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do trabalho
no século XXI
debates contempor âneos
Organizadores
Juliana Guanais e Gil Felix
Superexploração
do trabalho
no século XXI
debates contempor âneos
1ª edição 2018
Bauru, SP
Copyright© Projeto Editorial Praxis, 2018
Conselho Editorial
Prof. Dr. Giovanni Alves (UNESP) Prof. Dr. Ricardo Antunes (UNICAMP)
Prof. Dr. José Meneleu Neto (UECE) Prof. Dr. André Vizzaccaro-Amaral (UEL)
Profa. Dra. Vera Navarro (USP) Prof. Dr. Edilson Graciolli (UFU)
Capa
Giovanni Alves
Tradução espanhol-português
Adriana Marcela Bogado
ISBN 978-85-7917-485-8
CDD 331
APRESENTAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Juliana Guanais e Gil Felix
Sumário 5
APRESENTAÇ ÃO
No nos queda, en esta breve nota, sino advertir que las im-
plicaciones de la superexplotación trascienden el plano de
análisis económico y deben ser estudiadas también desde el
punto de vista sociológico y político. Es avanzando en esta
dirección como aceleraremos el parto de la teoría marxista
de la dependencia, liberándola de las características fun-
cional-desarrollistas que se han adherido en su gestación.
APRESENTAÇÃO 7
países latino-americanos, como o México e o Chile, por exemplo, onde
o autor viveu a maior parte de seu exílio1.
No caso particular do Brasil, tal como hoje é reconhecido, foram
amplamente difundidas críticas pouco rigorosas às teses de Marini, seja
por mero desconhecimento e obscurecimento de sua produção ou, tam-
bém, por outro lado, por perseguições de caráter duvidoso ou deforma-
ções teóricas politicamente orientadas2 .
A despeito das diversas tergiversações, o que estava em jogo nestes
silenciamentos era, na realidade, a defesa intransigente de uma estraté-
gia revolucionária socialista por parte do autor e sua crítica às análises
que partiam da intelectualidade vinculada ao Partido Comunista e à
CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe). Ten-
do a revolução socialista como a única via possível para a superação
da condição de dependência em que se encontra a América Latina, a
posição de Marini causava grande incômodo à maior parte da academia
latino-americana, comprometida com estratégias colaboracionistas, re-
formistas ou desenvolvimentistas. Ao defender abertamente a inevitabi-
lidade da revolução e da luta armada, e ao se dedicar e produzir a maior
parte de sua obra de forma a contribuir com este projeto de superação
1 Tal como indicaremos a seguir, não é nosso propósito apresentar a vida e obra de Ruy
Mauro Marini neste livro. Para maiores informações sobre o tema indicamos a leitura de
“Memoria” (s/d), texto escrito pelo próprio autor e que pode ser consultado no sítio eletrô-
nico que reúne grande parte da produção de Marini: http://www.marini-escritos.unam.
mx/002_memoria_marini_esp.html (acesso em 24/01/2018).
2 Um movimiento, aliás, já precocemente analisado pelo próprio Marini, nestes termos: “En
su conjunto, constituye un texto desaliñado y truculento, que deforma casi siempre mis
planteamientos para poder criticarlos, manipula los datos que utiliza (o no utiliza) y que
brilla por la falta de rigor, la torpeza e incluso el descuido en el manejo de hechos y con-
ceptos. El lector lo entenderá mejor si toma en cuenta que va dirigido fundamentalmente
a la joven generación brasileña, que conoce poco o casi nada de lo que he escrito. Esto es
lo que lleva a los autores no sólo a “exponer” mi pensamiento, sino también a permitirse
adaptarlo libremente a los fines que se han propuesto. Seguramente, habrían procedido
de otra manera, si se dirigieran a un público más familiarizado con las tesis en cuestión”
(MARINI, 1978, p. 58). O texto a que se refere Marini no trecho é, no caso, a crítica fei-
ta por José Serra e Fernando Henrique Cardoso em 1978 à Dialéctica de la dependencia
(1973), livro no qual, junto com os textos reunidos em Subdesarrollo y revolución (1969) e
em El reformismo y la contrarrevolución: estudios sobre Chile (1976), Marini sistematizou
estudos de grande fôlego e teses de enorme impacto teórico e político.
APRESENTAÇÃO 9
propondo algumas linhas de investigação para o estudo das novas ca-
racterísticas da dependência.
