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FOTOS: ALEXANDRE GAMA

ENTREVISTA / RITA NOVAES

Nova pulsação no coração da


Farmácia Hospitalar Pelo jornalista Aloísio Brandão,
editor desta Revista

Um diagnóstico
setorial e um
A Farmácia Hospitalar está em ebulição. Problemas, de um lado, e
notícias alvissareiras, do outro, efervescem este segmento com-
plexo, que sonha crescer em todos os quadrantes, mas que es-
barra em antigas dificuldades. A Farmácia Hospitalar é o objeto de um
estudo realizado por órgãos da saúde, inclusive o Conselho Federal de
programa de Farmácia, que radiografou o segmento por dentro e por fora com uma
reorganização da minúcia microscópica e como jamais havia sido feito. O “Diagnóstico
da Farmácia Hospitalar no Brasil” (veja matéria sobre o assunto, ao fim
Farmácia desta entrevista) realizado junto a 250 farmácias de hospitais brasilei-
Hospitalar, ros com mais de 20 leitos, abre a caixa preta do setor e expõe os apuros
que o sufocam. Por outro lado, um abrangente programa desenvolvido
criado pelo sob a liderança do Ministério da Saúde dá início a um processo de reo-
Ministério da rientação e de fortalecimento do segmento com as ferramentas que vi-
nham lhe faltando: planejamento, vontade política e recursos humanos
Saúde em e financeiros. Esta pode ser a hora e a vez da Farmácia Hospitalar, no
conjunto com Brasil. A Presidente da Sbrafh (Sociedade Brasileira de Farmácia Hos-
pitalar), Maria Rita Carvalho Garbi Novaes, está confiante no futuro da
entidades profissão com o panorama alvissareiro que se desenha para o setor. O
profissionais, espírito que o move, hoje, pode ser traduzido pela palavra construção.
Constrói-se uma nova Farmácia Hospitalar. A Sbrafh está no centro pro-
movimentam e cesso. Rita Novaes é doutora e especialista em Nutrição Parenteral e
dão novo rumo Enteral. Doutorou-se também em Farmácia Clínica pela Universidade
do Chile e pela Universidade da Flórida. Tem atuado em farmácias hos-
ao setor. pitalares da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES/DF), como a
do Hospital de Base. É professora-orientadora no mestrado e doutorado
nos programas de Nutrição Humana e Ciências da Saúde da Universida-
de de Brasília (UnB) e Coordenadora do Comitê de Ética em Pesquisa
Clínica da SES/DF. Rita Novaes deu uma longa entrevista à PHARMA-
CIA BRASILEIRA, em que aborda diversos aspectos do setor. Veja a
entrevista.

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trativa, o que pode ocasionar um des- A disciplina Farmácia Hospitalar e o


