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E suas funções
E não poderia ser diferente vez que seus pilares se encontram em um cenário
tão volátil como o da legislação eleitoral brasileira.
Pesquisa Enquete
Definição de pesquisa eleitoral
E SIM:
As pesquisas de opinião podem adotar a função de servir como base para a
tomada de decisões.
No caso das pesquisas eleitorais, os resultados de uma pesquisa de opinião
transformam-se em meios de propaganda e informação utilizadas, não raras vezes,
para favorecer determinado candidato.
E as pesquisas tornam-se, assim, mecanismo para influenciar a opinião eleitoral.
Principais Funções
Entenda e memorize
Que o eleitor tenha acesso aos resultados
quem está na frente
As pesquisas mais caras aos candidatos são aquelas cujo objetivo não é a
publicação. Uma elaborada estratégia e eficiente linha de comunicação
sempre é baseada em pesquisa, pois ela melhora o aproveitamento de
oportunidades da campanha.
Não obstante, é a pesquisa que vai a público que gera as maiores
preocupações aos estudiosos do Direito Eleitoral e aos próprios candidatos e partidos
políticos que disputam as eleições.
Funções das pesquisas eleitorais
Pesquisa eleitoral como fonte de informação do eleitorado
Em 2010, as campanhas focaram, entre outros temas, o alistamento dos eleitores, o comparecimento dos
mesários convocados e incentivaram a verificação do passado político e das propostas dos candidatos.
Também explicaram o papel do governador, do presidente e dos deputados.
No ano de 2014, as vinhetas da Justiça Eleitoral tiveram como pautas a convocação para votar, o voto em
trânsito, o incentivo à atuação dos mesários, a participação da mulher na política, o incentivo à participação
do eleitor sertanejo e ribeirinho, a acessibilidade, o alistamento e a mudança de domicílio, o incentivo ao
alistamento do eleitor no exterior, o alistamento do jovem eleitor e o cadastramento biométrico.
Sem desprestigiar essas pautas tão importantes ao exercício democrático do voto, é questionável o fato de
algo que reconhecidamente provoca tanto impacto nas eleições como o resultado das pesquisas eleitorais
não seja também explorado de maneira a trazer aos eleitores qualquer conhecimento a respeito do tema.
Funções das pesquisas eleitorais
De um lado resguardam a
realização das pesquisas
TSE De outro buscam
encontrar formas para que
eleitorais e a os dados divulgados não
divulgação de seus resultados, influenciassem
porque necessárias e indevidamente a
importantes; vontade do eleitor,
garantindo a sua livre
manifestação.
1945 1965
LEIS Nº:
7.508/86
7.664/88
7.773/89
8.214/91
8.713/93
9.100/95
9.504/97
11.300/06
E diversas Resoluções como a TSE nº 22.143/2006 e 22.623/2007
E mais recentemente:
RESOLUÇÃO Nº 23.453, DE 15 DE DEZEMBRO DE 2015
Evolução das regras que nortearam
o processo eleitoral nos últimos 30 anos
• Vedada divulgação 21 dias antes do pleito
• Obrigação de colocar à disposição de todos os partidos, com candidatos registrados
7.508/86 para o pleito, os resultados obtidos e publicados, bem como informações sobre os
métodos utilizados e as fontes financiadoras dos respectivos trabalhos.
Contudo, já em 1988, através de recursos apresentados pelos meios de produção e divulgação de pesquisas,
com base no direito constitucional à liberdade de expressão e de informação, a proibição fora suspensa e a
divulgação sem restrição de tempo passou a orientar as campanhas eleitorais desde então.
Em 27 de outubro de 1988 foi impetrado o Mandado de Segurança n º 997 – Classe II – SP, pela empresa Folha
da Manhã, por seu Diretor Administrativo, em que os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, por unanimidade,
deram o seguinte parecer:
Pesquisas pré-eleitorais. Divulgação pela imprensa. Mandado de Segurança.
1- O § 1º, do art. 5º, da Resolução-TSE nº 14.466/88 (Instruções sobre Propaganda), por fundar-se em texto de
lei formal e exprimir proibição direta aos veículos de comunicação de massa, é atacável com mandado de
segurança.
2- Cerceando a liberdade de informação pura e simples, a referida norma padece de incompatibilidade com o
art. 220 e § 1º da Constituição de 1988, e há de entender-se ab-rogado desde quando vigente a nova Lei
Fundamental. Mandado de segurança conhecido e provido.
Atualmente, existe a possibilidade da divulgação das pesquisas eleitorais até o dia da eleição, conforme vem se
posicionando o TSE, desde o Acórdão nº 10.305 supracitado, de 27/10/1988, e inclusive por meio de resolução
(Res.-TSE nºs 20.101/98, art.4º; 20.556/2000, art. 5º; 20.950/2001, art. 12; 21.576/2003, art. 17; 22.143/2006,
art. 13 e 22.623/2007, art. 6º (instruções sobre pesquisas eleitorais).
Evolução das regras que nortearam
o processo eleitoral nos últimos 30 anos
• Criou-se um sub título para o tema “pesquisa” retirando-as da parte “da propaganda eleitoral” como foram
tratadas na lei anterior;
• Obrigatoriedade do registro junto à Justiça Eleitoral, até 5 dias antes da divulgação;
• As empresas também ficaram obrigadas a colocar à disposição dos partidos todas as informações
pertinentes às pesquisas “imediatamente após a divulgação das mesmas.
8.713/93 • Permitiu que os partidos confrontassem as informações registradas e aquelas publicadas e estabeleceu
“pena de detenção de seis meses a um ano e multa de valor igual ao recebido pela realização da pesquisa”,
que seria aplicada também em caso de comprovada irregularidade, além da obrigatoriedade de que se
publicasse novamente, desta vez com os dados corretos.
• Acréscimo de dois incisos no rol das informações obrigatórias a serem divulgadas pelas empresas que
realizassem pesquisas eleitorais, a publicidade do intervalo de confiança, da margem de erro e do
9.100/95 questionário completo aplicado.
• A lei também trouxe a possibilidade dos partidos terem acesso inclusive à identificação dos entrevistadores,
mediante requerimento a Justiça Eleitoral
• A lei da eleição - deu o título “Das pesquisas e testes pré- eleitorais” para o seu capítulo que trata das
9.504/97 pesquisas eleitorais - em seus arts. 33 a 35
• Adicionou o art. 35-A à Lei nº 9.504/97, proibindo a divulgação de pesquisas eleitorais no décimo quinto dia
anterior até às dezoito horas do dia da eleição.
• Entretanto, esse artigo foi considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal na Ação Direta de
Inconstitucionalidade nº 3741, quando os Ministros entenderam que o dispositivo era inconstitucional por
11.300/06 ferir a garantia da liberdade de expressão e do “direito à informação livre e plural como valor indissociável da
ideia de democracia”
LEI Nº 9.504, DE 30 DE SETEMBRO DE 1997
“Das Pesquisas e Testes Pré-Eleitorais”
Art. 33. As entidades e empresas que realizarem pesquisas de opinião
pública relativas às eleições ou aos candidatos, para conhecimento público,
são obrigadas, para cada pesquisa, a registrar, junto à Justiça Eleitoral, até
cinco dias antes da divulgação, as seguintes informações:
I – quem contratou a pesquisa;
II – valor e origem dos recursos despendidos no trabalho;
III – metodologia e período de realização da pesquisa;
IV – plano amostral e ponderação quanto a sexo, idade, grau de instrução, nível econômico e área física de realização do
trabalho, intervalo de confiança e margem de erro;
V – sistema interno de controle e verificação, conferência e fiscalização da coleta de dados e do trabalho de campo;
VI – questionário completo aplicado ou a ser aplicado;
VII – o nome de quem pagou pela realização do trabalho.
§ lo As informações relativas às pesquisas serão registradas nos órgãos da Justiça Eleitoral aos quais compete fazer o
registro dos candidatos.
§ 2o A Justiça Eleitoral afixará imediatamente, no local de costume, aviso comunicando o registro das informações a que
se refere este artigo, colocando-as à disposição dos partidos ou coligações com candidatos ao pleito, os quais a elas
terão livre acesso pelo prazo de trinta dias.
§ 3o A divulgação de pesquisa sem o prévio registro das informações de que trata este artigo sujeita os responsáveis a
multa no valor de cinqüenta mil a cem mil Ufirs.
§ 4o A divulgação de pesquisa fraudulenta constitui crime, punível com detenção de seis meses a um ano e multa no
valor de cinqüenta mil a cem mil Ufirs
LEI Nº 9.504, DE 30 DE SETEMBRO DE 1997
“Das Pesquisas e Testes Pré-Eleitorais”
Art. 34. (Vetado)
§ 1o Mediante requerimento à Justiça Eleitoral, os partidos poderão ter acesso ao sistema interno
de controle, verificação e fiscalização da coleta de dados das entidades que divulgaram pesquisas
de opinião relativas às eleições, incluídos os referentes à identificação dos entrevistadores e, por
meio de escolha livre e aleatória de planilhas individuais, mapas ou equivalentes, confrontar e
conferir os dados publicados, preservada a identidade dos respondentes.
§ 2o O não-cumprimento do disposto neste artigo ou qualquer ato que vise a retardar, impedir ou
dificultar a ação fiscalizadora dos partidos constitui crime, punível com detenção, de seis meses a
um ano, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo prazo, e multa no
valor de dez mil a vinte mil Ufirs.
Art. 35
Pelos crimes definidos nos arts. 33, § 4o e 34, §§ 2o e 3o, podem ser responsabilizados penalmente
os representantes legais da empresa ou entidade de pesquisa e do órgão veiculador.
LEI Nº 9.504, DE 30 DE SETEMBRO DE 1997
“Das Pesquisas e Testes Pré-Eleitorais”
Razões do veto
“O dispositivo em questão determina o fornecimento aos
partidos ou coligações concorrentes, imediatamente após o
registro de pesquisa eleitoral, de todas as informações a ela
referentes. É plausível o entendimento de que “todas as
informações” incluem os próprios resultados da pesquisa, além
do especificado nos incisos do art. 33. Ora, o art. 33 impõe
um prazo mínimo de cinco dias entre o registro da pesquisa
e a publicação dos seus resultados. Os partidos ou coligações
concorrentes teriam, desse modo, acesso aos resultados da
pesquisa antes do público em geral. É de todo previsível, nessa
circunstância, que se multiplicariam as tentativas de
impugnação judicial da divulgação desta ou daquela pesquisa
pelos partidos que se julgassem eventualmente desfavorecidos
pelos resultados, numa espécie de censura prévia. Trata-se,
portanto, de exigência incompatível com o interesse público”.
