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Cadernos PDE
Disciplina/Área: Português
Relação Interdisciplinar: -
MATERIAL DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
COM OS CONTOS DE MACHADO DE
ASSIS: “A CARTEIRA” E “UM APÓLOGO”
MACHADO DE ASSIS
2013
MATERIAL
Oobjetivos
DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
Encaminhamentos metodológicos
COM
Atividades OS CONTOS DE MACHADO DE
ASSIS:
referencias
“A CARTEIRA” E “UM APÓLOGO”
Londrina – PR
2013
4
APRESENTAÇÃO
Caro estudante,
A autora.
aaaaa 4
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ..................................................................................................... 3
INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 6
CONTOS – Primeiros contatos com o conto .............................................................. 8
ATIVIDADE 1 – visita à biblioteca escolar ............................................................. 8
ATIVIDADE 2 – primeira produção de um conto ................................................... 8
ATIVIDADE 3 – contato com teorias sobre a estrutura e os elementos da narrativa .... 8
CARACTERÍSTICAS DOS CONTOS – os elementos e a estrutura da narrativa .......... 9
DEFINIÇÃO DE CONTO ........................................................................................ 9
ELEMENTOS DA NARRATIVA ............................................................................. 9
ESTRUTURA DA NARRATIVA ............................................................................ 12
ATIVIDADE 4 – estudos sobre o surgimento do conto no Brasil e sobre Machado
de Assis ................................................................................................................ 12
O SURGIMENTO DO CONTO NO BRASIL E SEU MAIOR REPRESENTANTE –
MACHADO DE ASSIS E O CONTO.................................................................... 13
Origem do conto no Brasil .................................................................................... 13
A importância de Machado de Assis na instituição do conto no Brasil e as
características desse gênero textual .................................................................... 14
Breve biografia de Machado de Assis .................................................................. 17
ATIVIDADE 5 – Leitura do conto “A carteira”, de Machado de Assis .................. 17
“A carteira” (texto para leitura) ............................................................................. 17
ATIVIDADE 6 – Exploração de aspectos formais do conto “A carteira”, de
Machado de Assis ................................................................................................ 19
ATIVIDADE 7 – Nova leitura do conto “A carteira”, de Machado de Assis e
resolução de exercícios que envolvem interpretação/compreensão ................... 20
ATIVIDADES COM O CONTO “A CARTEIRA”, DE MACHADO DE ASSIS ......... 21
ATIVIDADE 8 – Nova leitura do conto “A carteira”, de Machado de Assis e
resolução de exercícios que envolvem os elementos da narrativa (narrador,
personagem, tempo, espaço, enredo) ................................................................. 32
Atividades sobre o narrador ................................................................................ 33
Atividades sobre os personagens ...................................................................... 34
Atividades sobre o tempo .................................................................................... 39
Xxxxxxx
xxxxxxx
5
x
INTRODUÇÃO
CONTOS
Primeiros contatos com o conto
ATIVIDADE 1
ATIVIDADE 2
ATIVIDADE 3
DOS CONTOS
OS ELEMENTOS E A ESTRUTURA DA NARRATIVA
ATIVIDADE 4
Estudos sobre o surgimento do conto no Brasil e sobre Machado de Assis.
A próxima parte mostrará um pouco sobre o surgimento do conto no Brasil. O
professor utilizará as informações nela presentes e poderá incluir outras. É
importante conhecer um pouco sobre o início da produção desse gênero
textual no Brasil e sobre seu maior representante: Machado de Assis.
O SURGIMENTO DO CONTO 13
Não há uma data exata que fixe o marco inicial do conto no Brasil. No início,
esse gênero não teve muito prestígio porque o romance estava em evidência, no
século XIX. Na época, os jornais publicavam textos ficcionais que mais tarde se
tornariam os contos modernos (PARRINE, 2009).
Para Edgar Carvalho, o ano que instaura o surgimento do conto no Brasil é
1841, com a publicação de “Duas órfãs”, de Norberto de Sousa e Silva. Tratava-se
de “um folheto de 30 páginas posteriormente recolhido num volume chamado
Romances e novelas (note-se bem, não “contos”)” (PARRINE, 2009, p. 474 - grifos
da autora). Já para Barbosa Lima Sobrinho, o surgimento do conto no Brasil foi em
1836, com a publicação de uma espécie de gênero intermediário entre crônica e
conto, “A caixa e o tinteiro”, de Justiniano José da Rocha (PARRINE, 2009). No
entanto, esses marcos (discutíveis) não consideram a qualidade literária dos textos
mencionados. Se esta qualidade for exigida, o conto começa com a publicação de
“Três tesouros perdidos”, de Machado de Assis, em 5 de janeiro de 1858 (PARRINE,
2009).
Durante a segunda metade do século XIX, a sociedade brasileira viveu
mudanças significativas nas áreas política, social e econômica. Dentre as várias
transformações, nessa época, houve a substituição da forma de governo, que
passou do império para a república, substituição do trabalho escravo pelo trabalho
assalariado, as fazendas começaram a se modernizar, as cidades cresceram, as
indústrias começaram a se instalar, vários bancos foram fundados, etc (MAQUERA;
JOANILHO, 2010).
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Por isso, a análise de um conto vai muito além da observação dos elementos
da narrativa: narrador, tempo, espaço, personagens e enredo e de sua estrutura:
situação inicial, complicação, desenvolvimento, clímax e desfecho. É muito
importante detectar estes aspectos, observá-los, refletir sobre eles, mas é ao
estabelecer outras relações que se percebem os efeitos de sentido do conto e a
maestria de seu autor. É preciso desvelar, por exemplo, a quebra da linearidade
temporal e sua retomada (quando houver), o foco narrativo, as evidências de que
há algo não revelado, a surpresa ao descobrir que houve um encaminhamento para
se pensar isso ou aquilo, mas, na verdade, os fatos eram outros, a escolha lexical, a
temática, etc. Ou seja, os contos possuem características comuns, como os
elementos e os componentes da estrutura da narrativa, mas cada um possui um
arranjo singular, que o torna único e valioso.
Definir conto não é tarefa fácil. Parrine (2009, p. 483) afirma que:
ATIVIDADE 5
A
ACCA
ARRTTE
EIIR
RAA
...De repente, Honório olhou para o chão e viu uma carteira. Abaixar-se, apanhá-la
e guardá-la foi obra de alguns instantes. Ninguém o viu, salvo um homem que estava à porta
de uma loja, e que, sem o conhecer, lhe disse rindo:
— Olhe, se não dá por ela; perdia-a de uma vez.
— É verdade, concordou Honório envergonhado.
Para avaliar a oportunidade desta carteira, é preciso saber que Honório tem de pagar
amanhã uma dívida, quatrocentos e tantos mil-réis, e a carteira trazia o bojo recheado. A
dívida não parece grande para um homem da posição de Honório, que advoga; mas todas as
quantias são grandes ou pequenas, segundo as circunstâncias, e as dele não podiam ser piores.
