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Pesquisas e testes pré eleitorais

Pós Graduação Direito Eleitoral

Profª Iris Ramirez


Aula Tema
1 Pesquisas eleitorais e suas funções
2 Legislação
3 Pesquisa como método científico
4 Pesquisa eleitoral e suas polêmicas
Pesquisas eleitorais

E suas funções

Profª Iris Ramirez


Direito Eleitoral e a Pesquisa

A pesquisa eleitoral é um instituto do Direito Eleitoral que,


como sua fonte, apresenta uma vitalidade notável em relação às demais
searas jurídicas.

E não poderia ser diferente vez que seus pilares se encontram em um cenário
tão volátil como o da legislação eleitoral brasileira.

A cada eleição são editadas Resoluções pelo Tribunal


Superior Eleitoral que orientam o trabalho dos comitês de candidatos
ávidos por manter ou conquistar posições políticas.

Esses diplomas legais constituem verdadeira legislação criada


pela e para a própria Justiça Eleitoral, que julga e condena com base em seus
dispositivos.
Pesquisas como método

A pesquisa é um método amplamente utilizado


atualmente para revelar como as pessoas pensam
acerca das mais diversas questões, desde suas
concepções em relação a temas polêmicos como o
desemprego, o aborto, a pena de morte e também as
preferências eleitorais.

Pesquisa Enquete
Definição de pesquisa eleitoral

Pesquisa Eleitoral, segundo José Jairo


Gomes, pode ser compreendida como o
“levantamento e a interpretação de dados
atinentes à opinião ou preferência do eleitorado
quanto aos candidatos que disputam as
eleições. Tem por finalidade verificar a
aceitação ou o desempenho dos concorrentes
no certame”.
Funções das pesquisas eleitorais
PESQUISA ELEITORAL é uma ferramenta complexa que revela
diferentes funções na corrida eleitoral.
ALÉM das múltiplas funções:
A pesquisa eleitoral fornece Todo o processo, desde o
mecanismos para a visualização de objetivo, até a formulação de seu
um panorama do cenário econômico, método e a interpretação dos
social, político, administrativo e números de uma pesquisa
cultural no qual os eleitores estão eleitoral, varia conforme o
inseridos, e em que medida esses destinatário: eleitores, candidatos,
elementos influenciam na escolha partidos, e até mesmo
de um candidato. financiadores de campanha.

E SIM:
As pesquisas de opinião podem adotar a função de servir como base para a
tomada de decisões.
No caso das pesquisas eleitorais, os resultados de uma pesquisa de opinião
transformam-se em meios de propaganda e informação utilizadas, não raras vezes,
para favorecer determinado candidato.
E as pesquisas tornam-se, assim, mecanismo para influenciar a opinião eleitoral.
Principais Funções

- Utilização dos números para estratégia de campanha e


marketing

- Para informação do eleitorado


Funções das pesquisas eleitorais
Pesquisa eleitoral como material de estratégia de campanha e
marketing

É desejável ao ator político que objetiva angariar um cargo o acesso a


informações que lhe permitam conhecer melhor o eleitorado.

Dados que passam, por exemplo, por questões como:


- a quantidade de votantes que o conhecem,
- a opinião a respeito de mandatos que o candidato tenha
cumprido anteriormente
- e o desejo de melhorias em determinadas áreas

São essenciais ao plano


de uma campanha
política
Funções das pesquisas eleitorais
Pesquisa eleitoral como material de estratégia de campanha e
marketing
Historicamente – dois métodos de se fazer campanha

- No método tradicional (mais antigo) de fazer campanha eleitoral, a experiência


adquirida com eleições anteriores e as constatações dos cabos eleitorais e
colaboradores (militantes), modelo comumente utilizado em cidades pequenas,
substituem o papel das pesquisas eleitorais.

- A pesquisa eleitoral surge, neste cenário, como um dos elementos do chamado


“modelo moderno” de campanha (baseado no tripé pesquisa, estratégia e
publicidade), estas utilizadas em maior escala nas disputas de eleições
majoritárias para governador, presidente da República ou prefeito de grandes
cidades
O “jogo” eleitoral perde sua base estratégica de intuição e
experiência (ainda que afirme serem habilidades caras aos
candidatos políticos) para que profissionais como consultores de
estratégia, publicitários e pesquisadores invadissem as reuniões
de campanha. Trata-se de um verdadeiro refinamento tecnológico
e até mesmo racional da corrida eleitoral.
Funções das pesquisas eleitorais
Pesquisa eleitoral como material de estratégia de campanha
e marketing
A rotina de reuniões, visitas e debates televisivos exige a formação de uma
equipe profissional bem organizada e experiente, para a qual os resultados de
uma pesquisa eleitoral podem direcionar as ações, fazendo com que o
candidato obtenha a melhor aceitação possível pelo eleitorado.

A utilização dos dados das pesquisas eleitorais não trata apenas de


especulação acerca do candidato que está à frente pois, dependendo da
qualidade dos dados coletados e do método de interpretação, as pesquisas
não retratam somente o momento no qual são feitas. Realizadas
adequadamente, elas podem revelar indícios de novos fenômenos eleitorais,
indicando qual será o próximo movimento do eleitorado.

Nesse tipo de estratégia, por exemplo, os chamados “target groups” (grupos


populacionais decisivos para uma vitória eleitoral) são determinantes na
construção da imagem do candidato perante o eleitorado. Também suas
expectativas e prioridades se tornam alvos da coleta de dados que orientarão o
comportamento dos candidatos
Funções das pesquisas eleitorais
Pesquisa eleitoral como material de estratégia de campanha
e marketing

Ao final da década de 80 a pesquisa eleitoral se tornou ferramenta


indispensável ao candidato que busca informações sobre sua envergadura no
pleito e objetiva desenvolver seu plano de campanha

A utilização da pesquisa eleitoral na elaboração de estratégias de campanha é


baseada no fato de que eleitores e candidatos admitem mudanças de curso
durante a corrida eleitoral.

Na busca por ações ótimas que maximizem seus benefícios, as informações


trazidas pelas pesquisas de intenção de voto permitem, por exemplo, que um
candidato enfatize em sua campanha áreas nas quais o eleitor deseja maiores
e melhores investimentos
Funções das pesquisas eleitorais
Pesquisa eleitoral como material de estratégia de campanha e
marketing
As pesquisas eleitorais:
- Aprovam ou condenam táticas adotadas no dia-a-dia da campanha,
- Favorecem alianças
- Provocam alterações na agenda dos candidatos, que sofrem impacto direto
dos gráficos.

Os resultados das pesquisas alteram significativamente o cenário pelo qual


transita o candidato:
- Caixa de campanha – aumenta/diminui conforme pesquisa
- Militância fica mais aguerrida
- Coligações são feitas
- A imprensa dá mais ou menos espaço
Assim também as pesquisas eleitorais continuam revelando sua importância
nas escolhas de candidatos pelos próprios partidos políticos. Por exemplo,
um candidato de eleições anteriores que esteja presente na memória dos
eleitores, ainda que não tenha sido vitorioso no pleito da época, terá
certamente um atrativo perante os demais ainda anônimos.
Funções das pesquisas eleitorais
Pesquisa eleitoral como material de estratégia de campanha e
marketing
Para exemplificar a força do papel das pesquisas nas eleições, FERRAZ
afirma que um dos motivos da vitória de Collor nas urnas foi a ampla
utilização desse instituto para a construção da estratégia de campanha.
O slogan “O caçador de marajás” foi construído com base em pesquisas
direcionadas ao marketing da campanha. Tratava-se de uma manifestação
de vontade da população, um estado de espírito, que resultou em força
eleitoral.

Dentre todas as transformações ocorridas nas


campanhas eleitorais do século XX, talvez a mais
importante tenha sido a inclusão da pesquisa
política, no seu núcleo central de estratégia e
decisão
Funções das pesquisas eleitorais
São diversos os fatores que levam um candidato a se eleger.
As pesquisas eleitorais, nesse sentido, são ferramenta essencial para
justamente se descobrir qual é a imagem do candidato perante o eleitorado,
qual seus índices de rejeição e de aprovação, quais são os principais assuntos
visados pela população e quais projetos de melhoria vão ao encontro da ânsia
dos eleitores.
Para influenciar o voto é preciso:

Entenda e memorize
Que o eleitor tenha acesso aos resultados
quem está na frente

Que quando houver Separe o resultado Transforme os


divergência entre frio dos números da resultados em
resultados escolha linha editorial de chances de vencer
um deles quem dá a notícia para cada candidato
Os resultados das pesquisas de opinião são um dos muitos estímulos em uma
eleição. Competem com a propaganda, com as opiniões das pessoas próximas e
com a cobertura jornalística
Funções das pesquisas eleitorais
Pesquisa eleitoral como fonte de informação do eleitorado
As pesquisas eleitorais podem ser encomendadas aos institutos por
candidatos, partidos políticos, veículos de comunicação e demais
interessados na disputa política.

Não há, na legislação brasileira, a obrigatoriedade de que todas as pesquisas


realizadas sejam disponibilizadas ao público.

Aquelas destinadas ao conhecimento público, no entanto, são de registro


obrigatório na Justiça Eleitoral, que exige informações a respeito de sua
metodologia, a identificação de quem encomendou e o custo e origem dos
recursos pagos, por exemplo.

As pesquisas mais caras aos candidatos são aquelas cujo objetivo não é a
publicação. Uma elaborada estratégia e eficiente linha de comunicação
sempre é baseada em pesquisa, pois ela melhora o aproveitamento de
oportunidades da campanha.
Não obstante, é a pesquisa que vai a público que gera as maiores
preocupações aos estudiosos do Direito Eleitoral e aos próprios candidatos e partidos
políticos que disputam as eleições.
Funções das pesquisas eleitorais
Pesquisa eleitoral como fonte de informação do eleitorado

A questão da influência dos resultados gerados pelas pesquisas eleitorais é


um tema polêmico e constantemente reavivado pelos meios de comunicação,
entre outros motivos, devido a diversas tentativas de modificação da legislação
eleitoral propostas por senadores e deputados, em sua maioria intrigados com
situações nas quais as pesquisas não refletiram o resultado das urnas e que
serão discutidas adiante.

Os autores que tratam sobre a influência das pesquisas eleitorais na formação


do voto do eleitor constatam diferentes fenômenos e reações do eleitorado
diante dos dados
Funções das pesquisas eleitorais
Pesquisa eleitoral como fonte de informação do eleitorado
É possível verificar, portanto, dois aspectos da interferência das
pesquisas eleitorais nas eleições:

O primeiro é a informação que o eleitor recebe e processa, podendo ou não


interferir em sua decisão de voto.

O segundo aspecto é a modificação do resultado final do pleito caso


diversos eleitores optem por modificar suas opções iniciais ao entender, por
exemplo, que um segundo candidato (que não aquele ideal ao eleitor) seja
melhor que aquele apontado como líder nas pesquisas e que por isso deve
modificar sua intenção

A legislação vigente sobre as regras de pesquisa é suficiente, mas há uma


necessidade de mudança que se concentra na informação e no despertar do
interesse por parte da população, para que se transgrida a ideia de obrigação
e se atinja o completo desempenho do voto como “exercício democrático da
cidadania”
Funções das pesquisas eleitorais
Pesquisa eleitoral como fonte de informação do eleitorado

As campanhas publicitárias realizadas pela Justiça Eleitoral com o


objetivo de prestar esclarecimento à população a respeito diversos temas
caros à escolha dos candidatos nas eleições, verifica-se ser inexistente a
tentativa de trazer ao eleitor conhecimentos em relação aos métodos utilizados
na formação das pesquisas eleitorais ou na interpretação de seus dados.
No ano de 2008, as campanhas publicitárias da Justiça Eleitoral veiculadas na televisão discutiram, por
exemplo, a responsabilidade da escolha dos candidatos, a importância da escolha consciente e a venda de
votos. Prestaram esclarecimentos sobre o voto facultativo, o papel dos mesários e a forma correta de votar
por meio da urna eletrônica.

Em 2010, as campanhas focaram, entre outros temas, o alistamento dos eleitores, o comparecimento dos
mesários convocados e incentivaram a verificação do passado político e das propostas dos candidatos.
Também explicaram o papel do governador, do presidente e dos deputados.

No ano de 2014, as vinhetas da Justiça Eleitoral tiveram como pautas a convocação para votar, o voto em
trânsito, o incentivo à atuação dos mesários, a participação da mulher na política, o incentivo à participação
do eleitor sertanejo e ribeirinho, a acessibilidade, o alistamento e a mudança de domicílio, o incentivo ao
alistamento do eleitor no exterior, o alistamento do jovem eleitor e o cadastramento biométrico.

Sem desprestigiar essas pautas tão importantes ao exercício democrático do voto, é questionável o fato de
algo que reconhecidamente provoca tanto impacto nas eleições como o resultado das pesquisas eleitorais
não seja também explorado de maneira a trazer aos eleitores qualquer conhecimento a respeito do tema.
Funções das pesquisas eleitorais

A opinião de muitos é que a pesquisa eleitoral tem, por vezes, o


poder de induzir o eleitor indeciso a votar em um ou outro
candidato cujas pesquisas apontam em vantagem em relação aos
outros. É o comumente chamado de “voto útil”, realizado sob a
ideia de a escolha de um candidato em desvantagem quanto a sua
posição nas pesquisas causaria o desperdício do voto.

Trata-se, obviamente, de uma opinião equivocada diante da


verificação de que uma eleição só é decidida no dia da votação,
permitindo surpresas que podem contrariar os resultados
pesquisas eleitorais dos mais renomados institutos.
Funções das pesquisas eleitorais

A pesquisa eleitoral no cenário brasileiro é


útil ao processo
democrático e sua divulgação respeita os
princípios da liberdade de informação e de
expressão.

Além da pesquisa ser benéfica de maneira geral, reputam-se válidos os


esforços para transformá-la em uma ferramenta mais precisa como publicizar
os procedimentos adotados pelos institutos de pesquisa, a exigência de
registro de todos os dados perante a Justiça Eleitoral e a iniciativa de levar ao
eleitor toda a informação necessária para a utilização consciente dos dados na
escolha de seus representantes.
Funções das pesquisas eleitorais

Mas considerando que as pesquisas eleitorais podem sim influenciar


os eleitores indecisos, o que implica certamente interferências nas esferas
jurídica, moral e patrimonial dos candidatos e dos partidos políticos, é
esperado que, essa possibilidade concedida aos institutos de pesquisa e
também á imprensa que divulga os resultados, exija da legislação uma
resposta à altura.

São várias, portanto, as funções a que se prestam as pesquisas eleitorais.

Diante do grande leque de possibilidades, capazes de interferir


substancialmente em diferentes aspectos do processo eleitoral, a legislação
busca garantir a lisura de seus dados por meio da exigência de registro
no qual os institutos devem especificar os diferentes elementos
utilizados na formulação de suas pesquisas, como a metodologia e o
período de realização da coleta de dados, por exemplo (art. 33, III, da Lei
nº 9.504/97) e a disponibilização pública de suas características para que
seja submetida à análise por qualquer pessoa que demonstrar interesse,
elementos que serão discutidos com maior profundidade adiante.
Legislação

A pesquisa eleitoral no Direito


brasileiro

Profª Iris Ramirez


TSE

De um lado resguardam a
realização das pesquisas
TSE De outro buscam
encontrar formas para que
eleitorais e a os dados divulgados não
divulgação de seus resultados, influenciassem
porque necessárias e indevidamente a
importantes; vontade do eleitor,
garantindo a sua livre
manifestação.

Assim, a intenção do Tribunal


Superior Eleitoral sempre se
revelou
única – acautelar-se contra
abusos, manobras ou qualquer
outro artifício tendente a
macular a vontade do eleitor,
razão pela qual certifica-se de
que a pesquisa fora realizada
objetivamente, de acordo com
os princípios
científicos estabelecidos e com
a legislação vigente.
História das Pesquisas de Opinião....
Durante a República Velha (1889-1930), o primeiro e o segundo governo
Vargas (1930-1937), assim como durante quase todo o Estado Novo (1937-
pouca preocupação existiu sobre os
1945)

levantamentos de opinião pública.

Para se conhecer a opinião das pessoas sobre os acontecimentos sociais,


políticos ou culturais e até mesmo sobre as tendências do mercado
consumidor utilizavam-se:

- enquetes realizadas pelos principais jornais;


- pesquisas realizadas pelas emissoras de rádio ou;
- confiava-se na própria sensibilidade humana.
História das Pesquisas de Opinião....
O primeiro instituto de pesquisa a surgir no Brasil foi o IBOPE -
Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística

Fundado em maio de 1942 pelo proprietário da Rádio Kosmos de São


Paulo, Auricélio Penteado – queria saber a opinião dos ouvintes da
rádio...

Em 1936 surgia nos EUA, por exemplo, o instituto GALLUP, de


propriedade de George Gallup, estatístico e jornalista.

Á época, o instituto norte-americano conseguiu identificar com


exatidão através da utilização de técnicas apuradas de pesquisa e
com uma amostragem de menos de dois mil eleitores, o percentual de
votos que daria a vitória a Rooselvelt contra a candidatura de Landon,
entendida pela maioria dos veículos da imprensa como a favorita no
pleito eleitoral.
História das Pesquisas Eleitorais....

1945 1965

Primeiras pesquisas Regulamentação das


Eleitorais – pesquisas
“Redemocratização”
LEI Nº 4.737, DE 15
IBOPE fez levantamento DE JULHO – Código
em SP e RJ Eleitoral Art. 255. Nos 15
(quinze) dias
Brigadeiro Eduardo Gomes anteriores ao
tinha maioria das intenções Divulgação das pleito é proibida a
pesquisas – Proibidas divulgação, por
Dutra ganhou 15 dias antes qualquer forma,
de resultados de
prévias ou testes
pré-eleitorais.
História das Pesquisas Eleitorais....
Apenas ao final do Regime Militar, a pesquisa eleitoral voltou a
entrar na pauta legislativa.

LEIS Nº:

7.508/86
7.664/88
7.773/89
8.214/91
8.713/93
9.100/95
9.504/97
11.300/06
E diversas Resoluções como a TSE nº 22.143/2006 e 22.623/2007

E mais recentemente:
RESOLUÇÃO Nº 23.453, DE 15 DE DEZEMBRO DE 2015
Evolução das regras que nortearam
o processo eleitoral nos últimos 30 anos
• Vedada divulgação 21 dias antes do pleito
• Obrigação de colocar à disposição de todos os partidos, com candidatos registrados
7.508/86 para o pleito, os resultados obtidos e publicados, bem como informações sobre os
métodos utilizados e as fontes financiadoras dos respectivos trabalhos.

• Vedada divulgação de pesquisas eleitorais 30 dias antes do pleito


• Na divulgação é necessário constar as informações como: 1- período de realização do
7.664/88 trabalho, 2-nomes de bairros ou localidades pesquisadas, 3- o número de pessoas
ouvidas e 4- o nome do patrocinador do trabalho

• Manteve vedação 30 dias antes no 1º turno, e 10 dias antes do 2º turno


• Foram exigidos também o método, o plano amostral e peso ponderado no que se refere
7.773/89 a sexo, idade, grau de instrução, nível econômico e área física da realização do trabalho
e o controle e verificação da coleta de dados e do trabalho de campo.
Adendo 1990
• Obrigatoriedade de registrar as pesquisas no prazo mínimo de 3 dias antes da
divulgação.
• Quanto às exigências das informações no ato do registro, no lugar do inciso da lei
anterior que dizia “nome do patrocinador do trabalho”, agora era pedida a identificação
8.214/91 de “quem solicitou a pesquisa” e o inciso seguinte acrescentou a obrigatoriedade de se
dizer de onde proveio o montante global dos recursos despendidos nos trabalhos, além
das informações especificadas ficarem à disposição dos partidos políticos, coligações e
candidatos que a elas terão livre acesso
História das Pesquisas Eleitorais...
Adendo de 1990

Apenas em 1990 as restrições à divulgação seriam retiradas da legislação (Resolução 16.402/1990).

Contudo, já em 1988, através de recursos apresentados pelos meios de produção e divulgação de pesquisas,
com base no direito constitucional à liberdade de expressão e de informação, a proibição fora suspensa e a
divulgação sem restrição de tempo passou a orientar as campanhas eleitorais desde então.

Em 27 de outubro de 1988 foi impetrado o Mandado de Segurança n º 997 – Classe II – SP, pela empresa Folha
da Manhã, por seu Diretor Administrativo, em que os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, por unanimidade,
deram o seguinte parecer:
Pesquisas pré-eleitorais. Divulgação pela imprensa. Mandado de Segurança.

1- O § 1º, do art. 5º, da Resolução-TSE nº 14.466/88 (Instruções sobre Propaganda), por fundar-se em texto de
lei formal e exprimir proibição direta aos veículos de comunicação de massa, é atacável com mandado de
segurança.

2- Cerceando a liberdade de informação pura e simples, a referida norma padece de incompatibilidade com o
art. 220 e § 1º da Constituição de 1988, e há de entender-se ab-rogado desde quando vigente a nova Lei
Fundamental. Mandado de segurança conhecido e provido.

