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V. SINISTRERO
DOM BOSCO
nos guia á Pureza
http://alexandriacatolica.blogspot.com.br
NITEROI
E.rcola.r Pro}i.r.rionai.r Sale.riana.r
-1940-
!MPRIMATUR
http://alexandriacatolica.blogspot.com.br
DOM BOSCO É O AUTOR
DES TA S P Á G I NA S .
http://alexandriacatolica.blogspot.com.br
I
A META ANGÉLICA
l.- A ALEGRIA CELESTIAL DAS ALMAS VIRGENS
no dia 22.
Nessa visão transparece o vínculo celestial
de afeição terníssima que o ligava. ac;> seu
caro Oomingos Sávio que partira para o Céu
em 1857 e cuja biografia D. Bosco havia
escrito. Já a causa da Beatificação do Angélico
Sávio está hoje em célere curso.
A visão, objeto deste « sonho, » emana o
penetrante perfume dessa virgindade pela
qual D. Bosco consumiu a própria vida até
o inais prolongado marHrio.
Então como hoje já se notava o poder da
intercessão de O. Bosco junto à «Regina
Virginum».
.d planlcie e os jardin.r.
É preciso que saibais que os sonhos nós
os temos dormindo. Ora, na noite do dia 6,
enquanto eu estava no meu quarto sem saber
si estava lendo, andando de um lado para
outro ou já deitado no leito, comecei a sonhar.
Num dado momento pareceu-me estar
sobre uma pequena elevação de terra como
uma colina, à beira de imensa planície cujos
confins os meus olhos não podiam atingir.
Essa planície perdia-se na imensidade; era
azul como um mar tranquilo mas não havia
água. Parecia um límpido cristal fulgurante.
Debaito de meus pés, atrás de mim e aos
meus lados via eu uma região que se asseme
lhava ao litoral de um vasto oceano.
Essa planície era cortada por largos e gi
gantescos vales em vastíssimos jardins de
indizivel beleza. Viam-se aquí e alí bosque
zinhos, prados e estradas floridas com formas
e cores diversas. Nenhuma das nossas plantas
pode dar-nos uma idéia daquelas, posto que se
notasse uma leve semelhança com as deste
mundo. A relva, as flores, as árvores e os
frutos eram belíssimos e de aspeto singular.
As folhas eram de ouro, os troncos e galhos
eram diamantes e o resto não ficava àquem
de tanta riqueza. Não se podiam contar as
-10 -
espécies diferentes, pois cada espécie e cada
indivíduo resplandecia com uma luz parti
cular. No meio destes jardins e em toda a
extensão da planície eu via inúmeros edifícios
de uma ordem, beleza e harmonia, magnifi
cência e grandeza tão extraordinárias que
para a construção de um só deles parece-me
não bastarem todos os tesouros desta terra.
Dizia eu comigo mesmo :
- Si os meus j ovens possuíssem uma casa
como estas, quão felizes estariam e como
haveriam de residir nela de boa mente1
Assim pensava eu podendo ver só o aspeto
exterior daqueles palácios. Imaginai qual não
seria a magnificência interna: dos mesmos.
'
até os pés era esmaltada de diamantes e toda
tecida de ouro. Cingia-lhe os flancos uma larga
faixa rubra recamada de tant�s pedras
preciosas que uma l'arecia tocar na outra;
essas gemas entrelaçando-se num desenho
maravilhoso apresentavam tal beleza de
cores que ao contemplá-las eu me sentia
arrebatado pela admiração. Do pescoço pen
dia-lhe um colar de flores belíssimas e j amais
vistas na natureza; parecia que as pétalas
fossem diamantes encrustados numa haste
de ouro. Estas flores brilhavam com uma luz
sobrenatural. mais viva que a do sol, de fulgor
primavei.l, refletiam seus raios sobre o rosto
cândido e rosado de Sávio de maneira inenar
ravel; ofuscavam-me de tal modo que não
pude dêstinguir as várias espécies de flores.
A cabeça de Domingos estava cingida por uma
coroa de rosas. A cabeleira descia-lhe ondeada
pelos ombros dando-lhe um aspeto tão belo,
tão afetuoso e tão atraente que parecia . . .