conhecimento de suas funções e, con- estágio em hospitais não são obriga-
seqüentemente, contratações em nú- tórios nos cursos de Farmácia. Como
mero reduzido ou aquém do deseja- a senhora avalia isso?
do. O descumprimento da legislação, Rita Novaes - O problema cita-
associado à fiscalização ineficiente das do, associado a outros, como os ob-
instituições responsáveis também pode servados no sistema tradicional de en-
contribuir neste processo. sino de faculdades brasileiras, onde
PHARMACIA BRASILEIRA – prevalece a dicotomia entre a teoria
Quais são as funções de um farmacêu- discutida em sala de aula e a prática,
tico hospitalar? bem como entre as disciplinas do ci-
Rita Novaes - O farmacêutico clo básico e do ciclo profissionalizan-
hospitalar é um membro da equipe te, tem ocasionado uma deficiência na
multidisciplinar, cujas funções técni- formação do farmacêutico que deseja
cas, gerenciais e assistenciais são es- concentrar o exercício de suas ativi-
senciais nos cuidados ao paciente dades na área de Farmácia Hospitalar,
hospitalizado ou em regime domici- especialmente, nos aspectos técnicos
liar. Entre as funções que o farma- e habilidades profissionais.
cêutico pode exercer na farmácia A adoção de modelos pedagógi-
hospitalar estão as seguintes: sele- cos que estimulem os estudantes na
ção de medicamentos, germicidas e busca ativa da informação, além do de-
correlatos, realizada pela comissão senvolvimento dos domínios cogniti-
de farmácia e terapêutica ou corres- vo e psicomotor, como a problemati-
pondente; aquisição e armazenamen- zação ou a aprendizagem baseada em
to dos mesmos; manipulação e pro- problemas (PBL), como o adotado em
Maria Rita Novaes, Presidente da Sbrafh dução de medicamentos estéreis, alguns cursos, no Brasil e em univer-
como a nutrição parenteral, citostá- sidades de renome internacional, tal-
PHARMACIA BRASILEIRA – ticos e misturas intra-venosas, como vez possam amenizar essas dicotomi-
Cerca de 25% dos hospitais brasi- os medicamentos não estéreis, como as citadas e promover um melhor pre-
leiros com mais de 20 leitos ainda xaropes, cápsulas, soluções e emul- paro dos profissionais graduados.
funciona sem farmacêuticos. Por que sões, entre outras produzidas pela far- Desta forma, independente do
isso acontece? Os administradores macotécnica hospitalar; estabeleci- enfoque dos cursos de graduação ou
hospitalares e os empresários do se- mento de um sistema racional de dis- método pedagógico adotado, todos de-
tor não descobriram, ainda, os be- tribuição de medicamentos para asse- veriam ter a disciplina e o estágio em
nefícios dos serviços dos farmacêu- gurar que eles cheguem ao paciente Farmácia Hospitalar como obrigatóri-
ticos hospitalares? com segurança, no horário certo e na os, permitindo que o graduando conhe-
Rita Novaes - A farmácia deve dose adequada; análise de informações ça e esteja preparado para atuar na far-
ser considerada como um serviço clí- sobre os medicamentos, como possí- mácia hospitalar, quando formado.
nico e, portanto, é recomendável que veis reações adversas, interações me- PHARMACIA BRASILEIRA –
esteja ligada hierarquicamente à dire- dicamento-medicamento e medica- Sem a disciplina nos currículos obri-
ção, à área clínica ou assistencial do mento-alimento, de forma a assegurar gatórios, como se dá a formação do
hospital, e não aos serviços de admi- o uso racional, otimizar a prescrição profissional em Farmácia Hospitalar?
nistração de materiais e patrimônio, médica e a administração; avaliar os Vale salientar, a título de lembrança,
como ocorre, usualmente. Devido às custos com a assistência farmacêutica que os farmacêuticos hospitalares são
suas peculiaridades e independente- e elaboração de orçamento. sempre citados como “competentes”,
mente da diretoria a que esteja vincu- É importante ressaltar que não no meio profissional e fora.
lado, o farmacêutico deve possuir um esgotamos a citação sobre as funções Rita Novaes - Muitos cursos de
relacionamento integrado com as di- do farmacêutico hospitalar, bem como pós-graduação latu senso têm surgi-
visões clínicas e administrativas do destacar que o exercício destas ativi- do, no Brasil, na área de Farmácia
hospital, de forma a facilitar o exercí- dades devem seguir a legislação espe- Hospitalar, na tentativa de preencher
cio de suas atividades assistenciais. cífica nacional e internacional, se for as lacunas na formação do profissio-
Infelizmente, na maioria dos hos- o caso, e prever o controle e a garan- nal, porém alguns possibilitam poucos
pitais, o farmacêutico hospitalar está tia de qualidade. avanços científicos, sendo necessário,
subordinado somente à área adminis- PHARMACIA BRASILEIRA - muitas vezes, manter-se atrelado ao