Atualmente, existe a possibilidade da divulgação das pesquisas eleitorais até o dia da eleição, conforme vem se
posicionando o TSE, desde o Acórdão nº 10.305 supracitado, de 27/10/1988, e inclusive por meio de resolução
(Res.-TSE nºs 20.101/98, art.4º; 20.556/2000, art. 5º; 20.950/2001, art. 12; 21.576/2003, art. 17; 22.143/2006,
art. 13 e 22.623/2007, art. 6º (instruções sobre pesquisas eleitorais).
Evolução das regras que nortearam
o processo eleitoral nos últimos 30 anos
• Criou-se um sub título para o tema “pesquisa” retirando-as da parte “da propaganda eleitoral” como foram
tratadas na lei anterior;
• Obrigatoriedade do registro junto à Justiça Eleitoral, até 5 dias antes da divulgação;
• As empresas também ficaram obrigadas a colocar à disposição dos partidos todas as informações
pertinentes às pesquisas “imediatamente após a divulgação das mesmas.
8.713/93 • Permitiu que os partidos confrontassem as informações registradas e aquelas publicadas e estabeleceu
“pena de detenção de seis meses a um ano e multa de valor igual ao recebido pela realização da pesquisa”,
que seria aplicada também em caso de comprovada irregularidade, além da obrigatoriedade de que se
publicasse novamente, desta vez com os dados corretos.

• Acréscimo de dois incisos no rol das informações obrigatórias a serem divulgadas pelas empresas que
realizassem pesquisas eleitorais, a publicidade do intervalo de confiança, da margem de erro e do
9.100/95 questionário completo aplicado.
• A lei também trouxe a possibilidade dos partidos terem acesso inclusive à identificação dos entrevistadores,
mediante requerimento a Justiça Eleitoral

• A lei da eleição - deu o título “Das pesquisas e testes pré- eleitorais” para o seu capítulo que trata das
9.504/97 pesquisas eleitorais - em seus arts. 33 a 35

• Adicionou o art. 35-A à Lei nº 9.504/97, proibindo a divulgação de pesquisas eleitorais no décimo quinto dia
anterior até às dezoito horas do dia da eleição.
• Entretanto, esse artigo foi considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal na Ação Direta de
Inconstitucionalidade nº 3741, quando os Ministros entenderam que o dispositivo era inconstitucional por
11.300/06 ferir a garantia da liberdade de expressão e do “direito à informação livre e plural como valor indissociável da
ideia de democracia”
LEI Nº 9.504, DE 30 DE SETEMBRO DE 1997
“Das Pesquisas e Testes Pré-Eleitorais”
Art. 33. As entidades e empresas que realizarem pesquisas de opinião
pública relativas às eleições ou aos candidatos, para conhecimento público,
são obrigadas, para cada pesquisa, a registrar, junto à Justiça Eleitoral, até
cinco dias antes da divulgação, as seguintes informações:
I – quem contratou a pesquisa;
II – valor e origem dos recursos despendidos no trabalho;
III – metodologia e período de realização da pesquisa;
IV – plano amostral e ponderação quanto a sexo, idade, grau de instrução, nível econômico e área física de realização do
trabalho, intervalo de confiança e margem de erro;
V – sistema interno de controle e verificação, conferência e fiscalização da coleta de dados e do trabalho de campo;
VI – questionário completo aplicado ou a ser aplicado;
VII – o nome de quem pagou pela realização do trabalho.

§ lo As informações relativas às pesquisas serão registradas nos órgãos da Justiça Eleitoral aos quais compete fazer o
registro dos candidatos.

§ 2o A Justiça Eleitoral afixará imediatamente, no local de costume, aviso comunicando o registro das informações a que
se refere este artigo, colocando-as à disposição dos partidos ou coligações com candidatos ao pleito, os quais a elas
terão livre acesso pelo prazo de trinta dias.

§ 3o A divulgação de pesquisa sem o prévio registro das informações de que trata este artigo sujeita os responsáveis a
multa no valor de cinqüenta mil a cem mil Ufirs.

§ 4o A divulgação de pesquisa fraudulenta constitui crime, punível com detenção de seis meses a um ano e multa no
valor de cinqüenta mil a cem mil Ufirs
LEI Nº 9.504, DE 30 DE SETEMBRO DE 1997
“Das Pesquisas e Testes Pré-Eleitorais”
Art. 34. (Vetado)

§ 1o Mediante requerimento à Justiça Eleitoral, os partidos poderão ter acesso ao sistema interno
de controle, verificação e fiscalização da coleta de dados das entidades que divulgaram pesquisas
de opinião relativas às eleições, incluídos os referentes à identificação dos entrevistadores e, por
meio de escolha livre e aleatória de planilhas individuais, mapas ou equivalentes, confrontar e
conferir os dados publicados, preservada a identidade dos respondentes.

§ 2o O não-cumprimento do disposto neste artigo ou qualquer ato que vise a retardar, impedir ou
dificultar a ação fiscalizadora dos partidos constitui crime, punível com detenção, de seis meses a
um ano, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo prazo, e multa no
valor de dez mil a vinte mil Ufirs.

§ 3o A comprovação de irregularidade nos dados publicados sujeita os responsáveis às penas


mencionadas no parágrafo anterior, sem prejuízo da obrigatoriedade da veiculação dos dados
corretos no mesmo espaço, local, horário, página, caracteres e outros elementos de destaque, de
acordo com o veículo usado.

Art. 35

Pelos crimes definidos nos arts. 33, § 4o e 34, §§ 2o e 3o, podem ser responsabilizados penalmente
os representantes legais da empresa ou entidade de pesquisa e do órgão veiculador.
LEI Nº 9.504, DE 30 DE SETEMBRO DE 1997
“Das Pesquisas e Testes Pré-Eleitorais”

Razões do veto
“O dispositivo em questão determina o fornecimento aos
partidos ou coligações concorrentes, imediatamente após o
registro de pesquisa eleitoral, de todas as informações a ela
referentes. É plausível o entendimento de que “todas as
informações” incluem os próprios resultados da pesquisa, além
do especificado nos incisos do art. 33. Ora, o art. 33 impõe
um prazo mínimo de cinco dias entre o registro da pesquisa
e a publicação dos seus resultados. Os partidos ou coligações
concorrentes teriam, desse modo, acesso aos resultados da
pesquisa antes do público em geral. É de todo previsível, nessa
circunstância, que se multiplicariam as tentativas de
impugnação judicial da divulgação desta ou daquela pesquisa
pelos partidos que se julgassem eventualmente desfavorecidos
pelos resultados, numa espécie de censura prévia. Trata-se,
portanto, de exigência incompatível com o interesse público”.
Resolução TSE
O TSE também disciplina a regulamentação das pesquisas
eleitorais através de Resolução:

A Res. TSE nº 21.576, que dispõe sobre pesquisas eleitorais para as eleições
de 2004, trouxe quatro incisos que não são contemplados pela Lei nº
9.504/97, sendo que os incisos X e XI foram acrescentados pela Res.-TSE nº
21.631/04, a saber: Art. 2º (...)

VIII-número e data de registro em associação de classe que congregue


empresas de pesquisa a que se encontra filiado, caso o tenha;

IX-contrato social com a qualificação completa dos responsáveis legais, bem


como com o endereço, o número de fax ou o correio eletrônico em que
receberá notificações e comunicados da Justiça Eleitoral;

X-o nome do estatístico responsável pela pesquisa e o número de seu


registro no competente Conselho Regional de Estatística;

XI- número do registro da empresa responsável pela pesquisa, caso o tenha,


no competente Conselho Regional de Estatística
Resolução TSE

Em seu art.15 a Resolução 22.623/2007 esclarece que “na divulgação dos


resultados de enquetes ou sondagens, deverá ser informado não se tratar
de pesquisa eleitoral, descrita no art. 33 da Lei nº 9.504/97, mas de mero
levantamento de opiniões, sem controle de amostra, o qual não utiliza
método científico para sua realização, dependendo, apenas, da
participação espontânea do interessado.”

A Resolução TSE nº 23.364/2011, que dispôs sobre as pesquisas eleitorais


para as eleições de 2012, determinou em seu art. 12 que “as pesquisas
realizadas em data anterior ao dia das eleições poderão ser divulgadas a
qualquer momento, inclusive no dia das eleições, desde que respeitado o
prazo de 5 dias para o registro” e no art. 13 que “a divulgação de
levantamento de intenção de voto efetivado no dia das eleições somente
se fará após encerrado o escrutínio na respectiva Unidade da Federação”.
Resolução TSE
A Resolução TSE nº 23.400 dispôs, com base na Lei nº 9.504/1997,
a respeito das regras de pesquisas eleitorais para as eleições
de 2014. Dividida em 5 partes, ela trata:
- do registro,
- da divulgação dos resultados,
- das impugnações,
- da multa (penalidade administrativa) pela divulgação de pesquisa sem
prévio registro,
- bem como das consequências penais em casos de fraude e obstrução à
fiscalização de partidos políticos.

Desse diploma legal se extrai a preocupação da Justiça Eleitoral com a


veracidade das informações que serão posteriormente levadas a público,
reconhecendo a importância e a potencialidade que os números podem ter no
resultado do pleito.

Em suas linhas pode-se observar a presença de três pontos principais que


formam a base da idoneidade da pesquisa eleitoral: o registro de todas as suas
informações, a publicidade e as penalidades que atingem aqueles que não se
atêm às regras do diploma legal.
Hoje no site do TSE ...

Recomenda-se a leitura dos arts. 33, 34, 35 e 96 da Lei no 9.504/1997, bem


como das resoluções-TSE nos 23.549 e 23.547, ambas de 18 de dezembro de
2017, as quais disciplinam, respectivamente, para as eleições de 2018, o
registro e a divulgação das pesquisas e o processamento das representações,
reclamações e dos pedidos de direito de resposta.

http://www.tse.jus.br/eleicoes/pesquisa-eleitorais/pesquisas-eleitorais
RESOLUÇÃO ATUAL
RESOLUÇÃO Nº 23.549, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2017

O TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL, no uso das atribuições que lhe


conferem o art. 23, inciso IX, do Código Eleitoral e o art. 105 da Lei nº 9.504, de 30
de setembro de 1997, RESOLVE:

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1º Esta resolução disciplina os procedimentos relativos ao registro e a posterior
divulgação, por qualquer meio de comunicação, de pesquisas de opinião pública para
as eleições aos cargos de Presidente da República, Governador de Estado e do
Distrito Federal, Senador e Deputados Federal, Estadual e Distrital.

Art. 2º A partir de 1º de janeiro do ano da eleição, as entidades e as empresas que


realizarem pesquisas de opinião pública relativas às eleições ou aos candidatos, para
conhecimento público, são obrigadas, para cada pesquisa, a registrar no tribunal
eleitoral ao qual compete fazer o registro dos candidatos, até 5 (cinco) dias antes da
divulgação, as seguintes informações (Lei n° 9.504/1997, art. 33, caput, incisos I a VII
e § 1º):
.
RESOLUÇÃO ATUAL RESOLUÇÃO Nº 23.549, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2017

I — contratante da pesquisa e seu número de inscrição no Cadastro de


Pessoas Físicas (CPF) ou no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ);
II — valor e origem dos recursos despendidos no trabalho;
III — metodologia e período de realização da pesquisa;
IV — plano amostral e ponderação quanto a sexo, idade, grau de instrução, nível
econômico do entrevistado e área física de realização do trabalho a ser executado,
nível de confiança e margem de erro, com a indicação da fonte pública dos dados
utilizados;
V — sistema interno de controle e verificação, conferência e fiscalização da coleta de
dados e do trabalho de campo;
VI — questionário completo aplicado ou a ser aplicado;
VII — quem pagou pela realização do trabalho e seu número de inscrição no CPF ou no
CNPJ;
VIII — cópia da respectiva nota fiscal;
IX — nome do estatístico responsável pela pesquisa, acompanhado de sua assinatura
com certificação digital e o número de seu registro no Conselho Regional de Estatística
competente;
X — indicação do Estado ou Unidade da Federação, bem como dos cargos aos quais se
refere a pesquisa
RESOLUÇÃO ATUAL RESOLUÇÃO Nº 23.549, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2017
§ 1º Na contagem do prazo de que cuida o caput, deve ser excluído o dia do início
e incluído o do vencimento.
§ 2º O Sistema de Registro de Pesquisas Eleitorais (PesqEle) deve informar o dia a partir
do qual a pesquisa poderá ser divulgada.
§ 3º O registro de pesquisa será realizado via internet, e todas as informações de que trata este artigo
deverão ser inseridas no PesqEle, devendo os arquivos estar no formato PDF (Portable Document
Format).
§ 4º A Justiça Eleitoral não se responsabiliza por erros de digitação, de geração, de conteúdo ou de
leitura dos arquivos anexados ao PesqEle.
§ 5º O registro de pesquisa poderá ser realizado a qualquer tempo, independentemente do horário de
funcionamento da Justiça Eleitoral.
§ 6º Até o sétimo dia seguinte ao registro da pesquisa, será ele complementado com os dados
relativos aos municípios e bairros abrangidos; na ausência de delimitação do bairro, será identificada a
área em que foi realizada.
§ 7º As empresas ou entidades poderão utilizar dispositivos eletrônicos portáteis, tais como tablets e
similares, para a realização da pesquisa, os quais poderão ser auditados, a qualquer tempo, pela
Justiça Eleitoral.
§ 8º Na hipótese de a nota fiscal de que trata o inciso VIII do caput contemplar o pagamento de mais
de uma pesquisa eleitoral, o valor individual de cada pesquisa deverá ser devidamente discriminado
no corpo do documento fiscal.
§ 9º Para efeito do disposto no inciso VIII do caput, na hipótese de o pagamento ser faturado ou
parcelado, as entidades e as empresas deverão informar a condição de pagamento no momento do
registro da pesquisa e apresentar a(s) respectiva(s) nota(s) fiscal(is), tão logo ocorra a quitação integral
do pagamento faturado ou da parcela vencida, observando-se, quando aplicável, o disposto no § 8º.
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§ 10. Nos questionários aplicados ou a serem aplicados nas pesquisas de opinião pública referidas no caput,
são vedadas indagações a respeito de temas não relacionados à eleição. (Incluído pela Resolução nº
23.560/2018) (Revogado pela Resolução nº 23.561/2018)
§ 11. Os questionários referidos no parágrafo anterior não poderão conter afirmação caluniosa, difamatória,
injuriosa ou informação sabidamente inverídica, sob pena de suspensão de sua divulgação ou de anotação
de esclarecimentos, nos termos do § 1º do art. 16 desta resolução. (Incluído pela Resolução nº
23.560/2018) (Revogado pela Resolução nº 23.561/2018)

Art. 3º A partir das publicações dos editais de registro de candidatos, os nomes de todos os candidatos cujo
registro tenha sido requerido deverão constar da lista apresentada aos entrevistados durante a realização
das pesquisas.
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TSE revoga regra que restringia perguntas em pesquisas eleitorais


Medida que reduzia a abrangência das perguntas tinha provocado críticas de entidades de imprensa e de
institutos de pesquisa.
O Tribunal Superior Eleitoral revogou o trecho de uma resolução que restringia os temas que poderiam ser
abordados nas pesquisas eleitorais. A regra tinha provocado críticas de entidades de imprensa e de
institutos de pesquisa.
Logo no início da sessão, o presidente do TSE, ministro Luiz Fux, recomendou a revogação do trecho que
provocou a polêmica. Ele explicou que o objetivo era não deixar margem para possíveis incertezas jurídicas
no processo eleitoral. A decisão foi apoiada por todos os ministros.
“A finalidade do tribunal é uniformizar o direito, a finalidade de um tribunal é gerar decisões que não
acarretem incertezas e dúvidas, temos que exarar decisões que sejam imunes de contradições, de omissões,
de obscuridades. Como a matéria é regulada pela lei, continua a atribuição e a competência do tribunal para
verificar se houve cumprimento ou descumprimento da lei. O que não pode é a resolução, no afã de
explicitar a lei, criar estados de dúvidas e controvérsias acerca da real interpretação do diploma legal. Então,
diante desse impasse específico, nós optamos por revogar essas disposições no afã de, eventualmente, num
futuro próximo, ficarmos todas essas, digamos assim, manifestações das entidades respeitáveis, do setor da
pesquisa e da imprensa quanto a uma eventual violação da liberdade de expressão para conversarmos com
mais vagar. Mas, enquanto isso não ocorre, é nosso dever evitarmos dúvidas, controvérsias e insegurança
jurídica”, disse Fux.
O parágrafo retirado da resolução dizia que “nos questionários aplicados ou a serem aplicados nas pesquisas
de opinião pública são vedadas indagações a respeito de temas não relacionados à eleição”.
Esse ponto da resolução gerou dúvidas e poderia comprometer as pesquisas eleitorais. Institutos de
pesquisa ficaram sem saber se poderiam fazer perguntas aos eleitores sobre, por exemplo, temas de
interesse geral.
RESOLUÇÃO ATUAL RESOLUÇÃO Nº 23.549, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2017
TSE revoga regra que restringia perguntas em pesquisas eleitorais
Perguntas muito importantes. Através delas, os institutos capturam tendências nas eleições,
apuram para quem o voto está indo. A popularidade de um governante, por exemplo, pode
indicar a capacidade de ele influenciar ou não o voto em candidatos identificados ou apoiados por ele.
Os institutos ressaltam que, no questionário de pesquisas eleitorais, a pergunta sobre intenção de voto vem
antes das outras, ou seja, primeiro o entrevistado diz em quem vai votar e só depois responde a questões
adicionais não relacionadas diretamente ao voto. Assim, não influenciam a escolha do eleitor na pesquisa.
A decisão desta quinta-feira (8) do TSE foi apoiada. A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão
disse que “concorda com o entendimento do presidente do TSE, ministro Luiz Fux, de que o texto poderia
gerar incerteza jurídica sobre seu alcance, sobretudo, no que se refere à ameaça à liberdade de expressão e
ao direito do eleitor de ser informado”.
A Associação Nacional de Jornais disse que “a decisão restabelece a plena liberdade de expressão nessas
pesquisas, fundamentais para o processo eleitoral e para o fornecimento de informações aos cidadãos”.
A Associação Brasileira de Jornalismo investigativo disse que “a decisão do tribunal fortalece a democracia”.
A diretora do Ibope Inteligência disse que todos ganham com a revogação.
“O eleitor ganha porque fica com mais informação sobre o processo eleitoral, os institutos de pesquisa
ganham porque conseguem analisar melhor as tendências, as curvas de tendência de votos dos candidatos,
conseguem entender as razões de por que um candidato está subindo, por que outro está caindo”, afirmou
Márcia Cavallari.
O diretor de Pesquisa do Instituto Datafolha disse que a revogação da norma devolve ao eleitor o amplo
acesso à informação, fundamental na escolha dos candidatos.
“As pesquisas contam a história do processo eleitoral a partir da opinião pública. E o que a gente ganha com
isso, o que a democracia ganha é mais elementos para entender as mudanças e as variações de humor da
opinião pública, do eleitorado. Isso é muito utilizado, tanto pelos eleitores como pela imprensa, como pela
academia, quando vai estudar futuramente todo o processo eleitoral de cada pleito”, disse Mauro Paulino,
diretor do Datafolha.
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CAPÍTULO II
DO REGISTRO DAS PESQUISAS ELEITORAIS

Seção I
Do Sistema de Registro de Pesquisas Eleitorais

Art. 4º O registro de pesquisa será obrigatoriamente realizado por meio do PesqEle, disponível
nas páginas dos tribunais eleitorais, na internet.
Art. 5º Para a utilização do PesqEle, as entidades e as empresas deverão obrigatoriamente
cadastrar-se eletronicamente na Justiça Eleitoral, mediante o fornecimento das seguintes
informações e documento eletrônico:
I — nome de pelo menos um e no máximo três dos responsáveis legais;
II — razão social ou denominação;
III — número de inscrição no CNPJ;
IV — número do registro da empresa responsável pela pesquisa no Conselho Regional de
Estatística, caso o tenha;
V — telefone móvel que disponha de aplicativo de mensagens instantâneas para comunicação
com a Justiça Eleitoral;
VI — endereço eletrônico;
VII — endereço completo para recebimento de comunicações;
VIII — telefone fixo;
IX — arquivo, no formato PDF, com a íntegra do contrato social, estatuto social ou inscrição
como empresário, que comprove o regular registro.
RESOLUÇÃO ATUAL RESOLUÇÃO Nº 23.549, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2017
§ 1º Não será permitido mais de um cadastro por número de inscrição no CNPJ.
§ 2º É de inteira responsabilidade da empresa ou da entidade o cadastro para a utilização do
sistema e a manutenção de dados atualizados na Justiça Eleitoral, inclusive quanto
à legibilidade e à integridade do arquivo a que se refere o inciso IX.
Art. 6º O PesqEle permitirá que as empresas ou as entidades responsáveis pela pesquisa façam alterações
nos dados do registro previamente à sua efetivação.
Art. 7º Efetivado ou alterado o registro, será emitido recibo eletrônico, que conterá:
I — resumo das informações;
II — número de identificação da pesquisa.
§ 1º O número de identificação de que trata o inciso II deverá constar da divulgação e da publicação dos
resultados da pesquisa.
§ 2º O PesqEle veiculará aviso com as informações constantes do registro na página dos tribunais eleitorais,
na internet, pelo período de 30 (trinta) dias (Lei n° 9.504/1997, art. 33, § 2°).
Art. 8º O registro da pesquisa poderá ser alterado desde que não expirado o prazo de 5 (cinco) dias para a
divulgação do seu resultado.
§ 1º A alteração de que trata o caput implica atribuição de novo número de identificação à pesquisa e o
reinício da contagem do prazo previsto no caput do art. 2º, a partir do recebimento das alterações com a
indicação, pelo sistema, da nova data a partir da qual será permitida a divulgação da pesquisa.
§ 2º Serão mantidos no sistema a data do registro e o histórico das alterações realizadas e do cancelamento,
se for o caso.
§ 3º Não será permitida a alteração no campo correspondente à Unidade da Federação (UF), devendo, em
caso de erro em relação a esse campo, a pesquisa ser cancelada pelo próprio usuário, sem prejuízo da
apresentação de um novo registro.
Art. 9º Será livre o acesso, para consulta, aos dados do registro da pesquisa, nas páginas dos tribunais
eleitorais, na internet.
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Seção II
Da Divulgação dos Resultados

