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Contra a depressão, uso de medicamentos é melhor que o de

corrente elétrica

Reportagem da Agência FAPESP


Maria Fernanda Ziegler

Um estudo recém-publicado no New England Journal of


Medicine põe em dúvida a eficácia do tratamento contra a
depressão que tem como pressuposto estimular áreas do
cérebro com correntes elétricas de baixa intensidade.

Pesquisadores da USP concluem que terapia medicamentosa


teve mais do que o dobro da eficácia da estimulação com eletricidade em baixa
intensidade.
Trabalho foi publicado no New England Journal of Medicine (foto: Izio Klein/HCFMUSP)

A técnica, conhecida como estimulação cerebral de corrente


contínua (tDCS, da sigla em inglês), era considerada alternativa
promissora para casos de depressão. No novo estudo,
pesquisadores do Hospital Universitário da Universidade de São
Paulo (USP) e do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina da USP demonstraram que a eficácia
da tDCS é inferior ao uso de escitalopram, um medicamento
antidepressivo.
Para isso, André Brunoni, livre-docente do Departamento de
Psiquiatria da FMUSP e diretor do Serviço de Neuromodulação
Interdisciplinar do Instituto, e equipe dividiram aleatoriamente
245 pacientes com depressão em três grupos.

Um grupo foi tratado com tDCS e pílulas placebo, outro recebeu


tDCS simulado (“sham”) e o medicamento antidepressivo. O
terceiro grupo recebeu tDCS simulado e placebo.

O tratamento durou 15 dias consecutivos, com sessões de 30


minutos cada, e depois uma vez por semana durante sete
semanas. O antidepressivo de primeira linha foi administrado
diariamente durante três semanas. Em seguida, a dose diária foi
aumentada de 10 mg para 20 mg, em mais sete semanas de
acompanhamento.

O estudo teve apoio da FAPESP por meio do Programa Jovens


Pesquisadores em Centros Emergentes.

“Definimos que a taxa de não inferioridade da estimulação em


relação ao antidepressivo seria de no mínimo 50%, ou seja, a
estimulação teria que ter no mínimo 50% da eficácia do
medicamento, mas não foi o que ocorreu.

Descobrimos que a eficácia do tDCS não chega à metade da


eficácia do tratamento medicamentoso.

A conclusão é que a estimulação não deve ser usada como um


tratamento de primeira linha. O medicamento representa um
tratamento fácil e bem mais eficaz.

Por outro lado a tDCS foi superior ao placebo, de acordo com


nossas pesquisas prévias”, disse Brunoni à Agência FAPESP.

A depressão atinge de 12% a 14% da população mundial e


atualmente é relativamente fácil encontrar sites e vídeos na
internet no estilo “faça você mesmo” com supostas técnicas
caseiras de estimulação elétrica de corrente direta.

“É algo impressionante. Esses sites que supostamente ensinam


a fazer a estimulação cerebral representam um risco enorme ao
paciente com depressão. As soluções caseiras são altamente
contraindicadas. É um perigo.

Acredito que nosso estudo terá efeito nesse fenômeno, agora


que provamos que há efeito colateral e que a eficácia não é tão
boa assim como se acreditava”, disse Brunoni.

De acordo com o estudo, pacientes que receberam tDCS


apresentaram maiores taxas de vermelhidão na pele, além de
tinitus (zumbido na cabeça) e afobação. Dois voluntários do
estudo apresentaram episódio de hipomania durante o
tratamento com tDCS.

Terapia eletroconvulsiva

Brunoni destaca que é preciso evitar confusão entre o tDCS e


outros métodos como a terapia eletroconvulsiva (ECT). Nessa
última, ocorre a liberação de descargas elétricas muito mais
fortes – de 800 miliampères, ou 800 vezes maior que a da tDCS
–, com o objetivo de desencadear convulsões controladas. Há
ainda diferença em outros parâmetros. A ECT usa um tipo de
corrente em forma de pulsos e o principal efeito clínico é a crise
convulsiva.

A estimulação cerebral de corrente contínua é colocada sobre o


córtex dorsolateral pré-frontal do paciente, que é uma área que
apresenta atividade diminuída em pessoas com depressão.
“Pessoas deprimidas têm uma hipoatividade do cérebro nessa
área, em especial, e em várias outras também. Acreditava-se
que o mecanismo de ação da estimulação aumentaria a
atividade cerebral nessa área, porém este efeito não foi
comprovado, ainda”, disse.

Há ainda outras técnicas relacionadas à alteração da atividade


elétrica cerebral, que incluem estimulação magnética
transcraniana, estimulação transcraniana por corrente
alternada, terapia eletroconvulsiva, estimulação profunda do
cérebro e ultrassonografia focada.

“De todas essas, apenas a estimulação magnética transcraniana


e a terapia eletroconvulsiva são atualmente aprovadas pela FDA
[Food and Drug Administration] para o tratamento da
depressão. A estimulação do cérebro profundo tem uma isenção
de dispositivo humanitário para o tratamento do transtorno
obsessivo-compulsivo”, disse Sarah H. Lisanby, diretora do
National Institute of Mental Health (NIMH), em editorial na
mesma edição do New England Journal of Medicine.

Lisanby destaca o estudo feito no Brasil e defende a


necessidade de um parâmetro para medir o funcionamento da
tDCS. Brunoni concorda.

“Não existe qualquer parâmetro para saber se a estimulação


está na dose adequada. Sei que dois comprimidos é uma dose
maior do que um. Além disso, existem drogas passíveis de
serem medidas no sangue. O exemplo mais comum é o lítio. É
possível dosar a estimulação magnética. Já na estimulação
elétrica, não é o que se vê. É uma corrente elétrica muito
pequena que pode sofrer alterações até por questões
anatômicas de cada paciente”, disse.
Brunoni agora está em pós-doutorado sênior na Universidade de
Munique, na Alemanha, onde pretende terminar de analisar
dados coletados de seu ensaio clínico.

“Coletamos muitos dados sanguíneos, genéticos e de


neuroimagem durante o estudo e agora vou terminar de
analisá-los e investigar se existe um perfil de pacientes que
responde melhor ao tratamento. Clinicamente, a olho nu, não
há, mas acredita-se que pacientes pouco refratários (que não
tentaram tratamentos prévios) responderiam melhor. Também
pretendo questionar os próprios parâmetros da estimulação
para tentar descobrir se existe um tipo de depressão que
responde melhor a esse tipo de tratamento”, disse.

O artigo Trial of Electrical Direct-Current Therapy versus


Escitalopram for Depression(doi: 10.1056/NEJMoa1612999a),
de Andre R. Brunoni, Adriano H. Moffa, Bernardo Sampaio-
Junior, Lucas Borrione, Marina L. Moreno, Raquel A. Fernandes,
Beatriz P. Veronezi, Barbara S. Nogueira, Luana V.M. Aparicio,
Lais B. Razza, Renan Chamorro, Luara C. Tort, Renerio Fraguas,
Paulo A. Lotufo, Wagner F. Gattaz, Felipe Fregni e Isabela M.
Benseñor, pode ser lido por assinantes do New England Journal
of Medicine em
www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1612999.

Fonte:
http://agencia.fapesp.br/contra_a_depressao_uso_de_medicamentos_e_melhor_que_o_de
_corrente_eletrica_/25797/

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