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56 p.
Coordenador Geral
Prof. Renato Medeiros de Moraes
Coordenador Adjunto
Prof. Walmir Soares da Silva Júnior
Assessora da Coordenação Geral
Profa. Waldete Arantes
Coordenação de Curso
Profa. Francisca Núbia Bezerra e Silva
Coordenação Pedagógica
Profa. Maria Vitória Ribas de Oliveira Lima
Coordenação de Revisão Gramatical
Profa. Angela Maria Borges Cavalcanti
Profa. Eveline Mendes Costa Lopes
.
Profa. Geruza Viana da Silva
Gerente de Projetos
Prof. Valdemar Vieira de Melo
Administração do Ambiente
José Alexandro Viana Fonseca
Prof. José Lopes Ferreira Júnior
Valquíria de Oliveira Leal
Coordenação de Design e Produção
Prof. Marcos Leite
Equipe de design
Anita Sousa
Gabriela Castro
Renata Moraes
Rodrigo Sotero
Coordenação de Suporte
Afonso Bione
Wilma Sali
Edição 2013
Impresso no Brasil - Tiragem 150 exemplares
Av. Agamenon Magalhães, s/n - Santo Amaro
Recife - Pernambuco - CEP: 50103-010
Fone: (81) 3183.3691 - Fax: (81) 3183.3664
5
Língua Brasileira de
Sinais - LIBRAS
Profa. Kilma Gouveia de Melo
Carga Horária | 60 horas
Ementa
• Conceitos de Surdez, Identidade, comunidade e cultura da pessoa com
surdez.
Objetivo Geral
Fomentar a difusão da Língua Brasileira de Sinais, viabilizando a formação conti-
nuada de professores para mediar a acessibilidade do aluno surdo aos conteúdos
curriculares por meio da Língua de Sinais.
Apresentação da Disciplina
Aprendendo Língua Brasileira de
Sinais como segunda língua
Prezado Aluno,
Seja bem-vindo
Fonte: http://www.google.com.br/search
O objetivo principal do nosso trabalho é disseminar informações sobre a Surdez e a comunidade Surda,
como também possibilitar o conhecimento básico da Língua Brasileira de Sinais, instrumentalizando os
futuros profissionais da Educação para, posteriormente, efetivar o acesso ao currículo da base nacional
comum aos alunos surdos por meio da LIBRAS.
Desejamos a você bons momentos de estudo, encantamento, reflexão e convivência virtual de tal forma
que, ao longo desta disciplina e também após seu encerramento, possamos contribuir com o processo
educativo na busca da qualidade na educação.
Capítulo 1
Capítulo 1 7
Pessoa
com Surdez
Conceitos, Identidade
Comunidade, Cultura e
História da Educação
Profa. Kilma Gouveia de Melo
Carga Horária | 15 horas
Objetivos Específicos
• Conceituar a Surdez, a Identidade, a Comunidade e a Cultura da Pessoa
Surda.
Introdução
Iniciaremos com algumas considerações sobre conceitos e mitos propagados so-
bre as pessoas com surdez. Vamos pensar um pouco. Quem é o Surdo? Observe
as fotos e marque a imagem que mais identifica, para você, a pessoa surda.
(D)
(E) (F)
8 Capítulo 1
São várias as concepções equivocadas sobre as pes- entre as deficiências auditivas e certos problemas
soas com surdez: Pessoas que vivem no silêncio, emocionais, sociais, linguísticos e intelectuais, que
pessoas com falha no aparelho auditivo, pessoas seriam inerentes à surdez e comuns a crianças, jo-
que não escutam, pessoas que dependem de um vens e adultos surdos (Skliar, 1997; Solé, 2004).
intérprete, pessoas que fazem apenas gestos esqui- Em várias publicações sobre o desenvolvimento lin-
sitos com as mãos, pessoas surdas como uma por- guístico, cognitivo e emocional do surdo, a aquisi-
ta, e, finalmente, pessoas que se comunicam por ção da linguagem era associada à aquisição de uma
meio da Língua de Sinais, utilizando as mãos e a língua oral.
expressão facial e a corporal. Se você marcou as
alternativas – A, D ou E – está no caminho certo. A associação entre a psicologia e o modelo clínico-
-terapêutico de surdez produz um olhar que tende
a enfatizar, no contexto da surdez, o déficit orgâni-
1. Conceito de Surdez co. As diferenças costumam ser interpretadas como
desvio. Percebe-se também uma tendência de com-
Para Johnstone (2001), o conceito que os pesquisa- preender os surdos como um grupo homogêneo
dores têm a respeito de seu objeto de pesquisa de- com desvantagens maturativas inerentes à condi-
fine o tom de seus projetos. Por isso, uma das pri- ção da deficiência. Alguns autores afirmam existir
meiras questões a ser analisada em um trabalho na diferenças neurológicas causadas pela surdez, que
área da surdez diz respeito à concepção dos autores: respondem pelos níveis e agilidade do raciocínio
abstrato, diferentes entre surdos e ouvintes (Simi-
A pessoa surda é compreendida com base em nerio, 2000). Outros dizem não haver diferenças
um conceito de deficiência ou um conceito biológicas entre surdos e ouvintes, mas psicológi-
de diferença cultural? cas. Afirmam que a consequência mais devasta-
Ou há uma crítica a respeito de ambas dora da deficiência auditiva é o impacto causado
as abordagens? na identidade, pois isso afeta negativamente as
interações sociais, inclusive as familiares (Rezende,
Segundo Carlos Scliar, entre as concepções equivo- Krom, & Yamada, 2003). Exemplos de problemas
cadas, pode ser encontrada a definição de surdez no desenvolvimento de crianças surdas por priva-
no modelo clínico terapêutico, em que o surdo é ção do acesso à linguagem costumam ser ampla-
visto como uma pessoa desprovida da audição, isto mente citados. Há uma preferência pela utilização
é, não ouve e, portanto, não fala. É definido por dos termos deficiência auditiva e deficiente audi-
suas características negativas. Colin (1980) afirma: tivo, às vezes, abreviados simplesmente para D.A.
“As crianças com surdez profunda assumem com êxito cer-
Outra pesquisa recente (Hindley, 2005) descreve a
tas tarefas intelectuais, porém, geralmente com um nível
vulnerabilidade de crianças surdas a atrasos signi-
inferior ao dos ouvintes” (p. 5).
ficativos no desenvolvimento de habilidades meta-
Meadow-Orlans (1990) parte de uma perspectiva cognitivas (capacidade de entender o que as outras
semelhante para falar do desenvolvimento psíqui- pessoas pensam e sentem diferentemente) e a pou-
co da criança surda. Segundo afirma a autora, a ca compreensão e o reconhecimento de emoções
capacidade reduzida para a comunicação tem um em função do vocabulário emocional significativa-
impacto direto em todas as áreas do desenvolvi- mente reduzido. Nesses estudos, a ênfase está nos
mento humano, portanto, não é de se estranhar efeitos da restrição das experiências de linguagem
que muitas crianças e adolescentes surdos demons- no desenvolvimento global do surdo. A surdez é
trem dificuldades comportamentais ou retardos utilizada para comprovar a tese de que o pensa-
no seu desenvolvimento. mento não se desenvolve sem linguagem, e esta é
compreendida, basicamente, como linguagem oral
O período de maior força do modelo clínico-tera- (Góes, 1999).
pêutico na psicologia foi nos anos 50 e 60, quando
surgiu a denominação Psicologia da Surdez. O defi- É interessante observar, porém, que, ao mesmo
ciente auditivo era caracterizado pela dificuldade tempo em que muitas pesquisas em psicologia re-
motora, inteligência concreta, lentidão na aprendi- forçam a visão do surdo como deficiente, há au-
zagem, agressividade, dificuldade de aceitar limites tores que, desde muito tempo, não compartilham
e impulsividade. Afirmava-se uma relação direta desse viés.
Capítulo 1 9
2.1 Identidades Surdas 11. Tem uma diferente forma de relacionar-se com
Por Gladis Perlin as pessoas e até com animais.
2. Carrega a língua de sinais consigo. Usa os si- 3. Assume um comportamento de pessoa surda,
nais, pois assim se expressa e tem um costume a exemplo da tecnologia para surdos...;
bastante presente que o diferencia do ouvinte,
caracterizando a diferença surda: a captação da 4. Convive pacificamente com as identidades surdas;
mensagem é visual, e não auditiva; ao enviá-la,
não usa o aparelho fonador, só as mãos. 5. Assimila um pouco mais que os outros surdos,
ou não consegue assimilar a ordem da língua
3. Ele se aceita como surdo, no seu íntimo, sabe falada, cuja dificuldade de entendê-la é muita;
que é surdo e assume um comportamento de
surdo. Entra facilmente na política da identi- 6. Na escrita, obedece à estrutura da língua de
dade surda, em que impera a diferença: neces- sinais, pode igualar-se, porém, à língua escrita
sidade de intérprete, de educação diferenciada, com reservas;
de língua de sinais, etc.;
7. Participa das comunidades, associações, e/ou
4. Passa a outros surdos sua cultura, sua forma de órgãos representativos e compartilha com as
ser diferente; identidades surdas suas dificuldades, políticas,
aspirações e utopias;
5. Assume uma posição de resistência;
8. Aceita-se como surdo, sabe que é surdo, exige
6. Assume uma posição avançada em busca de intérpretes, legenda e sinais na TV, telefone es-
delineação da identidade cultural; pecial, companhia luminosa;
Capítulo 1 11
9. Tem, também, uma diferente forma de relacio- 1. Não consegue captar a representação da iden-
nar-se com as pessoas e até com animais. tidade ouvinte nem compreender a fala;
3. Não participa da comunidade surda, das asso- 7. Falta à família informações sobre o surdo,
ciações e lutas políticas; geralmente predomina a opinião do médico;
algumas clínicas reproduzem uma ideologia
4. Desconhece ou rejeita a presença do intérprete contra o reconhecimento das diferenças.
de língua de sinais;
Esses são alguns dos mecanismos de poder, cons-
5. Orgulha-se de saber falar “corretamente”; truído pelos ouvintes sobre as representações clíni-
cas da surdez, colocando o surdo entre deficientes
6. Mostra resistência à língua de sinais, à cultura ou retardados mentais.
surda, pois, para ele, representa estereótipo;
5. Identidade Surda de Transição
7. Não consegue se identificar como surdo, o sen-
timento é sempre de inferioridade em relação Está presente na situação do surdo que, em ra-
aos ouvintes, o que pode nele causar, muitas zão da sua condição social, viveu em ambientes
vezes, depressão, fuga, suicídio, acusação a ou- sem contato com a identidade surda ou que se
tros surdos, competição com ouvintes; alguns afasta dela.
até se angustiam no desejo contínuo de ouvir.
