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; Classe A

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Aurélio Lobo
Guia do

Classe A
1ª edição

Autor
Aurélio Lobo
SUMÁRIO

05 Isenção de Responsabilidade
07 Direitos autorais
08 Sobre o autor
10 Seja bem-vindo
13 Introdução
16 Dica 1: Não seja inconveniente! Identifique o “NÃO” antes que ele seja dito.
23 Dica 2: Não espere um convite para dançar!
30 Dica 3: Não Recuse a primeira Dança.
33 Dica 4: Nunca diga: “Você não esperou a Condução!” (dica para os homens)
40 Dica 5: Nunca diga: “Você não me conduziu!” (Dica para as mulheres)
48 Dica 6: Não ensine passos no salão.
53 Dica 7: Não peça passos ao homem durante a dança.
59 Dica 8: Não convide alguém durante a dança.
63 Dica 9: Respeite o salão.
66 Dica 10: Toda pessoa sabe algo que você não sabe e vice-versa.
69 Dica 11: Plante gentileza e colha danças.
80 Dica 12: Quer ir mais rápido? Então, vá com calma!
88 Dica 13: Desfrute da dança sem desrespeitar o nível de quem está dançando
com você.
SUMÁRIO

93 Dica 14: Sorria! Você está dançando.


96 Dica 15: Tenha um convite efetivo (perceba os sinais).
104 Dica 16: Tenha um abraço extraordinário.
111 Dica 17: Finalize a dança com maestria.
119 Dica 18: Valide as pessoas com sinceridade.
124 Dica 19: Compre um sapato de dança.
130 Dica 20: Cuide bem da aparência e da higiene.
143 Dica 21: Antes de ir embora, não se esqueça de se despedir.
147 Dica 22: Dance com e para o seu par.
155 Dica 23: Treine os passos até esquecê-los.
165 Dica 24: Não tem talento para dança? Parabéns, você tem muitas chances de
dançar melhor que os talentosos.

176 Dica 25: Vá ao Forró.


181 Dica 26: Se esbarrar em alguém, peça desculpas.
188 A Colheita.
ISENÇÃO DE
RESPONSABILIDADE

Todas as informações contidas neste guia são pro-


venientes das minhas experiências com o aprendi-
zado e ensino do forró ao longo de 15 anos de es-
tudos. Embora eu tenha me esforçado ao máximo
para garantir a precisão e a mais alta qualidade des-
sas informações, e acredite que todas as técnicas e
os métodos aqui ensinados sejam efetivos para qual-
quer forrozeiro ou forrozeira, desde que seguidos
conforme instruídos, os métodos ou as informações
não foram cientificamente testados ou comprovados,
e não me responsabilizo por erros ou omissões. Sua
situação e/ou condição particular pode não se ade-
quar perfeitamente aos métodos e às técnicas ensi-
nados neste guia. Assim, você deverá utilizar e ajus-
tar as informações aqui descritas de acordo com sua
situação e suas necessidades.

5
Todos os nomes de marcas, produtos e serviços men-
cionados neste guia são propriedades de seus respec-
tivos donos e são usados somente como referência.
Além disso, em nenhum momento há a intenção de
difamar, desrespeitar, insultar, humilhar ou menos-
prezar você, leitor, ou qualquer outra pessoa, cargo
ou instituição. Caso qualquer escrito seja interpreta-
do dessa maneira, gostaria de deixar claro que não
houve nenhuma intenção de minha parte em fazer
isso. Caso você acredite que alguma parte deste guia
seja, de alguma forma, desrespeitosa ou indevida
e deva ser removida ou alterada, pode entrar em
contato diretamente comigo através do e-mail
contato@dancandoeaprendendo.com.br

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DIREITOS
AUTORAIS

Este guia está protegido por leis de direitos autorais.


Todos os direitos sobre ele são reservados. A ven-
da, a cópia ou a reprodução do conteúdo do guia em
sites, blogs, jornais ou quaisquer outros veículos de
distribuição e mídia são crimes. Qualquer tipo de
violação dos direitos autorais estará sujeita a ações
legais.

7
SOBRE O
AUTOR

Opa, meu nome é Aurélio, sou professor de dança e


um apaixonado pela arte de ensinar. Eu e minha par-
ceira e esposa, Neiliane, somos criadores do projeto
Dançando e Aprendendo: Escola de Dança On-line.
O projeto se apropria da internet e das mídias sociais
para levar conteúdo de valor realmente relevante
para você que, assim como, nós é um(a) amante da
dança.

Há 15 anos que eu estou na fabulosa jornada da dan-


ça, e há pelo menos 12 anos atuo como professor.
Hoje, já são mais de 5.300 horas/aula ministradas, e,
com elas, muito aprendizado e muitas vidas impac-
tadas através da dança. Durante todo esse tempo, só
se fortalece em mim o desejo de ajudar pessoas a dan-
çar de maneira lúdica, fácil, divertida e efetiva. Não
me canso de conhecer novas pessoas que chegam até
mim tímidas, introspectivas e até desconfiadas de
seus próprios potenciais e, meses depois, olham para

8
o caminho percorrido e desfrutam do lugar que che-
garam, antes sequer imaginado como possível. Mi-
nha missão é tornar o aprendizado da dança mais
simples, mais desfrutável, mais divertido e, acima de
tudo, fazer com que os meus alunos se percebam ca-
minhando na direção certa.

Afinal de contas, um pequeno passo na direção certa


vale mais do que uma corrida inteira na direção er-
rada.

9
SEJA
BEM-VINDO

Quero lhe dar as boas-vindas ao Guia do Forrozeiro


Classe A. Se você baixou esse E-book é porque almeja
ser um(a) forrozeiro(a) muito melhor, e eu o(a) res-
peito por essa decisão. Em retribuição a sua atitude,
nós (Neiliane e eu) não mediremos esforços para que
você se sinta transformado(a) ao fim dessa leitura,
e, com a transformação, venham novos resultados.
Lembre-se, porém, que “Saber e não fazer, é não sa-
ber” (assim dizia Lao Tsé). Portanto, os atos de ler
esse E-book e não pôr os novos conhecimentos em
prática não trarão novos resultados.

Você faz parte do grupo de pessoas que querem mais


da dança e, principalmente, que acreditam que po-
dem mais. Se isso fosse uma inverdade, você não
estaria aqui buscando conhecimento. Eu agradeço a
você pela atitude. A dança e o mundo precisam de
pessoas que querem mais da vida e que buscam ser
melhores.
Afinal de contas:
10
Por que continuar
sendo a mesma pessoa
de sempre, se você
pode ser alguém muito
melhor?
Richard Bandler

11
Peço licença a Richard Bandler e questiono:

Por que continuar sendo


o mesmo forrozeiro(a)
de sempre, se você pode
ser um(a) Forrozeiro(a)
Classe A?

Dito isso, podemos seguir.


Boa leitura e, principalmente, bom aprendizado.

12
INTRODUÇÃO

Você já se perguntou por que algumas pessoas dan-


çam a noite toda e outras não? Ou você já se ques-
tionou por que algumas pessoas são chamadas para
dançar com frequência e têm sempre uma lista de es-
pera de mais e mais pessoas querendo dançar com
elas, enquanto outras passam horas para conquistar
um único convite?

O mais curioso é que nem sempre as pessoas que


dançam menos são as que dançam mal (ou princi-
piantes), assim como nem sempre as que dançam
bem são as que desfrutam de mais danças.

Em meio aos meus 15 anos de dança, aprendi que


só o fato isolado de dançar bem NÃO garantirá uma
noite divertida com inúmeras pessoas predispostas a
dançar com você.

13
Já presenciei casos de profissionais da dança que fo-
ram a festas dançantes em outros estados, em que a
fama deles não havia chegado, e ficaram a noite sen-
tados sem dançar sequer uma música. Assim como já
tive o privilégio de presenciar alunos de nível inter-
mediário e até de nível básico, retornando do forró
extremamente felizes e alegando o contrário disto,
de que haviam dançado todas as músicas possíveis.

Será sorte de principiante?


Minha experiência diz que não. Chamo isso de "co-
lheita", um pouco mais adiante falarei sobre isso!

Também não estou dizendo que dançar bem, que


melhorar o nível de dança, que dançar com leveza e
desenvoltura não sejam fatores importantes. O que
afirmo, com muita segurança, é que esses princípios
são técnicos e a excelência deles farão de você um
ótimo dançarino ou uma ótima dançarina, nunca,
porém, serão elementos determinantes para torná-

14
-lo(la) um Forrozeiro ou uma forrozeira classe A top
das galáxias. Para tanto, você precisa de um conjun-
to de ações que, de maneira integrada, o(a) conduzi-
rá a esse desejado status.

Aperte o cinto e me acompanhe nessa jornada onde


ensinarei, em detalhes, os hábitos que farão de você
um forrozeiro ou uma forrozeira classe A.

15
DICA 1:

Não seja
inconveniente!
Identifique o
“NÃO” antes que
ele seja dito.
DICA 1
Não seja inconveniente! Identifique o
“NÃO” antes que ele seja dito.

Essa é uma das sacadas que eu mais demorei a


aprender.

Hoje as damas fazem fila para dançar comigo. Às ve-


zes, eu recebo agendamento inbox, em redes sociais,
para dançar no baile (acredite se quiser), mas nem
sempre foi assim.

No passado eu recebia o NÃO incontáveis vezes.


Sou extremamente grato a todas as damas que me
disseram "NÃO", pois foi graças a elas que hoje eu
me tornei um perito em antever nãos e a agir acer-
tadamente para mudar o jogo a meu favor em um
curto espaço de tempo.

Uma informação preciosa que tardou muito o meu


progresso em reconhecer o "NÃO" foi o de não per-
ceber que, raramente, uma dança é negada de ma-
neira franca, assim:
Não! Eu não quero dançar com você!

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DICA 1
Não seja inconveniente! Identifique o
“NÃO” antes que ele seja dito.

Dito isso, você deve estar aí se perguntando: Aurélio,


mas você acabou de dizer que já recebeu incontáveis
nãos?

Sim, realmente eu falei, porém, todavia, entretanto é


de extrema importância que você aprenda a reconhe-
cer os sinais que as pessoas fazem quando não que-
rem dançar com você. Elas fazem isso para anular o
seu convite antes que ele aconteça, e, assim, evitar o
constrangimento de ter que recusar o convite ou até
mesmo de ter que dançar, a contragosto, por educa-
ção.

E quais são esses sinais?

Sinal 1: virar o olhar fingindo não está notando o seu


desejo em realizar um convite.

Esse é o mais clássico e mais comum dos sinais. Isso


ocorre porque a pessoa que você está tentando con-
vidar tem um “pré-conceito” sobre você. Eu aqui não
18
DICA 1
Não seja inconveniente! Identifique o
“NÃO” antes que ele seja dito.

me refiro ao pré-conceito no sentido conceitual da


expressão e sim no sentido etimológico. Ou seja, a
pessoa já tem um conceito prévio de quem você é
(ou de como você dança) antes mesmo de conhecer
ou dançar com você.

Não leve isso para o lado pessoal, pois é apenas um


instinto do ser humano. Nós, constantemente, bus-
camos antever as coisas que podem dar certo e, tam-
bém, as que podem dar errado. Isso ocorre porque fo-
mos ensinados a nos proteger (ou proteger alguém)
de coisas que podem dar errado, ou até mesmo nos
antecipar para coisas que imaginamos ser interessan-
tes, muitas vezes isso acontece inconscientemente.

Em uma pior hipótese e menos reversível, a pes-


soa tem um pós-conceito sobre você. Neste caso,
vocês, provavelmente, já dançaram e algo não
agradou a essa pessoa. Existe também a possibi-
lidade de você ter dançado com uma amiga ou
com um amigo dessa pessoa e a tal amiga ou o
19
DICA 1
Não seja inconveniente! Identifique o
“NÃO” antes que ele seja dito.

amigo contraindica dançar com você.

Em ambos os casos, o importante é reconhecer que


a pessoa não está predisposta a dançar naquele mo-
mento, portanto, eu não aconselho insistir (ao lon-
go do texto eu ensinarei diversas formas de reverter
essa situação de modo simples e eficaz, dessa forma,
não se preocupe).

Existe também uma terceira hipótese, na qual a pes-


soa em questão pode estar ocupada no momento. Os
motivos que a ocupam podem ser inúmeros. Veja
alguns exemplos: A pessoa pode estar aguardando
uma comida que pediu; pode estar indo ao banheiro;
pode estar cansada; pode estar indo embora do for-
ró; pode está aguardando uma dança que agendou
com alguém muito especial para ela; pode estar em
meio a uma conversa superinteressante; pode estar
com uma roupa ruim para dançar (no caso de mu-
lheres); pode ter se machucado; pode até ter ido ao

20
DICA 1
Não seja inconveniente! Identifique o
“NÃO” antes que ele seja dito.

forró com um sapato ruim para dançar e desistiu de


tentar por estar machucando os pés etc.

Veja, nesses exemplos, que nem sempre o NÃO é


pessoal, mas é de extrema importância que ele seja
antevisto e respeitado, caso contrário, você poderá
ganhar a má fama de uma pessoa chata.

Você gostaria de ser conhecido(a) como uma pessoa


“chata”?

Eu desejo, com todas as minhas forças, que você te-


nha gritado NÃÃÃÃOOOO.

Sinal 2: convidar outra pessoa para dançar, rapida-


mente, ao perceber que você se aproxima.

Este é um forte sinal de NÃO. Neste caso, eu acon-


selho não investir em novas tentativas para dançar
com essa pessoa (pelo menos neste dia), pois está

21
DICA 1
Não seja inconveniente! Identifique o
“NÃO” antes que ele seja dito.

claro que não será uma dança agradável e, caso você


venha a efetuar o convite, o NÃO será bem redondo
(vá por mim, eu falo por experiência própria).

Sinal 3: ao sentar ao lado da pessoa (ou ao ficar bem


próximo a ponto de poder conversar), ela (ou ele) en-
contra um jeito de demonstrar cansaço.

Esse é um sinal mais difícil de ser reconhecido, mas


por outro lado é bem óbvio que a pessoa não está
disposta para dançar. Talvez a pessoa em questão
não esteja disposta para dançar com ninguém (mais
uma vez não trata-se de um NÃO pessoal).

22
Dica 2:

Não espere um
convite para
dançar!
DICA 2
Não espere um convite para dançar!

Se você, realmente, deseja ser alguém com quem to-


dos querem dançar, será imprescindível aderir essa
mentalidade.

Conheci e conheço muitas pessoas que preferem fi-


car culpando os outros pelas suas não-danças. Elas
dizem: Fulano não quer dançar comigo! Fulana não
me chamou para dançar! Sicrano dançou com todo
mundo menos comigo! Não vou mais para o forró
X,Y,Z porque lá ninguém me chama para dançar.

Que tal trocar esse sentimento, que sem dúvidas não


traz bons resultados, pela ação de convidar mais pes-
soas para dançar? Que tal criar as oportunidades de
dançar mais vezes e com mais pessoas?

24
DICA 2
Não espere um convite para dançar!

Insanidade é continuar
fazendo sempre a
mesma coisa e esperar
resultados diferentes.
Albert Einstein

25
DICA 2
Não espere um convite para dançar!

Desculpe-me se fui muito duro agora, acontece que


eu estou muito comprometido em ajudá-lo(a) e, para
isso, será necessário eliminar tudo que o atrapalha
na busca desse objetivo que temos em comum, que é
fazer de você um(a) forrozeiro(a) classe A.

Agora é a hora de você ganhar uma sacada incrível.


Existe uma teoria que alguns pesquisadores chamam
de lei da reciprocidade. Você provavelmente já foi
tomado pelo desejo de ser recíproco várias vezes.
Certamente alguém já lhe deu alguma coisa muito
importante em seu aniversário (ou em outra data es-
pecial) e você, pulando de alegria, agradeceu a essa
pessoa e quando chegou o dia do aniversário da tal
pessoa querida, você deu a ela um presente ainda
melhor (melhor não quer dizer mais caro e sim mais
significativo).

Vou dar um exemplo de reciprocidade que acontece


comigo. Às vezes, eu gosto de preparar o café da ma-
nhã para a Neiliane e acordá-la com este na cama e
26
DICA 2
Não espere um convite para dançar!

com uma música que gostamos. Ela sempre fica mui-


to feliz e, em 100% das vezes em que eu faço isso, ela,
no dia seguinte, acorda ainda mais cedo e prepara
o meu café da manhã com tudo que eu mais gosto e
com direito, também, à música especial. Isso se cha-
ma reciprocidade.

Agora você deve estar aí achando tudo lindo, po-


rém, perguntando-se o que é que isso tem a ver com
a dança e/ou não tem a mínima ideia de como isso
pode beneficiá-lo no forró.