• • 1.
parecxa ... um anJO
Dom Bosco ao pronunciar estas últimas
palavras parecia fazer esforço para encontrar
expressões adatadas; finalizou-as com· um
gesto indescritivel e com um tom de voz que
sacudiu a todos; parecia um indivíduo esgo
tado pelo esforço de procurar os termos que
lhe permitam manifestar com clareza a sua
idéia. Após breve pausa, prosseguiu:
- Tambem os out'ros personagens resplan
deciam com luz vivíssima. Estavam vestidos
-14-
A. túnica da �JÍrgindade
e a jai:ra do mari[rio.
Eu, no entanto, já tendo por completo me
rehavido do primeiro atordoamento, estava
absorto em contemplar a beleza de. Domingos
Sávio e lhe perguntei com franqueza:
- Por que tens uma veste tão alva e ful
gurante ?
- 18 -
. e do futuro.
- E do futuro o .que me dizes?.
- O futuro!? No próximo ano 1877 terás
de sofrer urna grande dor. Seis mais dois dentre
os que te são mais caros serão chamados à eter
nidade. (Realmente em 1877 morreram no
Oratório seis jovens e dois clérigos). Mas
consola-te. Serão transplantados deste mundo
para os jax:dins do para�so. Serão coroados.
Não ten:tas porém, o Senhor te ajudará e te
dará 01!tros filhos tarnbem bons.
-Paciência! E com o que diz respeito à
congregação ?
-Relativamente à Congregação fica sa
bendo que Deus te prepara grandes coisas.
Para ela surgirá no ano próximo uma aurora
de glória tão esplêndida que iluminará como
um reUmpago os quatro ângulos do mundo,
do oriente ao ocidente, do norte ao sul do
universo. ( E de fato em 1877 foi instituída a
Pia União dos Cooperadores Salesianos e fun
dado o Boletim Salesiano, estendendo-se
assim por todo o mundo o influxo da obra de
D. Bosco). Grande glória lhe está preparada.
Mas tu procura que o carro sobre o qual está
- 24 -
Ilu.rão de D. -Bo.rco.
Então afoitamente estendí as mãos para
reter perto de mim aquel� santo discípulo,
mas as suas mãos pareciam vaporosas e
nada pude segurar.
- Tolo! Que fazes ? - perguntou-me Sávio
sorrindo.
-Receio que tu me fujas, respondí. Mas ...
não estás com o corpo?
-Nlo! Hei de retomá-lo um dia.
--' Mas então como explicar o teu semblan-
te ? Vejo em ti os traços de Domingos Sávio.
-Olha, explicou-me, quando a alma está
separada do corpo e por permissão de Deus se
torna vizivel a algum mortal, conserva a forma
e a apar�ncia externa com todas as linhas do
pr6prio corpo quando ainda vivo e as conserva
assim, posto que imensamente aformoseadas,
até o dia em que haja de se reunir ao corpo
material no dia do juizo final. Então o con
duzirá ao paraíso. Porisso que te parece ter eu
mãos, pés e cabeça mas tu não poderias me
segurar porque sou um puro espírito. É esta
forma externa que faz com que me conheças.
26 -
O mal é repugnante.
Observei então: - Como pode isso aconte
cer si Deus e os anjos são impassiveis ? Como
podem sentir o mau cheiro da matéria?
- Sim! Quanto mais as criaturas são boas
e inocentes tanto mais se aproximam dos
espíritos celestes; ao contrário, quem é mau,
deshonesto e imundo tanto mais se afasta de
Deus e dos anjos que se retiram dele como de
um objeto repelente e nauseante.
:Óeu-me então a lista e me disse:
- Toma-a tambem, abre-a e tira proveito
dela para o bem de teus j ovens. Lembra-te
-28-
2 - 0 CANTICO DA INOCiNCIA
Uma visão representa nitidamente a arre
batadora beleza da virgindade, o fulgor de sua
candura imaculada, as forças triunfais que nos
fazem perseverar nela e a delícia insopitavel
do seu coroamento no céu.
Com respeito a esta alegria note-se que
posto haja sido descrita e inspirada por D.
Bosco, a redação não é do Santo Educador.
llcia.r da inoc2ncia...
Elas tinham começado um diálogo: ora
se alternavam falando, ora se interrogavam,
ora exclamavam. Agora as duas sentavam-se,
em seguida urna ficava de pé e a outra sentada,
para mais tarde passearem. Não saiam, porém,
fóra daquele alvíssimo tapete e não tocavam
na alfombra e nas flores.
