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E. B.

2, 3 Santos Simões
Ano letivo 2017/2018

Guião da Visita de estudo


9.º Ano
11.º Ano de História da Cultura e das Artes

Santuário e Montanha da Penha

13 de abril de 2018

História (3.º ciclo)


História da cultura e das artes

As Professoras,
Juliana Freitas
Paula Ferreira
Localização da Visita de estudo

Montanha da Penha
Distrito: Braga
Concelho: Guimarães

Guimarães
Guimarães é uma cidade portuguesa situada no Distrito de Braga, região do
Norte e sub-região do Ave (uma das sub-regiões mais industrializadas do país) e ainda à
antiga província do Minho, com uma população de 54 097 habitantes, repartidos por uma
malha urbana de 23,5 km², em 20 freguesias e com uma densidade populacional de 2223,9
hab./km².
É sede de um município com 240,95 km² de área e 158 124 habitantes,
subdividido em 69 freguesias, sendo que a maioria da população reside na cidade e na
sua zona periférica. O município é limitado a norte pelo município de Póvoa de Lanhoso,
a leste por Fafe, a sul por Felgueiras, Vizela e Santo Tirso, a oeste por Vila Nova de
Famalicão e a noroeste por Braga.

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É uma cidade histórica, com um papel crucial na formação de Portugal, e que
conta já com mais de um milénio desde a sua formação, altura em que era designada
como Vimaranes.
Guimarães é uma das mais importantes cidades históricas do país, sendo o
seu centro histórico considerado Património Cultural da Humanidade pela UNESCO
desde 2001, tornando-a definitivamente um dos maiores centros turísticos da região.
A Guimarães atual soube conciliar, da melhor forma, a história e consequente
manutenção do património com o dinamismo e empreendedorismo que caracterizam as
cidades modernas, que se manifestou na nomeação para Capital Europeia da Cultura em
2012, fatores que levaram Guimarães a ser eleita pelo New York Times como um dos 41
locais a visitar em 2011 e a considerá-la um dos emergentes pontos culturais da Península
Ibérica. Foi ainda Cidade Europeia do Desporto (CED), em 2013. Nesta última,
Guimarães foi distinguida como sendo a melhor CED de 2013.

Penha

A Montanha da Penha é o ponto mais elevado da cidade de Guimarães, tendo o


seu ponto mais alto a 617 metros acima do nível do mar, e dada a sua paisagem verde
abundante e envolvente assume-se como o “pulmão de Guimarães”1, com 60 hectares de
área verde preservada, e com as suas grutas e ermidas, cheias de lendas e tradições, e
também com miradouros e um parque de campismo. A Penha constitui um lugar repleto
de encantos e um verdadeiro templo de calma interior e introspeção.
O Santuário da Penha representa um dos locais de maior importância existentes
na Montanha da Penha, sendo um centro de peregrinação que faz deslocar muitos fieis,
principalmente da cidade e arredores, mas não só. O Santuário da Penha simboliza a fé
de Guimarães, traduzindo-se num monumento de enorme beleza e com um amplo valor
histórico, arquitetónico e religioso.
Posto isto, o local da Penha concentra o Património Material com o Santuário e as
suas grutas, capelas e ermidas, com o Património Imaterial e Religioso das festividades e
peregrinações religiosas que o local suscita, e com a sua vasta quantidade de lendas que
são transmitidas geracionalmente.

1
In, http://www.penhaguimaraes.com/pt/completo/47 (consultado em março de 2018).

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Património Material

A designação de um templo dedicado à Senhora da Penha confunde-se, desde o


fim do século XIX (altura em que se começou a pensar na edificação de um santuário)
até à atualidade, entre a adoção dos termos ora “igreja”2, ora “santuário”3. Talvez seja
mais apropriado ao termo “santuário” uma referência que se estenda a um conjunto
monumental que integra a Igreja de Nossa Senhora da Penha, esplanada defronte (isto é,
o amplo terreiro que se estende, num plano inferior, desde a escadaria da igreja até ao
cruzeiro do santuário) e o miradouro privilegiado sobre a cidade de Guimarães e
cercanias.
Depois da definição dogmática do Papa Pio IX, em 1854, e da edificação do
Santuário do Sameiro em glória da Imaculada Conceição de Maria, em 1864, a Penha
tornou-se cada vez mais apetrechada para o culto, através da construção de monumentos
e estruturas diversas. Sentiu-se a necessidade de um templo mais adequado ao espaço e
às manifestações religiosas: um santuário em honra da Imaculada Conceição.
O desejo de construção de um santuário dedicado à Virgem ganhou, pela primeira
vez, forma em projeto de João Fonseca Lapa, em 1897. A execução deste projeto chegou
a ser iniciada sem que no entanto, tivesse passado dos alicerces. Era adiada a
concretização do sonho de construção de um grandioso templo mariano. Apesar da falta