Pois bem, a raça humana aprendeu a ser recíproca


e, no forró, isso não é diferente. Se você convidar al-
guém para dançar de forma correta (ao longo do tex-
to eu darei dicas infalíveis de como convidar alguém
para dançar), essa pessoa se sentirá na “obrigação”
de retribuir a gentileza (pode até não ser no mesmo
dia, contudo, cedo ou tarde ela retribuirá).

Ps.: Antes de convidar alguém, é de suma impor-


tância levar em consideração a Dica 1 desse E-book.
27
DICA 2
Não espere um convite para dançar!

Infelizmente, há muito machismo na cultura brasi-


leira, e, por mais paradoxal que isso possa parecer,
muitas mulheres são machistas, o que as impedem
de convidar mais, já que carregam a crença de que tal
papel é de exclusividade dos homens.

O machismo é um câncer, para a humanidade, que


não tem benefícios. Esse mal leva muitas mulheres
inteligentes, fortes e capazes a acreditarem que elas
não podem isso ou aquilo. Cá entre nós, isso é uma
mentira muito mal elaborada que nos contaram um
milhão de vezes até acreditarmos.

É fato que todos nós temos reflexos desse mal em


nossas vidas, alguns de nós em maior proporção, ou-
tros em menor. Caso seus professores de forró tam-
bém sejam vítimas do machismo, eles levarão você a
acreditar que mulheres não convidam para dançar,
e, para progredirmos no texto e com o aprendizado,
é indispensável que você resete este Mindset.

28
DICA 2
Não espere um convite para dançar!

Neiliane e eu fazemos sempre uma pesquisa em sala


de aula com os nossos alunos homens, perguntando
se eles gostariam de ser convidados por uma mulher
para dançar. Em, pelo menos, 98% dos casos, eles
afirmam que gostariam (muitos até dizem que se
sentiriam lisonjeados). O mais surpreendente vem a
seguir, quando nós reformulamos a pergunta para se
eles preferiam ser convidados ou ter que convidar.
Em 65% dos casos eles preferem ser convidados a ter
que convidar.

Quando se tem em mente a possibilidade e atitude


de convidar para dançar, a probabilidade de dançar
mais vezes é triplicada, pois agora você dança quan-
do convida e dança quando é convidado(a). Parece
óbvio, mas muita gente ainda não levou em conside-
ração essa possibilidade.

#ficaadica. ;)

29
Dica: 3

Não Recuse
a primeira
Dança.
DICA 3
Não recuse a primeira dança.

Quem é Forrozeiro Classe A sabe que há sempre a


possibilidade para novas experiências incríveis e,
normalmente, elas surgem quando menos espera-
mos. Ao dar um voto de confiança às novas experi-
ências dançantes, é provável atrair também muitas
danças ruins, contudo, você terá o privilégio de des-
frutar de muitas danças realmente marcantes, que
pagam a noite e que trazem novas amizades.

Ps.: A expressão "Danças Ruins", neste caso, não faz


referência ao nível principiante de dança ou baixa
quantidade de passos dominados. Aqui me reporto
às segundas intenções, pouco cuidado com a higie-
ne ou coisas do gênero.

Um dos meus mentores na área de desenvolvimen-


to pessoal diz que a vida só começa quando a zona
de conforto acaba. E eu concordo plenamente. Veja
nesse caso que o fato de pré-julgar pessoas, recu-
sando a primeira dança, fará com que você se livre
de algumas danças desinteressantes e, talvez por
31
DICA 3
Não recuse a primeira dança.

isso, você imagine ser mais confortável dançar ape-


nas com quem já conhece e assim não correr riscos.
Certo? Em contraponto, alimentar essa mentalidade
privará você de danças de tirar o fôlego (privilégio
exclusivo dos que se aventuram em novas danças) já
que dançar com as mesmas pessoas concederá a você
sensações similares.

Aventure-se. Foque no que pode ser bom e não no


que pode ser ruim.

32
Dica 4:

Nunca diga:
“Você não esperou
a Condução!”
(dica para os homens)

33
DICA 4
Nunca diga: “você não esperou a
condução!” (Dica para os homens).

Homens, essa é de longe a frase campeã em modificar


o humor das mulheres. Essa pequena frase é inter-
pretada por elas da seguinte forma: "Tudo deu errado
por culpa sua, se você não tivesse se adiantado, nada dis-
so teria acontecido". Além de expressar superioridade
(onde você demonstra estar certo e ela errada), veja
também que essa é uma acusação grave. Concorda?

Nós (seres humanos) temos diversos mecanismos de


defesa que nos mantêm vivos há milhares de anos.
Uma vez que nos sentimos ameaçados, coagidos
ou acusados. Nós, por instinto, liberamos um neu-
rormônio poderoso chamado adrenalina. Logo que
a adrenalina é liberada em nosso organismo (e isso
acontece em milésimos de segundos), estamos pron-
tos para enfrentar/revidar ou correr/recusar. Reto-
mando a nossa "frase-bomba", logo que você acusa
uma dama de não esperar a condução (não importa
se com ou sem razão), a pessoa acusada tem duas
ações por impulso. A primeira ação é revidar e abrir

34
DICA 4
Nunca diga: “você não esperou a
condução!” (Dica para os homens).

uma discussão com intuito de se defender, mesmo


que de fato ela não tenha se antecipado à condução.
A segunda possibilidade é consentir, "fechar a cara"
e se isolar/fugir de você, e dali em diante recusar boa
parte dos seus convites (se não todos) para dançar.

Em nenhum dos exemplos o acusador sai ganhando,


já que podemos ver claramente o reflexo do descon-
tentamento das mulheres nas duas ações.

Outro fator que deve ser levado em consideração é o


nível da dama com quem você está dançando. Já pa-
rou para pensar que a dama pode ter se antecipado a
você por ser iniciante e ainda não ter desenvolvido,
suficientemente, a habilidade de se conectar à con-
dução? Você já cogitou a possibilidade da antecipa-
ção da dama ser decorrente de uma dificuldade em
identificar o ritmo da música (que é perfeitamente
compreensível, uma vez que, pelo menos, 50% dos
alunos que ensinei tinham dificuldade em entender
o ritmo)?
35
DICA 4
Nunca diga: “você não esperou a
condução!” (Dica para os homens).

Pense nisso, pois os verdadeiros Forrozeiros Clas-


se A sabem disso. Junte-se a nós. Você tem muito a
ganhar quando leva em consideração as limitações e
potencialidades da dama com quem dança.

Dito isso, PELO AMOR DE DEUS, elimine do seu vo-


cabulário a combinação dessas palavras. Não temos
o poder de mudar o passado. Se por algum motivo,
qualquer figura não sair como planejado, foque no
que você pode fazer para não acontecer novamente.
Neste caso específico, não é justificável interromper
um momento dançante a fim de pontuar um erro em
pleno forró.

Sei também que não há nenhum intuito de ofender


a dama, de acusá-la, tampouco de diminuí-la, mas é
assim que muitas delas se sentem quando acusadas
de não esperar a tal da condução.

36
DICA 4
Nunca diga: “você não esperou a
condução!” (Dica para os homens).

Veja um exemplo: quando alguém se aproxima de


você dizendo que vai fazer uma crítica construtiva e
que é para o seu bem, eu imagino que seu semblante
cai e, em seguida, você espera a bomba. Estou certo?

Pense nisso e responda, para si mesmo, se parece ser


uma boa ideia dizer que a dama não esperou a con-
dução.

Agora vamos focar em uma nova atitude que leva-


rá você a outro nível de dança, valendo-se do exato
momento em que a dama se "antecipa" à condução.
Eu chamo essa atitude de transformando erros em
passos novos.

De hoje em diante, todas as vezes que você sentir que


a dama se antecipou à condução você agirá com au-
torresponsabilidade e verá este momento como uma
incrível oportunidade de melhorar a sua condução, o
seu reflexo e a sua improvisação.

37
DICA 4
Nunca diga: “você não esperou a
condução!” (Dica para os homens).

O primeiro passo é questionar-se da seguinte ma-


neira: o que preciso fazer para que ela compreenda
melhor a minha condução neste passo? Será que se
eu for mais rápido ou mais devagar ela compreende-
rá melhor? E se eu imprimir mais energia na minha
condução (ou menos), será mais claro para ela (se ne-
cessário for, leve a questão para o seu professor na
aula seguinte, para que ele ajude-o a melhorar ainda
mais)?

O segundo passo é repetir a movimentação de for-


mas diferentes, espaçadamente ao longo da dança, a
fim de encontrar uma maneira mais eficaz, simples
e confortável para ambos. O segredo aqui é a per-
sistência e não a insistência. A diferença é simples, o
insistente tenta alcançar resultados diferentes fazen-
do a mesma coisa. Já o persistente busca de diversas
formas alcançar o objetivo desejado.

38
DICA 4
Nunca diga: “você não esperou a
condução!” (Dica para os homens).

Assim que você aderir a essa filosofia, os resultados


serão tremendos. As damas passarão a afirmar que
sentem-se dançando bem, ao dançar com você, logo,
o convidarão mais vezes e, gradativamente, sua fama
irá se espalhar.

Algo que me deixa inquieto são os inúmeros pedidos


de desculpa que as damas me pedem quando algum
movimento tende a dar errado durante a dança. Por
algum motivo, elas alimentam a crença de que têm a
obrigação de acertar 100% dos passos, caso contrário,
serão severamente penalizadas, portanto, sentem-se
constrangidas ao errar. Essa síndrome de culpa torna
a dança menos desfrutável para elas, tendo em vista
que há um constante medo de errar.

Quando algo dá "errado" durante a dança, e a dama


me pede desculpas, eu pratico o hábito de assumir a
culpa. Isso faz com que ela sinta-se mais à vontade.

39
Dica 5:

Nunca diga:
“Você não me
conduziu!”
(Dica para as mulheres)
DICA 5
Nunca diga: “você não me conduziu!”
(Dica para as mulheres).

Damas do meu Brasil, não importa a circunstância,


JAMAIS, em nenhuma hipótese, deixem essa frase
escapar de seus pensamentos e caminhar até a boca.

Durante o meu aprendizado do forró, sem dúvidas,


essa era uma das frases que mais me aborrecia. Por
bastante tempo eu segui convicto de ser o único ho-
mem a ouvir: "você não me conduziu" ou "eu não
entendi a sua condução". Algumas vezes eu até con-
cordava, já que de fato eu tinha uma condução leve e
muitas vezes imprecisa, todavia, o sentimento de in-
ferioridade e o aborrecimento que vinha em seguida
era quase sempre inevitável.

Com o passar do tempo, e após anos ensinando pes-


soas a dançar, tive o privilégio de conversar e conhe-
cer centenas de homens que também partilharam
dessa "dor". Hoje posso afirmar que esse sentimento
é comum em muitos homens que se deparam com
essa frase destruidora de bons sentimentos. Sei que
não devemos atribuir a uma única pessoa o poder de
41
DICA 5
Nunca diga: “você não me conduziu!”
(Dica para as mulheres).

nos deixar tristes, impotentes ou aborrecidos, porém,


essa missão fica bem mais fácil quando não se escuta
estes tipos de acusações. O que você acha?

Ainda que a intenção da dama possa ser pura e pro-


veniente de um incansável desejo de ajudar o ca-
valheiro a melhorar, o que de fato nós (os homens)
compreendemos é:

Sua condução é tão ruim que eu não consigo enten-


der o que você quer que eu faça. Ainda que possa
vir a ser verdade, venhamos e convenhamos que não
é bom ouvir isso. Concorda?

Como já mencionei anteriormente, sei que quando


você (mulher) comunicou e/ou comunica ao cava-
lheiro não ter "sentido" a condução dele, pode haver
aí um desejo latente em ajudá-lo (mesmo que de for-
ma ineficiente). Portanto, proponho que você preser-
ve a boa ação de ajudar, porém, agora, aja diferente,
troque de atitude.
42
DICA 5
Nunca diga: “você não me conduziu!”
(Dica para as mulheres).

Que tal substituir a acusação por uma sugestão? Que


tal se dispor a olhar através da ótica do homem e per-
ceber o que pode melhorar nele para que você com-
preenda melhor a condução? Que tal experimentar
tirar o foco do problema e se concentrar na solução?
Vamos pensar juntos!

Em nossas aulas regulares, Neiliane e eu, fazemos,


esporadicamente, uma dinâmica de troca de fun-
ções, em que as mulheres experimentam conduzir e
os homens são conduzidos. Além de muitas risadas
e descontração, nós, ao fim da experiência, conduzi-
mos uma conversa com os alunos. É sempre muito
prazeroso ouvir os depoimentos após a experiência
de papéis invertidos. Os resultados são incríveis em
muitos aspectos, mas um dos mais transformadores
é a sensibilidade com que eles passam a observar a
função do outro.

Os homens passam a dar mais atenção à condução,


ganhando em firmeza e clareza, pois sentiram na
43
DICA 5
Nunca diga: “você não me conduziu!”
(Dica para as mulheres).

pele como é difícil desempenhar a função da dama.


Além de ficarem bem mais tolerantes com as damas
que apresentam ansiedade ao esperar a condução.
Em contraponto, as damas também evoluem muito
na sensibilidade para entender a condução e, assim
como os homens, elas tornam-se mais tolerantes,
uma vez que experienciaram a tarefa de conduzir.

Porém, o aprendizado mais significativo que as da-


mas absorvem dessa atividade é a percepção de que,
para conduzir, é preciso ter segurança nos movimen-
tos, pois tudo acontece muito rápido, e em um curto
espaço de tempo se faz necessário lembrar do passo,
fazê-lo e conduzi-lo com o máximo de clareza, pois
de nada valerá, se quem está sendo conduzido não
entender.

A verdade é que a balança está muito bem equilibra-


da, pois ambas as funções têm uma engenhosidade
ímpar.

44
DICA 5
Nunca diga: “você não me conduziu!”
(Dica para as mulheres).

A reflexão que quero provocar é a seguinte:

Vale a pena avisar ao homem, com quem você está


dançando, que ele não conduziu, ainda que ele de
fato não tenha conduzido?

Veja que o homem sabe que precisa conduzir, pois


isso já está claro para ele desde o primeiro dia de
aula. Dizer que ele não conduziu, ou que ele não foi
claro o suficiente, é equivalente a assinar um ates-
tado de incompetência. Isso só piora as coisas, pois
pressiona-o a acertar, e quando pressionado, ele pas-
sará a melhorar a condução pelos motivos errados.
Ele conduzirá com mais força, temendo não ser claro
o suficiente, ele irá se contentar com o feijão com ar-
roz e rejeitará a criação em tempo real, privando-se
de uma dança singular e criativa, temendo errar e
escutar novamente: Você não me conduziu!

Não pretendo de modo algum levar você a pensar

45
DICA 5
Nunca diga: “você não me conduziu!”
(Dica para as mulheres).

que se o homem conduzir mal, ou se você não com-


preender a condução, está tudo bem, ou até mesmo
que você precise "aguentar" e continuar dançando,
fingindo que está tudo certo. Muito pelo contrário.
Eu sou a favor da construção de danças extraordiná-
rias e da melhoria contínua de ambas as partes, es-
crever esse E-book é a prova disso, já que o foco dele é
o desenvolvimento de pessoas. O que proponho aqui
é que você fuja da armadilha de achar que não há
consequências em dizer que um homem não condu-
ziu. Esse na verdade é um atalho para uma possível
solução que não exige reflexão e, consequentemen-
te, não gera desenvolvimento e muito menos bons
resultados. Um dos meus mentores, costuma dizer
que "se atalho fosse bom, chamaria-se caminho". E
então, o que você prefere? O caminho mais fácil ou o
caminho que funciona?

O caminho que funciona é questionar-se. O que eu


posso fazer para compreender melhor a condução

46
DICA 5
Nunca diga: “você não me conduziu!”
(Dica para as mulheres).

daquele cavalheiro? Como eu posso ajudá-lo a me-


lhorar a condução sem ofendê-lo?

Eu desafio você a seguir esse conselho e não melho-


rar pelo menos 2x os seus resultados.

Bem, eu espero ter conseguido fazer você pensar so-


bre o assunto por outra ótica. Se isso tiver aconteci-
do, eu me sinto satisfeito e podemos seguir para a
próxima dica.

47
Dica 6:

Não ensine
passos no
salão.
DICA 6
Não ensine passos no salão.

Esse é um conceito de ética básico da dança. No forró,


o ideal é se divertir e praticar o que se aprendeu nas
aulas de dança. Caso o seu interesse seja aprender a
dançar, a minha sugestão é buscar um bom casal de
professores. No entanto, se o seu desejo é ensinar,
procure uma escola de dança e faça uma proposta
de parceria, obtenha treinamento e siga em frente se
capacitando e praticando o ensino. Outra possibili-
dade é reunir um grupo de amigos em um espaço
alternativo e dividir com eles o que você aprendeu.
Mas tente não cometer a gafe de ensinar passos em
pleno forró.