1. Vive no momento de trânsito entre uma iden-
8. É vítima da ideologia oralista, da inclusão, da tidade e outra;
educação clínica, do preconceito e do precon-
ceito da surdez; 2. Se a aquisição da cultura surda não se dá na
infância, normalmente a maioria precisa pas-
9. É surdo, quer ouça algum som, quer não ouça, sar por esse momento de transição, visto que
persiste em usar aparelhos auriculares, não usa grande parte deles são filhos de pais ouvintes;
a tecnologia do surdo.
3. No momento em que ele consegue contato
com a comunidade surda, sua situação muda,
4. Identidade Surda Embaçada passa pela desouvintização, ou seja, rejeição da
representação da identidade ouvinte;
A identidade surda embaçada é outro tipo que po-
demos encontrar diante da representação estereo- 4. Embora passe por essa desouvintização, apre-
tipada da surdez ou do desconhecimento da surdez senta sequelas da representação, já evidencia-
como questão cultural. do na sua identidade em construção;
12 Capítulo 1
5. Não uso de intérpretes de cultura surda, As pessoas em geral formam grupos de interesses
que denominamos de comunidade. Os surdos
6. Quando presente na comunidade surda, geral- que estão obviamente espalhados por todo o país,
mente se posiciona contra uso de interpretes formam as Comunidades Surdas do Brasil, tendo
ou considera o surdo como menos dotado e como fatores principais de integração a LIBRAS,
não entende a necessidade da língua de sinais os esportes e interações sociais. Fazem parte des-
e de intérpretes. sas comunidades as associações de surdos e, como
tal, os seus estatutos estabelecem eleição para uma
7. Tem dificuldade de encontrar sua identidade diretoria que direciona atividades esportivas, edu-
uma vez que não é surdo nem ouvinte. cacionais, sociais e políticas. Essas associações têm
especial interesse em divulgar a Língua de Sinais,
oferecendo diligentemente Cursos de LIBRAS.
Capítulo 1 13
Pessoas ouvintes também participam dessas comu- encontram, mas um ponto de articulação política
nidades, em sua maioria são intérpretes, profes- e social, porque, cada vez mais, os Surdos se orga-
sores, familiares ou pessoas da área de assistência nizam como minoria linguística, lutando por seus
social ou religiosa. direitos e evidenciando não as deficiências, mas as
diferenças.
Há também as associações de cada cidade, que se
ligam, formando Federações e a Confederação.
Aqui, no Brasil, temos a Federação Nacional de 3. Fatos Históricos da Educação
Educação e Integração dos Surdos - FENEIS, enti-
das Pessoas com Surdez
dade não governamental, registrada no Conselho
Nacional de Serviço Social/CNAS, sendo filiada a
Nosso passeio
World Federation of the Deaf. A FENEIS foi fun-
histórico começa
dada em 1987 e atua como órgão de integração dos
com o triste pa-
Surdos na sociedade, mediante convênios com em-
norama da vida
presas e instituições que empregam Surdos. É um
das pessoas com
dos órgãos que institui as lutas e campanhas pelos
deficiência na an-
direitos dos Surdos, em relação à sua língua, à edu-
tiguidade, quan-
cação, a intérpretes em escolas e em estabelecimen-
do alguns povos
tos públicos, buscando efetivar a sua cidadania.
tinham a práti-
Fonte:
ca de afogar as
Os surdos participantes dessas comunidades têm
crianças deficien-
assumido uma cultura própria, denominada Cul-
tes, abandoná-las à própria sorte em cestos, nos
tura Surda, ainda muito recente no Brasil, contu-
rios ou lugares sagrados, como faziam os romanos,
do se pode perceber características e peculiarida-
ou mesmo exterminá-las, jogando-as de uma cadeia
des, constituindo a identidade surda, que, segundo
de montanhas chamada Taygetos, na Grécia. Uma
Tanya A.Felipe, se evidencia da seguinte forma:
exceção acontecia no Egito Antigo, onde era ressal-
tada a necessidade de se respeitar as pessoas com
• A maioria dos Surdos prefere um relaciona-
nanismo e outras deficiências. As pessoas surdas
mento mais íntimo com pessoas Surdas.
eram adoradas como se fossem deuses.
• Suas piadas envolvem a problemática da in-
Com o advento do Cristianismo no império roma-
compreensão da surdez pelo ouvinte que, nor-
no, os ensinamentos sobre o amor e exemplos de
malmente é comparado ao “português” que
caridade de Jesus, foram lentamente alterando as
não percebe bem, ou quer “dar uma de esper-
velhas concepções e atitudes desumanas. O Cris-
to” e se dá mal.
tianismo combateu, entre outras práticas, a elimi-
nação das pessoas com deficiência.
• Seu teatro já começa a abordar questões de
relacionamento, educação e visão de mundo,
O fim do Império romano marca o início da Idade
próprias de pessoas Surdas.
Média, quando as pessoas assoladas pela miséria,
têm precárias condições de vida e de saúde e pas-
• O Surdo tem um modo próprio de olhar o
sam a ver o nascimento de crianças com deficiên-
mundo onde as pessoas são expressões faciais
cia como castigo de Deus. Os supersticiosos vêm
e corporais. Como ele fala com as mãos, evita
nelas poderes especiais de bruxos ou feiticeiros.
usá-las desnecessariamente e, quando as usa,
mostra agilidade e leveza que podem se trans-
A Idade Moderna é marcada, historicamente, por
formar em poesia.
mudanças em direção a um ideal humanista e na-
turalista. Com o renascimento, quando começa,
Os Surdos frequentadores dos espaços de Surdos
também, para as pessoas com surdez, na época
convivem com duas comunidades: a de surdos e
chamadas de “surdos-mudos”, uma nova era. É im-
a dos ouvintes e precisam utilizar duas línguas: a
portante destacar que, até o início da idade moder-
Libras e a Língua Portuguesa. Portanto, numa pers-
na, não se tem notícias de experiências educacio-
pectiva antroposociolinguística, uma Comunidade
nais para surdos. Um monge beneditino espanhol,
Surda não é um “lugar” onde pessoas deficientes se
14 Capítulo 1
Fonte: HTTP://www.sites.google.com
te a história dos sur- surdo, que, à convite de Dom Pedro II, trouxe esse
dos, em Madri, e de- “método combinado”, criado por De l’Epée, para
dica grande parte de trabalhar com os surdos no país.
sua vida ao ensino
dos surdos, filhos de Em 1857, foi fundada a primeira escola para sur-
nobres, desenvolven- dos no Brasil, o Instituto dos Surdos-Mudos, hoje,
do o alfabeto manu- Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES.
al que possibilitou Figura 6 Foi nesse instituto que surgiu, da mistura da Lín-
aos surdos soletra- gua de Sinais Francesa, trazida por Huet, com a
rem palavras. língua de sinais brasileira antiga, já usada pelos sur-
dos das várias regiões do Brasil, a Língua Brasileira
Um jovem abade, Michel Charles De l’Epée (1712), de Sinais.
Fig.7A e Fig.7B, observou, nas ruas de Paris, pesso-
as surdas comunicando-se por meio de sinais nati-
vos. Não tolerando a ideia de as almas dos surdos-
-mudos viverem e morrerem sem ser ouvidas em
confissão e privadas da Palavra de Deus, encarou
a língua de sinais sem desprezo e com reverência.
Fonte: HTTP://www.sites.google.com
Figura 7b
Figura 7a
Ensinou-os a ler e,
Fonte: HTTP://www.sites.google.com
FIQUE LIGADO! que pode ser corrigido, no entanto, sem a sua cura,
o insucesso do oralismo começou a ser evidencia-
Essas fases históricas estão interligadas aos temas do, pois ficou notório os surdos não conseguirem
que iremos estudar nos próximos capítulos. Enfim, ter uma comunicação fluente mediante a oralida-
tudo tem uma origem e uma explicação e, por isso, de. Segundo Tanya Felipe (2001), a partir dos anos
é fundamental conhecermos a história das pessoas de 1960, com o estudo linguístico iniciado por
surdas com as quais vamos atuar. William Stookoe, passa a ter o reconhecimento das
línguas na modalidade sinalizada. A FENEIS foi
Se o início da história nos causa indignação, quan- fundamental no processo de crescimento da polí-
do pensamos no destino cruel das pessoas surdas tica surda. Não há dúvidas de que o surdo tem voz
do passado, muito mais sentimos ao perceber o pela sinalização e já conseguiu abrir portas antes
retrocesso que acontece na educação dos Surdos, fechadas.
no I Congresso Internacional de Educadores de
Surdos, ocorrido em Milão, em 1880, quando os Hoje a Política Nacional de Educação Especial na
professores ouvintes decidiram pela proibição do Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) concebe
uso da língua de sinais, e os professores surdos a escola como um espaço de todos, no qual cada
excluídos da votação. Duas decisões, entre outras, aluno tem a possibilidade de aprender, valendo-se
mudaram a história dos surdos. de suas aptidões e capacidade, expressar suas ideias
livremente e se desenvolver como cidadão nas
1. Que a fala é incontestavelmente a única suas diferenças. O método usado nas escolas é o
maneira de incorporar os surdos-mudos à bilinguismo, que defende a língua de sinais como
sociedade. língua materna dos surdos, portanto, língua de co-
municação, e a língua portuguesa como segunda
2. Que o método oral deve ser ensinado pura- língua dos surdos.
mente, os gestos devem ser proibidos.