Resolução TSE
O TSE também disciplina a regulamentação das pesquisas
eleitorais através de Resolução:
A Res. TSE nº 21.576, que dispõe sobre pesquisas eleitorais para as eleições
de 2004, trouxe quatro incisos que não são contemplados pela Lei nº
9.504/97, sendo que os incisos X e XI foram acrescentados pela Res.-TSE nº
21.631/04, a saber: Art. 2º (...)
http://www.tse.jus.br/eleicoes/pesquisa-eleitorais/pesquisas-eleitorais
RESOLUÇÃO ATUAL
RESOLUÇÃO Nº 23.549, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2017
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1º Esta resolução disciplina os procedimentos relativos ao registro e a posterior
divulgação, por qualquer meio de comunicação, de pesquisas de opinião pública para
as eleições aos cargos de Presidente da República, Governador de Estado e do
Distrito Federal, Senador e Deputados Federal, Estadual e Distrital.
§ 10. Nos questionários aplicados ou a serem aplicados nas pesquisas de opinião pública referidas no caput,
são vedadas indagações a respeito de temas não relacionados à eleição. (Incluído pela Resolução nº
23.560/2018) (Revogado pela Resolução nº 23.561/2018)
§ 11. Os questionários referidos no parágrafo anterior não poderão conter afirmação caluniosa, difamatória,
injuriosa ou informação sabidamente inverídica, sob pena de suspensão de sua divulgação ou de anotação
de esclarecimentos, nos termos do § 1º do art. 16 desta resolução. (Incluído pela Resolução nº
23.560/2018) (Revogado pela Resolução nº 23.561/2018)
Art. 3º A partir das publicações dos editais de registro de candidatos, os nomes de todos os candidatos cujo
registro tenha sido requerido deverão constar da lista apresentada aos entrevistados durante a realização
das pesquisas.
RESOLUÇÃO ATUAL RESOLUÇÃO Nº 23.549, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2017
Seção I
Do Sistema de Registro de Pesquisas Eleitorais
Art. 4º O registro de pesquisa será obrigatoriamente realizado por meio do PesqEle, disponível
nas páginas dos tribunais eleitorais, na internet.
Art. 5º Para a utilização do PesqEle, as entidades e as empresas deverão obrigatoriamente
cadastrar-se eletronicamente na Justiça Eleitoral, mediante o fornecimento das seguintes
informações e documento eletrônico:
I — nome de pelo menos um e no máximo três dos responsáveis legais;
II — razão social ou denominação;
III — número de inscrição no CNPJ;
IV — número do registro da empresa responsável pela pesquisa no Conselho Regional de
Estatística, caso o tenha;
V — telefone móvel que disponha de aplicativo de mensagens instantâneas para comunicação
com a Justiça Eleitoral;
VI — endereço eletrônico;
VII — endereço completo para recebimento de comunicações;
VIII — telefone fixo;
IX — arquivo, no formato PDF, com a íntegra do contrato social, estatuto social ou inscrição
como empresário, que comprove o regular registro.
RESOLUÇÃO ATUAL RESOLUÇÃO Nº 23.549, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2017
§ 1º Não será permitido mais de um cadastro por número de inscrição no CNPJ.
§ 2º É de inteira responsabilidade da empresa ou da entidade o cadastro para a utilização do
sistema e a manutenção de dados atualizados na Justiça Eleitoral, inclusive quanto
à legibilidade e à integridade do arquivo a que se refere o inciso IX.
Art. 6º O PesqEle permitirá que as empresas ou as entidades responsáveis pela pesquisa façam alterações
nos dados do registro previamente à sua efetivação.
Art. 7º Efetivado ou alterado o registro, será emitido recibo eletrônico, que conterá:
I — resumo das informações;
II — número de identificação da pesquisa.
§ 1º O número de identificação de que trata o inciso II deverá constar da divulgação e da publicação dos
resultados da pesquisa.
§ 2º O PesqEle veiculará aviso com as informações constantes do registro na página dos tribunais eleitorais,
na internet, pelo período de 30 (trinta) dias (Lei n° 9.504/1997, art. 33, § 2°).
Art. 8º O registro da pesquisa poderá ser alterado desde que não expirado o prazo de 5 (cinco) dias para a
divulgação do seu resultado.
§ 1º A alteração de que trata o caput implica atribuição de novo número de identificação à pesquisa e o
reinício da contagem do prazo previsto no caput do art. 2º, a partir do recebimento das alterações com a
indicação, pelo sistema, da nova data a partir da qual será permitida a divulgação da pesquisa.
§ 2º Serão mantidos no sistema a data do registro e o histórico das alterações realizadas e do cancelamento,
se for o caso.
§ 3º Não será permitida a alteração no campo correspondente à Unidade da Federação (UF), devendo, em
caso de erro em relação a esse campo, a pesquisa ser cancelada pelo próprio usuário, sem prejuízo da
apresentação de um novo registro.
Art. 9º Será livre o acesso, para consulta, aos dados do registro da pesquisa, nas páginas dos tribunais
eleitorais, na internet.
RESOLUÇÃO ATUAL RESOLUÇÃO Nº 23.549, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2017
Seção II
Da Divulgação dos Resultados
Art. 10. Na divulgação dos resultados de pesquisas, atuais ou não, serão obrigatoriamente informados:
I — o período de realização da coleta de dados;
II — a margem de erro;
III — o nível de confiança;
IV — o número de entrevistas;
V — o nome da entidade ou da empresa que a realizou e, se for o caso, de quem a contratou;
VI — o número de registro da pesquisa.
Art. 11. As pesquisas realizadas em data anterior ao dia das eleições poderão ser divulgadas a qualquer
momento, inclusive no dia das eleições, desde que respeitado o prazo de 5 (cinco) dias previsto no art. 2°
desta resolução e a menção às informações previstas no art. 10.
Art. 12. A divulgação de levantamento de intenção de voto efetivado no dia das eleições somente poderá
ocorrer:
I — nas eleições relativas à escolha de Governador, Senador e Deputados Federal, Estadual e Distrital, a
partir das 17 (dezessete) horas do horário local.
II — na eleição para a Presidência da República, após o horário previsto para encerramento da votação em
todo o território nacional.
Art. 13. Mediante requerimento à Justiça Eleitoral, o Ministério Público, os candidatos, os partidos políticos
e as coligações poderão ter acesso ao sistema interno de controle, à verificação e à fiscalização de coleta de
dados das entidades e das empresas que divulgarem pesquisas de opinião relativas aos candidatos e às
eleições, incluídos os referentes à identificação dos entrevistadores e, por meio de escolha livre e aleatória
de planilhas individuais, mapas ou equivalentes, confrontar e conferir os dados publicados, preservada a
identidade dos entrevistados (Lei nº 9.504/1997, art. 34, § 1º).
RESOLUÇÃO ATUAL RESOLUÇÃO Nº 23.549, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2017
§ 1º Além dos dados de que trata o caput, poderá o interessado ter acesso ao
relatório entregue ao solicitante da pesquisa e ao modelo do questionário aplicado,
para facilitar a conferência das informações divulgadas.
§ 2º O requerimento de que trata o caput tramitará obrigatoriamente no Sistema Processo Judicial
Eletrônico (PJe), devendo ser autuado na classe Petição (Pet), com indicação do número de
identificação da pesquisa, e distribuído aos juízes auxiliares do tribunal eleitoral.
§ 3º Deferido o pedido, a empresa responsável pela realização da pesquisa será intimada para
disponibilizar o acesso aos documentos solicitados.
§ 4º Sendo de interesse do requerente, a empresa responsável pela pesquisa lhe encaminhará os
dados solicitados para o endereço eletrônico informado, ou por meio da mídia digital fornecida por
ele, no prazo de 2 (dois) dias, e, em igual prazo, permitirá seu acesso, ou de representante por ele
nomeado, à sede ou à filial da empresa para o exame aleatório das planilhas, mapas ou equivalentes,
em horário comercial, na forma definida pelo juízo eleitoral.
§ 5º O requerente ficará responsável pelo fornecimento de mídia para acesso digital ou pelo custo de
reprografia de eventuais cópias físicas das planilhas, mapas ou equivalentes que solicitar.
§ 6º As informações das pesquisas realizadas por meio de dispositivos eletrônicos portáteis, de que
trata o § 7º do art. 2º, ressalvada a identificação dos entrevistados, deverão ser auditáveis e acessíveis
no formato eletrônico.
Art. 14. Na divulgação de pesquisas no horário eleitoral gratuito não será obrigatória a menção aos
nomes dos concorrentes, desde que o modo de apresentação dos resultados não induza o eleitor a
erro quanto ao desempenho do candidato em relação aos demais, devendo ser informados com
clareza os dados especificados no art. 10.
RESOLUÇÃO ATUAL RESOLUÇÃO Nº 23.549, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2017
Seção III
Das Impugnações
Art. 15. O Ministério Público, os candidatos, os partidos políticos e as coligações são partes
legítimas para impugnar o registro ou a divulgação de pesquisas eleitorais perante o tribunal
competente, quando não atendidas as exigências contidas nesta resolução e no art. 33 da Lei nº
9.504/1997.
Art. 16. O pedido de impugnação do registro de pesquisa deve ser autuado no Processo Judicial
Eletrônico (PJe), na classe Representação (Rp), devendo a Secretaria Judiciária providenciar a
citação imediata do representado, para, querendo, apresentar defesa em 2 (dois) dias.
§ 1º Considerando a relevância do direito invocado e a possibilidade de prejuízo de difícil
reparação, o relator poderá determinar a suspensão da divulgação dos resultados da pesquisa
impugnada ou a inclusão de esclarecimento na divulgação de seus resultados.
§ 2º A suspensão da divulgação da pesquisa será comunicada ao responsável por seu registro e
ao respectivo contratante.
§ 3º As impugnações serão processadas na forma da resolução do Tribunal Superior Eleitoral
que dispuser sobre as representações.
§ 4º No período compreendido entre 15 de agosto e 19 de dezembro, as intimações serão
realizadas preferencialmente pelo mural eletrônico ou por qualquer outro meio que garanta a
entrega ao destinatário (Lei nº 9.504/1997, art. 94, § 5º), não se aplicando a forma de intimação
do art. 5º da Lei nº 11.419/2006.