Ensinar passos na festa é um hábito mais comum aos


homens. Isso tende a ocorrer mais quando eles fazem
algum passo que não é perfeitamente compreendi-
do pela dama, e uma das possibilidades encontradas
para remediar essa situação é tentar ajudar a dama a
compreender o que ele deseja fazer, ensinando-a.

O fato é que para ensinar algo a alguém, primeira-


mente é necessário parar o que se está fazendo (neste
49
DICA 6
Não ensine passos no salão.

caso, parar de dançar). Ensinar é uma prática que de-


manda o mínimo de imersão e dedicação ao "aluno",
caso contrário, a pessoa ensinada não compreenderá
patavinas e se sentirá constrangida por isso.

Vamos a uma metáfora que criei, a fim de represen-


tar o momento em que alguém tenta ensinar um pas-
so de dança em pleno o salão durante um forró.

Suponhamos que você esteja dirigindo o seu carro


em uma avenida movimentada de sua cidade em
horário de pico. Ao seu lado, no banco do passagei-
ro, há um amigo seu que está pegando uma carona.
De repente, você percebe que os cadarços do sapato
do seu amigo estão desamarrados, você o avisa, mas
ele diz não saber amarrá-los ainda. Em seguida, no
intuito de ajudar, você decide ensiná-lo a aparente
simples tarefa de amarrar os cadarços. No entanto,
é muito difícil ensinar enquanto dirige, já que você
mantém as mãos e os pés ocupados. Imediatamente,
você tem a "brilhante ideia" de parar o carro e des-
cer dele juntamente com seu amigo em meio à movi-
50
DICA 6
Não ensine passos no salão.

mentada avenida e ensiná-lo a amarrar os cadarços


de uma vez por todas. Como você parou de dirigir,
o seu carro obviamente se mantém parado na aveni-
da enquanto você ensina com muito empenho o seu
amigo a amarrar os cadarços dele. Enquanto isso, os
outros carros e motoristas precisam, agora, desviar
do seu carro com certo esforço e risco para continuar
o trajeto. Contudo, você se mantém empenhado em
ensinar. Ora alguns motoristas buzinam, ora eles lhe
olham com uma cara feia de poucos amigos. Agora,
até o seu amigo passa a ficar constrangido por estar
atrapalhando o trânsito e, como consequência, não
consegue se concentrar em aprender, até que por fim
vocês decidem retornar ao carro e seguir viagem,
sem sucesso na aprendizagem, já que a sua tentativa
de ensiná-lo foi em vão.

Nesta metáfora, podemos ver que por mais bem in-


tencionado que seja o desejo de ajudar, não se jus-
tifica o ato de parar o trânsito, muito menos o de
constranger o seu amigo a fim ensiná-lo a amarrar
os cadarços. Certo? Do mesmo modo, nada justifica
51
DICA 6
Não ensine passos no salão.

parar o salão da festa e atrapalhar os demais casais


e, ainda, constranger sua parceira ou seu parceiro ao
interromper um momento dançante.

Lembre-se que o forró é uma dança social, portanto,


é preciso respeitar e levar sempre em consideração o
espaço das outras pessoas.
Além de tudo isso, este também é mais um exemplo
onde se instala a "superioridade", logo, produz-se
uma mensagem subliminar de que você é o detentor
do saber e a pessoa ensinada é alguém que precisa de
ajuda e está aquém do seu nível (por mais que essa
não seja a intenção).

Não somos o que os outros acham que somos, tam-


pouco o que queremos ou achamos ser. Somos aqui-
lo que fazemos continuamente. E, segundo 93% das
damas que entrevistei, homem (ou qualquer pessoa)
que ensina passos no salão é tido como inconvenien-
te (chato). Essa me parece ser uma boa justificativa
para não aderir o hábito de ensinar passos no salão.
Faz sentido para você?
52
Dica 7:

Não peça
passos ao
homem durante
a dança.
DICA 7
Não peça passos ao homem durante a
dança.

Dançar é mágico!

Assim vem sendo a minha vida há 15 anos, cheia de


magia. Quando eu danço, transporto-me para uma
versão muito melhor de mim. A música entra pelos
meus ouvidos e me toma de modo que dançar passa
a ser uma linguagem natural. Fomos feitos para dan-
çar, sempre acreditei nisso, mas só os que descobrem
isso são aqueles que experimentam começar. Parti-
lhar uma dança com alguém e dividir as suas singu-
lares sensações, além da sua expressividade, é uma
das melhores sensações que se pode ter, por isso,
quem experimenta esta prática, jamais será o mes-
mo. O que foi sentido, não mais pode ser esquecido
pelo corpo. Em meio a tantas boas sensações mutua-
mente engrenadas, só o que nos resta é querer mais e
mais dessa tal de dança.

Com tantas boas sensações que o ato de dançar pro-


duz, chega a ser um crime interromper este estado
de transe de alguém, concorda?

54
DICA 7
Não peça passos ao homem durante a
dança.

Não foram poucas as vezes que uma dama me pediu


para fazer um passo específico que ela desejava trei-
nar, ou porque era um passo que ela gostava de fazer
etc. Sei ainda que não sou o único que passou por
momentos como este. Não sou maluco de menospre-
zar a importância dos passos/figuras na dança. Ali-
ás, Neiliane e eu, em nossa metodologia, utilizamos
os passos para despertar o domínio da técnica que
culminará no estado da arte de qualquer dançarino,
a expressividade dos gestos. Portanto, que fique cla-
ro que não há nada de errado em gostar de passos
e desejar fazê-los durante uma dança. No entanto,
vimos acima que interromper uma dança é o mesmo
que interromper a magia.

Na trilogia de filmes Matrix, apresentam-nos dois


mundos, o mundo real e o mundo inventado (a Ma-
trix). Quando alguém está plugado na Matrix, tudo
é possível. Lá, coisas incríveis acontecem. Ter super
força, voar e desviar de balas que, de certo modo, são
improváveis, quiçá, impossíveis no mundo real. Na
Matrix são até comuns.
55
DICA 7
Não peça passos ao homem durante a
dança.

Nos filmes, os personagens fazem a conexão entre


o mundo real e a Matrix por meio de um cabo que é
conectado à nuca. Uma vez na Matrix, esse cabo não
deverá ser desconectado até que o personagem este-
ja pronto para retornar ao mundo real. Caso alguém
seja repentinamente desplugado da Matrix sem as
normas de desconexão (que é através de um telefo-
ne), a mente se dissocia do corpo causando a morte
do viajante nos dois mundos.

Agora você deve está curioso para saber que diabos


isso tem a ver com o forró, ou com o fato de pedir
passos para o homem no salão. Pois bem, vamos
imaginar que quando alguém está no forró, mas não
está dançando, este alguém está no mundo real, e
quando alguém estiver dançando é o mesmo que es-
tar plugado na Matrix. Ok?

Portanto, imaginemos também que o ato de dançar


produz, em quem dança, um empoderamento, além
de boas emoções, e o único jeito de desligar-se desse

56
DICA 7
Não peça passos ao homem durante a
dança.

mundo paralelo e regressar ao mundo real é com o


fim da dança.

O ato de pedir passos durante a dança desconecta


o cavalheiro da “Matrix” repentinamente (antes que
ele esteja pronto para a “desconexão”), inibindo-o de
todo o desfrute emocional (expressivo) da dança na-
quele momento. Logo que o homem é “desplugado”,
automaticamente a performance dele cairá, levando-
-o a pensar exclusivamente nos passos pela perspec-
tiva do mundo real (o mundo sem criatividade e de
menos possibilidades). É a “morte da dança” do ho-
mem. Recorro à expressão “morte da dança” a fim de
apontar o término dos gestos expressivos (elemento
constituinte da dança) e o início de gestos desvincu-
lados com a expressividade.

Paralelamente a isso, ao pedir algum passo ao ho-


mem durante a dança, produz-se nesse ato uma
mensagem subliminar que diz:

57
DICA 7
Não peça passos ao homem durante a
dança.

Querido, eu não estou gostando dos passos que


você está fazendo. Legais mesmos são estes outros
passos aqui! Será que você poderia fazer estes, para
ver se a dança fica mais interessante?

Ou seja, mesmo que não haja a intenção, o homem,


na maior parte das vezes, é levado a pensar que o
que ele está fazendo não é bom o bastante.

Neiliane e eu temos a repetição como um elemento


constituinte da nossa metodologia. Durante as aulas,
adotamos a possibilidade da dama intervir na dan-
ça e pedir passos que gostaria de treinar. Em con-
traponto, tudo parte da premissa de que o ambiente
de aula tem possibilidades que o ambiente de baile/
forró não permite. A métrica é simples, treine na aula
e desfrute no forró.

É simples, mas não simplório.

58
Dica 8:

Não convide
alguém
durante a
dança.

59
DICA 8
Não convide alguém durante a dança.

Quando eu tinha entre 9 e 10 anos, um dos meus vi-


zinhos e amigo, convidou-me para jogar videogame
em sua casa. Eu fiquei muito feliz, pois além de gostar
muito de videogames eu também achava meu vizi-
nho um cara legal. Jogamos um jogo cooperativo de
luta em que combatíamos o crime. Como eu estava
aprendendo a jogar, era de se esperar que eu não es-
tivesse totalmente familiarizado com o tal jogo. Ora
eu esquecia um comando, ora eu perdia uma luta e
assim íamos levando o jogo.

Enquanto jogávamos, um dos primos do meu amigo


chegou no lugar em que estávamos. Eu não o per-
cebi entrar, pois estava realmente imerso no jogo. Já
meu amigo, imediatamente, percebeu ele chegar e de
pronto falou a frase que nunca mais irei me esquecer:

Assim que terminar essa fase, eu quero jogar com


você, fulaninho!

60
DICA 8
Não convide alguém durante a dança.

Essa frase me abalou muito, não é à toa que ela é


mantida em minha memória há tantos anos.

Eu interpretei que meu amigo me convidou para


jogar porque não havia nenhuma opção melhor, e
como seu primo tinha chegado, ele agora não via a
hora de finalizar a partida comigo para então jogar
com o primo dele.

Nossa, que decepção!

No forró acontece algo similar. Já presenciei muitos


casos de convites para dançar enquanto o agente do
convite ainda estava dançando. Inclusive, alguns
desses convites presenciados foram direcionados
para mim. Uma coisa é certa, é muito constrangedor
ver a expressão de desapontamento no rosto da ou-
tra pessoa.

Estou ciente de que, às vezes, queremos muito uma


oportunidade de dançar com uma pessoa específi-
61
DICA 8
Não convide alguém durante a dança.

ca, e quando essa tal pessoa passa na nossa frente, a


vontade que dá é segurá-la pelo braço e não deixá-la
ir embora antes de dançar pelo menos uma música
com ela. Mas eu peço que reflita com cautela se essa
dança vale mais que o bem-estar do cavalheiro ou da
dama que está dançando com você no momento.

Lembre-se que a mensagem subliminar que isso pro-


duz é: Eu não vejo a hora dessa música acabar, para
que eu possa dançar com fulaninho ou com a fula-
ninha.

Existe uma máxima na vida que diz que só se colhe o


que se planta. Pensando então por esse ponto de vis-
ta, o que você prefere plantar? Generosidade ou des-
prezo? Zelará pelo bem-estar da pessoa com quem
você dança ou não dará importância?

São os pequenos detalhes que diferem os forrozeiros


e forrozeiras comuns dos que são Classe A.

62
Dica 9:

Respeite o
salão.
DICA 9
Respeite o salão.

O salão é um lugar especial em que se cultiva o bom


hábito de dançar e evita-se beber, fumar, conversar,
atravessar o salão, dançar de forma espalhafatosa etc.

Um grande passo na direção certa é cultivar e repli-


car esses bons costumes. Se houver uma consciência
coletiva focada no respeito ao salão, este será sempre
lugar de boas experiências e a margem de acidentes
será irrisória.

Eu, por exemplo, já tive alguns acidentes no salão.


Em meio a eles, estão: pisões, colisões, bebidas der-
ramadas em minha roupa, entre muitos outros. O
mais grave de todos, que me lembro, e mais cons-
trangedor, ocorreu em um forró que eu frequentava
semanalmente em minha cidade. Alguém, desavisa-
do, atravessou o salão repentinamente. Minha perna,
de algum modo, enroscou-se na dele e caímos os três
(eu, minha parceira de dança e a pessoa que atraves-
sou). Foi muito constrangedor para mim. Cheguei
inclusive a ir embora devido ao constrangimento.
64
DICA 9
Respeite o salão.

Leve em consideração que o salão é um elemento


primordial em um forró, já que não há possibilidade
de dançar se não houver um espaço apropriado. Por
tanto, é importante que você zele por ele. Não caia
na cilada de pensar que se fulano não zela você tam-
bém não irá. Seja diferente, seja Classe A. O seu bom
exemplo, gradativamente, influenciará as pessoas
para que elas primem pelos bons costumes.

Seja diferente e faça a diferença.

Respeite o espaço do outro!

65
Dica 10:

Toda pessoa
sabe algo que
você não sabe e
vice-versa.
DICA 10
Toda pessoa sabe algo que você não
sabe e vice-versa.

Essa dica não tem nada a ver com o forró e ao mesmo


tempo tem tudo a ver.

Eu sempre pratiquei esportes, mas nunca desenvolvi


expertise em nenhum, pois eu sempre queria fazer
todos, e quem quer tudo ao mesmo tempo não tem
nada em tempo algum.

Certo dia eu estava praticando skate em um bowl


(pista de skate em formato de piscina). Lembro estar
criando coragem para descer uma das rampas até
que fui surpreendido por outro skatista que desceu a
rampa destemido. Em seguida, ele me olhou e disse
com um tom de soberba:

Você não sabe descer não, é? Finalizou com um


sorriso de canto de boca.

De pronto eu repliquei dizendo: E você não sabe


dançar!

67
DICA 10
Toda pessoa sabe algo que você não
sabe e vice-versa.

Ele me olhou com uma cara de espanto e, em seguida,


saiu pensativo. Já eu, continuei sem coragem de descer
a bendita rampa e fui embora também pensativo. No
caminho de volta, fazia-me as seguintes perguntas:

Será que eu não estou em alguma instância agindo


como aquele skatista? Será que eu não estou agindo
com soberba com alguém em algum momento por
ter uma expertise na dança e a pessoa não?

Anos se passaram e hoje noto que, via de regra,


as pessoas que dançam bem e agem como o meu
"amigo" skatista, com soberba e superioridade, são
bem menos convidadas para dançar.

Não importa se seu nível é alto se suas atitudes são


medíocres.

Veja se faz sentido para você.

68
Dica 11:

Plante
gentileza
e colha
danças.
DICA 11
Plante gentileza e colha danças.

Quando eu comecei a dançar, o ensino de dança em


minha cidade era muito precário (em especial o ensi-
no de forró). A aprendizagem era lenta, logo o índice
de desistência era grande. Levei bastante tempo para
descobrir que saber dançar não é o mesmo que saber
ensinar. Muitas pessoas dançam divinamente bem,
mas não sabem como dançam, consequentemente,
não sabem explicar para outra pessoa como fazer.

Levei dois anos para aprender a dançar forró. Como


eu não era uma pessoa que aprendia rápido, precisei
ter muita persistência para continuar evoluindo.

Naquela época era muito comum ver as pessoas mais


avançadas desprezando os iniciantes. Eu, por exem-
plo, fui tratado com indiferença tantas vezes que nem
consegui contar. Hoje, percebo que esse mau hábito
também é consequência do ensino precário da época.
Se o próprio professor não se dava ao luxo de dançar
com os iniciantes, o que eu poderia esperar dos alu-
nos?
70
DICA 11
Plante gentileza e colha danças.

Recentemente, fiz um curso de 51 horas de desen-


volvimento pessoal baseado em neurociência. Lá
aprendi que há duas possibilidades de aprendizado
quando o nosso contágio social é norteado por maus
costumes. A primeira possibilidade é replicar o que
se aprendeu, é seguir o mesmo caminho da rede
social que nos cerca (Pai, mãe, irmãos, professores,
amigos próximos etc.). Especialmente se atribuímos
alguma autoridade às pessoas que nos contagiam.
A segunda provável possibilidade é rejeitar tudo e
caminhar na direção oposta. Eu resolvi seguir na di-
reção oposta do meu primeiro professor de dança e
dos colegas de turma.

Certo dia, retornando da aula de forró, eu me com-


prometi duplamente comigo mesmo. O primeiro
compromisso que selei foi que aprenderia a dançar
forró apesar deles. O segundo comprometimento foi
nunca tratar os iniciantes com indiferença quando
eu soubesse dançar. Essa era a minha missão.