2
Do grego ekklesia, que significa “assembleia”, comunidade que se reúne dentro de um templo. Mas o
termo também se refere ao edifício. O cristianismo concebe a igreja precisamente como lugar destinado
a acolher assembleias, pelo que a arquitetura eclesiástica adapta-se à ideia de congregação, preenchendo
os requisitos da liturgia cristã. A Igreja da Senhora da Penha corresponde a este ideal arquitetónico, capaz
de conjugar adequadamente assembleias no interior e no exterior do templo religioso. Também por isso
o templo foi dedicado à Eucaristia, sacramento que faz da Igreja a assembleia do Corpo de Cristo.
Testemunha-o o Pelicano Eucarístico na fachada principal, enquanto símbolo do típico rito cristão da
fração do pão.
3
Um santuário nem sempre é uma igreja. É também um lugar, como a gruta de Lurdes, em França.

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de uma igreja adequada ao culto das massas, a Penha continuava a receber em
peregrinação muitos fiéis e a sua popularidade crescia com o passar dos tempos.
Mas o sonho da construção de um templo na Penha não esmoreceu, começando a
delinear-se quando, em 1930, é pedido ao arquiteto Marques da Silva a elaboração do
projeto para uma igreja. O projeto é apresentado em Junho de 1931 e de imediato se
iniciam as obras.
No dia 4 de Fevereiro de 1939 deflagrou um incêndio na capela-mor que destruiu
por completo o antigo retábulo do altar de talha dourada. Porém, as obras prosseguem,
demonstrando o arquiteto a vontade de ajudar, reconstruindo o que ficara danificado.
A Igreja da Penha constitui uma obra de influência Art Déco4, controlada e
adaptada às suas exigências tipológicas, institui-se como exemplo do paradigma de uma
modernidade, já pressentida nos aspetos estruturais de obras anteriores, como os Grandes
Armazéns Nascimento.
Na escolha do local de implantação pesou a necessidade de um amplo recinto para
a celebração campal da missa, de forma a responder aos gostos e representações dos
devotos. A funcionalidade do espaço deveu-se às necessárias formas populares de
celebração da fé:

“O sítio era já consagrado pelas cerimónias litúrgicas,


enfrentando o campo da esplanada, à margem do talude da montanha
que se desenvolve em declive até à cidade. A disposição da planta da
igreja era resultante desta localização eminente, com a frente voltada
para a esplanada, tendo por dominante o altar móvel, a colocar no
peristilo5 nos dias de missa campal, e com a torre, na parte posterior,
rematada pela cruz, recortada frente à cidade, a iluminar nos dias de
grandes cerimónias. O alçado principal é o coroamento natural do
altar, com o gablete6 estilizado (eu cujo o vértice se insere o pelicano

4
Art déco é um movimento artístico internacional que começou na Europa em 1910, conheceu o seu
apogeu nos anos 1920 e 1930 e teve o seu declínio entre 1935 e 1939. O conceito de Art Déco é
referenciado a uma moda ou gosto decorativo emergente da modernidade urbana, de padrões
geométricos e estilizados, percorrendo objetos, interiores arquitetónicos ou artes gráficas. Privilegia a
linha reta e os motivos geométricos e estilizados.
5
O Peristilo é a galeria de colunas que rodeia um edifício ou parte dele; ou o recinto rodeado de colunas.
6
Gablete é uma parede ornamental triangular, construída sobre um arco, vão de porta, portal ou janela.
Foi muito utilizado na arquitetura gótica para proporcionar uma maior ilusão de verticalidade aos
edifícios. O gablete triangular da fachada principal da igreja da Penha remete para a tradição gótica de
enfatização dos portais de entrada nas igrejas.

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eucarístico7), rematando o primeiro nível da fachada, com ampla
padieira, apoiada em duas colunas lisas de suporte e isentas, gerando
um espaço vestibular.” (CARDOSO, 1994: 149).