Visão da educação como privilégio de um grupo, exclusão que foi legitimada nas políticas e nas práticas
educacionais reprodutoras da ordem social.
Idade Antiga Idade Média Idade Moderna Idade
Grécia/Roma Renascimento Contemporânea
• Sociedade pautada • Cristianismo/ • Ideias reformistas • Alto grau de desenvol-
nos valores da estéti- Inquisição. monitorando o vimento tecnológico.
ca, dos feitos heroícos desenvolvimento das
e guerra. • Abrigo por troca de ciências. • Comunicação
indulgênciaas. Globalizada.
• Legitimação do aban- • Convivência da
dono e eliminação. • Ideia de possessão medicina, alquimia e • Convivência com a
e castigo. magia. diversidaade.
Eliminação Isolamento Isolamento Isolamento
Isolamento Asilamento Asilamento Asilamento
Integração Integração
Inclusão
Fonte: Instituto Paradigma
SAIBA MAIS!
CURIOSIDADES defen-
cado por um surdo,
) fra nc ês, esc rev eu o primeiro livro publi r su rdo s, e nã o por
• Pierre Desloges, (19
47 – 1977
lín gu a ge stu al fra nc esa foi criada po
al e provando que a
dendo a língua gestu o som
intenção de ampliar
ouvintes. 22 ), fig . 15 , inv en tou o telefone com a o do s su rdo s e se
Bell, (1847-19 r da oralizaçã
• Alexandre Graham a, am ba s su rda s. Era grande defenso
espos
para sua mãe e sua a doen-
stu al. de, por causa de um
opun ha à lín gu a ge
e 17 , fic ou su rda aos 19 meses de ida ou tud o me diante
- 1968), fig. 16 , que lhe ensin
• Helen Keller (1880 ora çã o de su a pro fessora Ann Sullivan fal a, co mb ina nd o com
ça. Com a inestimáv
el colab a ga rga nta da pessoa que
nsiste em tocar os láb ios e go pelo métod braile
o
o método tadoma (co ren de u a ler ing lês , francês, alemão e gre
a da mão), ap de se chegar ao suces
so.
dactilologia na palm soriais não impedem
e de fic iên cia s sen tór ia de He len Keller.
e provou qu emocionante his -
n Su lliv an co nta a a fundação, 26 de setem
• O filme O Milagre
de An
ÃO DE SU RD OS – INES. No dia de su
NAL DE EDUCAÇ
• INSTITUTO NACIO RDO em todo o país.
rad o também o DIA DO SU • ALFABETO MANU
AL
bro, é comemo Pedro
(desen vo lvi do pe lo monge beneditino
- 1584)
Ponce de Leon - 1520
Figura 15
es.google.com
Fonte: HTTP://www.sit
Fonte:
Figura 17
Figura 16
Capítulo 1 17
RESUMO
ATIVIDADES | O objetivo deste capítulo é oportunizar
1. Esquematize o conteúdo teórico do capítu- a estudantes e pessoas das diversas áre-
lo, ressaltando os conceitos-chaves. as do conhecimento a compreensão da
diversidade do mundo dos surdos, cujo
2. Há muitas concepções equivocadas sobre enfoque são os aspectos sociolinguísti-
surdez. Fundamentado no texto estudado, tra- co, histórico e cultural. A Língua Brasi-
ce um esquema comparativo das características leira de Sinais – LIBRAS é uma língua de
da surdez no modelo clínico terapêutico e no modalidade gestual-visual que utiliza,
modelo socioantropológico: como canal ou meio de comunicação,
movimentos gestuais e expressões fa-
MODELO DA CONCEPÇÃO
ciais que são percebidos pela visão.
SOBRE SURDEZ
CARACTERÍSTICAS
PESQUISADORES INERENTES
A SURDEZ
CLÍNICO-TERAPÊUTICO GLOSSÁRIO
Colin (1980)
Meadow-Orlans (1990) Alteridade - Segundo a enciclopédia Larousse (1998), al-
teridade é um “Estado, qualidade daquilo que é outro,
(Siminerio, 2000).
distinto (antônimo de Identidade). Conceito da filosofia e
(Rezende, Krom, & psicologia: relação de oposição entre o sujeito pensante
Yamada, 2003).
(o eu) e o objeto pensado (o não eu).”
(Hindley, 2005)
SÓCIO Cultura surda - Ao longo dos séculos, os surdos foram
ANTROPOLÓGICO formando uma cultura própria centrada principalmente
Skliar et al. (1997) em sua forma de comunicação. Em quase todas as cida-
des do mundo, vamos encontrar associações de surdos
Skliar
onde eles se reúnem e convivem socialmente. (Origem:
Pimenta e Fávero (2005)
Wikipédia, a enciclopédia livre)
(Behares, 1991)
Góes (1999, p. 37) Deficiência - A Convenção da Guatemala, que foi pro-
Góes mulgada pelo Decreto nº 3.956, de 8 de outubro de
2001, conceitua deficiência, para fins de proteção legal,
Stokoe
como uma limitação física, mental, sensorial ou múltipla,
que incapacite a pessoa para o exercício de atividades
3. Que fato histórico acontecido na Itália, tor- normais da vida e que, em razão dessa incapacitação,
nou-se um marco negativo, na Educação dos a pessoa tenha dificuldades de inserção social. (Origem:
surdos? Por quê? Wikipédia, a enciclopédia livre)
4. Marque com (V) as questões Verdadeiras e Intérprete de Língua de Sinais - Pessoa ouvinte que inter-
com ( F) as questões Falsas. preta para os surdos uma comunicação falada, usando a
18 Capítulo 1
língua de sinais e vice-versa. (Origem: Wikipédia, a enci- Quadros, Ronice Muller de. Língua de Sinais
clopédia livre) brasileira: estudos lingüísticos/ Ronice Muller
de Quadros e Lodenir Becker Karnopp. – Porto
Língua - Conjunto do vocabulário de um idioma e de
Alegre: Artmed,2004. 1.Línguística – Língua de
suas regras gramaticais; idioma. Por exemplo: inglês, por-
Sinais –Surdos – Brasil. Karnopp, Lodenir Be-
tuguês, LIBRAS. (Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre)
cker. II. Título.
Linguagem - Capacidade que o homem e alguns animais
possuem para se comunicar, expressar seus pensamentos. Sá, Nídia de. Surdos: qual escola? Nídia de Sá.
(Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre) – Manaus: Editora Valer e edua, 2011. 302p.
Linguística - O estudo científico da linguagem em qual- Sacks, Oliver W. Vendo vozes: uma viagem
quer um de seus sentidos. (Origem: Wikipédia, enciclo- ao mundo dos surdos/ Oliver Sacks: tradução
pédia livre) Laura Texeira Motta. _ São Paulo: Companhia
das Letras, 1988
Língua de Sinais - É a língua dos surdos que possui a
sua própria estrutura e gramática por meio do canal co-
municação visual, a língua de sinais dos surdos urbanos GUGEL, Maria Aparecida Gugel. Pesso-
brasileiros é a LIBRAS, em Portugal é a LGP. (Origem: as com Deficiência e o Direito ao Trabalho.
Wikipédia, a enciclopédia livre) Florianópolis : Obra Jurídica, 2007.
Ouvintismo - “Trata-se de um conjunto de representações SILVA, Otto Marques da. A Epopeia Ignorada:
dos ouvintes, no qual o surdo está obrigado a olhar-se e a A pessoa Deficiente na História do Mundo de
narrar-se como se fosse ouvinte”. Skliar (1998:15) Ontem e de Hoje. São Paulo : CEDAS, 1986.
(dados coletados pela internet, às 16:15 do dia
Paradigma - literalmente modelo, é a representação de
04/01/2012)
um padrão a ser seguido. (Origem: Wikipédia, a enciclo-
pédia livre.)
Educação de Surdo e Língua de Sinais Tex-
Patologia - A patologia é a ciência que estuda as doen- to 3 A EDUCAÇÃO DE SURDOS NO
ças e procura entendê-las. (Origem: Wikipédia, a enci- BRASIL Fontes de consultas: FELIPE, Tanya;
clopédia livre.) MONTEIRO, ...(dados coletados pela internet,
às 16:15 do dia 13/01/2012)
Surdos - Os surdos, por norma, são utilizadores de uma
comunicação espaço-visual, como principal meio de co- PSICOLOGIA, REFLEXÃO E CRÍTICA. Contri-
nhecer o mundo em substituição à audição e à fala, e buições da psicologia Brasileira para o estudo
podem ter ainda uma cultura característica.
da surdez. Cláudia A. BisolI,II; Janaína Simio-
niII; Tânia SperbI,*IUniversidade Federal do Rio
Grande do Sul, Porot Alegre, Brasil. IIUniversi-
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jan. 2011.
Bernardino, Elidéa Lúcia. Absurdo ou lógica?: a
produção linguística do surdo/ Elidéa Lúcia Ber- Educação de Surdo e Língua de Sinais Texto 3
nardino. – Belo Horizonte: Editora Profetizando A EDUCAÇÃO DE SURDOS NO BRASIL Fon-
Vida, 2000. 208 p.il tes de consultas: FELIPE, Tanya; MONTEIRO,
...PSICOLOGIA, REFLEXÃO E CRÍTICA. Contri-
Felipe, Tanya A. Libras em contexto: curso bá- buições da psicologia Brasileira para o estudo
sico, livro do estudante cursista/ Tanya A. Felipe da surdez. Cláudia A. BisolI,II; Janaína Simio-
– Brasília: Programa Nacional de Apoio às Edu- niII; Tânia SperbI,*IUniversidade Federal do Rio
cação dos Surdos, MEC; SEESP, 2001. 164 p.il. Grande do Sul, Porot Alegre, Brasil. IIUniversi-
dade de Caxias do Sul, Caxias do Sul, Brasil.