Gastos de família excessivos, a princípio por servir a parentes, e depois por agradar à mulher,
que vivia aborrecida da solidão; baile daqui, jantar dali, chapéus, leques, tanta cousa mais, que
não havia remédio senão ir descontando o futuro. Endividou-se. Começou pelas contas de
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lojas e armazéns; passou aos empréstimos, duzentos a um, trezentos a outro, quinhentos a
outro, e tudo a crescer, e os bailes a darem-se, e os jantares a comerem-se, um turbilhão
perpétuo, uma voragem.
— Tu agora vais bem, não? dizia-lhe ultimamente o Gustavo C..., advogado e familiar
da casa.
— Agora vou, mentiu o Honório.
A verdade é que ia mal. Poucas causas, de pequena monta, e constituintes remissos;
por desgraça perdera ultimamente um processo, em que fundara grandes esperanças. Não só
recebeu pouco, mas até parece que ele lhe tirou alguma cousa à reputação jurídica; em todo
caso, andavam mofinas nos jornais.
D. Amélia não sabia nada; ele não contava nada à mulher, bons ou maus negócios.
Não contava nada a ninguém. Fingia-se tão alegre como se nadasse em um mar de
prosperidades. Quando o Gustavo, que ia todas as noites à casa dele, dizia uma ou duas
pilhérias, ele respondia com três e quatro; e depois ia ouvir os trechos de música alemã, que
D. Amélia tocava muito bem ao piano, e que o Gustavo escutava com indizível prazer, ou
jogavam cartas, ou simplesmente falavam de política.
Um dia, a mulher foi achá-lo dando muitos beijos à filha, criança de quatro anos, e
viu-lhe os olhos molhados; ficou espantada, e perguntou-lhe o que era.
— Nada, nada.
Compreende-se que era o medo do futuro e o horror da miséria. Mas as esperanças
voltavam com facilidade. A idéia de que os dias melhores tinham de vir dava-lhe conforto
para a luta. Estava com trinta e quatro anos; era o princípio da carreira: todos os princípios são
difíceis. E toca a trabalhar, a esperar, a gastar, pedir fiado ou: emprestado, para pagar mal, e a
más horas.
A dívida urgente de hoje são uns malditos quatrocentos e tantos mil-réis de carros.
Nunca demorou tanto a conta, nem ela cresceu tanto, como agora; e, a rigor, o credor não lhe
punha a faca aos peitos; mas disse-lhe hoje uma palavra azeda, com um gesto mau, e Honório
quer pagar-lhe hoje mesmo. Eram cinco horas da tarde. Tinha-se lembrado de ir a um agiota,
mas voltou sem ousar pedir nada. Ao enfiar pela Rua da Assembléia é que viu a carteira no
chão, apanhou-a, meteu no bolso, e foi andando.
Durante os primeiros minutos, Honório não pensou nada; foi andando, andando,
andando, até o Largo da Carioca. No Largo parou alguns instantes, — enfiou depois pela Rua
da Carioca, mas voltou logo, e entrou na Rua Uruguaiana. Sem saber como, achou-se daí a
pouco no Largo de S. Francisco de Paula; e ainda, sem saber como, entrou em um Café. Pediu
alguma cousa e encostou-se à parede, olhando para fora. Tinha medo de abrir a carteira; podia
não achar nada, apenas papéis e sem valor para ele. Ao mesmo tempo, e esta era a causa
principal das reflexões, a consciência perguntava-lhe se podia utilizar-se do dinheiro que
achasse. Não lhe perguntava com o ar de quem não sabe, mas antes com uma expressão
irônica e de censura. Podia lançar mão do dinheiro, e ir pagar com ele a dívida? Eis o ponto.
A consciência acabou por lhe dizer que não podia, que devia levar a carteira à polícia, ou
anunciá-la; mas tão depressa acabava de lhe dizer isto, vinham os apuros da ocasião, e
puxavam por ele, e convidavam-no a ir pagar a cocheira. Chegavam mesmo a dizer-lhe que,
se fosse ele que a tivesse perdido, ninguém iria entregar-lha; insinuação que lhe deu ânimo.
Tudo isso antes de abrir a carteira. Tirou-a do bolso, finalmente, mas com medo, quase
às escondidas; abriu-a, e ficou trêmulo. Tinha dinheiro, muito dinheiro; não contou, mas viu
duas notas de duzentos mil-réis, algumas de cinqüenta e vinte; calculou uns setecentos mil
réis ou mais; quando menos, seiscentos. Era a dívida paga; eram menos algumas despesas
urgentes. Honório teve tentações de fechar os olhos, correr à cocheira, pagar, e, depois de
paga a dívida, adeus; reconciliar-se-ia consigo. Fechou a carteira, e com medo de a perder,
tornou a guardá-la.
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Mas daí a pouco tirou-a outra vez, e abriu-a, com vontade de contar o dinheiro. Contar
para quê? Era dele? Afinal venceu-se e contou: eram setecentos e trinta mil-réis. Honório teve
um calafrio. Ninguém viu, ninguém soube; podia ser um lance da fortuna, a sua boa sorte, um
anjo... Honório teve pena de não crer nos anjos... Mas por que não havia de crer neles? E
voltava ao dinheiro, olhava, passava-o pelas mãos; depois, resolvia o contrário, não usar do
achado, restituí-lo. Restituí-lo a quem? Tratou de ver se havia na carteira algum sinal.
"Se houver um nome, uma indicação qualquer, não posso utilizar-me do dinheiro,"
pensou ele.
Esquadrinhou os bolsos da carteira. Achou cartas, que não abriu, bilhetinhos dobrados,
que não leu, e por fim um cartão de visita; leu o nome; era do Gustavo. Mas então, a
carteira?... Examinou-a por fora, e pareceu-lhe efetivamente do amigo. Voltou ao interior;
achou mais dous cartões, mais três, mais cinco. Não havia duvidar; era dele.
A descoberta entristeceu-o. Não podia ficar com o dinheiro, sem praticar um ato
ilícito, e, naquele caso, doloroso ao seu coração porque era em dano de um amigo. Todo o
castelo levantado esboroou-se como se fosse de cartas. Bebeu a última gota de café, sem
reparar que estava frio. Saiu, e só então reparou que era quase noite. Caminhou para casa.
Parece que a necessidade ainda lhe deu uns dous empurrões, mas ele resistiu.
"Paciência, disse ele consigo; verei amanhã o que posso fazer."
Chegando a casa, já ali achou o Gustavo, um pouco preocupado, e a própria D. Amélia
o parecia também. Entrou rindo, e perguntou ao amigo se lhe faltava alguma cousa.
— Nada.
— Nada?
— Por quê?
— Mete a mão no bolso; não te falta nada?
— Falta-me a carteira, disse o Gustavo sem meter a mão no bolso. Sabes se alguém a
achou?