A amplitude da esplanada é propícia a grandes manifestações exteriores. A igreja


está na margem da montanha, como que debruçada no declive que a liga à cidade lá em
baixo. Marques da Silva reservou a fachada principal ao espaço sagrado da montanha,
virado para a esplanada, voltando à cidade a fachada posterior da igreja.
O espaço interior da Igreja da Penha é formado por uma nave de planta quadrada
à qual se junta uma capela-mor, de planta retangular alongada, ladeada por dois pequenos
nichos, destinados a altares laterais, e pelas sacristias. Ao quadrado perfeito da nave da
igreja corresponde um outro, concêntrico com este, delimitado por quatro colunas e pela
elevação da cobertura, sobre ele. A torre sineira aparece colocada na parte posterior da
igreja, a sua a forma, em planta, é também quadrangular, reduzindo-se o seu espaço
interior à caixa de escadas de acesso aos sinos.
“O interior é formado de nave quadrada própria a cerimónias
processionais mesmo dentro do templo. Quatro altas colunas
determinam a circulação. Como altares, apenas o da capela-mor e dois
laterais, secundários. Um coro com acesso por duas escadas de pedra.”

A capela-mor é ladeada por dois pequenos nichos para altares laterais iguais e
colocados simetricamente. Em conjunto, a capela-mor e estes dois nichos laterais
constituem os únicos locais reservados à colocação de imagens e símbolos religiosos
sendo todo o resto da nave desprovido de qualquer outro motivo religioso. Há uma clara
intenção de focalizar a atenção dos crentes apenas no plano de topo da igreja.
A fachada principal assume-se como pano de fundo da celebração em dia de missa
campal, sendo por isso um elemento fundamental na definição formal do edifício.
Elevando-se ao nível do campo em frente à igreja, esta fachada é precedida por uma
escadaria de vários lanços que estabelece um embasamento para o edifício. Marcada por
um núcleo central de entrada e por uma simetria absoluta de elementos em relação a esse

7
O Pelicano Eucarístico é um símbolo católico que apresenta relação direta com a refeição por excelência,
a Eucaristia, uma vez que Cristo deu seu próprio sangue para alimentar o povo. Assim, o pelicano, ave
grande que vive em regiões aquáticas, apresenta relações diretas com o sacrifício de Jesus afinal, segundo
a Lenda do Pelicano Eucarístico, na falta de peixes para alimentar seus filhotes, o pelicano bica o próprio
peito oferecendo sua carne e sangue para os filhos.

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núcleo, nesta fachada, destaca-se um gablete triangular alongado, encimado por uma cruz
de remate. Esse gablete sobrepõe-se a uma abertura dividida por um reticulado granítico,
preenchido por pequenos vitrais que iluminam o interior da igreja.
O granito é o material predominante na imagem da igreja da Penha, tendo sido
usado em dois tons e também com diferentes tratamentos, de modo a destacar elementos
preponderantes na composição das fachadas. No interior da igreja, o betão e o granito são
os materiais empregues. “No monumento domina a construção de pedra, material este
que se arranca do próprio solo em que está assente. Quer no exterior, quer no interior
aparece a pedra no seu aparelho rude como elemento de construção e de decoração.”8
Nesta igreja existe uma hierarquização das entradas, correspondendo a principal
à fachada voltada ao campo aberto que a precede. Também existe, duas entradas,
simétricas, feitas através das fachadas laterais. De acordo com a Memória Justificativa do
projeto, estas têm como objetivo «a evacuação fácil do público».
Na Igreja da Penha estamos perante um edifício de caráter singular, tal qual, o
arquiteto se propôs a projetor “qualquer coisa de próprio e adequado, de expressão e de
moderno (…) um edifício de caráter particular e muito próprio da situação que ocupa…”9
O resultado final da Igreja da Penha tem, efetivamente, as caraterísticas às quais
o arquiteto se propunha: é um edifício singular pela sua localização e também pela sua
imagem.