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nível básico no processo de ensino- técnico, como a falta de experiência farmacêuticos são muito requisitados,
aprendizagem, devido à pouca forma- profissional, além do número reduzi- principalmente na análise dos projetos
ção dos pós-graduandos. do de profissionais em algumas farmá- multicêntricos de Farmacologia Clíni-
Outros cursos de pós-graduação cias, o farmacêutico hospitalar acaba ca, nas fases I, II, III e IV, patrocina-
strito senso, como o mestrado, espe- desenvolvendo, prioritariamente, ati- dos por empresas nacionais e multi-
cialmente o profissionalizante, tem vidades gerenciais, administrativas, en- nacionais.
subsidiado os profissionais com conhe- tre outras que também são importan- PHARMACIA BRASILEIRA –
cimentos em diferentes áre- tes ao hospital, porém, Muitos hospitais ainda utilizam o sis-
as das ciências farmacêuti- muitas vezes, o distanciam tema de distribuição coletiva de me-
cas e da saúde humana,
“A farmácia deve de atividades clínicas e con- dicamentos, considerado ultrapassado
com diferentes enfoques, ser considerada seqüentemente da equipe por alguns farmacêuticos. Que desvan-
desde o desenvolvimento como um de saúde e do paciente. tagens esse sistema oferece e que ou-
do medicamento, à promo- PHARMACIA BRA- tros sistemas a senhora recomenda que
ção e recuperação da saú-
serviço clínico e, SILEIRA – Falando sobre sejam implantados? O que o farmacêu-
de, em todos os níveis de portanto, é a participação do farma- tico pode fazer para inserir os novos
atenção. recomendável cêutico na equipe hospi- sistemas nos estabelecimentos?
No exterior, especial- que esteja ligada talar, sabe-se que os Co- Rita Novaes - A reposição de
mente nos Estados Unidos, mitês de Ética em Pesqui- estoques, também denominado siste-
Chile, Espanha e França, o hierarquicamente sa em Seres Humanos ma coletivo ou tradicional, consiste na
farmacêutico hospitalar tem à direção, à área (CEPs), são foros impor- manutenção de estoques de medica-
também realizado bons cur- clínica ou tantes em defesa do paci- mentos nas unidades clínicas, adminis-
sos de pós-graduação, ser- ente-sujeito da pesquisa. trados pelo pessoal da enfermagem.
vindo, no retorno ao País,
assistencial do Os hospitais que desen- Neste modelo, a equipe de enferma-
como multiplicadores des- hospital, e não volvem pesquisas nesse gem requisita os medicamentos, cor-
te conhecimento e forma- aos serviços de campo são obrigados a relatos e produtos para a saúde, e o
dores de opinião na área de manter os seus comitês de farmacêutico dispensa para reposição
Farmácia Hospitalar.
administração de Ética, multiprofissionais, dos itens consumidos, pelo critério de
PHARMACIA BRA- materiais e diga-se de passagem. A estoque da enfermagem.
SILEIRA – Grande parte patrimônio, senhora é a Coordenado- A aplicação do sistema coletivo
dos farmacêuticos que atu- como ocorre, ra do Comitê da Secreta- só é justificada nas unidades em que,
am em hospitais não inte- ria de Saúde do Distrito devido às características do serviço e
gra as equipes multidiscipli- usualmente”. Federal. Qual a importân- do hospital, não é recomendável a uti-
nares. Há alguma dificulda- cia destes comitês e qual lização de outros modelos de distri-
de que leve a esse isolamento? é a função dos farmacêuticos nos buição. Ex: medicamentos setoriais,
Rita Novaes - O êxito da tera- mesmos? medicamentos de emergência, hemo-
pêutica e do prognóstico do paciente Rita Novaes - Os Comitês, cuja diálise... Porém, este sistema oferece
depende, em boa parte, dos cuidados composição é multiprofissional, reali- desvantagens, como o acúmulo de me-
realizados pela equipe multiprofissio- zam a avaliação ética de projetos de dicamentos nas unidades clínicas, mai-
nal que o assiste. O farmacêutico, em pesquisa, em diferentes áreas das ci- or risco de perda por validade, má con-
colaboração com outros profissionais ências da saúde ou ciências humanas. servação e extravio, imobilização de
da saúde, deve monitorar e avaliar a O funcionamento dos comitês é regu- maior quantidade em inventário e, con-
resposta do paciente à terapêutica. A lamentado pela Resolução 196/96/ seqüentemente, maior capital; maior
eficácia e efeitos adversos dos medi- CNS/MS e complementares. Em par- probabilidade de erros de medicação,
camentos devem ser documentados e ceria com o pesquisador, visam a ga- desperdício de tempo de trabalho da
o paciente deve ser monitorado. rantir o respeito e o bem-estar do ser enfermeira com cuidados com a me-
No plano de cuidados do pacien- humano submetido ao estudo, acima dicação, ao invés de cuidados com o
te, o farmacêutico deve visar à realiza- dos interesses da ciência e da comuni- paciente; difícil integração do farma-
ção de procedimentos eficazes, man- dade, conciliando os avanços científi- cêutico à equipe hospitalar.
ter a ética da profissão farmacêutica, cos à integridade, à autonomia e à dig- Outros sistemas de distribuição
manter uma comunicação adequada, nidade do ser humano. de medicamentos são conhecidos
técnica e respeitosa, com os pacientes, Embora seja desejável que todos como dose individualizada e unitária,
seus cuidadores e equipe de saúde. os profissionais do Comitê estejam ou a aplicação combinada, como o re-
Muitas vezes, devido a problemas treinados para analisar os aspectos ci- alizado em muitos hospitais. Para in-
de ordem pessoal, como timidez ou entíficos e técnicos dos projetos, os serir o sistema de distribuição que seja