Eu estava como espectador, nem me dir�gia
àquelas meninas, nem elas se inteiravam de
minha presença. Uma delas dizia com en
canto suavíssimo
- Que é a inoc�ncia ? O estado afortunado
da graça santificante, conservada mediante
a assídua e exata observância da lei divina.
- 53 -
-A inocência é um lírio!
- Se mão áspera o tocar, de leve, emur-
chesse.
- A • inocência é uma cândida veste:
Omni tempore sit vestimenta tua candida.
(As tuas vestes sejam sempre sem mancha).
-Uma só mancha basta, porém, para
contaminá-la, por isso é preciso caminhar
com grande precaução.
-A inocência é a in.tegridade, fica violada
si for enxovalhada por uma única mancha e
perde o tesouro da sua graça.
- Basta um só pecado mortal.
- Perdida uma só · vez, fica para sempre
perdida.
dlimento.r da inocência: o
dpmínio total de .ri me.rmo...
Nesse momento, as meninas se puseram a
passear. O objeto da sua conversa era acerca
dos meios para conservar a inocência. Uma
dizia:
- É um grande erro o def muitos joven
zinhos quando pensam que a penitência
só é feita para os pecadores. A penitência é
necessária tambem para conservar a inocência.
Si S. Luiz não tivesse feito penitência, teria
sem mais caído em pecado mortal. Isso se
-40-
nossa 1nocenc1a.
A
O carro da Inoc2ncia.
E e1s de fato aparecer na falda da colina
e subir por ela uma carruagem magnífica.
Descrevê-la é impossivel, tal a sua beleza,
mas alguma coisa se poderá dizer. Era triangu
lar e tinha três rodas que se moviam em todas
as direções. Dos três angulos saím três hastes
que se vi�;�.ham juntar num único ponto sobre
o carro, formando um como teto de caraman
chão. Sobre este ponto de união erguia-se um
magnífico estandarte onde estava escrito com
letras cubitais: Innocenfia.
Uma faixa rodeava o carro formando um
parapeito e trazia a inscrição: Adiutório
Dei .dlti.r.rimi, Patri.r �� Filii et Spiritu.r
Sancti - (Com o a�ílio do Deus' Altíssimo,
Padr� Filho e Espírito Santo).
O carro que era todo resplandecente pelo
ouro e pedras preaiosas, avançou e veiu
colocar-se no meio dos meninos. Dada a
ordem muitos meninos nele subiram. O número
deles era de 500. Quinhentos apenas entre
tantos milhares de jovens eram ainda ino
centes.
A via upinho.ra do.r
não inocenfe.r.
Tendo-se os meninos acomodado sobre o
carro, eu pensava porque caminho me haveria
de dirigir quando ví abrir-se na minha frente
uma estrada larga e cAmada mas toda espar
gida de espinhos.
- 54 -
Perto da méta.
Muitos dos meninos caídos do carro iam-se
pouco a pouco colocar entre as fileiras dos
que caminhavam atrás da segunda bandeira.
No entanto a música do. carro continuava
tão suave que o meu sofrimento foi se acal
mando. Sete colinas tinham sido já superadas
e, tendo chegado aquela turba sobre a oitava,
- 56 -
entraram em um país maravilhoso, onde
pararam para tomar um pouco de descanso.
As casas eram de esplendor e beleza que não
se podem descrever. Dir-vos-ei com Santa
Terêza o que ela afirmou das coisas do paraíso:
São coisas que se envilecem quando delas
se quer falar, pois são tão belas que é inutil
querer apresentar alguma descrição. Portanto
apenas observarei que os portais daquelas
casas pareciam ao mesmo tempo de ouro,
de cristal, de diamante, de modo que sur
preendiam, contentavam a vista e infundiam
alegria. Os campos eram cheios de , árvores
sobre as quais viam-se ao mesmo tempo
botões, flores e frutos. Era um encanto magní
fico. Os meninos dispersaram-se pela região
aquí e acolá, quem por uma coisa, quem por
outra, pois grande era a sua curiosidade e o
desejo de provar daquelas frutas.
Mas aquí tive uma outra surpreza. Num
dado momento os jovens me apareceram
velhos, sem dentes, com cabelos ' brancos,
cheios de rugas na face, curvados, manque
jando apoiados a um bastão. {As dez colinas
representavam cada uma um decénio de vida).
Maravilhava-me assaz disto tudo, mas uma.
voz me explicou:
- Tu te espantas mas deves saber que já
não são poucas as horas desde que partiste
do vale, mas anos e anos. Foi aquela música
que te fez parecer curto o tempo. Em prova
. 57 -
.d de.rcida progre.r.rwa.