71
DICA 11
Plante gentileza e colha danças.

Hoje, 15 anos depois, eu posso garantir que aprendi a


dançar com maestria e nunca tratei nenhum inician-
te com indiferença, tampouco estabeleci relação de
verticalidade com nenhum deles. O que me orgulha
não é o sentimento de missão cumprida, mas as inú-
meras descobertas que fiz ao longo da jornada. Vou
compartilhar com você, agora, a maior sacada para
quem deseja ser um Forrozeiro ou uma Forrozeira
Classe A.

Está pronto?

Então, vamos lá!

O perna de pau de outrora é o pé de valsa de hoje.


Parece ser meio óbvio que toda pessoa que dança
bem hoje, foi iniciante algum dia, mas por algum mo-
tivo nós não nos damos conta disso e agimos como se
todo iniciante fosse condenado a ficar para sempre
nessa condição. Seis meses ou um ano depois, aque-
la pessoa com pouca coordenação motora, que dan-
72
DICA 11
Plante gentileza e colha danças.

çava fora do ritmo, que pisava em nossos pés, que


era toda desengonçada, “de repente” está dançando
como se tivesse o dom da dança em sua essência. E
agora? Será que ela aceitará dançar comigo? Será que
eu fui gentil com ela há um ano? Eu plantei gentileza
ou indiferença?

Todos os empreendedores de sucesso são visionários,


ou seja, eles têm o dom de olhar para uma semente
e enxergar uma linda árvore dando frutos. Assim foi
Steve Jobs, que criou o império Apple na garagem de
seu pai. Assim como um empreendedor de sucesso,
o Forrozeiro Classe A olha para os iniciantes com
brilho nos olhos e enxerga pessoas que dançarão
bem, portanto, ele acolhe a todos, investe em danças
e divide um pouco de sua experiência. Quando esse
iniciante aprender a dançar, a quem você acha que
ele será grato? Quem você acha que ele terá prazer
em dançar? Com quem o rejeitou, ou com com quem
o acolheu?

73
DICA 11
Plante gentileza e colha danças.

Não é por caridade, muito menos por interesse que


eu, e toda a legião Classe A, dançamos com os ini-
ciantes. Dançamos porque sabemos que é uma via de
mão dupla de aprendizagem para ambos.

Como assim, Aurélio? Quer dizer que você aprende


alguma coisa dançando com alguém que está apren-
dendo a dançar?

SIMMMMMM!

Um dos meus professores de dança de salão, ensi-


nou-me algo muito valioso. Ele dizia que a maneira
mais eficaz de se aprender a conduzir era conduzin-
do damas que ainda não sabiam dançar bem. Com o
tempo percebi que ele estava coberto de razão, pois se
eu conseguisse ser claro o suficiente para uma dama
iniciante compreender a minha condução, imagine
os meus resultados quando eu dançasse com alguém
mais experiente.

74
DICA 11
Plante gentileza e colha danças.

A verdade é que as damas avançadas dançam apesar


de você. Com ou sem a clareza da sua condução, elas
conseguem dar um jeito de acertar os passos. O efei-
to colateral disso é criar o hábito de conduzir mal, e
uma vez criado o hábito, perdê-lo será uma tarefa
duplamente difícil.

E para as damas, que benefício há em dançar com


principiantes, já que elas não conduzem?

A curva de aprendizado da dama se faz da seguinte


forma: primeiramente ela precisa aprender os pas-
sos (precisa saber onde colocar os pés), depois vem
a sensibilidade à condução, ao equilíbrio, à consciên-
cia rítmica, até chegar ao estado da arte que é impro-
visar/adornar e deixar a dança mais dançada e cheia
de charme.

Tanto na etapa de sensibilidade à condução, quanto


na parte de improvisar e adornar, a dama pode ser
prejudicada no desenvolvimento dessas habilidades,
75
DICA 11
Plante gentileza e colha danças.

caso dance apenas com cavalheiros avançados. Veja


só, um dançarino avançado conseguirá fazer os pas-
sos apesar da dama, pois a condução dele já é ma-
dura o suficiente para tal feito. Em outras palavras,
um cavalheiro avançado levará a dama a fazer di-
versos passos, independentemente se ela os conhece
ou não. Isso gera uma falsa convicção de que a dama
não precisa melhorar, pois as coisas estão dando cer-
to. Afinal, não se mexe no time que está ganhando,
certo?

Outro prejuízo que a dama, que seleciona apenas ca-


valheiros avançados para dançar, certamente terá, é
a dificuldade em aprender a adornar. A verdade é
que os cavalheiros avançados são experts em conec-
tar passos.

E por que isso seria uma coisa ruim?

76
DICA 11
Plante gentileza e colha danças.

Porque não sobra tempo para a dama pensar em


qualquer outra coisa que não seja assimilar a enxur-
rada de informações.
Quando se dança com os iniciantes, há tempo de so-
bra para arriscar e consolidar adornos.

Neiliane e eu nunca perdemos a oportunidade de


dançar com os nossos alunos nas aulas e bailes. Além
de estimular o aprendizado deles, nós melhoramos
cada vez mais a nossa performance. Constantemente
ouvimos dos nossos alunos e de outros forrozeiros as
seguintes frases:

Quando vocês dançam, parece ser fácil. Quando eu


danço com você, parece até que eu sei dançar. Eu sei
fazer esse passo, mas como você faz fica muito mais
bonito.

Eu garanto que esse é um dos frutos da prazerosa


ação de dançar com principiantes.

77
DICA 11
Plante gentileza e colha danças.

Aurélio, então quer dizer que se eu quiser evoluir eu


não posso dançar com pessoas avançadas?

Não! Muito pelo contrário.

É incrível dançar com quem já sabe muito, e é muito


bom para o seu desenvolvimento sentir-se desafia-
do. Portanto, dançar com pessoas avançadas tam-
bém ajuda você a evoluir muito. O que eu proponho
é apresentar outra possibilidade de evolução tão boa
quanto dançar com damas e cavalheiros avança-
dos. O que eu afirmo é que dançar, tão somente com
pessoas mais avançadas, pode atrasar muito o seu
aprendizado, gerando prejuízos invisíveis a você.

Fuja da armadilha de pensar que, ao dançar com um


principiante, você está realizando a boa ação do dia.
Acredite, é tão importante para o seu desenvolvi-
mento quanto para o dele que vocês dancem juntos.

78
DICA 11
Plante gentileza e colha danças.

O caminho certo é tão


simples que acabamos
pegando caminhos
complexos por achar
que o simples não
funciona.
Independente do seu nível de dança, eu desafio você
a intercalar suas danças com pessoas de níveis ini-
ciante, intermediário e avançado e não melhorar o
seu próprio nível significativamente.

Aceite o desafio e colha os resultados.

79
Dica 12:

Quer ir mais
rápido? Então,
vá com calma!
DICA 12
Quer ir mais rápido? Então vá com
calma!

Uma das coisas que penso ser mais difíceis, em qual-


quer processo de aprendizado (principalmente na-
quelas em que buscamos alcançar alta performance),
é a consciência de que todo aprendizado, para que
seja de fato eficaz, precisa de tempo.

Quanto tempo?

Algumas coisas aprendemos em um instante, outras


em horas, outras em anos. Como já mencionei no iní-
cio deste E-book, o importante não é a velocidade e
sim a direção em que se caminha.

Porém, mesmo que a vida tenha nos ensinado diver-


sas vezes qual a lógica do aprendizado, ou até mes-
mo tenhamos ouvido diversos gurus discursarem
sobre o tema, assim mesmo, ansiamos que o tempo
passe logo de uma vez e a gente aprenda logo essa
coisa de uma vez por todas.

81
DICA 12
Quer ir mais rápido? Então vá com
calma!

Quando eu entrei na academia, comparava-me dia-


riamente com outras pessoas. Na primeira semana
de treino, eu já desejava ter o físico de fulano e a for-
ça de sicrano. Isso é a pior tortura que alguém pode
fazer consigo mesmo.

Você se identifica?

A urgência da vida contemporânea tem contribuí-


do com a nossa pouca paciência. No Ceará, temos
um ditado que diz: "o apressado come cru". Ou seja,
quem não é paciente o suficiente para esperar o tem-
po necessário, priva-se de usufruir dos melhores sa-
bores. O caminho precisa ser tão prazeroso quanto o
destino. Mais do que pensar nisso, você precisa exer-
citar isso.

Respeite o seu nível!

Constantemente alunos nos abordam nos primeiros


dias e/ou meses de aula para perguntar quando va-
82
DICA 12
Quer ir mais rápido? Então vá com
calma!

mos ensinar os passos X, Y ou Z. Na maior parte das


vezes os passos desejados são muito avançados para
o nível deles no momento. Não há problema em de-
sejar passos avançados, afinal de contas, se os nos-
sos sonhos fossem menores que a nossa realidade,
ainda viveríamos em cavernas. O problema surge
quando deixamos de celebrar as pequenas conquis-
tas do dia a dia à espera do grande dia em que olha-
remos para nós e diremos:

Pronto, eu sei dançar bem!

Aprender a dançar é um verbo conjugado no gerún-


dio, ou seja, você vai aprendendo em todas as au-
las, práticas, festas, erros, acertos, repetições etc. Por
mais estranho que possa parecer, o jeito mais rápido
de aprender é aprendendo um passo de cada vez.

Minha experiência de 15 anos na dança diz que


aprender um único passo por aula é mais eficaz que
aprender 2 ou 3 passos.
83
DICA 12
Quer ir mais rápido? Então vá com
calma!

Como assim, Aurélio?

Como pode ser mais rápido aprender um passo por


aula se eu posso aprender 3?

Se eu aprender 3 passos novos por aula, terei 30


passos em 10 aulas. Aprendendo apenas 1 passo
por aula, só terei aprendido 10 passos em 10 aulas.

Como um passo por aula pode ser melhor?

Na teoria tudo é lindo, mas na prática as coisas são


bem diferentes.

Nós temos dois tipos de memória. A primeira é a


memória temporária. Para acioná-la, precisamos
do córtex (parte superior do cérebro). Sempre que
recorremos ao córtex para lembrar de algo, signifi-
ca que ainda não aprendemos de fato. Um exemplo
palpável em que utilizamos a memória temporária é

84
DICA 12
Quer ir mais rápido? Então vá com
calma!

quando conhecemos um novo amigo ou nova amiga


e perguntamos o nome dele ou dela. Durante aquele
instante que conversamos com ele ou ela, lembrare-
mos do nome dele ou dela de pronto. Basta algumas
horas ou dias distantes do novo amigo ou da nova
amiga para precisarmos de um esforço sobrehuma-
no para lembrar do nome dele ou dela. Já aconteceu
com você?

A segunda memória que possuímos é a memória per-


manente. Essa memória é localizada na medula, isso
quer dizer que não nos esqueceremos mais. Comer
com talheres, andar de bicicleta, escrever e falar são
exemplos perfeitos para as coisas que memorizamos
permanentemente.

Voltemos à questão dos 3 passos por aula X 1 passo


por aula. 3 passos por aula lhe gera uma falsa sensa-
ção de aprendizado. Após a aula, você retorna para
casa com uma sensação de bem-estar e feliz da vida

85
DICA 12
Quer ir mais rápido? Então vá com
calma!

por ter aprendido 3 passos novos. Você diz a si mes-


mo: Eu estou evoluindo!

Ao chegar em casa, toma aquele banho e, quando sai


do banheiro, parece até que os passos da aula foram
pelo ralo. Na próxima semana você retorna à aula e
não lembra nem mais o nome dos seus professores,
imagine dos passos. Seguindo essa lógica, ao fim das
10 aulas, de 30 passos ensinados, você conseguiu re-
ter verdadeiramente 5 ou 6.

Já na opção de dedicar-se a aprender apenas 1 pas-


so por aula, no médio prazo, os seus resultados se-
rão mais que satisfatórios. Em 10 aulas, além de ter
aprendido 10 passos, você os dominará a ponto de
conseguir fazer diversas combinações. Esse é o mi-
lagre da multiplicação, onde 10 rapidamente se tor-
nam 15 e assim sucessivamente. Faça o teste e colha
os frutos.

86
DICA 12
Quer ir mais rápido? Então vá com
calma!

O mesmo acontece quando você divide a sua atenção


entre os passos que você deveria praticar e os passos
que você gostaria de saber. Essa dualidade torna o
seu aprendizado mais lento e os seus resultados, no
máximo, medianos, pois é natural que não se consiga
fazer bem ambas as coisas.

87
Dica 13:

Desfrute da dança
sem desrespeitar o
nível de quem está
dançando com
você.
DICA 13
Desfrute da dança sem desrespeitar o
nível de quem está dançando com você.

Essa sensibilidade é, sem dúvida, muito importan-


te para você que deseja alcançar uma performance
nível A.

Li, recentemente, o livro Ideias Que Colam, de Chip


Heath & Dan Heath. Em um dos capítulos do livro,
os autores falam sobre a maldição do conhecimento.

Segundo os autores, todos nós estamos propensos a


sofrer da maldição do conhecimento. Quando apren-
demos a fazer algo, concomitantemente esquecemo-
-nos da nossa condição anterior de “não saber”.

Provavelmente você deve ter feito aula com algum


professor que é notoriamente um expert na área de
estudo dele, mas sempre que ele se propõe a ensi-
nar aquilo que sabe, você tem a impressão de que
ele está falando em aramaico. Esse é um dos efeitos
colaterais da maldição do conhecimento. Um profes-
sor que sofre da maldição do conhecimento explica/
ensina para os alunos como se estivesse conversando
89
DICA 13
Desfrute da dança sem desrespeitar o
nível de quem está dançando com você.

com outro expert. O resultado é a frustração de am-


bos. O aluno se frustra por não conseguir aprender,
e o professor se frustra por não entender por que o
aluno não aprende.

Somos réus e vítimas da maldição do conhecimento


diariamente.

No forró não é diferente. Quando se aprende a dan-


çar, é natural que você se esqueça de como é não sa-
ber. Eis então onde surge o nosso problema.

Como respeitar o nível de dança de quem está dan-


çando conosco, se a cada passo ou conceito novo
que aprendemos, mais propensos estaremos a es-
quecer de onde partimos?

Não, necessariamente, você precisa ser um forrozei-


ro faixa preta e dançar com alguém que está nas pri-
meiras aulas para deparar-se com essa problemática
que levantei. A disparidade de níveis pode ser de
90
DICA 13
Desfrute da dança sem desrespeitar o
nível de quem está dançando com você.

meses ou até mesmo de algumas aulas.

Vamos entender como uma mulher desrespeita o ní-


vel de um homem e vice-versa.

Para as damas, desrespeitar o nível do cavalheiro


é: não conseguir mais desfrutar da dança quando o
cavalheiro está aquém do nível dela. Consequente-
mente, frustram-se ambos. A dama por exigir do ca-
valheiro um conhecimento que, por hora, não está ao
alcance dele, e o cavalheiro por se sentir pressionado
a dançar melhor.

Para os cavalheiros, desrespeitar o nível do dama é:


insistir em passos que a dama ainda não conhece ou
ainda não domina. O resultado também é a frustra-
ção e o constrangimento de ambos. O cavalheiro por
não conseguir fazer os passos que deseja, e a dama
por não conseguir acertar nada.

91
DICA 13
Desfrute da dança sem desrespeitar o
nível de quem está dançando com você.

O forrozeiro e a forrozeira Classe A agem com maes-


tria neste momento. Vou lhe dizer o que eu faço (e o
aconselho a fazer o mesmo).

Independentemente da pessoa com quem estou


dançando, busco usar a técnica do camaleão. Eu me
adapto ao ambiente e à pessoa. Sempre que arrisco
um passo que não dá certo, peço desculpas e apro-
veito para demarcar os limites dela (que naquele
momento passam a ser os meus também). Descobrir
as potencialidades e limitações da pessoa passam a
ser a minha missão nos primeiros minutos da dan-
ça e eu, verdadeiramente, divirto-me neste exercício.
Gradativamente vou deixando a pessoa mais à von-
tade e feliz. O resultado disso é uma dança prazerosa
para ambos.

Levar em consideração o nível de quem está dançan-


do com você é um grande passo em direção a uma
dança nível A.

92
Dica 14:

Sorria!
Você está
dançando.
DICA 14
Sorria! Você está dançando.

Sorrir aumenta a longevidade, fortalece o sistema


imunológico, reduz o estresse, reduz a pressão ar-
terial, promove o bom humor, aumenta a produtivi-
dade, estimula o cérebro, estreita as relações sociais,
reduz o risco de AVC, aumenta a confiança, estimula
a concentração, além de nos deixar mais atraentes e
carismáticos.

Sorrir sempre será uma boa ideia.

Responda-me uma coisa.

Com quem você prefere dançar? Com uma pessoa


carismática, sorridente e bem humorada ou com uma
pessoa triste e mal-humorada?

Você, certamente, respondeu que prefere dançar


com uma pessoa carismática, sorridente e bem-hu-
morada, certo?

94
DICA 14
Sorria! Você está dançando.

Pois, que tal você ser essa pessoa carismática, sorri-


dente e bem-humorada?