Quadros, Ronice Muller de. Educação de sur-
dos: a aquisição da linguagem/ Ronice Mul-
ler de Quadros._ Porto Alegre: Artes Médicas,
1997. Surdez – Educação – I Título
2
Capítulo 2 19
Objetivos Específicos
• Apresentar a evolução histórica da língua de sinais, evidenciando as lutas e
os movimentos da comunidade surda.
• Identificar os marcos legais que a constituíram como língua oficial das comu-
nidades surdas.
• Conceituar a LIBRAS.
Introdução
Iniciaremos com algumas considerações com base na discussão do capítulo ante-
rior, em que mostramos conceitos de surdez, identidade e cultura surda e intro-
duzimos a história dos surdos, relatando os altos e baixos da comunidade surda.
Dando continuidade a essa história, veremos como nascem os movimentos de
um grupo minoritário, rotulados de deficientes, e sua luta para comprovar, fi-
nalmente, a complexidade da LIBRAS, trazendo à tona características que fazem
dela uma língua completa, semelhante, em alguns aspectos, às línguas orais.
Fonte: HTTP://www.sites.google.com
20 Capítulo 2
Considerando a temática deste capítulo, podere- tropologia. Assim, a classificação antropológica do século
mos observar as imagens que mostram a nascente XVIII para o indivíduo surdo ganha nova força, definindo
de um rio, seu crescimento até se tornar uma pode- a linguagem dos sinais como uma forma de sobrevivência
atávica da era primitiva do homem, fazendo as resoluções
rosa fonte de energia e relacioná-las ao nascimento
do Congresso parecerem razoáveis e progressistas.
da luta e dos movimentos da comunidade surda
que vão se fortalecendo em prol da conquista da
Contudo, não obstante a proibição do uso da lín-
cidadania. Sendo assim, vamos à primeira unidade
gua de sinais, a história revela que os surdos nunca
deste capítulo.
deixaram de sinalizar. Quando estavam sozinhos,
conversavam na língua de sinais, como descreve
1. Luta e Movimentos dos Surdos tão bem Sacks, (1933) em seu livro Vendo Vozes –
“...os sinais floresciam na escola, irreprimíveis ape-
Um rio nasce de um fio de água, pequeno jorro, sar dos castigos e proibições”. Através dos tempos,
que vai aumentando a sua força, à medida que ou- os surdos travaram grandes batalhas em busca da
tras correntes vão se juntando, crescendo o volume oficialização de sua língua.
das águas, então aquele simples fio de água, trans-
forma-se muitas vezes em uma cachoeira, e torna- Os primeiros movimentos surdos remontam a
-se uma poderosa fonte de energia. Assim também uma época em que os surdos tomavam suas pró-
nascem as leis; a princípio, são hábitos, sugestões prias decisões, conscientes de tudo que acontecia
ou características da cultura de uma comunidade, ao seu redor. Foi, precisamente, em 1834, que
que, antes de serem reconhecidas, passam por um um grupo de dez surdos, liderados por Berthier,
longo percurso, são as lutas de um povo que vão se começou a realizar um banquete em homenagem
fortalecendo por força dos movimentos. ao abade L’Epée, e, pouco a pouco, tornou-se um
evento anual, em que as pessoas surdas passaram a
Você se lembra do que aconteceu em Milão, em discutir suas ideias e necessidades.
1880? Se você respondeu à atividade do capítulo
anterior, está por dentro e, certamente, respondeu Após a Segunda guerra mundial, muitos soldados
correto. Sim, foi no I Congresso Internacional de voltaram para casa mutilados, cegos ou surdos.
Educadores de Surdos que ficou decidida a proibi- Quase todas as famílias tiveram de conviver com
ção das Línguas de Sinais. Segundo Lulkin (1998. a presença de uma pessoa com deficiência e se
P.38), depois da Revolução Francesa e durante a adaptar a ela. Dessa forma, a sociedade da época
Revolução Industrial, travou-se uma disputa entre teve de repensar seus conceitos e buscar meios para
os métodos oralistas e os métodos baseados na lín- reintegrá-los à vida cotidiana.
gua gestual.
Em todo o tempo, as pessoas com deficiência e de
A repressão autorizada pelo Congresso de Milão foi legiti-
mada pela nova ciência da raça, especialmente a disciplina
outros grupos minoritários tiveram de se unir para
da Antropologia. Em 1868, Paul Broca, o fundador da So- lutar por seus direitos e, atualmente, todos esses
ciedade Antropológica Parisiense, diz que nenhum conhe- grupos têm saído da margem da sociedade para
cimento humano que forneça dados sobre a história do expressar seus desejos. Nunca se falou tanto em
homem e da sociedade humana pode ser excluído da An- igualdade de direitos.
es.google.com
SAIBA MAIS!
TA
LEIA O VOO DA GAIVO
mulher incomum
um livro sobre uma
O Voo da Gaivota é ndo com sua vitória sobre a surdez.
Fonte: HTTP://www.sit
que sensibilizou o mu
. ta do cientis-
nuelle Laborit é ne
Nascida surda, Emma -1995). Só conheceu a Língua de
14
ta Henri Laborit (19 ensinando-a rapidamente à irmã,
,
Sinais aos sete anos sua confidente. Antes de aprender
u
que, assim, se torno ncesa, ela apenas se comunicava
Fra
a Língua de Sinais mbilical”. O seu
uma comunicação “u rito em 1993,
com a mãe, tinham ta, esc
O grito da gaivo
livro autobiográfico de infância, a difícil adolescência e /)
lem bra nç as rso. (http://www.ivt.fr
retrata as
ult a au tôn om a, as sim como o seu percu
o início da idade ad
Capítulo 2 21
s difíceis quando,
ibi do pro ibi r”, em que relata os dia anto
pítulo intitulado “É pro lábios e a falar, enqu
O livro contém um ca um a esc ola ora list a e obrigada a ler os a LSF (Lí ng ua
triculada em res conheciam
aos onze anos, foi ma Em ma nu ell e co nta que alguns professo rim ia. Ela de sa ba fa:
as mãos . ão injusta que a op
era proibida de usar did as . Um a situ aç
a praticavam às escon
Francesa de Sinais) e ssam
se responsabilizar po
ins tru tor es, os pro fessores que desejam nd o ne ssa qu est ão.
ucadores, os nue se intromete
“É preciso que os ed io qu e o Est ad o co nti
: Sua mãe é for mi dá ve l,
te... Não é necessár diziam-me na escola
fazer isso abertamen to. Ce rta s cri an ça s
ssas co nd içõ es, co mo
, total isolamen sabiam dos sinais. Ne
Sentia total impotência ide nte mente, seus pais nada tim entos?”
em sin ais ! Ev ma s, seu s sen
ela se exprime s an gú sti as, seu s pequenos proble
ressar sua
fariam eles para exp
A Constituição de 1988 contribuiu para a forma- A seguir, apresentaremos alguns quadros panorâ-
ção da cidadania ao inovar nas áreas das garantias micos da evolução das leis que beneficiaram não
individuais, a nossa lei suprema estabeleceu os di- apenas a comunidade surda, mas todas as pessoas
reitos individuais (também ditos civis), sociais e po- com deficiência.
líticos, também conhecidos no mundo contempo-
MARCOS LEGAIS
1988 Constituição Federal Art.2O5 – Educação como um direito de TODOS
Art. 206 - Igualdade de condições de acesso e permanência na escola
Art. 208 - Garante a oferta do atendimento educacional especializado preferencialmente
na rede regular de ensino.
1989 Lei 7.853/89 - dispõe sobre a integração social das pessoas portadoras de deficiência.
1990 Estatuto da Criança e do adolescente
Art.55 – reforça os dispositivos legais supracitados ao determinar que “os pais ou respon-
sáveis têm a obrigação de matricular seus filhos na rede regular de ensino”.
Declaração Mundial de Educação para Todos.
1994 Declaração de Salamanca
Passa a influenciar a formulação de Políticas Públicas de Educação Inclusiva.
É publicada a Política Nacional de Educação Especial, orientando o processo de “integra-
ção instrucional”, no âmbito da educação especial, mas mantém a responsabilidade da
educação desses alunos no âmbito da educação especial.
1996 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9 394/96
Art. 59 – institui que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos currículo, méto-
dos, recursos e organização específicos para atender às suas necessidades.
Assegura a terminalidade específica àqueles que não atingiram o nível exigido em virtude
das suas deficiências e assegura a aceleração de estudos aos superdotados.
1999 Decreto nº 3.298 Regulamenta a lei Nº 7.853/89.
Define a educação especial como uma modalidade transversal a todos os níveis e moda-
lidades de ensino, enfatizando a atuação complementar da educação especial ao ensino
regular.
Decreto nº 3.298 Regulamenta a lei Nº 7.853/89.
2001 Resolução CNE/CEB
Conselho Nacional de Educação
Institui Diretrizes. Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica.
22 Capítulo 2
MARCOS LEGAIS
2001 Art. 2º determinam que:
“Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos” cabendo às escolas organiza-
rem-se para o atendimento”(...)
Resolução CNE/CEB Conselho Nacional de Educação Institui Diretrizes Nacionais para a
Educação Especial na Educação Básica.
Convenção de Guatemala - Promulgada no Brasil pelo decreto nº 3.956/2001.
Afirma que as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos humanos e liberdade fun-
damentais que as demais pessoas.