RESOLUÇÃO ATUAL RESOLUÇÃO Nº 23.549, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2017
CAPÍTULO III
DA PENALIDADE ADMINISTRATIVA
Art. 17. A divulgação de pesquisa sem o prévio registro das informações constantes do art. 2º
sujeita os responsáveis à multa no valor de R$ 53.205,00 (cinquenta e três mil, duzentos e cinco reais) a R$
106.410,00 (cento e seis mil, quatrocentos e dez reais) (Lei nº 9.504/1997, arts. 33, § 3º, e 105, § 2º).
CAPÍTULO IV
DAS DISPOSIÇÕES PENAIS
Art. 18. A divulgação de pesquisa fraudulenta constitui crime, punível com detenção de seis meses a um ano
e multa no valor de R$ 53.205,00 (cinquenta e três mil, duzentos e cinco reais) a R$ 106.410,00 (cento e seis
mil, quatrocentos e dez reais) (Lei nº 9.504/1997, arts. 33, § 4º, e 105, § 2º).
Art. 19. O não cumprimento do disposto no art. 34 da Lei nº 9.504/1997 ou a prática de qualquer ato que
vise retardar, impedir ou dificultar a ação fiscalizadora dos partidos políticos constitui crime, punível com
detenção de seis meses a um ano, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo
prazo, e multa no valor de R$ 10.641,00 (dez mil, seiscentos e quarenta e um reais) a R$ 21.282,00 (vinte e
um mil, duzentos e oitenta e dois reais) (Lei nº 9.504/1997, arts. 34, § 2º, e 105, § 2º).
Parágrafo único. A comprovação de irregularidade nos dados publicados sujeita os responsáveis às penas
mencionadas no caput, sem prejuízo da obrigatoriedade de veiculação dos dados corretos no mesmo
espaço, local, horário, página e com caracteres e outros elementos de destaque, de acordo com o veículo
usado (Lei nº 9.504/1997, art. 34, § 3º).
Art. 20. Pelos crimes definidos nos arts. 33, § 4º, e 34, §§ 2º e 3º, da Lei nº 9.504/1997, podem ser
responsabilizados penalmente os representantes legais da empresa ou da entidade de pesquisa e do órgão
veiculador (Lei nº 9.504/1997, art. 35).
RESOLUÇÃO ATUAL RESOLUÇÃO Nº 23.549, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2017
CAPÍTULO V
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 21. Os responsáveis pela publicação da pesquisa não registrada ou em desacordo com as
determinações legais, inclusive o veículo de comunicação social, arcarão com as consequências da
publicação, mesmo que estejam reproduzindo matéria veiculada em outro órgão de imprensa.
Art. 22. As penalidades previstas nesta resolução não obstam eventual propositura de ações eleitorais
ou de outras ações cabíveis nos foros competentes.
Art. 23. É vedada, no período de campanha eleitoral, a realização de enquetes relacionadas ao
processo eleitoral.
§ 1º Entende-se por enquete ou sondagem a pesquisa de opinião pública que não obedeça às
disposições legais e às determinações previstas nesta resolução.
§ 2º Se comprovada a realização e divulgação de enquete no período da campanha eleitoral, incidirá a
multa prevista no § 3º do art. 33 da Lei nº 9.504/1997, independentemente da menção ao fato de não
se tratar de pesquisa eleitoral.
Art. 24. Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação.
Composição: Ministros Gilmar Mendes (presidente), Luiz Fux, Rosa Weber, Napoleão Nunes Maia
Filho, Jorge Mussi, Admar Gonzaga e Tarcisio Vieira de Carvalho Neto. Vice-Procurador-Geral Eleitoral:
Humberto Jacques de Medeiros.
RESUMINDO A HISTÓRIA
• população pesquisada;
• tamanho da amostra;
Diante desse fato, a legislação busca garantir a lisura dos dados por meio da exigência de
registro junto à Justiça Eleitoral, que exige a especificação dos diferentes elementos
utilizados na formulação das pesquisas, como a metodologia e o período de realização da
coleta de dados, por exemplo.
O cenário – resumo...
Explicativas - registra fatos, analisa-os, interpreta-os e identifica suas causas. Essa prática visa ampliar
generalizações, definir leis mais amplas, estruturar e definir modelos teóricos, relacionar hipóteses em uma visão
mais unitária do universo ou âmbito produtivo em geral e gerar hipóteses ou ideias por força de dedução lógica. A
pesquisa explicativa exige maior investimento em síntese, teorização e reflexão a partir do objeto de estudo. Visa
identificar os fatores que contribuem para a ocorrência dos fenômenos ou variáveis que afetam o processo.
Explica o porquê das coisas. Nas áreas tecnológicas, há a necessidade da utilização de métodos experimentais
de modelagem e simulação para que os fenômenos físico-químicos sejam identificados para posteriormente
serem explicados.
Descritivas - realiza-se o estudo, a análise, o registro e a interpretação dos fatos do mundo físico sem a
interferência do pesquisador. São exemplos de pesquisa descritiva as pesquisas mercadológicas e de opinião. A
finalidade da pesquisa descritiva é observar, registrar e analisar os fenômenos ou sistemas técnicos, sem,
contudo, entrar no mérito dos conteúdos. Nesse tipo de pesquisa não pode haver interferência do pesquisador,
que deverá apenas descobrir a frequência com que o fenômeno acontece ou como se estrutura e funciona um
sistema, método, processo ou realidade operacional.
Pesquisa Científica
O processo descritivo visa à identificação, registro e análise das
características, fatores ou variáveis que se relacionam com o fenômeno ou
processo. Esse tipo de pesquisa pode ser entendida como um estudo de caso
onde, após a coleta de dados, é realizada uma análise das relações entre as variáveis
para uma posterior determinação do efeitos resultantes em uma empresa, sistema de
produção ou produto.
A pesquisa descritiva pode aparecer sob diversos tipos: documental, estudos de campo,
levantamentos, etc, desde que se estude a correlação de, no mínimo, duas variáveis.
Muitos assuntos são tão distantes do indivíduo que ele não forma atitudes
a respeito. Philip Converse, em 1964, mostrou com um painel como as
opiniões individuais mudavam de uma onda para outra de forma aleatória,
conceituando a “não atitude”.
69
CENSO X AMOSTRA
CENSOS
AMOSTRAS
População Amostra
70
QUANDO O CENSO
É APROPRIADO ?
71
QUANDO A AMOSTRA
É APROPRIADA?
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UM POUCO DE HISTÓRIA
1a GRANDE CONCLUSÃO
Uma amostra grande não é necessariamente uma boa
amostra!
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PRECISÃO X VIÉS
76
A REPRESENTATIVIDADE DA AMOSTRA
77
A REPRESENTATIVIDADE DA AMOSTRA
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O PROCESSO DE AMOSTRAGEM
Identificação da população-alvo
Execução da Amostragem
80
Passo 1: IDENTIFICAÇÃO DA POPULAÇÃO-ALVO
Alguns exemplos:
1. Em uma pesquisa para medir atitudes da
população de determinado município em relação
a uma medida adotada pelo prefeito, a
população–alvo será:
• Aqueles que moram na comunidade?
• Aqueles que moram com 18 anos ou mais?
• Aqueles que votam no município?
81
Passo 1: IDENTIFICAÇÃO DA POPULAÇÃO-ALVO
Alguns exemplos :
• homens com mais de 18 anos residentes na área urbana da Grande São Paulo
em Setembro de 2003
• proprietários de automóvel do fabricante “X” que visitaram o último salão do
automóvel em Junho de 2004
• diretores de escolas da rede pública do Estado de São Paulo existentes em
Janeiro de 2005
82
Passo 1: IDENTIFICAÇÃO DA
POPULAÇÃO-ALVO
• Na hora de identificar a população-alvo da pesquisa os seguintes passos
devem ser seguidos:
• Examinar os objetivos da pesquisa
• Considerar alternativas
• Conhecer o mercado
• Escolher a unidade de amostragem adequada
• Especificar claramente o que é excluído
• Não limitar excessivamente a definição
• Deve ser reproduzível
• Considerar a conveniência
• Considerar a conveniência de realizar mini-censos (ou macro-amostras)
• Ex. Levantamento Sócio Econômico (LSE) do Ibope
• Estrutura Varejista Nielsen
83
Passo 3: SELEÇÃO DE UM PROCEDIMENTO
DE AMOSTRAGEM
Amostra tipo Bola de Neve O pesquisador inicia o processo de entrevista com uma pequena lista e
depois cada entrevistado indica outros possíveis particiapantes
Amostra probabilística
Amostra aleatória simples Cada membro da população tem uma chance conhecida e igual de ser
escolhido
85
TAMANHO DA AMOSTRA, MARGEM DE ERRO E INTERVALO
DE CONFIANÇA
86
ERRO AMOSTRAL
O erro amostral é o erro que surge da tentativa de
representar a população com uma amostra.
87
ERRO AMOSTRAL
Sendo assim, as estimativas estão sujeitas a
diferenças entre os dados obtidos através da amostra
e os da população que se está pesquisando.
88
ERRO AMOSTRAL
Ao contrário do que habitualmente se divulga, não
existe um erro amostral único e fechado para a
pesquisa como um todo, pois cada informação
fornecida pela pesquisa tem um erro amostral
correspondente.
89
REPRESENTAÇÃO GRÁFICA
M 14
a
r 12
g
10
e
m 8 Erro com 90%
d Erro com 95%
6
e Erro com 99%
4
e
r 2
r
o 0
0
0
* Estimativa de erro máxima
0
0
1
0
com p=50%
1
Tamanho da amostra
90
A DETERMINAÇÃO DO TAMANHO DA AMOSTRA
91
A DETERMINAÇÃO DO TAMANHO DA AMOSTRA
92
A DETERMINAÇÃO DO TAMANHO DA AMOSTRA
93
A DETERMINAÇÃO DO TAMANHO DA AMOSTRA
94
ERROS NÃO AMOSTRAIS
95
ERROS NÃO AMOSTRAIS
96
ERROS NÃO AMOSTRAIS
97
Etapas da Pesquisa
Do Briefing ao Resultado
1. Planejamento da pesquisa
4. Trabalho de campo
5. Codificação e Tabulação
Quantitativa ou Qualitativa ?