O efeito colateral é uma vida mais alegre e feliz e uma


fila de pessoas querendo dançar com você.

Dançar é maravilhoso. Deixe-se contagiar com a ma-


gia e sorria. Essa decisão lhe trará mais alegria e ga-
ranto que atrairá mais danças.

Não se trata de um sorriso qualquer. Envolva-se com


a dança e cause o seu próprio sorriso. Sorrir é conta-
giante, portanto, estimulará o seu par a sorrir tam-
bém, assim como as pessoas que observam vocês.

Experimente esse poderoso trunfo dos Forrozeiros


Classe A.

95
Dica 15:

Tenha um convite
efetivo
(perceba os sinais).
DICA 15
Tenha um convite efetivo (perceba os
sinais).

O convite para dançar é o começo de tudo.

Muitas pessoas não dão a devida importância a este


tão importante ponto.

O convite precisa ser exercitado e aprimorado, caso


contrário, mesmo sendo um(a) legítimo(a) pé de
valsa, você só conseguirá dançar onde a sua fama o
acompanhar.

Como assim, Aurélio?

Se você for um ou uma pé de valsa, é natural que


em sua cidade ou no forró que costuma frequentar,
consiga construir uma fama acerca da sua dança, afi-
nal, as pessoas conhecem você. A minha questão é:
Como você se sairia se resolvesse viajar para outra
cidade, para outro estado ou até mesmo ir a um forró
distante, em que ninguém o(a) conhece? Será que as
pessoas vão convidá-lo(a) para dançar, mesmo sem
conhecer você?
97
DICA 15
Tenha um convite efetivo (perceba os
sinais).

A minha teoria é que, nesta hora, mais vale um prin-


cipiante com um convite efetivo, que um exímio
dançarino ou exímia dançarina que não sabe como
convidar.

Forrozeiros e Forrozeiras Classe A são peritos na


arte de convidar para dançar.

E como ter um convite efetivo? Como fazer um con-


vite irresistível?

Hoje eu sou um perito em convidar para dançar,


mas preciso confessar que aprendi do modo mais
doloroso e demorado. Quando comecei minha jorna-
da na dança, não havia E-books ou livros como este,
não havia YouTube e muito menos professores que
acreditassem que o convite para dançar merecia ser
discutido e ensinado. Contudo, eu sempre gostei de
conhecer novos lugares para dançar, assim como no-
vas pessoas. Como eu era bem mais jovem, e com
98
DICA 15
Tenha um convite efetivo (perceba os
sinais).

pouquíssimas obrigações, eu tinha disponibilidade


para ir a 5 ou 6 forrós por semana. Descobri diversas
casas de show e conheci muita gente neste período.
Como eu ia a muitos lugares diferentes, era natural
não conhecer as pessoas, portanto, antes de apren-
der a fazer as damas aceitarem o meu convite para
dançar, eu aprendi as 1001 maneiras de como NÃO
convidar para dançar.

Entendeu agora por que eu disse ter aprendido da


forma mais dolorosa e demorada? Pois é!

Por um lado, até que foi divertido.

Depois que Thomas Edison tentou, 9.999 vezes


aperfeiçoar a lâmpada elétrica, sem sucesso, alguém
perguntou: você vai completar os 10.000 fracassos?
Ele respondeu: Eu não fracassei. Apenas descobri
uma outra maneira de não inventar a lâmpada elé-
trica.

99
DICA 15
Tenha um convite efetivo (perceba os
sinais).

Assim eu me sentia. A cada NÃO, eu descobria mais


uma maneira de como NÃO convidar para dançar.

Pontualmente alguns convites iam dando certo e foi


uma questão de tempo para que eu estruturasse um
convite irresistível.

Sem mais delongas, vamos às dicas:

Primeiro passo: observe com atenção se a pessoa que


você deseja convidar está disponível. Às vezes, ela/
ele está com o namorado/a namorada e o casal não
tem nenhum interesse em dançar com outras pesso-
as. Há outros muitos motivos que tornam a pessoa
indisponível no momento (na Dica 1 ensinei alguns e
você pode retornar lá e relembrá-los, se quiser).

Segundo passo: observe quem são as pessoas que


dançam com diferentes pares. Esse passo comple-
menta o passo anterior. O foco aqui é identificar as
pessoas que foram com o intuito de dançar. Por mais
100
DICA 15
Tenha um convite efetivo (perceba os
sinais).

contraintuitivo que possa parecer, algumas pessoas


vão para o forró e não querem dançar forró. Você,
porém, não precisa entender ou questionar isso, só é
preciso observar se a pessoa que você deseja convi-
dar é uma dessas que não dançam.

Terceiro passo: caminhe em direção à pessoa sem


olhá-la nos olhos. Deixe para olhá-la nos olhos quan-
do estiver bem perto e prestes a fazer um convite.
Não cometa a gafe de olhar nos olhos a distância,
isso pode ser interpretado como uma paquera e o
seu plano de dançar pode ir por água abaixo, caso o
desejo de paquerar não seja recíproco.

Quarto passo: convite educadamente. Timbre de voz


calmo, sorriso no rosto, carisma nos olhos e a mão es-
tendida de modo que a pessoa possa ver claramente
que você quer dançar com ela.

Quinto passo: use frases que sugiram uma ação.


Agora que você realizou os quatro primeiros passos
101
DICA 15
Tenha um convite efetivo (perceba os
sinais).

corretamente, precisa sugerir uma ação para a pes-


soa. Com a minha experiência, percebi que as frases
que mais se convertem em danças são:

1. Dance essa música comigo!


2. Vamos dançar?
3. Posso dançar uma música com você?

É claro que existem muitas outras frases, mas essas


são as que mais funcionaram para mim.

O sim vem quando a pessoa não tem motivos para


dizer não.

É natural que você possa encontrar alguns nãos pelo


caminho, mas o importante é descobrir por que não
deu certo e aprimorar o convite.

Tenho um aluno chamado Cristiano, ele é um espe-


cialista em convites efetivos. Eu o chamo de caçador

102
DICA 15
Tenha um convite efetivo (perceba os
sinais).

de uma única flecha. Ele fica sentado, observando


os mínimos detalhes, até que se levanta e traça uma
linha reta no espaço em direção à dama e realiza o
convite irresistível. Cristiano não é o melhor dança-
rino do mundo, mas aprendeu a ler os sinais de uma
dama que quer dançar e realiza os passos de um con-
vite irresistível como ninguém.

Está ansioso para ver se funciona?

103
Dica 16:

Tenha um
abraço
extraordinário.
DICA 16
Tenha um abraço extraordinário.

"O melhor lugar do mundo é dentro de um abraço."

Jota Quest.

O abraço produz o neuro-hormônio chamado ocito-


cina (o hormônio do amor). A ocitocina também é
conhecida por ser o hormônio da confiança, da em-
patia, das relações sociais e até da fidelidade.

Como você pode ver, o ato de abraçar na dança é


mais profundo do que imaginamos. O seu abraço
fala muito sobre você.

Um abraço leve, de toque pouco presente, traz a ima-


gem de insegurança, de medo, de introspecção e de
uma dose alta de pudor. Já um abraço, demasiada-
mente, forte pode ser interpretado como desrespei-
toso, machista, inconsequente, egoísta e intenso.

Dito isso, qual imagem sua você gostaria que fosse


projetada ao abraçar alguém? Alguém que merece

105
DICA 16
Tenha um abraço extraordinário.

confiança? Alguém que passa segurança? Uma pes-


soa de valor?

Na dica anterior, aprendemos a convidar para dan-


çar. No entanto, após o convite ter sido aceito, você
precisa fazer valer a pena o SIM que lhe foi dado. Já
que o abraço diz muito de você, use-o para partilhar
um pouco da sua essência.

Agora, vamos às dicas:

Para o homem: você deve envolver a dama com o


seu braço direito pouco abaixo da linha das escápu-
las (exatamente onde fica localizado o elástico do
sutiã da dama). Firmeza não é sinônimo de força,
portanto, abrace-a com firmeza, mas deixe-a respi-
rar. Mostre que você está ali presente e pronto para
protegê-la. O ideal é que o tronco de vocês esteja co-
lado, mas veja se ela está à vontade para isso. Com
a sua mão esquerda, abrace a mão direita da dama,

106
DICA 16
Tenha um abraço extraordinário.

também, com firmeza e presença, mas nunca aperte


a mão da dama. Deixe o cotovelo esquerdo apontado
para o chão e certifique-se de que você não está tor-
cendo a mão da dama.

Caso a dama se sinta segura e à vontade, ela deixará


que você cole o rosto nela, mas jamais invada o espa-
ço dela sem permissão.

Uma metáfora que Neiliane e eu usamos nas aulas


para falar sobre abraço é a do Papel Contact. Trata-
-se de um tipo de papel-adesivo feito para se colocar
em livros. Ao aplicar o Papel Contact em um livro, é
necessário cautela para não criar bolhas de ar. Vale-
mo-nos desta imagem das bolhas de ar para expres-
sarmos a intenção do abraço, ou seja, pedimos que os
alunos se abracem sem deixar espaços nos pontos de
contato, sem deixar bolha de ar entre os corpos.

107
DICA 16
Tenha um abraço extraordinário.

Para a mulher: abrace as costas do homem com o seu


braço esquerdo, de preferência, por cima do arco das
contas dele. Caso você seja bem mais baixa, procure
abraçá-lo evitando prender o braço dele. Com a sua
mão direita, abrace a mão esquerda do homem de
modo que o seu cotovelo direito possa apontar para
o chão. Jamais aperte a mão do homem ou pendure-
-se nele.

Caso se sinta confortável, ofereça a lateral do seu ros-


to para ele colar. Não force-o a colar o rosto, apenas
mostre-se disponível, se ele se sentir à vontade, cor-
responderá.

Lembre-se da metáfora do Papel Contact e não deixe


espaço entre o abraço.

Porém, essa é apenas a parte técnica do abraço. Pre-


cisamos agora da intenção do abraço para dar vida a

108
DICA 16
Tenha um abraço extraordinário.

tudo isso.
Imagine que a parte técnica do abraço é um carro, e
a intenção do abraço é o combustível que põe o carro
em funcionamento. Se quiser ter uma ferrari, então
cuide bem da técnica e dê a intenção certa.

Ponha a seguinte intenção no seu abraço: acolha o


seu par. Doe ao seu par o melhor de você durante a
dança. Proteja-o e faça-o se sentir bem por estar ali
dentro do seu abraço.

Nós somos seres humanos, somos movidos por


emoções e por intenções.

Sempre que os nossos alunos superam a fase inician-


te do nosso curso e são promovidos ao nível inter-
mediário, fazemos um juramento antes do acesso às
aulas intermediárias.

O juramento é mais ou menos assim:

109
DICA 16
Tenha um abraço extraordinário.

Eu prometo que a dama (o cavalheiro) que entrar


no meu abraço, será a dama (o cavalheiro) mais fe-
liz do mundo, no erro e no acerto e até que música
acabe.

Amém.

Faça o juramento e comprometa-se a fazer de quem


dança com você a pessoa mais feliz do mundo, pelo
menos até a música acabar. :)

110
Dica 17:

Finalize a
dança com
maestria.

111
DICA 17
Finalize a dança com maestria.

Imagine uma dança como uma redação. Para que


uma redação seja boa, ela precisa ter introdução, de-
senvolvimento e conclusão. Se a conclusão da reda-
ção for ruim, todo o esforço empregado na introdu-
ção e no desenvolvimento pode ser empobrecido, já
que a ideia não foi finalizada com maestria.

Não se trata de finalizar com poses, acrobacias ou


algo do gênero. O “finalizar a dança” que quero tra-
tar é o modo como se despedir da pessoa que divi-
diu a dança com você. Lembre-se que a pessoa que
dança com você está dividindo coisas muito valio-
sas. Quando se dança com alguém, divide-se o seu
tempo, divide-se o abraço (e todas as intenções que
mencionamos na Dica anterior) e divide-se uma ex-
periência.

O que você faz quando alguém lhe dá algo de muito


valor (material ou imaterial)?

112
DICA 17
Finalize a dança com maestria.

Vou dizer o que eu faço!

Quando recebo algo de valor, agradeço. Se eu tiver


o privilégio de estar junto ao benfeitor que me fez
bem, dou-lhe o melhor dos meus abraços e expresso
a minha gratidão. É isso que eu faço.

Concluir a dança com maestria, resume-se a exter-


nar, através de gestos, palavras e ações a sua grati-
dão pela pessoa que dividiu com você três bens de
extremo valor, o tempo, o abraço e a experiência.

Aurélio, e se a dança tiver sido ruim?

Caso a dança tenha sido ruim por questões técnicas


(abraço desconfortável, movimentos que não deram
certo etc.), ainda assim eu acredito que você pode ser
grato, pois questões técnicas serão aprimoradas com
o tempo. Entretanto, caso a dança tenha sido ruim
devido à índole e ao caráter da pessoa com quem

113
DICA 17
Finalize a dança com maestria.

dançou, aí não há motivos para gratidão, tampouco


educação demasiada. Neste caso, deixe claro a sua
insatisfação e não dê margens para que um novo
convite desta pessoa torne a acontecer.

Agora vou dar mais uma sacada valiosíssima, da-


quelas que a gente só diz para família.

Durante um forró ao vivo, várias bandas e trios cos-


tumam conectar uma música na outra como se fosse
um grande pot-pourri. Às vezes chegam a tocar sequ-
ências longas de 30 minutos ou mais sem parar entre
uma música e outra.

A dúvida de muitas pessoas é: como finalizar uma


dança quando a banda não nos dá brecha para parar?

Devo dançar a sequência inteira com a mesma pes-


soa e esperar a banda dá uma pausa, ou posso parar
em um momento qualquer?

114
DICA 17
Finalize a dança com maestria.

Se você já dança e já foi a um forró, certamente deve


ter passado por isso. Mas não se preocupe, muitas
pessoas também não sabem como proceder ao se de-
pararem com este acontecimento. Eu por, exemplo,
temia finalizar a dança e dar margem para que a ou-
tra pessoa interpretasse que eu não estava gostando
de dançar com ela. Em contraponto, temia dançar
a sequência inteira e ser inconveniente. Em meio a
essa dualidade, criei uma técnica simples de finali-
zar a dança sem parecer que eu não gostei e sem ter
que esperar a boa vontade dos músicos darem uma
brecha para finalizar a dança.

Mesmo em um pot-pourri é possível perceber quando


os músicos mudam a música, pois a melodia muda.
Após dançar exatamente duas músicas, quando per-
cebo que a banda está transitando para outra mú-
sica, eu abraço o meu par com um pouco mais de
pressão, exatamente como se fosse um abraço de
saudade. Concomitantemente eu vou desacelerando

115
DICA 17
Finalize a dança com maestria.

os passos até parar totalmente. A pessoa com quem


estou dançando, rapidamente, reconhece que estou
finalizando a dança e, também, para. Ainda abraça-
do, agradeço a ela, verdadeiramente, pela dança e
finalizo expressando a minha felicidade de ter dan-
çado com ela (é de extrema importância ser sincero).

Eu acredito que duas ou três músicas são o bastante


para se dançar com a mesma pessoa. Nada o impede
de dançar mais músicas, especialmente se há interes-
se em ambas as partes. Mas, como dizia Fernando
Pessoa:

Tudo o que é bom dura o


tempo necessário para
ser inesquecível.

116
DICA 17
Finalize a dança com maestria.

Então faça durar somente o tempo necessário para


que se torne inesquecível, para que ainda haja, na
outra pessoa, o desejo de dançar com você mais e
mais vezes. Como já falei, não há problema algum
em convidar a pessoa novamente para dançar, caso
você tenha gostado de dançar com ele ou com ela,
observe apenas se o desejo de dançar novamente é
recíproco.

Já vi pessoas dançarem uma sequência inteira de 40


minutos, ambas querendo parar, mas constrangidas
por não saber como. Agora você já sabe como finali-
zar a dança com maestria sem ser deselegante e dei-
xando margem para novas danças.

117
DICA 17
Finalize a dança com maestria.

Expresse gratidão com


palavras e atitudes. Sua
vida mudará muito de
modo positivo.
Masaharu Taniguchi

118
Dica 18:

Valide as
pessoas com
sinceridade.

119
DICA 18
Valide as pessoas com sinceridade.

Desafio você a receber um elogio e não dar, pelo me-


nos, aquele sorrisinho de canto de boca e não melho-
rar, significativamente, o seu dia.