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adequado ao hospital, o farmacêutico O Conselho Federal de Farmácia A consulta


deve sensibilizar o gestor ou diretor, (CFF), o Ministério da Saúde (MS), a pública da refe-
apresentando os dados disponíveis na Agência Nacional de Vigilância Sani- rida proposta
literatura, confirmando a redução dos tária (Anvisa), a Organização Pan- está prevista
custos hospitalares, especialmente americana de Saúde (OPAS) e a Sbra- para maio de
com a aquisição do medicamento, por fh fizeram um diagnóstico da situação 2005, ocasião
evitar formação de estoques desneces- da Farmácia Hospitalar, no Brasil. da realização do
sários que levam a perdas por venci- Como a senhora vê os resultados do V Congresso
mento, mal acondicionamento e des- diagnóstico? Nacional de
vios; redução do tempo da equipe de Rita Novaes - O diagnóstico foi Farmácia Hos-
enfermagem nas tarefas relacionadas um trabalho bem estruturado e con- pitalar. Posteri-
ao medicamento; redução do proble- duzido pela equipe, especialmente ormente, a dis-
mas relacionados aos medicamentos quanto aos aspectos metodológicos e cussão e o con-
(PRM), além do monitoramento das práticos, que constou da aplicação de senso dos far-
reações adversas, interações medica- questionários e visitas às farmácias macêuticos hos-
mentos e promoção do uso racional. hospitalares de 250 hospitais brasilei- pitalares de di-
Posteriormente, o profissional ros, com mais de 20 leitos. Os resul- ferentes regiões do País que estarão
pode realizar, com a aquiescência do tados, publicados sob a coordenação reunidos no Congresso, quanto às pri-
diretor e da equipe, a implantação do do NAF/Ensp/Fiocruz, em 2004, jun- oridades e metas, a Política Nacional
modelo individualizado de distribuição tamente a outros indicadores publica- será publicada e implementada.
em uma unidade piloto, com a avalia- dos de avaliação da qualidade dos ser- PHARMACIA BRASILEIRA -
ção e divulgação dos resultados ao viços, evidenciaram a necessidade da Quais as novidades que o V Congres-
hospital. Com a aprovação, segue com implementação de políticas nacionais so Nacional de Farmácia Hospitalar
a implantação do sistema, paulatina- que visassem à implementação de me- estará propiciando aos farmacêuticos?
mente, nas demais unidades hospita- lhorias nas farmácias hospitalares. Rita Novaes - A Comissão Or-
lares. PHARMACIA BRASI- ganizadora está trabalhando, com
PHARMACIA LEIRA – Há algo que a muita intensidade, para que o even-
BRASILEIRA – Supo- “Muitas vezes, devido Sbrafh possa fazer para to seja um sucesso, tanto em termos
nhamos que um diretor a problemas de ordem mudar esse panorama? de programação científica, como so-
de um hospital queira Rita Novaes - Sim. cial, pois São Paulo, cidade que se-
montar uma farmácia,
pessoal e à falta de Através da realização de diará o Congresso, possui grande
mas o estabelecimento experiência eventos, em diferentes vida noturna, com seus inúmeros res-
não possui farmacêutico profissional, o regiões do País, que taurantes, casas de show, teatros,
em seus quadros, nem promovam a divulgação entre outras novidades e entreteni-
farmacêutico
ele sabe por onde come- dos resultados do diag- mentos itinerantes.
çar a implantá-la. Se ele hospitalar desenvolve nóstico e a reflexão dos O Congresso estará propiciando
pedisse um modelo de atividades gerenciais, profissionais quanto aos aos participantes muitas opções, visan-
farmácia à Sbrafh, a en- administrativas, entre indicadores avaliados e do à saudável integração entre os far-
tidade teria como aten- à necessidade de melho- macêuticos hospitalares. Neste Con-
dê-lo, de pronto? outras que também ria dos serviços. A gresso, teremos muitas novidades.
Rita Novaes - Sim. são importantes ao Sbrafh, em parceria com Uma delas é a realização da I Prova
A Sbrafh possui um ca- hospital, porém ele o DAF/Ministério da para a Obtenção do Título de Especi-
dastro de associados de Saúde, CFF, Anvisa, alista em Farmácia Hospitalar, antigo
cerca de 1.300 profissi-
fica distanciado de instituições educacio- anseio da classe farmacêutica. A Co-
onais, sendo que muitos atividades clínicas e, nais e assistenciais pú- missão responsável pela prova é cons-
deles, em virtude da ti- conseqüentemente, blicas e privadas, sob a tituída por profissionais doutores, com
tulação e experiência
da equipe de saúde e coordenação geral da grande experiência no segmento.
profissional, poderiam Dra. Marília Cunha, do A equipe está trabalhando para
ser indicados pela Sbra- do paciente”. Departamento de Assis- assegurar a seriedade e a transparên-
fh para prestar consulto- tência Farmacêutica do cia das regras do concurso, que será
ria para a implantação e/ou reestrutu- Ministério da Saúde, está discutindo realizado, durante o Congresso, me-
ração dos serviços em diferentes áre- a proposta para a elaboração da Polí- diante prova e análise de títulos. So-
as da Farmácia Hospitalar. tica Nacional de Implementação das mente poderão se inscrever para rea-
PHARMACIA BRASILEIRA – Farmácias de Hospitais do SUS. lização da referida prova sócios qui-