O arquiteto José Marques da Silva


Nasceu no Porto, a 18 de outubro de 1869 e faleceu no dia 6 de junho de 1947, no
Porto. Frequentou em 1882, na antiga Academia Portuense de Belas-Artes do Porto, o
curso de Arquitetura Civil, mas também o 3.º ano de Escultura e o curso de Desenho
Histórico. Aqui foi aluno de nomes de referência como o escultor António Soares dos
Reis e o pintor João Marques de Oliveira.
No ano letivo de 1889/1890 termina o curso e parte para Paris, onde frequentou a
Escola Nacional e Especial das Belas Artes de Paris (École Nationale et Spécial de Beaux-
Arts). Durante este período, num contexto de Belas-Artes (Beaux-Arts), frequenta o ateliê
de Victor Laloux, autor de projetos como a Gare de Tours e a Gare d`Orsay. A cidade de

8
Marques da Silva: Memória Justificativa do Projeto.
9
Marques da Silva, Carta a José Gilberto Pereira, datada de 11 de Maio de 1930, na qual o arquiteto
aceita realizar o projeto da Igreja da Penha.

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Paris celebrava as exposições universais com símbolos, como a Torre de Gustave Eiffel,
caraterísticos de uma nova expressão arquitetónica que prenunciava a cidade moderna.
Passado 6 anos de ser admitido na Escola Nacional e Especial das Belas Artes de
Paris, obteve o diploma de Arquitetos Diplomados pelo Governo Francês, em 1896.
Fortalecido pelo título e pela cultura cosmopolita parisiense, num ambiente de Belle
Époque, que nunca abandonaria, Marques da Silva regressa a Portugal. Assim, e pelas
suas qualidades, o arquiteto veria o seu percurso coincidir com o do ensino e em 1900 é
nomeado professor de Desenho do Instituto Industrial e Comercial do Porto. Em 1906 é
também nomeado professor da cadeira de Arquitetura Civil, na Academia Portuense de
Belas-Artes do Porto, onde exerceu o cargo de diretor até 1939. As boas práticas do
desenho e rigor projetual foram a base da sua filosofia enquanto profissional e educador,
fato que lhe permitiu ser o mentor ideal de algumas das melhores gerações de arquitetos
modernos. O arquiteto dedicava a mesma atenção e empenho a todos os projetos, fossem
eles grandes obras públicas, pelos quais ficou célebre, habitações ou simplesmente
jazigos funerários.
Autor de inúmeros e distintos projetos destacam-se alguns dos principais, entre eles:
❖ A Estação de S. Bento, Porto (1896-1916);
❖ O Teatro Nacional S. João, Porto (1909-1920);
❖ A Sociedade Martins Sarmento, Guimarães (1899-1908);
❖ O Monumento Comemorativo do Centenário das Guerras Peninsulares, na
Rotunda da Boavista, Porto (1909);
❖ Os Grandes Armazéns Nascimento (1914-1927), Porto;
❖ A participação no projeto Casa e Jardins Serralves (1925-1943);
❖ O Santuário da Penha (1930-1947);

Património Imaterial

Começamos por fundamentar a pertinência do património imaterial da Penha,


observando a proximidade e enraizamento da religião católica, através do seu património
arquitetónico e religioso, da sua mensagem divina ou dos seus manifestos ritos de culto,
no imaginário dos fiéis e na vivência comunitária vimaranense, em particular. Um pouco