— Achei-a eu, disse Honório entregando-lha.
Gustavo pegou dela precipitadamente, e olhou desconfiado para o amigo. Esse olhar
foi para Honório como um golpe de estilete; depois de tanta luta com a necessidade, era um
triste prêmio. Sorriu amargamente; e, como o outro lhe perguntasse onde a achara, deu-lhe as
explicações precisas.
— Mas conheceste-a?
— Não; achei os teus bilhetes de visita.
Honório deu duas voltas, e foi mudar de toilette para o jantar. Então Gustavo sacou
novamente a carteira, abriu-a, foi a um dos bolsos, tirou um dos bilhetinhos, que o outro não
quis abrir nem ler, e estendeu-o a D. Amélia, que, ansiosa e trêmula, rasgou-o em trinta mil
pedaços: era um bilhetinho de amor.
Obra de domínio público. Disponível em : < http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000169.pdf > Acesso em: 09 jun. 2013.
ATIVIDADE 6
ATIVIDADE 7
Nova leitura do conto “A carteira”, de Machado de Assis e resolução de
exercícios que envolvem interpretação/compreensão.
O conto “A carteira” foi dividido em partes para que você releia cada uma delas e
resolva as questões propostas.
ATIVIDADES COM O CONTO 21
“A CARTEIRA”, DE MACHADO
DE ASSIS A CARTEIRA
A CARTEIRA
PARTE 1
...De repente, Honório olhou para o chão e viu uma carteira. Abaixar-se, apanhá-
la e guardá-la foi obra de alguns instantes. Ninguém o viu, salvo um homem que estava à
porta de uma loja, e que, sem o conhecer, lhe disse rindo:
— Olhe, se não dá por ela; perdia-a de uma vez.
— É verdade, concordou Honório envergonhado.
4)O que o “homem que estava à porta de uma loja” quis dizer quando falou “—
Olhe, se não dá por ela; perdia-a de uma vez.”?
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5)Por que Honório se sentiu envergonhado? Sabemos o motivo pelo trecho acima?
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PARTE 2
Para avaliar a oportunidade desta carteira, é preciso saber que Honório tem de
pagar amanhã uma dívida, quatrocentos e tantos mil-réis, e a carteira trazia o bojo
recheado. A dívida não parece grande para um homem da posição de Honório, que advoga;
mas todas as quantias são grandes ou pequenas, segundo as circunstâncias, e as dele não
podiam ser piores. Gastos de família excessivos, a princípio por servir a parentes, e depois
por agradar à mulher, que vivia aborrecida da solidão; baile daqui, jantar dali, chapéus,
leques, tanta cousa mais, que não havia remédio senão ir descontando o futuro. Endividou-
se. Começou pelas contas de lojas e armazéns; passou aos empréstimos, duzentos a um,
trezentos a outro, quinhentos a outro, e tudo a crescer, e os bailes a darem-se, e os jantares
a comerem-se, um turbilhão perpétuo, uma voragem.
PARTE 3
PARTE 4
D. Amélia não sabia nada; ele não contava nada à mulher, bons ou maus negócios.
Não contava nada a ninguém. Fingia-se tão alegre como se nadasse em um mar de
prosperidades. Quando o Gustavo, que ia todas as noites à casa dele, dizia uma ou duas
pilhérias, ele respondia com três e quatro; e depois ia ouvir os trechos de música alemã,
que D. Amélia tocava muito bem ao piano, e que o Gustavo escutava com indizível prazer,
ou jogavam cartas, ou simplesmente falavam de política.
1)Quem é D. Amélia?
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2)Que habilidade tinha D. Amélia? E quem tinha admiração por essa habilidade
dela? Justifique sua resposta.
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3)De acordo com dicionários, “pilhéria” pode significar: algo que se diz com a
intenção de causar humor, graça, ou, até mesmo, bobagem. Sabendo disso, quem
dizia mais pilhérias e a quem? Justifique sua resposta.
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4)Como era a relação dos dois homens retratados até aqui? Justifique.
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5)Quem “fingia-se tão alegre”?
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PARTE 5
Um dia, a mulher foi achá-lo dando muitos beijos à filha, criança de quatro anos, e
viu-lhe os olhos molhados; ficou espantada, e perguntou-lhe o que era.
— Nada, nada.
Compreende-se que era o medo do futuro e o horror da miséria. Mas as esperanças
voltavam com facilidade. A idéia de que os dias melhores tinham de vir dava-lhe conforto
para a luta. Estava com trinta e quatro anos; era o princípio da carreira: todos os princípios
são difíceis. E toca a trabalhar, a esperar, a gastar, pedir fiado ou: emprestado, para pagar
mal, e a más horas.
1)No trecho acima, descobrimos que o casal tinha uma filha de quatro anos. Quem
estava “dando muitos beijos à filha”? E por que estavam “os olhos molhados”?
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2)No trecho acima descobrimos a idade de quem?
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3)Por que as “esperanças voltavam com facilidade”? E essas esperanças
alimentavam quais atitudes?
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PARTE 6
A dívida urgente de hoje são uns malditos quatrocentos e tantos mil-réis de carros.
Nunca demorou tanto a conta, nem ela cresceu tanto, como agora; e, a rigor, o credor não
lhe punha a faca aos peitos; mas disse-lhe hoje uma palavra azeda, com um gesto mau, e
Honório quer pagar-lhe hoje mesmo. Eram cinco horas da tarde. Tinha-se lembrado de ir a
um agiota, mas voltou sem ousar pedir nada. Ao enfiar pela Rua da Assembléia é que viu a
carteira no chão, apanhou-a, meteu no bolso, e foi andando.
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4)A última frase desta parte nos revela mais alguns dados. Quem vinha de onde?
Ele achou outra carteira no chão? Explique.
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PARTE 7
Durante os primeiros minutos, Honório não pensou nada; foi andando, andando,
andando, até o Largo da Carioca. No Largo parou alguns instantes, — enfiou depois pela
Rua da Carioca, mas voltou logo, e entrou na Rua Uruguaiana. Sem saber como, achou-se
daí a pouco no Largo de S. Francisco de Paula; e ainda, sem saber como, entrou em um
Café. Pediu alguma cousa e encostou-se à parede, olhando para fora. Tinha medo de abrir
a carteira; podia não achar nada, apenas papéis e sem valor para ele. Ao mesmo tempo, e
esta era a causa principal das reflexões, a consciência perguntava-lhe se podia utilizar-se
do dinheiro que achasse. Não lhe perguntava com o ar de quem não sabe, mas antes com
uma expressão irônica e de censura. Podia lançar mão do dinheiro, e ir pagar com ele a
dívida? Eis o ponto. A consciência acabou por lhe dizer que não podia, que devia levar a
carteira à polícia, ou anunciá-la; mas tão depressa acabava de lhe dizer isto, vinham os
apuros da ocasião, e puxavam por ele, e convidavam-no a ir pagar a cocheira. Chegavam
mesmo a dizer-lhe que, se fosse ele que a tivesse perdido, ninguém iria entregar-lha;
insinuação que lhe deu ânimo.
