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RESENHA CRÍTICA

GARLAND, David. “Os limites do Estado soberano: estratégias de controle do crime na


sociedade contemporânea”. In: CANÊDO, Carlos; FONSECA, David S. (Org.).
Ambivalência, contradição e volatilidade do sistema penal. Belo Horizonte: UFMG,
2012.

Allan Mohamad Hillani

O texto de David Garland se destaca por apresentar uma percepção criminológica


que percebe as características principais dos reflexos do neoliberalismo na política
criminal. Pode-se complementar a sua análise com a análise feita por Michel Foucault em
1979 no seu curso do Collège de France intitulado “O nascimento da biopolítica”. Nele,
Foucault afirmou que o liberalismo (e o neoliberalismo, posteriormente) não eram uma
mera política econômica, eram todo uma teconologia de governamento de poulações que
consistia em se utilizar de dispositivos de segurança para lidar com os riscos sociais e que
se distinguia de outro modelo governamental que ele chamou de razão de Estado,
caracterizado pelos dispsitivos disciplinares e pelo controle minucioso do corpo e das
condutas sociais (bem apresentado em seu livro mais famoso, “Vigiar e Punir”). O
neoliberalismo em Foucault se caracterizava por ações indiretas a fim de produzir
subjetividades mercantificadas, que agissem racionalmente com base em cálculos de
custo-benefício. Dessa forma, suas políticas públicas seriam muito mais tolerantes com o
desvio (agiriam nos efeitos e não nas causas) e tomariam por base comportamentos
racionais dos indivíduos. No campo criminológico, para Foucault, vigiriam no
neoliberalismo as teorias da Escola de Chicago, tendo como efeito na política criminal a
tolerância com alguns delitos, a racionalidade utilitária no custos da punição, a
despenalização de certas condutas, a privatização da prevenção (os crimes poderiam ser
evitados não pelo Estado, mas pelas próprias vítimas em potencial evitando locais
perigosos, por exemplo). Essa política criminal parece ser a descrita por David Garland,
que percebe uma tendencial desestatização da política criminal, uma redução na
abrangência dos casos relevantes a serem analisados, uma “criminologia de si”, que prega
a auto-preservação e o auto-cuidado das potenciais vítimas. Isso faz com que o Estado se
desobrigue de evitar os crimes em suas causas (por meio de políticas sociais ou de
políticas preventivas da criminalidade, por exemplo, que muitas vezes são custosas) e
torne-se mais comum a exploração econômica dos serviços de segurança privada
(responsabilizando os indivíduos pela sua própria segurança).

Essa “criminologia de si”, no entanto, se associa a uma “criminologia do outro”,


na exclusão de certos grupos sociais da sociedade, na criminalização pela “diferença
essencializada”. Essa perspectiva se associa ao chamado “direito penal do inimigo” e ao
“direito penal do autor”, que estipula que alguns indivíduos pela sua condição pessoal, e
não pelas suas ações, são perigosos e devem ser criminalizados, às vezes até previamente.
Esses indivíduos são, ironicamente, aqueles que não se adequam à racionalidade
mercadológica neoliberal (que não agem como homo oeconomicus, ou seja,
racionalmente, baseados no custo-benefício) e, portanto, tem o valor de suas vidas
relativizado. Com isso, é possível apresentar “resultados” e, com o auxílio da mídia,
reduzir o sentimento de insegurança sem afetar de fatos nas razões de cometimento de
crimes.

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