Tem importante repercussão na educação, adotada para promover a eliminação das bar-
reiras que impedem o acesso à escolarização.
Fonte: HTTP://www.sites.google.com
da acessibilidade como um dos eixos de transfor-
mação da gestão e da prática pedagógica para uma
educação inclusiva.
Leis de Acessibilidade
No entender de SKLIAR (1997 p.141-142): 2. Seria universal e única em todo o mundo, uti-
lizada por todos os surdos;
“Os surdos formam uma comunidade linguística minoritá-
ria caracterizada por compartilhar uma Língua de Sinais e 3. Haveria uma falha na sua estrutura gramatical
valores culturais, hábitos e modos de socialização próprios. da, sendo essa um pidgin sem estrutura pró-
A Língua de Sinais constitui o elemento identificatório pria, inferior às línguas orais;
dos surdos, e o fato de constituir-se em comunidade sig-
nifica que compartilham e conhecem os usos e normas de 4. Seria um sistema de comunicação superficial,
uso da mesma língua já que interagem cotidianamente em com conteúdo restrito, linguisticamente infe-
um processo comunicativo eficaz e eficiente. Isto é, desen- rior ao sistema de comunicação oral;
volveram as competências linguística e comunicativa – e
cognitiva - por meio do uso da Língua de Sinais própria 5. Seriam derivadas da comunicação gestual es-
de cada comunidade de surdos. (...) A participação na co-
pontânea dos ouvintes;
munidade surda se define pelo uso comum da Língua de
Sinais, pelos sentimentos de identidade grupal, o auto re- 6. Por serem organizadas espacialmente, estariam
conhecimento e identificação como surdo, o reconhecer-se
representadas no hemisfério direito, não se
como diferentes, os casamentos endogâmicos, fatores estes
constituindo um sistema linguístico com re-
que levam a redefinir a surdez como uma diferença e não
como uma deficiência e permite que os surdos constituam, presentação hemisférica.
então, uma comunidade linguística minoritária e não um
desvio da normalidade.” Segundo Quadros (1997), todas essas concepções
vêm sendo desmitificadas mediante pesquisas com
A discussão sobre a legitimidade da Língua de Si- diferentes línguas de sinais existentes no mundo,
nais é antiga. Por muito tempo essa língua, por ser como a Língua de Sinais Americana e a Língua Bra-
gestual, não foi considerada uma língua natural, sileira de Sinais. Essas pesquisas mostraram que tais
e sim uma mímica. (CAPOVILLA, 2001 p.1489). línguas são muito complexas e apresentam todos
Somente após vários estudos de linguistas renoma- os níveis de análises da linguística tradicional. A di-
dos (como STOKOE), é que se começou a pensar ferença básica está no canal essencialmente visual.
a educação de surdos sob o prisma da linguagem. Stokoe et all (1976), Bellugi e Klima (1979), Liddel
(1980), Lillo-Martin (1986) são exemplos clássicos
Segundo ROBERTSON & RAMÍREZ (1999, de pesquisas da Língua de Sinais Americana que
p.228): trazem evidências da existência de todos os níveis
de análise dessa língua. Karnopp (1994), Quadros
Desde la década del 60 a partir de los estudios de W. Stokoe, se (1995,1999), Ferreira Brito (1995) e Felipe (1993)
demostró que la naturaleza de la lengua de señas no es muy dis- são exemplos de pesquisadores que evidenciam
tinta a la de las lenguas orales. Su diferencia fundamental está en a complexidade da Língua Brasileira de Sinais.
la modalidade gestual visual. Así la lengua de señas, lengua ma-
terna de las personas sordas, es reconocida desde una perspectiva
Como uma língua percebida pelos olhos, a Língua
linguística como una lengua legítima, completa, com estructuras
gramaticales complejas y un amplo vocabulário. Brasileira de Sinais apresenta algumas peculiarida-
des que são normalmente pouco conhecidas pelos
profissionais. Perguntas sobre os níveis de análise,
tais como a fonologia, a semântica, a morfologia
4. Características e Aspectos
e a sintaxe são muito comuns, uma vez que tais
Linguísticos línguas são expressas sem som e no espaço.
Quadros (1997) cita Karnop (1994) que, baseada 4.1 Aspectos Querológicos
em pesquisas realizadas em vários países sobre o
estatuto linguístico das Línguas de Sinais, apresen- A estrutura da LIBRAS está constituída de parâme-
tou quatro concepções inadequadas em relação a tros que se combinam, especialmente com base na
essas línguas, às quais, Quadros acrescenta outras simultaneidade. Esses parâmetros são, conforme
duas. São elas: Ferreira Brito (1995), os parâmetros principais:
1. Seria uma mistura de pantomima e gesticula- Configuração das Mãos (CM) - seriam as diversas
ção, incapaz de expressar conceitos abstratos; formas que uma ou as duas mãos tomam na reali-
zação do sinal;
Capítulo 2 25
Movimento (M) - segundo Klima e Bellugi (1979), • Região de contato: seria a parte da mão que
é um parâmetro tão complexo que pode envolver entra em contato com o corpo, a qual pode ser
uma grande quantidade de formas e direções, des- por meio de um toque, um risco, um desliza-
de os movimentos internos da mão, os movimen- mento ou outros.
tos do pulso, movimentos direcionais no espaço e Os componentes não manuais, como a expressão
até conjuntos de movimentos no mesmo sinal; facial ou corporal, são elementos muito importan-
tes. Ferreira-Brito diz que há a possibilidade de que
Ponto de Articulação ou Locação (PA) - seria o esses sejam outros parâmetros, dada a sua impor-
espaço diante do corpo, ou uma região do próprio tância para diferenciar significados.
corpo, onde os sinais são articulados.
O Sistema Linguístico da Libras
Fonte: HTTP://www.sites.google.com
um número restringido de sons que po-
dem ser combinados em sucessão para
formar uma unidade maior, ou seja, a
palavra. Nas Línguas de Sinais, a confi-
guração de mãos, junto com a localiza-
ção em que os sinais são produzidos, os
movimentos e as direções são as unida-
des menores que formam as palavras. A
figura 1 ilustra dois exemplos da Língua
Brasileira de Sinais. A configuração de
mão é a mesma em ambos os sinais, chamada de
Estes seriam os componentes do Plano Queroló-
/y/. A localização é diferente: enquanto a palavra
gico da LIBRAS, conforme definição de Fernan- AZAR é sinalizada no nariz, a palavra DESCUL-
des (1994), em que, nessa língua, a fonologia se- PAS é sinalizada no queixo. Também, o movimen-
ria representada pela querologia, e os queremas to é diferente, enquanto AZAR é sinalizada com
os correspondentes aos fonemas das línguas orais. um único movimento em direção ao nariz, DES-
Portanto, no nível fono-querológico, algumas das CULPAS é sinalizada com um movimento curto e
distinções entre o português e a LIBRAS seriam: repetido em direção ao queixo.
Figura 1: AZAR – DESCULPAS
PORTUGUÊS LIBRAS
Fala escrita parâmetros dactilologia
Fonemas letras (CM) (M) (PA) [C-A-S-A]
[kasa] CASA mãos d/ e [B] O TB
Na língua de sinais, também se podem analisar as para verbos que são chamados verbos de concor-
unidades mínimas mediante pares mínimos, ou dância (cf. Loew, 1980; o Lillo-Martin, 1986; Pad-
seja, pares que apresentam apenas uma unidade den, 1990; Emmorey, 1991; Quadros, 1995, 1997).
que implica mudança de significado, apresentan-
do, portanto, uma determinada função fonológi- Figura 3: Verbo DIZER na Língua Brasileira de Si-
ca na língua. PEDRA e QUEIJO formam um par nais com diferentes flexões
mínimo na Língua Brasileira de Sinais em que a
única unidade que difere nesses sinais é a configu- a) DIZER (forma infinitiva)
ração de mão; o movimento e o ponto de articula- b) DIZER (Ele disse a mim)
ção são os mesmos (ver figura 2): Figura 2: PEDRA c) DIZER (Tu disseste a ele)
e QUEIJO d) DIZER (Eu disse a vocês)
Na Língua Brasileira de Sinais, os sinalizadores estabelecem os referentes associados com uma localização
no espaço. Tais referentes podem estar fisicamente presentes ou não. Depois de serem introduzidos no
espaço, os pontos específicos podem ser referidos ao longo do discurso. Quando os referentes estão pre-
sentes, os pontos no espaço são estabelecidos baseados na posição real ocupada pelo referente. Por exem-
plo, o sinalizador aponta para si a fim de indicar a primeira pessoa, para o interlocutor a fim de indicar a
segunda pessoa e para os outros para terceira pessoa (cf. a figura 4). Quando os referentes estão ausentes
do discurso, são estabelecidos pontos abstratos no espaço (cf. figura 5).
Fonte: Quadros, 1997:51 adaptado de Lillo-Martin e Klima, 1990:192 / Quadros, 1997:52 adaptado de Lillo-Martin e
Klima, 1990:193
M- (________________________________)
____________________________________
____________________________________
____________________________________
____________________________________
____________________________________
PA- (________________________________)
____________________________________
____________________________________
____________________________________
____________________________________
____________________________________
Decreto nº ___________________________
BIBLIOGRAFIA
ALMEIDA, Elizabeth Oliveira Crepaldi de. Leitu-
ra e surdez: um estudo com adultos não oraliza-
dos. Rio d janeiro: Ed. REVINTER. 2000.
Fonte: http://libraseducandosurdos.blogspot.com
ólogo sobre a surdez. Porto Alegre: Ed. EDIPU- VIZIM, Marli & SILVA, Shirley (orgs). Educação
CRS, 2001. especial: múltiplas leituras e diferentes significa-
dos. Campinas.