Para ilustrar como é feita uma pesquisa qualitativa, vamos usar um exemplo: uma empresa que
trabalha com produtos de limpeza precisa saber como está sua imagem no mercado perante a
concorrência. Como não há nenhuma premissa sobre a imagem da empresa na opinião dos
usuários, escolhe-se um público alvo e faz-se uma série de questões abertas. Neste exemplo, a
empresa escolheria diversas pessoas para saber quais são as impressões delas em relação ao
produto.
• Planejamento da pesquisa
• Definição da amostra
• Elaboração do questionário
• Elaboração do plano de tabulação
• Aplicação dos questionários e respectiva supervisão
• Codificação das perguntas abertas
• Digitação e crítica dos dados
• Processamento dos dados
• Análise dos dados
• Elaboração da apresentação final para o cliente 104
Planejamento
108
O QUESTIONÁRIO
• Questões curtas estão menos sujeitas a erro tanto por parte do entrevistado
quanto do entrevistador.
109
O QUESTIONÁRIO
110
O QUESTIONÁRIO
111
O QUESTIONÁRIO
112
FUNDAMENTOS DA ANÁLISE DE DADOS
113
FUNDAMENTOS DA ANÁLISE DE
DADOS
• A análise de dados dificilmente compensaria uma pergunta mal
formulada, um procedimento de amostragem inadequado ou um trabalho
de campo descuidado.
114
PREPARAÇÃO DOS DADOS PARA A
ANÁLISE
• Antes de se iniciar o processo de análise dos
dados a primeira etapa a ser cumprida consiste
na filtragem dos questionários para verificações
do tipo :
118
A TABULAÇÃO CRUZADA
120
A TABULAÇÃO CRUZADA
• A tabulação cruzada ajuda a verificar se existe qualquer
associação entre duas variáveis nominais. Para analisar o
relacionamento entre duas variáveis ou mais, a análise
multivariada pode ser empregada.
Responder aos
Respostas objetivos da pesquisa
E suas polêmicas
Analisando eleições recentes, podemos encontrar diversos resultados que mudaram significativamente de um dia
para o outro. Com frequência, as viradas acontecem nos últimos dias que antecedem a eleição. Portanto, as
pesquisas devem sempre ser inseridas no contexto na qual foram realizadas.
IBOPE
Eleições 2010
Diferenças metodológicas
Nos últimos meses, as pesquisas divulgadas pelos principais institutos de pesquisa sobre a sucessão presidencial foram
questionadas por apresentarem resultados com diferenças que, mesmo quando dentro dos intervalos das margens de erro
amostral, parecem “contar histórias” diversas sobre este período da pré-campanha eleitoral. Isso, segundo os críticos,
confundiria os que se valem das pesquisas eleitorais para compreender os movimentos do eleitorado, incluindo os próprios
eleitores que seguem o noticiário político.
As razões para tais diferenças são basicamente de duas ordens:
Diferenças metodológicas: há empresas que realizam entrevistas domiciliares, outras o fazem em pontos de fluxo. Além
disso, existem diferentes fontes de dados, peso do eleitorado por unidade geográfica, formulações de pergunta e mesmo
ordem das perguntas no questionário.
Diferenças de contexto: o que estava acontecendo no cenário político no período em que o trabalho de campo foi realizado.
As diferenças metodológicas entre os principais institutos brasileiros referentes aos planos amostrais, ou seja, como é
desenhada a amostra que será utilizada na pesquisa para representar a população estudada (seja no país, estado ou
município) são tecnicamente mais complexas, mas tendem a gerar diferenças percentuais dentro das margens de erro das
respectivas pesquisas e muito raramente apontam tendências inversas, se os trabalhos de campo foram realizados
simultaneamente.
Já as diferenças metodológicas relativas aos questionários podem ser um dos fatores que mais explicam as possíveis
divergências observadas nessa pré-campanha presidencial. Existem aqui duas correntes de pensamento, uma que diz que
estimular o eleitor a pensar sobre como avalia o atual governo, refletirá melhor na escolha do candidato em que irá votar
nas próximas eleições e outra que acredita que esse será um aprendizado adquirido ao longo da campanha e que não deve
ser antecipado. É exatamente por isso que a legislação eleitoral brasileira exige que o instituto entregue o modelo de
questionário utilizado quando registra uma pesquisa para divulgação, para que todas as informações possam ser
contextualizadas e corretamente interpretadas. 135
IBOPE
Diferenças metodológicas
Há, ainda, diferenças de contexto no período de realização das entrevistas e esse fator ganha relevância nessa fase de pré-
campanha, caracterizada pela volatilidade: as atenções do eleitorado não estão ainda focadas na disputa eleitoral (o eleitor
está mais suscetível a estímulos e o efeito destes é temporário); as informações sobre as candidaturas ainda estão sendo
geradas e disseminadas de forma desigual (no tempo, por candidatura e por segmentos do eleitorado); algumas decisões de
forte impacto político são tomadas nesse período (candidaturas confirmadas, chapas, alianças). Assim, a diferença de alguns
dias entre os trabalhos de campo de um instituto para outro pode gerar diferenças significativas de resultado.
Voltemo-nos, portanto, para as rodadas de pesquisas e observaremos que o “final da história” é o mesmo em todos os
levantamentos: Dilma Rousseff consolidou-se como candidatura situacionista e, até o momento, apresenta certo favoritismo
em uma disputa polarizada com José Serra.
Esse diagnóstico comum reflete um contexto, aí sim, bem mais consistente e estável do que os sucessivos momentos da pré-
campanha. Chamamos a isso de contexto da disputa política, ou seja, em que terreno, sobre quais pilares, a escolha dos
eleitores se dará? Todas as análises descrevem um contexto político marcado pelo forte desejo de continuidade das
conquistas nas áreas econômica e social.
136
IBOPE
Diferenças metodológicas
Mas o que podemos dizer sobre os efeitos dos contextos momentâneos das pesquisas de maio? Observando os resultados
do Datafolha e do IBOPE Inteligência, por exemplo, verifica-se que o período de coleta de dados foi realizado em datas
distantes, com contextos marcados diferentemente pelas veiculações das propagandas eleitorais do PT (programa em 13 de
maio) e do DEM (programa em 27 de maio). Isso coloca duas possibilidades teóricas:
O contexto fez diferença: nesse caso, o fato de ambos os institutos encontrarem o mesmo resultado (Dilma e Serra
empatados) significa que Dilma teria continuado a crescer em cima do eleitorado de Serra caso o programa e os comerciais
do DEM não tivessem sido veiculados.
O contexto não fez diferença: nesse caso a coincidência de resultados pode sugerir que se o Datafolha fizesse um campo nas
mesmas datas do IBOPE Inteligência é possível que obteria outro resultado, em consequência das diferenças na metodologia
amostral.
Nossa opinião é a de que tenha ocorrido a primeira possibilidade, ou seja, as propagandas políticas tiveram seus efeitos e o
empate que o IBOPE Inteligência encontrou já incorpora esse contexto. Para chegar a tal conclusão nós nos baseamos nos
dados de audiência de televisão, especificamente nas estimativas de alcance (porcentagem de indivíduos diferentes de 16
anos ou mais que assistiram à transmissão) dos programas eleitorais do PT e do DEM, assim como das inserções dos dois
partidos em abril e maio.
A estimativa é de que 83% dos eleitores (brasileiros de 16 anos ou mais) tenham sido expostos aos comerciais do PT e o
mesmo percentual foi encontrado para os comerciais do DEM. Já o programa do PT alcançou 27% dos eleitores, contra 26%
do DEM. O eleitorado, portanto, teve o mesmo nível de exposição à propaganda partidária de ambos os partidos.
137
IBOPE
Diferenças metodológicas
Corroborando esses dados de mídia, quando perguntamos na nossa pesquisa se, “nas duas últimas semanas”, o entrevistado
tinha assistido/ouvido comerciais ou programas em que aparecia algum dos candidatos a presidente o resultado obtido foi:
Dilma Rousseff 24%, José Serra 23%, Marina Silva 11% e 67% declararam não ter visto/ouvido nada. Conforme poderíamos
esperar, a exposição percebida/declarada à propaganda eleitoral é muito menor do que a estimada pelos dados de
audiência, mas a equidade entre os dois principais candidatos nesse aspecto permanece.
Por outro lado, o cruzamento dessa pergunta com a intenção de voto estimulada sinaliza para um possível diferencial de
impacto da comunicação do PT e do DEM no desempenho das suas candidaturas a presidente: entre quem declara ter visto
Dilma em comerciais/programas ela obtém 33% dos votos contra 20% para Serra. Já entre quem declara ter visto Serra nas
propagandas, há um empate de 40% a 41%.
Esse impacto diferenciado provavelmente resulta dos diferentes patamares de conhecimento dos dois candidatos, ou seja,
para Dilma Rousseff a comunicação intensiva tem mais espaço para atuar, sobretudo no que diz respeito a marcá-la na
cabeça do eleitor como a candidata do Presidente Lula e da continuidade.
138
IBOPE
Comportamento do eleitor
Como já foi explicado neste artigo, o eleitor está mais pragmático em suas escolhas eleitorais, referenciando sua decisão de
voto na experiência eleitoral anterior, na avaliação do desempenho do governo atual e nas candidaturas que percebe como
mais capazes de dar continuidade aos avanços que o Brasil obteve em vários aspectos, sobretudo na economia e na área
social.
Esse pragmatismo crescente pode decorrer de um maior sentimento de eficácia política dos cidadãos no sentido de que ao
longo das duas últimas décadas, eles vêm amadurecendo e percebendo cada vez mais que o voto tem consequências nas
condições de vida da população. Ou seja, de fato, a prática da democracia parece ser a melhor educação política para a
sociedade.
Nesse amadurecimento político, os eleitores passaram a perceber a continuidade de políticas públicas bem-sucedidas como
fundamental para a melhoria da qualidade de vida. Em outras palavras, a continuidade de programas, ações e políticas bem-
avaliadas passou a ser um valor para os eleitores, significando responsabilidade por parte dos governantes, em termos de
respeito aos recursos e espírito públicos.
Esses fatores reforçam o maior envolvimento dos eleitores com o processo político-eleitoral, levando-os a se sentir mais
incluídos na campanha e aumentando sua disposição em se informar sobre as questões propostas pelos candidatos e em
votar.
Ao que tudo indica, a eleição será um bom exercício dessa participação dos eleitores, requerendo dos cidadãos mais atenção
na escolha, já que terão que decidir qual dos candidatos será o mais adequado para dar continuidade ao trabalho de Lula.