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tes com a tesouraria da Sbrafh e ins- trabalhos inscritos no Congresso se- lizando como métodos o estímulo à
critos no Congresso. rão submetidos a uma banca examina- educação continuada, através da rea-
Outra novidade é a realização do dora e deverão estar de acordo com lização, apoio ou participação em
I Prêmio Sbrafh-Sanofi-Aventis em as regras para a premiação, que estão eventos na área das ciências famacêu-
Farmácia hospitalar. O objetivo deste sendo divulgadas no site da Sbrafh ticas, cursos de pós-graduação e di-
Prêmio é estimular a apresentação de (www.sbrafh.org.br). vulgação dos trabalhos realizados em
trabalhos científicos e, conseqüente- PHARMACIA BRASILEIRA - diferentes serviços e regiões do País,
mente, possibilitar a discussão e a tro- Dra. Maria Rita, quais são as suas me- utilizando meios de comunicação es-
ca de experiências entre os profissio- tas à frente da presidência da Sbrafh, pecializados, como a “Revista Sbra-
nais. que é uma das sociedades brasileiras fh”, que pretendemos indexar na Bi-
O referido Prêmio será destina- que congregam o maior número de reme. Desta forma, chegaremos pró-
do aos três melhores trabalhos nas ca- profissionais farmacêuticos? ximos da missão da Sbrafh, que é con-
tegorias profissionais farmacêuticos Rita Novaes - Promover o for- gregar profissionais que anseiam pela
graduados e sem vínculo com insti- talecimento e a valorização dos far- realização de uma assistência farma-
tuição de ensino; acadêmicos de Far- macêuticos hospitalares junto à soci- cêutica com qualidade, visando ao
mácia; mestrandos e doutorandos. Os edade e à equipe multiprofissional, uti- bem-estar do paciente.