Art. 10. Na divulgação dos resultados de pesquisas, atuais ou não, serão obrigatoriamente informados:
I — o período de realização da coleta de dados;
II — a margem de erro;
III — o nível de confiança;
IV — o número de entrevistas;
V — o nome da entidade ou da empresa que a realizou e, se for o caso, de quem a contratou;
VI — o número de registro da pesquisa.
Art. 11. As pesquisas realizadas em data anterior ao dia das eleições poderão ser divulgadas a qualquer
momento, inclusive no dia das eleições, desde que respeitado o prazo de 5 (cinco) dias previsto no art. 2°
desta resolução e a menção às informações previstas no art. 10.
Art. 12. A divulgação de levantamento de intenção de voto efetivado no dia das eleições somente poderá
ocorrer:
I — nas eleições relativas à escolha de Governador, Senador e Deputados Federal, Estadual e Distrital, a
partir das 17 (dezessete) horas do horário local.
II — na eleição para a Presidência da República, após o horário previsto para encerramento da votação em
todo o território nacional.
Art. 13. Mediante requerimento à Justiça Eleitoral, o Ministério Público, os candidatos, os partidos políticos
e as coligações poderão ter acesso ao sistema interno de controle, à verificação e à fiscalização de coleta de
dados das entidades e das empresas que divulgarem pesquisas de opinião relativas aos candidatos e às
eleições, incluídos os referentes à identificação dos entrevistadores e, por meio de escolha livre e aleatória
de planilhas individuais, mapas ou equivalentes, confrontar e conferir os dados publicados, preservada a
identidade dos entrevistados (Lei nº 9.504/1997, art. 34, § 1º).
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§ 1º Além dos dados de que trata o caput, poderá o interessado ter acesso ao
relatório entregue ao solicitante da pesquisa e ao modelo do questionário aplicado,
para facilitar a conferência das informações divulgadas.
§ 2º O requerimento de que trata o caput tramitará obrigatoriamente no Sistema Processo Judicial
Eletrônico (PJe), devendo ser autuado na classe Petição (Pet), com indicação do número de
identificação da pesquisa, e distribuído aos juízes auxiliares do tribunal eleitoral.
§ 3º Deferido o pedido, a empresa responsável pela realização da pesquisa será intimada para
disponibilizar o acesso aos documentos solicitados.
§ 4º Sendo de interesse do requerente, a empresa responsável pela pesquisa lhe encaminhará os
dados solicitados para o endereço eletrônico informado, ou por meio da mídia digital fornecida por
ele, no prazo de 2 (dois) dias, e, em igual prazo, permitirá seu acesso, ou de representante por ele
nomeado, à sede ou à filial da empresa para o exame aleatório das planilhas, mapas ou equivalentes,
em horário comercial, na forma definida pelo juízo eleitoral.
§ 5º O requerente ficará responsável pelo fornecimento de mídia para acesso digital ou pelo custo de
reprografia de eventuais cópias físicas das planilhas, mapas ou equivalentes que solicitar.
§ 6º As informações das pesquisas realizadas por meio de dispositivos eletrônicos portáteis, de que
trata o § 7º do art. 2º, ressalvada a identificação dos entrevistados, deverão ser auditáveis e acessíveis
no formato eletrônico.
Art. 14. Na divulgação de pesquisas no horário eleitoral gratuito não será obrigatória a menção aos
nomes dos concorrentes, desde que o modo de apresentação dos resultados não induza o eleitor a
erro quanto ao desempenho do candidato em relação aos demais, devendo ser informados com
clareza os dados especificados no art. 10.
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Seção III
Das Impugnações

Art. 15. O Ministério Público, os candidatos, os partidos políticos e as coligações são partes
legítimas para impugnar o registro ou a divulgação de pesquisas eleitorais perante o tribunal
competente, quando não atendidas as exigências contidas nesta resolução e no art. 33 da Lei nº
9.504/1997.
Art. 16. O pedido de impugnação do registro de pesquisa deve ser autuado no Processo Judicial
Eletrônico (PJe), na classe Representação (Rp), devendo a Secretaria Judiciária providenciar a
citação imediata do representado, para, querendo, apresentar defesa em 2 (dois) dias.
§ 1º Considerando a relevância do direito invocado e a possibilidade de prejuízo de difícil
reparação, o relator poderá determinar a suspensão da divulgação dos resultados da pesquisa
impugnada ou a inclusão de esclarecimento na divulgação de seus resultados.
§ 2º A suspensão da divulgação da pesquisa será comunicada ao responsável por seu registro e
ao respectivo contratante.
§ 3º As impugnações serão processadas na forma da resolução do Tribunal Superior Eleitoral
que dispuser sobre as representações.
§ 4º No período compreendido entre 15 de agosto e 19 de dezembro, as intimações serão
realizadas preferencialmente pelo mural eletrônico ou por qualquer outro meio que garanta a
entrega ao destinatário (Lei nº 9.504/1997, art. 94, § 5º), não se aplicando a forma de intimação
do art. 5º da Lei nº 11.419/2006.
RESOLUÇÃO ATUAL RESOLUÇÃO Nº 23.549, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2017
CAPÍTULO III
DA PENALIDADE ADMINISTRATIVA

Art. 17. A divulgação de pesquisa sem o prévio registro das informações constantes do art. 2º
sujeita os responsáveis à multa no valor de R$ 53.205,00 (cinquenta e três mil, duzentos e cinco reais) a R$
106.410,00 (cento e seis mil, quatrocentos e dez reais) (Lei nº 9.504/1997, arts. 33, § 3º, e 105, § 2º).

CAPÍTULO IV
DAS DISPOSIÇÕES PENAIS

Art. 18. A divulgação de pesquisa fraudulenta constitui crime, punível com detenção de seis meses a um ano
e multa no valor de R$ 53.205,00 (cinquenta e três mil, duzentos e cinco reais) a R$ 106.410,00 (cento e seis
mil, quatrocentos e dez reais) (Lei nº 9.504/1997, arts. 33, § 4º, e 105, § 2º).
Art. 19. O não cumprimento do disposto no art. 34 da Lei nº 9.504/1997 ou a prática de qualquer ato que
vise retardar, impedir ou dificultar a ação fiscalizadora dos partidos políticos constitui crime, punível com
detenção de seis meses a um ano, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo
prazo, e multa no valor de R$ 10.641,00 (dez mil, seiscentos e quarenta e um reais) a R$ 21.282,00 (vinte e
um mil, duzentos e oitenta e dois reais) (Lei nº 9.504/1997, arts. 34, § 2º, e 105, § 2º).
Parágrafo único. A comprovação de irregularidade nos dados publicados sujeita os responsáveis às penas
mencionadas no caput, sem prejuízo da obrigatoriedade de veiculação dos dados corretos no mesmo
espaço, local, horário, página e com caracteres e outros elementos de destaque, de acordo com o veículo
usado (Lei nº 9.504/1997, art. 34, § 3º).
Art. 20. Pelos crimes definidos nos arts. 33, § 4º, e 34, §§ 2º e 3º, da Lei nº 9.504/1997, podem ser
responsabilizados penalmente os representantes legais da empresa ou da entidade de pesquisa e do órgão
veiculador (Lei nº 9.504/1997, art. 35).
RESOLUÇÃO ATUAL RESOLUÇÃO Nº 23.549, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2017

CAPÍTULO V
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 21. Os responsáveis pela publicação da pesquisa não registrada ou em desacordo com as
determinações legais, inclusive o veículo de comunicação social, arcarão com as consequências da
publicação, mesmo que estejam reproduzindo matéria veiculada em outro órgão de imprensa.
Art. 22. As penalidades previstas nesta resolução não obstam eventual propositura de ações eleitorais
ou de outras ações cabíveis nos foros competentes.
Art. 23. É vedada, no período de campanha eleitoral, a realização de enquetes relacionadas ao
processo eleitoral.
§ 1º Entende-se por enquete ou sondagem a pesquisa de opinião pública que não obedeça às
disposições legais e às determinações previstas nesta resolução.
§ 2º Se comprovada a realização e divulgação de enquete no período da campanha eleitoral, incidirá a
multa prevista no § 3º do art. 33 da Lei nº 9.504/1997, independentemente da menção ao fato de não
se tratar de pesquisa eleitoral.
Art. 24. Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 18 de dezembro de 2017.

Composição: Ministros Gilmar Mendes (presidente), Luiz Fux, Rosa Weber, Napoleão Nunes Maia
Filho, Jorge Mussi, Admar Gonzaga e Tarcisio Vieira de Carvalho Neto. Vice-Procurador-Geral Eleitoral:
Humberto Jacques de Medeiros.
RESUMINDO A HISTÓRIA

O que podemos observar é que com o passar dos anos,


concomitantemente ao fato das pesquisas eleitorais se tornarem cada
vez mais um mecanismo imprescindível de ferramenta de campanha
dos partidos e candidatos, a Justiça Eleitoral procurou acompanhar
essa evolução ao exigir mais informações para o registro das
pesquisas, ao passo em que possibilitou um acesso mais amplo ao
resultado das mesmas e um controle efetivo por parte dos
interessados, seja o Ministério Público Eleitoral, os candidatos, os partidos
políticos ou as coligações. Todas as alterações nas leis e resoluções foram
feitas com o objetivo de proporcionar transparência ao processo de
realização das pesquisas, desde o seu início até a sua divulgação, que
deve ser púbica e imparcial.
Além da Legislação
Há órgãos técnicos que também regulam as pesquisas: ABEP,
ESOMAR, ASBPM

Além das exigências legais, o código internacional de práticas para a publicação de


resultados de pesquisas de opinião pública da The World Associtation of
Professional Researchers, entidade à qual alguns executivos do IBOPE Inteligência
pertencem, subscrito pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP),
recomenda que, quando da divulgação da pesquisa, o veículo também informe:

• nome da organização de pesquisa que realizou o estudo;

• população pesquisada;

• método de amostragem utilizado;

• tamanho da amostra;

• técnica utilizada para a coleta de dados;

• texto exato das perguntas aplicadas.


PONTOS PRINCIPAIS
A pesquisa eleitoral encontra amparo na liberdade de informação e
vem sendo protegida, desde os primórdios da Era Moderna com a
Declaração Universal dos Direitos Humanos: “todo homem tem direito à
liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem
interferência, ter opiniões e de procurar, receber e de transmitir informações e
ideias por quaisquer meios independentemente de fronteiras”.

Por outra vertente, a pesquisa eleitoral tem a capacidade de influenciar e de


induzir o eleitorado, bem como de ter seus resultados manipulados,
maquinados e distorcidos que pode ser convertida em instrumento privilegiado
de propaganda.

Do choque entre a liberdade de informação e o potencial para desequilibrar o


pleito eleitoral, surgiu à necessidade de controle das pesquisas eleitorais, fato
que motivou o legislador a criar normas para controle. Tais regras estão
contidas na Lei 9.504, de 30/9/1997, cujas normas são regulamentadas pelo
Tribunal Superior Eleitoral, através de Resoluções que, em regra, renovam-se
a cada eleição. Essa regulamentação encontra respaldo no artigo 23, inciso IX,
do Código Eleitoral e no artigo 105 da Lei 9.504, de 30/9/1996.
PONTOS PRINCIPAIS

As influências mais relevantes que se observam com os resultados


das pesquisas eleitorais que se divulgam, costuma ocorrer em três
campos do processo eleitoral: a) no ânimo da militância quando o pleito
envolve candidatos com algum enraizamento em segmentos sociais
organizados; b) na capacidade de captação de financiamento privado para a
disputa; c) no trabalho do marketing político e desempenho midiático que as
intenções de votos publicadas por meio de pesquisas migram de uma zona
de influência para outra. Para os dois últimos campos, a difusão das
pesquisas de intenção de voto cumpre um papel fundamental na elaboração
e desenvolvimento do programa de campanha.

O Poder Judiciário Eleitoral tem contribuído com a idoneidade do processo


de pesquisa eleitoral, cabendo-lhe exercer papel administrativo na avaliação
do registro e divulgação da pesquisa, já que não tem conhecimento técnico
suficiente para averiguação dos dados e escolha de métodos depositados
em Cartório. O Judiciário deveria ter especialista para as análises
estatísticas registradas, para coibirem as pesquisas distorcidas dos dados e
dissociadas da realidade fática.
O cenário – resumo...
O cenário pelo qual transitam as pesquisas eleitorais no Brasil contém aspectos
polêmicos que envolvem desde questionamentos a respeito da veracidade e
imparcialidade dos resultados divulgados pelas instituições de pesquisa até
projetos de lei que objetivam restringir a divulgação dos dados.

A partir do estudo da utilização dessa ferramenta, constam-se diversas funções exercidas


pela pesquisa no processo eleitoral, entre elas a utilização dos números para estratégia de
campanha e marketing e para informação do eleitorado com vistas à formulação de sua
escolha de voto.

Nessa perspectiva, a análise histórica da legislação brasileira é essencial para se verificar a


evolução do debate eleitoral que nunca perdeu força e é cada vez mais impulsionado pela
era digital, propiciando a um contingente cada vez maior de eleitores informações
absolutamente decisivas para a corrida eleitoral.

Diante desse fato, a legislação busca garantir a lisura dos dados por meio da exigência de
registro junto à Justiça Eleitoral, que exige a especificação dos diferentes elementos
utilizados na formulação das pesquisas, como a metodologia e o período de realização da
coleta de dados, por exemplo.
O cenário – resumo...

O registro permite também a disponibilização pública das características das


pesquisas para que sejam submetidas à análise por qualquer pessoa que demonstrar
interesse. No desenvolvimento do trabalho, a pesquisa eleitoral revela seu aspecto de
verificação estatística, formulada mediante a coleta de dados dos eleitores. Entende-
se que as divergências de resultados entre os institutos acontecem pela diversidade de
métodos adotados, seja em relação à escolha da amostra ou a maneira como o
questionário é montado e respondido. Essas diferenças causaram resultados
significativamente diferentes em determinados pleitos e fundamentam boa parte das
tentativas de modificação da legislação eleitoral..

Ainda que as polêmicas mantenham sua contumácia, conclui-se que a pesquisa


eleitoral no cenário brasileiro é útil ao processo democrático e sua divulgação respeita
os princípios da liberdade de informação e de expressão. Além da pesquisa ser
benéfica de maneira geral, reputam-se válidos os esforços para transformá-la em uma
ferramenta mais precisa como publicizar os procedimentos adotados pelos institutos
de pesquisa, a exigência de registro de todos os dados perante a Justiça Eleitoral e a
iniciativa de levar ao eleitor toda a informação necessária para a utilização consciente
dos dados na escolha de seus representantes.
Pesquisa

Como Método Científico

Profª Iris Ramirez


Método Científico

O método científico refere-se a um aglomerado de regras de como se


deve proceder a fim de produzir conhecimento dito científico, quer
seja este um novo conhecimento, quer seja este fruto de uma totalidade,
correção (evolução) ou um aumento da área de incidência de conhecimentos
anteriormente existentes.

Na maioria das disciplinas científicas consiste em juntar evidências


empíricas verificáveis, baseadas na observação sistemática e
controlada, geralmente resultantes de experiências ou pesquisa
de campo, analisando-as com o uso da lógica.
Pesquisa Científica
A partir da consolidação das ciências sociais, os métodos e técnicas
de pesquisas sociais empíricas também se consolidaram.

As pesquisas de opinião pública abriram campo para a realização de


pesquisas de mercado, de pesquisas sociais e de outros estudos de
comportamento de grandes coletividades.

Uma pesquisa científica é um processo de investigação em que se interessa


descobrir as relações existentes entre os aspectos que envolvem os fatos,
fenômenos, situações ou coisas. Em uma pesquisa científica procuramos
utilizar o método científico que, de maneira geral, consiste em realizar as
seguintes etapas para a resolução de um problema:

– definição e delimitação de um problema de pesquisa;


– formulação da hipótese;
– observações, coleta de dados e de informações;
– análise e interpretação dos resultados; e
– rejeição ou não rejeição da hipótese
Pesquisa Científica
É bastante usual a classificação de pesquisas com base em seus objetivos gerais.
Assim, é possível classificar as pesquisas em três grandes grupos: pesquisa exploratória,
pesquisa explicativa, pesquisa descritiva

Exploratórias - visa à descoberta, o achado, a elucidação de fenômenos ou a explicação daqueles que


não eram aceitos apesar de evidentes. A exploração representa, atualmente, um importante diferencial
competitivo em termos de concorrência. A pesquisa tecnológica exploratória oportuniza a obtenção de patentes
nacionais e internacionais, a geração de riquezas e a redução da dependência tecnológica. Novos produtos e
processos podem ser originados por impulsos criativos, que a partir de experimentações exploratórias produzem
invenções ou inovações.

Explicativas - registra fatos, analisa-os, interpreta-os e identifica suas causas. Essa prática visa ampliar
generalizações, definir leis mais amplas, estruturar e definir modelos teóricos, relacionar hipóteses em uma visão
mais unitária do universo ou âmbito produtivo em geral e gerar hipóteses ou ideias por força de dedução lógica. A
pesquisa explicativa exige maior investimento em síntese, teorização e reflexão a partir do objeto de estudo. Visa
identificar os fatores que contribuem para a ocorrência dos fenômenos ou variáveis que afetam o processo.
Explica o porquê das coisas. Nas áreas tecnológicas, há a necessidade da utilização de métodos experimentais
de modelagem e simulação para que os fenômenos físico-químicos sejam identificados para posteriormente
serem explicados.

Descritivas - realiza-se o estudo, a análise, o registro e a interpretação dos fatos do mundo físico sem a
interferência do pesquisador. São exemplos de pesquisa descritiva as pesquisas mercadológicas e de opinião. A
finalidade da pesquisa descritiva é observar, registrar e analisar os fenômenos ou sistemas técnicos, sem,
contudo, entrar no mérito dos conteúdos. Nesse tipo de pesquisa não pode haver interferência do pesquisador,
que deverá apenas descobrir a frequência com que o fenômeno acontece ou como se estrutura e funciona um
sistema, método, processo ou realidade operacional.
Pesquisa Científica
O processo descritivo visa à identificação, registro e análise das
características, fatores ou variáveis que se relacionam com o fenômeno ou
processo. Esse tipo de pesquisa pode ser entendida como um estudo de caso
onde, após a coleta de dados, é realizada uma análise das relações entre as variáveis
para uma posterior determinação do efeitos resultantes em uma empresa, sistema de
produção ou produto.

A pesquisa descritiva pode aparecer sob diversos tipos: documental, estudos de campo,
levantamentos, etc, desde que se estude a correlação de, no mínimo, duas variáveis.

Espontaneidade: o pesquisador não interfere na realidade, apenas observa as variáveis


que, espontaneamente, estão vinculadas ao fenômeno;

– naturalidade: os fatos são estudados no seu habitat natural;


– amplo grau de generalização: as conclusões levam em conta o conjunto de
variáveis que podem estar correlacionadas com o objeto da investigação.

A pesquisa descritiva é, juntamente com a pesquisa exploratória, a mais


habitualmente realizada pelos pesquisadores sociais preocupados com a atuação
prática. É também a mais solicitada por organizações como instituições educacionais,
empresas comerciais, partidos políticos etc.
Pesquisa de Opinião

Pesquisas de opinião são a melhor fonte de informação a respeito do


pensamento geral de uma população sobre os temas sociais e políticos de
um país.

Seu papel no estado democrático é central, funciona como mecanismo de


vocalização de preferências, garante a presença das distintas vontades no
espaço público mais amplo e possibilita a relação de congruência entre o
estado e os cidadãos, sobretudo no horizonte do distanciamento em que
governantes e governados se relacionam no sistema representativo.
O que é Opinião Pública?
Conceito abrangente
“Opinião Pública como a expressão de modos de pensar de
determinados grupos sociais ou da sociedade como um todo
(que pode ser delimitada em municípios, estados, regiões ou
países) a respeito de assuntos de interesse comum em um
dado momento.”

A PESQUISA DE OPINIÃO TORNOU-SE UM INSTRUMENTO


VALIOSO PARA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA TÉCNICA DE MEDIÇÃO DA
OPINIÃO PÚBLICA - PRÓPRIA EXPRESSÃO DESTA.

SUA APLICAÇÃO EXTRAPOLOU OS LIMITES DO CAMPO POLÍTICO, NO QUAL


DESPONTOU COM MAIOR INTENSIDADE, E HOJE TORNOU-SE RECONHECIDO
MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA PARA MUITOS CAMPOS DE
CONHECIMENTO, INCLUSIVE PARA COMUNICAÇÃO SOCIAL.
Conceitos Básicos para Medição
de Fenômenos Sociais
1. Atitude
2. Opinião
3. Relação com Comportamento
4. Opinião Pública: individual X coletivo

O que é uma Atitude? O que é uma Opinião?


