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DO PARANÁ.
EMÉRITOS JULGADORES:
O autor ajuizou a presente ação pleiteando o recebimento de taxas de condomínio em atraso dos
meses de maio/1997 até janeiro2001 mais as vincendas.
Regularmente citada para a audiência o requerida contestou.
O MM. Juiz, “a quo” prolatou a r. sentença nos presentes autos de ação de Consignação em
Pagamento, julgando improcedente o pedido, condenando o autor ao pagamento do débito conforme
planilha de fls. 60/61 dos autos, bem como custas processuais e honorários advocatícios de 10%.
A r. sentença do Ilustre Magistrado “a quo” é perfeita, uma obra prima da literatura jurídica, seja
pelo brilhantismo e clareza da exposição dos fatos, seja pela farta fundamentação, e não merece
qualquer reforma, conforme será amplamente demonstrado a seguir.
Inconformada com r. sentença o autor ingressou com o presente Recurso de Apelação, mas é
somente com o intuito de protelar o feito.
Deste modo a r. sentença proferida pelo MM. Juiz “a quo” deve ser mantida totalmente, visto que o
apelante é
o responsável pela divida toda do imóvel, pelo que passa a expor:
O apelante se baseou para apresentar o presente recurso em meras alegações, não comprovou
documentalmente, não ser ele o proprietário do imóvel gerador das taxas de condomínio em atraso,
conforme Certidão do Registro de Imóveis em anexo.
Ora, o apelante é comunheiro que tem o domínio, e, para efeitos de lei, é o proprietário, o adquirente
do imóvel com titulo devidamente registrado na Circunscrição Imobiliária competente.
Portanto, como faz prova a Certidão do Registro de Imóveis em anexo, o apelante é o proprietário
do imóvel, mantendo ainda esta qualidade.
Não há que se acolher a tese do pelado ao ingressar em juízo buscando a tutela jurisdicional
alegando recusa do depósito pelo apelado.
Como se depreende dos fatos narrados, bem como da Certidão do Registro de Imóveis em anexo, o
apelantes é o responsável pelos pagamentos das taxas condominiais em atraso, uma vez que não
houve alteração da titularidade do imóvel.
Portanto a questão é esclarecer qual o instrumento que define quem é o titular o imóvel em atraso
com as taxas de condomínio.
O Código Civil define a forma de aquisição da propriedade, bem como a qualidade de proprietário:
Artigo 860 - Se o teor do registro de imóveis não exprime a verdade, poderá o prejudicado
reclamar que as retifique.
Parágrafo único - Enquanto se não transcrever o título de transmissão, o alienante continua a
ser havido dono do imóvel, e responde pelos seus encargos”. (grifo nosso)
Nos ensina o Ilustre WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO em seu Curso de Direito Civil:
“Para a aquisição da propriedade imóvel, não basta o simples acordo de vontade entre o
adquirente e o transmitente. O contrato de Compra e Venda, por si só, para transferir o
domínio. Esta transferência somente se opera com a transcrição do título no Registro
Imobiliário”(pág. 104, 3º volume de 1987, da Editora Saraiva)
E ainda nos ensina o Insigne CARLOS ALBERTO BITTAR, ao tratar da exigência da transcrição no
registro de imóveis, traz em sua obra Direitos Reais, Editora Universitária, pág 79, que:
Conhecem-se, assim, os contornos do imóvel, suas especificações, seus titulares, eventuais ônus
e informações outras, para a segurança das relações privadas e também como prova de
operações realizadas com imóveis.
Visa, basicamente, à tranqüilidade em negócios de cunho imobiliário, consistindo em assento,
nos livros próprios do Cartório de Registro de Imóveis, dos elementos identificadores da
posição do bem e de seu titular.
O texto da lei, bem como a doutrina, afirmam que o proprietário do imóvel é aquele devidamente
inscrito no Registro de Imóveis competente, sendo portanto, quem responde pelas despesas
condominiais.
