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Citação do Sofista
Heidegger começa com a constatação de que, se era um problema
entre os gregos, até hoje estamos em mesma dificuldade, não sabemos a
questão do ser.
Aqui está presente
- Consideração pela historicidade da questão
- Necessidade de recolocar a questão redescobrindo seu sentido
- Colocar de maneira temática o tempo relacionado com a questão
do ser
No entanto, é necessário, antes, um esclarecimento introdutório que
busque:
1. Visualizar a meta
2. Mostrar as investigações incluídas e exigidas por essa meta
3. Fazer uma consideração sobre a via
INTRODUÇÃO
EXPOSIÇÃO DA QUESTÃO SOBRE
O SENTIDO DE SER
PRIMEIRO CAPÍTULO
1. Necessidade, 2. estrutura e 3. primado da questão do ser
§ 1. Necessidade de uma retomada explícita da questão do ser
Heidegger crê que a questão do ser, malgrado a recente
reafirmação da metafísica na época, caiu no esquecimento. Ela tem sua
origem nas investigações de Platão e Aristóteles, mas, desde então, não
representou em nenhuma filosofia posterior uma ‘questão temática de uma
real investigação’. E, passado o tempo, todo esforço posterior mostrou-se
apenas uma degenerescência do que outrora fora.
Além do esquecimento, alegam superflua e sem sentido a questão
sobre o sentido de ser. Os argumentos se dão por meio das seguintes
orientações:
1. Ser é o conceito mais universal e mais vazio
2. Como conceito mais universal resiste a tentativa de definição
3. Portanto, prescinde de definição
4. Todo mundo compreende, ainda que não o tenha como
concepção
Reside aí, no abandono da questão de ser, a transformação de um
questionamento último em evidência meridiana.
Heidegger dirá, inclusive, que o próprio preconceito relacionado à
questão do ser tem sua raiz na própria ontologia antiga. Esse preconceito,
no entanto, só pode ser visualizado em seu fundamento se se dispor do
sentido de ser. Assim, serão abordados tão somente os preconceitos que
reivindicam a questão do ser.
1. ‘Ser’ é o conceito ‘mais universal’.
- Aristóteles - Ser é unidade da analogia, transgenérico e
transespecífico. No entanto deixa o nexo das analogias em
obscuridade
- Medievais - Ser é transcendens. Não obstante as discussões, não
chega a ter uma clareza de princípio quanto ao ser.
- Hegel - Ser é o imediato indeterminado. O problema é
simplesmente abandonado e colocado a base de sua lógica.
Conclusão - Dizer que ser é o conceito mais universal de nenhum modo
se segue que ele é o conceito mais claro; o contrário, é obscuro.
2. O conceito de ‘ser’ é indefinível. *Decorrência da sua máx universalidade.
- Se o ser não se articula conceitualmente segundo gênero e espécie e
se formos tratar da definição segundo genêro próximo e diferença
específica, então a diferença de natureza entre o ser e esses termos
não permite uma definição, de fato.
Conclusão - Ser não é nenhum ente para que possamos definir ele
mediante instrumentais da apreensão próprio aos entes. A
indefinibilidade do ser só diz que ele não é apreensível segundo a lógica
tradicional, mas de nenhum modo dispensa seu questionamento.
3. O ‘ser’ é o conceito evidente por si mesmo. Compreensão de ser não é
concepção. Dizer que sempre se compreende ser é ter um enigma
inserido a priori.
Conclusão - a compreensão mediana de ser em que nos movemos
cotidianamente de maneira nenhuma dispensa a questão do sentido de
ser.
Conclusão - O exame dos preconceitos mostra que o questionamento do
ser não é d enenhuma maneira superfluo. Mas é 1. sem direção 2. não
deve ser tratado a maneira dos entes e, portanto, exige um tratamento
próprio e 3. falta resposta
Transição ao próximo parágrafo e nexo - Mostrou-se a necessidade
premente de se recolocar a questão, porque ela, diante do tratamento
tradicional, não recebeu nenhuma luz e resposta.
§ 2. A estrutura formal da questão do ser
Já que a questão do ser como fora tratada pela tradição 1. não teve
nenhuma resposta satisfatória e 2. não teve nenhuma direção, trata-se de
recolocar a questão do ser e explicitar sua estrutura.