139
IBOPE
Comportamento do eleitor
Com o objetivo de entender melhor a escolha do eleitor, o IBOPE Inteligência realizou um estudo intitulado “Cenário
Eleitoral 2010: Mudanças e Continuidades no Comportamento Eleitoral do Brasil Pós-Lula” no qual foram identificados
quatro perfis atitudinais em relação à política do país.
O principal grupo foi batizado como “cada cabeça uma sentença” e reúne uma parcela grande da população brasileira que
vota de acordo com seus interesses pessoais do momento. O importante, para esse eleitor, é entender que vantagem ele
leva escolhendo um ou outro candidato. Os eleitores que se beneficiam de programas assistenciais e que esperam do
governo uma atuação paternalista com o cidadão formam o grupo “meu governo, minha vida”. Mas há, também, eleitores
mais moralistas, religiosos e tradicionalistas, que compõem o grupo chamado de “apegados”, e aqueles mais jovens, com
maior renda, que formam o grupo dos “livres e antenados”.
Neste contexto eleitoral que se configura parece que fatores puramente atitudinais não são suficientes para explicar a
intenção de voto nos principais candidatos, perdendo importância quando comparados com variáveis conjunturais, como a
percepção da capacidade de o candidato dar continuidade aos programas e às ações do governo atual, o apoio/oposição a
Lula, o nível de informação, a imagem dos candidatos e o alinhamento partidário dos eleitores.
Aloysio Nunes – 19% pesquisa – resultado 31% - série histórica mostra os indecisos
Os institutos Ibope e Datafolha divulgaram neste sábado (2) as últimas pesquisas de intenção de voto para a disputa presidencial antes da votação deste domingo (3).
O Ibope aponta a candidata do PT Dilma Rousseff com 51% dos votos válidos (sem considerar brancos, nulos e indecisos). O Datafolha mostra a petista com 50% dos votos
válidos. Como a margem de erro nas duas pesquisas é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, não é possível afirmar se a disputa vai para o segundo turno.
Para vencer no primeiro turno, é preciso ter a maioria absoluta dos votos válidos. Confira abaixo os dados dos dois institutos.
Ibope
Foram realizadas 3.010 entrevistas entre sexta-feira (1º/10) e sábado (2/10). O número de registro no TSE é 33.252/2010. O levantamento foi encomendado pela TV Globo e
pelo jornal "O Estado de S. Paulo" - veja mais detalhes da pesquisa Ibope.
Outros candidatos: 1%
Datafolha
Foram realizadas 20.960 entrevistas entre sexta-feira (1º/10) e sábado (2/10). O número de registro no TSE é 33.480/2010. O levantamento foi encomendado pela TV Globo
e pelo jornal "Folha de S.Paulo" - veja mais detalhes da pesquisa Datafolha.
Pergunta. A vitória do João Doria no primeiro turno na capital paulista foi uma surpresa? A
pesquisa anterior mostrava um salto, mas não falava em vitória em primeiro turno.
Resposta. A gente sabia que haveria mudanças e por isso resolveu fazer por conta própria, com investimento nosso, o
boca de urna em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde os quadros não estavam muito definidos. A gente previa
mudanças porque, no meio da semana, pra se ter uma ideia, 39% das pessoas em São Paulo falavam que ainda
precisavam de mais informações sobre os candidatos pra tomar decisão de voto. Mas a história da eleição foi contada
pelas pesquisas: o Doria, que começou com 9% das intenções de voto total, foi subindo a cada levantamento, enquanto
o Celso Russomanno, que começou muito bem, foi caindo. Agora, independente das pesquisas, a surpresa da vitória do
Doria foi pelo fato de São Paulo nunca ter tido uma vitória no primeiro turno. A votação mais expressiva do PSDB na
cidade tinha sido em 2004, com o José Serra, que teve 44% dos votos válidos. O Doria, que não tinha uma carreira
política, que não era um político conhecido na cidade, emplacar uma eleição com 53% dos votos válidos, enfrentando
nomes muito conhecidos, como um apresentador de televisão, duas ex-prefeitas e o atual prefeito, é um fenômeno
mesmo.
Pesquisa Eleitoral para Prefeitura de São Paulo - 2016
Mas na véspera, o Doria aparecia com 35% das intenções de votos válidos no Ibope [no
Datafolha o percentual era maior: 44%]. Essa foi a eleição do voto útil?
R. O que a gente tem visto é um eleitor cada vez mais desinteressado. Na pesquisa que a gente
divulgou no sábado, a metade dos eleitores de São Paulo diziam que estavam pouco ou nada
interessados pela eleição. Isso é alto. E as pessoas não estavam só desinteressadas, mas com um
sentimento de forte rejeição à política, por conta de toda a crise, por conta da Lava Jato... Então
havia uma desilusão. Aí ele apareceu como uma coisa nova, uma proposta de um cara que não
era político e aí talvez isso tenha gerado algum 'vamos acabar logo com isso' entre os eleitores.
Agora, o mais surpreendente, apesar de as pesquisas já apontarem uma queda, foi a Marta
terminar como uma candidata pequena... Um dia antes ela tinha 19% das intenções de votos
válidos, e ela terminou com 10%. Foi uma mudança muito rápida. Esse fenômeno da
volatilidade, de decisão de última hora, não é novidade nessa eleição. Já nas outras também
tinha. Mas nas eleições municipais isso se potencializou. O que mostra que esse debate das
questões da cidade não importou muito. Aí tem a questão também da estratégia das
campanhas: ficou todo mundo lá discutindo quem iria competir com ele, e deixaram ele correr
solto. Ninguém questionou nada do Doria. Então favorece o eleitor escolher fazer um voto útil.
Pesquisa Eleitoral para Prefeitura de São Paulo - 2016
R. A pesquisa é uma informação a mais para que o eleitor faça sua escolha, dentro de um
universo todo de informações. Então se ele resolve ou não usar essas informações pra fazer um
voto estratégico, isso faz parte da democracia. Quanto mais informação o cidadão tem, melhor
pra tomada de decisão do voto dele, seja ele um voto estratégico ou não. Mas isso é
controverso pelo seguinte: se influenciasse tanto assim, quem começou na frente foi o
Russomanno. Por que ele foi caindo? E por que o outro [o Doria] que começou com 9% foi
subindo? Então as pesquisas são usadas e interpretadas nos contextos em que estão. Se
também fosse assim, a gente não ia ver viradas. E a gente vê viradas nas campanhas eleitorais.
Viradas de última hora. Por 'n' razões. É o caso, por exemplo, do Rafael Greca: a campanha em
Curitiba estava caminhando para acabar no primeiro turno, aí ele falou uma besteira e, de uma
pesquisa pra outra, caiu 15 pontos, que foram para um terceiro candidato, que não tinha nem
dois dígitos, e agora vai enfrentá-lo no segundo turno [Ney Leprevost].
Pesquisa Eleitoral para Prefeitura de São Paulo - 2016
P. O Ibope cogita mudar a metodologia de pesquisa eleitoral, já que desde 2014 essa
disparidade nos resultados têm sido muito questionada? E já que, realmente, as pesquisas não
têm conseguido acompanhar o ritmo da decisão dos eleitores?
R. Sim, estamos com vários estudos em andamento, desde 2014. A volatilidade está se
intensificando, muito em função das redes sociais e da internet, como eu já disse. Então
enquanto instituto de pesquisa, temos que rever e aprimorar os métodos, e talvez pensar numa
metodologia em que a gente considere a questão da internet. Nós temos um painel com
480.000 internautas, fomos fazendo pesquisa neste ano como estudo, em São Paulo. Então
estamos estudando usar metodologias híbridas.... Toda eleição tem um aprendizado. Agora, de
novo, ressalto que a pesquisa não tem o papel de adivinhar o resultado de uma eleição. Essa
expectativa existe, mas ela não tem esse papel. Porque o que a gente mede é a opinião das
pessoas, que ela muda quando quiser.
Reportagem El País
As pesquisas não devem acertar quem será o prefeito da sua cidade. E não estarão erradas
Menor tempo de campanha deve aumentar importância da internet na eleição, dizem institutos
Reportagem El País
Foi uma reviravolta. Após ultrapassar a ex-senadora Marina Silva na reta final do
primeiro turno, o senador Aécio Neves disparava na disputa pelo Palácio do
Planalto contra a presidenta Dilma Rousseff, em 2014. Era o que apontava
aprimeira pesquisa sobre o cenário do segundo turno. Mas os 54% de intenções
de voto do tucano contra os 46% de Dilma aferidos pelo instituto Paraná
Pesquisas a pedido da revista Época se transformariam em empate técnico logo
no dia seguinte, na contagem dos institutos Ibope e Datafolha. A mudança
brusca de expectativas deixou dúvidas sobre a lisura dos institutos e, se você
está entre aqueles que enxergam motivações escusas na divulgação dessas
pesquisas, prepare-se: variações como essa prometem ser ainda mais intensas
nas eleições deste ano, avisam os institutos.
Reportagem El País
Assim, ainda que uma pesquisa feita no sábado anterior à votação aponte a vitória
apertada de um candidato, seu concorrente pode se beneficiar de informações
trocadas online nas horas seguintes e, dada a intensidade crescente da troca de
conteúdos relacionados à política via internet, levar o cargo. Não por acaso, o
instituto norte-americano Gallup decidiu não acompanhar com pesquisas de
intenção de voto a corrida presidencial dos Estados Unidos neste ano.
Reportagem El País
Na última eleição norte-americana, o renomado instituto identificou o republicano Mitt Romney sempre
à frente de Barack Obama durante a campanha. E dava 49% para Romney e 48% para o democrata em
sua parcial derradeira. Obama acabou reeleito com quase quatro pontos de vantagem e, após revisar seus métodos, o
Gallup resolveu que, melhor do que aferir a intenção de voto, é saber o que os eleitores pensam sobre os assuntos que
pautam a campanha.
Intenção x voto
Os institutos de pesquisa brasileiros não manifestam a intenção de tomar uma atitude tão radical quanto a do Gallup,
mas seus dirigentes se preocupam com a forma como as pesquisas têm sido interpretadas pela imprensa e pelo
eleitorado. Murilo Hidalgo, presidente do Paraná Pesquisas, admite que seu instituto pode errar, mas garante ter um
"histórico mais de acertos do que de erros" em seus 26 anos de história.
