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MACROECONOMIA E POLÍTICA

AGRÍCOLA BRASILEIRA

Carlos José Caetano Bacha


Professor Titular da ESALQ/USP
E-mail: cjcbacha@esalq.usp.br

Objetivos
• Esse módulo tem quatro objetivos:
• 1) apresentar alguns conceitos chaves da
macroeconomia que permitam entender a dinâmica da
economia brasileira e discutir a importância da
agropecuária e do agronegócio na economia brasileira;
• 2) analisar o papel da agropecuária no processo de
desenvolvimento econômico;
• 3) analisar o funcionamento das principais políticas
macroeconômicas no Brasil e seus objetivos;
• 4) discutir e analisar as principais políticas agrícolas
no Brasil.

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Conteúdo
• 1 – Conceitos chaves da macroeconomia,
definição e importância da agropecuária e do
agronegócio na economia brasileira
(bibliografia: Bacha, 2004, capítulo 1; Bacha,
2007, capítulos 1 e 2).
• 2 – O papel da agropecuária no processo de
desenvolvimento econômico (bibliografia:
Bacha, 2004, capítulo 2)
• 3 – políticas macroeconômicas no Brasil e seus
objetivos (bibliografia: Bacha, 2007, capítulo 3)
• 4 – Políticas agrícolas no Brasil (bibliografia:
Bacha, 2004, capítulo 3).

Bibliografia
• BACHA, C.J.C. Economia e Política
Agrícola no Brasil. São Paulo: Atlas, 2004.
• BACHA, C.J.C. Entendendo a Economia
Brasileira. Campinas: Atomo, 2007.

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1 – Conceitos chaves da macroeconomia,
definição e importância da agropecuária
e do agronegócio na economia brasileira

• Tópicos a examinar:
1) Definição de agropecuária e agronegócio;
2) Medidas de atividade econômica (os
indicadores);
3) Evolução do PIB do Brasil de 1970 a 2008;
4) A crise financeira internacional de outubro de
2008 e seus impactos sobre a economia
brasileira;
5) Importância da agropecuária e do agronegócio
na economia brasileira.

1.1 – Definição de agropecuária e


agronegócio
• As atividades econômicas em qualquer país são,
tradicionalmente, divididas em setor primário,
setor secundário e setor terciário.
• O setor primário engloba as atividades produtoras
de bens in natura ou pouco processados e que
utilizam em grande quantidade os fatores terra e
trabalho. Neste setor se encontravam,
originalmente, a agropecuária e a mineração, por
exemplo.

3
• O setor secundário refere-se às
atividades que reprocessam ou
combinam os produtos primários da
economia, elaborando novos produtos.
No setor secundário há grande uso do
fator capital.
• E o setor terciário refere-se ao conjunto
de atividades que prestam serviços.

Modificações desta classificação


• Ao longo do tempo, esta classificação
sofreu, no mínimo, duas modificações.
• A primeira delas foi a transferência da
produção de minerais do setor primário para
o setor secundário, considerando que a
produção de minerais é, atualmente, uma
indústria, com grande uso do fator capital.

4
• A segunda transformação foi o reconhecimento de
que atividades antes classificadas como
pertencentes aos setores primário, secundário ou
terciário mantêm fortes relações de dependência
entre elas, as quais permitem um novo
reagrupamento de atividades.
• Fruto desse novo reagrupamento tem-se o conceito
de agronegócio.
• Agronegócio é uma unidade agregativa. Não é, do
ponto da teoria econômica, similar às categorias
firmas, indústria e mercados, por exemplo.

Definições de agricultura e agropecuária

• Agricultura e agropecuária têm sido


utilizadas, tradicionalmente, como
sinônimos na economia brasileira.
• Esses termos se referem ao setor produtivo
baseado na atividade rural, que tem na terra
um fator de produção essencial.
• No entanto, O Novo Dicionário Aurélio dá
definições diferentes para esses termos.

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• Define-se agricultura como sendo “1. Arte de
cultivar os campos; cultivo da terra; lavoura;
cultura. 2. Conjunto de operações que
transformam o solo natural para produção de
vegetais úteis ao homem ...”.
• Agropecuária é definida como sendo “Teoria e
prática da agricultura e da pecuária, nas suas
relações mútuas” (Ferreira et al, 1986, p. 65).
• Neste sentido, a agricultura deveria se referir
apenas à produção vegetal e a agropecuária ao
conjunto de produções vegetal e animal.

O uso cotidiano desses termos


• A falta de consenso no uso desses termos
(agricultura e agropecuária) tem diminuído em
nível de governo federal nos últimos anos. Veja os
casos: Censo Agropecuário versus Censo Agrícola;
Ministério da Agricultura versus Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
• No entanto, o uso dos dois termos, agricultura e
agropecuária, como sinônimos ainda é bastante
normal no meio acadêmico. Veja o nome da
ESALQ.

6
O uso dos termos neste curso
• O presente curso prefere o uso do termo
agropecuária para denominar o grupo de atividades
que usam a terra como fator de produção seja para o
plantio de culturas, para a criação de animais, o
plantio de florestas, a aqüicultura, por exemplo.
• Agricultura passa a ser um sub-setor da
agropecuária, e a Pecuária é outro sub-setor da
agropecuária.
• Por que é importante distinguir agricultura de
pecuária?
• Ambas podem ter dinamismo diferente e terem
impactos distintos das políticas econômicas.

Definição de agronegócio
• O termo agronegócio é a tradução do termo
agribusiness e se refere ao conjunto de atividades
realizadas pela agropecuária e pelas atividades que
lhe fornecem insumos ou industrializam ou
distribuem os produtos agropecuários e
agroindustriais.
• O agronegócio é uma agregação de atividades,
divididas em, no mínimo, quatro segmentos.

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Esquema do Agronegócio
Seg- Seg- Seg- Seg-
mento I mento II mento mento
⇒ ⇒ III ⇒ IV
Ofer- Agro-
tantes pecuária Agro- Distri-
de insu- indústri buição
mos as
para a
agrope-
cuária

1 – Conceitos chaves da macroeconomia,


definição e importância da agropecuária
e do agronegócio na economia brasileira

• Tópicos a examinar:
1) Definição de agropecuária e agronegócio;
2) Medidas de atividade econômica (os
indicadores);
3) Evolução do PIB do Brasil de 1970 a 2008;
4) A crise financeira internacional de outubro de
2008 e seus impactos sobre a economia
brasileira;
5) Importância da agropecuária e do agronegócio
na economia brasileira.

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1.2 - Medidas de Atividade Econômica

• Inicialmente, faz necessário questionar sobre


como se pode medir o nível de atividade em uma
economia.
• Tomando a economia brasileira atual, percebe-se
que ela produz uma série de bens e serviços que
são mensurados em unidades físicas diferentes.
• É possível somar os bens e serviços por meio de
suas unidades físicas? É possível somar unidades
de automóveis com quilos de arroz?

• Mesmo considerando produtos medidos na mesma


unidade física, faz sentido somar unidades de
carros com número de cortes de cabelo?
• Desse modo, se se quiser somar os bens e serviços
produzidos em uma economia, tem que se utilizar
os seus valores monetários.
• Porém, os bens e serviços elaborados na economia
podem ser classificados em finais e
intermediários.
• Esta distinção leva a dois conceitos distintos de
medidas de atividade econômica.

9
Bens finais versus bens intermediários

• Bens finais são aqueles consumidos


diretamente pelas famílias ou exportados.
• Bens intermediários são aqueles utilizados
na produção de outros bens (que podem ser
finais ou intermediários).
• Considere o seguinte exemplo.

Bens finais versus bens intermediários

Trigo ⇒ Farinha ⇒ Alimen-


de trigo tos

$5 $8 $ 10

10
Exemplo
• O trigo e a farinha de trigo são bens intermediários
e os alimentos são bens finais.
• Se somarmos os valores monetários dos alimentos
produzidos com base em farinha de trigo, os
valores monetários das farinhas de trigo
produzidas, e os valores monetários do trigo
produzido, estaremos computando este último três
vezes.

• Este exemplo nos permite fazer a distinção


entre Valor Bruto da Produção (VBP) e
Produto Interno Bruto (PIB).
• Valor Bruto da Produção (VBP) é o valor
monetário de todos os bens e serviços
(intermediários e finais) elaborados, em um
período específico de tempo, com os
serviços de fatores de produção situados
dentro dos limites geográficos de um País.
• No exemplo acima VBP = $ 23

11
• Produto Interno Bruto (PIB) é o
valor monetário de todos os bens e
serviços finais produzidos, em um
determinado período de tempo, com os
serviços de fatores de produção
situados dentro dos limites geográficos
de um País.
• No exemplo acima o PIB = $ 10.

Maneiras de mensurar o PIB


• É possível mensurar todos os bens e
serviços finais na economia?
• Que alternativas existem para mensurar o
PIB?
• O PIB pode ser mensurado pelos valores
adicionados na economia.

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Valor adicionado
• Valor adicionado é o montante de valor agregado a um
bem intermediário para se gerar outro bem intermediário
ou bem final.
• Valor adicionado = valor bruto da produção – consumo
intermediário.
• O valor adicionado corresponde às despesas com salário,
lucro, juros e aluguéis incorporadas no preço da
mercadoria.
• O PIB de uma nação é calculado através da soma dos
valores adicionados em cada atividade. Isto dá o conceito
de PIB a custo de fatores (PIBCF). Portanto, o PIB é a
soma dos salários, lucros, juros e aluguéis pagos na
economia, ou seja, o PIB é a renda gerada na economia.
• Acrescentando os impostos indiretos, tem-se o PIB a
preços de mercados (PIBPM), que equivale à soma dos
bens e serviços finais negociados no mercado.

Exemplo numérico

Produto trigo farinha de trigo alimentos

VBP $5 $8 $ 10

consumo
intermediário trigo $ 5 farinha de trigo $ 8

valor adicionado $5 $3 $2

O valor adicionado corresponde à soma


dos pagamentos aos fatores de produção:
salário (ao trabalho), aluguel (à terra) e
lucros e juros (ao capital).

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Exercício 1
• Considere uma economia composta por três
setores: agropecuária, indústria e serviços.
Calcule o valor adicionado por cada setor e o
PIB da economia, sabendo que:
• A) o setor agropecuário tem VBP = $100 e
consumo intermediário = $ 35
• B) o setor indústria tem VBP = $ 150 e
consumo intermediário = $ 55
• C) o setor serviços tem VBP = $ 115 e
consumo intermediário = $ 35.

Diferentes medidas do PIB


• O conceito de Produto Interno Bruto
(PIB) é, normalmente, apresentado sob
a forma de Produto Interno Bruto a
preços de mercados (PIBPM) e de
Produto Interno Bruto a custos de
fatores (PIBCF).

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• Sendo, PIBPM = PIBCF + II onde II são
os impostos indiretos.
• A soma de valores adicionados nos dá o
PIBCF.
• O conceito de PIBPM é usado para dar o
valor do produto de toda a economia e o
conceito de PIBCF é usado para determinar
as participações dos setores no PIB.
• Em 2007, o PIBPM foi de R$ 2.558,8
bilhões, o PIBCF foi de R$ 2.190,9 bilhões e
o II foi de R$ 367,9 bilhões. O II
representou 14,4% do PIBPM.

PIB nominal versus PIB deflacionado


• O PIBPM da economia brasileira em 2007 foi de
R$ 2,56 trilhões (equivalente a US$ 1,31 trilhão)
e de R$ 2,33 trilhões em 2006 (correspondente a
US$ 1,07 trilhão). Crescimento nominal de
9,87% em reais. Estima-se que o PIBPM real
(descontado a inflação) cresceu 5,4% de 2007
em relação a 2006.
• Em 2007, a agropecuária (entendida como sendo
as atividades desenvolvidas nos
estabelecimentos agropecuários, isto é, "da
porteira para dentro") foi responsável por 5,5% do
PIBCF (que não inclui impostos indiretos), a
indústria por 28,7% e o setor serviços por 65,8%
do PIBCF..

15
Comparação do PIB entre países – 2007
(US$ bilhões)
País PIB País PIB
1o EUA 13.811 9o Canadá 1.326
2o Japão 4.377 10o Brasil 1.314
3o China 3.764 11o Rússia 1.291
4o Alemanha 3.297 12o Índia 1.171
5o Reino Unido 2.728 13o Coréia do 970
Sul
6o França 2.562 14o México 893
7o Itália 2.108 15o Austrália 822
8o Espanha 1.429
Fonte: Banco Mundial

Exercício 2

• Considerando os dados da tabela do slide


anterior, responda:
• 2.1) quantos por cento do PIB dos EUA era
o PIB do Brasil em 2007?
• 2.2) quantos por cento do PIB da China foi
o PIB do Brasil em 2007?

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Determinantes do PIB
Há várias óticas de considerar os determinantes do
PIB, entre as quais se destaca a ótica do dispêndio.
Ela mensura o produto pelos componentes que o
absorve (pelos bens e serviços demandados)
PIBPM + M = C + Ir + G + X
Oferta Global Absorção
PIBPM = C + Ir + G + X − M
DAR = Demanda Agregada Realizada

Observe que Ir↑, G ↑ , X↑ e/ou M↓ ⇒ PIB↑

Definições
• PIBPM = PIB a preços de mercado
• C = consumo do setor privado
• Ir = investimento do setor privado
• G = gastos do governo
• X = exportações de bens e serviços
• M = importações de bens e serviços
• T = arrecadação tributária.

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Políticas macroeconômicas e PIB
• Lembre-se que: PIBPM = C + Ir + G + X − M
• Podem ocorrer conflitos entre políticas
macroeconômicas e o desejo de crescimento do PIB.
• Políticas monetária e cambial visando o controle da
inflação implicam aumento da taxa de juros e queda da
taxa de câmbio. Com isso: Ir↓, X↓ e/ou M ↑ ⇒ PIB ↓
• Política fiscal de controle do déficit público implica: G
↓ e T↑ (C ↓) ⇒ PIB ↓
• Além do conceito de PIBPM há o PIB per capita (PIBPM
dividido pela população residente).
• É possível que o PIBPM cresça e o PIB per capita pode
crescer, ficar constante ou diminuir.

1 – Conceitos chaves da macroeconomia,


definição e importância da agropecuária
e do agronegócio na economia brasileira

• Tópicos a examinar:
1) Definição de agropecuária e agronegócio;
2) Medidas de atividade econômica (os
indicadores);
3) Evolução do PIB do Brasil de 1970 a 2008;
4) A crise financeira internacional de outubro de
2008 e seus impactos sobre a economia
brasileira;
5) Importância da agropecuária e do agronegócio
na economia brasileira.

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1.3 - EVOLUÇÃO DA ECONOMIA
BRASILEIRA de 1970 a 2008: os ciclos
• Classificando:
• Crescimento Econômico é a situação na qual PIB
(total) e PIB per capita estão crescendo.
• Desaceleração Econômica é a situação na qual PIB
(total) e PIB per capita crescem a taxas decrescentes.
• Estagnação Econômica é quando o PIB per capita
está constante.
• Recessão Econômica é a situação na qual o PIB
(total) e o PIB per capita diminuem.

1.3) EVOLUÇÃO DA ECONOMIA


BRASILEIRA de 1970 a 2008: os ciclos

Evolução do PIB
3.500.000 18.000
PIB total em milhões

16.000
PIB per capita em

3.000.000
de Reais de 2008

14.000
reais de 2008

2.500.000
12.000
2.000.000 10.000
1.500.000 8.000
6.000
1.000.000
4.000
500.000 2.000
0 0
1970
1972
1974
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008

Ano

PIBpm (R$ milhões de 2008) PIB per capita (R$ de 2008)

19
1.3) EVOLUÇÃO DA ECONOMIA BRASILEIRA
de 1970 a 2008: os ciclos

Evolução do PIB
3.500.000 18.000
Milhões de Reais de

3.000.000 16.000
14.000

Reais de 2008
2.500.000
12.000
2008

2.000.000 10.000
1.500.000
2001 a 2003: 8.000
6.000
1.000.000 Estagnação Econômica 4.000
500.000 2.000
0 0
1970
1972
1974
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
Ano

PIBpm (R$ milhões de 2008) PIB per capita (R$ de 2008)

1.3) EVOLUÇÃO DA ECONOMIA BRASILEIRA


de 1970 a 2008: os ciclos

Evolução do PIB
3.500.000 18.000
PIB total em milhões de

3.000.000 16.000
14.000
Reais de 2008
Reais de 2008

2.500.000
12.000
2.000.000 2004 a 2008: crescimento 10.000
1.500.000 econômico. Até quando? E a 8.000
6.000
1.000.000 que taxa?
4.000
500.000 2.000
0 0
1970
1972
1974
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008

Ano

PIBpm (R$ milhões de 2008) PIB per capita (R$ de 2008)

20
1.4 - A CRISE FINANCEIRA DE 2008
O começo O meio
Mercado
Guerras do 1. Crédito hipotecário
financeiro com
Afeganistão e para clientes de
grande
Iraque maior risco, e
especulação,
grande aumento
fundos de
dos preços das
investimento
residências
Déficits público e comprando ativos
em transações 2. Alta dos preços de de outros fundos e
correntes dos EUA commodities ativos com
crescimento
3. Alta dos preços de
contábil
ações
descolando do
Maior quantidade valor real
de dólares dentro e
Bancos e Crise
fora dos EUA
Clientes agências financeira:
de maior de falta de
risco não hipotécas confiança
pagam com e
Baixa da taxa de
problemas prejuízos
juros nos EUA
de liquidez contábeis
O fim

Da crise do mercado acionário para a atividade


produtiva
O mercado financeiro A atividade produtiva
Preços das
ações caem Sem crédito, a empresa
tem dificuldade para
produzir e vender

Capacidade da
empresa captar
recursos no
mercado financeiro Produção reduz, seja via férias
diminui coletivas ou fechamento de
fábricas

Bancos, afetados pela


falta de confiança,
diminuem empréstimos Demanda por commodities
para as empresas ou diminui, reduzindo os seus
aumenta a taxa de preços
juros

21
Efeitos da crise financeira sobre as
exportações brasileiras
• As exportações brasileiras sofreram impacto negativo
no terceiro trimestre de 2008 e no primeiro bimestre de
2009 devido:
 Redução da oferta de crédito internacional para
financiar nossas exportações;
 Redução do quantum demandado pelos nossos produtos
exportados devido à desaceleração ou recessão
econômica dos países importadores de nossos produtos;
 Queda dos preços em dólar das commodities
exportadas pelo Brasil.
Veja que: PIB = C + I + G + X – M. Logo, X↓ ⇒ PIB↓
• Para compensar isto, o governo apelou pela redução
tributária de modo a aumentar C e divulgou políticas de
aumento de G.