Já vimos que ser um forrozeiro ou uma forrozeira


Classe A não se resume a dançar bem ou saber mui-
tos passos. Para ser sincero, dançar bem é uma meta
muito fácil de ser alcançada, basta continuar fazendo
aula com um bom casal de professores e cedo ou tarde
você estará dançando bem. O Nível A, por sua vez,
é alcançado por meio da realização de um conjunto
de gestos, atitudes e hábitos com foco nas relações
humanas. Conheço algumas pessoas e alunos que
ainda não são avançados, tecnicamente, entretanto
já são claramente Forrozeiros Classe A, e é apenas
uma questão de tempo para que eles amadureçam a
dança. Em contraponto, eu também conheço exímios
dançarinos que nem sequer alcançaram a Classe D,
devido suas atitudes mesquinhas.

Um dos grandes diferenciais que você pode ter como

120
DICA 18
Valide as pessoas com sinceridade.

ser humano (logo também como forrozeiro ou for-


rozeira, já que bons seres humanos tornam-se bons
dançarinos e inversamente também) é o hábito da
validação.

E o que seria a validação?

Pedro Leite nos explica em seu texto que se chama:


Seja Um Validador de Pessoas.

“Validar uma pessoa significa confirmá-la e, de alguma


forma, comunicar que ela tem significado para você. Va-
lidar alguém é dar valor e deixar claro a importância de
uma pessoa para sua vida. Todos nós, em alguma medida,
necessitamos ser validados pelos outros. Seres humanos
precisam ser elogiados e encorajados para realizarem suas
caminhadas de vida com mais brilho e entusiasmo. Quem
deseja exercitar a validação deve aprender a focar mais nas
virtudes que nos defeitos, deve assumir o papel de enco-
rajador e acolhedor, deve estar entre aqueles que animam,
elogiam e ajudam a aliviar as tensões da vida em comuni-
dade.”
121
DICA 18
Valide as pessoas com sinceridade.

Antes de começar a dançar, eu era muito introspecti-


vo e tímido, o que me levou a ser muito observador,
já que eu passava a maior parte do tempo calado e
escutando. O dom da observação me levou a perce-
ber os pequenos detalhes nas pessoas, tais como um
corte de cabelo, uma roupa nova, uma maquiagem
diferente, uma expressão tristonha etc. Percebi tam-
bém que o simples fato de reconhecer que as pessoas
tinham algo de diferente e de reconhecer a especifici-
dade da mudança, as deixava felizes. Quando me dei
conta disso, passei a exercitar a validação com mais
frequência até que se tornou um hábito.

Após anos dançando e exercitando a validação, per-


cebi que algumas das pessoas que mais tenho apre-
ço e que gosto de dançar, também, validaram-me e
acreditaram no meu potencial. Dançar nos faz bem
e dançar com uma pessoa que nos faz bem é dupla-
mente gratificante.

A fórmula do sucesso na dança é simples.

122
DICA 18
Valide as pessoas com sinceridade.

Para dançar bem é preciso praticar. Para praticar é


preciso que as pessoas queiram dançar com você.
Para as pessoas quererem dançar com você, elas pre-
cisam gostar de você.

Entendeu a lógica?

Foque nas qualidades da pessoa. Se você não vê qua-


lidades na pessoa, certamente é porque o seu foco
está nos defeitos dela e aquilo em que foca, expande.

Tendo em vista que uma imagem vale mais que mil


palavras, eu disponibilizarei um vídeo que retrata
a importância da validação e do poder contagiante
que ela tem.

Peço, agora, que você pare a leitura e assista ao


vídeo.

https://www.youtube.com/watch?v=6u7_
ISo6BAo#t=889.638595
Sem mais comentários.
123
Dica 19:

Compre um
sapato de
dança.

124
DICA 19
Compre um sapato de dança.

Cada nicho social constrói os seus próprios estereó-


tipos. Os skatistas usam tênis robustos, os surfistas
usam cabelo grande com luzes e bermuda de tactel,
advogados usam terno e gravata, roqueiros usam
roupas pretas, orientais são mais inteligentes e tra-
balhadores e assim por diante.

É fato que os estereótipos limitam a nossa percepção


unicamente para ideias preconcebidas de cada gru-
po social (os clichês), mas também é fato que eles são
fundados com base em comportamentos comumente
praticados em um determinado grupo social.

Como diria Eduardo Ruano: “A tendência de cate-


gorizar (classificar as pessoas em categorias) é um
fator natural da cognição humana.” “...Criamos con-
ceitos ou estereótipos a fim de dar sentido às inú-
meras complexidades que encontramos no ambiente
e, caso não criássemos esses conceitos, a vida seria
pleno caos”.

125
DICA 19
Compre um sapato de dança.

Todos nós tendemos a nos tornar preconceituosos ao


longo da vida, uns em maior proporção que outros.
A nossa mente busca incessantemente entender por
meias palavras, e isso nos torna julgadores.

O homem é, antes de tudo,


um animal que julga.
Nietzsche

E qual seria o estereótipo dos forrozeiros?

E por que eu preciso saber disso, Aurélio?

Então, vamos lá!

Agora que você já sabe que nossa mente cria grupos


sociais e ideias preconcebidas sobre eles, chegou a
hora de usar isso ao seu favor.

126
DICA 19
Compre um sapato de dança.

Um dos estereótipos de quem dança é usar um sa-


pato apropriado. Esse é um costume que herdamos,
das danças de salão, com o passar dos anos.

Se você vai a um forró com o seu sapato de dança,


as chances são de que os forrozeiros locais tenham a
ideia preconcebida de que você dança, e isso atrairá
os curiosos e os primeiros convites, ou até abrirá o
caminho para que você convide.

Uma boa técnica, para atrair mais convites, é levar o


seu sapato ou a sua sandália de dança em uma saco-
linha que, normalmente, vem com os sapatos no ato
da compra. Ao chegar ao forró, calce o seu sapato/
sandália de modo que os forrozeiros locais possam
ver que você veio para dançar, pois este é mais um
ritual dos dançarinos da atualidade.

É óbvio que usar um sapato de dança tem outras


funcionalidades, já que eles foram pensados para os

127
DICA 19
Compre um sapato de dança.

pés de quem dança, mas eu não entrarei nesses de-


talhes, pois o meu objetivo aqui é apenas apresentar
a você um dos códigos do forró, que muitas vezes
passa despercebido.

Após dançar a primeira música e/ou conquistar o


primeiro convite, é hora de vender o seu peixe para
que mais pessoas queiram dançar com você.

Quer dizer então que todos os forrozeiros e forrozei-


ras fazem isso?

Não. Do mesmo modo que nem todo surfista tem o


cabelo grande e com luzes, ou todo asiáticos é super
inteligente e trabalhador, nem todo forrozeiro usa
um sapato de dança, mas a cada dia que passa, vejo
que esse hábito vem tornando-se mais comum.

A sua vantagem está em saber da existência desse


estereótipo e de como a mente funciona, para então
usar esse conhecimento a seu favor.

128
DICA 19
Compre um sapato de dança.

Não existe nenhum sapato de dança mágico que o


fará dançar bem só por estar calçado com ele, mas
certamente ele melhorará a sua performance.

Pense com carinho e, assim que puder, faça a sua


aquisição.

129
Dica 20:

Cuide bem da
aparência e da
higiene.

130
DICA 20
Cuide bem da aparência e da higiene.

Nos meus primeiros meses de dança, fazia aulas de


forró em uma pequena academia sediada na periferia
de Fortaleza, no Ceará. Certo dia, eu cheguei para fa-
zer a minha aula um pouco mais cedo que o comum,
e me deparei com um casal dançando. A música era
razoavelmente rápida, mas isso não parecia abalá-los
de forma alguma. Eu fiquei hipnotizado. Até então
não havia visto alguém dançar tão bem. Nem mesmo
o meu professor tinha tamanha desenvoltura como
aquele rapaz dançando com aquela moça.

Por um instante eu me senti o próprio Jonh Coffey


(personagem de Michael Clarke Duncan), no Filme
“The Green Mile”, de 1999 (O filme no Brasil se cha-
ma “A Espera de Um Milagre”) na cena em que ele
assiste, pela primeira vez, os lendários Fred Astaire
e Ginger Rogers, dançando, e diz: “Parecem Anjos!
Anjos como no céu.”

131
DICA 20
Cuide bem da aparência e da higiene.

Assim era eu apreciando tamanha beleza. Quando


eles finalizaram a dança, eu estava certo de que que-
ria ser como aquele rapaz, portanto, passei a observá-
-lo nas aulas e nos forrós para me inspirar. Foi então
que observei algo curioso…

As mulheres o evitavam.

Mas, por quê?

Passei a me perguntar constantemente o que as le-


vavam a evitar os convites do homem que mais sa-
bia dançar. Na minha cabeça, elas deveriam fazer fila
para dançar com ele, mas não era o que acontecia.

Até que certo dia, após o término da aula de forró,


eu finalmente criei coragem de ir comprimentá-lo e
dizer que eu era um fã dele. Após tê-lo validado, ele
se mostrou muito contente pelo novo fã, agradeceu
e me comprimentou com um aperto de mão e um
abraço.

132
DICA 20
Cuide bem da aparência e da higiene.

Neste exato momento, após abraçá-lo, todas as fichas


caíram.

Ele tinha um cheiro insuportável!


Quando o abracei, ele estava um pouco suado,devido
ter feito aula em um ambiente quente, consequente-
mente, o suor dele ficou em minha pele e roupa e fui
obrigado a sentir aquele mal cheiro por alguns quar-
teirões.

O encanto acabou!

Após as fichas caírem, percebi que ele estava quase


sempre suado e com a mesma roupa preta de sempre
(o que tornava mais grave o mal cheiro).

Passei a refletir como alguém conseguia suportar


dançar uma música inteira com ele, portanto, enten-
di perfeitamente o porquê das meninas o evitarem.

133
DICA 20
Cuide bem da aparência e da higiene.

A higiene pessoal é para mim um dos temas de maior


importância para qualquer forrozeiro ou forrozeira,
especialmente para aqueles que almejam a Classe A
(vale a pena ressaltar que cuidar da higiene pessoal
também é saúde).

Uma má higiene pessoal põe abaixo todos os outros


conceitos que abordamos até então. Mesmo que você
saiba 1 milhão de passos, seja gentil, tenha o melhor
sapato de dança, ou o melhor convite do mundo,
nada irá funcionar se você não cuidar da sua higiene.

A higiene é importante para ambos, não apenas para


o homem. Usei o exemplo do meu derradeiro ídolo
para apresentar, de maneira prática, a importância
da higiene pessoal, e não para direcionar a acusação
para os homens.

Estar limpo não é sinônimo de estar cheiroso. Estar


limpo é a sua obrigação de cada dia, seu cuidado com
a sua saúde que é indispensável. Estar cheiroso é um

134
DICA 20
Cuide bem da aparência e da higiene.

bônus para quem dança com você, portanto, agrega


mais valor a sua dança.
Lembre-se de passar desodorante, também, não use
somente leite de rosas, pois a fixação é muito ruim e
logo, logo as suas axilas estarão cheirando mal.

Agora que você já sabe o quão importante é a higie-


ne pessoal, vamos, então, conhecer 5 passos práticos
para você se tornar Classe A neste quesito:

Passo 1: Tome banho.

Nada substitui o banho, portanto, não queira dar


uma de francês e se encharcar de perfume para evi-
tar a água e o sabonete, pois o perfume é um comple-
mento ao banho e não um substituto.

Para as mulheres, é importante lavar o cabelo pe-


riodicamente, porque eles ficam muito próximos do
rosto do homem ao dançar.

135
DICA 20
Cuide bem da aparência e da higiene.

Então, sempre que possível, tome banho antes de ir


ao forró.

Passo 2: Escove os dentes e faça a manutenção do


hálito.

Por mais que possa parecer redundante falar de hi-


giene pessoal e de algo básico como escovar os den-
tes, muitas pessoas cometem falhas por falta de in-
formação.

Nosso olfato se acostuma com o nosso cheiro após


alguns minutos, fazendo com que deixemos de senti-
-lo. Um bom exemplo é quando você passa perfu-
me e pouco tempo depois não consegue mais sentir
o cheiro dele. De repente, alguém que se aproxima
de você, pergunta: que perfume é esse que você está
usando? Isso ocorre porque nosso olfato se adapta
ao cheiro, não importando se é um mal cheiro ou um
aroma celestial.

136
DICA 20
Cuide bem da aparência e da higiene.

Com o hálito não é diferente. A última pessoa que


sente o seu hálito é você mesmo, portanto, precisa-
mos, além de escovar os dentes após as refeições, fa-
zer a manutenção deles.

Cuidar do hálito é bem trabalhoso, por mais que seja


simples, não é fácil. Muitas coisas causam o mau háli-
to. Má alimentação, pouca ingestão de água, gargan-
ta inflamada, má escovação e muitas outras coisas.

Pessoas que se alimentam mal, pulam refeições, co-


mem qualquer porcaria ou passam mais de quatro
horas sem comer, consequentemente, desenvolvem
mau hálito. Esse tipo de mau hálito não é soluciona-
do somente com a escovação, é preciso uma reeduca-
ção alimentar.

Se você é assim como eu, que passa muitas horas


fora de casa, tenha sempre consigo um kit de higiene
pessoal para escovar os dentes e compre balinhas de

137
DICA 20
Cuide bem da aparência e da higiene.

gengibre, menta ou a que você preferir, mas não dei-


xe de fazer a manutenção do seu hálito.

Passo 3: Use um bom perfume.

O perfume é o seu overdelivery (a arte de entregar


mais do que se espera). Se além de estar limpo, você
estiver usando um bom perfume, existem boas chan-
ces de se tornar memorável.

Eu, por exemplo, adoro dançar com damas que usam


um bom perfume. E quem não gosta de dançar com
alguém cheiroso, não é?

O perfume é um excelente investimento para aque-


les que querem causar ótimas primeiras impressões.
Mas cuidado para não exagerar na aplicação do per-
fume. O ideal é aplicar pequenas borrifadas do per-
fume em pontos estratégicos do corpo, tais como: na
nuca, atrás das orelhas, na articulação dos cotovelos,
nos pulsos, no plexo e até na articulação dos joelhos.
138
DICA 20
Cuide bem da aparência e da higiene.

Evite passar perfume na roupa, o ideal é que ele seja


aplicado em sua pele para que possa se fundir com a
sua essência e singularidade.

Caso seja possível para o seu orçamento, compre


perfumes com grande concentração de essência, pois
eles, com certeza, durarão muito em sua pele.

Outra dica, interessante, é não esfregar o perfume na


pele durante a aplicação. Eu confesso que fazia mui-
to isso, até descobrir que esfregar o perfume na pele
quebra as micropartículas da essência do perfume,
reduzindo em, pelo meno,s 30% a fixação deste.

Pesquisas indicam que nós, ocidentais, tendemos a


compartilhar boas experiências com, em média, 5
pessoas, e más experiências com aproximadamente
20 pessoas. Eu, sinceramente, não sei por que com-
partilhamos mais o que não gostamos, mas isso é um
fato.

139
DICA 20
Cuide bem da aparência e da higiene.

Dito isso, como você quer que a sua fama se espalhe?


De maneira positiva ou negativa?

Passo 4: Use roupas limpas.

A roupa suja pode anular o seu mérito de estar ba-


nhado e perfumado, portanto, não caia nessa pegadi-
nha de se confiar unicamente no banho e no perfume,
sua roupa também precisa estar limpa. A roupa tam-
bém pode trazer um mal cheiro de uma má lavagem.
Você ou a máquina de lavar podem não ter retirado
o sabão completamente, ou a roupa não secou com-
pletamente e estes fatores, também, podem produzir
o mal cheiro.

Eu faço questão de vestir as minhas roupas com


aquele cheirinho de amaciante. Durante muitos anos
eu mesmo lavei e passei as minhas roupas para ga-
rantir que teria esse desejo sempre realizado.

140
DICA 20
Cuide bem da aparência e da higiene.

Passo 5: Evite dançar muito suado.

O forró é uma dança de muito contato físico e é muito


comum transpirar durante a dança. Não há nenhum
problema em transpirar, no entanto, precisamos le-
var em consideração que se estivermos molhados de
suor, isso pode ser desagradável para aqueles que
toparem dançar conosco.

Existem diversos truques que podem ajudá-lo(la) a


lidar com o suor, mas eu selecionei os três modos
que considero ser mais eficazes.

O primeiro modo é aderir o uso de uma toalha de


rosto para secar o suor sempre que necessário.

A segunda possibilidade é levar, além da toalha,


uma camisa extra para trocar durante o forró. Caso
você transpire muito e a sua toalha de rosto não es-
tiver dando conta do recado, ao longo do forró, vá
ao banheiro, enxugue-se com a sua toalha, renove o

141
DICA 20
Cuide bem da aparência e da higiene.

perfume e troque de camiseta.


A terceira possibilidade é comprar uma camisa tér-
mica em uma loja de artigos esportivos e vesti-la por
baixo da sua roupa. O objetivo da camisa térmica é
absorver o calor e o suor sem transmitir para a sua
roupa.

Pronto, agora é só escolher a opção que mais convém


com a sua realidade.