"Existe uma deturpação por parte dos meios de comunicação. A manchete dispara o resultado da eleição, mas a
pesquisa está apontando apenas a intenção de voto. Além disso, a divulgação da pesquisa passou a ser usada como
peça de marketing pelos candidatos", diz Hidalgo. O próprio pesquisador reconhece, contudo, que os levantamentos
sobre intenção de voto contribuem para atrair recursos para as campanhas, já que medem a viabilidade das chapas —
essa lógica será posta à prova numa eleição sem doações empresariais.
Para Márcia Cavallari, do Ibope, é preciso ficar claro que a pesquisa não tem o papel de adivinhar o resultado. "Temos
de conscientizar a mídia e a população de que a pesquisa não é um oráculo infalível. Ela tem o papel de mostrar como
a opinião está se formando, para que lado está indo, mas não o número exato do resultado". Na mesma linha, Janoni,
do Datafolha, resume em poucas palavras: "A pesquisa sempre reflete o passado, nunca prevê o futuro".
Reportagem El País
Segundo ele, o instituto, que também faz levantamentos para acompanhamento interno dos
partidos, já sentiu uma queda de 30% nas vendas em relação a outras eleições no Paraná,
apesar de ter ampliado a atuação nacional nos últimos anos.
Já para Alessandro Janoni, diretor do Datafolha, o novo cenário eleitoral se apresenta como
uma oportunidade para os institutos. Segundo ele, haverá maior "racionalização dos gastos",
mas os candidatos também serão forçados a testar suas estratégias de campanha com mais
cuidado, porque não haverá tempo a perder. Contudo, o Datafolha, que não presta serviço
direto a partidos e candidatos em nome da "transparência e da imparcialidade", deve ficar
ao sabor dos humores do mercado para vender suas pesquisas.
MAI. 14, 2018 - 09:59
PLEITO 2018
'Eleitores sem perspectiva', afirma diretora do Ibope
Marcia Cavallari, diretora executiva do Ibope Inteligência, ficou recentemente sensibilizada
ao acompanhar os depoimentos de entrevistados em uma pesquisa qualitativa promovida por
seu instituto. Reunidos em volta de uma mesa e convidados a falar sobre suas expectativas em
relação ao futuro, grupos de eleitores de perfis diversos só manifestaram desesperança e
angústia. "Foi uma tristeza", disse ela, em entrevista ao jornal O Estado de s. Paulo.
De acordo com Marcia, os levantamentos do Ibope mostram um eleitorado "sem perspectiva de
melhora". Existe uma abertura para candidatos que representem o "novo", mas, ao mesmo
tempo, um temor de uma pessoa sem muita bagagem política possa piorar a situação do País.
Leia a seguir os principais pontos da entrevista:
Os pré-candidatos mais conhecidos têm taxas muito altas de rejeição, até maiores que seus
porcentuais de intenção de voto. Qual será o impacto disso?
Uma questão que a gente vê nas pesquisas é que os eleitores estão sem perspectiva de
melhora. Não conseguem ver como sair desse lugar em que estamos, não conseguem enxergar
uma luz no fim do túnel. Os eleitores não conseguem identificar, nesses candidatos todos, qual
conseguiria tirar o País da situação em que está. Pode ser que, quando começar a campanha, as
coisas fiquem mais claras e possam identificar uma perspectiva. Há uma desconfiança também
porque os eleitores estão mais atentos para não se deixar levar por promessas mirabolantes, por
ideias que são inexequíveis.
MAI. 14, 2018 - 09:59
PLEITO 2018
'Eleitores sem perspectiva', afirma diretora do Ibope
O Estado de s. Paulo.
Essa questão da desesperança, de não conseguir enxergar uma solução, é um sentimento muito
sofrido, muito mesmo. Nós percebemos isso em pesquisas qualitativas. São pessoas de classes
mais altas, de classes mais baixas, todo mundo batalhando e as coisas não andam, está tudo
amarrado.
O desânimo em relação aos políticos tradicionais leva a uma maior abertura a novidades?
Há uma posição dúbia em relação ao novo. Eles percebem que a situação é muito complexa e
que talvez um candidato que represente o totalmente novo possa piorar ainda mais o quadro.
Querem mudança? Querem. No jeito de fazer política, no jeito de lidar com o serviço público,
com o dinheiro público. Mas não necessariamente esperam um "novo do novo", porque isso
também geraria insegurança. Eles esperam uma certa bagagem. Há esse temor de que fique
pior.
Até agora é uma eleição sem favoritos, o que atrai muitos candidatos. Por outro lado, partidos
menores têm poucos recursos e precisam investir em campanhas de deputados. A lista de
presidenciáveis tende a encolher?
MAI. 14, 2018 - 09:59
PLEITO 2018
'Eleitores sem perspectiva', afirma diretora do Ibope
O Estado de s. Paulo.
Deve ser a primeira eleição desde 1989 sem (o ex-presidente) Lula, que tem um peso específico,
que vai além de seu partido. Um ponto importante é que, apesar da baixa preferência partidária
dos brasileiros, há cerca de 30% com simpatia pelos partidos de esquerda. Sem o Lula, o que
pode acontecer é uma reorganização dos partidos de esquerda, para que não percam essa fatia
do eleitorado. Hoje o cenário é de muitos possíveis candidatos, com baixa intenção de voto. Os
únicos com taxas significativas são Lula, Bolsonaro e Marina. O voto está muito pulverizado.
Acho que deve acabar ocorrendo uma recomposição dos partidos, de maneira que não
tenhamos tantos candidatos concorrendo. Será uma campanha curta, que terá emoção até o
último momento.
Até que ponto as redes sociais tornam o eleitorado mais volátil, mais sujeito a mudanças
bruscas?
As redes têm um papel mais importante, sim, a cada ano a mais usuários. Sabemos que os
eleitores citam cada vez mais as redes como fonte de informação. Mas ainda não temos como
medir o quanto elas influenciam a decisão de voto.
MAI. 14, 2018 - 09:59
PLEITO 2018
'Eleitores sem perspectiva', afirma diretora do Ibope
O Estado de s. Paulo.
Como a desinformação afeta o voto?
Em relação às notícias falsas, nossas pesquisas mostram que os eleitores se preocupam muito
com isso. Eles acham que o ambiente da internet é mais propício para as pessoas divulgarem e
passarem notícias falsas sem checar a fonte. Sabem e declaram que não podem acreditar em
tudo o que veem na internet. A credibilidade maior é dos veículos de comunicação tradicionais:
jornal, rádio, TV. É onde se sentem mais seguros em relação à informação que recebem. Existe
interesse maior pelas notícias políticas. É claro que isso se verifica de maneira mais forte nos
grupos urbanos e de maior escolaridade, mas também vemos essa preocupação de buscar mais
informação nas classes mais baixas.
Como o eleitor pode saber se uma pesquisa é confiável?
Primeiro, todas as pesquisas que são divulgadas têm de ser registradas no site do TSE. O registro
dá transparência ao processo. É possível ver a maneira como a pesquisa está sendo feita, ler o
questionário, saber quem é o contratante, verificar o preço que está sendo pago. Há preços lá
que são inexequíveis. Impossível fazer uma pesquisa com um custo tão baixo. É claro que
metodologia é uma coisa muito técnica, mas só de olhar o eleitor vai ter alguns indícios de como
cada instituto está trabalhando. Uma coisa que fica nítida é a diferença de preços entre
institutos tradicionais e conhecidos e os outros. Até o dia 8 de abril, havia 88 pesquisas
registradas no TSE. Cerca de 40 eram de empresas não associadas à ABEP (Associação Brasileira
das Empresas de Pesquisas). Ou seja, não sei quem são. Além disso, em todos esses casos, o
contratante é a própria empresa de pesquisa.
MAI. 14, 2018 - 09:59
PLEITO 2018
'Eleitores sem perspectiva', afirma diretora do Ibope
O Estado de s. Paulo.
É algo inusual um instituto fazer pesquisa com recursos próprios?
Essa coisa de fazer tudo por conta própria é estranha. Nós já fizemos, mas é raro. Às vezes
fazemos porque há algo importante acontecendo e nenhum cliente contrata pesquisa naquele
momento. Há casos em que o cliente contratou um calendário e acontece um fato importante
no intervalo de duas pesquisas. Aí fazemos uma extra e doamos para o cliente. Mas é estranho
fazer várias pesquisas com recursos próprios.
Isso seria um indício de que eles estariam ocultando o contratante, alguém com interesse
no resultado da pesquisa?
Há que se deduzir isso. Não se sabe que interesse haveria em um instituto ficar gastando seus
recursos com pesquisas. É um indício de algo esquisito. Também se deve prestar atenção
nos resultados dos diferentes institutos. As pesquisas mostram uma tendência ao longo do
tempo. O fenômeno que está sendo medido por todos é o mesmo, então todos devem mostrar
uma tendência semelhante, mesmo que os números não sejam exatamente os mesmos. Se um
instituto apresenta resultados muito díspares, é preciso procurar entender a razão. As
informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Os desafios das pesquisas eleitorais: polarização política e novas tecnologias
Para especialistas, há uma confusão sobre o papel das pesquisas e
uma supervalorização dos erros, mas é inegável que há desafios
Segundo o diretor do DataFolha, Mauro Paulino, também existe uma leitura equivocada das
pesquisas. “Elas não são projeções do futuro, mas representação de um cenário até
determinado momento”, argumenta. Mesmo assim, como explicar que a quase totalidade das
projeções apontaram para uma vitória de Hillary? Bom, a explicação, agora sim, passa pelos
desafios impostos pelas novas tecnologias e novos tempos políticos. E ela vale não apenas para
o caso americano, mas também para o colombiano e britânico.
Para o diretor do Instituto Análise, Alberto Carlos Almeida, a alta polarização política que
diferentes países têm presenciado faz com que os institutos tenham que trabalhar
obrigatoriamente com a margem de erro, o que torna o trabalho mais árido. “Nos casos de
Colômbia e Brexit, por exemplo, estamos falando de diferenças muito pequenas na decisão”,
comenta. A polarização, além disso, ainda tem reflexos no chamado “voto envergonhado”, em
que os entrevistados não declaram em quem vão votar até o momento em que estão sozinhos
na urna. “Em cenários de alta polarização e dependendo do ambiente em que a pessoa vive, há
muita gente que acaba não declarando seu voto por medo ou vergonha”, argumenta Carlos
Almeida.
