar e armazenar água sem que a empresa recebesse por isso. Tal absurdo resultou em uma onda de protestos por parte da população a fim de retomar o poder sobre esse bem.
Atualmente o Brasil vem enfrentando uma forte tendência, por parte do
governo e do parlamento, em privatizar grande número de estatais com a prerrogativa de diminuir gastos para o governo. Nesse cenário existem as opiniões que são favoráveis e as contrárias ao movimento de privatização. Entre os argumentos dos que acreditam privatizar seja algo positivo está a ideia de que as empresas privadas são muito mais eficientes no que diz respeito a gerenciar as finanças e os recursos, e ainda mais grave é crença de que estatais são responsáveis por grande parte dos esquemas de corrupção envolvendo negociação de cargos públicos. Os que não apoiam a privatização argumentam que esse tipo de ação por parte do governo pode favorecer a ocorrência de casos como o da Bolívia, quando o Estado deixa de ter influência em setores importantes da sociedade dando espaço para empresas impedirem parcelas menos favorecidas da população de usufruírem de recursos básicos como água, energia elétrica, etc.
Outro paralelo interessante entre o que é mostrado no documentário e o
que vem ocorrendo na sociedade brasileira é o caso de condições precárias de trabalho, onde as empresas exploram seus funcionários com jornadas de trabalho exorbitantes, salários baixos e até trabalho infantil. Isso ocorre principalmente em instalações da empresa em países pobres. Uma das principais agendas que circulam pelo congresso nacional é a ampliação da terceirização trabalhista, isso tem preocupado grande parcela da população por representar uma perigosa desregulamentação das relações de trabalho. Entre as preocupações está a perda de direitos trabalhistas, fim do amparo dos sindicatos, diminuição significativa dos salários e pouca estabilidade. Como visto no documentário as empresas privadas conhecem pouco a realidade dos ambientes de trabalho de seus funcionários, além de não terem com prioridade o bem estar do sua mão de obra e sim a maximização dos seus lucros a qualquer custo.
Com isso percebemos que as corporações são as principais entidades
responsáveis por ditar as relações sociais no regime capitalista, e desempenham papel muito importante na geração de bens e serviços, além de emprego e renda para a população. No entanto pode representar o pior lado do capitalismo, caracteristicamente predatório, visando a todo custo o acumulo de riquezas sem se importar com o ser humano ou o meio ambiente.