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Esta questão nos remete à necessidade primordial da raça humana de se agrupar,

de estabelecer vínculos entre os iguais. Já no campo da cultura e das relações


intersubjetivas, a necessidade de aproximação atinge dimensões mais
complexas. A busca de contato ultrapassa a ordem natural. A união é movida por
outros interesses. Eles são de ordem emocional, profissional, social e assim por
diante. Esta pluralidade de intenções sinaliza, inclusive, a vontade de se
relacionar com o desigual, com o novo e com o diverso. Mas o encontro, tanto
com a multiplicidade quanto com a unicidade, possui vários significados. Por
isso, as pessoas escolhem seus distanciamentos ou aproximações. Acontece que
as escolhas produzem resultados distintos. Cabe a nós saber distinguir os mais
proveitosos.

 A padronização de valores na "aldeia global" não contribui com a negação das


diferenças?

Ao falarmos da padronização de valores, é interessante lembrar que a cultura


veiculada pela mídia atinge as pessoas em suas emoções, sentimentos e ideias. O
ato de consumir não se traduz somente na compra de objetos do mercado de
consumo. Na aquisição de mercadorias o consumidor assimila os ideais estéticos
da sociedade, os modismos, as ações e gestos estereotipados, as imagens que
evocam modelos de identificações, os maneirismos, a forma de vestir, o jeito de
agir, um modo de ser. Toda esta maquinaria midiática, este amontoado de
informações, termina produzindo o que o psicanalista Jurandir Freire Costa
nomeia de um sujeito superficial e uniforme. Vê-se aqui um paradoxo: se de um
lado o diferente tende a ser anulado em função do que foi padronizado, do outro
ele ressurge com força, pelo desejo da cultura de se renovar, de revitalizar. A
vontade de trocar ideias, hábitos, costumes é um traço marcante nas culturas
atuais. Nestor Canclini, um estudioso mexicano, explica, através da sua teoria da
hibridação, este saudável multiculturalismo. No entanto a ocorrência destas
trocas pode tanto enriquecer quanto apagar a diversidade cultural.

 Como isso se manifesta nos grupos, família, relações de trabalho, escola?

Hoje se exige que as pessoas saibam conviver em grupo, trabalhar em equipe,


aceitar os diversos tipos de posicionamentos pessoais e ideológicos, a
pluralidade das crenças religiosas, as variações musicais. Além disso, é preciso
falar vários idiomas. No entanto o exercício da convivência com o diferente
ainda é precário. O que se vê é o confronto de valores, principalmente no interior
da família. Ali ocorrem atritos e choques de valores, hábitos e ideias. Porém
todo conflito gera uma mobilização afetiva. Ele pode nos ensinar a praticar a
democracia na intimidade. Isso significa saber reconsiderar valores antigos,
assimilar as riquezas da novidade, discernir entre o velho, o novo, o diferente e o
semelhante, o que deve ser assimilado ou extinto. Este exercício pode parecer
fácil, mas ele é complicadíssimo. O desejável é que as mudanças aconteçam pelo
entendimento mútuo, pelo diálogo compreensivo. Ou cada pessoa perceba em
seus limites aquilo que precisa ser superado, mantido ou respeitado, em prol da
convivência democrática, evolutiva e dinâmica. Se nada disso acontece, as
consequências são medonhas. Quais? O massacre da subjetividade, a revolta, o
acirramento do preconceito, a exclusão, a violência.

 Onde aprendemos a lidar com as diferenças?

Ensinar a lidar com as diferenças é uma missão das instituições formadoras da


identidade, tais como a família, a escola, a igreja, os meios de comunicação. Este
ensino começa com a prática das virtudes. Além disso, a transmissão dos
valores, para ter ressonância positiva, exige a coerência entre o que se diz e o
que se faz. Já no caso da mídia - o jornal, a TV, o rádio, a internet, a publicidade
e a imprensa em geral - é bom lembrar que ela representa os interesses do capital
internacional. E como já nos alertaram alguns psicanalistas, ela transforma o
desejo em mercadoria.