GÓES, Maria Cecília Rafael de. Linguagem,
surdez e educação. Campinas, SP: Autores As- Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Si-
sociados, 1996. (Coleção educação Contem- nais - MEC portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/
porânea). pdf/tradutorlibras.pdf
Formato do arquivo: PDF/Adobe Acrobat
FERNANDES, Eulalia. Linguagem e Surdez. Por- Acesso pela internet em 16/02/2012
to Alegre: Artmed, 2003.
Sistema de Transcrição
Características e
Produção Textual da
LIBRAS
Profa. Kilma Gouveia de Melo
Carga Horária | 15 horas
Objetivos Específicos
• Apresentar o ensino e aprendizagem da LIBRAS em situações contextualiza-
das como elemento de comunicação.
Introdução
Neste capítulo, veremos o Sistema de Transcrição da LIBRAS e daremos conti-
nuidade ao estudo dos aspectos linguísticos da Língua Brasileira de Sinais, abor-
dando noções de morfologia, tendo como enfoque o substantivo, o verbo, o
adjetivo e os numerais.
• Quando um sinal é composto, isto é, dá ideia de uma única coisa, mas é forma-
do por dois ou mais sinais, é representado por duas ou mais palavras da língua
portuguesa separadas pelo símbolo ^. Exemplo: FACA^CORTAR = cortar.
32 Capítulo 3
• Não há desinências para gênero (masculino e Esta é a palavra em português G-I-R-A-F-A es-
feminino) em LIBRAS. O sinal para represen- crita utilizando o alfabeto manual de LIBRAS
tar a palavra da língua portuguesa que possui – Língua Brasileira de Sinais!
essas marcas será o símbolo @, que substituirá
a última letra da palavra escrita com letras mai-
úsculas. Exemplo: AMIG@; BONIT@;FEI@.
Fonte:
Pode haver uma marca de plural pela repetição
do sinal ou alongamento do movimento, que
será representada por uma cruz no lado direito A datilologia é a soletração de uma palavra usando
acima da palavra que representa o sinal: o alfabeto manual de LIBRAS.
Exemplos:
CRIANÇA + “muitas crianças”; CARRO + Na Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, pode-
“muitos carros” mos nos referir ao animal usando a datilologia,
alfabeto manual em que cada sinal corresponde a
• Os verbos que se referem a lugar ou a pessoas uma letra (imagens acima), mas também podemos
gramaticais e movimento direcionado serão re- utilizar um sinal específico para a palavra girafa,
presentados pela palavra correspondente com chamado de “sinal da girafa”, como mostra a ima-
uma letra em subscrito, que indicará: gem abaixo.
a) O lugar: Já o sinal é formado com base na combinação do
i = ponto próximo à 1ª pessoa movimento das mãos com um determinado for-
j = ponto próximo à 2ª pessoa mato (que chamamos configuração de mãos de LI-
k e k = pontos próximos à 3ª pessoa BRAS), em um determinado lugar, podendo este
e = esquerda ser uma parte do corpo ou um espaço em frente
d = direita ao corpo.
Fonte: www.acessobrasil.org.br/LIBRAS
b) As pessoas: SINAL DA GIRAFA
1º 2º
1s,2s,3s = 1ª ,2ª,3ª pessoas do singular
1d,2d,3d = 1ª, 2ª,3ª pessoas do dual
1p,2p,3p = 1ª,2ª,3ª pessoas do plural
Exemplos:
1s ENTREGAR 2s “Eu entrego para você”
2s DAR 3p “Você deu para eles/elas”.
Kd ANDAR Ke “Andar da direita (d) para a
esquerda (e).”
A datilologia é mais usada para expressar nome de
• Nome de pessoas, localidades, objetos e outras pessoas, localidades e outras palavras que não pos-
palavras quaisquer que não tenham um sinal suem um sinal específico. Às vezes, uma palavra da
são representados pela datilologia (soletração língua portuguesa que, por empréstimo, passou a
do alfabeto manual) e transcritas pela palavra pertencer a LIBRAS por ser expressa pelo alfabe-
separada, letra por letra, por hífen. Exemplo: to manual com uma incorporação de movimento
C-A-S-A-M-E-N-T-O; J-O-Ã-O; M-A-R-I-A. próprio desta língua, será apresentada pela soletra-
– G-I-R-A-F-A na língua brasileira de sinais ção ou parte da soletração como as palavras “reais”
(usando a datilologia) e “nunca”, por exemplos: N-U-N-C-A,”nunca.”
o alfabeto manual.
Capítulo 3 33
Fonte: http://libraseducandosurdos.blogspot.com
34
Capítulo 3
Fonte: http://libraseducandosurdos.blogspot.com
Capítulo 3 35
b. Verbos com concordância: são os verbos que se flexionam em pessoa e número – têm movimentos.
Exemplos: ABENÇOAR fig.1, ABRIR (recipiente) fig.2, ABRIR (janela) fig. 3, ABRIR (armário) fig.5,
ACUSAR fig 6, ABRIR (porta) fig 7, entre outros.
Fonte: http://adoniranmelo.blogspot.com.br/2010/05/verbos-na-LIBRAS.html
36 Capítulo 3
c. Verbos espaciais: Eles têm ação e direção. Ex: AJOELHAR - fig.1, AGRADECER- fig.3 e CHEGAR
– fig.4. Alguns têm uma forma icônica na maneira de realizar o sinal. Ex: AJOELHAR - fig.1 e CHO-
RAR – fig.6.
Fonte: http://adoniranmelo.blogspot.com.br/2010/05/verbos-na-LIBRAS.html
Capítulo 3 37
Em LIBRAS, alguns verbos possuem algumas espe- a) 1sIR2s COMER! “Vou comer!”
cificidades. São elas: a) 2sIR1s COMER! “Vamos comer!”
• Alguns verbos incorporam o objeto: não há ne- b) 1sIR2s BEBER! “Vou beber!”
cessidade de sinalizar o verbo e o objeto para b) 2sIR1s BEBER! “Vamos beber!”
estruturar a oração, porque o complemento é
incorporado pelo sinal do verbo, complemen- c) 1sIR2s DANÇAR! “Vou dançar”
tado pelo movimento realizado ao produzir o c) 2sIR1s DANÇAR! “Vamos dançar!”
sinal. Exemplos: COMER, BEBER, etc.
Os verbos do segundo grupo podem também ser
• Os verbos que representam fenômenos da na- subdivididos em:
tureza são impessoais (não têm sujeito). Exem-
plos: CHOVER, NEVAR, TROVEJAR, etc. • Verbos que possuem concordância número-
-pessoal: a orientação marca as pessoas do dis-
• Pode acontecer a incorporação da negação em curso. O ponto inicial concorda com o sujeito
alguns verbos que possuem um determinado e o final com o objeto. Com já se podem conhe-
movimento em um primeiro, e se finaliza com cer as pessoas do discurso com base na orien-
um movimento contrário, que caracteriza a tação, geralmente não se utilizam os pronomes
negação incorporada, como nos verbos: QUE- pessoais com esse tipo de verbo. Exemplos:
RER/ QUERER NÃO; GOSTAR/GOSTAR
NÃO. • Verbos classificadores: a configuração de mão
é uma marca de concordância de gênero: PES-
• A negação, segundo Tanya Felipe, pode tam- SOA, ANIMAL, COISA, VEÍCULO. Verbos
bém se incorporar simultaneamente ao movi- que possuem concordância de gênero são cha-
mento ou expressão corporal como nos verbos: mados de verbo classificador porque concorda
TER/ TER NÃO; PODER/PODER NÃO. com o sujeito ou objeto da frase. Por exemplo,
o verbo CAIR que, dependendo do sujeito da
• A negação, além de poder ocorrer por meio frase, terá uma configuração para concordar
desses processos morfológicos acima, pode com a pessoa, a coisa, o animal ou o veículo:
também ocorrer sintaticamente porque, me-
diante os advérbios “NÃO” e “NADA”, pode-
-se construir uma frase negativa, como no SAIBA MAIS!
exemplo: EU INGLÊS SABER NÃO, EN- oniran Melo para ve
r
TENDER NADA. “Eu não sei inglês, não en- Acesse o site de Ad
ento.
os verbos em movim
tendo nada”.
.
elo .b lo gs po t.c om
ht tp :// ad on ira nm ml
a-LIBRAS.ht
• O verbo IR e suas variações br/2010/05/verbos-n
Na LIBRAS, o verbo “IR” possui uma forma
neutra como a maioria dos verbos da LIBRAS,
mas possui também formas que marcam fle- 2.3 Adjetivos
xões pessoais que podem ser empréstimos da
forma verbal em português, representadas Os adjetivos são sinais que formam uma classe
através de sinais soletrados ou do uso do parâ- específica na LIBRAS e sempre estão na forma
metro – direcionalidade para: V-A-I e V- O-U; neutra, não havendo, portanto, nem marca para
1sIR2s e 2sIR1s: gênero (masculino e feminino), nem para número
(singular e plural).
Exemplos:
Muitos adjetivos, por serem descritivos, apresen-
a. VOCÊ IR TRABALHAR? V-A-I? tam iconicamente uma qualidade do objeto, de-
b. EU IRaceno de cabeça afirmativamente ou senhando-a no ar ou mostrando-se a mediante o
EU V-O-Uaceno de cabeça afirmativamente. objeto ou o corpo do emissor.
38 Capítulo 3
Em português, quando uma pessoa se refere a um objeto arredondado, quadrado, listrado, entre outros,
está também descrevendo, mas, em LIBRAS, esse processo é mais simples, mais “transparente”, porque o
formato ou a textura é traçado no espaço ou no corpo do emissor, em uma tridimensionalidade permitida
pela modalidade da língua.
Em relação à colocação dos adjetivos na frase, eles geralmente vêm, após o substantivo que qualifica.