Cheia de terror a galinha se atira ao ar
procurando desferir um v8o: a raposa que
armara o salto lança-se sobre ela mas cái ao
solo enquanto que com o aux�lio das pesadas
asas o Mpede conseguiu se empoleirar numa
árpore vizinha. Sem perder de olho a sua
pr�sa, a raposa, acocorada na terra, observa
com o focinho para o ar a sua gorda vítima.
Depois de uma longa hora a galinha abre as
asas num segundo vôo e vai pousar sobre o
baixo.muro que cercava o terreno. O muro é
mais baixo que os ramos da árvore. A raposa
se move de um lado para outro, v� uma táboa
encostada n.o muro e rápida e impetuosa
trepa até o cimo correndo ao longo do muro
em bu�a do seu precioso bocado. Para fugir
do perigo a galinha não tem outro remédio
senão voar para fóra do muro indo pousar
aflita sobre um galho mais baixo do que o
ponto de partida. Notai bem : a galinha pelo
peso do seu corpo dificilmente pode v8ar
para mais alto e por isso cada vôo que dá
vai ficando mais perto do solo. A raposa
desce do muro pela táboa, sai do terreno pelo
boeiro para escoamento das água, e gira um
pouco em torno do . arbusto dispondo-se a
subir pelo tronco. A ave temendo ser alcan
çada vôa para uma outra árvore não muito
distante. Persegue-a a raposa. Cega de terror
a galinha procura fugir mas vai pousar sobre
uma sebe baixinha; a sua cruel perseguidora
- 60 -
�a boca da rapo�a
Cada �ez mais próxima de sua pr&sá a
raposa corre sobre ela com olhos de fogo.
Finalmente cai-lhe a galinha entre as garras
e desfere um último grito. Daí a pouco não
resta mais do que um monte de penas san
grentas. .
Meus caros filhos, a raposa é o demónio,
a galinha representa certos j ovens que seriam
bons mas . . . confiam nas próprias forças e não
querem obedecer como a galinha não quís que
a fechassem no galinheiro. Estes pobres sem
experiência- não mais querem saber de�avisos
pois julgam que as asas da boa vontade e da
piedade lhes sejam suficiêntes. Infelizmente,
porém, se esquecem de que a nossa natureza
decaída tende para a terra. Alguns são gulo
sos. . . outros vadios . . . outros. . . outros. . . só
Deus o sabe. Outros dizem :
- Por que nos proibem estas amizades ?
Nós não fazemos nada de mal.
Em seguida começam a descuidar certas
regras depois procuram evitar quem os quer
dirigir, logo mais vêm certas cartinhas, certos
pensamentos, certas familiaridades, certas ami
zades particulares e sensiveis. . . Vai-se descen
do, descendo. As asas não bastam mais, eis
-que a raposa corre sobre a vítima e a devora
- 61 -
O poço profundo.
- Ontem de manhã fizemos o exercício da
boa morte. ·Preocupei-me todo o dia com o
pensamento do bom fruto que terá provindo
dessa . prática de piedade. Receio porém que
algum de v6s não o tenha feito devidamente
pois esta noite tive o sonho que vos quero
·Contar:
« Ach�va-me no recreio com todos os jovens
da casa que se divertiam saltando de um lado
para outro. Saímos do Orat6rio para' ir a
passeio e depois de algum tempo nos detivemos
num prado. Lá, os jovens recomeçaram os
folguedos e cada qual procurava saltar mais do
-que os companheiros quando eis que, no meio
do prado, eu divisei um poço muito fundo.
Aproximei-me para observá-lo e para me cer
tificar de que não apresentava nenhum perigo
para os meus jovens e . . . enxerguei então no
fundo do poço urna serpente horrivel. Era
da grossura de um cavalo, ou melhor, de um
elefante. Era porém curtinha e disforme, toda
salpicada de manchas amarelas.
- 62 -
O.r incólumú e o.r Jerido.r
Logo me retirei, um tanto trêmulo e me pús
a observar os meus jovens que, quasi todos,
tinham começado a saltar de um lado do poço
para o outro e o mais estranho é que eu nem
tive a idéia de proibir-lhes isto ou avisá-los
do perigo. Via alguns pequeninos que eram
tão ageis que conseguiam saltá-lo sem nenhu
ma dificuldade. Outros, porém, mais crescidos,
por serem mais pesados armavam um salto
mais forçado e menos elevado e muitas
vezes caíam bem à borda da abertura; eis que
então aparecia a cabeça da horrível serpente
e os mordia no pé ou na perna. Não obstante
isto, aqueles incautos eram tão temerários
que saltavam ainda muitas vezes sem quasi
nunca saírem ilesos.