FARMÁCIA HOSPITALAR

O olho apurado do DIAGNÓSTICO


Livro “Diagnóstico
da Farmácia
Hospitalar no
Brasil” faz uma
radiografia
detalhada da
situação do setor.
Ambiente de Farmácia Hospitalar

Nunca a Farmácia Hospitalar foi Federal de Farmácia (CFF). O livro na década de 40, com a produção das
radiografada com tamanha minúcia, aponta todos os problemas que vêm an- sulfas em escala industrial pelos hospitais.
como nas páginas do “Diagnóstico da gustiando o segmento. No grupo técni- “Ninguém conhecia o setor”, lem-
Farmácia Hospitalar no Brasil”, uma co-executivo que realizou o trabalho, o bra Ilenir Tuma, que também é integrante
publicação esmerada, fruto de uma in- CFF foi representado pela farmacêutica da Comissão de Farmácia do Conselho
vestigação cuidadosa de iniciativa da hospitalar Ilenir Leão Tuma, de Goiânia. Federal. Ela arremata: “Agora, temos um
Organização Pan-americana da Saúde O trabalho de realização das pes- retrato fiel da situação”. Ilenir chama a
(OPAS)/Organização Mundial da Saú- quisas do “Diagnóstico” iniciou-se, em atenção para os diferentes problemas
de (OMS) e da Escola Nacional de Saú- 1999, foi concluído, em 2003, e publi- apontados pelo trabalho.
de Pública Sérgio Arouca (ENSP), per- cado, sob a forma de livro, este ano. Ile- Dificuldades – O segmento da
tencente à Fundação Oswaldo Cruz (Fi- nir Tuma afirma, categoricamente, que Farmácia Hospitalar padece de um elen-
ocruz). O trabalho, organizado por Cláu- os desdobramentos desse esforço serão co de dificuldades que o impede de dar
dia G. Serpa Osório-de-Castro & Selma grandes. Até aqui, havia uma carência a alavancada com que os profissionais
Rodrigues de Castilho, contou com a assombrosa de informações disponíveis tanto sonham. As principais dificuldades
participação de várias entidades farma- acerca da situação da Farmácia Hospi- são as seguintes:
cêuticas e de saúde, como o Conselho talar, no Brasil, atividade que se iniciou, • Deficiência na formação do