1)A inquietude de Honório ao apanhar a carteira fica bastante evidente. O que ele
fez que demonstra isso?
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2)Qual foi o maior motivo de sua inquietude?
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3)Quem “Chegavam mesmo a dizer-lhe que, se fosse ele que a tivesse perdido,
ninguém iria entregar-lha”?
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4)Observe o trecho: “e convidavam-no a ir pagar a cocheira”. O que é “cocheira”?
Assinale a alternativa que contém a resposta correta.
a)Cocheira é um local cheio de vasilhas nas quais se colocam água para o gado.
b)Cocheira é um local onde se alojam cavalos e, neste caso, é sinônimo de
estrebaria.
c)Cocheira é uma mulher que fabrica cochos (vasilhas nas quais sés colocam água
para o gado).
PARTE 8
Tudo isso antes de abrir a carteira. Tirou-a do bolso, finalmente, mas com medo,
quase às escondidas; abriu-a, e ficou trêmulo. Tinha dinheiro, muito dinheiro; não contou,
mas viu duas notas de duzentos mil-réis, algumas de cinqüenta e vinte; calculou uns
setecentos mil réis ou mais; quando menos, seiscentos. Era a dívida paga; eram menos
algumas despesas urgentes. Honório teve tentações de fechar os olhos, correr à cocheira,
pagar, e, depois de paga a dívida, adeus; reconciliar-se-ia consigo. Fechou a carteira, e com
medo de a perder, tornou a guardá-la.
Mas daí a pouco tirou-a outra vez, e abriu-a, com vontade de contar o dinheiro.
Contar para quê? Era dele? Afinal venceu-se e contou: eram setecentos e trinta mil-réis.
Honório teve um calafrio. Ninguém viu, ninguém soube; podia ser um lance da fortuna, a
sua boa sorte, um anjo... Honório teve pena de não crer nos anjos... Mas por que não havia
de crer neles? E voltava ao dinheiro, olhava, passava-o pelas mãos; depois, resolvia o
contrário, não usar do achado, restituí-lo. Restituí-lo a quem? Tratou de ver se havia na
carteira algum sinal.
"Se houver um nome, uma indicação qualquer, não posso utilizar-me do dinheiro,"
pensou ele.
Esquadrinhou os bolsos da carteira. Achou cartas, que não abriu, bilhetinhos
dobrados, que não leu, e por fim um cartão de visita; leu o nome; era do Gustavo. Mas
então, a carteira?... Examinou-a por fora, e pareceu-lhe efetivamente do amigo. Voltou ao
interior; achou mais dous cartões, mais três, mais cinco. Não havia duvidar; era dele.
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PARTE 9
A descoberta entristeceu-o. Não podia ficar com o dinheiro, sem praticar um ato
ilícito, e, naquele caso, doloroso ao seu coração porque era em dano de um amigo. Todo o
castelo levantado esboroou-se como se fosse de cartas. Bebeu a última gota de café, sem
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reparar que estava frio. Saiu, e só então reparou que era quase noite. Caminhou para casa.
Parece que a necessidade ainda lhe deu uns dous empurrões, mas ele resistiu.
"Paciência, disse ele consigo; verei amanhã o que posso fazer."
Chegando a casa, já ali achou o Gustavo, um pouco preocupado, e a própria D.
Amélia o parecia também. Entrou rindo, e perguntou ao amigo se lhe faltava alguma
cousa.
— Nada.
— Nada?
— Por quê?
— Mete a mão no bolso; não te falta nada?
— Falta-me a carteira, disse o Gustavo sem meter a mão no bolso. Sabes se alguém
a achou?
— Achei-a eu, disse Honório entregando-lha.
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6)Quando Honório chegou em casa, quem estava lá?
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7)Qual será o motivo da preocupação de Gustavo e qual será o motivo da
preocupação de D. Amélia?
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8)Por que Gustavo respondeu que não faltava nada quando foi perguntado sobre
isso por Honório? Ele ainda não sabia que faltava a carteira? Explique.
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9)Qual é o efeito de sentido do uso de travessões?
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PARTE 10
ATIVIDADE 8
Consulte a parte “Características dos contos” deste material, que tem início na página
8, para relembrar os elementos da narrativa e resolva os exercícios propostos.
Os trechos abaixo servem para observar a presença do narrador no conto. Depois de observá-
los, resolva os exercícios propostos (considerando, também as teorias no início deste
material):
4° parágrafo:
[...] Gastos de família excessivos, a princípio por servir a parentes, e depois por
agradar à mulher, que vivia aborrecida da solidão. [...]
13° parágrafo:
[...] Ao mesmo tempo, e esta era a causa principal das reflexões, a consciência
perguntava-lhe se podia utilizar-se do dinheiro que achasse. Não lhe perguntava com o ar de
quem não sabe, mas antes com uma expressão irônica e de censura. Podia lançar mão do
dinheiro, e ir pagar com ele a dívida? Eis o ponto. A consciência acabou por lhe dizer que não
podia, que devia levar a carteira à polícia, ou anunciá-la; mas tão depressa acabava de lhe
dizer isto, vinham os apuros da ocasião, e puxavam por ele, e convidavam-no a ir pagar a
cocheira. Chegavam mesmo a dizer-lhe que, se fosse ele que a tivesse perdido, ninguém iria
entregar-lha; insinuação que lhe deu ânimo.
16° parágrafo:
"Se houver um nome, uma indicação qualquer, não posso utilizar-me do dinheiro,"
pensou ele.
19° parágrafo:
"Paciência, disse ele consigo; verei amanhã o que posso fazer."
27° parágrafo:
Gustavo pegou dela precipitadamente, e olhou desconfiado para o amigo. [...]
c)O narrador do conto é alguém que não participa da história. Ele apenas conta o que vê e o
que os personagens pensam ou sentem. Ele está em terceira pessoa e seu foco narrativo é
onisciente.
d)O narrador do conto é alguém que participa da história e narra os fatos em primeira pessoa
(eu). Ele narra fatos que aconteceram consigo próprio. Seu foco narrativo é limitado, só pode
contar o que ele mesmo ou os outros fazem, não sabe o que os outros pensam ou sentem.
A( )O narrador do conto sabe de tudo. Ele descreve as ações de Honório e também o que
se passa na mente dele, e uma das provas disso está no fragmento: “a consciência perguntava-
lhe...”.
B( )Podemos dizer que o narrador no conto é onisciente (aquele que sabe de tudo o que se
passa com a personagem), mas essa onisciência do narrador só se aplica a Honório, pois ele
(o narrador) não sabe o que se passa no interior das outras personagens.
C( )O narrador pretende disfarçar sua onisciência, pois usa aspas em dois momentos que
demonstra o que Honório pensa. Com esse recurso, o leitor tem a impressão de que ele (o
narrador) só sabe o que a personagem pensa naqueles momentos em destaque com as aspas.