Os desafios das pesquisas eleitorais: polarização política e novas tecnologias
Para especialistas, há uma confusão sobre o papel das pesquisas e
uma supervalorização dos erros, mas é inegável que há desafios
São Paulo 14 NOV 2016 - 10:02 BRST
Pesquisa do Instituto QualiBest, encomendada pelo movimento Vem Pra Rua, busca entender
como os brasileiros estão se preparando para as eleições presidenciais de 2018. Para 79% dos
entrevistados, a televisão ainda é a principal fonte de informação sobre o assunto, seguido das
redes sociais, apontada por 67% dos respondentes. A insatisfação com a política no país fica
evidente, quando 34% dos entrevistados afirmam já ter participado de manifestações, seja
para pedir a saída de algum governante ou para protestar contra a corrupção.
Como a política e a corrupção, infelizmente, parecem andar lado a lado, o Vem Pra Rua quis
saber quais são partidos políticos que os brasileiros consideram ser os mais corruptos. O PT
lidera o ranking, com 87% das indicações, seguido do PMDB e do PSDB, com 78% e 74%,
respectivamente. Individualmente, os políticos também foram avaliados a respeito desta
questão: Michel Temer (92%), Aécio Neves (85%), Renan Calheiros (77%) e Lula 75%) aparecem
entre os políticos considerados mais corruptos do país.
A pesquisa quantitativa online foi realizada em setembro de 2017, com 906 pessoas – a
amostra corresponde a população de internautas brasileiros. São pessoas que pertencem às
classes A, B e C, de todas as regiões do país e idade acima de 17 anos.
PESQUISAS ENCOMENDADAS EM 2018
RESULTADOS PESQUISA 2018
IBOPE - SÓ ESTADO SP - ABRIL
DATAFOLHA - ABRIL
AMOSTRA DE 4194
RESULTADOS PESQUISA 2018
RESULTADOS PESQUISA 2018
A eleição presidencial deste ano é a mais imprevisível desde a de 1989, motivo de no “mercado”, reduto dos endinheirados,
circularem pesquisas paralelas, encomendadas por interessados em ter o máximo de dados para traçar prognósticos.
Em breve, por exemplo, o instituto Ipsos fará enquetes diárias para que a Eurasia Group, uma consultoria política internacional,
prepare análises para dez grandes clientes brasileiros, algo inédito na história da consultoria por aqui.
Uma empresa que resolveu ganhar dinheiro com a prática de enquetes tem medido resultados muito diferentes de institutos tradicionais. Ela contrata
enquetes próprias para vender a clientes dias antes da divulgação de alguma pesquisa de instituto famoso. Com a enquete à mão, o comprador imagina o que
provavelmente será visto no Datafolha e no Ibope e pode ganhar dinheiro especulando com o dólar ou na bolsa.
Na enquete comercializada em abril por esta empresa, Jair Bolsonaro tinha cinco pontos percentuais a mais do que os 16% medidos recentemente por
Datafolha e Ibope. Para esta empresa, o deputado foi desidratado propositalmente para que Geraldo Alckmin, outro presidenciável do campo da direita,
possa respirar. As suspeitas da empresa teriam, inclusive, chegado ao MDB de Michel Temer.
Nas últimas pesquisas de Datafolha e Ibope, o presidenciável da extrema-direita está atrás só de Lula. Ambas foram às ruas em um período parecido. O
Datafolha ouviu as pessoas de 11 a 13 de abril, por encomenda da Folha de S.Paulo, que pagou 398 mil reais pelo serviço e divulgou o resultado em 15 de
abril. O Ibope foi a campo de 20 a 23 de abril, contratado por 90 mil reais pela Band, que divulgou o resultado em 24 de abril.
A única diferença entre os levantamentos é que o Datafolha fez entrevistas em todo o País e o Ibope, apenas no estado de São Paulo.
Um economista de uma das grandes consultorias do “mercado” em São Paulo contou à reportagem que, recentemente, viu duas pesquisas para consumo de
endinheirados e que ambas mostravam Bolsonaro acima dos 16%. Uma tinha sido feita em São Paulo e a outra, no Rio Grande do Sul.
Um outro economista do “mercado” ouvido por CartaCapital disse não acreditar em manipulação, pois não seria fácil institutos combinarem de maquiar
dados ao mesmo tempo. Para ele, contudo, no “mercado” já começa a cair ficha de que Alckmin não tem chance, pois o eleitorado não quer um presidente
identificado com as reformas impopulares do governo Temer.
Na última pesquisa conhecida, do instituto MDA para a Confederação Nacional do Transporte (CNT), que pagou 179 mil reais pelo serviço, Alckmin tinha
4%. Esse levantamento foi feito de 9 a 12 de maio e tornado público na segunda-feira 14. No anterior, de março, Alckmin tinha 6,4%. Só ele caiu mais do
que a margem de erro, de 2,2 pontos.
No novo levantamento, Bolsonaro também aparece com 16%, igual ao Datafolha e ao Ibope.
De qualquer forma, parece haver algo estranho no mundo das pesquisas, a julgar pelo que disse a diretora-executiva do Ibope, Marcia Cavallari, em entrevista
ao jornal O Estado de S.Paulo da segunda-feira 14. Ela estranha a quantidade de pesquisas na praça. “Não se sabe que interesse haveria em um instituto ficar
gastando seus recursos com pesquisas. É um indício de algo esquisito.”
Ministro nega pedido do PT para suspender divulgação de pesquisa eleitoral
realizada pelo Datafolha
Decisão é do ministro Og Fernandes. Partido alegou que levantamento
prejudica seu pré-candidato à presidência da República.
"Não há qualquer elemento que corrobore com as alegações trazidas na inicial de que foi
concedido ao ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva tratamento desfavorável nos quesitos da
Pesquisa BR-08510/2018, tampouco se revela o uso de recursos tendentes a induzir as respostas
dos eleitores", ponderou o ministro ao julgar improcedente a representação. Com a decisão,
ficou prejudicado o pedido de suspensão liminar da divulgação da pesquisa impugnada.
Na ação, o partido alegou que o questionário adotado no levantamento traz um conjunto de
sete perguntas que causam danos à agremiação e ao seu pré-candidato à presidência da
República no pleito deste ano. De acordo com os advogados que subscrevem o pedido, a
pesquisa ignorou a pré-candidatura de Lula “e apresenta perguntas tendenciosas com potencial
para induzir entrevistados e manipular os resultados da pesquisa”.
Ministro nega pedido do PT para suspender divulgação de pesquisa eleitoral
realizada pelo Datafolha
Decisão é do ministro Og Fernandes. Partido alegou que levantamento
prejudica seu pré-candidato à presidência da República.
A sigla também argumentou que, por meio das perguntas formuladas, o instituto
tenta influenciar os entrevistados, incutindo neles a “falsa ideia de inelegibilidade”
do ex-presidente. Numa das questões, segundo os representantes do PT, o instituto
apresenta em resposta estimulada os nomes de potenciais candidatos a presidente sem,
entretanto, considerar o nome do pré-candidato do partido em seis dos nove cenários
hipotéticos apresentados.
O juiz eleitoral Cassius Clay negou pedido liminar da coligação “Frente Popular a Favor do Amapá”
(PSB/PT/PSOL/PCdoB) para proibir a divulgação de pesquisa do Instituto Brasileiro de Opinião e
Estatística (Ibope), de intenção de voto para governador no Estado. O magistrado entendeu que a
enquete é legítima e está liberada para veiculação somente a partir do próximo sábado (13).
O argumento da coligação representante é que o Ibope não informou o plano amostral da pesquisa,
que consiste em quantas pessoas do sexo masculino e feminino foram entrevistados e que o prazo de
divulgação estaria errado, conforme o registro no Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE-AP).
Em sua decisão, o juiz entendeu que o Ibope obedeceu aos requisitos exigidos pela legislação e que
não há flagrante intuito de burlar a legislação visando comprometer o equilíbrio na disputa eleitoral.
O magistrado ressaltou que houve um equívoco do representante, pois foi informado a Justiça eleitoral
a quantidade de entrevistados e os percentuais relativos a sexo encontram-se claramente estabelecidos
no referido plano. Portanto, a veiculação está liberada.
A Justiça Eleitoral mandou suspender a realização de uma pesquisa de intenção de votos feita em João
Pessoa (PB) pelo Ibope até que se apure porque o nome da candidata Estelizabel Bezerra (PSB) não está
nas cédulas entregues aos entrevistados. As informaçoes são do site do Jornal da Paraíba.
A decisão é da juíza da 70ª zona eleitoral Túlia Neves, segundo quem é melhor evitar a conclusão da
pesquisa até que fique esclarecido o motivo do nome da candidata não constar nas cédulas. O material
foi encontrado com um pesquisador do instituto, detido nesta terça-feira (4/8), enquanto fazia a
pesquisa.
A juíza deu 48 horas para o pesquisador apresentar defesa junto à Justiça Eleitoral.
O Ibope divulgou nota confirmando que as cédulas entregues tinham falhas, mas que eram apenas
materiais complementares à pesquisa. A pergunta considerada na pesquisa, diz o instituto, é uma na
qual o entrevistado aponta o nome do candidato em um disco. No disco apresentado, diz a nota,
constavam todos os nomes.
"Uma vez ciente do erro, o Ibope suspendeu imediatamente o uso da cédula e continuou a realização
da pesquisa na forma determinada pela legislação, ou seja, com a utilização do disco em que constam
os nomes de todos os candidatos", diz a nota.
FONTE: Revista Consultor Jurídico, 5 de setembro de 2012
ATUALIDADES DA LEI
Senado aprova restrição para contratar pesquisas eleitorais
176
A POLÊMICA DA DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS DAS PESQUISAS ELEITORAIS
Assim, qualquer manipulação de pesquisas eleitorais com fins políticos será uma
“faca de dois gumes”, pois o efeito pretendido pode não ser aquele revelado na
prática e o efeito pode ser semelhante ao de um boomerang, ou seja, na intenção
de beneficiar um candidato pode-se muito bem acabar prejudicando-o.
180
A POLÊMICA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO E DE INFORMAÇÃO
Em 2010, Marcelo COUTINHO previu que nas eleições brasileiras de então a internet seria
o diferencial daquela disputa em relação às anteriores, desta vez utilizada como
“instrumento auxiliar das pesquisas de intenção de voto”
No ano de 2000, o Partido Republicano dos Estados Unidos foi o primeiro partido a ter 1
milhão de ativistas on-line. A política adentra uma nova era digital que permite o contato
cada vez maior com dados, inclusive aqueles referentes a resultados de pesquisas
eleitorais, que podem influenciar o processo de decisão de voto de um contingente cada
vez superior de eleitores.