Explicitar a questão envolve 1. dizer o que pertence a uma questão
e 2. mostrar a questão do ser como a privilegiada.
Heidegger parte do pressuposto válido que sempre
compreendemos ser, malgrado isso, não dispomos de um conceito dele;
além disso, nem o horizonte possuimos em que poderiamos apreende-lo.
“Essa compreensão vaga e mediada de ser é um fato”
No entanto, não podemos explicar o que propriamente é essa
comprensão mediada de ser de ínicio, mas só depois de apreender o
sentido de ser que poderemos delimitá-la.
Os momentos constitutivos da questão
- Busca - busca pelo sentido de ser
- Direção prévia da busca - compreensão mediada de ser
- Buscado - Busca pelo sentido de ser
- Questionar - modo de ser do ser-aí
- Questionado - Ser
- Ser - aquilo que determina o ente enquanto ente; o em vista do
qual o ente já é sempre compreendido em qualquer discussão. Não
sendo, ele mesmo, outro ente.
- Perguntado - O sentido de ser
- Interrogado - Se ser se diz sempre de um ente, será justamente o
ente que será questionado em seu ser.
No entanto, para apreender-lhe o ser por meio de um
questionamento é necessário, de antemão, um modo seguro de acesso a
esse ente. Ser se diz de todos os entes. No entanto, em qual ente deve-se
ler o sentido de ser ?
Novamente, caso a questão queira ser explícita e transparente,
deve-se esclarecer
1. A maneira de se visualizar o ser
2. De se compreender e apreender conceitualmente sentido
3. A erparação da possibilidade de uma escolha correta do ente
exemplar
4. A elaboraçao do modo genuino de acesso a esse ente.
No entanto, veja só, todas as atitudes elencadas: visualização,
preparação, elaboração, aceder, escolher. Todas elas são atitudes próprias
do homem,do ser-aí. Assim, obrigatoriamente, se estamos perguntando a
questão do ser, quem irá questionar somos nós e quem irá visualizar e
aprender conceitualmente somos nós, ou seja, a questão do ser
necessariamente assume a forma de uma analítica existencial.
“Elaborar a questão do ser significa, portanto, tornar transparente um
ente - que questiona - em seu ser.”
Analítica existencial - “A colocação explicita e transparente da questão
sobre o sentido do ser requer uma explicação prévia e adequada de um
ente (do ser-aí) no tocante a seu ser.
Objeção ao círculo vicioso - A questão não num círculo vicioso porque
posso determinar um ente em seu ser mesmo sem já dispor de um
conceito de ser. Porque, veja bem, se precisássemos dispor de um
conceito de ser para esclarecer qualquer coisa, não poderíamos esclarecer
nada. Já temos que ter diante mão uma visualização de ser para que o
ente se articule em seu ser.
Uma coisa é sentido de ser, outra coisa é determinar o ente em seu
ser.
Conc. - Foram tratados os momentos estruturais da questão e se deixou
uma deixa para um ente privilegiado que guarda uma remissão ao ser.
Que faz parte da sua constituição essencial a compreensão vaga e
indefinida de ser. Talvez seja aí que deva se procurar apreender
conceitualmente o sentido de ser.
3. O primado ontológico da questão do ser
Aqui será esclarecido, no que concerne à questão do ser: 1. sua
função, 2. sua intenção e 3. seus motivos.
Até aqui a necessidade da questão foi determinada pela falta de
resposta e pela ausência de uma colocação adequada da questão. Mas,
qual a serventia da questão?
Ser é sempre ser de um ente. Heidegger diz que os entes podem se
tornar alvo de projetos de compreensão de ser que vão fundar conceitos
fndamentais e, assim delimitar uma região específica de ente. Tal
acontece já sempre numa atitude pré-científica. Mas essa atividade pode
ser tomada de maneira temática e se criar um conceito fundamental em
torno daquele ente específico.
Disso decorre que a positividade da ciência não é resultado dos
resultados que se obtém dentro daquele âmbito determinado pelo
conceito fundamental. Antes, a positividade e o progresso da ciência têm
a ver com a revisão dos conceitos fundamentais que reagem a um
conhecimento cada vez mais profundo das próprias coisas.
Assim, pode-se atribuir as crises nas ciências ao fato de os conceitos
fundamentais já não darem mais conta da própria coisa em toda sua
profundidade.