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por todo o concelho de Guimarães (como na maior parte de Portugal em geral) são visíveis
as influências do cristianismo sobre a vida quotidiana, fazendo as pessoas depositar fé na
tradição oral, nos momentos de reverência e de devoção coletiva, vividos por uma
comunidade fundamentalmente crente.
No caso do planalto da Montanha da Penha, o retorno inspirador do passado
permitiu a construção social de um espaço sagrado homólogo aos primeiros montes
sacros, com vários locais de culto, evocações divinas condizentes, imagens iconográficas,
associações religiosas, rituais sagrados, festas litúrgicas, etc.
As caraterísticas do espaço condicionantes para um processo gradual de ocupação
sacralizada prendem-se à própria elevação montanhosa, aos penedos e grutas naturais
existentes de forma aleatória e caprichosa e aos respetivos batismos/nomes (quer dos
penedos e das grutas, quer da própria serra e das edificações religiosas posteriores, como
os cruzeiros, oratórios, nichos, capelas, etc) associados às várias entidades divinas. A
Montanha da Penha, e em particular a sua “crista”, carrega um significado fundado em
crenças resultantes de um passado mitificado, e representa um espaço que recebe,
segundo acreditam os fiéis peregrinos, a proteção das entidades divinas.
Objeto de apropriação espiritual por parte dos crentes, a Montanha da Penha
tornou-se familiar e conhecida essencialmente pelos mais de trezentos anos (desde 1702)
de evocações e dedicações à Virgem Maria, tributada e hospedada em vários marcos na
sacralização dos espaços: nichos, alminhas, edículas, oratórios, capelas ou igrejas, e
mostrando a primordial importância do culto mariano no local. Segundo se acredita, a
invocação à Senhora da Penha surgiu no ano de 1702, quando um ermitão de nome
Guilherme Marino veio de muito longe (Itália ou França), e depois de deambular por
terras da Galiza e do Norte de Portugal, escolheu a cumeeira da Montanha da Penha para
se fixar numa das várias grutas naturais, e de acordo com os seus desígnios espirituais,
considerou o local propício à vida contemplativa. Adaptada a gruta, o ermitão terá
mandado esculpir em Braga uma pequena imagem da Virgem e a terá colocado para
devoção na dita formação rochosa. O ato constituiu o momento fundador da gruta como
ermida da Nossa Senhora do Carmo. Esta colocação de uma primitiva imagem da Virgem
numa rocha/penha, por parte do ermitão fundador do culto e do processo de sacralização
do espaço, fundamenta a denominação da Montanha e também de Maria enquanto formas
de expressão devocional.

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Falámos do ano 1702 como um momento fundador, porque é uma data em que se
regista pela primeira vez a utilização do espaço não só para fins espirituais e religiosos,
mas também dedicado à prática do culto mariano. Desde a fixação, na Penha, do ermitão
e a adaptação da gruta em local de culto à Virgem até à atualidade, decorreu um processo
de ocupação sagrada do espaço.
Relativamente aos cultos praticados na Montanha da Penha, o elemento pedra
posiciona-se nos processos de significação mitológica da fé: I) penha significa rocha,
penhasco ou fraguedo; II) a Serra de Santa Catarina é caraterizada pela existência de
muitas e enormes pedras graníticas; III) o ermitão Guilherme colocou uma imagem da
Virgem sobre uma penha, fundando o culto, iniciando o processo de sacralização do
espaço e fundamentando a denominação da montanha e da representação mariana
enquanto local e forma de expressão devocional; IV) o templo primitivo do culto mariano
no planalto da montanha tem um altar de pedra; V) o inicio da construção de qualquer
infraestrutura ou monumento é sempre precedido pelo ato solene de se colocar uma pedra
angular , precisamente a primeira e mais fundamental, sobre a qual as outras se erguerão;
VI) tal como Jesus Cristo confiou no apóstolo Pedro a fundação da Igreja, aos conjuntos
rochosos, os homens atribuíram um significado transcendental, com um simbolismo
ditado pelas condições do território.
Conforme o que consideram ser a tradição a preservar os devotos rendem culto
aos símbolos, venerando imagens e relíquias um pouco por toda a parte, com festas que
assinalam as virtudes conhecidas das entidades divinas. As imagens iconográficas
tornam-se, quase sempre, o centro das atenções nas práticas de culto. São várias as
festividades religiosas que têm lugar anualmente no alto da Penha, patrocinadas pelas
coletividades concelhias ou pela Irmandade de Nossa Senhora do Carmo da Penha, esta
última tem ao seu encargo a conservação e manutenção do Santuário e a zona da mata
envolvente. Deste modo, as festas religiosas da Montanha da Penha são as seguintes: a
peregrinação anual concelhia à Penha (realiza-se todos os anos no segundo domingo se
setembro, e representa a maior festividade da Penha, e das principais festas religiosas de
Guimarães); festa à Nossa Senhora do Carmo (no domingo seguinte ao dia da Padroeira
que é dia 16 de julho); festa a São Cristóvão (segundo domingo de agosto); e a festa a
Santa Catarina (no domingo imediato após o dia evocativo da entidade, neste caso 16 de
junho).