E( )Quando o leitor, durante a primeira leitura do conto (sem conhecer ainda o desfecho),
chega no 27° parágrafo, ele é induzido, pelo narrador, a crer que Gustavo “olhou desconfiado
para o amigo” porque Honório poderia ter se apropriado do dinheiro. Isso se dá pelo uso da
palavra “desconfiado”.
F( )É sob o olhar do narrador que o leitor é conduzido pelo texto. O foco narrativo, o ponto
de vista do narrador influencia as impressões do leitor a respeito do tema abordado.
b)Honório, um homem à porta de uma loja, Gustavo C... , D. Amélia, a filha de Honório e de
D. Amélia, o credor (que “disse-lhe hoje uma palavra azeda, com um gesto mau” – 12°
parágrafo), o agiota (que foi lembrado por Honório, “mas [ele – Honório] voltou sem ousar
pedir nada” – 12° parágrafo) e pessoas desconhecidas na rua (transeuntes).
c)Machado de Assis, Honório, um homem à porta de uma loja, Gustavo C... , D. Amélia, a
35
filha de Honório e de D. Amélia, o credor (que “disse-lhe hoje uma palavra azeda, com um
gesto mau” – 12° parágrafo), o agiota (que foi lembrado por Honório, “mas [ele – Honório]
voltou sem ousar pedir nada” – 12° parágrafo) e pessoas desconhecidas na rua (transeuntes).
a)“[...] um homem que estava à porta de uma loja [...]” (1° parágrafo)
b)“[...] o credor não lhe punha a faca aos peitos; mas disse-lhe hoje uma palavra azeda, com
um gesto mau. [...]” (12° parágrafo)
c) “[...] Ao enfiar pela Rua da Assembléia é que viu a carteira no chão, apanhou-a, meteu no
bolso, e foi andando.” (12° parágrafo)
PERSONAGEM CARACTERÍSTICAS
que é a de emprestar dinheiro e cobrar juros mais altos que o dos bancos,
supomos que seja alguém com condição financeira favorável.
Era zombado pelos jornais devido a um processo que perdeu, na função de
advogado. Além disso, seus clientes o procuravam por causa de pequenos
serviços, que não rendiam o que ele precisava.
Tem 4 anos de idade.
Gostava de música alemã.
É advogado.
Era poupada dos assuntos financeiros. Não sabia o que se passava com o
marido.
Personagem que “vivia aborrecida da solidão”.
Temia o futuro.
Sentiu-se triste pela desconfiança do amigo.
Era corno, não sabia e não ficou sabendo.
Era bem sucedido em sua carreira profissional, a julgar pela quantia de
dinheiro que havia em sua carteira.
Era inescrupuloso, pois frequentava a casa do amigo e tinha um caso com a
esposa dele.
Tem quatro anos de idade.
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9)Responda: Quais personagens podem ser considerados secundários no conto?
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10)Responda: qual personagem pode ser considerada como oponente
(personagem que coloca obstáculos à ação da protagonista; graças ao oponente
temos o conflito; se disputar o mesmo objeto (um tesouro, a pessoa amada –
personagem objeto -, uma ideia) do protagonista, é antagonista)? E esse
personagem oponente é antagonista? Justifique sua resposta.
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38
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12° parágrafo:
A dívida urgente de hoje são uns malditos quatrocentos e tantos mil-réis de carros.
Nunca demorou tanto a conta, nem ela cresceu tanto, como agora; e, a rigor, o credor não lhe
punha a faca aos peitos; mas disse-lhe hoje uma palavra azeda, com um gesto mau, e
Honório quer pagar-lhe hoje mesmo. Eram cinco horas da tarde. Tinha-se lembrado de ir a
um agiota, mas voltou sem ousar pedir nada. Ao enfiar pela Rua da Assembléia é que viu a
carteira no chão, apanhou-a, meteu no bolso, e foi andando.
a)( ) A alternância entre os tempos verbais não deveria ter sido feita, pois um
mesmo tempo verbal deve ser mantido para que os sentidos fiquem coerentes.
a)( ) No conto não há descrição física dos espaços porque o destaque está nas
relações de Honório com as pessoas. São as ações da personagem e seu conflito
interior que estão em evidência.
b)( ) Apesar de não haver descrição física dos espaços pelos quais Honório
transita, podemos fazer algumas deduções acerca da aparência, por exemplo, de
sua casa: ele, provavelmente, mora numa casa com pouco conforto, pois teve que
se endividar comprando móveis essenciais para que sua esposa tivesse todo o
conforto de uma esposa e dona de casa.
c)( ) Apesar de não haver descrição física dos espaços pelos quais Honório
transita, podemos fazer algumas deduções acerca da aparência, por exemplo, de
sua casa: ele, provavelmente, mora numa casa com muito conforto. As dívidas que
contraiu não são por causa de móveis essenciais ou por causa de problemas de
saúde de alguém. As dívidas são por causa de gastos para “servir a parentes”, com
“baile daqui, jantar dali, chapéus, leques” e carros (que na época eram cocheiras).
Para destinar dinheiro com esses gastos, supõe-se que os elementos indispensáveis
a uma casa já estão nela.
d)( ) O lar de Honório, pelo qual ele se endividou, é o espaço de sua maior
ruína. É um espaço violado. Enquanto ele se preocupa com as questões financeiras
e com as aparências, sua esposa o trai sem que ele saiba, e tudo acontece sob seu
próprio teto.
Enredo: sequência de ações que compõem a história. O conto pode ter um,
dois ou mais episódios.
1)Imagine que você tenha que contar o conteúdo do conto “A carteira” a alguém.
Aquilo que você diria, na tentativa de seu interlocutor entender o conto, é o enredo.
Agora releia o conto e faça isso por escrito. Reconte, com suas palavras, a história
(o enredo) do conto (não ultrapasse o número de linhas destinadas para isso):
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43
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ATIVIDADE 9
Consulte a parte “Características dos contos” deste material, que tem início na página
8, para relembrar a estrutura da narrativa e resolva os exercícios propostos.
A
ACCA
ARRTTE
EIIR
RAA
...De repente, Honório olhou para o chão e viu uma carteira. Abaixar-se, apanhá-la
e guardá-la foi obra de alguns instantes. Ninguém o viu, salvo um homem que estava à porta
de uma loja, e que, sem o conhecer, lhe disse rindo:
— Olhe, se não dá por ela; perdia-a de uma vez.
— É verdade, concordou Honório envergonhado.