“O nível de uma ciência determina-se pela sua capacidade de sofrer uma crise em
seus conceitos fundamentais. Nessas crises imanentes da ciência vacila e se vê
abalado o relacionamento das investigações positivas com as próprias coisas
questionadas.”
Exemplos de ciência e seu âmbito de objeto correlato.
Matemática - Numero
Física - Natureza
Biologia - Organismo e vida
História - Realidade histórica
Teologia - Deus
“Conceitos fundamentais são determinações em que o âmbito de objetos, que serve
de base a todos os objetos temáticos de uma ciência, é compreendido previamente
de modo a guiar todas as pesquisas positivas”
No entanto, Heidegger diz que tais conceitos fundamentais são
precedidos por uma investigação prévia daquele determinado âmbito. A
produção de conceitos fundamentais é precedida por uma “investigação
prévia que interpreta esse ente na constituição fundamental de seu ser”
O questionar das ciências, isto é, aquela investigação produtora de
conceitos que interpreta o ente em sua constituição fundamental de seu
ser, necessita, para que se guie, dispor de uma interpretação do sentido
de ser em geral. Em outras palavras, para que interpretemos com clareza
o ente em sua constituição fundamental de ser precisamos primeiro
dispor do que significa ser em geral.
Assim, duas coisas são visadas pela investigação do sentido de ser
em geral.
1. A projeção de ser que interpreta o ser do ente em sua constituição
fundamental e funda uma região de ser guiada por um conceito
fundamental daquela região.
2. Visa a condição de posibilidade das ontologias que antecedem a
ciência.
“Mas o primado objetivo científico não é o único’=”
4. O primado ôntico da questão do ser
Definição tradicional de ciência - O todo de um conjunto de
fundamentação de proposições verdadeiras.
Para Heidegger essa definição 1. não é completa e 2. nem alcança o
sentido de ciência.
Primeiro que ciência é um modo de ser do homem e, ainda assim,
não é o modo mais próximo desse ente. O ser-aí é um ente privilegiado
(por ter o modo de ser da ciência?).
Heidegger em seguida quer mostrar em que consiste esse privilégio
do ser-aí. Para tanto, diz ele, terá que “conceber previamente análises
posteriores”.
Privilégio ôntico
O ser-aí, de acordo com Heidegger, não pode ser concebido como
um ente que ocorre entre outros, numa nivelação de ser. Em que consiste
essa distintção? Em seu privilégio ôntico. “O privilégio ôntico que distingue o
ser-aí está em ele ser ontológico”. O que diz o ser ontológico do ser-aí?
O ser-aí é um ente privilegiado, pois, na medida em que é, está em
jogo seu próprio ser. O ser-aí possui o modo de ser de um ente que, na
medida em que é, possui uma relação de ser com o seu ser mais próprio.
“O ser-aí se compreende em seu ser sendo.”
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Uma importante distinção terminológica inserida aqui.
Ontologia - termo usado para designar o questionamento explícito do
sentido do ser.
Pré-ontológico - é o termo usado para fazer alusão à compreensão de ser
que determina o ser-aí enquanto tal.
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Existência - É o próprio ser com o qual o ser-aí pode relacionar-se dessa
ou daquela maneira e com o qual ele sempre se relaciona de alguma
maneira. Uma nova distinção mediante o ser simplesmente dado: “O ser-aí não
pode ser determiando mediante uma indicação do conteúdo quididativo.” Para
Heidegger o ser-aí, como ficou claro acima, não é um ente entre outros;
pelo contrário, o ser-aí possui seu ser em jogo, que o difere dos outros
entes por um privilégio ontológico, i.e., pertence a sua constituição uma
abertura ao ser, compreensão de ser. Assim sendo, o ser-aí não pode ser
determinado mediante uma indicação de conteúdo quidadtivo (o que é),
i.e., mediante um tal conjunto de propriedades, tal como outros entes
que tem seu ser já articulado, ou melhor, não mantém nenhuma relação
de ser.
O ser-aí, pelo contrário, sempre tem de possuir o seu ser como seu
e para isso mantém uma relação com seu ser mais próprio, com a
existência.
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Pertence ao ser-aí uma compreensão de si a partir de sua existência, o
ser-aí já sempre compreendeu. Ele já sempre si compreende, a partir de
uma relação com sua existência, de ser ele mesmo ou não ser.