Então um j ovem me disse mostr:ndo-me
um companheiro:
- Eis que este aquí vai saltar mal uma vez
e na segunda vez ficará no fundo do poço.
A 11Uima.
Mas dentre todos um me atraiu a atenção
fazendo-me estr�mecer: aquele jovem que me
fora apontado. Foi experimentar novo salto
e precipitou-se no fundo do po"ç o. Após alguns
instantes o monstro repelente cuspiu-o para
fóra, preto como um carvão, não estando
ainda morto e continuava a falar. (sinal de que
ainda poderia ser salvo mediante a con
fissão) "·
2) As PALAVRAS
b) Lembrança mi�terio.ra
Em 1862 aconteceu a um j ovem do Orat6rio..
este fato bem significativo :
Um aluno ao se afastar do colégio penetrara
inadvertidamente num bosque vizinho. lmpro
visamente viu-se m� frente de um indivíduo
que lhe dirigiu palavras indignas de um cristão.
"
O j ovem sentiu-se atordoado e por completo
desn:orteado sem saber o que fazer; derepente,
porém, ouviu uma POZ que o chamou distinta
e vigorosamente pelo nome. Imediatamente
correu para casa e foi à procura do superior
imediato perguntando-lhe porque o havia cha
mado. Surpreso, este lhe respondeu que não
chamara a ninguem. Como iluminado por uma
luz improvisa, compreendeu o rapaz , que
correra um grave perigo, teve a intuição de
·
que a vo:;r; que escutara não fôra uma simples
voz humana e porisso encamillhou-se ansioso
para D. Bosco que estava no meio dos j ovens.
Este, ao vê-lo chegar, fixou o jovem com tal
insistência e expressão, acampanhada de um
- 65 -
c) O demónio da llngua.
No dia 22 de outubro de 1876 D. Bosco
chamava a atenção dos jovens sobre as
conversas. Tinham eles voltado das férias
havi� pouco tempo e porisso precisavam destas
palavrinhas do. Santo.
« Amanhã começa a novena de Todos os
3. - As COMPANHIAS
a) O moribundo contra
o amtgo.
O bi6grafo de D. Bosco expõe um fato que
Ele mesmo narrara em 1862.
O moribundo.
D. Bosco fôra chamado com urg�ncia à cabe
ceira de um rapa�inho de dezesseis anos que ti
nha frequentado o Orat6rio Festivo mas" agora
se encontrava nos extremos consumido pela
tuberculose. Habitava o jovem perto da
Igreja de S. Roque. D. Bosco foi imediata
mente. Recebeu-o o pobrezinho com muita
festa, confessou-se e depois pediu aos pais que
entrassem no seu quarto e se colocassem,,.iunto
à sua cabeceira. D. Bosco tambem se postou
junto ao travesseiro do enfermo; na fisionomia
do moribundo apareceu uma expressão de
profunda melancolia e num dado momento
voltando-se para a mãe lhe disse:
- Peço-vos que digais àquele jovem que era
meu amigo. e qlle mora no primeiro andar desta
casa, que me venha visitar agora mesmo.
-Mas por que desejas v�-lo ?-perguntou
lhe a mãe.
- Por que ? Eu bem o sei! Devo dizer-lhe
uma palavra.
Parecendo a D. Bosco que essa visita
repugnava aos progenitores, disse:
- 67 -
Pala1wz.r de jogo.
Não demorou o amigo. Lançando um olhar
quasi de terror ao enfermo, avizinhou-se aos
pés do leito. O moribundo fez esforços para
se sentar e os pais o ajudaram colocando
lhe um travesseiro sob as costas. Fixando
então o companheiro com um olhar de angústia
inexprimivel estendeu o braço na direção
dele e apontando-o. com o indicador da mão lí
vida com voz dificultosa:
- Tu!... disse retomando a respiração ap6s
um violento acesso de tosse. . . tu, prosseguiu,
foste ICJUem me assassinou . . . Maldito seja o
momento em que te encontrei pela primeira
vez. . . É tua a culpa de eu morrer assim tão
jovemL . Tu me ensinaste aquilo que eu não
sabia... Tu me traíste. . . Fizeste-me perder
a graça de Deus . . . Foram tuas palavras, foram
teus maus exemplos que me impeliram ao mal
e que agora enchem de amargura a minha
alma. Oh! Tivesse eu seguido o conselho e a
ordem de quem' me exhortou a fugir de ti . . .