Para avaliar a oportunidade desta carteira, é preciso saber que Honório tem de
pagar amanhã uma dívida, quatrocentos e tantos mil-réis, e a carteira trazia o bojo
recheado. A dívida não parece grande para um homem da posição de Honório, que
advoga; mas todas as quantias são grandes ou pequenas, segundo as circunstâncias, e as
dele não podiam ser piores. Gastos de família excessivos, a princípio por servir a
parentes, e depois por agradar à mulher, que vivia aborrecida da solidão; baile daqui,
jantar dali, chapéus, leques, tanta cousa mais, que não havia remédio senão ir
descontando o futuro. Endividou-se. Começou pelas contas de lojas e armazéns; passou
aos empréstimos, duzentos a um, trezentos a outro, quinhentos a outro, e tudo a crescer,
e os bailes a darem-se, e os jantares a comerem-se, um turbilhão perpétuo, uma
voragem.
— Tu agora vais bem, não? dizia-lhe ultimamente o Gustavo C..., advogado e
familiar da casa.
— Agora vou, mentiu o Honório.
A verdade é que ia mal. Poucas causas, de pequena monta, e constituintes
remissos; por desgraça perdera ultimamente um processo, em que fundara grandes
esperanças. Não só recebeu pouco, mas até parece que ele lhe tirou alguma cousa à
reputação jurídica; em todo caso, andavam mofinas nos jornais.
D. Amélia não sabia nada; ele não contava nada à mulher, bons ou maus
negócios. Não contava nada a ninguém. Fingia-se tão alegre como se nadasse em um mar
de prosperidades. Quando o Gustavo, que ia todas as noites à casa dele, dizia uma ou
duas pilhérias, ele respondia com três e quatro; e depois ia ouvir os trechos de música
alemã, que D. Amélia tocava muito bem ao piano, e que o Gustavo escutava com
indizível prazer, ou jogavam cartas, ou simplesmente falavam de política.
Um dia, a mulher foi achá-lo dando muitos beijos à filha, criança de quatro anos,
e viu-lhe os olhos molhados; ficou espantada, e perguntou-lhe o que era.
— Nada, nada.
Compreende-se que era o medo do futuro e o horror da miséria. Mas as
esperanças voltavam com facilidade. A idéia de que os dias melhores tinham de vir
dava-lhe conforto para a luta. Estava com trinta e quatro anos; era o princípio da
carreira: todos os princípios são difíceis. E toca a trabalhar, a esperar, a gastar, pedir
fiado ou: emprestado, para pagar mal, e a más horas.
A dívida urgente de hoje são uns malditos quatrocentos e tantos mil-réis de
carros. Nunca demorou tanto a conta, nem ela cresceu tanto, como agora; e, a rigor, o
credor não lhe punha a faca aos peitos; mas disse-lhe hoje uma palavra azeda, com um
gesto mau, e Honório quer pagar-lhe hoje mesmo. Eram cinco horas da tarde. Tinha-se
lembrado de ir a um agiota, mas voltou sem ousar pedir nada. Ao enfiar pela Rua da
Assembléia é que viu a carteira no chão, apanhou-a, meteu no bolso, e foi andando.
Durante os primeiros minutos, Honório não pensou nada; foi andando, andando,
andando, até o Largo da Carioca. No Largo parou alguns instantes, — enfiou depois pela Rua
da Carioca, mas voltou logo, e entrou na Rua Uruguaiana. Sem saber como, achou-se daí a
45
pouco no Largo de S. Francisco de Paula; e ainda, sem saber como, entrou em um Café. Pediu
alguma cousa e encostou-se à parede, olhando para fora. Tinha medo de abrir a carteira; podia
não achar nada, apenas papéis e sem valor para ele. Ao mesmo tempo, e esta era a causa
principal das reflexões, a consciência perguntava-lhe se podia utilizar-se do dinheiro que
achasse. Não lhe perguntava com o ar de quem não sabe, mas antes com uma expressão
irônica e de censura. Podia lançar mão do dinheiro, e ir pagar com ele a dívida? Eis o ponto.
A consciência acabou por lhe dizer que não podia, que devia levar a carteira à polícia, ou
anunciá-la; mas tão depressa acabava de lhe dizer isto, vinham os apuros da ocasião, e
puxavam por ele, e convidavam-no a ir pagar a cocheira. Chegavam mesmo a dizer-lhe que,
se fosse ele que a tivesse perdido, ninguém iria entregar-lha; insinuação que lhe deu ânimo.
Tudo isso antes de abrir a carteira. Tirou-a do bolso, finalmente, mas com medo, quase
às escondidas; abriu-a, e ficou trêmulo. Tinha dinheiro, muito dinheiro; não contou, mas viu
duas notas de duzentos mil-réis, algumas de cinqüenta e vinte; calculou uns setecentos mil
réis ou mais; quando menos, seiscentos. Era a dívida paga; eram menos algumas despesas
urgentes. Honório teve tentações de fechar os olhos, correr à cocheira, pagar, e, depois de
paga a dívida, adeus; reconciliar-se-ia consigo. Fechou a carteira, e com medo de a perder,
tornou a guardá-la.
Mas daí a pouco tirou-a outra vez, e abriu-a, com vontade de contar o dinheiro. Contar
para quê? Era dele? Afinal venceu-se e contou: eram setecentos e trinta mil-réis. Honório teve
um calafrio. Ninguém viu, ninguém soube; podia ser um lance da fortuna, a sua boa sorte, um
anjo... Honório teve pena de não crer nos anjos... Mas por que não havia de crer neles? E
voltava ao dinheiro, olhava, passava-o pelas mãos; depois, resolvia o contrário, não usar do
achado, restituí-lo. Restituí-lo a quem? Tratou de ver se havia na carteira algum sinal.
"Se houver um nome, uma indicação qualquer, não posso utilizar-me do dinheiro,"
pensou ele.
Esquadrinhou os bolsos da carteira. Achou cartas, que não abriu, bilhetinhos dobrados,
que não leu, e por fim um cartão de visita; leu o nome; era do Gustavo. Mas então, a
carteira?... Examinou-a por fora, e pareceu-lhe efetivamente do amigo. Voltou ao interior;
achou mais dous cartões, mais três, mais cinco. Não havia duvidar; era dele.
A descoberta entristeceu-o. Não podia ficar com o dinheiro, sem praticar um ato
ilícito, e, naquele caso, doloroso ao seu coração porque era em dano de um amigo. Todo o
castelo levantado esboroou-se como se fosse de cartas. Bebeu a última gota de café, sem
reparar que estava frio. Saiu, e só então reparou que era quase noite. Caminhou para casa.
Parece que a necessidade ainda lhe deu uns dous empurrões, mas ele resistiu.
"Paciência, disse ele consigo; verei amanhã o que posso fazer."
Chegando a casa, já ali achou o Gustavo, um pouco preocupado, e a própria D. Amélia
o parecia também. Entrou rindo, e perguntou ao amigo se lhe faltava alguma cousa.
— Nada.
— Nada?
— Por quê?
— Mete a mão no bolso; não te falta nada?
— Falta-me a carteira, disse o Gustavo sem meter a mão no bolso. Sabes se alguém a
achou?
— Achei-a eu, disse Honório entregando-lha.