“Uma atitude é um estado mental e neural Expressão através da linguagem de uma atitude
de prontidão, organizada através de ou um conjunto de atitudes, seja de caráter
experiências, exercendo uma diretiva ou afetivo (sentimento), comportamental (intenção
influência dinâmica sobre respostas a todos de ação)
os objetos e situações ou cognitivo (crença, informação).
com as quais um indivíduo se relaciona” Opinião é entidade individual, mas intermediada
pelo coletivo, pois indivíduo a insere no contexto
social, adapta suas atitudes quando as expressa
= processo de comunicação.
Uma atitude leva a comportamentos A coleta de dados na maioria das pesquisa fica
consistentes entre si, relacionados a ela no nível da Opinião, pois depende da
==> previsão. “comunicação” entre sujeito pesquisado e
pesquisador.
Conceitos Básicos para Medição
de Fenômenos Sociais

Componentes das Atitudes

• Afetivo: reação emocional, elemento valorativo


(bom/ruim)
Ex: gostar, odiar, temer, raiva, alegria, orgulho
• Comportamental: intencional, elemento de ação
(não confundir com o comportamento em si)
Ex: comprar, beijar, votar para, destruir, apoiar

• Cognitivo: informação, fato, crença, convicção


relativos ao objeto da atitude.
Ex: levará a, tem, são/será, causa, custa, previne, vem de
Conceitos Básicos para Medição
de Fenômenos Sociais

Atitude = Opinião = Comportamento


Atitude => Opinião => Comportamento????
Relação muito complexa, pelas intermediações.
Ex: Atitude (afetiva) sobre pizza: Quem gosta?
=> Comeu na última refeição? Vai comer na próxima?
=> atitude favorável não prevê ação específica.
Melhor medida para prever ação específica é a atitude
direta sobre ela (disposição). Ex: Você pretende comer
pizza na próxima refeição?
No entanto, atitudes globais são fortemente
relacionadas a indicadores gerais de comportamento.
Comportamento Eleitoral: ótimo campo de testes, pois a
ação tem data e hora marcadas.
Conceitos Básicos para Medição
de Fenômenos Sociais
Não-Atitudes
Individual Coletivo
O indivíduo tem capacidade e disposição limitadas para responder a todos
os estímulos que recebe.

Muitos assuntos são tão distantes do indivíduo que ele não forma atitudes
a respeito. Philip Converse, em 1964, mostrou com um painel como as
opiniões individuais mudavam de uma onda para outra de forma aleatória,
conceituando a “não atitude”.

Por outro lado, Page e Shapiro, através da análise de 50 anos de pesquisas


de opinião nos EUA, provaram que a opinião coletiva é estável e bastante
coerente ao longo do tempo.
O CONCEITO DE AMOSTRAGEM

• O autor de Sherlock Homes, Arthur Doyle, tem uma


visão interessante a respeito da teoria da
probabilidade:

“Enquanto um homem individualmente é um


quebra-cabeça insolúvel, no conjunto ele se torna
uma certeza matemática. Você nunca pode prever o
que um homem fará, mas você pode dizer com
precisão o que, em média, um número deles fará.
Individualmente eles variam, mas em média se
mantêm constantes.”

69
CENSO X AMOSTRA
CENSOS

• Coletam informações sobre TODAS as unidades da


população;

AMOSTRAS

• Coletam informações sobre PARTE da população;

População Amostra

70
QUANDO O CENSO
É APROPRIADO ?

Quando o tamanho da população a ser pesquisada é


bastante pequeno

Quando são necessárias informações sobre todos os


elementos da população

Quando os custos de decisão incorreta forem muito altos

71
QUANDO A AMOSTRA
É APROPRIADA?

Quando o tamanho da população a ser pesquisada for muito


grande e o custo e o tempo apropriados necessários para a
obtenção de informações de toda a população tornarem o
censo inexeqüível.

Deve observar-se que cada vez mais agilidade, criatividade e


sobretudo racionalidade em termos da relação custo benefício
são exigidas por todos aqueles que tomam decisões

72
UM POUCO DE HISTÓRIA

• 1936 - “The Literary Digest” com 2.376.583 de questionários devolvidos prevê a


vitória de Landon sobre Roosevelt, errando por uma margem de 19 pontos
percentuais.

• Na mesma eleição, Gallup com 3.000 entrevistas acerta em cheio o resultado da


eleição, utilizando-se de critérios probabilísticos

1a GRANDE CONCLUSÃO
Uma amostra grande não é necessariamente uma boa
amostra!

O tamanho da amostra não determina se ela é de boa ou de má


qualidade. Mais importante do que o seu tamanho é a sua
representatividade, ou seja, o seu grau de similaridade com a
população em estudo. Portanto, todos os grupos sociais e as várias
regiões geográficas devem aparecer na amostra em proporção muito
próxima à da população pesquisada.
73
O CONCEITO DE AMOSTRAGEM

• Imediatamente, vêm à cabeça duas questões básicas:

• Como é que nunca fui entrevistado? Como é que não conheço


ninguém que tenha sido entrevistado?

• Como pode uma amostra tão pequena representar a opinião de


milhões de pessoas? Como que com apenas 1.200 entrevistas é
possível acertar o resultado das eleições para governador de um
estado?

• Contrário ao senso comum, o tamanho da amostra necessária


independe do tamanho da população pesquisada. Uma amostra de
2.000 entrevistas pode ser usada para representar uma nação como um
todo ou apenas um município, praticamente com a mesma precisão

74
PRECISÃO X VIÉS

As amostras são extremamente práticas e


econômicas, porém devem ser elaboradas
corretamente, caso contrário introduzirão viés nos
resultados

A amostra deve ser grande o suficiente para ser


precisa, mas não tão grande a ponto de desperdiçar
recursos

A confiabilidade e a validade dos dados de uma


pesquisa dependem em parte do modelo amostral
utililizado
75
O SIGNIFICADO DA PRECISÃO E DO VIÉS

O melhor teste de precisão de uma amostra é poder


replicá-la e obter resultados muito próximos ao parâmetro
da população.

Uma pesquisa é válida na medida em que ela mede o que


se quer medir, ou seja, para uma pesquisa ser válida ela
não pode ser afetada por fatores estranhos que
sistematicamente levam os resultados para uma direção
particular (viés).

76
A REPRESENTATIVIDADE DA AMOSTRA

• Por que o “The Literary Digest” com 2.376.583


“respostas errou e o Gallup acertou com 3.000
entrevistas?
• Resposta: A segunda amostra era representativa
da população de eleitores e a primeira não.

77
A REPRESENTATIVIDADE DA AMOSTRA

• Definição da variável que será estudada


• Observação do comportamento desta variável no
Universo/População
• Identificação de diferentes grupos no
Universo/População em relação a este
comportamento
• Composição da amostra com representantes de
todos estes grupos

78
O PROCESSO DE AMOSTRAGEM
Identificação da população-alvo

Determinação da estrutura da amostra

Seleção de um procedimento de amostragem

Amostragem Amostragem não


probabilística: probabilística:
Aleatória simples Por conveniência
Estratificada Intencional
Por conglomerado Por quotas
Bola de neve
Determinação do tamanho da amostra

Execução da Amostragem

Coleta de dados junto aos respondentes

Informações para a tomada de decisão


79
Passo 1: IDENTIFICAÇÃO DA POPULAÇÃO-ALVO

• Como o objetivo de toda amostra é estimar


parâmetros da população, é muito importante
que esta seja identificada adequadamente e
com acuracidade.

80
Passo 1: IDENTIFICAÇÃO DA POPULAÇÃO-ALVO

Alguns exemplos:
1. Em uma pesquisa para medir atitudes da
população de determinado município em relação
a uma medida adotada pelo prefeito, a
população–alvo será:
• Aqueles que moram na comunidade?
• Aqueles que moram com 18 anos ou mais?
• Aqueles que votam no município?

81
Passo 1: IDENTIFICAÇÃO DA POPULAÇÃO-ALVO

• A definição da população-alvo deve conter:


• informações demográficas
• cobertura geográfica
• dependendo do objetivo do estudo, outras variáveis, como posse e/ou consumo
de algum produto ou serviço
• período de referência

Alguns exemplos :
• homens com mais de 18 anos residentes na área urbana da Grande São Paulo
em Setembro de 2003
• proprietários de automóvel do fabricante “X” que visitaram o último salão do
automóvel em Junho de 2004
• diretores de escolas da rede pública do Estado de São Paulo existentes em
Janeiro de 2005

82
Passo 1: IDENTIFICAÇÃO DA
POPULAÇÃO-ALVO
• Na hora de identificar a população-alvo da pesquisa os seguintes passos
devem ser seguidos:
• Examinar os objetivos da pesquisa
• Considerar alternativas
• Conhecer o mercado
• Escolher a unidade de amostragem adequada
• Especificar claramente o que é excluído
• Não limitar excessivamente a definição
• Deve ser reproduzível
• Considerar a conveniência
• Considerar a conveniência de realizar mini-censos (ou macro-amostras)
• Ex. Levantamento Sócio Econômico (LSE) do Ibope
• Estrutura Varejista Nielsen

83
Passo 3: SELEÇÃO DE UM PROCEDIMENTO
DE AMOSTRAGEM

Amostragem probabilística é aquela em que cada


elemento da população pesquisada tem uma chance
conhecida e diferente de zero de ser selecionado para
compor a amostra. Vantagem: permite calcular o erro
amostral (testar hipóteses estatisticamente, etc)

Amostragem não probabilística é aquela em que a seleção


dos elementos da população depende ao menos em parte
do julgamento do pesquisador no campo (o entrevistador
recebe normas). Vantagens: custos e prazos
. 84
TIPOS DE AMOSTRAGEM
Amostra não-probabilística
Amostra por Conveniência O pesquisador seleciona membros da população mais acessíveis

Amostra por julgamento O pesquisador usa o julgamento para selecionar os membros da


população que são boas fontes de informação precisa

Amostra por cotas O pesquisador entrevista um número pré-definido de pessoas em cada


uma das várias categorias

Amostra tipo Bola de Neve O pesquisador inicia o processo de entrevista com uma pequena lista e
depois cada entrevistado indica outros possíveis particiapantes

Amostra probabilística
Amostra aleatória simples Cada membro da população tem uma chance conhecida e igual de ser
escolhido

Amostra aleatória A população é dividida em grupos mutuamente excludentes (como grupos


estratificada de idade) e amostras aleatórias são sorteadas para cada grupo

Amostra de conglomerado A população é dividida em grupos mutuamente excludentes (como


em n estágios quarteirões) e o pesquisador sorteia uma amostra de grupos para ser
entrevistada

85
TAMANHO DA AMOSTRA, MARGEM DE ERRO E INTERVALO
DE CONFIANÇA

• Estes são três conceitos conectados, e podem


ser compreendidos em conjunto.

• Vamos abordar os conceitos envolvidos, mas


mostraremos especificamente os cálculos
referentes à amostra aleatória simples.

86
ERRO AMOSTRAL
 O erro amostral é o erro que surge da tentativa de
representar a população com uma amostra.

 O objetivo de toda pesquisa é estimar alguns


parâmetros populacionais através de amostras,
sendo que nenhuma produz resultados que são
precisamente os mesmos da população como um
todo.

 Existe sempre uma chance de aqueles que foram


incluídos na amostra não serem perfeitamente
representativos da população total.

87
ERRO AMOSTRAL
 Sendo assim, as estimativas estão sujeitas a
diferenças entre os dados obtidos através da amostra
e os da população que se está pesquisando.

 Se estas diferenças forem puramente aleatórias são


chamadas de erros amostrais, que podem ser
calculados e controlados.

 Pode-se dizer que a margem de erro diz o quão perto


as estimativas da amostra estão em relação ao
parâmetro da população.

88
ERRO AMOSTRAL
 Ao contrário do que habitualmente se divulga, não
existe um erro amostral único e fechado para a
pesquisa como um todo, pois cada informação
fornecida pela pesquisa tem um erro amostral
correspondente.

 Como exemplo, nas pesquisas políticas, os erros são


geralmente desiguais para os para os diversos
candidatos. A margem de erro comumente divulgada
refere-se a uma estimativa de erro máximo,
considerando-se um modelo de amostragem aleatório
simples.

89
REPRESENTAÇÃO GRÁFICA

M 14
a
r 12
g
10
e
m 8 Erro com 90%
d Erro com 95%
6
e Erro com 99%
4
e
r 2
r
o 0
0

0
* Estimativa de erro máxima
0

0
1

0
com p=50%
1

Tamanho da amostra
90
A DETERMINAÇÃO DO TAMANHO DA AMOSTRA

• O tamanho da amostra não determina se ela é de boa


ou má qualidade, mais importante do que o seu
tamanho é a sua representatividade, ou seja, o seu
grau de similaridade com a população em estudo.

• Todos os grupos sociais e as várias regiões geográficas


devem aparecer na amostra em proporção muito
próxima a da população pesquisada.

91
A DETERMINAÇÃO DO TAMANHO DA AMOSTRA

• Para cada modelo amostral probabilístico (aleatória


simples, estratificada ou por conglomerados) existe
uma fórmula correspondente para calcular o tamanho
da amostra e seus respectivos erros amostrais.

• Para os métodos de amostragem não probabilística,


como o método das quotas, não se pode calcular
rigorosamente os erros de amostragem, só é possível
fazer cálculos aproximativos.

92
A DETERMINAÇÃO DO TAMANHO DA AMOSTRA

• Os elementos que devem ser levados em


consideração na determinação do tamanho
da amostra são o coeficiente de confiança, a
variância do universo, além do orçamento
da pesquisa e do seu prazo de execução.

• O tamanho do universo só deve ser levado


em consideração no cálculo do tamanho da
amostra se for relativamente pequeno, pois,
à medida que o universo aumenta, diminui a
sua influência na determinação do tamanho
da amostra

93
A DETERMINAÇÃO DO TAMANHO DA AMOSTRA

 É justificável um tamanho de amostra maior em


determinado segmento quando:
 deseja-se maior precisão nos resultados;
 necessita-se de mais segmentações na
apresentação de resultados;
 há disponibilidade de uma verba maior e tempo
maior;

94
ERROS NÃO AMOSTRAIS

• Há erros que não se devem aos métodos


probabilísticos usados na amostragem, mas a
outros fatores.

• Na verdade, todas as etapas da realização de uma


pesquisa podem introduzir erros nas estimativas,
que são de difícil mensuração.

• Estes erros podem ser apenas controlados e


minimizados.

95
ERROS NÃO AMOSTRAIS

• Os erros não amostrais quando não


controlados podem alterar radicalmente os
resultados e, conseqüentemente, a
interpretação de uma análise de pesquisa.

• Os institutos especializados tem um conjunto


de técnicas de treinamento de entrevistadores
e vários mecanismos de controle para
minimizar estes erros.

96
ERROS NÃO AMOSTRAIS

• Fontes de erros não amostral:


• Dados demográficos desatualizados que servem de base para
a elaboração das amostras;
• Questionários mal elaborados, com perguntas que induzem a
determinadas respostas;
• A ordem das perguntas no questionário;
• Tipo de vocabulário utilizado no questionário;
• Tamanho do questionário;
• Perguntas não respondidas, distribuídas de forma não
aleatória;
• Entrevistadores mal treinados
• Imposição de problemática (questões distantes do universo
cultural do entrevistado)

97
Etapas da Pesquisa

Do Briefing ao Resultado

Profª Iris Ramirez


Macro Etapas de um projeto de Pesquisa

1. Planejamento da pesquisa

2. Elaboração do instrumento de coleta de dados

3. Pré teste do instrumento

4. Trabalho de campo

5. Codificação e Tabulação

6. Análise e interpretação dos dados


Planejamento
Etapa muito importante – Definições metodológicas
Inicia na Pré aprovação e vai até a Pós aprovação

Briefing – Elemento chave para a definição do problema e para o


planejamento de todas as etapas da pesquisa

Histórico, Objetivo, problemas, padrão de ação, questões específicas,


público alvo, áreas geográficas, limitações de prazos e custos

O instituto deve informar em uma proposta: Fontes de informações,


Instrumento a ser utilizado, Histórico e Objetivos, Metodologia,
Amostra, Análise e relatórios, Prazos e custo.
Planejamento

1. O PROCESSO DA PESQUISA: PLANEJAMENTO E REALIZAÇÃO

COMO TODO MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO, É IMPORTANTE QUE


SEJA DEFINIDO UM PLANO DETALHADO DAS ETAPAS QUE
ENVOLVERÃO A REALIZAÇÃO DA PESQUISA DE OPINIÃO.

NESTE PLANEJAMENTO SÃO IDENTIFICADAS AS ESTRATÉGIAS A


SEREM ADOTADAS, A FIM DE QUE OS OBJETIVOS SEJAM
ALCANÇADOS.

O PLANEJAMENTO VISA ASSEGURAR NÍVEIS DE CONSISTÊNCIA


INTERNA AO PROCESSO, A FIM DE POSSIBILITAR O ALCANCE DOS
OBJETIVOS PRETENDIDOS E EVITAR INCOERÊNCIAS QUE POSSAM
COMPROMETER OS RESULTADOS OBTIDOS.
Planejamento
Definição da Metodologia

Quantitativa ou Qualitativa ?

Necessidade de: Necessidade de:


-Mensuração - Aprofundamento
-Representatividade Percepções
-Projeção
O que é uma pesquisa qualitativa?

A metodologia de pesquisa qualitativa é aquela na qual o pesquisador busca obter


resultados aprofundados através da averiguação com certo número de pessoas. Por se
tratar de uma pesquisa exploratória (que busca definir como é um cenário), é recomendada
para quem deseja fazer uma busca mais geral e depois definir pontos mais específicos. Ou seja, o
público que vai responder a pesquisa qualitativa é que vai ajudar a definir como é o cenário para um
produto ou serviço.

Para ilustrar como é feita uma pesquisa qualitativa, vamos usar um exemplo: uma empresa que
trabalha com produtos de limpeza precisa saber como está sua imagem no mercado perante a
concorrência. Como não há nenhuma premissa sobre a imagem da empresa na opinião dos
usuários, escolhe-se um público alvo e faz-se uma série de questões abertas. Neste exemplo, a
empresa escolheria diversas pessoas para saber quais são as impressões delas em relação ao
produto.

Diferentemente do modelo de metodologia quantitativo, a pesquisa qualitativa busca se aprofundar


nas questões e não em resultados estatísticos. Por isso, sua metodologia é mais complexa.
Normalmente quando as perguntas são mais abertas, as respostas também tendem a ser mais
longas e difíceis de interpretar. Fazer questões que dão liberdade aos entrevistados ajuda a formar o
cenário da pesquisa. Por isso, é primordial fazer este tipo de abordagem.
As dificuldades de se fazer uma pesquisa qualitativa (em relação à quantitativa) não se limitam a
apuração dos dados. Conseguir um público alvo disposto a responder muitas perguntas não é uma
tarefa fácil. Na hora de fazer as perguntas em profundidade, a metodologia qualitativa também se
mostra mais complicada que a quantitativa. Isto acontece porque é necessário deixar o grupo
participante da pesquisa o mais livre possível e ainda demonstrar neutralidade na hora das questões.
A PESQUISA BEM PLANEJADA
Etapas a serem seguidas numa pesquisa
quantitativa

• Planejamento da pesquisa
• Definição da amostra
• Elaboração do questionário
• Elaboração do plano de tabulação
• Aplicação dos questionários e respectiva supervisão
• Codificação das perguntas abertas
• Digitação e crítica dos dados
• Processamento dos dados
• Análise dos dados
• Elaboração da apresentação final para o cliente 104
Planejamento

DEFINIÇÃO DO MÉTODO DE COLETA, DO CRONOGRAMA E DO ORÇAMENTO


A PARTIR DE ANÁLISES E CONSIDERAÇÕES SOBRE AS METAS DA PESQUISA,
PRAZOS DE APLICAÇÃO E O CUSTO, PODE-SE ESCOLHER ENTRE:
- ENTREVISTA PESSOAL
- POR TELEFONE
- ON LINE
- REUNIÕES EM GRUPO

CADA UM DESSES MÉTODOS POSSUI VANTAGENS E DESVANTAGENS. A PARTIR


DA ANÁLISE E DA SELEÇÃO TÉCNICA QUE MAIS SE ADAPTA À PESQUISA
PROPOSTA, É PRECISO POTENCIALIZAR OS ASPECTOS POSITIVOS DE CADA
MÉTODO E TENTAR NEUTRALIZAR OS EFEITOS NEGATIVOS.

CADA ALTERNATIVA IRÁ IMPACTAR DIRETAMENTE O CRONOGRAMA E O


ORÇAMENTO DISPONÍVEIS PARA A REALIZAÇÃO DO ESTUDO
Planejamento

IDENTIFICAÇÃO DO UNIVERSO E DEFINIÇÃO DA AMOSTRA

A PARTIR DA DEFINIÇÃO DO PROBLEMA E DO ESCOPO DA


PESQUISA É POSSÍVEL IDENTIFICAR SEU UNIVERSO.

APÓS A IDENTIFICAÇÃO DO UNIVERSO É PRECISO DECIDIR SE


A PESQUISA IRÁ ENGLOBAR A TOTALIDADE DOS SEUS
COMPONENTES, OU SE IRÁ ENGLOBAR APENAS PARTE DESTE
UNIVERSO.

A ESTATÍSTICA POSSUI FERRAMENTAS QUE GARANTEM,


COM BASTANTE CONFIABILIDADE A REPRESENTATIVIDADE DE UMA
AMOSTRA.
Planejamento

Assim, surge a indagação: Por que um erro grave,


compromete as pesquisas? Levantamos algumas hipóteses,
dentre elas a mais importante é de que a Estatística, assim como
qualquer ferramenta científica, parte de pressupostos que
devem ser respeitados, tais como, por exemplo, a distribuição
aleatória e representativa da amostra em relação à população
em estudo. Um sistema eficiente de controle de qualidade da
coleta de dados - lembrar, quem colhe os dados, são pessoas
que na maioria, não tem treinamento adequado para agir com
imparcialidade no momento da entrevista, dentre outras
questões operacionais.
O QUESTIONÁRIO

• As perguntas do questionário são os


componentes mais importantes de uma pesquisa,
pois tem um efeito muito mais profundo nos
resultados da pesquisa do que qualquer outro
elemento isolado.