142
Dica 21:

Antes de ir
embora, não se
esqueça de se
despedir.

143
DICA 21
Antes de ir embora, não se esqueça de
se despedir.

Esta simples ação faz com que você estreite as rela-


ções e não seja facilmente esquecido.

Despedir-se é se importar.

Sempre que você tiver oportunidade, ao sair do for-


ró, diga para cada pessoa que dançou, que conheceu
e que já conhecia:

Tchau! Até logo, foi um prazer vê-lo(la)/ conhecê-


-lo(la)/dançar com você hoje!

O ideal seria finalizar a despedida com um aperto


de mãos, com um abraço ou um beijo no rosto, ou
seja, com algum tipo de contato físico para selar o
momento.

Por meio desta simples atitude, você mostrará que se


importa com as pessoas, logo, aumentará as chances
delas memorizarem o seu nome e quem você é.

144
DICA 21
Antes de ir embora, não se esqueça de
se despedir.

Da próxima vez que vocês se encontrarem em um


forró, certamente você já terá algumas danças garan-
tidas, além de, gradativamente, a sua boa fama ga-
nhar os forrós.

Para que você entenda melhor a importância da des-


pedida, vou pedir que imagine uma cena hipotética.

Suponhamos que você conheceu uma pessoa e ela


pareceu ser legal, divertida. Conforme você foi co-
nhecendo-a melhor, mais características boas enxer-
gava nela.

Certo dia, você resolve ir ao cinema assistir a um fil-


me com o seu novo amigo. Durante o filme, vocês
dão risadas, interagem e se divertem muito. Porém,
ao terminar o filme, o seu amigo se levanta e, sem
olhar para trás, vai embora. Você ainda o procura,
mas não tem êxito.

145
DICA 21
Antes de ir embora, não se esqueça de
se despedir.

Como você se sentiria caso isso tivesse acontecido de


fato?

Será que a sua companhia foi tão insignificante a


ponto de não merecer nem um até logo?

Pense nisso antes de sair à francesa do forró.

O sucesso é sinônimo de constância. Seu objetivo é


acumular pequenos resultados ao longo do tempo e,
quando menos esperar, você já terá atingido o esta-
do da arte (estado da arte é o nível mais alto de de-
senvolvimento, seja de um aparelho, de uma técnica
ou de uma área científica, alcançado em um tempo
definido). No começo as coisas acontecem devagar,
é importante que saiba disso. É a paciência e a per-
sistência nas pequenas ações como esta que separam
os meninos dos homens e as mulheres das meninas.

146
Dica 22:

Dance com e
para o seu par.

147
DICA 22
Dance com e para seu par.

Existem três fases que determinam o nível de matu-


ridade da dança e da mentalidade de um forrozeiro
ou de uma forrozeira. Provavelmente você já passou
ou está passando por alguma delas.

A primeira fase é quando a mentalidade e o corpo


(técnica) são principiantes. É comum nesta fase ter re-
ceio de dançar, ter insegurança nos passos e se sentir
constrangido(a) de ir ao salão por achar que todos es-
tão observando, portanto, se você errar, “todos” vão
perceber e isso o(a) deixará constrangido(a). Logo,
você evita o salão por não se achar merecedor(a),
nem capaz, ainda.

Caso você esteja nesta fase, não se preocupe, pois


ela é passageira. Provavelmente, no seu quinto forró
você já estará sentindo uma vontade compulsiva de
dançar todas as músicas. A briga vai ser para tirá-
-lo(a) do salão e não mais para que entre nele.

Vou lhe contar um segredo: acredite, as pessoas não

148
DICA 22
Dance com e para seu par.

estão olhando você dançar, elas estão muito mais


preocupadas com quem elas vão dançar ou talvez
elas já estejam dançando também, portanto, relaxe
e curta o salão. Achar que está todo mundo olhando
você no salão é um grande mito.

Fernando Pessoa dizia que o caminho se faz cami-


nhando. Então, aventure-se logo de uma vez no sa-
lão que a coisa começará a acontecer.

A segunda fase eu a chamo de canto da sereia, caso


não tenha cuidado, ela pode ser uma perigosa arma-
dilha que ludibria você e, depois, o(a) prejudica. Nes-
ta fase você não é mais um iniciante, tecnicamente,
mas sua mentalidade ainda precisará evoluir muito.

Agora que você tomou gosto pela dança, já aprendeu


a dançar muito bem e obviamente já percebeu que as
pessoas não estão preocupadas em olhar você dan-
çando, passará a aderir a espetacularidade da dança
para chamar a atenção das pessoas, para que então

149
DICA 22
Dance com e para seu par.

elas vejam o quanto você dança bem. Neste ponto,


você usa as pessoas que dançam com você como co-
baias que o(a)ajudarão na sua exibição.

Um dos sinais que denuncia esta fase é o constante


olhar para os lados durante a dança, a fim de perce-
ber se há alguém observando.

Certamente quem está vivendo esta fase, atrairá al-


guns elogios, mas não se iluda, pois, concomitante-
mente aos elogios, existe o descontentamento daque-
les ou daquelas que não se sentirão bem em dançar
com quem deseja se exibir.

No universo dos comediantes, existe uma função


que é chamada de escada. No show de humor você
verá o comediante protagonista e o escada. A função
do escada é potencializar as piadas do protagonista
e fazer com que elas tornem-se ainda mais risíveis.
Um bom exemplo é o nosso querido Carlos Alberto
de Nóbrega, que sentava no banco da praça, do qua-

150
DICA 22
Dance com e para seu par.

dro A Praça É Nossa. A função de Carlos não é ser


engraçado e sim fazer brilhar as estrelas dos diversos
comediantes que transitavam pelo banco da praça.

Pegando como referência o universo humorístico e


trazendo para a nossa realidade forrozeira, eu quero
lhe fazer um pedido. Nunca faça da pessoa que dan-
çar com você uma escada. Se é para brilhar no salão,
então que brilhe junto com o seu par. Os resultados
serão tremendos.

Todos nós temos necessidade de aceitação, alguns


em maior proporção, outros em menor, mas todos
temos. Nos sentimos bem ao fazer algo que os outros
gostam ou pelo menos que aceitam. Talvez, por isso,
o desejo do exibicionismo contido na fase dois.

Você, sem dúvidas, já deve ter ficado nervoso ou an-


sioso antes de uma apresentação importante. Uma
defesa de TCC (Trabalho de Conclusão de Curso),
um discurso etc. O nervosismo é apenas um reflexo

151
DICA 22
Dance com e para seu par.

do nosso medo de não sermos aceitos, medo de não


gostarem de nós ou do que fazemos, caso contrário,
não ficaremos nervosos. A sabedoria está em não
deixar que a necessidade de aceitação nos domine e
torne-se uma prioridade.

A sua meta é sair dessa fase o mais rápido possível e


chegar logo na fase seguinte.

A terceira fase lhe trará resultados incríveis.

Experiência não é algo que se ensina, mas me permi-


ta, pelo menos, compartilhar um pouco da minha.

Na fase três você alcança, além de um excelente ní-


vel técnico, uma mentalidade Classe A que o permite
enxergar que dançar com e para o seu par é, extrema-
mente, gratificante para você e para todas as pessoas
que dançarem contigo. E se, porventura, você atrair
olhares e uma imensidão de elogios, não será coin-
cidência e sim consequência da mágica energia que

152
DICA 22
Dance com e para seu par.

você produz ao dançar, exclusivamente, para o seu


par e totalmente entregue à experiência.

Cada pessoa tem sua singularidade, um jeito todo es-


pecial de dançar e uma imensidão de possibilidades.
Divirta-se descobrindo quais são estas possibilidades
de cada pessoa com quem dançar, e não se preocupe
se estão olhando ou não, isso é sempre secundário.
Esse é o verdadeiro espetáculo do forró.

Aurélio, quer dizer que, necessariamente ou inevi-


tavelmente, eu passarei por todas as três fases?

Não! Tudo depende do seu objetivo inicial ao entrar


na dança e, principalmente, da orientação que os seus
professores deram a você. Se tiver o privilégio de en-
contrar um bom casal de professores, eles embutirão
nas aulas alguns costumes que livrará você da cilada
do canto da sereia (Fase 2) e, certamente, estreitará o
caminho até a fase três e o estado da arte.

153
DICA 22
Dance com e para seu par.

Agora você já está ciente da existência das três fases


e isso o(a) ajudará a identificar o seu estado atual, e,
uma vez situado, poderá progredir rumo à fase três.
Caso já esteja nela, eu gostaria de lhe dar os parabéns
e dizer que você é uma das pessoas que faz a diferen-
ça e eleva o nível do forró no nosso Brasil.

154
Dica 23:

Treine os
passos até
esquecê-los.
DICA 23
Treine os passos até esquecê-los.

Finalmente, falaremos de passos e de como conquis-


tar um bom nível de dança.

Eu sei que o título dessa dica parece ser meio para-


doxal, mas no final vai fazer sentido, eu prometo.

No Curso Técnico em Dança do Ceará (CTD), assim


como no Curso de Dança da Universidade Federal
do Ceará (UFC), eu tive o privilégio de conhecer pro-
fessores extraordinários que impulsionaram a minha
carreira. Dentre os professores que tive, alguns e al-
gumas tiveram um grau de importância fora do co-
mum. Tereza Rocha é uma das professoras que carre-
garei no coração para todo o sempre, amém. Tereza
é professora do curso de Dança da UFC, doutoranda
em artes cênicas na UniRio e professora do curso de
pós-graduação em dança da Universidade Católi-
ca Dom Bosco. Mas não são os títulos que a tornam
especial, e sim a maestria com que ela ensina o que
sabe.

156
DICA 23
Treine os passos até esquecê-los.

Em uma de suas aulas, ela veio com uma conversa de


que para dançar é preciso esquecer (ela inclusive es-
creveu um artigo que se chama Entre a Arte e a Téc-
nica, Dançar É Esquecer). A princípio eu fiquei bem
confuso (talvez até um pouco desesperado), pois na
minha cabeça, de um reles mortal, se eu esquecesse
dos passos, aí é que eu não conseguiria dançar de
vez.

Para aliviar a minha angústia, ela, gradativamente,


foi se fazendo entender. Tereza explica que o concei-
to de memória que nos ensinaram diz que memória é
lugar de passado, mas na verdade este conceito está
equivocado. O corpo nunca esquece e se ele nunca
esquece, significa que não precisa lembrar. O palha-
ço Tiririca diz que jamais esquecerei das coisas que
me lembro. É meio tosco, eu sei, mas não deixa de
ser fato.

157
DICA 23
Treine os passos até esquecê-los.

...estamos sim a falar


da memória e das
lembranças. E de como
no corpo, a memória
não conhece o passado.
A memória só conhece
o presente. Do ponto
de vista da memória, é
sempre hoje, sempre
agora.
Tereza Rocha

158
DICA 23
Treine os passos até esquecê-los.

A viagem aqui é meio louca, eu admito, mas essa


mudança de mentalidade fará você mudar as suas
atitudes diante da dança e, consequentemente, trará
excelentes resultados.

Vamos agora a um exemplo prático de que o corpo


não esquece nunca.

Eu adoro motocicletas e piloto há pelo menos 10


anos. Certa vez sofri um acidente, nada muito grave,
mas grave o suficiente para gerar um aprendizado
para o meu corpo.

Um ciclista que andava em sua bicicleta, na calçada,


entrou repentinamente no asfalto e eu precisei des-
viar dele, peguei a contramão e colidi com um carro.
Por sorte, eu e o outro motorista estávamos em ve-
locidade reduzida, mas, inevitavelmente, caí sobre o
carro devido à força da inércia.

159
DICA 23
Treine os passos até esquecê-los.

Antes da colisão, eu escutei a buzina do carro e aque-


le som foi memorizado pelo meu inconsciente.

Passei meses com aquela sensação ruim até que, final-


mente, “esqueci”. Dois anos se passaram e certo dia,
indo dar aula, um carro que queria me ultrapassar
buzinou bem próximo de mim. De repente, aquela
cena do acidente se materializou ante os meus olhos,
como se tivesse acontecido a minutos atrás. As mes-
mas pernas trêmulas, o coração acelerado e o baru-
lho da colisão novamente me visitaram.

Realmente o corpo não esquece.

Porém, para que o corpo não esqueça, nós precisa-


mos gerar nele um aprendizado, uma memória, um
arquivo.

Há duas maneiras de gerar um aprendizado que é


incorporado pelo corpo. A primeira maneira é sobre
forte impacto emocional. Um forte impacto emo-

160
DICA 23
Treine os passos até esquecê-los.

cional gera um aprendizado instantaneamente. Um


acidente, uma forte emoção, uma grande conquista,
uma queimadura são exemplos de aprendizado so-
bre forte impacto emocional.

Vamos pegar o exemplo da queimadura. Quando


uma criança toca em alguma superfície quente e,
consequentemente, queima-se, ela gera um aprendi-
zado instantaneamente. A dor sentida e a conexão de
que o fogo queima, jamais serão esquecidas e tudo
aconteceu em um instante.

A segunda maneira é por meio da repetição. Comer


com talheres, ler, escrever e andar são bons exem-
plos de aprendizados que incorporamos por meio de
inúmeras repetições.

Eu garanto que você não raciocina cada ação ao co-


mer com talheres, ou precisa pensar em cada passo
que tem que dar ao caminhar. Essas ações foram in-

161
DICA 23
Treine os passos até esquecê-los.

corporadas a você de um modo que pode esquecê-


-las no mesmo momento em que as realiza, estes são
ótimos exemplos de memórias que constantemente
se tornam presentes.

A questão agora é: como incorporar os passos a pon-


to de ser capaz de realizá-los sem pensar? A ponto de
poder desfrutar da dança sem ser escravo da cons-
tante racionalização dos gestos?

A resposta é tão simples que chega a ser tola.


Re-pe-ti-ção.

Repetição gera aprendizado quer você queira, quer


não.

Quando eu era mais jovem, um dos meus irmãos era


fascinado pelo grupo musical Raça Negra. Eu, por
outro lado, detestava com todos as minhas forças.
Devido ele escutar as músicas todos os dias, eu, mes-
mo a contragosto, sei de có todas as letras, de todas

162
DICA 23
Treine os passos até esquecê-los.

as músicas e, infelizmente, nunca mais esquecerei


delas.

Repetição gera aprendizado.

Se você já tem, pelo menos, dois meses de dança, eu


posso garantir que há alguns passos que são muito
repetidos ao longo da sua dança. Quando você se dá
conta, lá está repetindo aqueles mesmos passos de
novo. Toda vez que se distrai, e entra no piloto au-
tomático, mais um vez os passos se repetem. Estou
certo?

Parabéns, esses são os passos que você realmente do-


mina, e eu arrisco dizer que sempre que você está
fazendo eles, é o único momento em que sente-se re-
almente dançando, pois já é possível dar expressivi-
dade a esses gestos. Todos os outros passos que você
ainda tem receio de fazer, ou precisa se esforçar para
lembrar, certamente ainda não consegue dançá-los,
já que está preocupado demais em acertá-los.

163
DICA 23
Treine os passos até esquecê-los.

Portanto, faça uma lista dos passos que você mais


gosta de fazer e tente treiná-los durante uma sema-
na, repetindo o máximo de vezes possível.

Não importa a quantidade de passos que você co-


nhece, mas a quantidade de passos que você domina
a ponto de conseguir entrar e sair deles de diversas
formas.

A minha sugestão é que você, primeiramente, em-


pregue as suas energias em dominar a marcação a
ponto de esquecê-la, pois todos os passos bem exe-
cutados pressupõem uma marcação bem feita. Em
seguida, dê lugar a outros passos até que você possa
fazê-los de olhos vendados e com os pés nas contas
(esse é só o modo de dizer, não faça isso).

Agora, parece ser uma boa ideia essa história de que


para dançar é preciso esquecer, não acha?

164
Dica 24:

Não tem talento para


dança? Parabéns,
você tem muitas
chances de dançar
melhor que os
talentosos.
DICA 24
Não tem talento para a dança?
Parabéns, você tem muitas chances de
dançar melhor que os talentosos.

Será que sou bom nisso? Será que serei bom nisso um
dia? Quantas vezes fazemos esse tipo de pergunta ao
longo da vida nas mais variadas situações?

Talvez você seja talentoso, aprenda com facilidade


e realize com maestria sem requerer muito esforço.
Talvez você seja como eu e precise treinar um pouco
mais que os outros para acompanhá-los.

Caso você seja um principiante talentoso, a boa notí-


cia é óbvia, você dançará bem sem precisar se esfor-
çar na maior parte das vezes.