 Quando tem alguém que é diferente de "todo mundo", a tendência é ser


"massacrado" pelo grupo. Como lidar com essas situações?

O diferente quase sempre atrai os olhares para si. Ora, isso nos parece óbvio.
Mas se aquele que se destaca será aclamado ou rejeitado não dá para prever. Isso
dependerá do grupo em que estiver inserido. Será possível dizer que há uma
tendência natural em massacrar o diferente, ou em idolatrá-lo? As duas coisas
podem ser verdadeiras. Na maioria das vezes, o que se vê são pessoas se
anulando em troca de amor e reconhecimento. Ser diferente, ter estilo próprio e
uma maneira de pensar, além de fortalecer a autoestima, enriquece os
relacionamentos. Também devemos nos lembrar dos que conquistam seu
diferencial, pelo viés mais brutal da exclusão, ou seja, através da violência, do
tráfico, da criminalidade. Não se trata somente de atestar esta diferença. Antes é
preciso saber que muitos deles não tiveram liberdade de escolha. A exclusão
para alguns é uma condição.

 Os educadores não deveriam ser melhor preparados para lidar com as


diferenças?

Sem dúvida. Os educadores possuem um papel essencial diante da civilização. A


escola é um laboratório onde se remodelam e se refazem as vivências cotidianas.
Daí o cuidado ao lidar com questões delicadas, como os preconceitos, os
estigmas, as discriminações. Sabemos das histórias assustadoras, em que os
alunos são vítimas das discriminações dos responsáveis pela sua formação.
Muitos são impedidos de manifestar suas ideias, por fugirem às convenções, por
serem críticos, criativos e inquietos. Estas "mentes brilhantes" podem ser
deformadas e a criatividade abortada. No lugar de uma educação libertária, para
ensiná-los a lidar com a diversidade, a ampliar sua visão de mundo, o que
recebem são repressões e discriminações. É imprescindível que os educadores e
todos aqueles que trabalham nas instituições de ensino participem de cursos de
atualização não apenas na sua área de formação específica. É importante que
estudem ética, educação sexual, valores, cultura, arte, informática, política. As
transformações sociais são muito velozes. Se os professores não se atualizam
correm o risco de ficar desinformados e desatualizados. Se a educação dos
docentes não é permanente, como é que irão enfrentar as demandas dos alunos
que lidam o tempo todo com as informações na internet, nos canais de TV por
assinatura e assim por diante.

 Na escola, como exercitar os adolescentes e jovens na convivência com as


diferenças de raça, classe social, gênero...?

Exercitar a convivência com a diferença, principalmente na escola, é uma tarefa


desafiadora. Partimos do princípio de que os educadores precisam, eles mesmos,
aprender a exercitar o respeito entre si. Caso contrário, o exercício do saber pode
se transformar em exercício de poder. Acreditamos que a escola deve se
preocupar com a formação integral do aluno. Levando em conta a disposição
interativa entre os professores, seria interessante planejar atividades conjuntas
entre as disciplinas. Após a promoção de estudos e debates sobre as diversas
realidades sociais, poderiam ser programadas visitas monitoradas em locais
estratégicos para se conhecer as várias realidades sociais existentes. Só para citar
alguns: existem as associações comunitárias, os movimentos sociais, as
organizações não governamentais (ONGs), os projetos sociais, grupos
organizados como os portadores de HIV (Gapa), os trabalhos da Pastoral de
Rua, dentre tantos outros. Várias outras atividades artísticas e culturais, tais
como mostra de filmes e documentários, exposições sobre a cultura dos países,
feiras sobre comidas típicas, artesanatos, apresentações de danças folclóricas,
festivais de música, concurso de poesias, desfile de moda, concurso de redação
sobre temas relacionados ao convívio com o diferente, campeonatos esportivos,
gincanas, poderiam nortear a discussão sobre o assunto. Enfim, caberá ao
educador atento aproveitar todas as oportunidades dentro e fora da sala de aula,
para ensinar o respeito pelo diferente.