• Três aspectos relevantes devem ser observados


na elaboração das perguntas:
• objetividade
• simplicidade
• brevidade

108
O QUESTIONÁRIO
• Questões curtas estão menos sujeitas a erro tanto por parte do entrevistado
quanto do entrevistador.

• Quando as perguntas se tornam muito longas, a tendência é de que os


entrevistados se esqueçam da primeira parte da questão, antes mesmo de ter
ouvido a pergunta toda.

• Os requisitos de clareza e simplicidade garantem que todos os entrevistados


interpretarão a questão da mesma maneira.

109
O QUESTIONÁRIO

• Outros pontos importantes na hora de formular


as perguntas são o vocabulário e a gramática
utilizados.
• Usar, na medida do possível, palavras que fazem
parte do cotidiano do indivíduo e sentenças
simples. É preferível duas ou mais sentenças
simples do que uma composta.
• Não podemos esquecer que a maior parte da
população brasileira tem um nível de
escolaridade bastante baixo.

110
O QUESTIONÁRIO

• A elaboração das perguntas também deve ser


cuidadosa para evitar toda e qualquer fonte de
viés na resposta e no questionário.

• Eliminar perguntas que levem a respostas:


• socialmente desejáveis;
• influenciadas por uma tendência global de concordância ou
não;
• baseadas na percepção do entrevistado do que é desejável
para o cliente, etc...

111
O QUESTIONÁRIO

• Evitar perguntas que:

• tenham palavras com sentido ambíguo;


• usem palavras muito enfáticas;
• não sejam aplicáveis a todos;
• exijam muito da memória;
• tenham duas questões implícitas;
• sejam tendenciosas, etc...

112
FUNDAMENTOS DA ANÁLISE DE DADOS

• Entender a necessidade das técnicas de preparação preliminar dos


dados.

• Tornar familiares as técnicas de consolidação das informações obtidas


na pesquisa.

• Muito embora a análise de dados possa contribuir para a obtenção de


conhecimentos significativos, ela não resgata uma pesquisa mal
concebida.

• Se o propósito da pesquisa não for bem elaborado, se as questões de


pesquisa forem irrelevantes ou se as hipóteses forem inviáveis ou sem
interesse, a pesquisa vai precisar de muita sorte para ter qualquer
utilidade.

113
FUNDAMENTOS DA ANÁLISE DE
DADOS
• A análise de dados dificilmente compensaria uma pergunta mal
formulada, um procedimento de amostragem inadequado ou um trabalho
de campo descuidado.

• Por outro lado, a análise de dados tem também o potencial de arruinar


uma pesquisa bem estruturada.

• As técnicas utilizadas de forma inapropriada podem levar a julgamentos e


conclusões, no mínimo, incompletos e pouco claros, ou até mesmo
equivocados.

114
PREPARAÇÃO DOS DADOS PARA A
ANÁLISE
• Antes de se iniciar o processo de análise dos
dados a primeira etapa a ser cumprida consiste
na filtragem dos questionários para verificações
do tipo :

 Todas as perguntas têm resposta associada ou


alguma está em branco
 As perguntas-filtro foram observadas
 Códigos inexistentes foram associados
 Consistência das respostas entre si
 Ambigüidade (qual dos itens recebeu o “x”)
115
A CODIFICAÇÃO

• Outra etapa consiste na codificação de cada


pergunta, que pode se dar em 2 momentos :

 Pré-codificação  associação de um código a cada


opção de resposta já na elaboração do questionário
(perguntas fechadas).
 Pós-codificação  associação de códigos às
respostas somente no retorno dos questionários,
após a listagem de todas as respostas obtidas e
análise das respostas com mesmo significado, que
ficarão sob o mesmo código (perguntas abertas).
116
A CODIFICAÇÃO
• A codificação de perguntas fechadas é bastante
direta.

• A codificação das perguntas abertas é muito mais


complexa. Este trabalho envolve um julgamento
sobre a acertiva da correspondência entre a
resposta e o item da listagem escolhido.

• Freqüentemente é aplicado um controle de


qualidade na codificação das perguntas abertas, o
trabalho é codificado por 2 codificadores
diferentes e é calculado o índice de coincidência
das classificações.
117
A TABULAÇÃO
• Após a filtragem e codificação das perguntas, o próximo passo é a tabulação
dos dados.

• A tabulação consiste, simplesmente, em contar o número de casos que caem


em cada uma das várias categorias de respostas.

• O uso básico da tabulação é para:


– Determinar a distribuição empírica (distribuição de freqüência)
– Calcular a estatística descritiva, média ou porcentagens.

• As estatísticas descritivas podem oferecer números precisos, simples e


significativos para sumarizar as informações de um grande conjunto de
dados.

118
A TABULAÇÃO CRUZADA

• Em seguida, são feitas tabulações cruzadas.

• Na tabulação cruzada, a amostra é dividida em


subgrupos, para que se verifique como a
variável dependente varia de grupo para grupo.

• A variável dependente (aquela que se quer


explicar) deve ser tabulada pelas
independentes (aquelas que poderiam explicar
o fenômeno estudado).
119
A TABULAÇÃO CRUZADA

• Num primeiro momento, todas as variáveis


demográficas são utilizadas como variáveis
independentes (sexo, idade, grau de instrução,
local de moradia, etc...).

• Outras variáveis (perguntas) podem ser


utilizadas como variáveis independentes.

120
A TABULAÇÃO CRUZADA
• A tabulação cruzada ajuda a verificar se existe qualquer
associação entre duas variáveis nominais. Para analisar o
relacionamento entre duas variáveis ou mais, a análise
multivariada pode ser empregada.

• Cuidado com as possíveis relações entre variáveis que


possam ser decorrentes de variáveis intervenientes.

• Sempre que necessário trabalhe com variável de


controle.
• Se a relação não for espúria, certamente a magnitude da
relação mudará.
121
A PONDERAÇÃO
• A ponderação é o procedimento pelo qual cada
respondente no banco de dados recebe um peso,
de acordo com uma regra pré-estabelecida.

• É o cálculo de um fator de ajuste que deverá ser


aplicado nas respostas, de forma a corrigir as
diferenças entre o peso do grupo no Universo e
na amostra (no caso de amostras
desproporcionais, por exemplo).

• Este procedimento também é conhecido como


EXPANSÃO da amostra.
122
“Pirâmide do Conhecimento”
Conclusões e Recomendações
de diferentes fontes 
planejamento estratégico
Conhecimento
Interpretação das
Conclusões descobertas da pesquisa

Responder aos
Respostas objetivos da pesquisa

Informações Análise descritiva


dos dados
Dados
Pesquisa X Informação
• Ter acesso a resultados de várias pesquisas sobre
um objeto é sempre melhor do que analisar uma
isoladamente (banco de dados “formal” ou
“mental” é sempre uma vantagem).

• Ter acesso a outras fontes de informação 


ampliar o conhecimento

• Ter dados evolutivos sobre um tema ou a


performance da concorrência é sempre melhor do
que analisar um isolado  gerar uma referência.
Analisar pesquisa é...
• “Contar” os resultados de forma precisa (método
científico) e objetiva  DESCRIÇÃO
– para o total da população (amostra)
– para segmentos de interesse
• “Relacionar” de forma válida (método científico) os
resultados entre si  EXPLICAÇÃO
– Associações/Correlações
– Padrões/Repetições
– Modelos
• “Contextualizar” resultados/ síntese  CONCLUSÃO
– Problema do cliente
– Ambiente da decisão/ação do cliente
Conclusão X Recomendação
• É perfeitamente possível cumprir essas três etapas
de análise de pesquisa sem chegar à fase de
recomendações estratégicas para o cliente.

• No entanto, conclusões válidas são mais de “meio


caminho andado” para recomendações corretas.

• Fazê-las ou não dependerá do envolvimento com


o cliente, de suas expectativas, do conhecimento
sobre o “entorno” da questào estudada e do
posicionamento do analista/instituto.
“Pecados Capitais” e Erros
Comuns
1. Pensar que sabe de antemão o resultado da pesquisa
 não vai analisar, procurar novidades, diferenças …

2. “Dourar a pílula” quando resultados forem negativos


ou tentar “melhorar o quadro” para o cliente 
Parcialidade na interpretação  Ex: somar o “regular”
ao “ótimo/bom”

3. Não identificar fatores mais importantes/ não


hierarquizar variáveis  “quem tudo quer, tudo perde!”
Ex: listar todas as qualidades desejadas num
governante X análise para apontar as mais
relevantes para o cliente, estrategicamente
falando.
“Pecados Capitais” e Erros
4.
Comuns
Não querer dizer “não sei”, não admitir limites da
pesquisa realizada, da análise feita, do próprio
conhecimento, da própria atividade de pesquisa como
um todo...
5. Não revisar (ideal  discutir com colegas, agregar,
validar)
6. Valorizar resultados inexpressivos  “encher
linguiça”, só polui uma tabela ou gráfico e não agrega
informação
Ex. respostas a uma pergunta aberta de apenas
1% da amostra

7. Não considerar as bases amostrais, principalmente ao


analisar segmentos
Ex.: identificar um comportamento com base em 5
pessoas
“Pecados Capitais” e Erros Comuns
8. Falar de “tendências”, sugerir movimento da OP ou do
Mercado em determinada direção, apenas com 2
pontos de medição no tempo.

9. Não checar a significância de uma diferença


Ex. Numa escala de 5 pontos, o produto A é
avaliado com média 4,5 e o produto B com média
4,2. Afirmar que o produto A é vencedor pode induzir
a uma decisão “errada”, a diferença entre as 2
médias pode não ser significativa

10. Usar “modelos” que não domina ou de situações


semelhantes anteriores, simplificando a análise.
Ex: se Prefeito está com avaliação muito positiva é
muito provável que será reeleito ou que “fará seu
sucessor”.
“Pecados Capitais” e Erros Comuns
11. Não “fazer as contas” em termos do resultado real/não
projetar para universo pesquisado.
Ex: destacar que o candidato está muito bem entre
“as mulheres jovens”, sem lembrar que
correspondem a apenas 10% do eleitorado.

12. “Falácia do Tempo como Unidade de Análise” : afirmar


que duas variáveis estão correlacionadas somente com
base em movimento das duas ao longo do tempo.
Ex: “Conforme cresceu inflação, também cresceu
compra na categoria de higiene pessoal” 
correlação entre inflação e cuidados com higiene?!
“Pecados Capitais” e Erros Comuns
13. “Falácia Ecológica”: afirmar que duas variáveis estão
correlacionadas comparando medidas agregadas com
medidas individuais.
Ex: “Países com maior taxa de desemprego também
são os que têm pessoas mais otimistas”
 correlação entre desemprego e otimismo?!
14. Estabelecer Associações/Correlações Espúrias:
Afirmar que duas variáveis estão correlacionadas entre si,
quando na verdade as duas estão ligadas a uma terceira, a
Variável “interveniente”.
Ex: Lembrança da Campanha “O melhor do Brasil é o
brasileiro” cresce quanto maior for o município onde o
entrevistado mora  correlação entre “lembrar da
campanha” e “porte do município” ?!
 na verdade, as duas estão fortemente
correlacionadas com escolaridade.
 controlando por escolaridade, somem as
diferenças por porte de município.
Pesquisa Eleitoral

E suas polêmicas

Profª Iris Ramirez


Pesquisa Eleitoral - Definição

Pesquisa eleitoral como “o levantamento e a


interpretação dos dados da opinião do eleitorado sobre
os candidatos e as eleições, mediante metodologia
científica”

Não foge, portanto, a pesquisa eleitoral de uma


verificação estatística, realizada mediante a colheita
de dados do corpo eleitoral e que, a partir da
interpretação desses números, fornece importante
informação não apenas para a estratégia de campanha
dos candidatos políticos como também ao eleitor que
muitas vezes se encontra indeciso diante do rol de
candidatos.
COMO ENTENDER UMA PESQUISA NO CONTEXTO
ELEITORAL
As pesquisas devem ser avaliadas dentro do processo eleitoral.
Como a pesquisa é um retrato do momento , seus resultados têm de ser tratados
como uma fonte a mais de evidência no contexto analisado. Os dados devem sempre ser avaliados à luz da
experiência, do bom senso e de outras informações pertinentes ao processo eleitoral.

É preciso também ter sempre claro que as pesquisas não são


infalíveis, pois seus resultados não representam números exatos, mas sim estimativas. Como estimativa,
a pesquisa é uma ferramenta importante porque permite que seja conhecida, por meio de amostras estatísticas, a
opinião do conjunto da sociedade.

Perecibilidade e volatilidade da pesquisa


A variação da opinião pública determina a perecibilidade das pesquisas. Como a opinião
pública é dinâmica e responde aos estímulos que recebe, é sujeita a influências variadas -
campanha, fatos inesperados, debates etc. Portanto, não se pode considerar os resultados
de uma pesquisa feita uma semana antes da eleição como se fosse o prognóstico eleitoral.

Analisando eleições recentes, podemos encontrar diversos resultados que mudaram significativamente de um dia
para o outro. Com frequência, as viradas acontecem nos últimos dias que antecedem a eleição. Portanto, as
pesquisas devem sempre ser inseridas no contexto na qual foram realizadas.
IBOPE
Eleições 2010
Diferenças metodológicas

Nos últimos meses, as pesquisas divulgadas pelos principais institutos de pesquisa sobre a sucessão presidencial foram
questionadas por apresentarem resultados com diferenças que, mesmo quando dentro dos intervalos das margens de erro
amostral, parecem “contar histórias” diversas sobre este período da pré-campanha eleitoral. Isso, segundo os críticos,
confundiria os que se valem das pesquisas eleitorais para compreender os movimentos do eleitorado, incluindo os próprios
eleitores que seguem o noticiário político.
As razões para tais diferenças são basicamente de duas ordens:

Diferenças metodológicas: há empresas que realizam entrevistas domiciliares, outras o fazem em pontos de fluxo. Além
disso, existem diferentes fontes de dados, peso do eleitorado por unidade geográfica, formulações de pergunta e mesmo
ordem das perguntas no questionário.

Diferenças de contexto: o que estava acontecendo no cenário político no período em que o trabalho de campo foi realizado.
As diferenças metodológicas entre os principais institutos brasileiros referentes aos planos amostrais, ou seja, como é
desenhada a amostra que será utilizada na pesquisa para representar a população estudada (seja no país, estado ou
município) são tecnicamente mais complexas, mas tendem a gerar diferenças percentuais dentro das margens de erro das
respectivas pesquisas e muito raramente apontam tendências inversas, se os trabalhos de campo foram realizados
simultaneamente.

Já as diferenças metodológicas relativas aos questionários podem ser um dos fatores que mais explicam as possíveis
divergências observadas nessa pré-campanha presidencial. Existem aqui duas correntes de pensamento, uma que diz que
estimular o eleitor a pensar sobre como avalia o atual governo, refletirá melhor na escolha do candidato em que irá votar
nas próximas eleições e outra que acredita que esse será um aprendizado adquirido ao longo da campanha e que não deve
ser antecipado. É exatamente por isso que a legislação eleitoral brasileira exige que o instituto entregue o modelo de
questionário utilizado quando registra uma pesquisa para divulgação, para que todas as informações possam ser
contextualizadas e corretamente interpretadas. 135
IBOPE
Diferenças metodológicas

Há, ainda, diferenças de contexto no período de realização das entrevistas e esse fator ganha relevância nessa fase de pré-
campanha, caracterizada pela volatilidade: as atenções do eleitorado não estão ainda focadas na disputa eleitoral (o eleitor
está mais suscetível a estímulos e o efeito destes é temporário); as informações sobre as candidaturas ainda estão sendo
geradas e disseminadas de forma desigual (no tempo, por candidatura e por segmentos do eleitorado); algumas decisões de
forte impacto político são tomadas nesse período (candidaturas confirmadas, chapas, alianças). Assim, a diferença de alguns
dias entre os trabalhos de campo de um instituto para outro pode gerar diferenças significativas de resultado.

Voltemo-nos, portanto, para as rodadas de pesquisas e observaremos que o “final da história” é o mesmo em todos os
levantamentos: Dilma Rousseff consolidou-se como candidatura situacionista e, até o momento, apresenta certo favoritismo
em uma disputa polarizada com José Serra.

Esse diagnóstico comum reflete um contexto, aí sim, bem mais consistente e estável do que os sucessivos momentos da pré-
campanha. Chamamos a isso de contexto da disputa política, ou seja, em que terreno, sobre quais pilares, a escolha dos
eleitores se dará? Todas as análises descrevem um contexto político marcado pelo forte desejo de continuidade das
conquistas nas áreas econômica e social.

136
IBOPE
Diferenças metodológicas

Mas o que podemos dizer sobre os efeitos dos contextos momentâneos das pesquisas de maio? Observando os resultados
do Datafolha e do IBOPE Inteligência, por exemplo, verifica-se que o período de coleta de dados foi realizado em datas
distantes, com contextos marcados diferentemente pelas veiculações das propagandas eleitorais do PT (programa em 13 de
maio) e do DEM (programa em 27 de maio). Isso coloca duas possibilidades teóricas:

O contexto fez diferença: nesse caso, o fato de ambos os institutos encontrarem o mesmo resultado (Dilma e Serra
empatados) significa que Dilma teria continuado a crescer em cima do eleitorado de Serra caso o programa e os comerciais
do DEM não tivessem sido veiculados.

O contexto não fez diferença: nesse caso a coincidência de resultados pode sugerir que se o Datafolha fizesse um campo nas
mesmas datas do IBOPE Inteligência é possível que obteria outro resultado, em consequência das diferenças na metodologia
amostral.

Nossa opinião é a de que tenha ocorrido a primeira possibilidade, ou seja, as propagandas políticas tiveram seus efeitos e o
empate que o IBOPE Inteligência encontrou já incorpora esse contexto. Para chegar a tal conclusão nós nos baseamos nos
dados de audiência de televisão, especificamente nas estimativas de alcance (porcentagem de indivíduos diferentes de 16
anos ou mais que assistiram à transmissão) dos programas eleitorais do PT e do DEM, assim como das inserções dos dois
partidos em abril e maio.

A estimativa é de que 83% dos eleitores (brasileiros de 16 anos ou mais) tenham sido expostos aos comerciais do PT e o
mesmo percentual foi encontrado para os comerciais do DEM. Já o programa do PT alcançou 27% dos eleitores, contra 26%
do DEM. O eleitorado, portanto, teve o mesmo nível de exposição à propaganda partidária de ambos os partidos.

137
IBOPE
Diferenças metodológicas

Corroborando esses dados de mídia, quando perguntamos na nossa pesquisa se, “nas duas últimas semanas”, o entrevistado
tinha assistido/ouvido comerciais ou programas em que aparecia algum dos candidatos a presidente o resultado obtido foi:
Dilma Rousseff 24%, José Serra 23%, Marina Silva 11% e 67% declararam não ter visto/ouvido nada. Conforme poderíamos
esperar, a exposição percebida/declarada à propaganda eleitoral é muito menor do que a estimada pelos dados de
audiência, mas a equidade entre os dois principais candidatos nesse aspecto permanece.

Por outro lado, o cruzamento dessa pergunta com a intenção de voto estimulada sinaliza para um possível diferencial de
impacto da comunicação do PT e do DEM no desempenho das suas candidaturas a presidente: entre quem declara ter visto
Dilma em comerciais/programas ela obtém 33% dos votos contra 20% para Serra. Já entre quem declara ter visto Serra nas
propagandas, há um empate de 40% a 41%.

Esse impacto diferenciado provavelmente resulta dos diferentes patamares de conhecimento dos dois candidatos, ou seja,
para Dilma Rousseff a comunicação intensiva tem mais espaço para atuar, sobretudo no que diz respeito a marcá-la na
cabeça do eleitor como a candidata do Presidente Lula e da continuidade.

138
IBOPE
Comportamento do eleitor

Como já foi explicado neste artigo, o eleitor está mais pragmático em suas escolhas eleitorais, referenciando sua decisão de
voto na experiência eleitoral anterior, na avaliação do desempenho do governo atual e nas candidaturas que percebe como
mais capazes de dar continuidade aos avanços que o Brasil obteve em vários aspectos, sobretudo na economia e na área
social.

Esse pragmatismo crescente pode decorrer de um maior sentimento de eficácia política dos cidadãos no sentido de que ao
longo das duas últimas décadas, eles vêm amadurecendo e percebendo cada vez mais que o voto tem consequências nas
condições de vida da população. Ou seja, de fato, a prática da democracia parece ser a melhor educação política para a
sociedade.

Nesse amadurecimento político, os eleitores passaram a perceber a continuidade de políticas públicas bem-sucedidas como
fundamental para a melhoria da qualidade de vida. Em outras palavras, a continuidade de programas, ações e políticas bem-
avaliadas passou a ser um valor para os eleitores, significando responsabilidade por parte dos governantes, em termos de
respeito aos recursos e espírito públicos.
Esses fatores reforçam o maior envolvimento dos eleitores com o processo político-eleitoral, levando-os a se sentir mais
incluídos na campanha e aumentando sua disposição em se informar sobre as questões propostas pelos candidatos e em
votar.