Todos choravall). ao ouvir tais palavras.
O mesquinho companheiro todo trémulo,
mais pálido do que o moribundo, sentindo-se
desfalecer sustentava-se à grade do leito.
- Basta., basta, acalma-te! disse D. Bosco
ao enfermo. Por que te angustiares assim 1
- 68 -
b) 0 LOBO!·
No dia 13 de dezembr � de 1 868 D. Bosco
fazia os seus j ovens refletirem sobre o perigo
em que se colocam aqueles que afastando-se
das pessoas que podem lhes fazer bem não re
param nos companheiros c9m os quais vão se
juntar.
Frequentar a.r boa.r companhia.r.
« Por que será que me vejo sempre rodeado
de jovens novatos no Oratório não vendo ao
meu redor grande número dos antigos ?
- 69 -
111 - O ABISMO.
1. As TREVAS DO ESPÍRITO.
O palácio maravilho.ro.
Ontem à noite, meus caros filhos, tinha
eu me deitado e como o sôno tardasse, me
pus a meditar na natureza e existência da
alma; :tfensava como fosse ela feita, de que
modo poderia se achar e falar na outra vida,
estando separada do corpo; como possa
transportar-se de um lado para outro, como
poderemos nos conhecer mutuamente não
sendo nós depois da morte senão puros
espíritos. Quanto mais eu pensava nisto,
mais obscuro ia se fazendo este mistério.
Enquanto eu fantasticava desse modo
adormeci e pareceu-me estar na estrada que
conduz para a cidade X... Andei por algum
tempo, atravessei povoações que me eram
desconhecidas e eis que num certo ponto
ouvi pronunciarem meu nome. Era a voz
de uma pessoa que estava parada no caminho.·
- 72 -
Ilu.rtre personagem.
Ao entrar por ela encontrei-me numa
grande sala mais espl�ndida que as outras.
Numa extremidade, sentado em luxuosa pol
trona, com nobre majestade, estava um Bispo
na atitude de quem espera alguem para dar
audi�ncias. Aproximei-me respeitoso e fiquei
cheio de espanto ao reconhecer naquele
prelado um meu amigo íntimo. Era Monse
nhor. . . Bispo de ..., morto há dois anos.
Parecia que nada sofresse. Seu aspeto era
- 75 -
O caminho da .ralvação.
- Olha aquí - e apresentando-me um
papel, acrescentou:
- L�l
Tomei o papel nas mãos olhei-o com atenção
mas não ví nada escrito.
- Nada vejo no papel, disse eu.
- Olha para o que está escrito, 1�1
- Já olhei com cuidado mas não posso
ler pois nada encontro escrito.
- Olha melhor!
.-:.. 77 -
VIVem.
.
3. - 0 ALIMENTO AZEDO
IV - AS ASAS
1 -_Q _ AMBIEHU-- CR'IS'fÃo
. . _____ _ _ _
A Pinha carregada.
c Já se passou metade de janeiro, como nos
temos aproveitado desse tempo 7 si quiserdes,
vos narrarei um sonho que tive na noite
atrazada.
- 89 -
Caminho dijiculloJ'o.
Logo que refizemos as forças, pusemo-nos
a caminho através da vinha, incómoda era a
estrada. ·'A vinha era sulcada em to® o seu
percurso por vales profundos; de modo que
era necessário ora descer, ora subir, ora pular
(as dificuldades do caminho representavam
os obstáculos ao bem).. Os mais vigorosos
saltavam, os mais franzinos esforçavam-se
para imitá-los mas não conseguiam alcançar
a borda fronteira e rolavam fosso abaixo.
Isso me entristecia muitíssimo; porisso, pus�me
a observar os arredores e encontrei wn caminho
- 90 -
.d perdiz.
Detivemo-nos a falar e um deles:
- Veja como são belasl - me disse mostran
do-me duas aves que tinha nas mãos.
- O que ?
- Uma perdiz e... tambem uma codorniz
que encontrei.
- Está viva a perdiz ? - indaguei.