O artigo de Ana Alicia Peña López e Nashelly Ocampo Figueroa, “A
superexploração dos trabalhadores migrantes mexicanos nos Estados
Unidos”, é resultado de 25 anos de pesquisa e de trabalho realizado di-
reta e conjuntamente pelas autoras com migrantes no México e no ex-
terior. No texto, López e Figueroa buscam explicar a lógica geral à qual
respondem os movimentos migratórios de latino-americanos para os
Estados Unidos - especialmente dos mexicanos -, demonstrando como
o processo de superexploração do trabalho é a chave para entender a
crescente incorporação destes trabalhadores no mercado laboral esta-
dunidense. No decorrer do texto, as autoras não apenas deixam claro
como opera a superexploração do trabalho na dinâmica migratória,
especificamente entre México e Estados Unidos, mas também demons-
tram a pertinência de se utilizar a categoria em questão para a compre-
ensão do fenômeno migratório entre ambos os países, complexificando,
portanto, sua análise para o caso de países centrais específicos do siste-
ma capitalista.
Intitulado “A superexploração do trabalho e o colapso/expansão da
forma-valor no capitalismo global: Notas teóricas”, o texto de Giovan-
ni Alves apresenta as causalidades estruturais da vigência da superex-
ploração do trabalho nas condições históricas do capitalismo global,
sugerindo como hipótese a ideia do colapso/expansão da forma-valor
e seu rebatimento na fórmula da composição orgânica do capital para
explicar a nova superexploração do trabalho nas condições da econo-
mia global. Como o autor visa demonstrar em sua análise, o que era
uma característica distintiva, embora não exclusiva, das formações so-
ciais dependentes – a superexploração do trabalho –, torna-se, também,
a marca das economias centrais, transformando-se em um fenômeno
global, característico do movimento de precarização estrutural do tra-
balho no capitalismo mundial e decorrente de mudanças na esfera pro-
dutiva do capital.
Em “Salário por peça e superexploração do trabalho”, eu, Juliana
Guanais, exponho resultado de pesquisa empírica realizada com assala-
riados rurais que trabalham como cortadores de cana na agroindústria
APRESENTAÇÃO 11
também servem de exemplo de como é possível se construir uma teoria
social “viva”, isto é, informada por análises que dialogam teoria e empi-
ria, e que, portanto, estão em perpétuo movimento (dialético, histórico,
materialista) de crítica e (re)construção. Não à toa, enfim, devemos des-
tacar ainda que todos os artigos, de uma maneira particular, apontam
para agendas de pesquisa compostas por temáticas e problemáticas as
mais variadas possíveis, as quais também podem vir a ser do interesse
de outros pesquisadores, seja da América Latina, ou não.
O convite ao debate e à reflexão está feito.
Boa leitura.
Introdução
No presente ensaio, fazemos uma análise da relação dos conceitos
de “dependência” e “exploração”, considerando-os organicamente im-
bricados e referentes a uma realidade específica, qual seja, a da forma-
ção histórico-social latino-americana contemporânea. Nosso propósito
é iluminar a análise das mudanças que experimenta a América Latina
no contexto mundial, no século XXI. Este ensaio revaloriza o conceito
de exploração do trabalho em torno à sua localização dentro da teori-
zação do marxismo. Em seguida, vislumbra a importância da teoria da
dependência para a análise contemporânea do capitalismo mundial e
latino-americano. Finalmente, enfoca a validade teórica e metodológica
da teoria marxista da dependência (TMD) e, em particular, da teoria da
superexploração da força de trabalho (Sft) na análise contemporânea de
nossos países.
Referências
Arrizabalo Montoro, Xabier, Capitalismo y economía mundial, Instituto
Marxista de Economía-ARCIS-UdeC, Segunda Edición, Madrid, 2016.
Braverman, Harry, Trabajo y capital monopolista, México, Nuestro
Tiempo, 1997.
CEPAL, “El desarrollo económico de la América Latina y algunos de sus
principales problemas”, Boletín Económico de América Latina, vol. 7, n. 1,
fevereiro 1962, p. 1-24, versão na internet: http://prebisch.cepal.org/sites/
Introdução
A migração internacional é um fenômeno intimamente vinculado
à dinâmica da globalização dos processos produtivos, os mercados e
demais âmbitos econômicos, sociais, políticos e culturais relacionados
a ela. A migração massiva de mexicanos indocumentados e os milhares
de centro-americanos e sul-americanos que ingressam anualmente nos
Estados Unidos são apenas uma fração dos milhões de trabalhadores de
países subdesenvolvidos que se incorporam às economias e sociedades
mais desenvolvidas para levar adiante o processo de acumulação capi-
talista destas últimas.
Quotidianamente milhares de pessoas emigram de países como
Honduras, Guatemala, Haiti ou México, entre outros, para se introdu-
zir de forma indocumentada nos Estados Unidos, viajando por terra ou
por mar nas piores condições de transporte, alimentação e segurança.