Ao que tudo indica, a eleição será um bom exercício dessa participação dos eleitores, requerendo dos cidadãos mais atenção
na escolha, já que terão que decidir qual dos candidatos será o mais adequado para dar continuidade ao trabalho de Lula.

139
IBOPE
Comportamento do eleitor

Com o objetivo de entender melhor a escolha do eleitor, o IBOPE Inteligência realizou um estudo intitulado “Cenário
Eleitoral 2010: Mudanças e Continuidades no Comportamento Eleitoral do Brasil Pós-Lula” no qual foram identificados
quatro perfis atitudinais em relação à política do país.

O principal grupo foi batizado como “cada cabeça uma sentença” e reúne uma parcela grande da população brasileira que
vota de acordo com seus interesses pessoais do momento. O importante, para esse eleitor, é entender que vantagem ele
leva escolhendo um ou outro candidato. Os eleitores que se beneficiam de programas assistenciais e que esperam do
governo uma atuação paternalista com o cidadão formam o grupo “meu governo, minha vida”. Mas há, também, eleitores
mais moralistas, religiosos e tradicionalistas, que compõem o grupo chamado de “apegados”, e aqueles mais jovens, com
maior renda, que formam o grupo dos “livres e antenados”.

Neste contexto eleitoral que se configura parece que fatores puramente atitudinais não são suficientes para explicar a
intenção de voto nos principais candidatos, perdendo importância quando comparados com variáveis conjunturais, como a
percepção da capacidade de o candidato dar continuidade aos programas e às ações do governo atual, o apoio/oposição a
Lula, o nível de informação, a imagem dos candidatos e o alinhamento partidário dos eleitores.

Apegado - conservador, tradicionalista, evangélicos


Meu governo minha vida- acha normal um governo paternalista, recebem benefício
Livres antenados – jovens, mais escolarizados, sem filhos, sem religião definida, aberto a
experimentação
Cada cabeça uma sentença – analisa os candidatos e onde vai se dar bem (36%)
140
IBOPE
Como se explica as disparidades entre pesquisa e resultado

Tendências são apontadas – movimento é captado

Os candidatos com perfil de eleitorado de menor renda – maior media de abstenção

Aloysio Nunes – 19% pesquisa – resultado 31% - série histórica mostra os indecisos

É diagnóstico do momento não prognóstico do futuro

A opinião muda de acordo com as informações que surgem

Pesquisa não é verdade absoluta – é mais uma informação

Onde erramos EM 2010– SC, PB, AC

Crescimento de Marina – na análise – eleição indefinida se vai ou não no 1º turno

Precisão do número – fica dentro da margem de erro

Monitora uma opinião


141
Instituto Datafolha
100% das últimas eleições
presidenciais foram previstas
pelo Datafolha.

Pesquisa: 40% Dilma e 24% Aécio

Pesquisa: 52% Dilma e 48%


Aécio
IBOPE
Ibope e Datafolha divulgam última pesquisa presidencial do 1º turno
Pelos dados dos institutos, não é possível saber se haverá 2º turno.
No Ibope, Dilma obtém 51% dos votos válidos; no Datafolha, 50%.
Do G1, em São Paulo

Os institutos Ibope e Datafolha divulgaram neste sábado (2) as últimas pesquisas de intenção de voto para a disputa presidencial antes da votação deste domingo (3).
O Ibope aponta a candidata do PT Dilma Rousseff com 51% dos votos válidos (sem considerar brancos, nulos e indecisos). O Datafolha mostra a petista com 50% dos votos
válidos. Como a margem de erro nas duas pesquisas é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, não é possível afirmar se a disputa vai para o segundo turno.

Para vencer no primeiro turno, é preciso ter a maioria absoluta dos votos válidos. Confira abaixo os dados dos dois institutos.

Ibope

Foram realizadas 3.010 entrevistas entre sexta-feira (1º/10) e sábado (2/10). O número de registro no TSE é 33.252/2010. O levantamento foi encomendado pela TV Globo e
pelo jornal "O Estado de S. Paulo" - veja mais detalhes da pesquisa Ibope.

VOTOS VÁLIDOS (excluindo brancos, nulos e indecisos)

Dilma Rousseff (PT): 51%

José Serra (PSDB): 31%

Marina Silva (PV): 17%

Outros candidatos: 1%

Datafolha

Foram realizadas 20.960 entrevistas entre sexta-feira (1º/10) e sábado (2/10). O número de registro no TSE é 33.480/2010. O levantamento foi encomendado pela TV Globo
e pelo jornal "Folha de S.Paulo" - veja mais detalhes da pesquisa Datafolha.

VOTOS VÁLIDOS (excluindo brancos, nulos e indecisos)

Dilma Rousseff (PT): 50%

José Serra (PSDB): 31%

Marina Silva (PV): 17%

Plínio de Arruda Sampaio (PSOL): 1%


143
Zé Maria (PSTU), Eymael (PSDC), Rui Costa Pimenta (PCO), Ivan Pinheiro (PCB) e Levy Fidelix (PRTB) não atingiram 1% dos votos válidos.
Segundo a última pesquisa Ibope divulgada dia 1º de outubro de 2016,
encomendada pela TV Globo e pelo jornal “O Estado de São Paulo”, João
Doria está na liderança com 35% das intenções de voto, excluindo os votos em
branco e nulo, com a possibilidade de ir ao segundo turno com Celso
Russomanno que recebeu 23%.
Pesquisa Eleitoral para Prefeitura de São Paulo

Intenções de BRANCOS (5,29%)


Candidato Votos (%) Resultado
NULOS (11,35%)
João Doria (PSDB) 35% 53% ABSTENÇÕES (21,84%)
Celso Russomano (PRB) 23% 14%
Desde a redemocratização,
Marta (PMDB) 19% 10%
nunca se viu nas eleições
Fernando Haddad (PT) 15% 17% municipais da capital taxas tão
elevadas de paulistanos
Luiza Erundina (PSOL) 5% 3%
declarando intenção de voto
João Bico (PSDC) 1% 0 branco e nulo no período
Levy Fidelix (PRTB) 1% 0 correspondente, a cerca de
três meses da eleição. Fosse
Major Olimpio (SD) 1% 2%
um candidato, a categoria
Ricardo Young (Rede) 0% 1% alcançaria as primeiras
Altino (PSTU) 0% 0
colocações –sintoma clássico
nas crises de representação.
Henrique Áreas (PCO) 0% 0
Pesquisa Eleitoral para Prefeitura de São Paulo - 2016

A eleição de 2016 também confirmou uma tendência que os institutos vêm


observando desde 2014: o eleitor está mudando de ideia cada vez mais rápido e
em cima da hora de votar e, com isso, os levantamentos não estão conseguindo
acompanhar o ritmo da volatilidade eleitoral. "É a hora de a gente rever e
aprimorar os métodos de pesquisa", disse Marcia, que atua há mais de 30 anos
no segmento. Na entrevista, a pesquisadora fala ainda sobre o fenômeno João
Doria (eleito no 1º turno em São Paulo) e o impacto que o tsunami de notícias
de 2016 (impeachment, Olimpíada e Lava Jato) teve sobre as urnas.

Pergunta. A vitória do João Doria no primeiro turno na capital paulista foi uma surpresa? A
pesquisa anterior mostrava um salto, mas não falava em vitória em primeiro turno.

Resposta. A gente sabia que haveria mudanças e por isso resolveu fazer por conta própria, com investimento nosso, o
boca de urna em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde os quadros não estavam muito definidos. A gente previa
mudanças porque, no meio da semana, pra se ter uma ideia, 39% das pessoas em São Paulo falavam que ainda
precisavam de mais informações sobre os candidatos pra tomar decisão de voto. Mas a história da eleição foi contada
pelas pesquisas: o Doria, que começou com 9% das intenções de voto total, foi subindo a cada levantamento, enquanto
o Celso Russomanno, que começou muito bem, foi caindo. Agora, independente das pesquisas, a surpresa da vitória do
Doria foi pelo fato de São Paulo nunca ter tido uma vitória no primeiro turno. A votação mais expressiva do PSDB na
cidade tinha sido em 2004, com o José Serra, que teve 44% dos votos válidos. O Doria, que não tinha uma carreira
política, que não era um político conhecido na cidade, emplacar uma eleição com 53% dos votos válidos, enfrentando
nomes muito conhecidos, como um apresentador de televisão, duas ex-prefeitas e o atual prefeito, é um fenômeno
mesmo.
Pesquisa Eleitoral para Prefeitura de São Paulo - 2016

Mas na véspera, o Doria aparecia com 35% das intenções de votos válidos no Ibope [no
Datafolha o percentual era maior: 44%]. Essa foi a eleição do voto útil?

R. O que a gente tem visto é um eleitor cada vez mais desinteressado. Na pesquisa que a gente
divulgou no sábado, a metade dos eleitores de São Paulo diziam que estavam pouco ou nada
interessados pela eleição. Isso é alto. E as pessoas não estavam só desinteressadas, mas com um
sentimento de forte rejeição à política, por conta de toda a crise, por conta da Lava Jato... Então
havia uma desilusão. Aí ele apareceu como uma coisa nova, uma proposta de um cara que não
era político e aí talvez isso tenha gerado algum 'vamos acabar logo com isso' entre os eleitores.
Agora, o mais surpreendente, apesar de as pesquisas já apontarem uma queda, foi a Marta
terminar como uma candidata pequena... Um dia antes ela tinha 19% das intenções de votos
válidos, e ela terminou com 10%. Foi uma mudança muito rápida. Esse fenômeno da
volatilidade, de decisão de última hora, não é novidade nessa eleição. Já nas outras também
tinha. Mas nas eleições municipais isso se potencializou. O que mostra que esse debate das
questões da cidade não importou muito. Aí tem a questão também da estratégia das
campanhas: ficou todo mundo lá discutindo quem iria competir com ele, e deixaram ele correr
solto. Ninguém questionou nada do Doria. Então favorece o eleitor escolher fazer um voto útil.
Pesquisa Eleitoral para Prefeitura de São Paulo - 2016

Quanto a pesquisa influencia na tomada de decisão do eleitor?

R. A pesquisa é uma informação a mais para que o eleitor faça sua escolha, dentro de um
universo todo de informações. Então se ele resolve ou não usar essas informações pra fazer um
voto estratégico, isso faz parte da democracia. Quanto mais informação o cidadão tem, melhor
pra tomada de decisão do voto dele, seja ele um voto estratégico ou não. Mas isso é
controverso pelo seguinte: se influenciasse tanto assim, quem começou na frente foi o
Russomanno. Por que ele foi caindo? E por que o outro [o Doria] que começou com 9% foi
subindo? Então as pesquisas são usadas e interpretadas nos contextos em que estão. Se
também fosse assim, a gente não ia ver viradas. E a gente vê viradas nas campanhas eleitorais.
Viradas de última hora. Por 'n' razões. É o caso, por exemplo, do Rafael Greca: a campanha em
Curitiba estava caminhando para acabar no primeiro turno, aí ele falou uma besteira e, de uma
pesquisa pra outra, caiu 15 pontos, que foram para um terceiro candidato, que não tinha nem
dois dígitos, e agora vai enfrentá-lo no segundo turno [Ney Leprevost].
Pesquisa Eleitoral para Prefeitura de São Paulo - 2016

P. Os institutos atribuem muito às redes sociais a volatilidade do eleitor. Agora,


o João Doria era o candidato com o maior tempo de TV em São Paulo. A
televisão ainda é a principal fonte de informação ou as redes sociais já estão
alcançando esse grau de influência?

R. A TV ainda continua sendo a maior. Isso o ajudou com certeza. E


também tem um apelo, de como as pessoas estão cansadas da
política, o discurso dele teve uma aderência muito grande

P. O Ibope cogita mudar a metodologia de pesquisa eleitoral, já que desde 2014 essa
disparidade nos resultados têm sido muito questionada? E já que, realmente, as pesquisas não
têm conseguido acompanhar o ritmo da decisão dos eleitores?
R. Sim, estamos com vários estudos em andamento, desde 2014. A volatilidade está se
intensificando, muito em função das redes sociais e da internet, como eu já disse. Então
enquanto instituto de pesquisa, temos que rever e aprimorar os métodos, e talvez pensar numa
metodologia em que a gente considere a questão da internet. Nós temos um painel com
480.000 internautas, fomos fazendo pesquisa neste ano como estudo, em São Paulo. Então
estamos estudando usar metodologias híbridas.... Toda eleição tem um aprendizado. Agora, de
novo, ressalto que a pesquisa não tem o papel de adivinhar o resultado de uma eleição. Essa
expectativa existe, mas ela não tem esse papel. Porque o que a gente mede é a opinião das
pessoas, que ela muda quando quiser.
Reportagem El País
As pesquisas não devem acertar quem será o prefeito da sua cidade. E não estarão erradas
Menor tempo de campanha deve aumentar importância da internet na eleição, dizem institutos
Reportagem El País

Foi uma reviravolta. Após ultrapassar a ex-senadora Marina Silva na reta final do
primeiro turno, o senador Aécio Neves disparava na disputa pelo Palácio do
Planalto contra a presidenta Dilma Rousseff, em 2014. Era o que apontava
aprimeira pesquisa sobre o cenário do segundo turno. Mas os 54% de intenções
de voto do tucano contra os 46% de Dilma aferidos pelo instituto Paraná
Pesquisas a pedido da revista Época se transformariam em empate técnico logo
no dia seguinte, na contagem dos institutos Ibope e Datafolha. A mudança
brusca de expectativas deixou dúvidas sobre a lisura dos institutos e, se você
está entre aqueles que enxergam motivações escusas na divulgação dessas
pesquisas, prepare-se: variações como essa prometem ser ainda mais intensas
nas eleições deste ano, avisam os institutos.
Reportagem El País

Com a determinação, na mini-reforma eleitoral do ano passado, de que o tempo


oficial de campanha será cortado pela metade (de 90 para 45 dias) e de que haverá
um limite de gastos para os candidatos, a influência da internet — um meio mais
barato para propaganda — deve aumentar nas eleições municipais de 2016, prevê
Márcia Cavallari, CEO do Ibope Inteligência. Segundo ela, pelo menos 19% dos
eleitores planejam utilizar as redes sociais e a web para se informar sobre o pleito
deste ano — em 2008, eram 3%. "Na eleição municipal, qualquer mudança
impacta de forma muito rápida. E isso se intensificou após a chegada da internet.
Antes a informação demorava mais para chegar", diz Cavallari.

Para Alessandro Janoni, diretor de pesquisa do Datafolha, essa volatilidade maior já


pôde ser sentida na última disputa pela prefeitura de São Paulo, por exemplo,
quando o então favorito nas pesquisas, Celso Russomanno (PRB), perdeu a corrida
para Fernando Haddad (PT) nas últimas semanas. "A internet e, principalmente, as
redes potencializaram a formação de opinião. Elas reúnem todos os vetores:
conteúdo, crítica ao conteúdo e defesa. E justamente num fator de formação de
opinião importante, composto por amigos e parentes", diz Janoni.
Reportagem El País

Assim, ainda que uma pesquisa feita no sábado anterior à votação aponte a vitória
apertada de um candidato, seu concorrente pode se beneficiar de informações
trocadas online nas horas seguintes e, dada a intensidade crescente da troca de
conteúdos relacionados à política via internet, levar o cargo. Não por acaso, o
instituto norte-americano Gallup decidiu não acompanhar com pesquisas de
intenção de voto a corrida presidencial dos Estados Unidos neste ano.
Reportagem El País

Na última eleição norte-americana, o renomado instituto identificou o republicano Mitt Romney sempre
à frente de Barack Obama durante a campanha. E dava 49% para Romney e 48% para o democrata em
sua parcial derradeira. Obama acabou reeleito com quase quatro pontos de vantagem e, após revisar seus métodos, o
Gallup resolveu que, melhor do que aferir a intenção de voto, é saber o que os eleitores pensam sobre os assuntos que
pautam a campanha.

Intenção x voto
Os institutos de pesquisa brasileiros não manifestam a intenção de tomar uma atitude tão radical quanto a do Gallup,
mas seus dirigentes se preocupam com a forma como as pesquisas têm sido interpretadas pela imprensa e pelo
eleitorado. Murilo Hidalgo, presidente do Paraná Pesquisas, admite que seu instituto pode errar, mas garante ter um
"histórico mais de acertos do que de erros" em seus 26 anos de história.
"Existe uma deturpação por parte dos meios de comunicação. A manchete dispara o resultado da eleição, mas a
pesquisa está apontando apenas a intenção de voto. Além disso, a divulgação da pesquisa passou a ser usada como
peça de marketing pelos candidatos", diz Hidalgo. O próprio pesquisador reconhece, contudo, que os levantamentos
sobre intenção de voto contribuem para atrair recursos para as campanhas, já que medem a viabilidade das chapas —
essa lógica será posta à prova numa eleição sem doações empresariais.
Para Márcia Cavallari, do Ibope, é preciso ficar claro que a pesquisa não tem o papel de adivinhar o resultado. "Temos
de conscientizar a mídia e a população de que a pesquisa não é um oráculo infalível. Ela tem o papel de mostrar como
a opinião está se formando, para que lado está indo, mas não o número exato do resultado". Na mesma linha, Janoni,
do Datafolha, resume em poucas palavras: "A pesquisa sempre reflete o passado, nunca prevê o futuro".
Reportagem El País

MENOS DINHEIRO EQUIVALE A MENOS PESQUISAS?


A crise econômica e o limite de gastos estabelecido para as campanhas deste anodevem
diminuir a quantidade de pesquisas eleitorais encomendadas durante as eleições
municipais, prevê Murilo Hidalgo, do instituto Paraná.

Segundo ele, o instituto, que também faz levantamentos para acompanhamento interno dos
partidos, já sentiu uma queda de 30% nas vendas em relação a outras eleições no Paraná,
apesar de ter ampliado a atuação nacional nos últimos anos.
Já para Alessandro Janoni, diretor do Datafolha, o novo cenário eleitoral se apresenta como
uma oportunidade para os institutos. Segundo ele, haverá maior "racionalização dos gastos",
mas os candidatos também serão forçados a testar suas estratégias de campanha com mais
cuidado, porque não haverá tempo a perder. Contudo, o Datafolha, que não presta serviço
direto a partidos e candidatos em nome da "transparência e da imparcialidade", deve ficar
ao sabor dos humores do mercado para vender suas pesquisas.
MAI. 14, 2018 - 09:59
PLEITO 2018
'Eleitores sem perspectiva', afirma diretora do Ibope
Marcia Cavallari, diretora executiva do Ibope Inteligência, ficou recentemente sensibilizada
ao acompanhar os depoimentos de entrevistados em uma pesquisa qualitativa promovida por
seu instituto. Reunidos em volta de uma mesa e convidados a falar sobre suas expectativas em
relação ao futuro, grupos de eleitores de perfis diversos só manifestaram desesperança e
angústia. "Foi uma tristeza", disse ela, em entrevista ao jornal O Estado de s. Paulo.
De acordo com Marcia, os levantamentos do Ibope mostram um eleitorado "sem perspectiva de
melhora". Existe uma abertura para candidatos que representem o "novo", mas, ao mesmo
tempo, um temor de uma pessoa sem muita bagagem política possa piorar a situação do País.
Leia a seguir os principais pontos da entrevista:
Os pré-candidatos mais conhecidos têm taxas muito altas de rejeição, até maiores que seus
porcentuais de intenção de voto. Qual será o impacto disso?

Uma questão que a gente vê nas pesquisas é que os eleitores estão sem perspectiva de
melhora. Não conseguem ver como sair desse lugar em que estamos, não conseguem enxergar
uma luz no fim do túnel. Os eleitores não conseguem identificar, nesses candidatos todos, qual
conseguiria tirar o País da situação em que está. Pode ser que, quando começar a campanha, as
coisas fiquem mais claras e possam identificar uma perspectiva. Há uma desconfiança também
porque os eleitores estão mais atentos para não se deixar levar por promessas mirabolantes, por
ideias que são inexequíveis.
MAI. 14, 2018 - 09:59
PLEITO 2018
'Eleitores sem perspectiva', afirma diretora do Ibope
O Estado de s. Paulo.

Essa questão da desesperança, de não conseguir enxergar uma solução, é um sentimento muito
sofrido, muito mesmo. Nós percebemos isso em pesquisas qualitativas. São pessoas de classes
mais altas, de classes mais baixas, todo mundo batalhando e as coisas não andam, está tudo
amarrado.

O desânimo em relação aos políticos tradicionais leva a uma maior abertura a novidades?

Há uma posição dúbia em relação ao novo. Eles percebem que a situação é muito complexa e
que talvez um candidato que represente o totalmente novo possa piorar ainda mais o quadro.
Querem mudança? Querem. No jeito de fazer política, no jeito de lidar com o serviço público,
com o dinheiro público. Mas não necessariamente esperam um "novo do novo", porque isso
também geraria insegurança. Eles esperam uma certa bagagem. Há esse temor de que fique
pior.

Até agora é uma eleição sem favoritos, o que atrai muitos candidatos. Por outro lado, partidos
menores têm poucos recursos e precisam investir em campanhas de deputados. A lista de
presidenciáveis tende a encolher?
MAI. 14, 2018 - 09:59
PLEITO 2018
'Eleitores sem perspectiva', afirma diretora do Ibope
O Estado de s. Paulo.