Essas possibilidades de ser que são oferecidas pela existência, o ser-aí já
sempre 1. as escolheu, 2. mergulhou nelas ou 3. simplesmente ali cresceu.
No entanto, “No modo de assumir-se ou perder-se, a existência só se decide a
partir de cada ser-aí em si mesmo”
Por isso que Heidegger diz que a questão da existência só poderá
ser esclarecida mediante o próprio existir. Isto é, a relação que
mantenhocom minha possibilidade mais própria será esclarecida
mediante a própria existência que já sempre se relacionar com essa
posibilidade ser assumir ou não o ser mais próprio. A essa compreensão
de ser de si mesma que o ser-aí perfaz em sua relação com a existência
heidegger dá o nome de existenciária.
O objetivo da investigação não é o esclarecimento de questoes
existenciárias, dado que seria impossível, pois cada um mantém uma
relação individual com o seu ser mais próprio (morte).
Assim, delimitado o escopo da investigação, Heidegger diz que a
preocupação da analítica existencial será “desdobrar e discutir o que
constitui a existência”. O que constitui a existência ? O conjunto das
estruturas ontológicas que constitui o existir, a que Heidegger dá o nome
de existenciais a cada estrutura e o seu conjunto existencialidade.
Existencialidade - constituição de ser de um ente que existe. A analítica
existencial, então, diz Heidegger, precisa de uma visualização prévia da
existencialidade, pois ela determina o ser do ser-aí.
Assim, a análise do sentido de ser tem que passar por uma analítica
existencial, posto que Heidegger diz “Na ideia dessa constituição de ser já se
encontra, pois, a ideia de ser em geral”
Heidegger em seguida diz que a possibilidade de se realiar uma analítca
do ser-aí sempre depende de uma elaboração prévia da questão sobre o
sentido de ser em geral
Com base nisso Heidegger dirá “É por isso que se deve procura, na anaalítica
existencial do ser-aí, a ontologia fundamental de onde todas as demais podem
originar-se.”
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O primado múltiplo do ser-aí
1. Primado ôntico - o ser-aí é um ente determinado pela existência
2. Primado ontológico - Pertence uma compreensão de ser de todos
os entes destituidos do modo de ser do ser-aí enquanto dela é
constitutivo mundo.
3. Primado ontico-ontológico - O ser-aí é condição de possibilida de
toda e qualquer ontologia.
“A questão do ser não é senão a radicalização de uma tendência
ontológica essencial, própria do ser-aí, a saber, da compreensão
pré-ontológica de ser.”
4. O primado ôntico da questão do ser.
Definição tradicional de ciência - “Ciência é um todo de um conjunto de
fundamentação de proposições verdadeiras”
Crítica de Heidegger - 1. não é completa e 2. não alcança o sentido de
ciência.
A ciência desponta como um privilégio do ser-aí. Muito embora não seja
seu mais comum modo de ser, porém, seu modo de ser é derivado do
modo de ser do ser-aí.
Que privilégio é esse que o ser-aí tem ?
*Heidegger anuncia logo que aqui vai soltar teses que posteriormente -
nos capítulos que se seguirão - serão demonstradas.
O ser-aí não é um ente entre outros. Isto quer dizer que há outros modos
de ser e o ser-aí se destaca ante os outros entes por ter um modo de ser
privilegiado. Mas qual é o critério que distingue o ser-aí dos outros entes?
Heidegger irá dizer que ela possui um privilégio ôntico de que em seu
ser, na medida que é, está em jogo seu próprio ser.
Ou seja, o ser-aí sempre possui uma relação de ser com seu próprio ser,
ele sempre se compreende a si mesmo.
“A compreensão de ser é em si mesma uma determinação de ser do ser-aí”
Isto quer dizer que o ser-aí, ele mesmo, é ontológico.
Distinção terminológica
Ontologia - Pergunta explícita pelo sentido de ser
Pré-ontológico - Esse privilégio ôntico do ser-aí em ser ontológico, isto é,
possuir uma compreensão pré-ontológica de ser.
Existência - “Chamamos existência ao próprio ser com o qual o ser-aí
pode relacionar-se dessa ou daquela maneira e com o qual ela sempre se
relaciona de alguma maneira”. A escolha do termo ser-aí reflete bem a
essência do ser-aí enquanto existência, pois, dado que não podemos
deteminá-lo mediante conteúdo quididativo, isto é, um ente com tais e
tais propriedades, mas sim um ente que pertence a sua constituição o fato
de ter o próprio ser em jogo, ele é simplesmente pura expressão de ser:
ser-aí.
“O ser-aí sempre compreende a si mesmo a partir de sua existência, de
uma possibilidade própria de ser ou não ser ele mesmo”
Possibilidade de ser si-mesmo aqui tem três modos 1. escolher 2.
mergulhar nelas 3. simplesmente ali cresceu (indiferença?).
Mas no modo de assumir-se ou perder-se isso é assunto particular
de cada ser-aí, “a questão da existÊncia só poderá ser esclarecida pelo
próprio existir”.
Compreensão existenciária - aquela compreensão de ser que é particular a
cada ser-aí de sua própria relação de ser com seu próprio ser.
Compreender a si mesmo a partir de seu ser mais próprio ou não, não
exige um esclarecimento teórico ou uma explicação de modo a tornar a
estrutura da existência transparente.
Compreensão existencial - Seria a compreensão daquilo que constitui a
existência
Existencialidade - O conjunto das estruturas ontológicas que constituem a
existência. “A constituição de ser de um ente que existe”
Análise da existencialidade - Como a existencialidade é o conjunto das
estruturas ontológicas que constituem o ser do ser-aí, i.e., a existência,
uma análise existencial não fará outra coisa que não expor a estrutura
ontológica da existência.
A análise da existencialidade é possível? Se o ser-aí possui o privilégio ôntico
de ser ontológico, isto é, possui compreensão de ser, então sim.
Por que a analítica existencial do ser-aí é necessária? O ser-aí é o único ente
que possui a determinação de compreensão de ser, se a pergunta da
ontologia fundamental heideggeriana é a pergunta pelo sentido de ser
em geral, a análise não poderá desviar de analisar como o sentido de ser é
concebido pelo ser-aí em sua relação de ser com as coisas, ainda no
modo de uma cotidianidade mediana, para ver como ser-aí compreende
o que é ser. “Entendemos a existencialidade como a constituição de ser
de um ente que existe. Na ideia dessa constituição de ser já se encontra,
pois, a ideia de ser em geral”
Na constituição de ser do ser-aí, isto é, no conjunto das estruturas
ontológicas que perfazem sua existencialidade, já se encontra a ideia de
ser em geral.
Mas Heidegger diz que é necessário uma elaboração prévia da
questão sobre o sentido de ser em geral, a fim de que possamos realizar
uma analitica do ser-aí.
Ciências - São modos de ser em que o ser-aí se relaciona com outros entes
que possuem o modo de ser diferente do seu.
No entanto, pertence a constituição fundamental de ser do ser-aí mundo.
O ser-aí é ser-no-mundo, e mundo envolve os entes que podem se
manifestar para o ser-aí. Então, na medida em que o ser-aí sempre se
relaciona dessa ou daquela maneira com seu próprio ser e sendo mundo
parte de constituição do ser-aí, mundo já é sempre compreendido.
Consequência - Dado que o ser-aí possui uma compreensão de si mesmo a
partir de seu poder ser, sempre, e mundo faz parte da sua constituição;
então o ser dos entes que podem se tornar acessíveis dentro do mundo já
tem seu ser compreendido de antemão e as ciências justamente tiram
seus conceitos fundamentais dessa compreensão pré-ontológica de ser
que não tem nenhum esclarecimento teórico de modo a torná-la
transparente.
“É por isso que se deve procurar, na analítica existencial do ser-aí, a ontologia
fundamental de onde todas as demais podem originar-se”
O ser-aí possui um primado múltipl frente a todos os outros entes.
Primado ôntico: está em o ser-aí ser ontológico, ele é determinad pela
sua existência.
Primado ontológico: pertence ao ser do ser-aí a compreensão de ser de
todos os outros entes que não possuem o modo de ser do ser-aí, ele é
ontológico.
Primado ôntico-ontológico: o ser-aí é condição de possibilidade de todas
as ontologias.
No entanto, dirá Heidegger, a analítica existencial possui razies
ônticas, existenciárias. O questionamento explícito pelo sentido de ser só
pode ser feito por aquele ente que existe faticamente.
“A questao do ser não é senão a radicalização de uma tendência
ontológica essencial, própria do ser-aí, a saber, da compreensão
pré-ontológica de ser.”