- Certamente, veja bem - assim dizendo,
me entregou uma belíssima perdiz de poucos
meses.
- Jt. come sozinha ?
- Está começando.
Enquanto eu estava lhe dando de comer
percebí que tinha ela o bico dividido em
quatro partes. Maravilhei-me disso e pergun
tei o motivo ao jovem ex-aluno.
- O que ? Dom Bosco não sabe o que isto
quer dizer ? O bico repartido em quatro partes
tem a mesma significação que a mesma perdiz.
(Esta ave significava o conjunto de verdades
que se referem à morte, ao juizo, ao inferno
e ao paraíso).
- Não compreendo. .
- Não compreende depois de ter estudado
tanto ? Como se diz em latim perdiz.
- Perdi'x.
- 92 -
Caça e rejet'ção.
No entanto começaram a aparecer nas
sebes, nas . árvores e na relva perdizes e
codornizes em grande número. Assemelha
vam-se perfeitamente às gue o ex-aluno
tinha na mão. Os jovens começaram a perse
gui-las para se alimentarem com elas.
- 94 -
O lírio e o gato.
« Duas ou tr�s noites atrás eu tive um
sonho; quereis que vo-lo conte ? Visto eu
querer muito bem aos meus alunos sonho
sempre estar no meio deles.
Parecia-me porisso estar eu no meio do
páteo rodeado pelos meus filhos queridos;
cada um dos quais tinha em mãos uma bela
flor. Uns seguravam uma rosa, outros um
lírio, este uma violeta, aquele uma rosa e
um lírio juntos. Num dado momento aparece
um horrendo gato, muito grande e negro,
- 10 1 -
Ler muito.
Quereria dar-vos um conselho para que
passásseis bem estas férias. Para todos
haverá sempre certa matéria que durante
o ano 11ão se poude estudar suficientemente:
neste tempo de repouso procure-se repassá-la
com maior· atenção. Haverá muitas lições
que não ·foram decoradas com fidelidade,
outras que não foram totalmente compreendi
das, tantos pontozinhos dos quais temos um
conhecimento medíocre e que si não forem
estudados agora acabaremos em nada saber.
Tudo isto pode ser arn:unado muito :b.em neste
- 109-
Con.rer11ar-.re .rempre
ocupado.
A única recomendação que faço aos que
vão e aos que ficam, é a fuga do ócio. Sei
- lll -
O trabalho recreativo.
Como quer que seja, pa-ra que vos diga a
verdade, longe de reprovar um trabalho con
Hnuo eu até vo-lo recomendaria. Lembro-me
de que quando eu ia passar as férias em casa
pegava num couro, cortava-o, fazia um par
de sapatos e dava-o de presente; comprava
- 1 12 -
Recapitu!an.do.
- Oh! Quantas idéias D. Bosco nos apresen
tou!
Recapitulemos tudo resumindo em poucas
palavras.
Otimas férias vos desejo mas. . . nunca
ocios�. Si v6s não trabalhais, o demónio
trabalha. Durante o dia trabalhai, divertí-vos,
conversai e brincai. No tempo das refeições
alimentai-vos à :v.ontade. Durante a noite
estejamos bem ocupados. Ocupados ? Sim!
..,..... 117 _.,..--
6. - DoM Bosco
b) . . . EXIGE-O • .
VESTIMENTAS IMPROVISADAS
Contra o e.rcdndalo,
O Pe. Mi§Uel c1,1ja causa de Beatificação
está em bom andamento e que foi o primeiro
sucessor de D. Bosco, dá o seguinte tes-
·
temunho:
« Reservadíssimo. consigo mesmo, não se
Rezai.
4 . A oração. Nesta palavra abranj o toda a
espécie de orações quer sejam mentais ou
vocais, as jaculatórias, os sermões e as leituras
espirityJais. Quem reza vence com certeza
qualquer tentação por forte e violenta que
seja; quem não reza está em perigo próximo
de cair. A oração nos deve ser uma prática
muito amada! E como uma arma que sempre
devemos ter pronta para nos defender nos
momentos de perigo. Recomendo a oração
especialmente à noite antes do repouso. Esse
é um dos tempos mais perigosos para a bela
virtude. Quando não se consegue dormir
logo, o demónio suscita .inúmeras imagens
perversas, fazendo-nos vir à lembrança coisas
ouvidas, vistas ou feitas durante o dia. Quem
não consegue adormecer logo, recite alguma
oração, repita sempre qualquer jaculatória. Si
- 1 46 -
/(rÍoJ' da pureza.
