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Resumo:
Estuda a importância do latim no discurso jurídico. Conceitua a linguagem
jurídica e centra-se na importância do discurso jurídico; analisa a presença
constante do latim no discurso jurídico , registra a dificuldade de
compreensão de expressões consagradas, bem como, de seu emprego,
muitas vezes equivocado.
Palavras-Chave: discurso jurídico; latim; linguagem.
Para refletir sobre este assunto, logo de início, faz-se necessário trabalhar dois
conceitos: linguagem e jurídico, pois, não há se pensar o Direito sem a linguagem.
Esta, prima facie, evoca comunicação e pressupõe a existência de interlocutores.
Sem qualquer laivo de dúvida, sua criação representa uma das maiores conquistas
da humanidade, constituindo-se em medium privilegiado de outras conquistas.
Hodiernamente, não há se imaginar o ser humano sem a linguagem, mediadora
inteligente da comunicação, se bem que, há milhões de anos os ancestrais do
homem não fizessem uso da palavra e, muito menos, da escrita, levando à
inferência de que, para viver, não é necessário falar: “Falar não é necessário.
Escrever, muito menos. Por milhões de anos os ancestrais da espécie humana
viveram sobre a terra gritando como os outros animais, mas sem falar.” ( De Mauro,
2003, p. 11).
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Professor da Universidade Católica de Pernambuco. Estágio de Pós-doutoramento com supervisão
de Nelly Carvalho.
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I – Estágios de Pós-doutoramento no PPG Letras
Cristo, surge a escrita dita ideográfica, sobre pedra, tabuletas de argila ou madeira.
Ali, cada ideograma ostenta uma idéia, abriga um significado. Com meio tão
limitados, não dá para estranhar que somente uns poucos “letrados” tivessem
acesso a tal escrita. Passo contínuo, na península do Sinai, surgem os signos do
primeiro alfabeto. Do Sinai, com o concurso dos fenícios, se difunde entre os povos
que habitam o Mediterrâneo. Milhares de anos depois, alcança Europa e Ásia e, a
seguir, os demais continentes.
“Mas o que é a língua? Para nós, ela não se confunde com a linguagem: é
somente uma parte determinada, essencial dela , indubitavelmente. É, ao
mesmo tempo, um produto social da faculdade de linguagem e um conjunto
de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social para permitir o
exercício dessa faculdade nos indivíduos. Tomada em seu todo, a
linguagem é multiforme e heteróclita; a cavaleiro de diferentes domínios, ao
mesmo tempo física, fisiológica e psíquica, ela pertence além disso ao
domínio individual e ao domínio social; não se deixa classificar em
nenhuma categoria de fatos humanos, pois não se sabe como inferir sua
unidade.” (Saussure, 1975, p. 18).
2 – Semiótica e Direito:
O termo semiótica quer significar a disciplina que trata do signos. Estes, por
sua vez se materializam como entes físicos através de elementos como palavras
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ibid. “... ao lado da palavra do latim clássico jus e significando também direito, apareceu a palavra
derectum (inicialmente, talvez, somente rectum e, mais tarde, também, a forma directum)... da palavra
rectum – ou da indoeuropéia rek-to derivou rechts, right etc. e, da palavra derectum , direito, derecho,
diritto, droit etc.”
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I – Estágios de Pós-doutoramento no PPG Letras
3 – Semiótica e Discurso:
4 – Discurso Jurídico:
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“...a ação lingüística do jurista, na discussão-com, buscando a adesão da outra parte, procurando
convencê-la, tendo em vista a verdade, dirige-se, geralmente, a outro jurista, porque entre orador e
ouvinte deve existir uma homologia.” Diniz, 1994 p. 174)
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I – Estágios de Pós-doutoramento no PPG Letras
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Cf Bittar, 2001 pp. 250-253.
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“O que se quer dizer com mais precisão, é que o universo de discurso da ciência jurídica está
acentuadamente vertido para a exegese das produções textuais jurídicas. O discurso jurídico não
atribui existência às ocorrências jurídicas, não atribui validade às imposições jurídico-normativas ou
decisórias ou burocráticas, mas sim avalia as textualidades produzidas por esses microuniversos de
discurso jurídico com os quais intrage. Mais que isso, avalia e re-avalia suas próprias produções
textuais, num processo de constante crítica de suas produções, intração esta sobremaneira
importante nas relações entre dogmática ezetética.” Bittar (2001 p. 311)
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I – Estágios de Pós-doutoramento no PPG Letras
A língua latina tem sua origem entre os antigos habitantes da região do Lácio,
localizada na parte central da península itálica. Quando surgiu, é, praticamente
impossível precisar uma data. O que se sabe é que essa língua primitiva
acompanhava o espírito guerreiro de sua gente e, nas áreas conquistadas, marcava
presença, se bem que representasse, na verdade, uma mescla de dialetos
ostentando um vocabulário bastante pobre, adstrito, como era natural, a temas
centrados na família, agricultura, pecuária e, com certeza, atividades bélicas.
Somente com a conquista da Magna Grécia e com o impacto causado pela
magnitude da cultura grega, é que os romanos se dão conta da fragilidade de sua
língua. Por isso, é que se diz, com toda a propriedade, que os romanos venceram
militarmente a Grécia, sem embargo, foram vencidos pela pujança da civilização
grega.
Com que se acaba de dizer, pode-se entender bem, porque, homens cultos
oriundos da Grécia foram a Roma ser mestres dos romanos. É sabido que a fina flor
da sociedade romana freqüentava as escolas regidas por esses ilustres gregos. A
aceitação delas era tanta que por volta do sexto século (aproximadamente 200 anos
a. C. ) só em Roma já se podia contar vinte e uma escolas.
Considerações finais
BIBLIOGRAFIA
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