Gustavo pegou dela precipitadamente, e olhou desconfiado para o amigo. Esse olhar
foi para Honório como um golpe de estilete; depois de tanta luta com a necessidade, era um
triste prêmio. Sorriu amargamente; e, como o outro lhe perguntasse onde a achara, deu-lhe as
explicações precisas.
— Mas conheceste-a?
— Não; achei os teus bilhetes de visita.
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Honório deu duas voltas, e foi mudar de toilette para o jantar. Então Gustavo sacou
novamente a carteira, abriu-a, foi a um dos bolsos, tirou um dos bilhetinhos, que o outro não
quis abrir nem ler, e estendeu-o a D. Amélia, que, ansiosa e trêmula, rasgou-o em trinta mil
pedaços: era um bilhetinho de amor.
Obra de domínio público. Disponível em : < http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000169.pdf > Acesso em: 09 jun. 2013.
ATIVIDADE 10
1)Responda:
d)Em sua opinião, você acha que Honório fez certo? Por quê?
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ATIVIDADE 11
Naquela época...
época... Hoje em dia...
14)O objeto alheio foi devolvido a seu
dono. “Gustavo pegou dela [da carteira]
precipitadamente” (27° parágrafo).
54
ATIVIDADE 12
UM APÓLOGO
— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando
por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e mando...
— Também os batedores vão adiante do imperador.
— Você é imperador?
— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo
adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo.
Eu é que prendo, ligo, ajunto...
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se
disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de
si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da
agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra
iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os
dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor
poética. E dizia a agulha:
— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara
que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os
dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima. A linha não respondia nada;
ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e
ativa como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha
vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo
silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic plic-plic da
agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte;
continuou ainda nesse e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou
esperando o baile.
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a
vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto
necessário. E quando compunha o vestido da bela dama, e puxava a um lado ou
outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para
mofar da agulha, perguntou-lhe:
— Ora agora, diga-me quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa,
fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e
diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o
balaio das mucamas? Vamos, diga lá.
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e
não menor experiência, murmurou à pobre agulha:
— Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que
vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que
não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.
Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse,
abanando a cabeça: — Também eu tenho servido de agulha a muita linha
ordinária!
Obra de domínio público. Disponível em: < httphttp://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000269.pdf> Acesso em
09 jun. 2013.
ATIVIDADES COM O CONTO 57
“UM APÓLOGO”, DE
MACHADO DE ASSIS
UM APÓLOGO
ATIVIDADE 13
c) 17. Porque somente aqueles que têm início com um travessão podem ser
considerados parágrafos.
3)Há uso de travessões em outros dois momentos no conto e eles não estão no
início dos parágrafos. Observe:
Trecho 1:
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que
isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás
dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na
agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a
melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a
isto uma cor poética. E dizia a agulha:
Trecho 2:
Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça: —
Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!
Agora assinale a alternativa correta: por que será que os travessões foram
utilizados nos trechos acima?
a)No primeiro trecho, o travessão foi utilizado para indicar que em seguida dele
houve uma “intromissão” do narrador; e no segundo trecho, o travessão indica a fala
de um professor de melancolia. Como essa fala não pertence às falas anteriores
(entre a agulha e a linha), ela foi introduzida no comentário do narrador.
4)Releia o conto e, durante sua leitura, coloque (nas setas destacadas) a letra
UM APÓLOGO
da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte; continuou
ainda nesse e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se,
levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E quando compunha
o vestido da bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando,
abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha, perguntou-lhe:
— Ora agora, diga-me quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo
parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas,
enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas?
Vamos, diga lá.
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor
experiência, murmurou à pobre agulha:
— Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai
gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho
para ninguém. Onde me espetam, fico.
Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça: —
Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!
b)Esse último travessão deveria estar no início do parágrafo, como os demais, e isso
caracteriza um erro cometido pelo autor do texto. A fala pertence a um professor de
melancolia que assistia à cena em silêncio.
c)Esse último travessão deveria estar no início do parágrafo, como os demais, e isso
caracteriza um erro cometido pelo autor do texto. A fala pertence ao narrador no
momento em que contava a história a um professor de melancolia.
61
ATIVIDADE 14
O conto “Um apólogo” foi dividido em partes para que você releia cada uma delas e
resolva as questões propostas. Observe que, apesar da divisão, às vezes, é necessário
ler novamente a parte anterior àquela que estiver sendo estudada.
PARTE 1
UM APÓLOGO
1)O conto tem início com “Era uma vez”. O que isso nos lembra? Por que o conto
teria sido iniciado assim?
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PARTE 2
5)Assinale a alternativa correta. No trecho “ — Sim, mas que vale isso?”, na fala
da agulha, a palavra “isso” está substituindo:
a)a discussão.
b)a costura feita pela linha, que prende um pedaço de pano ao outro, dando feição
aos babados.
c)furar o pano.
6)Assinale a alternativa correta. A agulha disse que a linha obedece ao que ela
faz e manda. O que permitiu que a agulha chegasse a essa conclusão?
a)O fato de ela ter uma função superior à da linha.
b)O fato de ela acreditar que abre caminho quando fura o pano, indo à frente e
determinando o que a linha tem que fazer.
c)O fato de ela acreditar que somente um trabalho em equipe pode ter um bom
resultado.
9)Responda. Em sua opinião, alguém tem razão nessa discussão? Por quê?
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PARTE 3
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que
isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar
atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a
linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante,
que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana —
para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:
7)A expressão “galgos de Diana” significa “cães ágeis e velozes de Diana (deusa da
caça na mitologia romana)”. Sabendo disso, quem estava sendo chamado de “ágeis
como os galgos de Diana”?
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8)No trecho acima, como se sentem a agulha e a linha? Explique.
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9)O trecho “que era a melhor das sedas” refere-se a quê?
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PARTE 4
— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta
distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a
eles, furando abaixo e acima. A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela
agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa como quem sabe o que faz, e não está
para ouvir palavras loucas. A agulha vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também,
e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic
plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte;
continuou ainda nesse e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o
baile.
1)O que a linha dizia “ainda há pouco”? (Leia os trechos anteriores também.)
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2)Por que, na opinião da agulha, a costureira só se importa com ela (com a
agulha)?
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67
PARTE 5
3)Onde estava a agulha quando o vestido foi posto? Por que estava lá?
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4)Percebemos que o silêncio estabelecido no trecho anterior a este foi “quebrado”.
Quem “quebrou” esse silêncio? Com que intenção?
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Agora responda:
6)Por que a agulha não respondeu nada para a linha?
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7)Podemos deduzir que espécie de baile era aquele? Explique.
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8)Por que a agulha iria antes para “a caixinha da costureira” e depois “para o balaio
das mucamas”?
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9)A agulha realmente não disse nada em resposta para a linha? Qual é a prova
disso? E o que isso indica?