Nesse intuito, muitos perdem a vida (por inanição, frio, asfixia etc.),
durante o trajeto ou nas mãos das forças de segurança.
Assim, os Estados Unidos estabelecem as redes de população mi-
grante que abastecem sua necessidade de trabalhadores em empresas
maquiladoras, cultivos agrícolas, serviços pessoais e domésticos na Ca-
lifórnia, no Texas, em Nova York, na Arizona e no resto dos estados.
9 Por exemplo, as lutas contra a lei Sensembrenner em 2006 e as recentes mobilizações con-
tra as medidas xenófobas e racistas do atual presidente Trump que beiram escancarada-
mente ao fascismo.
11 Esta categoria inclui os imigrantes legais, os chamados não imigrantes, que são estran-
geiros admitidos por períodos temporários e para um propósito específico (geralmente,
se trata de funcionários, empregados de empresas, estudantes e turistas); e também, se
incluem os refugiados que não adquiriram a categoria de imigrantes legais.
12 Nos distúrbios na cidade de Los Ángeles, Califórnia, em 1992, depois do protesto de cida-
dãos negros e latinos pela repressão policial de que foram objeto, o governo fez intervir o
exército e expulsou uma boa quantidade de latinos. Ver ao respeito: La Jornada, de 02 a 08
de maio de 1992.
16 N. da T.: Pessoas originárias do povo ameríndio que habita hoje os estados mexi-
canos de Oaxaca, Guerrero e Puebla.
17 É muito importante considerar este mecanismo de consumo na superexploração do tra-
balhador, devido a que em todo o século XX e o que passou do XXI, o capitalismo tem se
dedicado de maneira sistemática à adulteração dos valores de uso cotidiano que consome a
população (trabalhadora), degradando seus conteúdos para conseguir, dentre outros efei-
tos, o barateamento de seus custos sem diminuir os preços desses produtos. Ver trabalhos
de Jorge Veraza (1993) sobre a Subordinação Real do Consumo.
18 N. da T.: Tradução literal da expressão inglesa junk food, que se refere, de forma pejo-
rativa, aos alimentos com alto teor calórico e nível reduzido de nutrientes. Geralmente,
são alimentos com elevado conteúdo de gorduras saturadas, sal ou açúcares, e aditivos
alimentares.
19 Outro elemento a considerar nesta aniquilação prematura da força de trabalho, pela exten-
são da jornada laboral, é sua mais rápida reposição. Isto implica que o capitalista deveria
pagar dentro do valor da força de trabalho por esta substituição rápida do trabalhador,
mas, ao não pagá-la, se abre novamente uma diferença entre um menor salário pago e um
maior custo da força de trabalho, uma superexploração.
20 Barreda (1994, p. 225) reflete sobre isto: “De fato, o pagamento da força de trabalho por
seu valor resulta um pressuposto indispensável para a demonstração lógica do processo
de valorização, porém isso não esgota o seu significado... a superexploração também está
presente como pressuposto lógico-real na estruturação de todo o discurso de O capital,...
afirmo que o ponto de partida é, em verdade, um paradoxo que contempla, ... o pagamento
da força de trabalho pelo seu valor e, uma vez que se desdobra o desenvolvimento capita-
lista das forças produtivas, a tendência a transgredir esta equivalência.”
21 Entre os temas que aborda Marx em relação a isto temos: a escravização dos filhos pelos
pais, a enorme mortalidade das crianças dos operários nos seus primeiros anos de vida, o
descuido e maus-tratos de crianças pela ocupação extradoméstica das mães, a depravação
das mulheres, a devastação intelectual do trabalhador e sua família, e a crítica à “educa-
ção” fabril (Marx, 1984).
24 A esse respeito podem ser revisadas duas publicações do National Institute for Occupational
Safety and Health (NIOSH) dos Estados Unidos, uma dedicada ao estresse no trabalho
(niosh, 1998), outra às doenças e acidentes trabalhistas nos Estados Unidos (niosh, 2004).
Também, é interessante revisar as referências acerca da morte por excesso de trabalho
no Japão, fenômeno chamado Karoshi (en.wikipedia.org/wiki/karoshi) e a página da
Internet sobre o estresse no local de trabalho que mantém a Organização Internacional do
Trabalho (OIT). Veja-se também Sotelo (2003).
Referências
ARAGONÉS, A.M y Dunn, T. Trabajadores indocumentados y nuevos
destinos migratorios en la globalización. Política y Cultura, Migración:
Giovanni Alves
Gráfico 1: Queda da taxa média de lucro nos países capitalistas centrais (1855-2009)
26 Uma estrela se forma pelo colapso de uma nuvem de material composta principalmen-
te de hidrogênio e traços de elementos mais pesados. Uma vez que o núcleo estelar seja
suficientemente denso, parte do hidrogênio é gradativamente convertido em hélio pelo
processo de fusão nuclear. O restante do interior da estrela transporta a energia a partir
do núcleo por uma combinação de processos radiantes e convectivos. A pressão interna da
estrela impede que ela colapse devido a sua própria gravidade. Quando o combustível do
núcleo (hidrogênio) se exaure, as estrelas que possuem pelo menos 40% da massa do Sol se
expandem para se tornarem gigantes vermelhas, em alguns casos fundindo elementos mais
pesados no núcleo ou em camadas em torno do núcleo. A estrela então evolui para uma
forma degenerada, reciclando parte do material para o ambiente interestelar, onde será
formada uma nova geração de estrelas com uma maior proporção de elementos pesados
27 O salário relativo é a relação entre o salário real e a produtividade do trabalho. Por exem-
plo, mesmo que o trabalhador assalariado tivesse mantido seu salário real, caso a pro-
dutividade do trabalho tivesse aumentado, sua situação social relativa, comparada á do
capitalismo, teria baixado. Mandel observou: “Marx dedicou uma enorme importância à
noção de ‘salário relativo’ e considera que um dos principais méritos de Ricardo foi esse de
ter estabelecido a categoria de salário relativo ou proporcional” (Mandel, 1980). No capita-
lismo tardio em sua fase fordista-keynesiana, a indexação dos salários à produtividade e a
presença do salário indireto no cálculo do salário da classe trabalhadora mantinha o valor
do salário real e em alguns casos, provocava uma elevação, preservando o salário relativo.
Entretanto, com o capitalismo neoliberal, temos a queda abrupta e profunda do salário
Fonte: https://thenextrecession.wordpress.com/2017/07/08/a-zombie-world/ .
Acesso em: 09/07/2017
A título de conclusão
Na medida em que a nova superexploração da força de trabalho sob
o espírito do toyotismo como novo método de gestão da produção capi-
talista, se universalizou e se generalizou no plano do capitalismo mun-
dial, aumentou-se a incongruência entre produção de riqueza social e
qualidade de vida/bem-estar das individualidades pessoais de classe
29 “O manter-se que se contém nos limites, o ter-se seguro a si mesmo, aquilo no que se
sustenta o consistente, é o ser do sendo. Faz com que o sendo seja tal em distinção ao não-
-sendo. Vir à consistência significa, portanto: conquistar limites para si, de-limitar-se. Daí
ser um caráter fundamental do sendo o telos, que não diz nem finalidade nem meta ou
alvo e, sim, “fim”. Mas “fim” não é entendido aqui no sentido negativo, como se alguma
coisa já não continuasse e, sim, findasse e cessasse de todo. “Fim” é conclusão no sentido
do grau supremo, de plenitude. No sentido de per-feição. Pois bem, limite e fim constituem
aquilo em que o sendo principia a ser. São os princípios do ser de um sendo” [o grifo é
nosso] HEIDEGGER, Martin. Introdução à metafísica. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro,
1969, p. 88.
Juliana Guanais
INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como objetivo principal analisar a relação en-
tre pagamento por produção30 (forma predominante de remuneração
dos cortadores de cana), intensificação do trabalho e superexploração
na agroindústria canavieira brasileira e demonstrar as conexões inde-
satáveis entre esses fatores. Toda a análise toma como base a pesquisa
realizada junto a duas usinas de açúcar e álcool localizadas no interior
do estado de São Paulo entre os anos de 2011 e 2016. Além de nessas
30 O ponto de partida de toda análise aqui empreendida é que o pagamento por produção
pode ser visto como uma modalidade do salário por peça analisado por Karl Marx no livro
I de “O capital” (1867).
32 Devido aos limites do presente artigo, não será possível desenvolver aqui uma discus-
são mais aprofundada sobre intensificação do trabalho e teoria marxiana do valor. Para
isso, indico o terceiro capítulo do meu livro Pagamento por produção, intensificação do
trabalho e superexploração na agroindústria canavieira brasileira. (São Paulo: Expressão
Popular/FAPESP, no prelo).
33 Ao não conseguirem alcançar a média diária estipulada pela usina para qual trabalham –
que atualmente gira em torno de dez ou doze toneladas/dia por trabalhador, dependendo
da empresa - os cortadores de cana são demitidos. Esta imposição da média é extrema-
mente importante para as empresas, que a utilizam como uma forma de selecionar somen-
te os trabalhadores mais produtivos.
34 Esse tipo de argumentação também está presente nos trabalhos de Reis (2012) e de Alves e
Novaes (2011). Para o primeiro: “Desde a década de 60, nenhuma mudança técnica signifi-
cativa foi implementada na atividade de corte manual da cana que possibilitasse aumento
de produtividade” (Reis, 2012, p. 68).
35 Conforme Dal Rosso (2008): “Pode haver alteração na intensidade acompanhada de mu-
dança técnica [...] ou não [...] Aquela não acompanhada de mudança técnica prévia implica
que a reorganização do trabalho é também elemento suficiente para torná-lo mais inten-
so” (Dal Rosso, 2008, p. 72-73).
39 Sobre os indicadores da intensificação do trabalho, Dal Rosso (2013) escreveu: “Quais são
esses indicadores é uma questão aberta, que pode adequar-se às condições de trabalho
pesquisadas. Alguns elementos gerais podem ser indicados: ritmo e velocidade exigidos
pelas atividades, acúmulo de tarefas, polivalência ou exercício simultâneo de diversas
atividades paralelas, aumento ou diminuição do esforço exigido no trabalho, cobrança
de resultados por parte de chefes ou controladores dos processos de trabalho” (Dal Rosso,
2013, p.49).
Prolongamento da jornada
Ao analisarmos detidamente o processo produtivo que envolve o
corte manual da cana, é possível verificar que além de estar em curso
um processo de intensificação do trabalho, episódios de prolongamento
da jornada também são recorrentes. Isso faz com que nesse setor o
aumento da intensidade do trabalho se some à extensão da jornada
laboral, trazendo enormes prejuízos à saúde dos trabalhadores, que
40 De acordo com Garcia: “Cabe frisar que o empregador também deve conceder aos traba-
lhadores, sejam urbanos ou rurais, o intervalo para descanso e refeição (intrajornada) e
o intervalo interjornada, sendo este último de 11 horas consecutivas, conforme art. 66 da
CLT e art. 5º, parte final, da Lei 5.889/73” (Garcia, 2007, p. 10).
41 Como deixa claro o Manual de Contrato de Safra: “... o trabalhador safrista tem direito a
um dia de folga na semana (24 horas seguidas), devidamente remunerado. Essa folga deve
coincidir com o domingo. Quando houver, por algum motivo justificável de natureza téc-
nica, trabalho no domingo, deverá ser concedido outro dia de folga ao trabalhador, ou o
pagamento do domingo trabalhado em dobro, sem prejuízo do pagamento normal do dia
de descanso” (In: Contrato de safra: manual, 2002, p. 27).
42 Em seu artigo, Francisco Giordani, Juiz Titular da Vara do Trabalho de Campo Limpo
Paulista (SP), se posiciona contrário a esse entendimento majoritário do TST: “O entendi-
mento majoritário, ao menos na jurisprudência, é no sentido de que, quando o empregado
trabalha e é pago por produção, a hora extraordinária já encontra-se remunerada com
o que recebe a mais, restando, apenas, o pagamento do adicional e reflexos [...] Referido
entendimento, no que toca aos trabalhadores rurais, não pode, com a devida vênia, pre-
valecer, havendo, ao reverso, que considerar devido o pagamento da própria hora mais o
adicional, e não apenas esse...” (Giordani, 2009, mimeo).
Superexploração do trabalho
De acordo com Ruy Mauro Marini ([1973] 2011), a superexploração
do trabalho é um mecanismo de compensação que opera na esfera pro-
dutiva dos países dependentes utilizado pelos capitalistas desses países
para compensar as perdas geradas devido às transferências de valor e de
mais-valia para os países centrais, e é viabilizada por intermédio de três
mecanismos-chave: o prolongamento da jornada laboral, o aumento da
intensidade do trabalho, e a redução do consumo dos operários mais
além de seu limite normal. De acordo com o autor:
43 Nunca é demais lembrar que a utilização massiva de horas extras em um país dependente
como o Brasil, que conta com altas taxas de desemprego e subemprego, acaba produzindo
efeitos multiplicadores negativos extensivos ao conjunto da economia, especificamente
aos setores de trabalhadores que se encontram sem emprego, e cuja existência reforça ain-
da mais a tendência de baixa dos salários.
44 De acordo com Sotelo Valencia (2012), “El mérito y la novedad de la propuesta de Marini
(…) consiste en que él forjo la categoría superexplotación – que quedó fuera del análisis
general del capital de Marx por las razones expuestas – como el núcleo duro y principio
rector del desarrollo capitalista en las formaciones económico-sociales subdesarrolladas
de la periferia del sistema mundial, y permitió diferenciarlo histórica y estructuralmente
del desarrollo de los países del capitalismo clásico” (Valencia, 2012, p. 148).
45 Essa tendência é válida para todos os assalariados rurais brasileiros, e não somente para
os cortadores de cana, como apontam os dados do DIEESE (2014): “... os salários ainda
continuam muito baixos. Os pisos salariais negociados pouco ultrapassam o valor de um
salário mínimo. Entre 2007 e 2013, por exemplo, a média dos valores negociados pouco
variou: em 2008, atingiu 1,16 salário mínimo, enquanto em 2013 representou 1,10 salário
mínimo” (DIEESE, 2014, p. 28).
46 O estudo de Ramos (2007) também vai na mesma direção: “Fica devidamente explicitado
que a remuneração do trabalho na cana deve-se, fundamentalmente, ao crescente esforço
feito pelos cortadores de cana queimada, que permitiu a elevação do rendimento de corte
mas que não conseguiu evitar que a remuneração diária real na atualidade seja menor do
que a que se conseguia na segunda metade da década de 1970 e início da de 1980” (Ramos,
2007, p. 16).
Aqueles que não chegam a falecer têm sua capacidade laboral redu-
zida de uma safra para outra, têm seus corpos mutilados e são conside-
rados inválidos para o trabalho. Mesmo assim, em parte considerável
dos casos, por serem os únicos provedores de suas famílias, os cortado-
res de cana sentem-se obrigados a continuar trabalhando.
Este é o caso de seu Joaquim, que trabalhou como cortador de cana
por muitos anos, e hoje em dia, com mais de cinquenta anos, sente no
próprio corpo, sobretudo na coluna e nos braços, os impactos negativos
acarretados por uma atividade tão intensa e desgastante como é o corte.
Sem tanta força nem resistência física, o trabalhador confessou que não
aguentaria mais trabalhar exclusivamente como cortador de cana, mas,
como não podia deixar de trabalhar porque não podia viver sem receber
um salário, teve que buscar emprego na turma da diária de uma das
usinas pesquisadas a despeito de sua péssima condição de saúde:
Referências
ALVES, F. J. C. Por que morrem os cortadores de cana? Saúde e Sociedade,
nº3, vol.15, p.90-98, set/dez 2006.
______. Trabalho e trabalhadores no corte de cana: ainda a polêmica so-
bre o pagamento por produção e as mortes por excesso de trabalho. In:
BISON, N; PEREIRA, J. C. A. (Orgs.) Agrocombustíveis, solução? A vida
por um fio no eito dos canaviais. São Paulo: CCJ, 2008, p. 22- 48.
______. Trabalho intensivo e pagamento por produção: o moedor de car-
ne do Complexo Agroindustrial Canavieiro. Mimeo, s/d.
ALVES, F.; NOVAES, J. R. P. Precarização e pagamento por produção: a
lógica do trabalho na agroindústria canavieira. In: FIGUEIRA, R. R. et al.
(Orgs.). Trabalho escravo contemporâneo: um debate transdisciplinar. Rio
de Janeiro: Mauad X, 2011, p.122-150.
BARBOSA, C. M. G. Avaliação cardiovascular e respiratória em um grupo
Outras fontes
Contrato de Safra: manual. Brasília: MTE/SIT, 2002.
DIEESE, 2014. Estudos e Pesquisas: O mercado de trabalho assalariado ru-
ral brasileiro. DIEESE, nº 74, outubro de 2014.
Gil Felix
Para o Dudu,
que não precisou do texto,
e para o Eduardo Taddeo, pela trilha sonora
Introdução
A partir das transformações decorridas da crise capitalista dos anos
1970, grosso modo, vem sendo analisado nos estudos do trabalho a me-
tamorfose de um proletariado “estável” e “fixo” para um “flexível” e
“móvel”. Nas economias centrais, comumente associada ao fordismo
que teria caracterizado as estratégias produtivas da indústria desses paí-
ses em grande parte do sec. XX, a erosão de tal condição anterior estaria
motivando abordagens a respeito de um “retorno da superexploração”
(Harvey, 2008), da crise da “sociedade salarial” (Castel, 1998), emergên-
cia de um “precariado” (Standing, 2015), dentre outras. Por outro lado,
a desestatização das economias planificadas também foi acompanhada
de um amplo quadro de demissões e de implantação das rotatividades
laborais características de estratégias empresariais e administrativas
adotadas em consonância aos preceitos da reestruturação produtiva.
Nas periferias capitalistas, em que, quando observada, tal condição
52 No mesmo sentido, em relação aos rendimentos médios reais dos trabalhadores ocupados
entre 2004 e 2012 houve tendências distintas e significativas entre empregados com e sem
carteira assinada. Enquanto os primeiros teriam tido 5,6 de aumento no rendimento no
período seguinte (até 2012), os trabalhadores por conta própria teriam tido cerca de 15%
(Chahad; Pozzo, 2013: 21).
53 Para o leitor especialmente interessado sobre o tema, sugiro ler um artigo em que retomo
as proposições teóricas de Ruy Mauro Marini a respeito da produção e reprodução das
especificidades com que se apresenta o exército de reserva nas formações dependentes
(Felix, 2017). Este artigo que agora publico é um desdobramento das reflexões feitas a
partir das proposições deste autor, que venho estudando de forma mais sistemática desde
2007, e das pesquisas empíricas que realizo desde 2005 na Amazônia Oriental, que o lei-
tor também poderá conferir com maiores detalhes no livro que será publicado em breve
(Felix, no prelo). Neste sentido, as teses apresentadas aqui são, na verdade, baseadas em
diversas pesquisas sociológicas realizadas junto a trabalhadores e camponeses brasileiros
nas primeiras décadas do século, cujos resultados vêm sendo debatidos em vários espaços
acadêmicos e de militância política.
54 Sendo “rotatividade” a forma como foi traduzido no Brasil o conceito de turnover ou la-
bor turnover, frequentemente usado no campo dos Recursos Humanos e da Psicologia
do Trabalho cuja unidade de análise é a empresa e o indivíduo. Sua origem remonta ao
contexto norte-americano da I Guerra Mundial, à preocupação em relação aos custos em-
presariais de recrutamento-demissão de trabalhadores e a uma definição oficial adotada
por administradores em uma Conferência, que, em 1918, formaria a National Association
of Employment Managers (Crum, 1919; Brissenden, 1920; Jacoby, 2004).
55 “Trabalho intermitente” é uma forma contratual que está sendo inserida no processo de
alteração das legislações trabalhistas brasileiras. Prevê o pagamento do trabalhador ape-
nas pela hora trabalhada, sob convocação do patrão. Aproxima-se, neste sentido, ao Zero-
hour Contract da Inglaterra, tal como descrevo a seguir.
56 A referência principal utilizada por mim nessa investigação está nos textos de D. Harvey
sobre o tema, especialmente em “Condição pós-moderna” (Harvey, 2008), quando pro-
pôs a categoria acumulação flexível. Em sintonia com Harvey, uma série de autores tam-
bém analisaram o processo de transformações do trabalho após a década de 1970 e, sob
variados enfoques, a adoção de elementos do padrão flexível pelas empresas decorrentes
de reestruturações produtivas convencionalmente denominadas como neotaylorismo, re-
engenharia, toyotismo, “modelo japonês”, kalmaranismo, neofordismo ou pós-fordismo
(Gounet, 1999).
57 As referências nesse sentido são tanto no aumento do salário por peça (produto, tarefa ou
serviço), quanto no que descrevem, por exemplo, Linhart et al. (1993) e Linhart (2007):
adoção de políticas de individualização das remunerações e das situações de trabalho, isto
é, aumento diferenciado dos salários, atribuição de formações personalizadas, definição
de carreiras individualizadas.
58 No Brasil, a adoção da terceirização foi generalizada principalmente a partir dos anos
1990 (Ramalho e Martins, 1994; Druck e Franco, 2007; Marcelino, 2002; Pochmann,
2007). No momento em que escrevo este artigo, está em vias de ser regulamentada para o
emprego em todos as funções internas das empresas.
60 Bastante interessante, porém, é o impasse que eles enfrentaram ao tentarem adequar as ca-
tegorias utilizadas pela ILO (como, por exemplo, part-time workers e vulnerably employed)
nas contas de um exército ativo ou de “reserva global”. No Brasil, um impasse semelhante
com as categorias utilizadas pelo IBGE pode ser encontrado, por exemplo, em Neto (2013).
61 Não surpreende, nesse sentido, um interesse renovado por teorias de origem latino-ameri-
cana para buscar explicar o crescimento de uma suposta “superpopulação absoluta”, como
é o caso de análises do antropólogo canadense Gavin Smith (2011; s/d). Ou mesmo propos-
tas de leituras atuais dos escritos de Ruy Mauro Marini que sequer foram publicados em
língua inglesa até o momento, tal como propôs recentemente John Smith (2016), a partir
de Londres, com relativo sucesso editorial.
62 Algo como, em uma tradução livre minha: “Os homens trabalham por apenas
duas razões: uma é pelo salário e a outra é pelo medo de perder seus empregos”.
63 Nos manuscritos publicados no Livro III, Marx analisou outro movimento, que não é
contraditório com esse, enquanto uma das causas contrariantes da lei da tendência de
queda da taxa de lucro, que é a ação contrária que exerce a superpopulação relativa sobre o
aumento de produtividade e sobre o próprio processo de subsunção do trabalho ao capital
(Marx, 2008: 312).
64 Marx conclui que a indústria do transporte “se distingue pelo fato de aparecer como conti-
nuação de um processo de produção dentro do processo de circulação e para o processo de
circulação” (grifos do autor. Marx, 2014: 231). O aumento da produtividade nessa indús-
tria reduz o tempo socialmente necessário para a produção de praticamente todas as mer-
cadorias e permite, como explicita Marx, uma “destruição do espaço pelo tempo”. Junto
à indústria das comunicações, esse fator influenciou, inclusive, a divisão internacional do
trabalho nas últimas décadas e as mudanças da atual etapa de acumulação do capital.
O que assinala Peña López nesta citação se refere não apenas ao de-
nominado “trabalho migrante”, quando os espaços de reprodução são
“rompidos” (e duplicados, ou triplicados), mas à circulação mercantil
da força de trabalho em geral. Como afirma, os próprios espaços de
movimento e de deslocamento são também espaços de reprodução, que,
dependendo da distância e do tempo envolvidos, implicam em eleva-
ção dos custos da reprodução da força de trabalho. Ou seja, também
há “re-produção” da mercadoria na esfera da circulação. A reprodução
do trabalhador (e de sua unidade social de reposição) também inclui o
tempo que permanece no exército de reserva, seu “tempo de circulação”,
ou seja, o período que compreende uma venda e outra da força de tra-
balho – “tempo”, é bom frisar, já que, obviamente, como mercadoria, a
força de trabalho também pode circular sem se deslocar espacialmente:
trabalhe 6 horas por dia em média. O efeito seria, assim, o mesmo se, no primeiro caso, ele
só estivesse ocupado por 7 ½ horas e, no segundo, apenas por 3 horas”]. Como, segundo o
pressuposto que adotamos, ele tem de trabalhar uma média diária de 6 horas para produ-
zir apenas um salário correspondente ao valor de sua força de trabalho, e como, segundo
esse mesmo pressuposto, de cada hora ele trabalha somente meia hora para si mesmo e
outra meia hora para o capitalista, é claro que não poderá obter o produto de valor de 6
horas se estiver ocupado por menos de 12 horas. Se anteriormente vimos as consequências
destruidoras do sobretrabalho, aqui descobrimos as fontes dos sofrimentos que, para o
trabalhador, decorrem de seu subemprego”.
67 Sendo que “Trabalho assalariado e capital” (2006a) é um texto de Marx republicado pos-
tumamente por Engels, cujas alterações, em especial, na questão da mercadoria força de
trabalho, foram detalhadas por ele no prefácio de 1891. “Salário, preço e lucro” (2006b)
também é um texto póstumo publicado por Eleanor e Eduard Aveling em 1898 a partir do
manuscrito de 1865, porém as alterações nesse texto se restringiram aos títulos.
68 O valor de troca, modo de expressão do valor, forma de sua manifestação, forma fenomê-
nica (Erscheinungsform), é diferente do valor, substância (Substanz). A característica do
valor da força de trabalho não é diferente: tal como as demais, ela é uma abstração real,
possui uma materialidade social e histórica, também se trata de trabalho humano objeti-
vado (Marx, 2013: 169). No caso, no próprio homem/mulher.
69 Nesse sentido, tal como qualquer mercadoria, seu valor equivale ao tempo socialmente
necessário para sua (re)produção, isto é, para sua produção em dado momento. Essa média,
portanto, obviamente, sempre varia em decorrência das mudanças do valor como um todo
(não é necessariamente igual de uma venda para a outra).
72 As categorias “valor” e “preço” estão aqui empregadas no mesmo sentido dado por Marx
no Livro I, suficientes para expor a questão considerada fundamental a respeito do tempo
de circulação.
Momento 1:
____________________________ _______
TP1
Momento 2:
____________________________|____________________________
TC TP2
Ou seja:
Então:
Momento 1:
Momento 2:
Ou seja:
73 O mesmo exercício pode ser feito para outras formas de salário por tempo – para um valor
diário da força de trabalho, semanal ou anual, por exemplo – assim como para outras
formas de salário por peça, que, como demonstra Marx (2013), é apenas uma metamorfose
do salário por tempo.
74 Isto é, uma forma que o capitalista tem de retirar o que considera faux frais da compra
da força de trabalho (aqui, no sentido original da contabilidade, do agente unitário de
mercado capitalista, e não exatamente no sentido reapropriado por Marx, da totalidade da
produção capitalista).
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