0J'
Enquanto o meu guia pronunciava tais
palavras mudou·se a luz que havia antes
aparecendo outra ainda mais esplêndida.
Enquanto eu me aproximava para ver melhor,
152 -
Subindo na corda...
Juntamente com eles, desapareceu tambem
a luz de modo que eu fiquei na obscuridade,
esta, porém, era tal que eu ainda p:x:lia en
xergar um pouco. Eu via rostos vermelhos
como fogo e eram dos meninos que não haviam
recebido lírios nem rosas. Vi tambem alguns
que se �sgotavam à porfia para trepar por
uma corda escorregadia dependurada no meio
sala, mas a corda descia cada vez mais e
assim os pobrezinhos ficavam sempre com
os pés no solo e com as mãos e o corpo en
lameados.
Estra.nhando cheio_ de admiração, vêr na
quela sala um tal brinquedo perguntei com
insistência o que poderia significar o que eu
via. Respondera.m.-me: ,
· ·- '
-::="A_ corda é, como fu;; "';disse-;t-;
nos sermões, a Sta. Confissão. Si alguem se
agarra bem a esta corda certamente chegará
ao céu. Ha muitos jovens que vão muitas
vezes se confessar e se valem da corda para
- 154 -
poder se erguer mas vão confessar-se sem
todas as disposições necessárias com pouca
dor e pouco propósito e porisso não conseguem
se levantar do chão; a corda rompe-se sempre
e não podem eles se levantar nunca pois
escorregam e ficam sempre no mesmo plano.
Vencendo a .rerpente...
Quis eu anotar o s nomes daqueles meninos
mas não consegui escre.ver senão dois ou
tres pois logo desapareceu a luz e com ela os
meninos. Na obscuridade vi um espetáculo
ainda mais aflitivo. Certos jovens de um
aspeto amedrontador tinham enrolada ao
pescoço uma grande cobra que assentava a
cauda sobre o coração dos meninos t: punha
a própria boca em frente à dos infelizes como
si f6ra lhe morder a língua no caso de abrirem
os lábios. O rosto daqueles meninos era tão
horrendo que me incutia terror, tinham os
olhos esbugalhados, a boca contorcida e
estavam numa posi�ão que enchia de espanto.
Trémulo de medo perguntei novamente o
que significava isso e me disseram:
- Não v& ? A antiga serpente (o diabo)
estrangula a garganta com um duplo laço
para que aqueles infelizes não possam falar
na confissão e está pronta para cravar-lhes
as fauces venenosas no caso de eles abrirem a
boca. Pobrezinhosl Si falassem, talvez pudes-
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« .d alegria angélica »
r(� ==----
--=-·=--= �dl
Oração a S. Luiz Gonzaga
O' Luiz Santo, adornado de angélicos cos
tumes, eu vosso indigno devoto, humilde
mente prostrado deante de vós, adoro a Ma
gestade Infinita, que vos elevou a tanta gl6-
ria; bendigo mil vezes a SS. Trindade, que
vos concedeu uma inocência tão ilibada e
vos ornou de tão heróicas virtudes. Ahl por
todos esses dons sobrehumanos, pela vossa
inocência e penitência, pelo amor que tives
tes a Deus na terra, humildemente vos rogo
que vos digneis de aceitar-me, hoje, entre
os vossos devotos e alcançar-me a verdadeira
contrição dos meus pecados, pureza de cora
ção, alheia de toda a culpa e ofensa de Deus.
Suplico-vos sejais. meu protetor durante to
da a minha vida, mas especialmente na hora
da mode, em que hei de ter ainda maior
necess'd1de do vosso patrocínio. E vós, ex
celsa Rainha do Céu, Maria, que tanto a
mastes e favorecestes a Luiz, enquanto vivia
nesta terra, fazei com que estes meus rogos
sejam eficazes; dignai-vos de ouvíl-os, não
pelos meus merecimentos, mas pelos do vos
so servo Luiz, e, pelo vosso amor maternal,
fa-zei, ó Mãe querida, que eu possa imitál-o
sempre, durante a vida, para que, depois de
uma morte santa, consiga participar da feli
cidade, que em companhia dos Bemaventu
rados ele goza no Céu por todos os séculos
dos séculos. Amen.
Padre No.r.ro, .dpe Ãfaria, Gl6ria.
http://alexandriacatolica.blogspot.com.br