Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
ADMINISTRAÇÃO
autora
HELCIMARA AFFONSO DE SOUZA
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2015
Conselho editorial solange moura; roberto paes; gladis linhares
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2015.
isbn: 978-85-5548-146-8
Prefácio 7
1. Os Primórdios da Administração 9
1.1 Origem Histórica da Administração 11
1.2 A Revolução Industrial e Seus Impactos na
Evolução da Administração 26
7
rário no chão de fábrica” até a focalização externa no contexto ambiental que
envolve a organização. Mais do que isso, a teoria administrativa cresceu devi-
do à constante mudança de paradigmas. Há mudanças em todos os tipos de
ambientes (competitivo, tecnológico, econômico, social) que levaram ao surgi-
mento de novos conceitos e técnicas para administrar as organizações.
A teoria geral da administração é um campo de conhecimento humano que
se ocupa do estudo das organizações em geral. Por seu tamanho e pela comple-
xidade de suas operações, as organizações, ao atingirem um certo porte, preci-
sam ser administradas profissionalmente e a sua administração requer todo
um aparato de pessoas capacitadas para os diversos níveis hierárquicos de sua
estrutura organizacional. Quanto maior o seu porte, maior o grau de complexi-
dade e número de profissionais envolvidos. A administração, portanto, é a con-
dução racional das atividades de uma empresa, envolvendo pessoas, tarefas,
processos e objetivos definidos.
Uma administração inteligente permite a uma organização obter vantagem
sobre os concorrentes. Hoje, o administrador não deve seguir regras prontas,
mas precisa saber diagnosticar e avaliar cada situação para decidir o que deve
ser feito. Observar a situação toda, e não somente os seus detalhes, torna-se o
grande desafio do administrador moderno, para compreender o cenário mer-
cadológico no qual a empresa está inserida e buscar estratégias para combater
dificuldades, competir com vantagem diante das adversidades do ambiente e
manter a empresa ativa em seu segmento.
Começamos, a partir de agora, a conhecer este universo fascinante das teo-
rias administrativas. Esperamos que este conteúdo o ajude a entender o contex-
to pelo qual as empresas passam e capacitá-lo para ser um agente de mudança
no processo evolutivo das organizações.
Bons estudos!
8
1
Os Primórdios da
Administração
O homem compreendeu, desde cedo, que é um animal social, ou seja, sua pre-
servação individual e felicidade estavam condicionadas ao convívio com o ou-
tro, com o grupo. A história está recheada de fatos que comprovam a existência
de grupos organizados de pessoas em torno de um objetivo: proteger-se contra
ataques inimigos, contra as intempéries do tempo, lazer, convívio social, con-
seguir alimento (caça, pesca, etc). Podemos afirmar, por isso, que os princípios
da convivência social organizada são atávicos ao ser humano.
Além da convivência social, o trabalho em grupos organizados parece ser
algo inerente à natureza humana, e a história nos mostra inúmeros exemplos
de competência dos nossos antepassados na organização do trabalho e na re-
alização de grandes obras, exemplos que indicam ter havido planos formais,
organizações de trabalho, liderança e sistemas de avaliação, prática eficiente
de funções administrativas que se transformaram em ricos legados à humani-
dade, alguns dos quais, até hoje defendidos e utilizados pelos grandes teóricos
da administração. É o que veremos neste capítulo.
OBJETIVOS
• Antecedentes históricos da Administração
• Cronologia dos principais eventos dos primórdios da Administração
• Principais influências ao Pensamento Administrativo
• Principais contribuições à formação do conhecimento administrativo, desde a época das
primeiras organizações até a Revolução Industrial
• Demonstrar que muitas dessas contribuições continuam funcionando nas organizações da
atualidade.
10 • capítulo 1
1.1 Origem Histórica da Administração
"... nascemos em organizações, somos educados por organizações, e quase todos nós
passamos a vida a trabalhar para organizações. Passamos muitas de nossas horas de
lazer, a pagar, a jogar e a rezar em organizações. Quase todos nós morreremos numa
organização, e quando chega o momento do funeral, a maior de todas as organizações
— o Estado — precisa dar uma licença especial”.
Amitai Etzioni
CURIOSIDADE
A Administração é praticada desde que existem os primeiros agrupamentos humanos. Nas
sociedades primitivas, as expedições para a caça de grandes animais eram empreendimen-
tos coletivos precedidos de decisões de planejamento, divisão do trabalho e logística. Era
preciso antecipar a rota das migrações da caça, definir o local onde os caçadores acampa-
riam, preparar víveres e armas. Essas expedições, embriões de empresas, tinham líderes, que,
eram os protótipos dos gerentes de hoje.
capítulo 1 • 11
alguém. O estudo científico da administração1, porém, é bem mais recente.
Historicamente, contudo, a administração foi estudada em todos os tempos,
embora com percepções, intensidade e métodos variados.
Referências pré-históricas acerca das magníficas construções erguidas du-
rante a Antiguidade no Egito, na Mesopotâmia, na Assíria, testemunharam a
existência em épocas remotas de dirigentes capazes de planejar e guiar os es-
forços de milhares de trabalhadores em monumentais obras que perduram até
nossos dias, como as pirâmides do Egito. Os papiros egípcios atribuídos à épo-
ca de 1300 a.C. já indicam a importância da organização e da administração da
burocracia pública no Antigo Egito. Na China, as parábolas de Confúcio suge-
rem práticas para a boa administração pública.
A história da Administração iniciou-se num tempo muito remoto, mais pre-
cisamente no ano 5000 a.C., na Suméria, quando os antigos sumerianos pro-
curavam melhorar a maneira de resolver seus problemas práticos, exercitando
assim a arte de administrar.
Depois, no Egito, Ptolomeu dimensionou um sistema econômico planejado
que não poderia ter-se operacionalizado sem uma administração pública siste-
mática e organizada.
CURIOSIDADE
Os egípcios criaram e aplicaram os princípios de administração em projetos arquitetônicos
de engenharia, além das pirâmides, como canais de irrigação, edificações de grande porte,
entre outros. Contribuíram com princípios de planejamento das atividades, criação da figura
do comandante e conselheiro dos trabalhos, organização do trabalho em grupos, divisão de
atividades e responsabilidades e a técnica da descrição detalhada de tarefas. A construção
das pirâmides do Egito, na qual foram envolvidos 100.000 trabalhadores durante 20 anos,
atesta a competência de homens, que sabiam não só como elaborar projetos, mas, também,
tínham habilidade de mobilizar e gerenciar recursos humanos. Em assuntos de negócios e
governamentais, os egípcios também demonstraram competência; seus documentos possuí-
am registros de quem, quando e por quem haviam sido emitidos, e por quem e quando foram
recebidos, o que demonstra alto grau de eficiência e organização.
1 A palavra administração vem do latim ad (direção, tendência para) e minister (subordinação ou obediência) e
significa aquele que realiza uma função abaixo do comando de outrem, isto é, aquele que presta um serviço a outro.
12 • capítulo 1
Os hebreus, através da Bíblia, demonstraram princípios básicos de adminis-
tração. O êxodo de Moisés, por exemplo, é uma grande demonstração de com-
petência gerencial, pois foi utilizado como política de descentralização de deci-
sões com as primeiras ideias de núcleos organizacionais. Os 10 Mandamentos,
por sua vez, trazem regras de conduta e comportamento que preservam a possi-
bilitam a vida e a solidariedade do grupo.
Os babilônios deixaram à humanidade poderoso legado com o Código de
Hamurábi (governador da Babilônia - 2000 a 1700 a.C.). Tratava-se de um tex-
to de leis orientadoras do povo no princípio do trabalho; criaram o princípio
da paga mínima, os primeiros modelos de contratos de trabalho e recibos de
pagamento que permitiam as transações comerciais da época. O Código de
Hamurábi cobre assuntos sobre vendas, empréstimos, contratos, sociedades,
acordos e notas promissórias.
CURIOSIDADE
Conselhos de Jetro
A época é século XIV antes de Cristo. Liderados por Moisés, cerca de 600.000 hebreus
saíram do Egito e estão indo em direção à Terra Prometida já faz algum tempo. Ontem, houve
uma batalha contra os amalequitas. