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O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.
Sumário
1. Reserva de plenário ................................................................................................ 2
1.1 Dispensa do Plenário ........................................................................................ 5
1.1.1 Possibilidade ou não de o órgão fracionário realizar uma interpretação
conforme a Constituição ................................................................................................... 12
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Direito Constitucional
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1. Reserva de plenário
No caso de arguição incidental de inconstitucionalidade, essa arguição não gera, no
âmbito da primeira instância, nenhuma mudança procedimental, seja um juízo monocrático,
seja um juizado especial, seja uma turma recursal, não muda nada. No âmbito dos tribunais
muda, por conta da reserva de plenário (art. 97, CF).
Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do
respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou
ato normativo do Poder Público.
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TRIBUNAL
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Plenário ou
Órgão Órgão Especial
Via originária
fracionário
ou recursal 1
Caso
Concreto
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Art. 481. Se a alegação for rejeitada, prosseguirá o julgamento; se for acolhida, será
lavrado o acórdão, a fim de ser submetida a questão ao tribunal pleno.
Parágrafo único. Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário, ou ao
órgão especial, a argüição de inconstitucionalidade, quando já houver pronunciamento
destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão. (Incluído pela Lei nº
9.756, de 17.12.1998)
Art. 482. Remetida a cópia do acórdão a todos os juízes, o presidente do tribunal designará
a sessão de julgamento.
§ 1o O Ministério Público e as pessoas jurídicas de direito público responsáveis pela edição
do ato questionado, se assim o requererem, poderão manifestar-se no incidente de
inconstitucionalidade, observados os prazos e condições fixados no Regimento Interno do
Tribunal. (Incluído pela Lei nº 9.868, de 10.11.1999)
§ 2o Os titulares do direito de propositura referidos no art. 103 da Constituição poderão
manifestar-se, por escrito, sobre a questão constitucional objeto de apreciação pelo órgão
especial ou pelo Pleno do Tribunal, no prazo fixado em Regimento, sendo-lhes assegurado
o direito de apresentar memoriais ou de pedir a juntada de documentos. (Incluído pela Lei
nº 9.868, de 10.11.1999)
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para entender e declarar que a norma é constitucional e aplicar a norma ao caso concreto o
órgão fracionário não precisa enviar a matéria ao Plenário.
Declaração de constitucionalidade pelo órgão fracionário.
Esse entendimento decorre da lógica do princípio da presunção de constitucionalidade
(se a norma se presume constitucional e o órgão fracionário vai apenas aplicar a norma em
nome dessa presunção de constitucionalidade, nesse caso, ele não precisa realizar um
incidente de inconstitucionalidade, realizar a cisão e enviar a matéria ao Plenário).
Já há decisão anterior do Plenário do Tribunal.
Já há decisão anterior do Plenário do STF.
Se a decisão do STF vem de uma Turma ou de outra, não é o fundamento para a
dispensa do Plenário em outro Tribunal. Tem que ser uma decisão do Plenário do STF.
Isso é a aplicação do precedente. Há um precedente, seja do Plenário do próprio
Tribunal ou do Plenário do STF, que é utilizado como fundamento de uma nova decisão pelo
órgão fracionário.
Quando o STF desenhou essa possibilidade (essas duas situações nascem na
jurisprudência do STF), houve um questionamento sobre isso alegando que a dispensa do
Plenário com fundamento em uma decisão precedente violaria o princípio da ampla defesa e
do contraditório.
Apesar dessa crítica de uma parcela da doutrina, não é o entendimento que prevaleceu
no STF. O STF entende que essas duas possibilidades se fundamentam na razoável duração do
processo, na celeridade, na economia processual e na segurança jurídica, porque se aplica um
precedente em um caso novo é mantida uma certa homogeneidade nas decisões judiciais.
Essas duas situações foram construções do STF e posteriormente o CPC incorporou
essas duas situações (art. 481, parágrafo único, CPC).
A decisão precedente do Plenário do STF que gera a dispensa desse incidente
de inconstitucionalidade em outro caso no Tribunal, essa decisão do STF tem que ser uma
decisão no controle concentrado abstrato ou pode ser uma decisão do STF no controle difuso
concreto?
A decisão do STF no controle concentrado abstrato tem efeito erga omnes e vinculante
e, portanto, o órgão fracionário tem que aplicar a decisão erga omnes e vinculante do STF,
não precisa da reserva de Plenário.
Se a decisão do STF vier do controle difuso concreto, que tem efeito inter partes, e não
erga omnes e vinculante, então, segundo o STF, pode o órgão fracionário do Tribunal
dispensar a reserva de Plenário, o incidente de inconstitucionalidade, com fundamento em
decisão no controle concreto do STF.
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Outro aspecto relacionado a esse precedente é que o STF diz que a decisão precedente
que gera essa dispensa de incidente de inconstitucionalidade, essa dispensa da Reserva de
Plenário, não precisa ter uma identidade absoluta do caso anterior com o novo caso.
O que é necessário é que as matérias ou a matéria jurídica examinada sejam
equivalentes.
Se a parte entende que a matéria jurídica no precedente não é equivalente ou não
guarda um paralelo com o caso concreto isso será objeto de impugnação via recurso. O órgão
fracionário pode aplicar o precedente mesmo que não haja identidade absoluta, mas a
matéria jurídica, a tese jurídica deve ser a mesma.
Agravo de Instrumento 607.616, STF:
CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE PROPRIEDADE PREDIAL E TERRITORIAL
URBANA. IPTU. PROGRESSIVIDADE FISCAL. VEDAÇÃO EM PERÍODO ANTERIOR À EC
29/2000. PROCESSUAL CIVIL. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE INCIDENTAL.
PROCEDIMENTO. AGRAVO REGIMENTAL. NEGATIVA DE PROVIMENTO. 1. "É
inconstitucional a lei municipal que tenha estabelecido, antes da Emenda Constitucional
29/2000, alíquotas progressivas para o IPTU, salvo se destinada a assegurar o
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Não há reserva de Plenário no seguinte caso (esse caso não consta no CPC):
O STF entende que não há necessidade de incidente de inconstitucionalidade (reserva
de Plenário) no julgamento do Recurso Extraordinário por uma das Turmas do STF, porque o
RE envolve matéria constitucional. O STF entende que como a Turma é o próprio Tribunal,
atua como o próprio Tribunal não há obrigatoriedade de reserva de Plenário em todo
julgamento de RE.
O Regimento Interno do STF diz que a Turma pode julgar o RE e se entender que a
matéria discutida nesse RE é de alta relevância, a Turma suscita ao Plenário, mas não há a
obrigatoriedade, é uma decisão da Turma, diante da relevância do caso e da matéria, levar a
matéria ao próprio STF.
RE 361.829, STF:
DIREITO CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS. LEI COMPLEMENTAR 56/87. LISTA DE
SERVIÇOS ANEXA. CARÁTER TAXATIVO. SERVIÇOS EXECUTADOS POR INSTITUIÇÕES
AUTORIZADAS A FUNCIONAR PELO BANCO CENTRAL. EXCLUSÃO. HIPÓTESE DE NÃO-
INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. SUPRIMENTO DE OMISSÃO.
INEXISTÊNCIA DE EFEITO MODIFICATIVO. DESNECESSIDADE DE INTIMAÇÃO PARA
IMPUGNAÇÃO. NÃO-VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA
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extraordinário (isso não é a regra. A regra é que não cabe) para o STF. O STF entende que se a
decisão do TJ recorrida está de acordo com a jurisprudência do STF, o Relator,
monocraticamente, pode decidir o RE aplicando a jurisprudência do STF. Isso não viola a
reserva de plenário, porque está apenas aplicando a jurisprudência dominante e a decisão do
TJ na ADI estadual está de acordo com a jurisprudência dominante do STF, então ele pode
concluir e decidir esse RE monocraticamente.
É possível julgamento de Recurso Extraordinário por decisão monocrática do Relator
nas hipóteses oriundas de ação de controle concentrado de constitucionalidade em âmbito
estadual (ADI estadual), dispositivo de reprodução obrigatória quando a decisão impugnada
(decisão do TJ) refletir pacífica jurisprudência do STF. Nesse caso não há violação à reserva de
plenário, mesmo o RE sendo oriundo de uma decisão do TJ no controle concentrado abstrato,
pois é apenas a reprodução da jurisprudência dominante.
RE 376.440, STF:
EMENTA Embargos de declaração em recurso extraordinário. Conversão em agravo
regimental, conforme pacífica orientação da Corte. Lei distrital que criou cargos em
comissão para funções rotineiras da Administração Pública. Impossibilidade. 1. A decisão
ora atacada reflete a pacífica jurisprudência da Corte a respeito do tema, a qual reconhece
a inconstitucionalidade da criação de cargos em comissão para funções que não exigem o
requisito da confiança para seu preenchimento. 2. Esses cargos, ademais, deveriam ser
preenchidos por pessoas determinadas, conforme descrição constante da aludida lei. 3.
Embargos de declaração recebidos como agravo regimental, ao qual é negado
provimento. (RE 376440 ED, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em
18/09/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-224 DIVULG 13-11-2014 PUBLIC 14-11-2014)
Imagine a seguinte situação: há um caso concreto, regido por uma lei específica que
trata desse tipo de situação. Chegou ao Tribunal, ao órgão fracionário, um problema, uma lide
envolvendo nesse caso concreto exatamente essa lei. O órgão fracionário pode simplesmente
resolver o caso concreto com base na lei. Se o órgão fracionário entender que a lei é
inconstitucional, o órgão fracionário não pode fazer essa declaração de inconstitucionalidade
e manda o questionamento sobre a constitucionalidade para o Plenário. Mas imagine que o
órgão fracionário não declare a lei inconstitucional, mas afaste a aplicação dessa lei e o órgão
fracionário resolve o caso concreto com base em princípios e valores constitucionais.
O que o STF entende (entendimento este consolidado na súmula vinculante 10) que se
o órgão fracionário afasta a aplicação da lei pertinente ao caso concreto e resolve esse caso
concreto em princípios constitucionais, apesar de o órgão fracionário não ter declarado
explicitamente a inconstitucionalidade, o STF entende que isso é uma declaração implícita de
inconstitucionalidade. E essa declaração, ainda que implícita, de inconstitucionalidade, feita
pelo órgão fracionário, representa uma violação à Reserva de Plenário.
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Const.
Caso
Concreto
Súmula Vinculante 10: Viola a cláusula de reserva de plenário1 (CF, artigo 97) a decisão de
órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, afasta sua incidência, no
todo ou em parte.
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Pois o órgão fracionário está declarando a inconstitucionalidade.
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Quando fala que não aplica a norma nesse caso, porque a solução desse caso deve se dar com base na
Constituição, em determinado princípio ou determinada norma constitucional, o que se está dizendo
implicitamente é que essa norma ou a aplicação dessa norma leva ao resultado diferente ou oposto à aplicação
da Constituição, logo aplica-se a Constituição e não a lei. Nesse caso está caracterizada a violação à Súmula
vinculante nº10.
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Pluralidade de sentidos.
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