A economia brasileira em 2009


entidade 2009 Data de
• A crise financeira divulga-ção
internacional teve impactos
significativos na economia IPEA 1%, 2,5% ou 15/01/09
brasileira no quarto trimestre 4%
de 2008 e no primeiro
trimestre de 2009. No entanto, Mercado -0,3% 04/05/09
os efeitos da crise já são menos financeiro –
intensivos no segundo Boletim
trimestre de 2009. Focus
• As previsões são de menor
crescimento da economia Arsenal 1,5% Janeiro de
brasileira em 2009 em relação Investi- 2009
a 2008, apesar da grande mentos
diferença de previsões.
• Se as exportações para os FMI -1,3 22/04/09
Estados Unidos e outros países
caírem (X↓) a tendência é do Governo 2,0% Previsto no
PIB crescer menos em 2009. Federal orçamento

22
O cenário de outros países
• Para a maioria dos países deverá ocorrer
desaceleração ou recessão econômica em 2009.
• Os países emergentes, como Brasil, China, Índia e
Rússia terão, em 2009 e 2010, desaceleração
econômica, ou seja, crescerão nestes anos a taxas
menores do que em 2008.
• Os EUA e os principais países europeus terão
recessão econômica em 2009.

Crescimento real do PIB – valores observados de 2005 a 2007 e


previstos de 2008 a 2010 (valor em %)
País 2005 2006 2007 2008 2009 2010
EUA 3,1 3,3 2,2 1,3 -2,8 0,0
Área do euro 1,5 2,8 2,6 1,2 -4,2 -0,4
Japão 1,9 2,2 2,0 0,5 -6,2 0,5
Reino Unido 1,8 2,9 3,1 1,0 -4,1 -0,4
China 10,4 11,6 11,9 10,0 6,5 7,5
Índia 8,6 9,4 9,2 7,5 4,5 5,6
Coréia do Sul 4,2 5,0 5,0 4,0 2,5 3,5
Austrália 2,8 2,7 4,1 2,0 1,5 2,5
Rússia 6,4 6,7 8,1 7,5 -6,0 0,5
Argentina 9,2 8,5 8,7 6,0 1,5 0,7
Brasil 2,9 3,7 5,4 4,5 -1,3 2,2
México 3,0 4,8 3,3 2,3 -3,7 1,0

Fonte: Banco Mundial e Arsenal Investimentos

23
Exercício 3
• Segundo as projeções da Global Economic
Outlook, no slide anterior, que países terão,
em 2009 em relação a 2008, desaceleração
econômica? Que países terão recessão
econômica em 2009?

1 – Conceitos chaves da macroeconomia,


definição e importância da agropecuária
e do agronegócio na economia brasileira

• Tópicos a examinar:
1) Definição de agropecuária e agronegócio;
2) Medidas de atividade econômica (os
indicadores);
3) Evolução do PIB do Brasil de 1970 a 2008;
4) A crise financeira internacional de outubro de
2008 e seus impactos sobre a economia
brasileira;
5) Importância da agropecuária e do agronegócio
na economia brasileira.

24
1.5 - Análise da Participação dos Setores
na Constituição do PIBCF
• O Sistema de Contas Nacionais do
Brasil nos fornece o produto a custo de
fatores de cada setor da economia
brasileira.
• Observando o gráfico 1, os seguintes
movimentos são observados:

1.5.1 - Tendência de participação da


agropecuária no PIB
• A tendência histórica da participação da
agropecuária no PIB em qualquer país é de
diminuir, pois a demanda de alimentos é inelástica
a variação na renda.
• Isto ocorreu no Brasil de 1948 a 1997.
• No entanto, de 1997 a 2003, essa participação
aumentou, devido a quatro fatores: melhora no
preço recebido versus preço pago pela
agropecuária, melhora na relação preço agrícola
versus preço industrial, aumento da produtividade
e aumento das exportações.

25
Gráfico 2 - participação dos setores na composição do PIB brasileiro - 1947 a 2007

80,0

70,0

60,0

50,0
percentagem

AGR OP EC UÁR IA

INDÚST RIA
40,0
SERVIÇOS
30,0

20,0

10,0

0,0
1947
1949
1951
1953
1955
1957
1959
1961
1963
1965
1967
1969
1971
1973
1975
1977
1979
1981
1983
1985
1987
1989
1991
1993
1996
1998
2000
2002
2004
2006
anos
Fonte: IBGE

 As participações da agropecuária e do setor


serviços no PIB diminuíram no período de 1947 a
1986, enquanto a participação da indústria
aumentava.
 De 1986 a 1997, as participações da indústria e da
agropecuária caíram, enquanto aumentou a
participação do setor serviços no PIB.
 De 1999 a 2003, a situação inversa tem ocorrido,
ou seja, as participações da agropecuária e da
indústria na composição do PIB aumentaram,
enquanto caíram as participações do setor
serviços.
 Nos anos de 2005 e 2006 houve forte queda da
importância da agropecuária no PIB, com
recuperação parcial em 2007.

26
A crise de 2005 e 2006
• Os anos de 2005 e 2006 presenciaram significativa
redução do PIB da agropecuária, devido à grande queda de
preços, atribuída em parte à valorização cambial.
• A tabela a seguir apresenta as participações dos setores no
PIB.
2004 2005 2006 2007
Agropecuária 6,9 5,6 5,2 5,5
Indústria 30,1 30,3 30,1 28,7
Serviços 63 64 64,7 65,8
Em 2004, o PIB nominal da agropecuária foi de R$ 115,2
bilhões, passando a R$ 105,1 bilhões em 2005, R$ 103,2 bilhões
em 2006 e recuperando para R$ 120,8 bilhões em 2007.

PIB da agricultura versus PIB da


pecuária
Evolução do valor adicionado a preços constantes
(milhões de reais)

140000
120000
R$ milhões

100000
agricultura
80000
pecuária
60000
agropecuária
40000
20000
0
2002 2003 2004 2005 2006
ano

Agricultura, silvicultura e exploração florestal versus pecuária e


pesca. O primeiro foi 67,3% do PIB da agropecuária em 2006 e o
segundo, 32,7%

27
Exercício 4
• Em 1997, as participações da agropecuária e
da indústria no PIB foram, respectivamente,
5,4% e 26,1%. Em 2003, essas
participações foram, respectivamente, 7,4%
e 27,8%. Quais foram as taxas de
crescimento das participações da
agropecuária e da indústria no PIB no
período de 1998 a 2003?

As mudanças na composição do
setor serviços
• É importante observar as mudanças que têm
ocorrido na composição do setor serviços.
• Em períodos de inflação alta, o setor financeiro
teve grande participação na composição do
PIB brasileiro. Diminuindo esta participação
quando a inflação diminui.
• Outro segmento importante na composição do
PIB do setor serviços é o de administrações
públicas.

28
Gráfico 3 - participação do setor serviços e de seus componenntes no PIB - 1947 a 2007

80,0

70,0

60,0
PERCENTAGEM

50,0 SERVIÇOS
INST. FINAN.
40,0 ADM . PUBLICAS
OUTROS SERV
30,0

20,0

10,0

0,0
1947

1950
1953

1956

1959

1962
1965

1968

1971

1974
1977

1980

1983
1986

1989

1992

1996
1999

2002

2005
ANO

1.5.2 - Participação do agribusiness no PIB


brasileiro

• Denomina-se de agribusiness ou complexo


agroindustrial (CAI) - termos normalmente
usados como sinônimos - o conjunto de
atividades realizadas pela agropecuária e
pelos setores diretamente a ela vinculados.
• Portanto, o complexo agroindustrial é o
conjunto formado pela sucessão de
atividades vinculadas à produção e à
transformação de produtos agropecuários.

29
Visão sistémica da economia
• O complexo agroindustrial (CAI) apresenta
uma visão sistêmica da economia,
evidenciando como certos segmentos
fornecem insumos à agropecuária e outros
segmentos procedem à transformação
industrial e à distribuição dos produtos in
natura ou transformados.

Esquema do Agronegócio
Seg- Seg- Seg- Seg-
mento I mento II mento mento
⇒ ⇒ III ⇒ IV
Ofer- Agro-
tantes pecuária Agro- Distri-
de insu- indústri buição
mos as
para a
agrope-
cuária

30
Dimensão do agronegócio
Os dados das Contas Nacionais sobre a participação da
agropecuária no PIB brasileiro só computam as atividades
realizadas da “porteira para dentro”. Se for adotado o conceito
de complexo agroindustrial, tem-se uma participação maior do
agronegócio no PIB.
Participação da agropecuária e do agronegócio no PIB
brasileiro:

1959 2002 2003 2004 2005 2006 2007


Agropecuária 17,2% 6,6% 7,4% 6,9% 5,6% 5,2% 5,5
Agronegócio 52,8% 25,3% 28,8% 28,3% 25,8% 24,3% 25,1

• A queda de importância do agronegócio no PIB em 2005


(em 2,5 p.p.) em relação a 2004 deveu-se, principalmente, à
crise da agropecuária em 2005 (-1,3 p.p.).

Gráfico 1.3 Participação do agronegócio no PIB brasileiro.

60
50
Percentagem

40
30
20
10
0
1959
1970
1975
1980
1985
1990
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007

F o nt e : M o nto ya e Guilho to (1999), Furtuo so e Guilho to (2001) e CEP EA Ano

Estimativas preliminares informam que o agronegócio representou


25,1% do PIB brasileiro em 2007 frente 24,3% em 2006.

31
Dimensão do agronegócio na economia

• Por que há uma tendência à redução do


agronegócio na economia até a década de
90?
• A demanda de alimentos é inelástica a
variações da renda.
• Como se mensura o agronegócio?
• Qual é a dimensão do agronegócio em
outros países?

Importância do agronegócio no PIB


de alguns países – 1997
País %
Argentina 32,20
Brasil 28,07
Chile 32,10
Colômbia 32,10
Costa Rica 32,50
México 24,50
Holanda 8,70
EUA 8,10

32
Dimensão do agribusiness nas regiões do
Brasil
• O agronegócio pode ter:
 Importância diferente nas distintas regiões do
Brasil,
 A importância do agronegócio em uma mesma
região ao longo do tempo pode aumentar, diminuir
ou ficar estável,
 Os componentes do agronegócio podem ter
diferentes composições entre as regiões,
 A participação do agronegócio entre os estados de
uma mesma região em um mesmo ano pode ser
muito diferente.

Participação do agronegócio no PIB


das regiões do Brasil – 1995 e 1999
1995 1999
Norte 26,2 32,1
Nordeste 28,3 26,9
Centro-Oeste 38,1 27,6
Sudeste 23,2 21,2
Sul 52,5 41,4
Brasil 30,4 26,6

33
Importância dos segmentos do agronegócio por
região
Tabela 3 - Participação do agronegócio no PIB regional e sua distribuição segundo os
segmentos – Brasil – 1995
Participações dos segmentos no PIB do agribusiness Participação
Região Segmento I Segmento II Segmento III Segmento IV do
agribusiness
no PIB
Norte 14,3 40,1 19,0 26,5 26,2
Nordeste 12,1 37,5 14,5 35,8 28,3
Centro-Oeste 28,3 39,4 7,2 25,0 38,1
Sudeste 15,3 23,3 19,7 41,7 23,2
Sul 20,1 29,6 19,9 30,4 52,5
Brasil 17,6 29,5 17,7 35,1 30,4
Fonte: Parré (2000, p. 99).

Importância do agronegócio em nível de


Estado – ano de 1999
• Região Norte (32,05%): AC (20,11%), AP
(12,71%), AM (14,48%), PA (50,75%), RO
(37,88%), RR (10,64%) e TO (46,03%).
• Região Nordeste (26,95%): AL (38,55%), BA
(24,23%), CE (24,12%), MA (40,24%), PB
(33,68%), PE (23,74%), PI (33,94%), RN
(15,44%) e SE (40,05%).
• Região Sudeste (21,22%): ES (34,38%), MG
(26,10%), RJ (11,93%) e SP (22,10%).
• Região Sul (41,39%): PR (37,01%), SC (49,10%)
e RS (41,33%).
• Região Centro-Oeste (27,61%): DF (3,09%), MT
(50,34%), MS (61,19%) e GO (41,08%)

34
Outros indicadores de dimensão

• Até agora foi dada atenção apenas ao PIB como


indicador da importância de um setor
(agropecuária ou agronegócio) na economia.
• No entanto, outros indicadores também podem ser
considerados, como por exemplo, número de
empregados, importância na geração das
exportações ou do saldo comercial, número de
empresas.

• Esses outros indicadores dão à agropecuária e ao


agronegócio uma importância muitas vezes
maior do que se apenas considerar a parcela do
PIB que esses setores geram.
• Por exemplo, os trabalhadores rurais
representaram 24% da população
economicamente ativa (PEA) brasileira em
1999, 20,1% em 2001 e 19% em 2003.
• Os produtos da agropecuária e da agroindústria
representaram 33,4% das exportações brasileiras
em 2003 e 33,1% em 2004, mas sempre tiveram
balança comercial positiva.

35
Gráfico 7.2 Evolução das exportações e importações de produtos de base
agropecuária - 1961 a 2004.
35.000
30.000
Milhões de US$

25.000
20.000
15.000
10.000
5.000
0
1961
1963
1965
1967
1969
1971
1973
1975
1977
1979
1981
1983
1985
1987
1989
1991
1993
1995
1997
1999
2001
2003
Ano expo rtação
Fonte: FAO e IPEA. impo rtação

Gráfico 7.3 Evolução da balança comercial brasileira - 1961 a 2004.

40000

30000
Milhões de US$

20000

10000

0
1961

1963
1965

1967
1969

1971
1973

1975

1977
1979

1981
1983

1985
1987

1989

1991
1993
1995
1997

1999
2001

2003

-10000

-20000
Ano agropecuária
não-agrícola
Fontes: FAO e Ipea. t otal

36
Conteúdo
• 1 – Conceitos chaves da macroeconomia,
definição e importância da agropecuária e
do agronegócio na economia brasileira.
• 2 – O papel da agropecuária no processo
de desenvolvimento econômico
(bibliografia: Bacha, 2004, capítulo 2)
• 3 – políticas macroeconômicas no Brasil
e seus objetivos .
• 4 – Políticas agrícolas no Brasil.

2) O papel da agropecuária no
desenvolvimento econômico
• Três aspectos devem ser discutidos:
• 1) distinção entre crescimento econômico e
desenvolvimento econômico;
• 2) tipos de mudanças estruturais que
ocorrem no processo de desenvolvimento
econômico;
• 3) as formas pelas quais a agropecuária
ajuda no processo de desenvolvimento
econômico.

1
Crescimento versus desenvolvimento
econômico
• Crescimento econômico é o processo de
aumento do produto (por exemplo, o
aumento do PIB) de uma economia. À
medida que ocorre o aumento do produto,
há aumento da riqueza da nação.
Não confundir PIB e riqueza.
• Desenvolvimento econômico é o processo
de mudança estrutural da economia que
leva à melhoria do bem-estar de sua
população.

Os diferentes conceitos de
desenvolvimento econômico

• Há vários conceitos de desenvolvimento


econômico, mas que ressaltam a
mudança estrutural da economia que leva
à melhoria do bem-estar da população.
• Exemplos:
• conceito da CEPAL
• conceito de Celso Furtado
• conceito de D. Seers.

2
Mas como medir desenvolvimento
econômico?

• Há indicadores individuais, tais como:


• a) renda per capita (que avalia a
capacidade de consumo da população)
• b) renda por trabalhador (que avalia a
produção da economia)
• c) renda por hora de trabalho (que
avalia a eficiência global da economia)

Mas como medir desenvolvimento econômico?

• Há, também, indicadores que relacionam várias


variáveis, como os indicadores de nível de vida.
Exemplo: Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH).
• Esse tipo de índice relaciona variáveis referentes
à produção (renda per capita), saúde
(expectativa de vida) e educação.
• Para cada uma dessas variáveis faz-se um
índice e a média aritmética deles dá o IDH.
• Quanto maior é o IDH, maior é o nível de
desenvolvimento do país.

3
Mudanças estruturais no processo de
desenvolvimento

• As principais mudanças são:


• 1) aumento da produtividade do trabalho;
• 2) diminuição das diferenças intersetoriais de
produtividade do trabalho;
• 3) queda da participação da agropecuária no PIB;
• 4) queda da participação da agropecuária na força
de trabalho;
• 5) redução das taxas de natalidade e mortalidade;
• 6) surgimento de dualidades dentro do setor
agropecuário

Funções da agropecuária no
desenvolvimento econômico

• 1) fornecer alimentos para a população


• 2) fornecer capital para a expansão do setor não-
agrícola
• 3) fornecer mão de obra para a diversificação da
economia
• 4) fornecer divisas para importações dos setores
não-agrícolas
• 5) constituir-se em mercado consumidor de
produtos não-agrícolas
• 6) fornecer matérias-primas para a indústria

4
Fornecimento de alimento para a
população

• Os alimentos constituem-se em bens


salários.
• Aumentos dos preços dos alimentos
implica aumento de salários, e
conseqüente queda de lucros.
• A situação desejada é que os preços
dos alimentos não se altere ou diminua.

Como se determinam os preços


dos alimentos
• Os preços dos alimentos são determinados
no mercado pelo cruzamento das curvas de
oferta e demanda de alimentos.
• Há três situações possíveis ao longo do
tempo:
• 1) preços estáveis
• 2) preços diminuindo
• 3) preços aumentando

5
Fornecimento de capitais para a
expansão do setor não-agrícola

• A transferência de capital da agropecuária


para outros setores pode ser feita de duas
formas:
• 1) transferência espontânea: agricultores
investem em outras atividades
• 2) transferência forçada: o Estado tributa
ou “confisca” a agropecuária e subsidia
outros setores.

Fornecimento de divisas
• A agropecuária tem saldo comercial
positivo nas suas transações comerciais
com o exterior.
• Ou seja, a agropecuária exporta mais do
que importa.
• Essas divisas são utilizadas pelos setores
não-agrícolas para viabilizar as
importações necessárias ao processo
produtivo.

6
Fornecimento de mão de obra

• Não havendo uma política de imigração,


novas atividades só se tornam viáveis se
houver migração de mão de obra da
agropecuária para essas outras atividades.
• Essa migração não afeta inicialmente a
produção agropecuária se houver
excedente de mão de obra na
agropecuária.

Mercado consumidor

• A agropecuária constitui-se em
mercado consumidor de:
• a) produtos de consumo duráveis e
não-duráveis, devido às pessoas
ocupadas na agropecuária.
• b) insumos usados no processo de
produção

7
Fornecimento de matérias-primas

• Vários setores industriais se viabilizam


em alguns países devido ao
fornecimento de matéria-prima de
qualidade e a baixo preço advindos da
agropecuária.
• Caso das indústrias alimentícias, têxtil e
do vestuário.

Conflitos entre funções

• Alguns conflitos podem surgir entre as


funções atribuídas à agropecuária no
processo de desenvolvimento econômico.
• A transferência forçada de capital da
agropecuária para outros setores diminui o
poder de compra da agropecuária. Assim, a
agropecuária não se mantém, como
anteriormente, como mercado consumidor
para produtos não-agrícolas.

8
Perda de importância das funções
ao longo do tempo
• Ao longo do tempo, é possível que
algumas funções deixem de ser
importantes, como o fornecimento de
mão-de-obra para atividades não-
agrícolas.
• No caso do Brasil, ainda se mantêm
importantes as funções de provisão de
alimentos, provisão de matéria-prima e
geração de divisas.

Exercício 5
• Considere a região onde você vive e/ou trabalha.
Nesta região, quais das seguintes funções a
agropecuária ainda exerce no processo de
desenvolvimento?
• 1) fornecer alimentos para a população
• 2) fornecer capital para a expansão do setor não-
agrícola
• 3) fornecer mão de obra para a diversificação da
economia
• 4) fornecer divisas para importações dos setores
não-agrícolas
• 5) constituir-se em mercado consumidor de produtos
não-agrícolas
• 6) fornecer matérias-primas para a indústria

9
Conteúdo
• 1 – Conceitos chaves da macroeconomia,
definição e importância da agropecuária e
do agronegócio na economia brasileira.
• 2 – O papel da agropecuária no processo
de desenvolvimento econômico.
• 3 – políticas macroeconômicas no Brasil
e seus objetivos (bibliografia: Bacha,
2007, capítulo 3)
• 4 – Políticas agrícolas no Brasil.

3 – Políticas macroeconômicas no
Brasil e seus objetivos

• Os instrumentos de política econômica


que afetam o desempenho da
agropecuária podem ser classificados
em genéricos e específicos.

10
• Os instrumentos genéricos são aqueles
elaborados para toda a economia e,
assim, impactam o desempenho da
agropecuária e dos demais setores da
economia.
• Certas combinações desses instrumentos
podem gerar políticas específicas para o
setor agropecuário. Surgem, assim, os
instrumentos de política econômica
específicos, que possuem certas
especificidades, de modo a afetar
diretamente o desempenho da
agropecuária.

Tipos de instrumentos
genéricos
• Os instrumentos de política
econômica genéricos que nos
interessam são a política fiscal, a
política monetária, a política
cambial, a política de rendas e a
política comercial.

11
Tipos de instrumentos de política específicos

• São exemplos de instrumentos de política


econômica específicos para a agropecuária:
• política de crédito rural,
• política de preços mínimos,
• política de seguro rural (PROAGRO),
• política de pesquisa e extensão agropecuária,
• políticas específicas para certos produtos
(caso do café, cana-de-açúcar e trigo) e
insumos, e
• política de regulamentação do uso de
recursos florestais.

3.1. A Política Fiscal

• A política fiscal se refere às


decisões sobre tributação e gastos
por cada uma das esferas de poder
público (o Governo Federal, os
Governos Estaduais e os Governos
Municipais).

12
3.1.1 Tributação
• A tributação é a principal fonte de
arrecadação pública. Existem, ainda, renda
de patrimônio e de royalties.
• Existem três tipos básicos de tributos:
 taxa;
 contribuição;
 impostos

Taxa
• “Taxa é a denominação que se dá ao tributo
que tem como fato gerador o exercício, pelo
governo, do poder de polícia e de fiscalização,
ou o custeio de determinado serviço público
posto à disposição da comunidade de modo
geral”.
• Exemplos: taxa de iluminação pública, taxa de
coleta de lixo, taxa de licenciamento de
veículos.

13
Contribuição
• “Contribuição é uma denominação aplicada aos
tributos destinados a custear serviços públicos
recebidos diretamente pelo contribuinte”, seja no
passado ou no futuro.
• Há dois tipos de contribuições: as contribuições sociais
e as contribuições de melhorias.
• Contribuições sociais: pagamentos ao INSS.
• Contribuições de melhoria: ressarcimento ao setor
público por melhorias de infra-estrutura econômica.

Impostos
• “Imposto é a denominação que se dá ao
tributo que tem como fato gerador um
fenômeno econômico independente de
qualquer atividade estatal”.
• Há dois tipos de impostos:
 os impostos diretos
 os impostos indiretos

14
• Os impostos diretos são aqueles que
incidem sobre a renda ou sobre o
patrimônio dos indivíduos ou firmas.
• São exemplos de impostos diretos:
 o Imposto de Renda Sobre Pessoa Física
(IRPF) e Sobre Pessoa Jurídica (IRPJ),
 o Imposto sobre a Propriedade Territorial
Rural (ITR),
 o Imposto Predial e Territorial Urbano
(IPTU), e
 o Imposto sobre Propriedade de Veículos
Automotores (IPVA).

• Os impostos indiretos são aqueles


cobrados nas transações econômicas e
que são repassados aos preços dos
bens e serviços.
• Exemplos de impostos indiretos são:
 Imposto sobre a Circulação de
Mercadorias e sobre Serviços de
Transportes e Comunicações (ICMS), e
 Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI).

15
Carga Tributária Bruta
• Como já visto, o Produto Interno Bruto (PIB) é a renda
gerada na economia sob as formas de salário, lucros, juros
e aluguéis ao longo de um período, por exemplo, um ano.
• Carga Tributária Bruta é a relação tributos/PIB.
• CTB é crescente de 1998 a 2002. E volta a crescer a partir
de 2004. Na tabela a seguir os valores estão em
percentagens.

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

27,38 28,63 30,67 31,01 32,65 32,54 33,49 34,13 34,52 35,54 36,60

O percentual para 2008 é ainda uma previsão. As percentagens acima não


incluem royalties.

Exercício 6

• Quais foram os aumentos em pontos


percentuais e em taxa percentual da carga
tributária brasileira entre 1998 e 2008?

16
A razão pela qual tem ocorrido aumento da carga tributária
no Brasil é para gerar recursos visando o pagamento de juros
dos títulos do governo.
Lógica das políticas macroeconômicas de 1995 a 2006

Meta: Aumenta os
controle da Aumenta a
gastos do arrecadação tributária
inflação governo com (T↑ ⇒ C↓)
juros
Política
monetária Controla a inflação
contracionista
Há entrada de
Aumenta a dólar no Taxa de
taxa de Brasil para câmbio se
juros especulação valoriza

3.1. A Política Fiscal

• A política fiscal se refere às


decisões sobre tributação e gastos
por cada uma das esferas de poder
público (o Governo Federal, os
Governos Estaduais e os Governos
Municipais).

17
3.1.2 Os Gastos do Governo

• Os gastos dos governos federal,


estaduais e municipais de um ano
têm que ser planejados no ano
anterior e aprovados pelos Poderes
Legislativo federal, estaduais ou
municipais, respectivamente.

Limites para os gastos


• Há certos limites constitucionais
definidos para os gastos, com respeito
ao montante a ser gasto em folha de
pagamentos, em educação e saúde,
por exemplo.
• Definido os gastos para certo ano, o
poder executivo tem pequeno espaço
para alterá-los.

18
A prestação de contas
• Terminado o período de execução do
orçamento, os poderes executivos
devem apresentar suas contas aos
Tribunais de Contas (da União, do
Estado e dos Municípios, conforme o
caso), que julgarão se aqueles
executaram corretamente os
orçamentos previamente elaborados e
aprovados.

Os Mecanismos de Isenção Fiscal e de


Incentivos Fiscais

• Existem, basicamente, duas


maneiras de diferenciar setores e
atividades a partir da política fiscal.
Fixadas as regras gerais de
tributação, podem surgir isenções
fiscais e incentivos fiscais.

19
• Isenção Fiscal é a situação na qual
certas atividades ou setores são
liberados, temporariamente, do
pagamento da totalidade ou de certa
parcela de certos tributos.
• Por exemplo, pode-se dar a isenção do
pagamento do ICMS e do IPI nas
operações de exportação, visando
reduzir o preço em dólar do produto
exportado.

• O Incentivo Fiscal surge quando o


imposto de renda pago por certa
empresa ou pessoa física em uma
região retorna a essa pessoa desde
que a mesma aporte esse recurso em
investimentos realizados em outra
região ou atividade.

20
EFEITOS DA ISENÇÃO FISCAL SOBRE OS
PREÇOS RECEBIDOS

• Seja :
• PR= preço líquido recebido pelo
produtor
• PV = preço bruto cobrado pelo produtor
ao consumidor
• Tem-se:
• PV ⋅ (1-ti) = PR
• Onde, ti é a taxa líquida de tributos.

• PV ⋅ (1-ti) = PR
• Veja que se ti diminui, o PR sobe, mesmo
se PV ficar constante.
• Exemplos:
• situação inicial: ti = 0,05 PV = $ 100
PR = 100 ⋅ (1-0,05) = $ 95

• situação alternativa: ti = 0,02 PV = $ 100


PR = 100 ⋅ (1-0,02) = $ 98

21
• Veja que variando a alíquota de
tributos (ti), pode-se alterar o preço
em reais ou em dólar recebido pelo
produtor, mantendo-se fixo o preço
cobrado junto ao consumidor.

Exercício 7
• Suponha que o PV = 100 e ti = 0,05. Sabe-
se que PR = 95. Se o PV cair para 97, para
quanto deve ser reduzido ti de modo a
manter PR = 95?

22
Decisões sobre gastos e tributação

• As decisões sobre gastos e tributação são,


normalmente, tomadas visando atingir
objetivos nacionais.
• Entre esses objetivos está o controle do
déficit público.

3.1.3 - O DÉFICIT PÚBLICO


NO BRASIL

Déficit público: é o excesso de gastos públicos


em relação às receitas públicas.

Como calcular o déficit público?


Os conceitos de NFSP e de restrição
orçamentária são essenciais para este
cálculo.

23
O DÉFICIT PÚBLICO NO BRASIL
Restrição Orçamentária ⇒ total de gastos =
total de receitas
Ou seja:

gastos nominais do receita tributária


governo + juros nominais nominal + emissão
sobre a dívida interna + = de moeda +
juros nominais sobre a aumento nominal da
dívida externa dívida interna +
aumento nominal da
dívida externa

O DÉFICIT PÚBLICO NO BRASIL


Restrição Orçamentária ⇒ total de gastos = total de receitas
Dívida pública interna (saldo nominal) Incremento no endividamento
governamental no mercado
Receitas nominais do governo
financeiro externo
Taxa de câmbio Variação da emissão de moeda

G + r⋅DI–1 + rEλDE–1 = T + (B – B–1) + (DI – DI–1) + λ(DE – DE–1)

Dívida pública externa (saldo nominal)


Taxa nominal de juros no mercado externo Taxa de câmbio

Taxa nominal de juros no mercado interno


Incremento no endividamento
Gastos nominais do governo
governamental no mercado financeiro interno

24
Déficit nominal
• Déficit nominal = gastos nominais do
governo – receita tributária nominal + juros
nominais sobre a dívida interna + juros
nominais sobre a dívida externa = emissão
de moeda + aumento da dívida interna +
aumento da dívida externa

DN = (G –T) + r⋅DI–1 + rE ⋅ λ ⋅ DE–1 = (B – B–1) + (DI – DI–1) + λ(DE – DE–1)

O DÉFICIT PÚBLICO NO BRASIL


G + r⋅DI–1 + rE ⋅ λ ⋅ DE–1 = T + (B – B–1) + (DI – DI–1) + λ(DE – DE–1)

DN = déficit nominal
DN = (G – T) + rDI–1 + rEλDE–1 = (B – B–1) + (DI – DI–1) + λ(DE – DE–1)

Fontes geradoras de déficit Fontes de financiamento do déficit

A restrição orçamentária do governo tornou operacional o cálculo da NFSP.

Déficit Nominal: apresenta problema pela contabilidade das correções monetárias e


cambiais no seu cálculo.

25
O DÉFICIT PÚBLICO NO BRASIL
DN = (G – T) + r·DI–1 + r*·λ·DE–1 = (B – B–1) + (DI – DI–1) + λ(DE – DE–1)

DO = déficit operacional = déficit real


Deflaciona-se os valores que compõem o déficit nominal

•Déficit operacional = gastos reais do governo – receita


tributária real + juros reais sobre a dívida interna + juros
reais sobre a dívida externa = emissão deflacionada de
moeda + aumento real da dívida interna + aumento real da
dívida externa + imposto inflacionário
DO = (g – t) + r*di–1 + rE*λde–1 = (b – b–1) + (di – di–1) + λ(de – de–1) + π b–1
1+π

O DÉFICIT PÚBLICO NO BRASIL


πb
DO = (g – t) + r*di–1 + rE*λde–1 = (b – b–1) + (di – di–1) + λ(de – de–1) + –1
1+π

DP = déficit primário
•Déficit primário = gastos reais do governo – receita
tributária real = emissão deflacionada de moeda +
aumento real da dívida interna + aumento real da dívida
externa - juros reais sobre a dívida interna - juros reais
sobre a dívida externa + imposto inflacionário
π b–1
DP = g – t = (b – b–1) + (di – di–1) + λ(de – de–1) – r*di–1 – rE*λde–1 +
1+π

DO – DP = juros reais sobre as dívidas interna e externa

26
O DÉFICIT PÚBLICO NO BRASIL

A avaliação da NFSP é relativa ao valor do PIB


Indicadores de avaliação do déficit público na economia:

DN DO DP Juros Reais
PIB PIB PIB PIB
Normalmente, estes indicadores são apresentados por trimestres
acumulados: JAN-MAR; JAN-JUN; JAN-SET; JAN-DEZ.

DO =
DP +
Juros Reais
PIB PIB PIB

3.1.2 O DÉFICIT PÚBLICO NO


BRASIL
• No Brasil, em anos de altas taxas de
inflação, o DN/PIB é bastante elevado,
diminuindo em anos de inflação baixa.
• Desde 1995, o ajuste fiscal do Brasil é
elevado. A partir de 1999, temos tido ano a
ano superávit fiscal primário. Superávit é
um déficit negativo.
• Os juros são a principal fonte de déficit
operacional no Brasil.

27
O DÉFICIT PÚBLICO NO BRASIL – 1990 a
2007
70
60
50
40
% 30
20
10
0
-10
1990

1992

1994

1996

1998

2000

2002

2004

2006
DN/PIB DO/PIB DP/PIB juros/PIB

O DÉFICIT PÚBLICO NO BRASIL – 1995 a


2007
12
10
8
6
4
%
2
0
-2
-4
1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

-6
DN/PIB DO/PIB DP/PIB juros/PIB

28
O DÉFICIT PÚBLICO NO BRASIL
Os seguintes fatos têm ocorrido no Brasil:
DN DO DP
a)
PIB > PIB > PIB

b) em casos de inflação alta, o DN/PIB também é


elevado

c) No caso da economia brasileira, desde 1999 o


DP/PIB é negativo. Os juros reais sobre a
dívida pública são os causadores de déficit
operacional.

O DÉFICIT PÚBLICO NO BRASIL

No Brasil:

d) Os principais agentes responsáveis pelo déficit


público são:
— Governo Federal e BACEN
— Governos Estaduais e Municipais
— Empresas Estatais
Com a privatização das empresas estatais, essas já
não mais geram déficit público atualmente.

29
3.1.4 – relação entre déficit público, taxa de
juros e taxa de câmbio
• Déficit operacional = gastos reais do governo –
receita tributária real + juros reais sobre a dívida
interna + juros reais sobre a dívida externa =
emissão deflacionada de moeda + aumento real da
dívida interna + aumento real da dívida externa +
imposto inflacionário
π b–1
DO = (g – t) + r*di–1 + rE*λde–1 = (b – b–1) + (di – di–1) + λ(de – de–1) +
1+π

Observa-se que o aumento da taxa de juros e da taxa de câmbio deverá


aumentar o déficit nominal.
A situação do Brasil: para controlar inflação tem-se política monetária
contracionista ⇒ r* fica alta ⇒ mantém DO positivo ⇒ implica ter DP
negativo (reduzindo g ou aumentando t).

30
Tipos de instrumentos genéricos

• Os instrumentos de política econômica


genéricos que nos interessam são:
a política fiscal,
a política monetária,
a política cambial,
a política de rendas, e
a política comercial

4.2 A Política Monetária

• A política monetária diz respeito ao


controle do governo sobre a oferta de
moeda. Através disso, o Governo
Federal influencia a determinação da
taxa de juros.
• A política monetária é de uso exclusivo
do governo federal e é executada pelo
Banco Central do Brasil.

1
A taxa de juros
• A taxa de juros é o valor do aluguel do
dinheiro.
• Esse preço é fixado como uma
percentagem do valor emprestado.
• A taxa de juros é fixada no mercado
através do cruzamento das curvas de
oferta e demanda de moeda.

2
Influência do Banco Central

• O BACEN não fixa a taxa de juros.


Quem fixa a taxa de juros é o mercado.
• O BACEN tem a capacidade de alterar
a curva de oferta de moeda. Assim
atuando, o BACEN conduz o mercado a
aumentar ou diminuir a taxa de juros.

3
• Para entender a política monetária é
necessário compreender os conceitos
de Meios de Pagamento e de Base
Monetária.
• Segundo Simonsen & Cysne (1990,
p.14), Meios de Pagamento é o total
de haveres possuídos pelo setor não-
bancário (algumas vezes também
denominado de setor público não-
bancário) e que podem saldar qualquer
dívida expressa em moeda nacional.

Meios de pagamento
• No conceito de meios de pagamento,
observe dois pontos:
- só se inclui como meios de pagamento
ativos possuídos pelo setor não-bancário.
Ativos possuídos pelo setor bancário não
se inclui dentro dos meios de pagamento.
- Para ser meios de pagamento, o ativo
possuído pelo setor não-bancário deve ser
capaz de saldar qualquer dívida expressa
em moeda nacional.

4
Mensuração dos meios de
pagamento
• As duas condições acima geram dúvidas
sobre o que incluir como meios de
pagamento.
• Em todos os países do mundo, aceita-se o
conceito de M1 para meios de pagamento.
• M1 = papel moeda em poder do público não
bancário (P0) + depósito a vista nos bancos
comerciais (D)
• Portanto, M1 = P0 + D

Base monetária
• Base Monetária é o total de recursos monetários
das Autoridades Monetárias, ou seja, é o passivo
monetário das Autoridades Monetárias.
• Trata-se da moeda em forma física (notas de
papel e plástico e moedas metálicas) emitida pelo
Banco Central para a compra de ativos.
• A base monetária é também chamada de moeda
primária e representa um débito (um passivo) do
Banco Central com o detentor dessa moeda.

5
BASE MONETÁRIA É O TOTAL DE RECURSOS MONETÁRIOS DAS AUTORIDADES

MONETÁRIAS, ISTO É, É O PASSIVO MONETÁRIO DAS AUTORIDADES MONETÁRIAS.

BALANCETE SINTÉTICO DAS AUTORIDADES MONETÁRIAS


ATIVO PASSIVO
ATIVOS EXTERNOS LÍQUIDOS BASE MONETÁRIA
CRÉDITOS DOMÉSTICOS:

AO SETOR GOVERNO PASSIVO NÃO-MONETÁRIO


AO SISTEMA FINANCEIRO

AO SETOR PRIVADO

TÍTULOS PÚBLICOS

PROGRAMAS ESPECIAIS

TOTAL DE ATIVOS TOTAL DE PASSIVO

• A moeda posta em circulação pelo Banco


Central já não fica em seu poder e passa a
ser um “débito” do Banco Central em relação
a quem a detém (que é o público não-
bancário e o sistema bancário).
• Assim, em termos funcionais, pode-se
calcular a Base Monetária (B) através da
seguinte fórmula:
• B = encaixes dos bancos + papel-moeda em
poder do público não-bancário.
Observe que apenas parte da base monetária (o papel-moeda
em poder do público não-bancário é componente do M1 e a
outra parte da base monetária, os encaixes bancários, não
faz parte do M1)

6
• Observe que: M1 = papel-moeda em poder do público
não bancário (P0) + depósitos a vista (D)
• Base monetária (B) = papel-moeda em poder do
público não-bancário (P0) + encaixes bancários (Z)

• Os bancos comerciais retêm encaixes para efeito de


atender a eventuais diferenças entre recebimentos e
saques. Esta parcela de encaixes é conhecida como
Z1.
• Outra parcela de encaixes dos bancos é para efeito de
depósito voluntário na Centralizadora da
Compensação de cheques e outros papéis, Compe
(Z2).
• E há ainda a parcela que se destina ao depósito
compulsório no Banco Central (Z3). Esta última é
utilizada para controlar a criação de moeda bancária.
• Observe que: Z = Z1 + Z2 + Z3 .

Os encaixes bancários
• Observe que, Z = Z1 + Z2 + Z3 . Define-se:
• R1 = caixa em moeda corrente dos bancos
comerciais/depósitos a vista nos bancos comerciais (=
Z1/D). Ex. R1 = 0,01. Para cada R$ 100 de depósito a
vista tem-se R$ 1,00 de Z1.
• R2 = depósitos voluntários dos bancos comerciais nas
Autoridades Monetárias/depósitos à vista nos bancos
comerciais (= Z2/D). Ex. R2 = 0,03
• R3 = depósitos compulsórios dos bancos comerciais nas
Autoridades Monetárias/depósitos à vista nos bancos
comerciais (= Z3/D). Ex. R3 = 0,40
• R = encaixe total dos bancos comerciais/depósitos à vista
nos bancos comerciais (= Z/D). Ex. R = 0,44
• Suponha que o Banco Central emita base monetária no
valor de R$ 150 para pagamento dos dólares
internalizados por um exportador e o exportador fica com
R$ 50 em dinheiro (P0) e deposita no Banco Comercial os
outros R$ 100 reais.

7
CRIAÇÃO DE MOEDA BANCÁRIA
Exemplo 1
R1 = 0,01 R2 = 0,03 R3 = 0,40
1º agente 2º agente 3º agente 4º agente
Depósito 100,00 56,00 31,36 17,57
Z1 1,00 0,56 0,31 0,18
Z2 3,00 1,68 0,94 0,53
Z3 40,00 22,40 12,54 7,03
Empréstimo 56,00 31,36 17,57 9,83

Observe que os depósitos a vista são R$ 100 + R$ 56 + R$ 31,36


+ R$ 17,57 + ...

Criação de moeda bancária


• Observe que o montante de depósito a vista vai
aumentando infinitamente.
• Ele iniciou com R$ 100, passou para R$ 156, para
R$ 187,36, R$ 204,93 , …
• Os aumentos são, no entanto, decrescentes e
dependem das percentagens dadas aos encaixes.
• Os meios de pagamento são, nesse caso, os R$ 50
que ficaram como moeda manual e a soma dos
depósitos a vista. Lembre-se: M1 = P0 + D
• O valor dado a R3 define a criação de moeda
bancária, ou seja, o valor dado a R3 define o valor
de D.
• Considere o exemplo onde R = 1

8
CRIAÇÃO DE MOEDA BANCÁRIA
Exemplo 2
R1 = 0,01 R2 = 0,03 R3 = 0,96
1º agente 2º agente 3º agente 4º agente
Depósito 100,00 0 0 0
Z1 1,00 0 0 0
Z2 3,00 0 0 0
Z3 96,00 0 0 0
Empréstimo 0,00 0 0 0

Veja que neste caso os depósitos a vista ficaram nos R$ 100


e os meios de pagamento em R$ 50 + R$ 100

A curva de oferta de moeda


• Os valores de Z1 e Z2 representam dinheiro parado e
perda de lucro potencial aos bancos.
• Assim, quanto maior é a taxa de juros nominal (r),
mantendo fixa a taxa de redesconto de liquidez do
BACEN (rd), menos os bancos desejam manter
recursos nas formas de Z1 e Z2 e, com isso, mais se
pode emprestar e criar moeda bancária.
• Ou seja:
• r↑ ⇒ (Z1 + Z2)↓ ⇒ (R1 + R2)↓⇒ empréstimos ↑ ⇒
D↑
• Veja o exemplo a seguir.

9
CRIAÇÃO DE MOEDA BANCÁRIA
Exemplo 3
R1 = 0,005 R2 = 0,02 R3 = 0,40
1º agente 2º agente 3º agente 4º agente
Depósito 100,00 57,50 33,06 19,01
Z1 0,50 0,29 0,17 0,10
Z2 2,00 1,15 0,66 0,38
Z3 40,00 23,00 13,22 7,60
Empréstimo 57,50 33,06 19,01 10,93

Observe que os depósitos a vista são R$ 100 + R$ 57,50 + R$


33,06 + R$ 19,01 + ... (compare com o exemplo 1)

A curva de oferta de moeda


• Observe que aumentando a taxa de juros, diminui-se o R1 e
R2, há aumento do montante de depósito a vista e, com
isto, aumento dos meios de pagamento.
• Surge, assim, uma relação positiva entre taxa de juros (r) e
oferta de moeda no conceito M1.
• R1 e R2 também podem se reduzir se rd (taxa de
redesconto de liquidez) diminuir e r ficar constante,
elevando também a quantidade de M1.
• E a criação de moeda bancária depende da emissão inicial
da base monetária. Veja que a criação de moeda bancária
surgiu da primeira emissão de base monetária (os R$ 150).
• Portanto, a quantidade de moeda (M1) depende da base
monetária (B), da taxa de redesconto de liquidez (rd), da
taxa de juros e da taxa de depósito compulsório (R3). Essas
três últimas determinam a taxa de encaixes (R).

10
Equação de oferta de moeda
• Considere as seguintes razões:
• c = papel-moeda em poder do público não-
bancário/meios de pagamento (= Po/M1).
Exemplo: c = 0,20

• d = depósitos à vista nos bancos


comerciais/meios de pagamento (= D/M1).
Exemplo: d = 0,80

• Observe que c + d = 1

• R1 = caixa em moeda corrente dos bancos


comerciais/depósitos a vista nos bancos
comerciais (= Z1/D). Ex. R1 = 0,01
• R2 = depósitos voluntários dos bancos
comerciais nas Autoridades
Monetárias/depósitos à vista nos bancos
comerciais (= Z2/D). Ex. R2 = 0,03
• R3 = depósitos compulsórios dos bancos
comerciais nas Autoridades
Monetárias/depósitos à vista nos bancos
comerciais (= Z3/D). Ex. R3 = 0,40
• R = encaixe total dos bancos
comerciais/depósitos à vista nos bancos
comerciais (= Z/D). Ex. R = 0,44

11
• Das definições acima, observe que:
• R1 + R2 + R3 = R
• Vimos que B = Po + Z
Mas: Po = c⋅M1 e Z = R⋅D
• Logo: B = c ⋅ M1 + R ⋅ D
• Mas: D = d ⋅ M1
• Logo: B = c ⋅ M1 + R ⋅ d ⋅ M1
• Desta última expressão temos:

B
M1 =
c + d⋅ R

COMO c = 1-d , A EXPRESSÃO ACIMA PODE SER REESCRITA COMO SENDO:

B
M1 = A
1 - d ⋅ (1 - R) (1 VERSÃO DA EQUAÇÃO DE OFERTA DE

MOEDA)

NA EXPRESSÃO ACIMA, OBSERVE QUE: B ↑ ⇒ M1 ↑ e R ↓ ⇒ M1 ↑

12
• Nova equação da oferta de moeda:
R = R1 + R2 + R3
R1 + R2 = f (r - rd) Portanto: R = R(r, rd, R3)

B
M1 =
1−d[1 − R(r,rd,R3)]

Sendo que:
B↑ ⇒ M1↑ r ↑ ⇒ R ↓ ⇒ M1↑ rd ↑ ⇒ R ↑ ⇒ M1↓
R3 ↑ ⇒ R ↑ ⇒ M1↓

A curva de oferta de moeda


Essa última equação da oferta de
moeda está representada na figura 1. A
curva de oferta de moeda é uma função
positiva da taxa de juros (r).
A posição desta curva depende dos
valores da base monetária (B), da taxa
do redesconto de liquidez (rd) e da taxa
de depósito compulsório (R3).
Um dos parâmetros para definir o rd na
economia brasileira é a taxa SELIC.

13
expancionista.
B↓, rd↑, R3↑
B↑, rd↓, R3↓

Demanda de moeda
Considera-se que os indivíduos
mantenham sua riqueza na forma de
moeda e de títulos.
• Moeda é um ativo de alta liquidez (isto é,
de alta aceitação nas trocas), mas que
não gera rendimentos. Já títulos são
ativos de menor liquidez, mas que geram
rendimentos.
• Quando r ↑ ⇒ demanda de moeda ↓ , pois
indivíduos demandam mais títulos. Logo a
curva de demanda de moeda é:

14
Equilíbrio no mercado de
moedas

• No cruzamento das curvas de


oferta e de demanda de moeda é
determinada a taxa de juros interna
(veja a figura 5).

15
Banco Central afetando a taxa
de juros

• O Banco Central pode alterar a curva


de oferta de moeda, influenciando a
taxa de juros.

16
B↑, rd↓, R3↓ B↓, rd↑, R3↑

Diferentes preocupações
• A preocupação do setor privado é com os
efeitos da taxa de juros sobre o
investimento.
• r↑ ⇒ I↓ e r↓ ⇒ I↑. Lembre-se: I↓ ⇒ PIB↓
• A preocupação do BACEN é com os efeitos
de moeda sobre a inflação.
• M↑ ⇒ P↑ e M↓ ⇒ P ↓

17
A crise financeira e a taxa de juros no
último trimestre de 2008 e no primeiro
trimestre de 2009
• Com a queda dos preços das ações de várias
empresas, com a perda de suas rentabilidades e
com a ameaça de falência de vários bancos, os que
tinham saldos monetários a emprestar preferiram
aplicar os recursos em títulos do governo norte-
americano.
• Consequentemente, a curva de oferta de moeda se
deslocou para a esquerda, elevando a taxa de juros
e diminuindo a liquidez da economia.

Efeitos da crise financeira sobre a


taxa de juros média da economia
Taxa de juros
O’

O
3%
2%

0 4 7 10 Quantidade de moeda
Há redução da liquidez da economia (diminui a quantidade de moeda)
e aumenta a taxa de juros

18
A reação dos bancos centrais
• A primeira reação dos bancos centrais, em todos os países, foi de
usar os instrumentos convencionais de política monetária para
aumentar a oferta de moeda, entre os quais a redução da taxa
básica de juros e a redução da taxa do depósito compulsório.
• No caso do Brasil, adotou-se, primeiramente, a redução da taxa do
depósito compulsório, inicialmente através da redução dos valores
sujeitos a tal depósito e posteriormente através da redução das
alíquotas de tal depósito.
• A taxa de depósito compulsório, que é de 45% sobre o valor sujeito
ao recolhimento, passou a ser de 42% no período de 01/11/08 a
30/06/09.
• Por reconhecer que a agropecuária pode ter um grande papel para
minimizar os efeitos da crise financeira sobre o PIB brasileiro,
devido a seu alto potencial exportador, o percentual mínimo dos
depósitos a vista a ser emprestado à agropecuária, que é atualmente
de 25%, passará a ser de 30% no período de 01/11/08 a 30/06/09.
• Desde o ano passado está ocorrendo redução da taxa de juros
básica da economia, a taxa Selic.

Os intermediários financeiros
• Os bancos comerciais são intermediários no
repasse de recursos entre os agentes
econômicos.
• Eles tomam recursos dos agentes com
orçamentos superavitários e os repassa aos
agentes com orçamentos deficitários.
• Os bancos cobram um spread entre a taxa
de juros de captação e a taxa de juros de
empréstimo.
• No mercado financeiro, acrescer não é
somar.

19
Taxas de empréstimo e de captação

• Taxa de juros de empréstimo = [(1 + taxa de


juros de captação)⋅(1 + spread)] – 1
• Com taxas em valores decimais
• A taxa de juros apresentada na figura 5 é a
média vigente para toda a economia (média
entre taxas de empréstimos e captação).
• Existem várias taxas de empréstimos e de
captação, diferentes para pessoas físicas e
jurídicas.

Taxa de juros nominal e real


• A eqüivalência entre taxas de juros real
e nominal e a taxa de inflação obtém-se
através da seguinte equação:
• (1+r*)⋅(1+∏) = (1+r)

• onde: r* é a taxa de juros real em


valores decimais, ∏ é a taxa de inflação
em valores decimais e r é a taxa de
juros nominal em valores decimais.

20
Taxa de juros nominal e real

Taxa de juros nominal e real


• Considere o seguinte exemplo: r = 45%
= 0,45 e Π = 100% = 1. Nesse caso,
a taxa de juros real é:

21
• Uma taxa de juros real negativa
significa um subsídio ao tomador de
empréstimo, sendo que ocorre uma
transferência de renda do agente que
concede o crédito ao tomador de
crédito.
• No exemplo acima, observe que o
tomador de empréstimo deveria
devolver, no mínimo, R$ 2,00 para cada
R$ 1,00 tomado de empréstimo
(considerando correção monetária de
100% devido a inflação).

• Porém, o tomador de empréstimo


devolveu apenas R$ 1,45.
• Assim, dos R$ 2,00, apenas R$ 1,45 foi
devolvido, havendo a transferência de
R$ 0,55.
• Portanto, dos R$ 2,00, R$ 0,55 foi
transferido do emprestador para o
tomador de crédito. Isto dá subsídio de
0,55/2 o qual é igual a 27,5%.

22
Exercício 8
• Calcule a taxa de juros real, nas seguintes
situações:
• 8.a) quando a taxa de juros nominal é de
152% e a taxa de inflação é de 10% ao ano;
• 8.b) quando a taxa de juros nominal é de
14,65% e a taxa de inflação é de 10% ao
ano.

4.4 Evolução das taxas de juros no


Brasil
• Desde 1995, com a queda das taxas de
inflação, a tendência tem sido de redução
das taxas de juros nominais (gráfico a
seguir).
• No entanto, as taxas de juros reais ainda
se mantêm positivas.
• O valor da taxa de juros real depende
muito do índice de inflação considerado no
cálculo e se se considera a taxa de
inflação efetiva ou da prevista para o
futuro.

23
Evolução das taxas de juros nominal e real efetiva –
taxa Selic – janeiro de 2005 a março de 2009
5

2
Percentagem

0
1995 01
1995 07
1996 01
1996 07
1997 01
1997 07
1998 01
1998 07
1999 01
1999 07
2000 01
2000 07
2001 01
2001 07
2002 01
2002 07
2003 1
2003 7
2004 01
2004 07
2005 01
2005 07
2006 01
2006 07
2007 1
2007 07
2008.01
2008.07
2009.1
-1

-2

-3

-4

-5
t axa de juros real-IGP
t axa de juros real-FIPE
Mês t axa de juros nominal

Taxas de juros deflacionadas pelo IGP-DI: 2o mandato FHC: 0,59% a.m.; 1o


mandato Lula: 0,92% a.m.; 2o mandato Lula: 0,39% a.m. Usando IPC-FIPE as
taxas, foram, respectivamente, 1,19%, 0,97% e 0,54% a.m.

Exercício 9
• Considere que a taxa de juros básica da
economia (taxa SELIC) seja de 10,25% ao
ano (confirmada em 29/04/09) e a taxa de
inflação esperada para 2008 seja de 4,25%
ao ano (previsão do IPCA). Qual é a taxa de
juros real anual prevista na taxa SELIC?

24
Taxa de juros real básica projetada (% a.a.)
País Taxa ao ano País Taxa ao ano
em 20/04/05 em 29/04/09
Brasil 12,9 China 6,6
Turquia 7,3 Hungria 6,4
África do Sul 5,2 Brasil 5,8
Hungria 5,1 Argentina 4,3
México 4,6 Turquia 1,7
Austrália 3,7 Portugal 1,7
Israel 3,1 Tailândia 1,5
Inglaterra 3,0 Taiwan 1,4
Polônia 2,8 Espanha 1,4
China 2,4 França 0,9
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/04/2005 Fonte: Folha de São Paulo, 30/04/2009

Tipos de instrumentos genéricos

• Os instrumentos de política econômica


genéricos que nos interessam são:
a política fiscal,
a política monetária,
a política cambial,
a política de rendas, e
política comercial

25
4.3. A Política Cambial

• A política cambial refere-se à


determinação da taxa de câmbio.
• A política cambial, de modo
semelhante à política monetária, é
de uso exclusivo do governo
federal e é executada pelo Banco
Central do Brasil.

Conceito de taxa de câmbio


• O conceito de taxa de câmbio utilizado na
economia brasileira é o conceito britânico de
taxa de câmbio (λ) e se refere à quantidade
de unidades monetárias brasileiras (isto é, a
quantidade de reais) trocadas por cada
unidade de moeda estrangeira.
• Assim, dizemos que no Brasil se trocavam
R$ 2,15 por cada unidade de dólar em
dezembro de 2006.

26
Desvalorização e
Valorização do real:
• Situação inicial:
• R$ 2,15 = US$ 1,00

• Desvalorização do real:
• R$ 2,37 = US$ 1,00 (λ↑)

• Valorização do real:
• R$ 1,94 = US$ 1,00 (λ↓)

Exercício 10
• Em fevereiro de 2003 a taxa de câmbio era
R$ 3,50 por US$ 1.00. Em dezembro de
2006 a taxa de câmbio foi de R$ 2,15 por
US$ 1.00. Qual foi a taxa de valorização
cambial nesse período?

27
Efeitos esperados da variação cambial

Efeitos esperados:

QX↑ ⇒ x↑
Desvalorização cambial: λ↑
QM↓ ⇒ m↓

QX↓ ⇒ x↓
Valorização cambial: λ↓
QM↑ ⇒ m↑

Seja:
PER$ = o preço bruto em reais recebido pelo exportador brasileiro.
PEUS$ = o preço bruto em dólar recebido pelo exportador brasileiro.
PMR$ = o preço em reais pago pelo importador brasileiro.
PMUS$ = o preço em dólar pago pelo importador brasileiro.
λ = taxa de câmbio (quantidade de reais trocados por cada unidade de dólar).

Temos:
PE R$ = λ ⋅PEUS$ e

PMR$ = λ ⋅PMUS$

Se PEUS$ e PMUS$ são constantes, tem-se:


λ↑ ⇒ PER$↑ ⇒ Qx↑ ⇒ x↑
λ↑ ⇒ PMR$↑ ⇒ Qm↓ ⇒ m↓

28
Outras variáveis afetando X e M

• Sempre que houver desvalorização


cambial haverá X ↑ e M↓?
• Outras variáveis afetam o desempenho das
exportações e importações, tais como:
1) Preços em dólar dos produtos
2) Busca de novos mercados
3) Contratos de exportação e importação.

Regime cambial atual

• A partir de 13 de janeiro de 1999, o Banco


Central adota o sistema de taxa de câmbio
com flutuação suja, o dirty floating Exchange
rate, no qual o mercado determina a taxa de
juros e o Banco Central entra no mercado
comprando ou vendendo dólar, mas sem pré-
determinar as regras de sua atuaução.

29
Taxa de câmbio com flutuação suja
• O Mercado fixa a taxa de câmbio, com o BACEN
atuando quando julgar necessário.
• O BACEN só atua aumentando a demanda ou a oferta
de divisas.
λ
Oferta de divisas (exportadores e
BACEN)
E
λ0

Demanda de divisas (importadores


e BACEN)
QUS$0 Quantidade de divisas

Que fatores afetam a taxa de câmbio?

Fatores determinantes da taxa de


câmbio
1) Liquidez internacional e grau de confiança no Brasil. Maior liquidez e
maior confiança ⇒ entrada de dólar no Brasil ⇒ λ↓
2) Diferencial entre taxa de juros real no Brasil e no exterior. Maior
diferencial ⇒ entrada de dólar no Brasil ⇒ λ↓
3) Atuação do BACEN. BACEN compra dólar ⇒ λ↑. BACEN vende
dólar ⇒ λ↓
4) O comportamento dos preços de ativos especulativos, como ações.
Valor das ações aumenta, investidores vende dólar e/ou diminui a
compra de dólar ⇒ λ↓. Valor das ações diminui, investidores
compram dólar e/ou diminui a venda de dólar ⇒ λ↑
5) O comportamento das contas do balanço de pagamentos. Se essas
contas melhoram, os investidores vendem dólar e/ou diminuem a
compra de dólar ⇒ λ↓. Se as contas do balanço de pagamento pioram,
os investidores compram dólar e/ou diminuem a venda de dólar ⇒ λ↑
O comportamento e a tendência da taxa de câmbio pode variar de um
dia a outro, e ao longo do dia de acordo como as forças acima
estão atuando.

30
Efeitos da taxa de juros sobre a taxa de
câmbio – período de janeiro de 2003 a
setembro de 2008
λ
OUS$
E
3,50 O’US$

1,59
F
DUS$
D’US$
QUS$
Quantidade de divisas
De janeiro de 2003 até setembro de 2008, o investidor estrangeiro, motivado
pela alta taxa de juros interna, pela confiança na economia brasileira e pela alta
liquidez internacional, trouxe dólares para investir no Brasil. Houve o
deslocamento da curva de oferta de divisas para direita. A curva de demanda
deslocou-se para a esquerda pelo fato do investidor nacional fugir do dólar.

Evolução da taxa de câmbio nominal no Brasil –


julho de 1994 a setembro de 2008

3
R$ por dólar

0
1994 07
1994 11
1995 03
1995 07
1995 11
1996 03
1996 07
1996 11
1997 03
1997 07
1997 11
1998 03
1998 07
1998 11
1999 03
1999 07
1999 11
2000 03
2000 07
2000 11
2001 03
2001 07
2001 11
2002 03
2002 07
2002 11
2003 03
2003 07
2003 11
2004 03
2004 07
2004 11
2005 03
2005 07
2005 11
2006 03
2006 07
2006 11
2007 03
2007 07
2007.11
2008.03
2008.07
2008.11
2009.03

Mês

R$ 3,81/US$ 1,00 em outubro de 2002, R$ 2,15 em dezembro de 2006, R$ 1,59 em


julho de 2008 e R$ 1,80 em setembro de 2008. Mas, devido à crise financeira, a taxa
de câmbio saltou para R$ 2,39 em dezembro de 2008 e R$ 2,31 em março de 2009.

31
Efeitos da crise financeira sobre a taxa de
câmbio
λ
O’’US$
G O’US$
2,39

1,59
F
D’’US$
D’US$
QUS$ Quantidade de divisas

Em setembro e outubro de 2008, devido à crise financeira, o investidor


estrangeiro vendeu suas carteiras de títulos no Brasil, comprou dólar no
mercado doméstico e o enviou ao exterior (deslocamento da curva de
demanda de dólar para a direita). De outro lado, diminuíram a concessão de
novos empréstimos aos exportadores brasileiros (a curva de oferta de dólar
se deslocou para a esquerda). Consequentemente, a taxa de câmbio
aumentou.

Efeitos dos leilões de venda de câmbio do


BACEN

λ
O’’US$
G
2,39 O’’’US$
H
2,15
DUS$

QUS$
Quantidade de divisas

Quando a taxa de câmbio encontra-se em patamar alto, o BACEN pode


fazer leilões de venda de dólar, deslocando a curva de oferta de dólares para
a direita e, consequentemente, reduzindo a taxa de câmbio.

32
Especulações financeiras versus taxa
de câmbio = volalidade
• A taxa de câmbio está, desde o começo da crise financeira,
sujeita a grandes oscilações diárias associadas às expectativas
dos investidores.
• Se há queda dos preços das ações, os investidores migram
para o mercado de câmbio, comprando e fazendo a taxa de
câmbio subir.
• Se as perspectivas são mais favoráveis ao mercado de ações,
os investidores vendem dólar e migram para o mercado de
ações.
• Em momentos de término de contratos de câmbio, os
investidores, dependendo da posição adotada, fazem pressões
no câmbio. Por exemplo, se há fortes investidores em posição
comprada, eles pressionam o mercado de câmbio para
aumentar a taxa.

Evolução diária da taxa de câmbio nominal de 01 de


agosto a 29 de abril de 2009
Taxa de câmbio - R$ / US$ - comercial - venda - média - 01 de agosto de 2008 a 29
de abril de 2009
2,6
2,4
2,2
R$ por dólar

2
1,8
1,6
1,4
1,2
1
01/08/2008

13/08/2008

25/08/2008

04/09/2008

16/09/2008

26/09/2008

08/10/2008

20/10/2008

30/10/2008

11/11/2008

21/11/2008

03/12/2008

15/12/2008

29/12/2008

12/01/2009

22/01/2009

03/02/2009

13/02/2009

27/02/2009

11/03/2009

23/03/2009

02/04/2009

15/04/2009

28/04/2009

dia

Taxa de câmbio (reais por dólar): R$ 1,56 em 01/08, R$ 1,64 em 01/09, R$


1,92 em 01/10, R$ 2,39 em 08/10, R$ 2,43 em 21/11, R$ 2,50 em 05/12, R$
2,19 em 06/01/09, R$ 2,41 em 02/03 e R$ 2,18 em 29/04/09

33
Volatilidade diária da taxa de câmbio

Dia 15/10/2008: aumentou R$ 0,057


Dia 14/10/2008: aumentou R$ 0,056

Dia 16/10/08, o BACEN fez dois leilões Dia 17/10/08: caiu R$ 0,04
de venda, caiu R$ 0,08

Volatilidade diária da taxa de câmbio


Manchete econômica do dia 21/10/08
“BC já injetou US$ 22,7 bi no mercado
e dólar ainda sobe – Apesar da ação do
Banco Central no câmbio, moeda
americana tem alta de 5,62%” (Jornal
Estado de São Paulo de 22/10/08).
Dia 22/10/08 – Manchete da Folha de
São Paulo “Em um dia bastante
Dia 30/04/09 – aumentou R$ 0,01
turbulento, a Bolsa de São Paulo
encerrou o pregão em baixa de 10,18%,
após parar por meia hora. O dólar teve
alta de 6,76% e fechou a R$ 2,38”

22/10/08

aumentou
R$ 0,04

04/05/09 – dólar cai R$ 0,05 e BOVESPA sobe 6,59%

34
Conseqüências da alta volatilidade da taxa de
câmbio na economia brasileira
• A alta volatilidade da taxa de câmbio dificulta a
negociação de produtos cotados em dólar.
• Exercício 11:
Suponha que um comprador tenha adquirido uma
tonelada de celulose a US$ 720 em 08/10/08 pagando
R$ 2,39 por dólar. Em 14/10/08, a mesma tonelada de
celulose foi adquirida a US$ 720, mas a taxa de
câmbio foi de R$ 2,08 por dólar.
11.1) Quanto se pagou em reais em cada um desse dias
pela mesma tonelada de celulose?
11.2) Qual foi a diferença em reais paga nesse período
de 6 dias?

Balanço de pagamentos
Balanço de pagamentos:

É o registro sistemático das transações


econômicas realizadas, durante determinado
período de tempo, entre residentes e não
residentes de um país.

• Permite avaliar o desempenho econômico


do país em relação à economia mundial.

35
Balanço de pagamentos

As contas do balanço de pagamentos


se classificam em dois tipos:

• Transações correntes
• Movimentos de capitais

Balanço de pagamentos
As contas do balanço de pagamentos • Transações correntes
se classificam em dois tipos: • Movimentos de capitais

As transações correntes são aquelas que se


referem à movimentação de mercadorias e
serviços (de fatores e não fatores).
Exemplos: exportações de bens, importações de
bens, fretes, juros, royalties, seguros, ...

36
Balanço de pagamentos
As contas do balanço de pagamentos • Transações correntes
se classificam em dois tipos: • Movimentos de capitais

Os movimentos de capitais são os


deslocamentos entre residentes e não
residentes de moeda, créditos e títulos
representativos de investimentos.

Balanço de pagamentos

Para efeito de lançamento contábil no balanço


de pagamentos, suas contas são classificadas
em:
• Conta operacional
• Conta de caixa

37
Balanço de pagamentos
Para efeito de lançamento contábil no • Conta operacional
balanço de pagamentos, suas contas
• Conta de caixa
são classificadas em:

As contas operacionais correspondem aos fatos


geradores de recebimento ou de pagamento de
recursos ao exterior.
• Se implicarem entrada de divisas, lança-se como crédito (+)
• Se implicarem saída de divisas, lança-se à débito (–)

Balanço de pagamentos
Para efeito de lançamento contábil no • Conta operacional
balanço de pagamentos, suas contas
• Conta de caixa
são classificadas em:

As contas de caixa registram o movimento dos


meios de pagamento internacionais à disposição
do país.
• Se implicarem diminuição, lança-se como crédito (+)
• Se implicarem aumento, lança-se à débito (–)

38
Estrutura do balanço de pagamentos
I) Balança Comercial
exportações (FOB) (+ crédito)
importações (FOB) (– débito)

II) Balanço de Serviços


viagens internacionais (recebimento: + , crédito)
transportes (pagamento: – , débito)
seguros Transações Correntes
serviços governamentais
serviços diversos
Salários e ordenados recebimento: +
III) Balanço de
lucros e dividendos
rendas pagamento: –
juros
(recebimento: + , crédito)
IV) Transferências Unil.
(pagamento: – , débito)
(Donativos)
V) Saldo do Balanço de Pagamentos
em Transações Correntes (= I + II + III + IV)

Estrutura do balanço de pagamentos


I) Balança Comercial VI) Conta capital e financeira
exportações FOB (+ crédito) Conta capital
importações FOB (– débito) Conta financeira:
investimentos diretos
II) Balanço de Serviços
investimento em carteira
viagens internacionais
financiamentos
transportes (receb. + crédito) (receb. + crédito)
(pagam. – débito) empréstimos
seguros (pagam. – débito)
amortizações
serviços governamentais
moedas e depósitos
serviços diversos
outros capitais
Salários e ordenados
III) Balanço de lucros e dividendos VII) Erros e Omissões
rendas juros
VIII) Saldo Total do Balanço de
(recebimento + crédito)
IV) Donativos Pagamentos (= V + VI +
(pagamento – débito)
VII)
V) Saldo do Balanço de Pagamentos IX) Variações das reservas
em Transações Corrente (= I + II +
internacionais (= –VIII)
+ III + IV)

39
Balanço de pagamentos do Brasil, 2004 a 2007 (em
milhões de dólares)
2004 2005 2006 2007 2008
Balança comercial 33.640 44.758 46.086 40.028 24.745
Exportações 96.474 118.309 137.470 160.649 197.942
Importações 62.835 73.551 91.384 120.621 173.197
Balanço de Serviços -4.496 -8.094 -9.477 -12.770 -16.127
Balanço de Rendas -20.702 -26.182 -27.666 -29.740 -41.107
Transf. Unilaterais 3.268 3.558 4.306 4.029 4.188
Saldo em Trans. Cor. 11.711 13.985 13.621 1.551 -28.300
Capital e Financeira -7.330 -9.464 15.982 89.086 32.986
Erros e Omissões -2.137 -202 966 -3.153 -1.717
Saldo Total do BP 2.244 4.319 30.569 87.484 2.969

Pontos a monitorar: balança comercial, balanço de


rendas e transações correntes
Evolução das exportações, importações e da balança comercial
brasileira - valores por mês
25000 6000
5000
Balança comercial em

20000
4000
milhões de dólar
importações em

milhões de US$
Exportações e

15000 3000
2000
10000 1000
0
5000
-1000
0 -2000
1999.01
1999.07

2000.01
2000.07
2001.01
2001.07

2002.01
2002.07
2003.01
2003.07
2004.01
2004.07
2005.01
2005.07
2006.01
2006.07
2007.01
2007.07
2008.01
2008.07
2009.01

mês

exportações importações balança comercial

40
Evolução da dívida externa e das reservas externas
brasileiras
Dívida externa Reservas
internacionais
31/12/2000 216.920 33.011
31/12/2001 209.934 35.866
31/12/2002 210.711 37.823
31/12/2003 214.930 49.296
31/12/2004 201.374 52.935
31/12/2005 169.450 53.799
31/12/2006 168.868 85.839
31/12/2007 197.696 180.334
31/12/2008 200.193 206.806

41
Tipos de instrumentos genéricos
• Os instrumentos de política
econômica genéricos que nos
interessam são:
a política fiscal,
a política monetária,
a política cambial,
a política de rendas, e
política comercial

3.4 Política de Rendas

• A política de rendas constitui-se em


uma série de regulamentações que
restringem o uso dos fatores de
produção e/ou determina valores
mínimos ou máximos para pagamento
pelo uso desses fatores ou por produtos
elaborados em uma economia.

1
Exemplos de políticas de renda
• São exemplos de políticas de renda:
 legislação trabalhista, definindo regras de uso da
força de trabalho e sua remuneração;
 Políticas ambientais: baseiam-se em normas que
restringem o uso de fatores de produção ou o modo
de combiná-los, de forma a minimizar os impactos
negativos dos processos de produção e de seus
produtos sobre o meio ambiente.
 política de zoneamento de uso da terra, definindo
que porção do espaço físico pode ser utilizada e
como; e,
 políticas de determinação de correções de preços
(como planos de congelamento de preços).

Legislação trabalhista
• A legislação trabalhista estabelece
limites máximos para a jornada de
trabalho (44 horas por semana), salário
mínimo para o trabalhador e encargos
sobre o salário a serem pagos pelo
empregador.
• O salário mínimo é fixado em lei. Foi
proposto pela CLT em 1942, mas seu
valor real varia ao longo do tempo.

2
Encargos trabalhistas

• Fundo de Garantia por Tempo de Serviço


• PIS sobre a folha de pagamento
• Pagamento ao Instituto Nacional de Seguro Social
• Férias e 1/3 de abono de férias por ano.
• 13o salário.
• SAT, Sistema S, salário educação e INCRA.
• Correspondem a acréscimos entre 47,94% e
59,64% em relação ao salário pago.
• Para cada R$ 100 de salário, o empregador tem
folha de pagamento de R$ 147,94 ou R$ 159,64

Encargos trabalhistas
• Há encargos trabalhistas também na
demissão de um trabalhador.
• Paga-se: aviso prévio, multa do saldo
do FGTS, férias e 13o salário a vencer e
os encargos legais sobre as férias e 13o
salário a vencer.

3
Exercício 12
Suponha que uma empresa precise de serviços
de portaria e limpeza e se depara com duas
situações: contratar funcionários próprios ou
terceirizar os serviços. Os salários para esses
profissionais totalizam R$ 1.000,00 por mês.
No mercado, existem empresas de
terceirização oferecendo esses serviços por
preços entre R$ 1.300,00 e R$ 1.500,00 por
mês. Qual é a melhor opção para a empresa?

Política Ambiental
Código Florestal Lei do Gerenciamento
Costeiro

Lei da Fauna Silvestre Lei da Exploração


Mineral

Lei da Política Nacional Lei de Recursos Hídricos


do Meio Ambiente

4
Política de Zoneamento do uso da terra
• O Governo Federal, ao definir o uso da
vegetação nativa em um imóvel rural,
define o uso da terra. Há três áreas
definidas em lei:
• 1) áreas de preservação permanente (a
serem preservadas)
• 2) reserva legal (pode ser explorada, mas
não pode ser destruída)
• 3) áreas livres para uso

Políticas de congelamento de
preços e salários
• Cinco planos que congelaram, por lei,
preços, salários e câmbio. Eles tiveram
resultados e duração distintos. Eles foram:
• Plano Cruzado (fevereiro de 1986)
• Plano Bresser (junho de 1987)
• Plano Verão (janeiro de 1989)
• Plano Collor I (março de 1990)
• Plano Collor II (fevereiro de 1991)

5
Tipos de instrumentos genéricos

• Os instrumentos de política
econômica genéricos que nos
interessam são:
a política fiscal,
a política monetária,
a política cambial,
a política de rendas, e
política comercial

3.5 - Política Comercial


• Política comercial é um conjunto de medidas e
estratégias, públicas ou privadas, que afetam as
transações comerciais de um país e que alteram
o processo de integração econômica do país com
o resto do mundo.
• Os instrumentos públicos de política comercial
são combinações das políticas fiscal, monetária,
cambial e de rendas.
• Há que se destacar que alguns instrumentos da
Política Comercial são operados pela iniciativa
privada.

6
Política Comercial
• Um dos objetivos da Política Comercial é
melhorar o saldo da Balança Comercial
(que é a diferença entre as exportações
e as importações de mercadorias).
• Os instrumentos de Política Comercial
podem se divididos em:
1) instrumentos de estímulo às
exportações;
2) instrumentos de restrições às
importações.

Instrumentos de estímulo às
exportações

• Os principais instrumentos de
estímulos às exportações são:
1) subsídios às exportações;
2) acordos bilaterais de comércio;
3) área de intercâmbio comercial;
4) atividades de promoção comercial:
feiras, exposições, câmaras comerciais
e viagens de negócios.

7
Subsídios às exportações
• São pagamentos diretos ou indiretos feitos
pelo governo para encorajar as
exportações.
• Podem ser feito através de reembolsos,
redução de impostos ou concessão de
crédito subsidiado.
• Tratam-se de combinações das políticas
fiscal (redução de impostos e reembolsos)
e monetária (crédito subsidiado).

Acordos bilaterais
• São acordos entre duas economias,
normalmente uma grande e outra
pequena, onde a economia grande dá
quotas de importação ou alíquotas de
importação preferenciais ao país pequeno.
• Combina-se política fiscal (alíquota de
importação) com política de rendas (quota
de importação).

8
Área de Intercâmbio Comercial

• É a situação na qual um conjunto de países


diminui as barreiras tarifárias e não tarifárias
para o comércio entre eles, mas mantendo-
as para o comércio com países não membros
do acordo.
• Combinam-se política fiscal (alíquotas de
importação) com política de rendas (barreiras
não tarifárias, referindo-se à maneira pela
qual os produtos são elaborados).

Área de Intercâmbio Comercial

• Esses acordos podem se estabelecer


sob as formas de:
1) zona de livre comércio (como o
Mercosul)
2) mercado comum, com ampla
integração dos mercados de produtos e
fatores (como a União Européia)

9
Atividades de promoção comercial

• As principais atividades são: feiras,


exposições, câmaras comerciais e
viagens de negócios.
• Elas são realizadas conjuntamente pelo
setor público e pelo setor privado,
visando divulgação dos produtos
nacionais e procura de parceiros no
comércio internacional.

Políticas de restrições às importações

• As principais políticas de restrições às


importações são:
1) restrições quantitativas às
importações,
2) impostos de importação,
3) controles cambiais.

10
Restrições quantitativas às
importações
• Trata-se de uma política de rendas que
consiste em limitar, em volume e/ou valor, as
importações.
• Pode ser feita através de quotas de
importações, proibição de importações (caso
de barreiras não tarifárias) e/ou monopólio
estatal nas importações. Esse último, pode
regular o montante importado de acordo com
as necessidades de equilíbrio do saldo da
Balança Comercial.

Impostos de importação
• É uma mudança da política fiscal onde se
estabelecem impostos específicos
(chamados de tarifas) sobre os produtos
importados.
• Essa política pode ser implementada sob a
forma de imposto específico (em valor
nominal), ad valorem (em percentagem sobre
o valor do produto) ou mista (uma parte do
imposto é fixa e a outra é proporcional ao
preço do produto).

11
Controles cambiais
• Consiste em modificações da política
cambial de modo a:
1) dificultar a compra de dólares necessários
à importação de certos produtos;
2) haver cobrança de taxas de câmbio
maiores na venda de dólares necessários
à importação de certos produtos.

Controles cambiais
• Os controles cambiais podem ser
estabelecidos através:
1) depósito prévio para compra de cambiais,
onde o importador paga à vista por
cambiais a receber no futuro;
2) esquemas burocráticos que atrasam a
compra de divisas;
3) vigência de múltiplas taxas de câmbio na
economia.

12
Exercício 13
• Se houver uma redução drástica do saldo
comercial do Brasil, quais devem ser as
medidas de política comercial a serem
adotadas?

Conteúdo
• 1 – Conceitos chaves da macroeconomia,
definição e importância da agropecuária e
do agronegócio na economia brasileira.
• 2 – O papel da agropecuária no processo
de desenvolvimento econômico.
• 3 – políticas macroeconômicas no Brasil
e seus objetivos.
• 4 – Políticas agrícolas no Brasil
(bibliografia: Bacha, 2004, capítulo 3).

13
4 – Políticas agrícolas no Brasil

• Os instrumentos genéricos de
política econômica podem ser
modificados ou combinados de
modo a gerar novos instrumentos
de estímulo ou regulação
específica para a agropecuária.

• Os instrumentos de política econômica


específicos para a agropecuária são:
 a política de crédito rural,
 a política de preços mínimos,
 a política de seguro agrícola,
 a política de pesquisa e extensão
agropecuária,
 políticas específicas para certos produtos
(caso do café, cana-de-açúcar e trigo) e
insumos, e
 a política de regulamentação do uso de
recursos florestais.

14
4.1 - POLÍTICA DE CRÉDITO RURAL

Trata-se de um mecanismo de
concessão de crédito à
agropecuária a taxas de juros e
condições de pagamento diferentes
das vigentes no mercado livre (e
determinadas pela política
monetária).

ORIGEM DO CRÉDITO RURAL


• O Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR)
foi criado em 1965, através da Lei no 4.829.
• Antes desse ano, a concessão de crédito
rural já era feita pelo Banco do Brasil. Essa
instituição criou, em 1935, a Carteira de
Crédito Agrícola e Industrial (CREAI), que
começou a operar em 1937.
• Contudo, foi a partir da segunda metade da
década de 60 que o volume de crédito rural
ampliou-se significativamente.

15
TIPOS DE CRÉDITO RURAL

• Temos, basicamente, três tipos de crédito


rural, a saber: crédito de custeio, crédito de
investimento e crédito de comercialização.
 O crédito de custeio se destina a fornecer
capital de giro para as atividades agrícolas.
 O crédito de investimento refere-se aos
recursos para financiar a construção de
instalações e compra de equipamentos.
O crédito de comercialização está
relacionado à política de preços mínimos.

FONTES DE RECURSOS PARA


CONCEDER O CRÉDITO RURAL

• Existem duas fontes básicas de recursos


para fornecimento de crédito rural: as
fontes com baixos custos de captação e as
fontes com custos financeiros normais na
captação.
• Fontes com baixo custo de captação:
emissão de base monetária, depósitos a vista
e transferência do tesouro.
• Fontes com custo normal de captação:
poupança rural, FAT, recursos externos.

16
CRITÉRIO PARA FIXAÇÃO DA
TAXA DE JUROS NOMINAL
• Na experiência brasileira de crédito rural, tem-se
presenciado dois tipos de critérios para fixação da
taxa de juros nominal: taxa de juros pré-fixada e
taxa de juros pós-fixada.
• A taxa de juros pré-fixada é aquela determinada no
momento do empréstimo.
• A taxa pós-fixada contém um componente a título de
atualização monetária e outro a título de juros reais.
• Taxa de juros de empréstimo = {[(1 + A.M.) (1+r*)] -1 }100,
sendo A.M. a atualização monetária, que pode ser
medida pela TJLP, pelo IGP-DI ou pela TR.

O MONTANTE DE CRÉDITO RURAL


DISTRIBUÍDO NO BRASIL E O SUBSÍDIO DO
MESMO

• O volume de crédito rural concedido


expandiu-se significativamente a partir
da segunda metade da década de 60.
• A década de 70 presenciou uma grande
expansão do volume de crédito rural,
que se reduziu significativamente no
início da década de 80, retomando
valores crescentes em 1985 e 1986.

17
• A partir de 1987 o volume de crédito rural
decresceu até o início da década de 90,
estabilizando-se, até 1994, em valores
próximos aos vigentes no início da década de
70.
• Em 1995 e 1996, ocorreu nova forte redução
no volume concedido de crédito rural, com
recuperação parcial de 1997 a 2008.
• Essa recuperação do volume deflacionado do
crédito rural tem sido acompanhada com
taxas de juros reais positivas.

Gráfico 1 - Evolução do valor e da taxa de juros real do crédito rural -


1970 a 2006

160.000 40
crédito (milhões de reais

taxa de juros (% ao ano)


de dezembro de 2006)

140.000 30
120.000 20
100.000 10
80.000 0
60.000 -10
40.000 -20
20.000 -30
0 -40
1970

1973

1976

1979

1982

1985

1988

1991

1994

1997

2000

2003

2006

ano volume
Fonte: BACEN e Bacha et al (2005).
taxa de juros real

18
Fontes de recursos do crédito
rural
• Durante a década de 70, a maior parte
dos recursos do crédito rural era
oriunda de fontes com baixos custos de
captação.
• Isto permitia a concessão de
empréstimos a taxa de juros nominal
inferior à taxa de inflação, implicando
taxa de juros real negativa. Esta última
implica transferência de renda a favor
do setor agropecuário.

Distribuição do crédito rural

• Nas décadas de 1970 e 1980, o crédito rural


beneficiou, principalmente, as culturas de
exportação, as regiões Sul e Sudeste e os
médios e grandes produtores.
• Esses fatos se interligam. Como a prioridade do
Governo Federal era incentivar atividades
exportadoras, as culturas de exportação foram as
mais favorecidas.
• Essas culturas, por sua vez, eram conduzidas
por médios e grandes produtores e localizadas
nas regiões Sul e Sudeste.

19
As fontes privadas de provisão
do crédito rural
• Desde a segunda metade da década de 1980
tem havido redução dos recursos de baixo
custo de captação e aumento dos recursos
de maior custo de captação no financiamento
da agropecuária.
• Recursos de baixo custo de captação:
recursos do Tesouro Nacional, exigibilidade
sobre os depósitos a vista e emissão de base
monetária.

Instrumentos privados de financiamento do agronegócio

Título Data de criação


Contrato Soja Verde Década de 1980
Cédula de Produto Rural-Física Agosto de 1994
Cédula de Produto Rural - Financeira Janeiro de 2000
Certificado de Depósito Agropecuário (CDA) Dezembro de 2004
Warrant Agropecuário (WA) Dezembro de 2004
Certificado de Direitos Creditórios do Dezembro de 2004
Agronegócio (CDCA)
Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) Dezembro de 2004

Certificado de Recebíveis do Agronegócio Dezembro de 2004


(CRA)

20
Contrato Soja Verde
• Documento que registra a venda a termo de
soja feita pelos produtores à agroindústria e
exportadores.
• A agroindústria e exportadores adiantam
recursos aos sojicultores e recebem, no
futuro, em produto.
• Trata-se de instrumento muito tradicional na
agropecuária brasileira, já feito no século XIX
entre exportadores e produtores de café.

CPR - Física
• É uma versão oficial das vendas a termo.
• O produtor rural recebe, a vista, da
agroindústria, exportador ou investidor um
montante financeiro e entregará, no futuro,
uma quantidade determinada do produto.
• O sistema bancário serve como avalista da
operação, sendo que o valor do aval é
descontado do valor recebido pelo produtor.

21
CPR - Financeira
• Segue o esquema da CPR-Física. No entanto, o
comprador da CPR não receberá o produto, mas
sim o valor equivalente ao produto.
• A CPR-Financeira pode ter o seu valor corrigido
pelo preço do produto ou por outro índice (de
inflação, por exemplo) acertado entre as partes.
• A CPR-Financeira funciona como uma nota
promissória e tem a vantagem do comprador não
precisar receber o produto e arcar com os custos
financeiros, tributários e de estocagem do mesmo.
• A CPR-Financeira permitiu que os bancos
passassem a ser compradores de CPR e não
apenas os seus avalistas.

CDA
• Certificado de Depósito Agropecuário
• Produtor rural emite um CDA conforme
produto depositado em armazém.
• O CDA é prova de que o produto existe
e permite a emissão de CPR-Física e
de WA.
• É possível a venda do CDA.

22
WA
• Warrant Agropecuário.
• O proprietário do CDA emite WA para
alavancar recursos financeiros.
• O WA só pode ser emitido com base no
CDA. Assim, o valor do WA será menor do
que o do CDA.
• O CDA e WA podem ser vendidos em
conjunto ou separado.

1. Produtor deposita
Fluxo Operacional da CDA-WA mercadoria num armazém;

2. Armazenador
emite CDA-WA;
ARMAZÉM
3. Produtor registra,
através de um banco,
2 o CDA-WA em uma
Deposita
EMISSÃO entidade de registro e
produto
1 DO CDA-WA liquidação de títulos, que
passará a acompanhar
eletronicamente
as operações que
envolverem os títulos;
PRODUTOR
4. O produtor tem
várias alternativas de
3
negociação com os títulos.
Alguns exemplos:
SISTEMA DE REGISTROS 5. Vende CDA-WA
E LIQUIDAÇÃO FINANCEIRA - Equivale a vender
a mercadoria;

4 6. Vende o WA, para obter


um empréstimo bancário
5 6 7 e fica com o CDA;
VENDE WA VENDE WA
VENDE CDA-WA
E FICA COM CDA E DEPOIS CDA 7. Vende o WA, paga a
operação de empréstimo
e, posteriormente,
vende o CDA.
Fonte: Plano Agrícola e Pecuário 2007/2008, p. 38.

23
CDCA, LCA e CRA
• Funcionam como derivativos, pois são títulos
emitidos com base em carteira de outros
títulos, que são os DCA (direitos creditórios
do agronegócio composto de CPR, notas
promissórias rurais, duplicatas rurais, CDA,
WA e demais contratos).
• Emissores:
• CDCA ⇒ cooperativas, agroindústrias,
beneficiadores e indústrias de equipamentos.
• LCA ⇒ instituições financeiras
• CRA ⇒ companhias securitizadoras

Fluxo Operacional da CDCA

PRODUTOR/
1. Produtor ou cooperativa deseja financiar a compra
COOPERATIVA de insumos agrícolas com lastro em recebível em uma
viabilização
revenda ou algum agente não financeiro que se disponha
de novos a financiar gastos de custeio (empresa supridora de
6 emite
1 2
entrega
empréstimos CPR insumos insumos, empresa demandante da produção, etc.). Emite
uma CPR, por exemplo)

2. A empresa financiadora aprova a operação, libera


EMPRESA/ Os insumos. Fica com a CPR, por exemplo;
COOPERATIVA
3. No passado, a empresa fiinanciadora da operação
só tinha a possibilidade de manter as CPR’s na tesouraria
até o vencimento, quando o produtor pagaria sua dívida.
Agora, a empresa financiadora pode reunir lotes de CPR’s
3 e emitir CDCA com lastro nesses recebíveis;
Lastro Recebível
4. Vende o CDCA no mercado de capitais;

5. Um investidor, interessado nas condições do CDCA,


compra o título.

6. Com a receita da venda do CDCA, a cooperativa (ou


EMISSÃO DE CDCA empresa financiadora) obtém novos recursos para realizar
novas vendas financiadas.

vende paga
4 5 Na data do vencimento, o produtor paga sua dívida
e resgata o recebível de sua emissão. No vencimento
do CDCA, a empresa financiadora faz o pagamento
INVESTIDOR ao investidor, resgatando o CDCA por ela emitido.
O investidor se expõe ao risco da empresa emissora
do CDCA.
Fonte: Plano Agrícola e Pecuária 2007/2008, p. 40

24
Fluxo Operacional da LCA

PRODUTOR 1. Produtor demanda financiamento bancário,


objetivando custear sua atividade. Emite um
recebível para garantir a operação (Cédula
compra
de Crédito Rural – CCR, por exemplo);
emite 1 2
CCR CCR
2. Após assinatura do recebível, o banco
libera o financiamento ao produtor
(com base nos recursos livres);
BANCO
3. No passado, o banco mantinha os recebíveis na
tesouraria, aguardando o vencimento. Só então
teria o retorno do capital imobilizado na operação.
3 Agora o banco pode reunir um lote de recebíveis;
Lastro Recebível
4. O banco vende a LCA no mercado financeiro.

5 paga
5. Um investidor, interessado nas
condições do título, compra a LCA;
EMISSÃO DE LCA
Com a receita da venda da LCA, o banco obtém
vende 4 novos recursos para aumentar sua capacidade de
financiamento para a agricultura; No vencimento
do recebível, o produtor paga sua dívida com o
banco, resgatando o título por ele emitido.
No vencimento da LCA, o banco paga ao
INVESTIDOR investidor, finalizando a operação. O investidor
se expõe ao risco do banco emissor da LCA.

Fonte: Plano Agrícola e Pecuário 2007/2008, p. 39

Fluxo Operacional da CRA

PRODUTOR/ 6 1. Produtores, cooperativas e empresas


COOPERATIVA do agronegócio compram insumos em operações
financiadas, lastreadas e recebíveis;

1 2 2. A empresa/cooperativa fornecedora dos insumos


entrega a mercadoria e acumula recebíveis. Estes
permanecem na tesouraria a espera do vencimento,
imobilizando parte do capital de giro;
EMPRESA DO
AGRONEGÓCIO/ 3.Uma empresa de securitização, organizada sob
a forma de uma Sociedade de Propósito Específico (SPE),
COOPERATIVA faz a ponte entre a empresa detentora dos recebíveis
e o investidor. Estrutura a operação entre as partes;

3
4. A securitizadora compra os recebíveis
com desconto e emite um CRA;

5. Vende o CRA, lastreado nos recebíveis, ao investidor;


SECURITIZADORA 3
6. No vencimento, o investidor receberá o
pagamento dos recebíveis diretamente de seus
emissores. Portanto, é quem se expõe ao risco
4 dos produtores rurais ou cooperativas.

EMISSÃO DE CRA 5 INVESTIDOR

Fonte: Plano Agrícola e Pecuária 2007/2008, p. 41

25
Taxa de juros versus taxa de desconto
• Os títulos privados (CPR, WA, CDCA, LCA e
CRA) são negociados a taxa de descontos, que
devem ser convertidas em taxas de juros.
• Taxa de juros = [(VF−VI)/VI]*100, VF valor final e
VI valor inicial da operação.
• Taxa de desconto = [(VF−VI)/VF]*100
• Por exemplo: VF = 100 e VI = 80, implicam taxa
de desconto de 20% e taxa de juros de 25%.
• Os títulos privados (CPR, LCA e CDA) estão
sendo negociados a taxas de juros mais
elevadas do que o crédito controlado e o crédito
livre.

Taxas de juros dos títulos privados


Tabela 2 – taxas de juros praticadas por algumas fontes de financiamento da agropecuária e do agronegócio (percentagem
ao ano)
Mês Crédito oficial CPR Financeira LCA CDA Crédito
custeioA InvestimentoB 180 dias 270 dias 360 dias Livre
Julho/04 8 a 9,5 7,25 a 12,75 23,53 25,26 26,99 - - 20,23
Agosto/04 8 a 9,5 7,25 a 12,75 23,53 25,26 26,99 - - 20,31
Setembro/04 8 a 9,5 7,25 a 12,75 23,54 23,94 24,39 - - 19,91
Outubro/04 8 a 9,5 7,25 a 12,75 23,41 23,58 23,84 - - 17,29
Novembro/04 8 a 9,5 7,25 a 12,75 24,10 24,15 24,33 - - 17,87
Dezembro/04 8 a 9,5 7,25 a 12,75 24,33 24,23 24,25 - - 19,61
Janeiro/05 8 a 9,5 7,25 a 12,75 24,62 24,44 24,23 - - 19,28
Fevereiro/05 8 a 9,5 7,25 a 12,75 25,54 25,42 25,28 19,12 - 18,26
Março/05 8 a 9,5 7,25 a 12,75 25,26 25,04 24,90 19,66 - 21,14
Abril/05 8 a 9,5 7,25 a 12,75 26,72 26,62 26,55 19,94 - 19,50
Maio/05 8 a 9,5 7,25 a 12,75 27,03 26,91 26,71 20,06 26,39 21,42
Junho/05 8 a 9,5 7,25 a 12,75 26,99 26,67 26,27 19,75 - 22,21
Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (taxas para o crédito oficial de custeio e investimento),
Banco do Brasil (CPR, LCA e a taxa de uso livre da poupança refletindo o primeiro dia útil de cada mês) e Armazéns
Gerais Columbia S.A. (CDA).
Nota: A as taxas de crédito de custeio foram de 8%, 8,75% e 9,5% a.a. segundo o programa. B as taxas para
financiamento de projetos de investimento foram de 7,25%, 8,75%, 9,75% ou 12,75% de acordo com o programa e
montante de crédito utilizado.

26
Tabela 1 – Comparativo entre os
volume de operações registradas com os
novos títulos de financiamento da
agropecuária e o total de crédito rural –
Ano de 2007
NOVOS TÍTULOS 1 VOLUME
Gráfico 1 - Evolução do número e do valor real das CPR
(R$
negociadas via Banco do Brasil
Milhões)
70.000 7.000.000
CDCA (a)

R$ m il de dezem bro
1.550 60.000 6.000.000
50.000 5.000.000

quantidade
LCA (b) 746

de 2008
40.000 4.000.000
30.000 3.000.000
CDA-WA (c) 4.460 20.000 2.000.000
CPR (física e financeira) (d) 10.000 1.000.000
1.076
0 0

1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
TOTAL (e = a+b+c+d) 7.832
TOTAL DE RECURSOS ALOCADOS ano
51.200
EM CRÉDITO RURAL 2 (f) quantidade
Fonte: Banco do Brasil, 2009
valor real
CDA-WA + CPR s/total Crédito Rural % [(c+d)/f] : 10,8 %

Fontes: 1. MAPA (2007) e ANDIMA


(2008); e 2. BANCO CENTRAL DO
BRASIL (2008).
Obs.: O período de referência do
registro dos novos títulos compreende
jun/06 a mai/07, exceto para CPR,
que engloba todo o ano de
2007.

Exercício 14
• Suponha que um produtor rural venda uma CPR-
física de café correspondente a 100 sacas para
entrega daqui a um mês e que o preço previsto no
mercado é de R$ 250,00 por saca daqui a um mês.
No entanto, o produtor recebe agora R$ 22.000,00.
14.1) Qual é a taxa de desconto dessa operação?
14.2) Qual é a taxa de juros dessa operação?

27
4.2 - POLÍTICA DE PREÇOS MÍNIMOS

Trata-se de um mecanismo
específico de política de rendas
para a agropecuária, onde se
garante no ato do plantio um preço
mínimo para o produto a ser
colhido no futuro.

ORIGEM DA POLÍTICA DE PREÇOS


MÍNIMOS
• Em 1943 foi criada a Comissão de
Financiamento da Produção (CFP),
transformada atualmente na Companhia
Nacional de Abastecimento (Conab).
• Junto com a CFP foi instituída a Política de
Preços Mínimos.
• Os primeiros preços mínimos foram fixados
em 1945, referentes às culturas de arroz,
feijão, milho, amendoim, soja e semente de
girassol a serem colhidas em 1946.

28
AMPLITUDE
DA POLÍTICA DE PREÇOS MÍNIMOS

• No início da década de 90, a Política de


Garantia de Preços Mínimos (PGPM)
abrangia 42 produtos, estando
excluídos o café e a cana-de-açúcar
(sujeitos a política específica).
• Na safra 2001/02, a PGPM abrangeu
34 produtos e 16 tipos de sementes.

SISTEMÁTICA DA POLÍTICA DE
PREÇOS MÍNIMOS

• Os produtos da agropecuária estão


sujeitos a uma sazonalidade de
preços devido aos ciclos biológicos
de produção, que podem ser anuais
ou plurianuais.
• Os ciclos anuais se caracterizam pela
alternância de período de safra com
o período de entresafra.

29
safra

• Além disso, como há um grande


número de produtores, não se
consegue planejar a produção global de
uma cultura.
• Por exemplo, se o preço atual de um
produto está em nível bom, há aumento
da área plantada daquele produto,
aumentando a produção na próxima
safra. Com isto, o preço do produto
cairá na próxima safra.
• Pt↑ ⇒ APt↑ ⇒ PRODt+1↑ ⇒ Pt+1↓

30
• Se o preço atual de um produto está em
nível baixo, há diminuição da área
plantada daquele produto, diminuindo a
produção na próxima safra. Com isto, o
preço do produto aumentará na próxima
safra.
• Pt+1 ↓ ⇒ APt+1 ↓ ⇒ PRODt+2 ↓ ⇒ Pt+2↑

Em termos esquemático, tem-se:

Pt ↑ ⇒ APt ↑ ⇒ PRODt+1 ↑ ⇒ Pt+1 ↓ ⇒ APt+1 ↓ ⇒ PRODt+2 ↓ ⇒ Pt+2 ↑ ⇒

⇒ APt+2 ↑⇒ PRODt +3 ↑ ⇒ Pt+3 ↓ ⇒ APt+3 ↓ ⇒ PRODt+4 ↓ ⇒ Pt+4 ↑ ...

31
Preço Produção
Preço

Produção

t t+1 t+2 t+3 anos

Figura 15 - Ciclos plurianuais de preços versus produção

PGPM
• Visando diminuir as flutuações da renda
da agricultura (advindas da
instabilidade de preços), ao longo de
um ano-safra e ao longo dos anos-
safras, foi criada a Política de Garantia
de Preços Mínimos.

32
• A idéia é fixar antes do plantio um preço
mínimo para cada produto, sendo que o
Governo Federal se compromete a
adquirir o produto, na época da
colheita, a este preço mínimo se o
preço de mercado ficar abaixo do preço
mínimo.
• Essa é a versão AGF (Aquisição do
Governo Federal) da Política de
Garantia de Preços Mínimos.

• Para evitar do Governo Federal formar


altos estoques, há a versão EGF
(Empréstimo do Governo Federal).
• Nesse caso, o Governo Federal, na
época da safra, viabiliza empréstimos
aos produtores rurais para eles
estocarem os produtos e vendê-los na
época da entre-safra.

33
• Há duas modalidades de EGF: com
opção de venda e sem opção de venda
ao Governo Federal.
• O EGF/SOV é o Empréstimo do
Governo Federal sem opção de venda
ao Governo Federal.
• Nesse caso, vencido o empréstimo o
produtor deve pagá-lo ao agente
financeiro, não podendo vender o
produto ao Governo Federal ao preço
mínimo vigente.

• No caso do EGF/COV (Empréstimo


do Governo Federal com opção de
venda ao Governo Federal),
vencido o empréstimo, o produtor
pode vender o produto ao Governo
Federal ao preço mínimo vigente,
se o preço de mercado for inferior
ao preço mínimo.

34
METODOLOGIA DE CÁLCULO DO
PREÇO MÍNIMO
• Em uma economia com poucas transações com
o exterior, o preço mínimo pode ser calculado
como sendo igual ao custo unitário variável.
• Isto é, considera-se apenas as despesas
variáveis (mão-de-obra, sementes, adubos,
defensivos, sacarias, por exemplo) e não as
despesas fixas (custo de uso da terra, por
exemplo).
• A idéia é que cobrindo o custo variável unitário
(CVMe), o produtor ainda continua na atividade
econômica.

Preços mínimos em uma


economia globalizada
• Já em uma economia com mais
transações com o exterior, o preço
mínimo pode ser calculado como sendo
o menor valor entre o preço de
internalização do produto externo (ou
seja, o preço internacional acrescido de
despesas de transporte e convertido em
reais) e o CVMe.

35
PREÇO MÍNIMO EM UMA ECONOMIA
INFLACIONÁRIA

• Como fixar preços mínimos em


uma economia com taxas de
inflação imprevisíveis?
• Exemplos.

CRITÉRIO PARA VENDA DE


ESTOQUES
• O Governo Federal adquire estoques de produtos
para, no momento oportuno, vendê-los no mercado.
• Teoricamente, o Governo Federal deve fixar dois
preços: um preço mínimo e um preço de intervenção
(de venda) para cada produto.
• Se o preço de mercado estiver abaixo do preço
mínimo, o Governo Federal adquire o produto dos
produtores.
• O preço de intervenção é o máximo preço que o
Governo aceita para vigorar no mercado. Se o preço
de mercado estiver acima do preço de intervenção, o
Governo Federal leiloa seus estoques

36
RECURSOS NECESSÁRIOS À
EXECUÇÃO DA PGPM
• O AGF e o EGF implicam custos para o Tesouro
Nacional, mas não para os produtores.
• Havendo recursos públicos, o AGF e EGF são
realizados. Não havendo esses recursos, esses
instrumentos deixam de ser operantes.
• A crise fiscal da segunda metade da década de
90 levou à redução da efetividade do AGF e EGF
e à criação de novos instrumentos de PGPM:
PEP e COVPA

37
Contratos de Opções de Venda de
Produtos Agrícolas (COVPA)

• Em 1997, foi instituído para o milho o


Contrato de Opções de Venda. O
Governo Federal vendeu um seguro de
preços, garantindo na época do plantio
um preço mínimo de compra a vigorar
no momento da colheita. Mas, para
tanto, o produtor teria de pagar um
prêmio por esse seguro.

• Se no momento da colheita, o preço de


mercado fosse acima do preço mínimo,
o produtor optaria por vender o produto
no mercado. Caso contrário, venderia
ao governo.
• Nessa sistemática, o produtor arca com
um custo na garantia de preços
mínimos (o prêmio que paga por
comprar uma opção de venda).
• Atualmente, os COVPA são vendidos
para arroz, milho, algodão, trigo e café.

38
Custo do COVPA
• O custo (prêmio) do COVPA varia de
produto a produto e para um mesmo
produto de uma região para outra.
• O valor do prêmio do COVPA é
estabelecido em leilão.
• Em 1999, o prêmio do COVPA arroz foi de
0,502% do preço de exercício no Mato
Grosso e de 1,012% no Rio Grande do
Sul.

Prêmio para Escoamento de


Produto
• Reconhecendo que não é vantajoso reter
estoques, o Governo Federal também
implementou, a partir de 1997, o Programa
Prêmio para Escoamento de Produto (PEP).
• Nesse programa, o Governo Federal se
compromete a comprar um produto agrícola
a seu preço mínimo (via, por exemplo, AGF
ou Contratos de Opção de Venda), mas evita
de estocá-lo.

39
A sequência do PEP é a seguinte:

• 1) o Governo Federal divulga edital


onde se indica o produto a ser
adquirido, a quantidade, o preço de
referência (que deve ser o preço
mínimo), o ano da safra a ser adquirida,
em que região deve estar o produto e
para que região deve ser deslocado;

• 2) o arrematante procura os produtores da


região de compra e acerta o volume a ser
comprado ao preço mínimo;
• 3) o arrematante participa do leilão do PEP
ofertando o deságio de y reais por unidade
de produto. Assim, o arrematante deseja
pagar, ao final do processo, (x – y) por
unidade de produto.
• y = preço mínimo – preço de mercado +
custo de transporte + lucro unitário desejado
Exemplo: preço mínimo de R$ 20, preço de mercado
de R$ 19, custo de transporte de R$ 1 e lucro
unitário desejado de R$ 1 por saca. Qual é o valor
do y?

40
• 4) o Governo Federal seleciona as ofertas de
maior deságio percentual, as quais
correspondem aos menores valores de y.
• 5) o arrematante, tendo sucesso no leilão,
deverá ir, junto com o produtor, a uma
agência do Banco do Brasil para acertar a
venda do produto.
O arrematante paga à vista ao produtor o
valor de x reais por unidade de produto. O
valor pago pelo arrematante é depositado no
Banco do Brasil e este paga o produtor após
a emissão da nota fiscal em favor do
arrematante.

• 6) o arrematante, de posse do produto,


desloca-o para a região indicada no
edital do leilão do PEP.
• 7) De posse dos documentos indicando
a compra e transporte do produto, o
arrematante procura a agência
apropriada do Banco do Brasil e recebe
a quantia de y reais por unidade de
produto adquirida via o PEP.

41
• Ao final do processo, o produtor
recebeu x reais por unidade do produto,
o arrematante pagou (x – y) reais por
unidade do produto e o Governo
Federal arcou com a subvenção de y
reais por unidade de produto (que é o
prêmio para escoamento do produto).
• O deságio percentual é dado por = [(x -
y)/x].100}. Quanto menor é y, maior é o
deságio percentual.

Vantagens do PEP

• A vantagem do PEP está no Governo


Federal realizar a operação de garantia
de preços mínimos, mas não incorrendo
nas despesas de estocagem e
transporte do produto.

42
Exercício 15
• Considere que o preço de garantia de um
produto seja de R$ 20,00/sc. O preço de
mercado do produto é R$ 19,00/sc e o custo
de transportar o produto do local indicado
no leilão do PEP para o de destino é R$
1,00/sc. Se o arrematante desejar obter lucro
de R$ 1,00/sc, qual será a taxa de deságio a
ofertar no leilão do PEP?

Tabela 1 – importância dos instrumentos de PGPM sobre a produção de culturas selecionadas –


Brasil (valores em percentagens)
produto Período de 1985 a Período de 1990 a Período de 1997 a 2004
1989 1996
AGF EGF AGF EGF AGF EGF PEP COVPA
Algodão 6,3 47,6 n.d. n.d. 0,76 0 7,33 1,52
Arroz 17,8 26,6 4,66 14,82 2,02 0 0 2,22
Café n.d. n.d. n.d. n.d. 0 0 0 1,46
Feijão 6,9 4,7 n.d. n.d. 0,87 0 0 0
Milho 13,9 10,5 2,1 9,47 2,29 0 0,41 2,53
Soja 5,1 16,4 0 4,98 0 0 0 0
Trigo n.d. n.d. n.d. n.d. 6,22 0 10,3 3,6
Fonte: os dados de 1985 a 1989 são de Goldin e Rezende (1993, p. 56), os dados de 1990 a
1996 são de Rezende (2002) e os dados de 1997 a 2004 são da Conab.
Nota: calculou-se a média das percentagens anuais. Os dados de 2004 são até 12/11/2004.

43
Os novos instrumentos criados no
período de 2004 a 2006
• Baseado na idéia da subvenção a ser paga pelo
governo ao setor privado no PEP e no lançamento de
opções de venda criado pelo COVPA, o governo
federal criou novos instrumentos de subvenção ao
setor privado para ele assumir o papel de garantia de
preços. Eles são:
• Contratos Privados de Opção de Venda e Prêmio de
Risco de Opção Privada (PROP)
• Prêmio Equalizador pago ao produtor – PEPRO
• Prêmio para Equalização de valor de referência da
soja em grãos - PESOJA

Contratos Privados de Opção de Venda e Prêmio de


Risco de Opção Privada - PROP

• Criado em 30/12/2004 pela Lei 11.076.


• Objetivo: estimular agroindústrias e exportadores a
lançarem opção de venda de produtos agropecuários.
• Esse mecanismo implica em dois leilões
• 1o leilão:
• 1) a agroindústria, a cooperativa ou exportador
credencia-se a receber uma subvenção do governo
federal (por exemplo, R$ 3,00 por saca) para lançar
uma opção privada de venda.

44
• 2) É feito um leilão do Prêmio de Risco para
Aquisição de Produto Agrícola Oriundo de
Contrato Privado de Opção de Venda (PROP).
• 3) Nesse leilão o arrematante não paga nada ao
Governo (através da CONAB), mas apenas a
corretagem do corretor e oferece um deságio em
relação à subvenção. Ou seja, oferece uma
percentagem em relação a subvenção, por
exemplo, 100% ou 95%, o que implica desejar
receber 100% ou 95% do valor da subvenção.
Seleciona-se o que ofertar maior deságio.
• 4) a agroindústria, cooperativa ou exportador
selecionado a receber o PROP é obrigado a lançar
uma opção privada de venda de produto
agropecuário.

Contratos Privados de Opção de Venda e


Prêmio de Risco de Opção Privada - PROP
• 2o leilão
• 1) a agroindústria, cooperativa ou exportador lança uma opção
privada de venda e o produtor paga um prêmio por isto.
• 2) no vencimento da opção, se o preço de exercício (por
exemplo, R$ 20,00 por saca) estiver abaixo do preço de
mercado (R$ 21,00 por saca), o produtor está desobrigado de
entregar o produto à agroindústria e essa nada recebe do
governo federal.
• 3) no vencimento da opção, se o preço de exercício (por
exemplo, R$ 20,00 por saca) estiver acima do preço de
mercado (R$ 18,00 por saca), o produtor vende o produto à
agroindústria e esta receberá do governo federal a diferença
entre preço de exercício e preço de mercado até o limite fixado
na apólice do PROP (no caso, R$ 2,00 por saca, dos R$ 3,00
possíveis)

45
Fluxograma operacional dos leilões de PROP
e dos Contratos Privados de Opção de Venda

1. O Governo realiza
um leilão de PROP para
1o Leilão: Prêmio dividir entre as empresas e
1 2 cooperativas compradoras
Lançador do Prêmio da produção agrícola o
Lançador do Prêmio montante de recursos
Consumidores
MAPA / CONAB alocados à operação;
de Grãos(1)
2. As empresas que
2o Leilão: Prêmio arrematarem PROP
obrigam-se a realizar leilão
3 4 de Contratos Privados
Lançador do
Compradores de Opção de Venda;
Contrato de Opção
Produtores de Grãos
Consumidores
e Cooperativas 3. Ofertam os contratos
de Grãos aos produtores. Os
compradores dos
contratos pagam um
(1) Cooperativas, criadores de aves e suínos, indústrias de ração e alimentos, exportadores, etc. prêmio ao lançador;

4. Os produtores que
comprarem as opções
podem utilizá-las no
momento do exercício.

Fonte: Plano Agrícola e Pecuário 2007/2008, p. 35.

Vencimento dos Contratos Privados de Opção de Venda

1. No vencimento, se o
preço de exercício for
PROPRIETÁRIO DE OPÇÕES menor do que o preço
de mercado, a opção
1 2 não será exercida;

2. Se o preço de
mercado estiver abaixo
PREÇO DE EXERCÍCIO MENOR PREÇO DE EXERCÍCIO MAIOR do preço de exercício,
QUE PREÇO DE MERCADO QUE PREÇO DE MERCADO o produtor entregará a
mercadoria à empresa
2 lançadora das opções;

3. Neste caso, o Governo


EMPRESA LANÇADORA indenizará a empresa
lançadora até o limite
3 do prêmio estabelecido
no leilão de PROP.

GOVERNO

Fonte: Plano Agrícola e Pecuário 2007/2008, p. 36.

46
O papel das cooperativas
• É possível às cooperativas ter um papel maior na
garantia de preços através dos Contratos Privados
de Opção de Venda e Prêmio de Risco de Opção
Privada – PROP.
• As cooperativas podem participar dos dois leilões.
Elas podem tanto se habilitar a obter o PROP (no
1o leilão) como a lançarem opções de venda a seus
associados (no 2o leilão).

Prêmio Equalizador pago ao produtor (PEPRO)

• Tanto no caso do PEP quanto do PROP, a subvenção é


dada ao arrematante, que pode ser uma agroindústria,
exportador ou até cooperativa.
• No caso do PEPRO, lançado em 21/06/2006, a subvenção
econômica é dada ao produtor ou a sua cooperativa, para
que ele venda a sua mercadoria ao preço de garantia fixado
pelo governo menos o valor da subvenção.
• Segundo a CONAB, o PEPRO “É uma subvenção
econômica (prêmio) concedida ao produtor rural e/ou sua
cooperativa que se disponha a vender seu produto pela
diferença entre o Valor de Referência estabelecido pelo
Governo Federal e o valor do Prêmio Equalizador
arrematado em leilão, obedecida a legislação do ICMS
vigente em cada Estado da Federação.

47
Prêmio Equalizador pago ao produtor
(PEPRO)
• Para obter o PEPRO, o produtor tem que se cadastrar no
Serviço Eletrônico de Comercialização (SEC) da Conab e ser
representado por corretor.
• O valor do PEPRO é fixo, e o produtor rural nada paga para
obtê-lo, exceto a comissão do corretor que o representa no
SEC.
• Obtido o PEPRO (por exemplo, R$ 3/sc) o produtor se obriga
a vender o produto pela diferença entre o preço de garantia do
produto (por exemplo, R$ 20/sc) e o valor do PEPRO.
• Assim, no exemplo acima, o preço comprovado em nota fiscal
passa a ser R$ 17/sc. Esse valor o produtor recebe do
comprador e mais R$ 3/sc do PEPRO, totalizando o preço de
garantia.

Prêmio para Equalização do Valor de Referência da


Soja em Grãos (PESOJA)
• A crise financeira vivenciada pelos produtores de soja no
segundo semestre de 2005 e no primeiro semestre de 2006
levou o Governo Federal a criar o PESOJA, que combina
alguns aspectos do PEP com um valor fixo de subvenção
ao arrematante.
• No caso do PEP para a soja, o arrematante tem que ofertar
ao governo um valor de subvenção que deseja (o valor y)
de modo a comprar do produtor a soja por um valor x.
• No caso do PESOJA, o governo já define o valor do y e o
arrematante se compromete a comprar a soja ao valor de x.
• No PESOJA, o arrematante também paga ao produtor o
valor x para o produto situado em certa região, transporta o
produto para outra região e no final recebe o valor y
acertado com a CONAB.

48
Tabela 6 – Importância dos instrumentos da PGPM por cultura (Quantidade negociada / Produção total) (t)
Instrumentos Produto 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

PEP Algodão 12,18% 10,92% 10,41% 0 0 4,92% 5,39% 0,06%


Milho 0 2,16% 0 0 0,25% 2,16% 2,16% 7,68%
Trigo 0 0 0 0 1,74% 28,48% 25,57% 9,63%
Arroz 0 0 0 0 0 0 0 3,98%

COVPA Algodão 3,33% 0 0 0 0 0 * 0


Café 0,00% 0 5,59% 6,08% 0 0 * 0
Milho 0 2,16% 0 0 0,25% 0 * 0
Trigo 16,33% 0 0 8,78% 4,03% 0,04% * 0
Arroz 7,49% 0 5,84% 0 0 2,65% * *

PEPRO Algodão 0 0 0 0 0 0 15,92% 18,91%


Soja 0 0 0 0 0 0 10,42% 6,31%
Milho 0 0 0 0 0 0 0,23% 7,27%
Feijão 0 0 0 0 0 0 0 0,72%
Café 0 0 0 0 0 0 0 13,77%

PROP Algodão 0 0 0 0 0 7,42% 0 0


Arroz 0 0 0 0 0 2,48% 3,87% 0
Milho 0 0 0 0 0 0,26% 10,14% 0
Mandioca 0 0 0 0 0 0,39% 1,40% 0
Soja 0 0 0 0 0 0 4,31% 4,93%
Trigo 0 0 0 0 0 3,29% 0 0

PESOJA Soja 0 0 0 0 0 0 9,90% 0


* São valores não disponíveis na CONAB e/ou IBGE
Fonte: Elaborado pelos autores com dados da CONAB (2007) e IBGE (2007)

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