Deve ser a primeira eleição desde 1989 sem (o ex-presidente) Lula, que tem um peso específico,
que vai além de seu partido. Um ponto importante é que, apesar da baixa preferência partidária
dos brasileiros, há cerca de 30% com simpatia pelos partidos de esquerda. Sem o Lula, o que
pode acontecer é uma reorganização dos partidos de esquerda, para que não percam essa fatia
do eleitorado. Hoje o cenário é de muitos possíveis candidatos, com baixa intenção de voto. Os
únicos com taxas significativas são Lula, Bolsonaro e Marina. O voto está muito pulverizado.
Acho que deve acabar ocorrendo uma recomposição dos partidos, de maneira que não
tenhamos tantos candidatos concorrendo. Será uma campanha curta, que terá emoção até o
último momento.

Até que ponto as redes sociais tornam o eleitorado mais volátil, mais sujeito a mudanças
bruscas?

As redes têm um papel mais importante, sim, a cada ano a mais usuários. Sabemos que os
eleitores citam cada vez mais as redes como fonte de informação. Mas ainda não temos como
medir o quanto elas influenciam a decisão de voto.
MAI. 14, 2018 - 09:59
PLEITO 2018
'Eleitores sem perspectiva', afirma diretora do Ibope
O Estado de s. Paulo.
Como a desinformação afeta o voto?
Em relação às notícias falsas, nossas pesquisas mostram que os eleitores se preocupam muito
com isso. Eles acham que o ambiente da internet é mais propício para as pessoas divulgarem e
passarem notícias falsas sem checar a fonte. Sabem e declaram que não podem acreditar em
tudo o que veem na internet. A credibilidade maior é dos veículos de comunicação tradicionais:
jornal, rádio, TV. É onde se sentem mais seguros em relação à informação que recebem. Existe
interesse maior pelas notícias políticas. É claro que isso se verifica de maneira mais forte nos
grupos urbanos e de maior escolaridade, mas também vemos essa preocupação de buscar mais
informação nas classes mais baixas.
Como o eleitor pode saber se uma pesquisa é confiável?
Primeiro, todas as pesquisas que são divulgadas têm de ser registradas no site do TSE. O registro
dá transparência ao processo. É possível ver a maneira como a pesquisa está sendo feita, ler o
questionário, saber quem é o contratante, verificar o preço que está sendo pago. Há preços lá
que são inexequíveis. Impossível fazer uma pesquisa com um custo tão baixo. É claro que
metodologia é uma coisa muito técnica, mas só de olhar o eleitor vai ter alguns indícios de como
cada instituto está trabalhando. Uma coisa que fica nítida é a diferença de preços entre
institutos tradicionais e conhecidos e os outros. Até o dia 8 de abril, havia 88 pesquisas
registradas no TSE. Cerca de 40 eram de empresas não associadas à ABEP (Associação Brasileira
das Empresas de Pesquisas). Ou seja, não sei quem são. Além disso, em todos esses casos, o
contratante é a própria empresa de pesquisa.
MAI. 14, 2018 - 09:59
PLEITO 2018
'Eleitores sem perspectiva', afirma diretora do Ibope
O Estado de s. Paulo.
É algo inusual um instituto fazer pesquisa com recursos próprios?

Essa coisa de fazer tudo por conta própria é estranha. Nós já fizemos, mas é raro. Às vezes
fazemos porque há algo importante acontecendo e nenhum cliente contrata pesquisa naquele
momento. Há casos em que o cliente contratou um calendário e acontece um fato importante
no intervalo de duas pesquisas. Aí fazemos uma extra e doamos para o cliente. Mas é estranho
fazer várias pesquisas com recursos próprios.

Isso seria um indício de que eles estariam ocultando o contratante, alguém com interesse
no resultado da pesquisa?

Há que se deduzir isso. Não se sabe que interesse haveria em um instituto ficar gastando seus
recursos com pesquisas. É um indício de algo esquisito. Também se deve prestar atenção
nos resultados dos diferentes institutos. As pesquisas mostram uma tendência ao longo do
tempo. O fenômeno que está sendo medido por todos é o mesmo, então todos devem mostrar
uma tendência semelhante, mesmo que os números não sejam exatamente os mesmos. Se um
instituto apresenta resultados muito díspares, é preciso procurar entender a razão. As
informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Os desafios das pesquisas eleitorais: polarização política e novas tecnologias
Para especialistas, há uma confusão sobre o papel das pesquisas e
uma supervalorização dos erros, mas é inegável que há desafios

São Paulo 14 NOV 2016 - 10:02 BRST


Durante a madrugada de terça (8) para quarta-feira (9), quando foi anunciada a vitória de
Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, comentaristas de toda parte apontaram dedos
em riste para os mais diversos institutos de pesquisa norte-americanos. Praticamente nenhum
deles, diziam, tinha antevisto o desfecho das eleições. Em pouco, o assunto reverberou. Só este
ano, o mundo foi surpreendido por mais dois acontecimentos impactantes que não foram
previstos: o “sim” pela separação do Reino Unido da União Europeia, no que ficou conhecido
como Brexit; e o “não” pelo acordo de paz entre o Governo colombiano e as FARC. Assim, a
pergunta que ficou no ar é: estariam os institutos de pesquisa, em todo canto, obsoletos,
incapazes de retratar as tendências de opinião da sociedade?
O caso não é bem esse, dizem especialistas ouvidos pelo EL PAÍS. Começando pelos EUA, a maior
parte das pesquisas nacionais acertou ao apontar uma vitória de Hillary pelo voto popular. A
diferença no pleito foi apertada, com apenas 200.000 votos a mais para ela, então, na verdade,
qualquer resultado estaria dentro da margem de erro. Nas pesquisas Estaduais, que renderam a
vitória para Trump, também não houve registro de equívocos grosseiros, com algumas exceções
como nos Estados de Wisconsin e Michigan. “Dá para dizer que em algo como 95% dos casos, as
pesquisas acertaram ou ficaram dentro da margem de erro em cada Estado. A verdade é que em
momentos como esse a atenção ao erro é completamente desproporcional”, diz Maurício
Moura, economista e diretor da consultoria Ideia Inteligência.
Os desafios das pesquisas eleitorais: polarização política e novas tecnologias
Para especialistas, há uma confusão sobre o papel das pesquisas e
uma supervalorização dos erros, mas é inegável que há desafios
São Paulo 14 NOV 2016 - 10:02 BRST

Segundo o diretor do DataFolha, Mauro Paulino, também existe uma leitura equivocada das
pesquisas. “Elas não são projeções do futuro, mas representação de um cenário até
determinado momento”, argumenta. Mesmo assim, como explicar que a quase totalidade das
projeções apontaram para uma vitória de Hillary? Bom, a explicação, agora sim, passa pelos
desafios impostos pelas novas tecnologias e novos tempos políticos. E ela vale não apenas para
o caso americano, mas também para o colombiano e britânico.
Para o diretor do Instituto Análise, Alberto Carlos Almeida, a alta polarização política que
diferentes países têm presenciado faz com que os institutos tenham que trabalhar
obrigatoriamente com a margem de erro, o que torna o trabalho mais árido. “Nos casos de
Colômbia e Brexit, por exemplo, estamos falando de diferenças muito pequenas na decisão”,
comenta. A polarização, além disso, ainda tem reflexos no chamado “voto envergonhado”, em
que os entrevistados não declaram em quem vão votar até o momento em que estão sozinhos
na urna. “Em cenários de alta polarização e dependendo do ambiente em que a pessoa vive, há
muita gente que acaba não declarando seu voto por medo ou vergonha”, argumenta Carlos
Almeida.
Os desafios das pesquisas eleitorais: polarização política e novas tecnologias
Para especialistas, há uma confusão sobre o papel das pesquisas e
uma supervalorização dos erros, mas é inegável que há desafios
São Paulo 14 NOV 2016 - 10:02 BRST

Além do ambiente polarizado, existe a questão da velocidade de circulação de informação. “As


últimas semanas de uma eleição, que são tradicionalmente mais quentes, ficaram ainda mais
intensas com as redes sociais. As informações circulam muito mais rápidas e as pessoas estão
deixando para definir o voto cada vez mais em cima”, comenta Paulino. Para ele, o desafio que
se impõe agora para os institutos de pesquisa é adaptar as formas clássicas de se fazer pesquisa
a essa nova realidade em que o comportamento político está cada vez mais polarizado e em que
a veloz troca de informação mudou a forma como as pessoas lidam com as decisões.
A CEO do Ibope Inteligência, Marcia Cavallari, revela que uma pesquisa do instituto, feita após as
eleições municipais no Brasil, mostrou que cerca de 13% das pessoas já declaram escolher seus
candidatos com base em informações lidas em redes sociais, sites de notícias e blogs. Além
disso, 15% das pessoas disseram fazer a opção pelo candidato nos últimos dias da corrida
eleitoral e – mais expressivo – 19% disseram ter decidido no dia da votação. “Os dados mostram
bem os novos desafios impostos pelas pesquisas. Nós, por exemplo, já estamos testando
modelos de pesquisas híbridas, com uso de questionários pela internet e smatphone, mas ainda
é um teste”, comenta Cavallari. Segundo ela, os institutos de pesquisa tem um desafio tão
grande quanto qualquer outra empresa ou instituição que trabalhe com informação.
Os desafios das pesquisas eleitorais: polarização política e novas tecnologias
Para especialistas, há uma confusão sobre o papel das pesquisas e
uma supervalorização dos erros, mas é inegável que há desafios
Desafios do futuro e o caso brasileiro
“A derrota de Hillary se explica também pelo fato de que houve ausência de grande parte de seu
eleitorado no dia do pleito”, diz Felipe Nunes, professor de ciência política na Universidade da
Califórnia, em San Diego. Segundo ele, em países com o voto facultativo, isso tem se tornado
cada vez mais uma questão para os institutos de pesquisa. Muitas vezes as pessoas declaram
voto em determinado candidato e no dia de votar simplesmente não aparecem. A ausência do
eleitorado nas urnas e os votos brancos e nulos também tem se tornado uma questão no Brasil.
“Eu não vejo uma crise do setor de pesquisa, mas acredito que o mundo está mudando cada vez
mais e é necessário entender essa sociedade em ebulição para que as pesquisas sejam cada vez
mais confiáveis”, diz Nunes. Para ele, uma das soluções seria adaptar metodologias diferentes
para cada tipo de situação, mas hoje existe uma preconcepção do que é correto de se fazer em
pesquisas e, por isso, poucos modelos novos são testados. “No caso do Brasil, há ainda o
problema de que existem muitos poucos institutos de pesquisa e também uma legislação
eleitoral que restringe qualquer tentativa de inovação”, comenta.
Se parte dos desafios impostos aos institutos de pesquisa passam pela velocidade de circulação
das informações e pelas redes sociais, parte da solução pode estar justamente aí. “Acredito que
o futuro da pesquisa é descobrir mais e perguntar menos”, comenta Moura, do Idea Inteligência.
Para ele, a quantidade de informações disponível na internet sobre as pessoas vai possibilitar
que, cada vez mais, você descubra uma tendência de voto sem precisar, necessariamente, fazer
uma pergunta. Curiosamente, foi de uma projeção feita basicamente pela internet, do jornal Los
Angeles Times, que veio a única pesquisa que apontava a vitória de Trump nos Estados Unidos.
PESQUISAS ENCOMENDADAS EM 2018

Pesquisa do Instituto QualiBest, encomendada pelo movimento Vem Pra Rua, busca entender
como os brasileiros estão se preparando para as eleições presidenciais de 2018. Para 79% dos
entrevistados, a televisão ainda é a principal fonte de informação sobre o assunto, seguido das
redes sociais, apontada por 67% dos respondentes. A insatisfação com a política no país fica
evidente, quando 34% dos entrevistados afirmam já ter participado de manifestações, seja
para pedir a saída de algum governante ou para protestar contra a corrupção.

Como a política e a corrupção, infelizmente, parecem andar lado a lado, o Vem Pra Rua quis
saber quais são partidos políticos que os brasileiros consideram ser os mais corruptos. O PT
lidera o ranking, com 87% das indicações, seguido do PMDB e do PSDB, com 78% e 74%,
respectivamente. Individualmente, os políticos também foram avaliados a respeito desta
questão: Michel Temer (92%), Aécio Neves (85%), Renan Calheiros (77%) e Lula 75%) aparecem
entre os políticos considerados mais corruptos do país.

A pesquisa quantitativa online foi realizada em setembro de 2017, com 906 pessoas – a
amostra corresponde a população de internautas brasileiros. São pessoas que pertencem às
classes A, B e C, de todas as regiões do país e idade acima de 17 anos.
PESQUISAS ENCOMENDADAS EM 2018
RESULTADOS PESQUISA 2018
IBOPE - SÓ ESTADO SP - ABRIL

DATAFOLHA - ABRIL

AMOSTRA DE 4194
RESULTADOS PESQUISA 2018
RESULTADOS PESQUISA 2018
A eleição presidencial deste ano é a mais imprevisível desde a de 1989, motivo de no “mercado”, reduto dos endinheirados,
circularem pesquisas paralelas, encomendadas por interessados em ter o máximo de dados para traçar prognósticos.
Em breve, por exemplo, o instituto Ipsos fará enquetes diárias para que a Eurasia Group, uma consultoria política internacional,
prepare análises para dez grandes clientes brasileiros, algo inédito na história da consultoria por aqui.

Uma empresa que resolveu ganhar dinheiro com a prática de enquetes tem medido resultados muito diferentes de institutos tradicionais. Ela contrata
enquetes próprias para vender a clientes dias antes da divulgação de alguma pesquisa de instituto famoso. Com a enquete à mão, o comprador imagina o que
provavelmente será visto no Datafolha e no Ibope e pode ganhar dinheiro especulando com o dólar ou na bolsa.

Na enquete comercializada em abril por esta empresa, Jair Bolsonaro tinha cinco pontos percentuais a mais do que os 16% medidos recentemente por
Datafolha e Ibope. Para esta empresa, o deputado foi desidratado propositalmente para que Geraldo Alckmin, outro presidenciável do campo da direita,
possa respirar. As suspeitas da empresa teriam, inclusive, chegado ao MDB de Michel Temer.

Nas últimas pesquisas de Datafolha e Ibope, o presidenciável da extrema-direita está atrás só de Lula. Ambas foram às ruas em um período parecido. O
Datafolha ouviu as pessoas de 11 a 13 de abril, por encomenda da Folha de S.Paulo, que pagou 398 mil reais pelo serviço e divulgou o resultado em 15 de
abril. O Ibope foi a campo de 20 a 23 de abril, contratado por 90 mil reais pela Band, que divulgou o resultado em 24 de abril.

A única diferença entre os levantamentos é que o Datafolha fez entrevistas em todo o País e o Ibope, apenas no estado de São Paulo.

Um economista de uma das grandes consultorias do “mercado” em São Paulo contou à reportagem que, recentemente, viu duas pesquisas para consumo de
endinheirados e que ambas mostravam Bolsonaro acima dos 16%. Uma tinha sido feita em São Paulo e a outra, no Rio Grande do Sul.

Um outro economista do “mercado” ouvido por CartaCapital disse não acreditar em manipulação, pois não seria fácil institutos combinarem de maquiar
dados ao mesmo tempo. Para ele, contudo, no “mercado” já começa a cair ficha de que Alckmin não tem chance, pois o eleitorado não quer um presidente
identificado com as reformas impopulares do governo Temer.

Na última pesquisa conhecida, do instituto MDA para a Confederação Nacional do Transporte (CNT), que pagou 179 mil reais pelo serviço, Alckmin tinha
4%. Esse levantamento foi feito de 9 a 12 de maio e tornado público na segunda-feira 14. No anterior, de março, Alckmin tinha 6,4%. Só ele caiu mais do
que a margem de erro, de 2,2 pontos.

No novo levantamento, Bolsonaro também aparece com 16%, igual ao Datafolha e ao Ibope.

De qualquer forma, parece haver algo estranho no mundo das pesquisas, a julgar pelo que disse a diretora-executiva do Ibope, Marcia Cavallari, em entrevista
ao jornal O Estado de S.Paulo da segunda-feira 14. Ela estranha a quantidade de pesquisas na praça. “Não se sabe que interesse haveria em um instituto ficar
gastando seus recursos com pesquisas. É um indício de algo esquisito.”
Ministro nega pedido do PT para suspender divulgação de pesquisa eleitoral
realizada pelo Datafolha
Decisão é do ministro Og Fernandes. Partido alegou que levantamento
prejudica seu pré-candidato à presidência da República.

O ministro substituto do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Og Fernandes negou o pedido do


Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) para suspender, em caráter de urgência, a
pesquisa encomendada pela Folha da Manhã ao instituto Datafolha sobre as Eleições Gerais de
2018, prevista para ser divulgada no próximo dia 15. A representação foi ajuizada nesta sexta-
feira (13).

"Não há qualquer elemento que corrobore com as alegações trazidas na inicial de que foi
concedido ao ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva tratamento desfavorável nos quesitos da
Pesquisa BR-08510/2018, tampouco se revela o uso de recursos tendentes a induzir as respostas
dos eleitores", ponderou o ministro ao julgar improcedente a representação. Com a decisão,
ficou prejudicado o pedido de suspensão liminar da divulgação da pesquisa impugnada.
Na ação, o partido alegou que o questionário adotado no levantamento traz um conjunto de
sete perguntas que causam danos à agremiação e ao seu pré-candidato à presidência da
República no pleito deste ano. De acordo com os advogados que subscrevem o pedido, a
pesquisa ignorou a pré-candidatura de Lula “e apresenta perguntas tendenciosas com potencial
para induzir entrevistados e manipular os resultados da pesquisa”.
Ministro nega pedido do PT para suspender divulgação de pesquisa eleitoral
realizada pelo Datafolha
Decisão é do ministro Og Fernandes. Partido alegou que levantamento
prejudica seu pré-candidato à presidência da República.
A sigla também argumentou que, por meio das perguntas formuladas, o instituto
tenta influenciar os entrevistados, incutindo neles a “falsa ideia de inelegibilidade”
do ex-presidente. Numa das questões, segundo os representantes do PT, o instituto
apresenta em resposta estimulada os nomes de potenciais candidatos a presidente sem,
entretanto, considerar o nome do pré-candidato do partido em seis dos nove cenários
hipotéticos apresentados.

Segundo o ministro, o artigo 3º da Resolução nº 23.549/2017 é explícito ao obrigar os institutos


de pesquisa a incluírem o nome de todos os pré-candidatos apenas “a partir das publicações dos
editais de registro dos candidatos”.
"Dessa forma, não há ilegalidade a ser combatida, na medida em que o instituto de pesquisa
não está obrigado a fazer constar na lista de pesquisa o nome de qualquer dos pré-candidatos,
tratando-se de mera faculdade a inclusão do nome deste ou daquele pré-candidato", ressaltou.
O pedido do PT baseou-se no artigo 15 da mesma norma, que estabelece que o Ministério
Público, os candidatos, os partidos políticos e as coligações são partes legítimas para impugnar o
registro ou a divulgação de pesquisas eleitorais perante o tribunal competente, quando não
atendidas as exigências contidas nessa resolução e no artigo 33 da Lei nº 9.504/1997 (Lei das
Eleições).
A representação foi distribuída por meio de sorteio.
TRE-PR impugna a 1ª pesquisa das eleições 2018
16 de Maio de 2018 por esmael | 0 Comentário
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O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) impugnou nesta terça


(15) a primeira pesquisa eleitoral, da Radar Inteligência, sobre a disputa
pelo Senado e Governo do Paraná.
O instituto de pequisa foi contrato pelo Portal Paraná, do grupo empresarial
J. Malucelli, do bilionário Joel Malucelli (Podemos).
O colegiado do TRE-PR acatou o argumento do Partido da Mulher
Brasileira (PMB) de que houve irregularidade no plano amostral da
sondagem, em desacordo com os dados do IBGE.
A Radar Inteligência tem sede no município de Francisco Beltrão, região
Sudoeste, principal base eleitoral do deputado Ademar Traiano (PSDB),
presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, que torce pela
candidatura do deputado Ratinho Junior (PSD).
Juiz nega liminar e permite divulgação de pesquisa eleitoral do Ibope

O juiz eleitoral Cassius Clay negou pedido liminar da coligação “Frente Popular a Favor do Amapá”
(PSB/PT/PSOL/PCdoB) para proibir a divulgação de pesquisa do Instituto Brasileiro de Opinião e
Estatística (Ibope), de intenção de voto para governador no Estado. O magistrado entendeu que a
enquete é legítima e está liberada para veiculação somente a partir do próximo sábado (13).

O argumento da coligação representante é que o Ibope não informou o plano amostral da pesquisa,
que consiste em quantas pessoas do sexo masculino e feminino foram entrevistados e que o prazo de
divulgação estaria errado, conforme o registro no Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE-AP).

Em sua decisão, o juiz entendeu que o Ibope obedeceu aos requisitos exigidos pela legislação e que
não há flagrante intuito de burlar a legislação visando comprometer o equilíbrio na disputa eleitoral.