Caso você seja uma pessoa comum, que precise trei-


nar, fazer e refazer até ficar bom, a boa notícia é que
se você persistir, dançará muito melhor do que você
mesmo acredita ser capaz. Inclusive, dançará me-

166
DICA 24
Não tem talento para a dança?
Parabéns, você tem muitas chances de
dançar melhor que os talentosos.

lhor que muitos talentosos. Pode até parecer insano


o que eu estou afirmando agora, e você, neste exato
momento, deve ter imaginado aquele cara ou aquela
garota que você baba ao ver dançar e nem em sonhos
consegue se ver dançando melhor do que ele ou ela.
Mas, volto a afirmar em caixa alta e em negrito:

SE VOCÊ PERSISTIR NA DANÇA, VOCÊ


DANÇARÁ MELHOR QUE ELES.

Assim eu tenho visto a história se repetir ao longo


do tempo. Foi assim comigo, foi assim com muitos
amigos meus, foi assim com diversos alunos. O úni-
co pré-requisito é a persistência.

167
DICA 24
Não tem talento para a dança?
Parabéns, você tem muitas chances de
dançar melhor que os talentosos.

No fim tudo dá certo, e se


não deu certo é porque
ainda não chegou ao fim.
Fernando Sabino

168
DICA 24
Não tem talento para a dança?
Parabéns, você tem muitas chances de
dançar melhor que os talentosos.

Não estou falando para ser insistente, e sim para ser


persistente. A diferença é simples. A pessoa insis-
tente permanece a refazer o mesmo caminho, inclusi-
ve quando dá errado, acreditando insanamente que
fazer a mesma coisa resultará em algo diferente. Já
o persistente, persiste em alcançar um resultado se
moldando às circunstâncias e tentando de diversas
formas alcançar o objetivo desejado.

Quando eu falo persistir, lembre-se de que eu estou


falando de persistir dançando, fazendo aulas, indo
aos forrós e desfrutando de cada momento, divertin-
do-se, sendo, pelo menos, feliz. Não estou pedindo
para você carregar tijolos ou suportar uma dor so-
bre-humana.

169
DICA 24
Não tem talento para a dança?
Parabéns, você tem muitas chances de
dançar melhor que os talentosos.

O caminho tem que ser


tão prazeroso quanto o
destino.
Paulo Vieira

170
DICA 24
Não tem talento para a dança?
Parabéns, você tem muitas chances de
dançar melhor que os talentosos.

A minha teoria que vem se confirmando ao longo do


tempo é:

A grande massa dos talentosos se acostuma a NÃO


sentir dificuldades e a aprender tudo com o mínimo
de esforço, acreditando eles que sempre será assim.
Mas, certo dia, eles deparam-se com alguns passos
ou conceitos que é natural sentir dificuldades. E ou-
vido que nunca ouviu um não, quando ouve, estra-
nha a palavra. Muitos dos talentosos não suportam
a primeira tormenta e desistem de continuar evo-
luindo, mentindo para si mesmos, dizendo que já é
o bastante.

Para sublinhar esse momento, eu vou lhe apresentar


a fábula da raposa e as uvas.

Uma Raposa, morta de fome, depois de um jejum


não intencional, viu, ao passar diante de um pomar,
penduradas nas ramas de uma viçosa videira, alguns
cachos de exuberantes Uvas negras, e o mais impor-
tante, maduras.
171
DICA 24
Não tem talento para a dança?
Parabéns, você tem muitas chances de
dançar melhor que os talentosos.

Não pensou duas vezes, e depois de certificar-se que


o caminho estava livre de intrusos, resolveu colher
seu alimento.

Para isso não poupou esforços. E usando os seus


dotes, conhecimentos e artifícios resolveu pegá-las.
Mas, estavam fora do seu alcance, e depois de muitas
tentativas sem nada conseguir, desistiu.

Desolada, cansada, faminta, frustrada com o insuces-


so de sua empreitada, suspirando, deu de ombros, e
se deu por vencida.

Por fim deu meia volta e foi embora. Saiu consolan-


do a si mesma, desapontada, dizendo:

"Na verdade, olhando agora com mais atenção, per-


cebo que as uvas estão todas estragadas, e não ma-
duras, como eu imaginei a princípio..."

Esta fábula representa muito bem a batalha mental

172
DICA 24
Não tem talento para a dança?
Parabéns, você tem muitas chances de
dançar melhor que os talentosos.

que ocorre na mente dos que desistem de progredir


e melhorar o nível e de dança ao se depararem com
a dificuldade.

Do outro lado há os “não talentosos” (eu sou um


deles). Para nós, ter uma dificuldade ou outra não é
motivo de espanto, pois já estamos até acostumados.
Tendo em vista que há um ponto na dança em que
muitos talentosos se dão por satisfeitos, ou melhor,
por vencidos, nós o alcançamos e o superamos, pois,
a longo prazo, o verdadeiro talento é o trabalho.

Não acredite na historinha que você conta para si


mesmo, de que não quer dançar bem.

Ah! Eu faço aula só para desopilar! Não quero ser


profissional! Se eu aprender uns cinco passos já
está bom demais.

Isso ocorre porque a sua mente quer convencê-lo


de que a sua dificuldade é maior que você. Essa é a
maior mentira que pode dizer a si mesmo.
173
DICA 24
Não tem talento para a dança?
Parabéns, você tem muitas chances de
dançar melhor que os talentosos.

É claro que você quer dançar bem. É claro que você


quer ser elogiado e admirado, é claro que você quer
oferecer uma experiência mágica para aqueles ou
aquelas que dançarem contigo. Não acredite em nada
que seja menor que isso.

Eu sei que você tem uma vida, um trabalho ou uma


faculdade que consome o seu tempo e a sua energia,
talvez você tenha filhos e, por conta disso, resta a você
pouco tempo para praticar. A boa notícia é que não
importam as circunstâncias, você não precisa sofrer
para dançar bem um dia. Você só precisa continuar
e praticar um pouco no tempo que tem livre. Se dan-
çar lhe faz bem, não pare. Se sentir dificuldade em
algum passo, peça orientação aos seus professores e
treine quantas vezes for preciso até que esse bendito
passo dê certo.

A tarefa é simples.

174
DICA 24
Não tem talento para a dança?
Parabéns, você tem muitas chances de
dançar melhor que os talentosos.

Faça duas horas/aula por semana com um bom casal


de professores, treine 15 minutos por dia (cinco ve-
zes por semana) o que aprendeu nas aulas e vá, pelo
menos, a um forró por mês. Repita isso ao longo do
tempo e pronto, inevitavelmente, você dançará bem
em menos tempo do que imagina. A tarefa é simples,
mas não é fácil, pois nem todos têm a disciplina de
treinar sozinhos. Desafio você a seguir o meu conse-
lho e não melhorar o seu nível em pelo menos 2x.

Nada que eu digo é absoluto. Também há talentosos


que nunca param de progredir e se saem bem com
as dificuldades, assim como há uma imensidão de
“não talentosos” que param no meio do caminho. A
questão é sempre a mesma, só os que continuam per-
sistindo e progredindo é que colherão as uvas.

Se você não tiver motivação, nem mesmo o melhor


professor do mundo fará com que você aprenda.
Perceber que estamos aprendendo estimula a nossa
motivação.

175
Dica 25:

Vá ao Forró.
DICA 25
Vá ao forró.

No futebol há uma expressão que diz: Treino é trei-


no. Jogo é jogo.

Trazendo para a realidade forrozeira, treinar em casa


ou fazer aula não é, nem de longe, sinônimo de ir ao
forró.

Fazer aula, treinar em casa e ir ao forró para dançar,


são três coisas distintas. O meu conselho para uma
maior eficácia e rapidez do seu aprendizado é con-
siderar que aula, treino e forró são fazeres comple-
mentares.

Se você optar em apenas fazer aulas e praticar em


casa, sem ir ao forró, as chances são de que a sua
dança não amadureça em alguns aspectos. O mesmo
ocorre se não fizer aulas, optando, apenas pelas prá-
ticas e ir ao forró. Esse modelo é ainda mais grave,
pois você não terá um profissional vendo de fora e o
orientando em tudo que pode melhorar e progredir.

177
DICA 25
Vá ao forró.

A opção menos grave é combinar aulas de dança


com ir ao forró. Essa opção é até aceitável, mas se
você quiser voar, eu, sinceramente, aconselho você a
conciliar os três pilares.

Lembre-se de que não estamos aqui apenas para fa-


zer de você uma pessoa que dança bem, mas para
levá-lo(la) ao nível A. Se quiser ter um nível de dan-
ça Classe A, não existem atalhos. Você pode até per-
correr o caminho mais longo ao praticar mais, fazer
mais aulas e ir mais vezes ao forró, no entanto, valerá
todo o esforço.

Quando eu comecei a dançar, equivocadamente,


acreditava que só valeria a pena ir ao forró quando
eu soubesse uns 100 passos ou algo do tipo. O resul-
tado disso foi frustrante, pois percebi que na aula e,
em casa (ou em outros espaços alternativos), era/é
possível ter um ambiente de treino controlado, já no
forró não era/é possível antever os acontecimentos.
O forró é vivo, as pessoas se movem aleatoriamen-

178
DICA 25
Vá ao forró.

te, logo, cerca de 70% dos passos que eu sabia, não


consegui aplicar no meu primeiro forró, pois ainda
não tinha desenvolvido a habilidade necessária para
dançar em ambientes cheios.

Após a frustrante experiência, eu pensei com os


meus botões: se eu soubesse que não conseguiria fa-
zer nem metade dos passos que aprendi, teria vindo
ao forró após a segunda aula.

Na aula você aprende novos passos, dicas, adornos


etc. Na prática caseira você interioriza os passos por
meio da repetição, e, no forró, você aprende a fazer
o passo certo na hora certa, melhora a condução (no
caso dos homens), exercita o convite, torna-se mais
sensível à condução (no caso das mulheres), desen-
volve resiliência para dançar em espaço reduzido
etc.

Tudo isso é aprendido dançando e desfrutando do for-


ró, e o único pré-requisito é estar disposto a aprender.

179
DICA 25
Vá ao forró.

A meu ver, ir ao forró é o que dá sentido a tudo. Ir ao


forró justifica você fazer aulas, justifica você treinar
e continuar aprendendo. Se você não vai ao forró, as
chances são de que, cedo ou tarde, irá se desmotivar
e, consequentemente, desistir.

Se você baixou esse E-book é porque deve estar inte-


ressado em se tornar um(a) forrozeiro(a) Classe A,
lembra?

Portanto, ir ao forró é indispensável.

180
Dica 26:

Se esbarrar em
alguém, peça
desculpas.
DICA 26
Se esbarrar em alguém, peça
desculpas.

Eu me lembro que quando estava tirando a minha


habilitação, (assim como qualquer outra pessoa que
passe por esse processo) fiz aulas de legislação de
trânsito.

Durante as aulas, o professor apresentou o conceito


de Direção Defensiva.

Direção Defensiva é dirigir de modo a evitar aciden-


tes, apesar das ações incorretas (erradas) dos outros
e das condições adversas (contrárias), que encontra-
mos nas vias de trânsito.

Mas por que adorar essa prática se quem estão "erra-


dos" são os outros?

A resposta é tão tola quanto a pergunta.

Devemos praticar a direção defensiva APESAR dos


outros, porque caso venha a ocorrer um "acidente",
nós seremos igualmente prejudicados, quiçá mais

182
DICA 26
Se esbarrar em alguém, peça
desculpas.

prejudicados que o próprio agente da imprudência.

Vamos agora supor que a pista de dança de um forró


é como o trânsito, consequentemente os outros casais
e você, com o seu par, são os veículos. No trânsito
do forró também há motoristas imprudentes, alguns
bêbados, outros conscientes etc. Como o homem é o
condutor, ele, consequentemente, é o maior respon-
sável pela segurança da dama em alguns momentos,
mas não significa que a dama não possa alertá-lo de
uma possível colisão, caso ele não tenha visto.

Se você é mulher, não caia na cilada de dizer que foi


ele quem a conduziu e por isso você bateu, logo a
"culpa" é toda dele. Se você viu que ia bater e, ain-
da assim, não avisou ao seu cavalheiro, você é igual-
mente culpada.

A dica aqui é simples. O salão é vivo, tente desfru-


tar da dança ao máximo sem oferecer risco às outras
pessoas, inclusive a que está dançando com você.

183
DICA 26
Se esbarrar em alguém, peça
desculpas.

Sempre haverá pessoas sem noção, a sua meta é evi-


tar que elas colidam com você.
Agora vem duas daquelas sacadas fantásticas que fa-
rão você se diferenciar da massa dos forrozeiros.

Sacada 1: caso você esbarre em alguém (mesmo que


seja um toque sutil), peça desculpas imediatamente.

Sacada 2: caso alguém esbarre em você (mesmo que


seja um toque sutil), peça desculpas imediatamente.

What?

Quer dizer que se a pessoa esbarrar em mim eu que


tenho que pedir desculpas?

Exatamente! Eu sei que é meio louco pensar assim,


mas confie em mim, pois isso funciona.

Ambas as atitudes mostram que você se importa.


Mostra que você não está alheio às outras pessoas e

184
DICA 26
Se esbarrar em alguém, peça
desculpas.

que é importante para você o bem-estar delas.

No caso da pessoa que esbarrou em você,


ela,certamente, tomará mais cuidado para que isso
não ocorra novamente e o melhor de tudo é que ela
o respeitará.

Vou lhe contar uma experiência que eu e Neiliane ti-


vemos dançando forró em um outra cidade e estado.

Assim que chegamos, o forró já estava bem cheio e


nós não conhecíamos ninguém.

Dancei a primeira música com a Neiliane e em menos


de três minutos eu já estava profundamente irritado,
pois as pessoas esbarravam em mim com tanta fre-
quência que por um momento eu cheguei a pensar
ser proposital. Convidei outras damas para dançar e
os esbarrões continuavam.

Senti-me muito mal. Era como se eu estivesse invisí-

185
DICA 26
Se esbarrar em alguém, peça
desculpas.

vel aos olhos deles. Antes que eu me irritasse mais,


saí do salão e, junto com a Neiliane, passei a observar
a pista e o estranho comportamento dos casais. Na-
quele momento, percebi que eles também se esbarra-
vam muito entre si. Menos mal, agora eu já sabia que
não era nada pessoal.

Resolvi aplicar o conceito de autorresponsabilidade


e me perguntar o que eu podia fazer para conseguir
dançar naquele salão, até que tive a ideia de experi-
mentar o pedido de desculpas, mesmo que a "culpa"
dos esbarrões não fosse minha. Entrei no salão, no-
vamente, com Neiliane e sempre que alguém esbar-
rava na gente eu parava de dançar e, gentilmente,
pedia desculpas, além de perguntar se a pessoa tinha
se machucado ou coisa do tipo. A resposta era: não!
Estou bem.

Insisti no pedido de desculpas sempre que algum es-


barrão tornava a ocorrer até que percebemos que as
pessoas pararam de esbarrar na gente. Era como se

186
DICA 26
Se esbarrar em alguém, peça
desculpas.

elas tivessem colocado a gente no radar delas e tivés-


semos saído do modo invisível.

Sempre que eu esbarrava em alguém eu já tinha o


hábito de pedir desculpas, mas desse dia em diante
eu passei a experimentar o contrário.

Acredite, isso realmente funciona. Pelo menos assim


tem sido comigo desde então.

Experimente e se surpreenda.

187
A Colheita.
A COHEITA

Parabéns!

Você chegou até o fim e eu fico muito feliz e entu-


siasmado pela sua determinação. Agora você tem
um grande poder nas mãos, o conhecimento. A par-
tir de hoje você sabe o segredo dos forrozeiros e das
forrozeiras Classe A.

Porém, como já alertei no início deste E-book, saber e


não fazer, é não saber. Agora é com você. Tenha em
vista que só é possível colher resultados extraordiná-
rios se você tiver plantado sementes extraordinárias.
Eu convido você a fazer parte de um time Classe A,
basta seguir as 26 dicas e, inevitavelmente, o dia da
colheita chegará.

Curta o passeio e dê o seu melhor.

189
A COHEITA

Ninguém que algum


dia deu seu melhor se
arrependeu disso.
George Halas

190
A COHEITA

Neiliane e eu postamos, semanalmente, nos canais


do Projeto Dançando e Aprendendo (Facebook e
YouTube) conteúdos gratuitos de altíssima qua-
lidade para ajudá-lo (la) na sua jornada forrozeira.
Seria uma honra para nós ver você por lá. Sempre
que encontrar algo interessante, não se esqueça de
curtir, comentar e compartilhar com os seus amigos.
Essa é a maneira de você patrocinar esse projeto e
nos ajudar a dar continuidade.

Visite também o nosso website e baixe mais conteú-


dos gratuitos.

www.dancandoeaprendendo.com.br

Muito obrigado por ter lido esse E-book, e lembre-se:

Se você gosta de dançar, então você foi feito para


dançar! Não deixe ninguém convencê-lo(la) do con-
trário.

Grande abraço, e a gente se vê.


191

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