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FARMÁCIA HOSPITALAR

profissional em níveis de gra- uma programação de abasteci- e psiquiátricos, e de 20% para 40%, junto
duação, pós-graduação e edu- mento de medicamentos. “Isso aos demais hospitais, a partir de 2005”,
cação continuada para o bom significa que esses estabeleci- comemora a farmacêutica.
desenvolvimento de suas ativi- mentos vivem enfrentando a Ilenir Tuma aposta que essa atitu-
dades. falta de medicamentos”, denun- de da Anvisa vai, indiretamente, garan-
• Falta de clareza na legislação cia. Diz que em todos os hos- tir a presença do farmacêutico na farmá-
pertinente ao setor. Segundo pitais pesquisados, o controle cia hospitalar, vez que a Agência vai in-
Ilenir Tuma, a Lei 5991/ 73, por de estoque, independente de ele tensificar a fiscalização
exemplo, ao tratar dos estabe- ser informatizado ou manual, e exigir o cumprimento
lecimentos isentos da presença apresenta uma enorme dispari- das boas práticas de
obrigatória do farmacêutico, diz dade entre o que é registrado Farmácia Hospitalar.
apenas que só as unidades vo- em ficha e o que está na prate- “Como um hospital po-
lantes e postos de medicamen- leira do almoxarifado, fato que derá desenvolver boas
tos gozam da dispensa. pode ser traduzido em falta de práticas, se não for pe-
Entretanto, não conceitua o esta- controle de estoque. las mãos do farmacêu-
belecimento farmácia hospitalar, nem • Inadequação no sistema de tico?”, questiona. E res-
estabelece a obrigatoriedade ou não-obri- distribuição. Segundo comen- ponde: “É difícil”.
gatoriedade da presença obrigatória do tários da farmacêutica Ilenir O “Diagnóstico”,
farmacêutico, ali. “A farmácia hospita- Tuma, apenas 0,4% dos hospi- entende a farmacêutica,
lar é como outra farmácia qualquer e, por tais brasileiros utilizam o siste- “serviu para alertar a An-
conseguinte, só pode funcionar sob a res- ma de distribuição de dose uni- visa de que problemas na Farmacêutica Hospitalar Ilenir Tuma
ponsabilidade técnica e com a presença tária, sistema considerado o farmácia hospitalar po-
do farmacêutico”, explica Ilenir Tuma. mais moderno e menos vulne- dem indicar problemas no hospital como
Acrescenta que, entretanto, a Lei rável a erros. um todo, pois não existe um bom hospital
deixou uma brecha que está sendo apro- • Ausência de Manual de Nor- com uma farmácia hospitalar ruim”.
veitada pelos hospitais para não manter mas e Procedimentos. Ainda de Apresentação – O livro “Diag-
o farmacêutico presente. A farmacêuti- acordo com a farmacêutica que nóstico da Farmácia Hospitalar no Bra-
ca observa que havia uma portaria do representou o CFF no grupo sil argumenta, em sua apresentação, que
Ministério da Saúde, de número 1017/ executor dos trabalhos que re- o projeto de realização do mesmo fun-
2002, que preconizava que todos os hos- sultaram no “Diagnóstico”, so- damenta-se “na importância que o uso
pitais integrados ao Sistema Único de mente 7% dos hospitais possu- racional de medicamentos tem no con-
Saúde (SUS) deveriam manter o farma- em o Manual. “O Manual de texto da atenção em saúde, no qual es-
cêutico atuando em suas farmácias. Mas Normas e Procedimentos ga- tão ressaltados os crescentes estudos
a Portaria vigorou por pouco tempo, gra- rante a realização das ativida- acerca dos erros de medicação que apre-
ças a uma ação judicial interposta pelo des da farmácia hospitalar den- sentam conotações especiais quando
setor hospitalar. O CFF tem uma resolu- tro de um padrão de qualidade atingem o paciente hospitalizado, tendo
ção dispondo sobre as atribuições do far- desejável e pautado em regras. em vista que esta condição está, em ge-
macêutico hospitalar. Sem seguir o Manual, cada um ral, associada a estados patológicos mais
• Não contratação de farmacêu- faz do jeito que quer e, desta graves, com a conseqüente maior fragi-
ticos. Segundo Ilenir Tuma, forma, acaba fazendo da pior lidade dos pacientes e o uso concomi-
cerca de 75% dos hospitais bra- forma”, comenta. tante de maior quantidade de medica-
sileiros com mais de 20 leitos O “Diagnóstico da Farmácia Hos- mentos de menor margem terapêutica”.
possuem o farmacêutico pre- pitalar no Brasil” é dividido em duas fa- O texto de apresentação diz ain-
sente em suas farmácias. Mas ses. Até agora, foi concluída apenas a da: “Ao lado disso, existe uma tam-
os hospitais com menos desse primeira. A fase dois trará os rumos, as bém crescente demanda por eficiência
número de leitos, que correspon- perspectivas, as alternativas aos proble- e profissionalização dos serviços de
dem a cerca de 25% do contin- mas. Para ser realizada, serão necessários saúde, aspecto tão mais estratégico
gente dos hospitais brasileiros, recursos que ainda não foram alocados. quanto maior a importância e graus de
não foram alcançados pela pes- Resultados – Mesmo tendo saído articulação de atividades em questão.
quisa. Somados com os 25% apenas a primeira fase, o trabalho já está Tal é o caso da Farmácia Hospitalar,
restantes com mais de 20 leitos, dando frutos importantes ao segmento da cujas atividades permeiam, de forma
dão exatamente 50%, de acordo Farmácia Hospitalar. Ilenir Tuma cita um crucial, as atividades finalísticas do
com as contas da farmacêutica. exemplo: “Após tomar conhecimento cuidado em saúde e o produto base de
• Falta de programação de dos resultados da pesquisa, a Anvisa suas ações, o medicamento, tem tan-
abastecimento. Ilenir lamenta o ampliou, de 20% para 100%, o Termo tas implicações mercadológicas, im-
fato de menos de 8% dos hos- de Ajuste e Metas para a fiscalização pactando fortemente o custo final do
pitais brasileiros possuírem junto aos hospitais de alta complexidade processo de cuidado”.

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