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10)O alfinete ouviu a conversa entre a agulha e a linha? Comprove sua resposta.
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70
ATIVIDADE 15
Consulte a parte “Características dos contos” deste material, que tem início na página
8, para relembrar os elementos da narrativa e resolva os exercícios propostos.
1° parágrafo:
Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:
16° parágrafo:
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que
isto se passava em casa de uma baronesa [...]
18° parágrafo:
[...] E quando compunha o vestido da bela dama, e puxava a um lado ou outro,
arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha,
perguntou-lhe:
20° parágrafo:
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor
experiência, murmurou à pobre agulha:
22° parágrafo:
Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça:
— Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!
fingindo que vale alguma coisa, conforme pode ser constatado nos itens que estão
em negrito.
b)Quem iniciou a conversa foi a agulha, dizendo “— Por que está você com esse ar,
toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?”
para provocar a linha, conforme pode ser constatado nos itens que estão em negrito.
c)Quem iniciou a conversa foi a linha, dizendo “— Por que está você com esse ar,
toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?”
para provocar a agulha, conforme pode ser constatado nos itens que estão em
negrito.
a)A fala é da agulha e, segundo ela, aquele que “abre caminho” é valorizado, não é
desprezado como aqueles que fazem papel subalterno (inferior).
b)A fala é da linha e, segundo ela, aquele que “abre caminho”, que é o caso da
agulha, faz um papel subalterno (inferior).
a)( ) A agulha provocou a linha e ambas trocaram palavras ásperas, até que a
linha ficou em silêncio, parecendo ter ficado sem resposta. No entanto, quando a
linha desfez esse silêncio, conseguiu, realmente, calar a agulha.
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(1)protagonista (5)personagens
(2)antagonista (6)personagens simples
(3)oponente (7)personagens complexas
(4)adjuvante
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1)Responda. Qual é o espaço físico da história (onde ela se passa)? Isso é revelado
já no início do conto? Explique. Qual é o efeito de sentido disso?
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77
Enredo: sequência de ações que compõem a história. O conto pode ter um, dois
ou mais episódios.
1)Imagine que você tenha que contar o conteúdo do conto “Um apólogo” a alguém.
Aquilo que você diria, na tentativa de seu interlocutor entender o conto, é o enredo.
Agora releia o conto e faça isso por escrito. Reconte, com suas palavras, a história
(o enredo) do conto (não ultrapasse o número de linhas destinadas para isso):
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ATIVIDADE 16
Consulte a parte “Características dos contos” deste material, que tem início na página
8, para relembrar a estrutura da narrativa e resolva os exercícios propostos.
ESTRUTURA DA
PARTES DO CONTO
NARRATIVA
SITUAÇÃO INICIAL
CONFLITO
DESENVOLVIMENTO
CLÍMAX
DESFECHO
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ATIVIDADE 17
ATIVIDADE 18
ATIVIDADE 19
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CRONOGRAMA
Observação: As datas abaixo são hipotéticas, visto que a elaboração do horário das
turmas ocorrerá somente em 2014. Foi considerado o número de três aulas de
Língua Portuguesa por semana, para primeiro ano do Ensino Médio. O início foi
previsto para março, com aulas às segundas, terças e quartas-feiras.
.DATAS ATIVIDADES N° DE
AULAS
03/03/2014 APRESENTAÇÃO 1
INTRODUÇÃO
04/03/2014 ATIVIDADE 1 4
05/03/2014 - visita à biblioteca escolar;
10/03/2014 - escolha de um livro de contos;
11/03/2014 - leitura dos contos;
- contação oral de um conto para a sala.
12/03/2014 ATIVIDADE 2 1
- primeira produção escrita de um conto.
17/03/2014 ATIVIDADE 3 3
18/03/2014 - teoria sobre a estrutura e os elementos de uma
24/03/2014 narrativa.
25/03/2014 ATIVIDADE 4 1
- surgimento do conto no Brasil;
- a importância de Machado de Assis e breve biografia.
26/03/2014 ATIVIDADE 5 1
- leitura do conto “A carteira”
01/04/2014 ATIVIDADE 6 1
- exercícios com aspectos formais do texto.
02/04/2014 ATIVIDADE 7 4
07/04/2014 - exploração de compreensão/interpretação do texto.
08/04/2014
09/04/2014
14/04/2014 ATIVIDADE 8 3
15/04/2014 - exploração dos elementos da narrativa do texto.
16/04/2014
87
22/04/2014 ATIVIDADE 9 1
- exploração da estrutura da narrativa do conto “A
carteira”
23/04/2014 ATIVIDADE 10 1
- exploração do tema.
28/04/2014 ATIVIDADE 11 2
29/04/2014 - reflexões a partir do conto “A carteira”.
30/04/2014 ATIVIDADE 12 1
- leitura do conto “Um apólogo”.
ATIVIDADE 13
- exploração de aspectos formais do texto.
05/05/2014 ATIVIDADE 14 3
06/05/2014 - exploração de compreensão/interpretação do texto.
07/05/2014
12/05/2014 ATIVIDADE 15 3
13/05/2014 - exploração dos elementos da narrativa.
14/05/2014
19/05/2014 ATIVIDADE 16 1
- exploração da estrutura da narrativa.
20/05/2014 ATIVIDADE 17 2
21/05/2014 - reflexões a partir do conto “Um apólogo”
- exploração do tema.
26/05/2014 ATIVIDADE 18 1
- exploração do tema
27/05/2014 ATIVIDADE 19 2
28/05/2014 - produção escrita de um conto.
TOTAL DE AULAS A SEREM UTILIZADAS ............................................... 36
88
REFERÊNCIAS
CANTO, Tafnes do. Um olhar sobre o século XIX brasileiro: a família patriarcal
em Iaiá Garcia de Machado de Assis. In: Revista Brasileira de História & Ciências
Sociais. Vol. 2, número 3, jul. de 2010. ISSN: 2175-3423. Disponível em: <
http://www.rbhcs.com/index_arquivos/Artigo.%20Um%20olhar%20sobre%20o%20s
%C3%A9culo%20XIX%20brasileiro.pdf >. Acesso em: 19 ago. 2013.
______. A carteira. Obra de domínio público. Disponível em: < Obra de domínio
público. Disponível em : <
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000169.pdf >. Acesso em: 09
jun. 2013.
MAQUERA, Angelita Cristina; JOANILHO, André Luiz. O anarquismo aos olhos dos
outros: o movimento operário na grande imprensa do séc. XX. In: Anais do VIII
Seminário de Pesquisa em Ciências Humanas - SEPECH (Organizado
por Raquel Kritsch e Mirian Donat). ISSN 2177-8647. Londrina : Eduel, 2010.
Disponível em: <
http://www.uel.br/eventos/sepech/sumarios/temas/o_anarquismo_aos_olhos_dos_ou
tros_o_movimento_operario_na_grande_imprensa_do_sec_xx.pdf >. Acesso em: 19
ago. 2013.