181
A POLÊMICA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO E DE INFORMAÇÃO
É inegável que as conclusões das pesquisas provocam reações dos eleitores em relação
aos candidatos e essa mobilidade é algo válido e saudável ao processo democrático. O
fato de um eleitor aceitar o resultado de uma pesquisa eleitoral como previsão certa para o
futuro e modificar seu voto de maneira a impedir que o primeiro colocado nas pesquisas
vença o pleito não pode ser considerada uma vontade viciada.
Iván Abreu SOJO acredita que o problema está na desigualdade de distribuição dos
recursos sociais para que a sociedade seja mais participativa nas decisões políticas. As
pesquisas eleitorais não podem servir de bode expiatório. Os seus erros sempre serão
destacados e os acertos pouco ou nunca ganharão holofotes. Um exemplo disso é o fato
de que os políticos tendem a apoiar as pesquisas eleitorais apenas quando o colocam em
posição de vantagem.
182
A POLÊMICA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO E DE INFORMAÇÃO
Outro argumento forte é o de que todos os países que adotam o regime democrático
admitem as pesquisas de opinião como instrumentos de medição da opinião da população.
A pesquisa eleitoral está muito condicionada ao momento no qual é realizada. A coleta dos
dados é como uma fotografia das opiniões, que podem variar sempre. Assim, o que é feito
não uma visão estática das intenções eleitorais e que não tem o poder de prever a evolução
das intenções. As pesquisas eleitorais não preveem, apenas informam como a situação está
naquele momento.
183
A POLÊMICA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO E DE INFORMAÇÃO
Além disso, as pesquisas não são feitas em um cenário livre de amarras e não se permite
que reflitam o que os que contratam gostariam. No sistema brasileiro, o controle de
qualidade é dado por meio da publicidade que a legislação imprime às pesquisas eleitorais,
exigindo seu registro para que se submeta ao controle de toda a sociedade.
Luis Benavente GIANELLA reconhece dois efeitos que os resultados das pesquisas
eleitorais podem causar aos eleitores em seu processo de escolha. Ao primeiro ele chama
de efeito underdog, que motiva os eleitores pouco mobilizados a apoiarem mais
enfaticamente seu candidato quando percebem que ele se encontra em lugar inferior nas
pesquisas. Também, dentro deste mesmo efeito, pode ocorrer que alguns eleitores
desenvolvam simpatia ou comoção com a situação inferior e optem por votar no candidato
mal posicionado.
Outro efeito, denominado como bandwagon, pode determinar que eleitores indecisos optem
por votar no candidato à frente nas pesquisas, garantindo que participem da maioria e
adquirindo o que o GIANELLA chama de “triunfo”.
Essa ideia discute a possibilidade de que as pessoas sintam a necessidade de serem
inseridas no contexto da eleição como aquelas que escolhem “bem”, ou seja, têm
capacidade de prever quem vencerá, pois esse candidato seria definitivamente o melhor.184
A POLÊMICA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO E DE INFORMAÇÃO
Cíntia Barbosa DUARTE e Marcella Furtado de MAGALHÃES defendem que há uma tendência
real dos eleitores votarem em quem tem mais chances de conquistar o cargo sob o efeito da
ideia de que caso votasse diferentemente acabaria por “perder o voto”.
Essa é uma concepção que se assemelha à do bandwagon, mas revela o fato significativo de
que as pessoas dão valor a seu voto, reconhecendo-lhe a possibilidade de que ele faça a
diferença no contexto maior e consequentemente não querem “perdê-lo”.
Na primeira impressão pode-se pensar que a ideia de “perder” seja desenvolvida apenas sob
uma perspectiva fútil de que votar em um candidato insignificante perante os resultados das
pesquisas fosse anular qualquer possibilidade de mudança ou de chegar próximo dos
objetivos que o eleitor almeja. Entretanto, o fato de votar nos candidatos que apresentam
reais chances de subirem ao pódio também é uma decisão válida e a Constituição Federal
reserva em seu artigo 14º essa possibilidade ao garantir o voto direto e secreto. Entretanto,
essa opinião não é consenso entre os estudiosos.
185
A POLÊMICA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO E DE INFORMAÇÃO
Alguns autores como João Bosco MACIEL JUNIOR e Ivo de CAMARGO JUNIOR entendem que
as pesquisas de intenção de voto, a despeito do controle exercido pela Justiça Eleitoral,
constituem excesso de poder privado. A intenção se resumiria a utilizar uma roupagem
jornalística para angariar votos de eleitores indecisos, exercendo significativo poder de
persuasão.
Nas eleições venezuelanas de 1998, por exemplo, as pesquisas de opinião pública causaram
polêmica envolta em questões como falsificação, distorção e manipulação de resultados que
se juntaram a outros pontos já discutidos como o da suposta influência das pesquisas nos
resultados.
Ainda, ao eleitor esclarecido em relação aos métodos adotados pelos institutos de pesquisas
eleitorais e consciente de que seus resultados podem não refletir a realidade, por vezes até
mesmo errar completamente, a pesquisa eleitoral é uma ferramenta que pode ser utilizada
na formação do voto individual. A autonomia de vontade na elaboração dessa escolha é do
eleitor e somente dele. Ivan Abreu SOJO conclui que “talvez el problema no sea de las
encuestas sino de la pobre imaginación de quienes gobiernan”.
186
A POLÊMICA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO E DE INFORMAÇÃO
Eneida Desiree SALGADO acredita que as pesquisas geram efeitos na corrida eleitoral,
inclusive criando desigualdades entre os candidatos que possam lançar mão dessa
ferramenta e os que não têm recursos, e que também influenciam a formação do voto.
Entretanto, a informação que uma pesquisa eleitoral traz até o eleitor permite que ele
transite mais profundamente entre as opções de candidatos que lhe são oferecidas,
admitindo que ele opte por um voto estratégico e que, consequentemente, reflita mais
fielmente sua vontade. E, nesse âmbito, a desigualdade entre os candidatos, ainda que real,
não pode suprimir o direito do eleitor à informação.
O que é recomendável é que além da legislação, haja um controle de qualidade para que o
interesse científico e a ética profissional das pesquisas eleitorais nunca sejam superados
pelos interesses, sejam eles mercantis ou políticos.
187
Já a Proposta de Emenda à Constituição nº 57/201245, idealizada pelo Senador Luiz Henrique da Silveira, do PMDB-
SC, e proposta por diversos Senadores, é mais ambiciosa ao intencionar a inclusão do art. 16-A na Constituição
Federal, para dispor sobre a vedação de divulgação de pesquisas eleitorais, nos quinze dias que antecedem o pleito
eleitoral em 1º e 2º turnos.
Em sua justificação, a Proposta afirma que “as pesquisas interferem no jogo eleitoral e podem alterar a decisão de
muitos eleitores, está na hora de pensarmos em disciplinar as pesquisas, o que não tem nada haver (sic) com
censura à informação” e também alega supostos erros cometidos pelas pelos institutos de pesquisa.
Além das propostas que buscam modificar a forma como a legislação brasileira permite a divulgação das pesquisas
eleitorais, a Secretaria-Geral da Mesa da Câmara dos Deputados recebeu um pedido de abertura de Comissão
Parlamentar de Inquérito com 171 assinaturas de deputados. A intenção seria a de investigar as pesquisas de
opinião realizadas nos últimos 14 anos.
O requerimento para a abertura da comissão foi devolvido em 4 de março de 2015 pelo presidente da Casa,
deputado Eduardo Cunha do Partido do Movimento Democrático Brasileiro - PMDB do Estado do Rio de Janeiro, sob
o fundamento de “não haver fato determinado devidamente caracterizado”. O deputado federal Ricardo Barros, do
Partido Progressista - PP do Estado do Paraná, impetrou Mandado de Segurança ao Supremo Tribunal Federal,
pleiteando a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito. Os autos restam conclusos ao Relator, Ministro
Marco Aurélio Mello, desde a data de 09/04/2015.
CONCLUSÃO
Ainda que as polêmicas mantenham sua contumácia, conclui-se com este estudo que a
pesquisa eleitoral no cenário brasileiro é útil ao processo democrático e sua divulgação
garante a efetividade dos princípios da liberdade de informação e de expressão.
Esse instrumento é composto por uma verificação estatística, realizada mediante a colheita
de dados do corpo eleitoral e que, a partir da interpretação desses números, fornece
importante informação não apenas para a estratégia de campanha dos candidatos políticos
como também ao eleitor que muitas vezes se encontra indeciso. Ao ator político que
objetiva angariar um cargo, o acesso a informações trazidas pela pesquisa eleitoral podem
ser decisivas para sua vitória ou derrota.
Não se pode negar que são inúmeras as desigualdades enfrentadas entre os candidatos
dentro da corrida eleitoral, mas esse argumento não pode ser utilizado para suprimir uma
fonte tão importante ao eleitor. A pesquisa eleitoral fornece ao eleitor a possibilidade de que
ele utilize uma amplitude maior de critérios ao optar por um ou outro candidato, dando
maior profundidade à sua escolha.
189
CONCLUSÃO
Assim, além da pesquisa ser benéfica de maneira geral, reputam-se válidos quaisquer
esforços para transformá-la em uma ferramenta mais precisa como publicizar os
procedimentos adotados pelo institutos de pesquisa, a exigência de registro de todos os
dados perante a Justiça Eleitoral e a iniciativa de levar ao eleitor toda a informação
necessária para a utilização consciente dos dados na escolha de seus representantes.
Outro fato verificado é que pesquisas não são feitas em um cenário livre de amarras como
alguns críticos supõem e buscam fazer com que a população acredite. No sistema brasileiro,
o controle de qualidade é dado por meio da publicidade que a legislação imprime às
pesquisas eleitorais, exigindo seu registro para que se submeta ao controle de toda a
sociedade. E isso garante sua autenticidade.
Entretanto, é indispensável que haja, por parte da Justiça Eleitoral e da mídia em geral maior
comprometimento com a informação a respeitos dos métodos de formulação das pesquisas
e na interpretação de seus dados. Entre tantos temas importantes, esse nunca foi o objetivo
de qualquer campanha publicitária veiculada na época das eleições.
190
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