Exemplos:
Fonte: http://libraseducandosurdos.blogspot.com
Capítulo 3 39
Fonte: http://libraseducandosurdos.blogspot.com
SAIBA MAIS!
in-
o, para obter outras
Acesse os sites abaix Co nfi ra os exe m-
RA S.
formações sobre a LIB HT TP :// ww w.
do o site:
plos citados, acessan e ap rov eit e pa ra
RAS
acessobrasil.org.br/LIB S.
da LIB RA
treinar alguns sinais
Fonte:
a/
azul.com.br/novoea
http://editora-arara- e/
.br /p ag
http://www.feneis.com
p:/ /w ww.in es. go v.b r/default.aspx Numerais Cardinais
htt
xo, enquanto os do quinto (5º) ao nono (9º) movimentam-se para os lados. A partir de dez, cardinais e
ordinais são realizados de forma idêntica.
Fonte:
Valores Monetários - expressão interrogativa ”QUANTAS HORAS”,
tem um acréscimo da expressão facial para frase
Em LIBRAS, para se representar os valores monetá- interrogativa. Esse sinal está sempre relacionada ao
rios de um até nove reais, usa-se o sinal do numeral tempo gasto para se realizar alguma atividade. A
correspondente ao valor, incorporando a este o si- esse sinal, podem-se incorporar os quantificadores:
nal VÍRGULA. Por isso, o numeral, para valor mo- 2, 3, e 4 mas, a partir da quinta hora, já não há
netário, terá pequenos movimentos rotativos. Po- mais essa incorporação.
dem ser usados também, para esses valores acima,
os sinais dos numerais correspondentes, seguidos Exemplos:
dos sinais soletrados R-L “real” ou R”real/reais”.
1- QUE-HORA?
As Horas
•AULA COMEÇAR QUE-HORA AQUI?
Na LIBRAS, há dois sinais para se referirem à hora:
um para se referir ao horário cronológico e outro •VOCÊ TRABALHAR COMEÇAR QUE-
para a duração. O sinal HORA, com o sentido de -HORA?
tempo cronológico, é sinalizado por um apontar
para o pulso e, quando utilizado em frase inter- •AULA TERMINAR QUE-HORA?
rogativa - expressão interrogativa ”QUE-HORA?”,
tem um acréscimo da expressão facial para frase •VOCÊ ACORDAR QUE-HORA?
interrogativa. Com relação às horas do dia, sina-
liza-se o sinal HORA, seguido de numerais para •VOCÊ DORMIR QUE-HORA?
quantidade. Após doze horas, não se continua a
contagem, começa-se a contar novamente: HORA Interrogativa
1, HORA 2, HORA 3, acrescentando o sinal TAR-
DE, quando necessário, porque geralmente, pelo 2-QUANTAS-HORAS?
contexto, já se sabe se o sinalizador está se referin-
do à manhã, tarde, noite ou madrugada. •VIAJAR SÃO-PAULO QUANTAS-HORAS?
SAIBA MAIS!
ria linguística
Os surdos como mino ssem
municações que pude
os ho me ns co me ça ram a desenvolver co ráf ico s de lim ita dos
Não se tem registro
de quando
na est á div idi da nos espaços geog lín gu a
guas. Hoje a raça hu
ma , que possui a
ser consideradas lín gu a ou lín gu as ofi ciais como o Canadá nte , mo no -
nação tem sua lín o, politicame
politicamente e cada po ssu em so me nte uma língua oficial sã ng ue s.
Os países qu e as polilí
inglesa e a francesa. e possuem mais de du
qu e po ssu em du as são bilíngues e os qu
língues, os ão,
de etnia e/ou imigraç
mi no ria s lin gu ísti cas que, por motivo mi no ria s co ab i-
íses, existem as oficiais dos paíse
s onde estas
Mas, em todos os pa m, em bo ra as lín gu íge na s no Bra sil e no s
de orige caso das tribos ind
mantêm suas línguas ou tra s. Ess e é o
línguas de ori ge m,
fazem parte, sejam nuam utilizando suas
tam ou politicamente tes qu e se organizam e conti nte são discriminados
do s im igr an s ge ral me
Estados Unidos e Fra nç a. Os ind iví du os dessas minoria
idos e na nidades.
como nos Estados Un rticipar das duas comu
am se tor na r bil íng ues para poderem pa
e precis um
a comunidade, por alg
cia l e ind ivi du al, o primeiro é quando um ap ren de r ou tra lín -
uismo so indivíduo para
Pode-se falar de biling un do é a op çã o de um
nam ind iví du os
r duas línguas, o seg rias linguísticas se tor
motivo, precisa utiliza ral me nte os membros das mino gu as dis tintas.
ter na . Ge m lín
gua além da sua ma co mu nid ad es lin guísticas que utiliza
inseridos em
bilíngues por estarem por causa da imi-
gu ísti ca s co mo outras, mas não e
os surdos são mino ria s lin oficial da comunidad
Em todos os países, ia na sce de fam ília s que falam a língua an iza rem em
já que a maior por se org
gração ou da etnia, o minoria linguística
al tam bé m pe rte nc em por etnia; eles sã o de um a lín gu a gestual-visual por
to-
maior, à qu raç ão é a uti liza çã
há repressã o de su a
or principal de integ um espaço onde não
associações cujo fat á no fat o de ter em
am pa ra ma nte rem
a integração est que mais lhes satisfaç
dos os associados. Su exp res sarem-se da maneira
rdo , po de nd o
condição de su comunicação.
prazerosa no ato de
entre si uma situação nte, é
que levam, geralme
tro s pa íse s, for ma ndo guetos, a língua de im igr am , mas
vão para ou no país para on
Quando imigrantes peita da , co mo lín gu a,
serem utilizadas por
a cultura, sendo res gestual-visual e por
a língua oficial de su tra mo da lid ad e -
, se expressar como
s, por serem de ou , na maioria das vezes
as línguas dos surdo nã o po de rem olas e
“deficientes” - po r serem usadas nas esc
pessoas consideradas as e, até be m po uc o tempo, proibidas de
restigiad
ouvintes - eram desp .
sa de cri an ça su rda com pais ouvintes
em ca esse tipo
o e se pensava que
de sco nh eci me nto , gerou um preconceit mu nic an do por “mí-
Esse desrespeito, fru
to de um e se os su rdos ficassem se co -
surdo não poderia ser
lín gu a que foram desenvolvi
de comunicação do a ofi cia l de seu pa ís. Mas as pesquisas de r ap ren de r
deriam a língu ança surda pu
mica”, eles não apren rop a mo str ara m o contrário. Se uma cri ma is fac ilid ad e em
s e na Eu terá
das nos Estados Unido qual está inserida, ela sse
sin ais da su a co munidade surda, na qu al tam bé m pe rtencerá porque, ne
a língua de nid ad e ou vin te a na me nto e
l-auditiva da comu , ela já trará internali
zado o funcio
aprender a língua ora os so ns qu e em ite ces so de ap ren -
aprendizado, que nã
o pode ouvir eber em seu pro
um a lín gu a de sin ais, a qual pôde rec um pro ces so na tur al e
as estruturas linguísti
cas de língua por
o para adquirir uma
em um fee db ac k que serviu de reforç
dizag
espontâneo. s, variando ape-
ba sea da s em universais linguístico ,
as as línguas se edific
am máticas particulares
Isso ocorre porque tod al- au dit iva ou ge stual-visual) e suas gra e a uti liza . Da í
a modalidade (or ltura da comunidade
linguística qu
nas em termos de su ão , co m ba se na cu r ou tra , já qu e ela s,
cada geraç a qualque
transformando- se a a língua é superior ndo ser
eit o e ing en uid ad e dizer, hoje, que um nô mi co s ou tec nológicos, não pode
é preconc m do s fat ore s eco
ísticos, independe da, primitivas.
como sistemas lingu s, su bdesenvolvidas ou, ain
de sen vo lvi da
classificadas em m. Uma criança
mu nid ad es lin guísticas que a utiliza de-
mam por meio da s co r ficar com um bom
As línguas se transfor nid ad e Su rda de sua cidade para pode as co mu nid ad es,
egrar à Comu estão em du
surda precisará se int de ssa co mu nid ad e. Como os surdos da ou tra .
de sinais mpreens ão
sempenho na língua a língua ajuda na co
am ma nte r ess e bil inguismo social, e, um
precis
ntexto /
Fonte: LIBRAS em co d-LIBRAS -em-contexto
ww.ba ixe tur bo .or g/2011/11/downloa
http://w
42 Capítulo 3
FIQUE LIGADO!
RESUMO
Jogos em Libras
Exercite-se brincando, Você pode acessar este site Este capítulo abordou o Sistema de
e procurar outros para testar sua percepção. BOA Transcrição da LIBRAS e deu continui-
SORTE! dade ao estudo dos aspectos linguísti-
http://www.educajogos.com.br/jogos-educativos cos da Língua Brasileira de Sinais. Você
pode perceber que uma semelhança
entre as línguas é que todas são estru-
ATIVIDADES | turadas com base em unidades mínimas
1. Pesquise e faça uma lista de: que formam unidades mais complexas,
ou seja, todas possuem os seguintes ní-
a) Cinco sinais realizados em diferentes Pontos veis linguísticos: o fonológico, o morfo-
de Articulação (PA ). lógico, o sintático e o semântico. Neste
capítulo, abordamos noções de morfo-
b) Cinco sinais com a mesma Configuração de logia tendo como enfoque o substanti-
Mãos (CM). vo, o verbo, o adjetivo e os numerais. O
que é denominado palavra ou item lexi-
cal, nas línguas orais auditivas, são de-
c) Cinco sinais com diferentes Movimentos (M). nominados sinais nas línguas de sinais.
2. Revise todo o repertório de sinais que você
aprendeu até aqui. Para isso, exercite-se em
frente a um espelho.
REFERÊNCIAS
BRITO, Lucinda Ferreira. Por uma gramática de
língua de sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasilei-
ro: UFRJ, 1995.