O apelante juntou cópias de sentenças uma rescindindo o contrato de compara e venda e outra
julgando improcedente a ação cobrança, das taxas de condomínio.
A primeira correta pois o terceiro (comprador) não cumpriu o contrato celebrado entre ele e o
apelante.
A segunda o MM. Juiz, se equivocou ao prolatar a r. sentença, não levou em consideração o
documento mais importante, que é a Certidão do Registro de Imóveis, que comprova a propriedade
do imóvel.
Neste entendimento, considerando a estabilidade subjetiva, uma vez que por ocasião daquele ato era
e contínua sendo titular no registro de imóveis competente o apelante.
E neste sentido, a jurisprudência entende que o condômino é aquele que possui a titularidade
inscrita junto ao Registro de Imóveis, e não da posse, conforme podemos verificar dos julgados.
“AÇÃO DE COBRANÇA - TAXA DE CONDOMÍNIO - EXTINÇÃO POR
ILEGITIMIDADE PASSIVA - ALEGAÇÃO DE DEVOLUÇÃO DO IMÓVEL AO CREDOR
HIPOTECÁRIO - INEXISTÊNCIA DE PROVA. APELAÇÃO PROVIDA. Como é da
jurisprudência: “A responsabilidade pelo pagamento dos encargos condominiais é do titular
do condomínio ou do direito real que atribua a qualidade de condômino. O dever de
contribuir para as despesas de condomínio não decorre da posse ou ocupação da unidade, mas
da própria qualidade de condômino, evidenciada pelo registro. Não vincula o condomínio. por
ser estranho, qualquer estipulação contratual entre o condômino e terceiros que envolve a
transferência do cargo”. (AC. da 5ª Câm. Cív. 1º TARJ. Vot. Unâm. Rel. Juiz Elmo Arueira, in
ADCOAS n.º 11/84, p. 196, ementa 96105)
Portanto, a r. sentença “a quo” é perfeita e deve ser mantida integralmente, rejeitando as alegações
do apelante.
Os fins gerais da existência do registro de imóveis, definidos pela Lei 6.015/73, consistem em
autenticidade eficácia e segurança dos atos jurídicos.
Os registros públicos existem e são regulados por lei própria para evitar que terceiros sejam
obrigados a peregrinar em diversas repartições públicas em busca do histórico do imóvel. Razão pela
qual a Lei 6.015/73, em seu artigo 167 estabelece:
I - o registro
.......
.......
Ora Excelências, por ocasião do ajuizamento da sumária de cobrança, o apelado verificou em nome
de quem encontrava-se e encontra-se registrado o imóvel em débito com os encargos condominiais,
e conforme resta demonstrado pelo documento de fls., o imóvel esta registrado em nome da
apelante, e assim continua até a presente data.
Neste entendimento, o negócio celebrado pelo apelante, sem o devido registro exigido pela Lei, não
poderia valer contra terceiros, pois se assim fosse, estaríamos deixando de lado o ordenamento
jurídico vigente, mais precisamente a Lei dos Registros Públicos.
Face ao exposto, deve ser negado provimento ao presente recurso de apelação, bem como ser a r.
sentença “a quo” mantida totalmente, por esse órgão julgador.
POSTO ISTO, requer a V.Exas., que se dignem a não conhecer o presente recurso e negar
provimento ao mesmo para MANTER TOTALMENTE a sentença de fls., a fim de que fique o
autor seja condenado ao pagamento das taxas condominiais conforme planilha de fls. 60/61, uma vez
que é o autor legítimo proprietário inscrito na circunscrição imobiliária competente, de modo que
seja mantida a decisão de 1º grau que condenou o apelante ao pagamento dos encargos condominiais
em atraso, devidamente corrigidos e acrescidos de multa de 20%, correção monetária a partir do
vencimento de cada taxa de condomínio em atraso e juros de mora de 1% (um por cento) ao mês,
bem como o pagamento das custas e honorários, tudo por ser medida de direito e de inteira
JUSTIÇA.
N. Termos,
P. Deferimento.
Curitiba 24 de março de 2003.