As diferenças nos unem?


Quando falamos em diferenças, é inevitável que venha à tona uma suposta noção de
inferioridade, de menor valor, enfim... de alguém ou algo que, por não seguir as regras
ou os padrões consensuais, não é merecedor de atenção, de cuidado e, sobretudo, de
respeito. Nossa aldeia global é fortemente marcada pela padronização de muitos
valores, crenças e comportamentos considerados “ideais” e, portanto, de uma
determinada verdade que é transmitida a todos como se fosse única, universal e
absoluta. O que é extremamente discutível.

Nossa sociedade ocidental é organizada por uma concepção de igualdade que, a partir
de um olhar ingênuo, pode representar a noção de democracia e de igualdade de
oportunidades. No entanto o que se percebe ao longo do tempo é que muitas vezes trata-
se de uma pseudoigualdade incrustada e escamoteada numa concepção em que
predomina o individualismo ao invés do reconhecimento e valorização da pessoa. Isto
conduz a um acirramento das disputas entre pessoas e grupos, favorecendo a
demarcação de territórios, a imposição dos “mais fortes” sobre os “mais fracos” e a
desvalorização das diferenças. Daí uma organização econômica, política e social que
aceita e reforça preconceitos e atos discriminatórios como se estes fossem naturais. Para
lembrar alguns: as classes sociais, o racismo, as mais diversas intolerâncias etc.
Entendemos que os fenômenos afetivos, por serem constituintes indissociáveis de nossa
condição de sujeitos partícipes de distintos grupos, fazem parte de nosso cotidiano tanto
nos espaços quanto nos papéis que desempenhamos na sociedade mais ampla. E, por
isso mesmo, a afetividade e as diferenças entre pessoas e grupos favorecem a unidade
entre os grupos, permitindo explicar suas relações, ora de aceitação, ora de rejeição.

Conviver com pessoas diferentes


Aproximar crianças e adolescentes de grupos de diferentes classes sociais, etnias e opções
sexuais é uma das maneiras de diminuir preconceitos. A ação prepara as crianças para um
mundo mais aberto, em que entender diferenças facilita a comunicação e o trabalho em
equipe.

COMO ENSINAR: no colégio Santa Maria, em São Paulo, o contato como mundo fora
do trajeto de casa-escola começa na pré-escola. As professoras mostram às crianças de 4
e 5 anos a diferença entre suas casas e as de quem mora na favela. São diversas as
atividades ao longo do ensino fundamental, incluindo viagens ao Vale do Ribeira. No
ensino médio, os alunos podem optar entre reforçar a equipe de uma creche e animar
crianças de um hospital, ambos de bairros pobres.

“Aqui a educação vai além dos muros. Queremos que a realidade seja mostrada pela
experiência”, diz o professor e coordenador do ensino médio Paulo Felipe. É o que
experimentou Lia Spadini da Silva, do 2º ano do ensino médio. Aos 14 anos em vez de
passar as tardes de sexta-feira no shopping com as amigas, ela entrava na favela
Americanópolis para ajudar a cuidar das 80 crianças da creche São Judas. Você entra em
um lugar diferente daquele a que está acostumada”, afirma. A pintura simples e as paredes
enfeitadas com desenhos chamaram a atenção de Lia, habituada às paredes brancas de sua
casa. A estudante diz que aprendeu a valorizar as coisas simples de seu cotidiano ao
observar o cuidado com que as crianças lidavam com seus brinquedos. “A gente sabe que
existe essa outra realidade, mas a sensação é diferente quando você está olhando nos olhos
da criança e ela diz que seu pai foi morto ou está preso”, afirma. “Aquelas crianças foram
os maiores professores que eu p

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