Educação Inclusiva
para Estudantes Surdos
Sala de Atendimento
Educacional - AEE
Profa. Kilma Gouveia de Melo
Carga Horária | 15 horas
Objetivos Específicos
• Refletir sobre a questão da educação inclusiva de estudantes surdos e sobre a
dimensão e características da sala de atendimento educacional – AEE;
Introdução
Neste capítulo, iremos verificar as condições necessárias para a educação inclusi-
va de estudantes surdos, a dimensão e as características da sala de atendimento
educacional – AEE, que dão o suporte para a exposição e o estudo dos conteúdos
curriculares abordados na sala de aula regular inclusiva. Daremos continuidade,
ainda, às características da LIBRAS, observando seu aspecto morfológico e reven-
do algumas que a fazem uma língua completa.
Fonte: HTTP://www.sites.google.com
2. Sala de Atendimento Educacional
Especializado - SAEE
O decreto nº 6.571, de 17 de setembro de 2008,
que dispõe sobre o Atendimento Educacional Es-
pecializado, destina recursos do Fundo Nacional
de Desenvolvimento da Educação Básica – FUN-
DEB ao AEE de alunos com deficiência, transtor-
nos globais do desenvolvimento e altas habilida-
des/superdotação, matriculados na rede pública 2.2 Atendimento Educacional
de ensino regular, admitindo o cômputo duplo da Especializado de LIBRAS
matrícula desses alunos em classe comum do ensi-
no regular público e no AEE, concomitantemente, O estudo e a pesquisa dos termos técnico-científi-
conforme registro no Censo Escolar. cos das diferentes áreas do conhecimento, em LI-
BRAS, estão em processo de desenvolvimento, cuja
A Educação Inclusiva contrapõe a Educação Es- sistematização visa ampliar o léxico da LIBRAS e
pecial e é pautada na valorização das diferenças, realizá-lo na interação entre alunos, professores e
reconhecendo habilidades e competências. tradutores/intérpretes da LIBRAS.
Conforme Damázio (2007), o AEE envolve três A criação e organização desses termos em LIBRAS
momentos didáticos pedagógicos: são fundamentais para subsidiar o tradutor/in-
térprete e o professor bilíngue a trabalhar em LI-
• Atendimento Educacional Especializado em BRAS, em seus vários contextos científicos.
LIBRAS.
Capítulo 4 47
• Desenvolver referencial teórico que possibilite Segundo Eduardo Lucizano e Mônica Gargalaka,
a apreensão de termos inerentes ao conheci- o método, normalmente, é o principal meio de co-
mento científico; municação. Em geral, o ensino acontece em grupo,
ou seja, se incluem aí o fato social e a interação.
• Construir conceitos em sala de aula e possibili- Toda a metodologia deve ser bem visual, pois o
tar ampliação das competências linguísticas da canal mais importante para o surdo é a visão. Na
pessoa com surdez em LIBRAS e em Língua leitura, as crianças fazem suas hipóteses sobre o
Portuguesa. funcionamento da língua portuguesa, as quais, ela-
boradas visualmente, serão testadas à medida que
• Gerar novas convenções em glossários e dicio- as crianças surdas tenham acesso às atividades que
nários da LIBRAS. envolvem a escrita. Caso o aluno tenha conheci-
mento em LIBRAS, a situação se torna ainda mais
favorável. O trabalho é lento, porém mais fácil, já
que, durante as aulas, sempre existe o paralelo com
Fonte: HTTP://www.sites.google.com
a língua de sinais. O professor trabalha com temas
e, por meio dessa estratégia, formula textos com
histórias dos alunos, ensinando conceitos, leitura,
escrita, entre outros.
• Promoção de encontros com a direção da es- • Garantia da participação da pessoa com sur-
cola, em busca de melhorias para o aluno com dez em todos os eventos apresentados e vividos
surdez, dentro de toda conjuntura educacional. pela escola.
• Prover e acompanhar as famílias com informa- • Parceria com o professor da sala de AEE, para
ções necessárias para o desenvolvimento esco- discussão dos conteúdos curriculares, visando
lar dos alunos atendidos na SAEE. à coerência entre o planejamento e a SAEE,
para possibilitar o aprendizado e busca de
apoio para serem contemplados no P.P.P.
Na LIBRAS, não há marca de tempo nas formas Aquisição de língua de sinais por crianças surdas
verbais, é como se os verbos ficassem na frase qua-
se sempre no infinitivo, que é um tempo neutro. Há algumas décadas, nos Estados Unidos, pesqui-
O tempo é marcado sintaticamente por meio de sadores vêm desenvolvendo pesquisas sobre a lín-
advérbios de tempo que indicam se a ação está gua de sinais americana (ASL) e sobre sua aquisi-
ocorrendo no presente: HOJE, AGORA; ocorreu ção por crianças.
no passado: ONTEM, ANTEONTEM; ou irá cor-
rer no futuro: AMANHÃ. Por isso, os advérbios Todas essas pesquisas têm, como sujeitos, crianças
geralmente vêm no começo da frase, mas podem surdas, filhas de pais surdos, portanto, a aquisição
ser usados também no final. Para um tempo verbal da ASL se dá como primeira língua (L1), mas tra-
indefinido, usam-se os sinais: balhando também com crianças surdas, filhas de
pais ouvintes e com crianças ouvintes, filhas de
• HOJE, que traz a ideia de “presente”; pais surdos. Outras pesquisas, ainda, trabalharam
• PASSADO, que traz a ideia de “passado”; com crianças surdas, filhas de pais ouvintes que,
• FUTURO, que traz a ideia de futuro. por causa do fato de não serem expostas à ASL,
desenvolvem sistemas de comunicação gestuais in-
Advérbios de Tempo (Frequência) ventados.
Na LIBRAS, há expressões específicas para repre- Dessas pesquisas, pode-se destacar que o processo
sentar frequência de uma ação e alguns são expres- de aquisição da ASL é igual ao processo de aquisi-
sões idiomáticas: ção de línguas orais auditivas, ou seja, obedecendo
à maturação da criança, que vai internalizando a
• NUNCA pode ter o sinal e sinal soletra- língua com base no mais simples para o mais com-
do, NUNCA-MAIS, NUNCA-VI são si- plexo, há as seguintes fases:
nais soletrados.
1. Primeira: Há um período inicial que se asse-
• FREQUENTE e FREQUENTEMENTE pos- melha ao balbucio das crianças ouvintes, nes-
suem a mesma configuração de mão, mas, ta fase a criança produz sequencias de gestos
para o primeiro dar a ideia de que tem aspecto que fonologicamente se assemelham aos si-
contínuo, o sinal é feito repetidamente; nais, mas não são reconhecidos como tal, são
somente movimentos das mãos com algumas
• SEMPRE (CONTINUAR) e MESMO pos- formas.
suem a mesma configuração de mão, mas, no
primeiro, há um movimento para a frente do 2. Segunda: Frase de uma palavra: a criança sur-
emissor, enquanto o segundo fica no mesmo da começa a nomear as coisas, aprende a unir
ponto de articulação inicial; o sinal ao objeto, produzindo suas primeiras
palavras. Como a criança ouvinte, que ainda
• MESMA^COISA é um sinal composto forma- não pronuncia corretamente as palavras nes-
do pelo sinal MESMO mais o sinal IGUAL, sa fase, a criança surda também faz os sinais
com o sentido de “sempre”. Exemplo: com erros nos parâmetros, por exemplo, pode
trocar a configuração das mãos ou o ponto de
1. VOCÊ ESTUDAR AINDA INES? articulação, mas o adulto compreende que ela
Afirmativamente produziu um sinal na língua.
EU CONTINUAR. Nessa fase, são produzidos dois tipos de sinais:
2. EL@ SEMPRE FALAR A-MESMA^COISA
3. TDD DIFERENTE EU NUNCA-VI. EU a) Pronomes - aos dez meses, uma criança sur-
CONHECER NÃO! da pode apontar para si e para os outros. Mas,
os pontos para pessoas desaparecem completa-
Fonte: LIBRAS em contexto mente da produção linguística da criança sur-
http://www.baixeturbo.org/2011/11/download- da dos doze a dezoito meses e só reaparecem
-LIBRAS-em-contexto/ depois desse tempo, entre dois a três anos. Tal-
52 Capítulo 4
SAIBA MAIS!
r que,
É importante salienta
s co nfi gu raç õe s de
além da
tam cada
mãos que represen
da língua
letra do alfabeto
, há mu ita s outras
portuguesa
os .
configurações de mã
jamais
Uma conversação
ser ma nti da us ando
poderá
ma nual.
apenas o alfabeto
RA S sã o os si-
O léxico de LIB
Fonte:
ad os ne ssa s lín gu as
nais us -
e as pa
da mesma forma qu
as na s lín gu as
lavras são usad
orais auditivas.
Capítulo 4 53
Fonte:
RESUMO
Este capítulo abordou a questão da educação inclusiva de estudantes surdos e a dimensão
e características da sala de atendimento educacional – AEE, dando também continuidade
ao estudo dos aspectos linguísticos da Língua Brasileira de Sinais, observando pronomes e
advérbios. Dessa forma, foi apresentada a complexidade da LIBRAS, trazendo mais uma vez
à tona características peculiares que fazem dela uma língua completa semelhante em alguns
aspectos às línguas orais.
Chegamos ao final da nossa caminhada que muito enriqueceu a todos nós, e que certa-
mente irá contribuir com o processo educativo inclusivo.
embrando que você deve praticar a língua de sinais, efetivando e aprofundando seus co-
nhecimentos em LIBRAS, mediante a comunicação com pessoas surdas.
54 Capítulo 4
REFERÊNCIAS
BRITO, Lucinda Ferreira. Por uma gramática de
língua de sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasilei-
ro: UFRJ, 1995.