O magistrado ressaltou que houve um equívoco do representante, pois foi informado a Justiça eleitoral
a quantidade de entrevistados e os percentuais relativos a sexo encontram-se claramente estabelecidos
no referido plano. Portanto, a veiculação está liberada.
A Justiça Eleitoral mandou suspender a realização de uma pesquisa de intenção de votos feita em João
Pessoa (PB) pelo Ibope até que se apure porque o nome da candidata Estelizabel Bezerra (PSB) não está
nas cédulas entregues aos entrevistados. As informaçoes são do site do Jornal da Paraíba.
A decisão é da juíza da 70ª zona eleitoral Túlia Neves, segundo quem é melhor evitar a conclusão da
pesquisa até que fique esclarecido o motivo do nome da candidata não constar nas cédulas. O material
foi encontrado com um pesquisador do instituto, detido nesta terça-feira (4/8), enquanto fazia a
pesquisa.
A juíza deu 48 horas para o pesquisador apresentar defesa junto à Justiça Eleitoral.
O Ibope divulgou nota confirmando que as cédulas entregues tinham falhas, mas que eram apenas
materiais complementares à pesquisa. A pergunta considerada na pesquisa, diz o instituto, é uma na
qual o entrevistado aponta o nome do candidato em um disco. No disco apresentado, diz a nota,
constavam todos os nomes.
"Uma vez ciente do erro, o Ibope suspendeu imediatamente o uso da cédula e continuou a realização
da pesquisa na forma determinada pela legislação, ou seja, com a utilização do disco em que constam
os nomes de todos os candidatos", diz a nota.
FONTE: Revista Consultor Jurídico, 5 de setembro de 2012
ATUALIDADES DA LEI
Senado aprova restrição para contratar pesquisas eleitorais

Da Redação | 16/07/2015, 16h10 - ATUALIZADO EM 16/07/2015, 18h0


Os veículos de comunicação podem ficar impedidos de contratar empresas de pesquisas sobre eleições ou
candidatos que nos 12 meses anteriores ao pleito tenham prestado serviços a partidos políticos, candidatos e a
órgãos ou entidades da administração pública direta e indireta dos poderes Executivo e Legislativo da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos municípios. Essa vedação está no projeto aprovado nesta quinta-feira (16) pelo
Senado.
O PLS 473/2015, que veio da Comissão da Reforma Política, estabelece também que a proibição se aplica somente
às empresas que prestam serviço na mesma região onde vai ser feita a pesquisa eleitoral.
O relator da comissão, Romero Jucá (PMDB-RR) justificou que, nos últimos anos, as pesquisas de intenção de voto
têm servido para orientar a decisão de eleitores sobre a escolha de seu candidato, assim como direcionar ou
redirecionar as campanhas eleitorais. De acordo com o senador, isso é confirmado pela grande expectativa gerada
na campanha eleitoral quando órgãos de comunicação anunciam a divulgação das pesquisas.
- É incompatível. Você não pode ter um instituto fazendo uma pesquisa e publicando o resultado como se fosse
para uma rede de comunicação em um estado e, ao mesmo tempo, esse instituto ser contratado por um partido
político, pelo governo estadual ou pela prefeitura. O instituto de pesquisa vai ter que escolher para quem
trabalhar - afirmou Jucá.
A proposta seguiu para a Câmara dos Deputados, mas a Comissão da Reforma Política vai retomar em agosto as
discussões sobre outras regras para pesquisas eleitorais. Há uma proposta de emenda constitucional em exame
para disciplinar a veiculação dos resultados das enquetes.
Segundo o texto, fica vedada a divulgação de pesquisas eleitorais por qualquer meio de comunicação, a partir do
sétimo dia anterior até às 18 horas do dia do pleito.
A POLÊMICA DA DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS DAS PESQUISAS ELEITORAIS
A divulgação dos resultados de pesquisas eleitorais gera diversas polêmicas que
vão desde questionamentos a respeito dos métodos utilizados (principalmente
quando não refletem o real resultado após a contagem dos votos) até a ideia de que
a simples divulgação provocaria uma distorção prejudicial à autenticidade
eleitoral, modificando a intenção dos eleitores durante o pleito com base em dados
que nem sempre acertam.

As desconfianças amplamente exploradas por candidatos que normalmente não


atingem posições satisfatórias em pesquisas de determinados pleitos envolvem
especialmente o conflito de interesses que recai sobre a contratação de
pesquisas. Trata-se de um assunto corrente, que ganha holofotes especialmente
quando os institutos divulgam resultados diferentes para uma mesma corrida
eleitoral ou quando aqueles dados apresentados não refletem o resultado das urnas.

Uma dessas situações foi verificada na eleição presidencial de 2010, quando as


pesquisas do Vox Populi para o segundo turno - publicadas em 23 de julho -
apontavam Dilma com 41% das intenções e Serra com 33%, enquanto o Datafolha
previu, em pesquisa publicada no dia seguinte, que o tucano estaria à frente, com
37% frente aos 36% de Dilma. O resultado das urnas foi que Dilma foi eleita com
56,05% e Serra obteve 43,95% dos votos válidos.
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A POLÊMICA DA DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS DAS PESQUISAS ELEITORAIS

Em um plano amplo e histórico, a prática da realização das pesquisas


eleitorais é um assunto ainda polêmico, e não apenas no Brasil.

Para Jorge FERNÁNDEZ RUIZ, a pesquisa eleitoral é uma prática


comum que quebra o ideal secreto do voto, contrariando a Declaração
Universal de Direitos Humanos, bem como o Pacto Internacional de
Direitos Civis e Políticos de 1966 e outros instrumentos internacionais
que visam proteger o eleitor de influências maléficas em sua decisão de
voto e regredindo substancialmente a evolução do processo eleitoral.

Entretanto, essa visão se revela radical à medida que nega a autonomia


do eleitor destinatário das informações propiciadas pelas pesquisas de
intenção de voto e que, devidamente alertado das possibilidades de erro
e dos métodos de formulação, é plenamente capaz de desenvolver suas
escolhas políticas.

176
A POLÊMICA DA DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS DAS PESQUISAS ELEITORAIS

Outra polêmica é a questão da igualdade entre os candidatos, norma


estruturante do Direito Eleitoral e que, segundo Eneida Desiree
SALGADO, exige uma regulação das campanhas eleitorais que se
estende desde o controle da propaganda eleitoral, passando pela
neutralidade dos poderes públicos, a reação contra o abuso de poder
econômico e a imparcialidade dos meios de comunicação.

Nesse cenário, importa destacar que, como os diversos institutos que


fazem parte das eleições, a pesquisa de intenção de voto sofreu
modificações com o passar do tempo. Grande parte dessas mudanças
foram motivadas pela rapidez com que os meios de comunicação se
aperfeiçoaram, impactando mundialmente o processo eleitoral.

Lucia Merces de AVELAR afirmava, já em 1995, que “as pesquisas de


opinião pública, a comunicação política através das mídias e a política
guardam hoje uma relação sistêmica impossível de ser desconectada”.
Ou seja, a pesquisa eleitoral já é algo intrínseco às campanhas eleitorais
e qualquer restrição provocaria uma quebra de paradigma significativa.
177
A POLÊMICA DA DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS DAS PESQUISAS ELEITORAIS

Entretanto, o resultado de pesquisas divulgadas nas vésperas da votação,


incluindo distorções estatísticas que por vezes não acertam o resultado poderiam,
sob à luz do princípio da autenticidade eleitoral, viciar a formação da vontade dos
eleitores, na visão de Eneida Desiree SALGADO. Assim, se admitiria a restrição da
divulgação por um período anterior ao dia da votação, em detrimento ao princípio
da liberdade de expressão.

A respeito da discussão, Luis A. GÁLVEZ MUNÕZ propõe uma reflexão diferente.


Em sua concepção, é impossível que antes da publicação de uma pesquisa
eleitoral se preveja como e em que intensidade seus efeitos refletirão na decisão
do eleitorado.

Assim, qualquer manipulação de pesquisas eleitorais com fins políticos será uma
“faca de dois gumes”, pois o efeito pretendido pode não ser aquele revelado na
prática e o efeito pode ser semelhante ao de um boomerang, ou seja, na intenção
de beneficiar um candidato pode-se muito bem acabar prejudicando-o.

Assim, a manipulação dolosa de dados se revela um instrumento imprevisível aos


que lançam mão de suas artimanhas para tentar ganhar uma eleição e, se assim o
for, para que fazê-la?
178
A POLÊMICA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO E DE INFORMAÇÃO

Liberdade de expressão e de informação no âmbito das pesquisas


eleitorais

Em 1988, o Mandado de Segurança nº 997 – Classe II – SP provocou uma


reviravolta no âmbito da divulgação dos resultados das pesquisas eleitorais.
Impetrado pelo Diretor Administrativo da empresa Folha da Manhã, foi aceito
com base no direito constitucional à liberdade de expressão e de informação
garantido pelo §1º do art. 220 da Constituição Federal, que preconiza: "§ 1°
Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade
de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social,
observado o disposto no art. 5°, IV, V, X, XIII e XIV”.

O precedente suspendeu, acertadamente, a proibição quanto à divulgação


anterior ao dia da eleição.

O art. 19 da Declaração dos Direitos do Homem, proclamada em 1948 pela


Assembleia Geral da ONU, declara que “todo o indivíduo tem direito à liberdade
de opinião e de expressão, este direito implica a liberdade de manter as suas
próprias opiniões sem interferência e de procurar, receber e difundir informações
e ideias por qualquer meio de expressão independentemente das fronteiras”
179
A POLÊMICA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO E DE INFORMAÇÃO

Assim, as restrições ao direito de divulgar os resultados das pesquisas


eleitorais que intentam muitas das Propostas de Lei não são apenas
inconstitucionais como também contrariam normas de direito
internacional.

Entretanto, ressalte-se que a exigência de registro na Justiça Eleitoral,


bem como a proibição da divulgação de resultados de pesquisas no dia
das eleições são restrições que resguardam, respectivamente, a
publicidade de todo o procedimento das pesquisas de maneira a
controlar sua autenticidade e garantem que o dia o pleito não seja
contaminado com pesquisas feitas com único intuito de realização de
boca de urna, considerado delito eleitoral.

Os princípios eleitorais não têm alcance jurídico acima dos direitos


fundamentais, ainda que condicionem a sua interpretação. Entretanto, os
meios de comunicação não transmitem imparcialmente os resultados
das pesquisas, o que deve ser veementemente combatido.

180
A POLÊMICA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO E DE INFORMAÇÃO

Em 2010, Marcelo COUTINHO previu que nas eleições brasileiras de então a internet seria
o diferencial daquela disputa em relação às anteriores, desta vez utilizada como
“instrumento auxiliar das pesquisas de intenção de voto”

A popularização do meio digital, a liberdade de manifestação e a crescente credibilidade


que esse meio atingiu adicionou um novo canal de comunicação entre os candidatos e
eleitores, refinando e transformando cada aspecto do mundo eleitoral.

No ano de 2000, o Partido Republicano dos Estados Unidos foi o primeiro partido a ter 1
milhão de ativistas on-line. A política adentra uma nova era digital que permite o contato
cada vez maior com dados, inclusive aqueles referentes a resultados de pesquisas
eleitorais, que podem influenciar o processo de decisão de voto de um contingente cada
vez superior de eleitores.

181
A POLÊMICA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO E DE INFORMAÇÃO

É inegável que as conclusões das pesquisas provocam reações dos eleitores em relação
aos candidatos e essa mobilidade é algo válido e saudável ao processo democrático. O
fato de um eleitor aceitar o resultado de uma pesquisa eleitoral como previsão certa para o
futuro e modificar seu voto de maneira a impedir que o primeiro colocado nas pesquisas
vença o pleito não pode ser considerada uma vontade viciada.

As pesquisas são instrumentos científicos e, como os demais, suscetíveis a margens de


erro. Isso vai além de alegações sobre manipulações e invenções que objetivam a
propaganda de um ou de outro candidato.

Iván Abreu SOJO acredita que o problema está na desigualdade de distribuição dos
recursos sociais para que a sociedade seja mais participativa nas decisões políticas. As
pesquisas eleitorais não podem servir de bode expiatório. Os seus erros sempre serão
destacados e os acertos pouco ou nunca ganharão holofotes. Um exemplo disso é o fato
de que os políticos tendem a apoiar as pesquisas eleitorais apenas quando o colocam em
posição de vantagem.

182
A POLÊMICA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO E DE INFORMAÇÃO

Outro argumento forte é o de que todos os países que adotam o regime democrático
admitem as pesquisas de opinião como instrumentos de medição da opinião da população.

Os investigadores e estrategistas políticos utilizam técnicas de investigação para obterem


informações a respeito dos mais diversos temas e as pesquisas de opinião é uma dessas
ferramentas.

Por que seria de outra forma com as pesquisas de intenção de voto?

Os resultados das pesquisas eleitorais são construídos lançando mão de ferramentas


estatísticas e, quando bem realizadas, são indicadores significativos da opinião pública.
Entretanto, deve-se levar em conta a rapidez com que o ambiente social muda para
entender que a opinião pública não se revela estável, podendo variar drasticamente.

A pesquisa eleitoral está muito condicionada ao momento no qual é realizada. A coleta dos
dados é como uma fotografia das opiniões, que podem variar sempre. Assim, o que é feito
não uma visão estática das intenções eleitorais e que não tem o poder de prever a evolução
das intenções. As pesquisas eleitorais não preveem, apenas informam como a situação está
naquele momento.

183
A POLÊMICA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO E DE INFORMAÇÃO

Assim, na perspectiva de Edgar Corzo SOSA, as ideias de que proibir as pesquisas


impediria sua influência do eleitorado e que os resultados distraem os eleitores do debate
político que se faz, além de serem altamente subjetivas e não transgredirem o status de
suposição.

Além disso, as pesquisas não são feitas em um cenário livre de amarras e não se permite
que reflitam o que os que contratam gostariam. No sistema brasileiro, o controle de
qualidade é dado por meio da publicidade que a legislação imprime às pesquisas eleitorais,
exigindo seu registro para que se submeta ao controle de toda a sociedade.

Luis Benavente GIANELLA reconhece dois efeitos que os resultados das pesquisas
eleitorais podem causar aos eleitores em seu processo de escolha. Ao primeiro ele chama
de efeito underdog, que motiva os eleitores pouco mobilizados a apoiarem mais
enfaticamente seu candidato quando percebem que ele se encontra em lugar inferior nas
pesquisas. Também, dentro deste mesmo efeito, pode ocorrer que alguns eleitores
desenvolvam simpatia ou comoção com a situação inferior e optem por votar no candidato
mal posicionado.
Outro efeito, denominado como bandwagon, pode determinar que eleitores indecisos optem
por votar no candidato à frente nas pesquisas, garantindo que participem da maioria e
adquirindo o que o GIANELLA chama de “triunfo”.
Essa ideia discute a possibilidade de que as pessoas sintam a necessidade de serem
inseridas no contexto da eleição como aquelas que escolhem “bem”, ou seja, têm
capacidade de prever quem vencerá, pois esse candidato seria definitivamente o melhor.184
A POLÊMICA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO E DE INFORMAÇÃO

Cíntia Barbosa DUARTE e Marcella Furtado de MAGALHÃES defendem que há uma tendência
real dos eleitores votarem em quem tem mais chances de conquistar o cargo sob o efeito da
ideia de que caso votasse diferentemente acabaria por “perder o voto”.

Essa é uma concepção que se assemelha à do bandwagon, mas revela o fato significativo de
que as pessoas dão valor a seu voto, reconhecendo-lhe a possibilidade de que ele faça a
diferença no contexto maior e consequentemente não querem “perdê-lo”.

Na primeira impressão pode-se pensar que a ideia de “perder” seja desenvolvida apenas sob
uma perspectiva fútil de que votar em um candidato insignificante perante os resultados das
pesquisas fosse anular qualquer possibilidade de mudança ou de chegar próximo dos
objetivos que o eleitor almeja. Entretanto, o fato de votar nos candidatos que apresentam
reais chances de subirem ao pódio também é uma decisão válida e a Constituição Federal
reserva em seu artigo 14º essa possibilidade ao garantir o voto direto e secreto. Entretanto,
essa opinião não é consenso entre os estudiosos.

185
A POLÊMICA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO E DE INFORMAÇÃO

Alguns autores como João Bosco MACIEL JUNIOR e Ivo de CAMARGO JUNIOR entendem que
as pesquisas de intenção de voto, a despeito do controle exercido pela Justiça Eleitoral,
constituem excesso de poder privado. A intenção se resumiria a utilizar uma roupagem
jornalística para angariar votos de eleitores indecisos, exercendo significativo poder de
persuasão.

Nas eleições venezuelanas de 1998, por exemplo, as pesquisas de opinião pública causaram
polêmica envolta em questões como falsificação, distorção e manipulação de resultados que
se juntaram a outros pontos já discutidos como o da suposta influência das pesquisas nos
resultados.

Ainda, ao eleitor esclarecido em relação aos métodos adotados pelos institutos de pesquisas
eleitorais e consciente de que seus resultados podem não refletir a realidade, por vezes até
mesmo errar completamente, a pesquisa eleitoral é uma ferramenta que pode ser utilizada
na formação do voto individual. A autonomia de vontade na elaboração dessa escolha é do
eleitor e somente dele. Ivan Abreu SOJO conclui que “talvez el problema no sea de las
encuestas sino de la pobre imaginación de quienes gobiernan”.

186
A POLÊMICA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO E DE INFORMAÇÃO

Eneida Desiree SALGADO acredita que as pesquisas geram efeitos na corrida eleitoral,
inclusive criando desigualdades entre os candidatos que possam lançar mão dessa
ferramenta e os que não têm recursos, e que também influenciam a formação do voto.

Entretanto, a informação que uma pesquisa eleitoral traz até o eleitor permite que ele
transite mais profundamente entre as opções de candidatos que lhe são oferecidas,
admitindo que ele opte por um voto estratégico e que, consequentemente, reflita mais
fielmente sua vontade. E, nesse âmbito, a desigualdade entre os candidatos, ainda que real,
não pode suprimir o direito do eleitor à informação.

O que é recomendável é que além da legislação, haja um controle de qualidade para que o
interesse científico e a ética profissional das pesquisas eleitorais nunca sejam superados
pelos interesses, sejam eles mercantis ou políticos.

187
Já a Proposta de Emenda à Constituição nº 57/201245, idealizada pelo Senador Luiz Henrique da Silveira, do PMDB-
SC, e proposta por diversos Senadores, é mais ambiciosa ao intencionar a inclusão do art. 16-A na Constituição
Federal, para dispor sobre a vedação de divulgação de pesquisas eleitorais, nos quinze dias que antecedem o pleito
eleitoral em 1º e 2º turnos.

Em sua justificação, a Proposta afirma que “as pesquisas interferem no jogo eleitoral e podem alterar a decisão de
muitos eleitores, está na hora de pensarmos em disciplinar as pesquisas, o que não tem nada haver (sic) com
censura à informação” e também alega supostos erros cometidos pelas pelos institutos de pesquisa.
Além das propostas que buscam modificar a forma como a legislação brasileira permite a divulgação das pesquisas
eleitorais, a Secretaria-Geral da Mesa da Câmara dos Deputados recebeu um pedido de abertura de Comissão
Parlamentar de Inquérito com 171 assinaturas de deputados. A intenção seria a de investigar as pesquisas de
opinião realizadas nos últimos 14 anos.

O requerimento para a abertura da comissão foi devolvido em 4 de março de 2015 pelo presidente da Casa,
deputado Eduardo Cunha do Partido do Movimento Democrático Brasileiro - PMDB do Estado do Rio de Janeiro, sob
o fundamento de “não haver fato determinado devidamente caracterizado”. O deputado federal Ricardo Barros, do
Partido Progressista - PP do Estado do Paraná, impetrou Mandado de Segurança ao Supremo Tribunal Federal,
pleiteando a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito. Os autos restam conclusos ao Relator, Ministro
Marco Aurélio Mello, desde a data de 09/04/2015.
CONCLUSÃO

Ainda que as polêmicas mantenham sua contumácia, conclui-se com este estudo que a
pesquisa eleitoral no cenário brasileiro é útil ao processo democrático e sua divulgação
garante a efetividade dos princípios da liberdade de informação e de expressão.

Esse instrumento é composto por uma verificação estatística, realizada mediante a colheita
de dados do corpo eleitoral e que, a partir da interpretação desses números, fornece
importante informação não apenas para a estratégia de campanha dos candidatos políticos
como também ao eleitor que muitas vezes se encontra indeciso. Ao ator político que
objetiva angariar um cargo, o acesso a informações trazidas pela pesquisa eleitoral podem
ser decisivas para sua vitória ou derrota.

Não se pode negar que são inúmeras as desigualdades enfrentadas entre os candidatos
dentro da corrida eleitoral, mas esse argumento não pode ser utilizado para suprimir uma
fonte tão importante ao eleitor. A pesquisa eleitoral fornece ao eleitor a possibilidade de que
ele utilize uma amplitude maior de critérios ao optar por um ou outro candidato, dando
maior profundidade à sua escolha.

189
CONCLUSÃO

Assim, além da pesquisa ser benéfica de maneira geral, reputam-se válidos quaisquer
esforços para transformá-la em uma ferramenta mais precisa como publicizar os
procedimentos adotados pelo institutos de pesquisa, a exigência de registro de todos os
dados perante a Justiça Eleitoral e a iniciativa de levar ao eleitor toda a informação
necessária para a utilização consciente dos dados na escolha de seus representantes.

Outro fato verificado é que pesquisas não são feitas em um cenário livre de amarras como
alguns críticos supõem e buscam fazer com que a população acredite. No sistema brasileiro,
o controle de qualidade é dado por meio da publicidade que a legislação imprime às
pesquisas eleitorais, exigindo seu registro para que se submeta ao controle de toda a
sociedade. E isso garante sua autenticidade.

Entretanto, é indispensável que haja, por parte da Justiça Eleitoral e da mídia em geral maior
comprometimento com a informação a respeitos dos métodos de formulação das pesquisas
e na interpretação de seus dados. Entre tantos temas importantes, esse nunca foi o objetivo
de qualquer campanha publicitária veiculada na época das eleições.

190
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