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A Montanha da Penha foi, e continua a ser, uma grandiosa fonte de encanto nas
suas lendas. Umas das suas mais bonitas e mais conhecida pelos vimaranenses é a lenda
de Santa Catarina, a mesma conta que certo dia uma pastora, de seu nome Catarina, ao
avistar do cimo da Montanha da Penha um exército de mouros a avançar em direção à
Montanha destruindo tudo ao seu redor, não teve mais onde se apoiar, a não ser rezar. De
repente, como uma inspiração divina algo chama o seu rebanho, e nas pontas dos cornos
de cada uma das suas ovelhas Santa Catarina acende um archote. Devagarinho as ovelhas,
como um disciplinado exército, descem a Penha, como um rio de luz, de clarões
iluminados. Os mouros, julgando ser um exército de homens, recuam e vão embora. A
pastora Santa Catarina agradece e continua com o seu rebanho. Segundo a mesma lenda
uma pedra com formato de cama junto à Capela de Santa Catarina era o local onde a
menina pastora repousava quando se encontrava no cimo da Montanha com o seu
rebanho.
Parece-nos que o papel explicativo e normativo dos mitos nas complexas
sociedades contemporâneas permanece vital para as consciências e comportamentos
sociais, porque os mitos são narrações de histórias sagradas. O Pensamento mítico é
também uma linguagem, algo que depois de criado ou formado, serve de transmissão e
de preservação.
Os fenómenos de importância coletiva são
verbalizados pela aplicação de contos tradicionais. Esses
fenómenos são os da vida social, do ritual religioso, do
medo dos fenómenos da Natureza, da experiência da
doença; e outros problemas gerais da sociedade humana.
Uma parte do seu valor está na simples existência
de um fundo de experiência partilhada e verbalizada.
(PEREIRA, 1998: I, 300).
Com efeito, a memória social é a responsável pela construção de uma consciência
comunitária sobre as “coisas” do passado. Através das lendas e “estórias” que nos
chegaram através da cultura imaterial e as premissas enunciadas, este local parece ter-se
assumido como um “lugar” carregado de significações simbólicas, passadas de geração
em geração, o que proporcionaria às populações que o frequentaram e que aí participaram
em diversos atos e cerimónias, um sentimento de pertença, além de experiências

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emocionais e, simultaneamente, integrativas num universo cognitivo comum, daí também
a enorme importância das festas religiosas como um elemento simbólico da Penha.

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Programa da Visita de Estudo

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Objetivos da visita de Estudo

Como professoras estagiárias do núcleo de Guimarães, decidimos que uma visita


de estudo à deslumbrante riqueza da Penha seria o ideal para cumprir com o que nos foi
proposto na Unidade Curricular de Problemáticas Históricas para dinamizar uma
atividade.
Considerámos que as temáticas relacionadas com o centro histórico de Guimarães
já são muito abordadas e não era esse o caminho que pretendíamos percorrer, pelo que o
nosso objetivo é chamar a atenção dos nossos alunos de 9.º ano e 11.º de História e Cultura
das Artes, como também dos nossos colegas e Professores da FLUP para uma temática
não tão abordada, como a do notável património material (por exemplo, com a belíssima
obra do Santuário da Penha, projetada pelo arquiteto José Marques da Silva, sendo uma
temática abordada no programa de História e Cultura das Artes de 11.º ano) e imaterial
(com as suas peregrinações, festas e lendas que marcam várias gerações).
Para o efeito, delineámos um conjunto de objetivos que pretendemos atingir com
a realização desta visita de estudo à Montanha da Penha:
1. Documentar valores materiais, culturais e naturais da Penha no Presente,
relacionando com o seu passado.
2. Observar a arquitetura portuguesa de José Marques da Silva.
3. Evidenciar a importância assumida pela Penha na memória afetiva dos
vimaranenses.
4. Convidar os visitantes a olhar de forma retrospetiva para o passado da
Penha.
5. Promover o conhecimento do património histórico, artístico, cultural e
natural português e sensibilizar para a sua salvaguarda e preservação.
6. Promover o trabalho em grupo entre os discentes e docentes, e desenvolver
as competências de comunicação com os respetivos convidados.

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Estratégias utilizadas

Para o desenvolvimento da nossa atividade/visita de estudo foi projetada uma


planificação, assente nas seguintes estratégias:
1. Preparar a visita de estudo com uma aula expositiva de contextualização
histórico-cultural.
2. Fornecer materiais de apoio aos alunos (textos, planos de trabalho e
metodologias de análise).
3. Estabelecer o roteiro e programa das atividades e os objetivos da visita.
4. Organizar os grupos de trabalho e planificar tarefas que cada grupo ficou
incumbido de desenvolver.

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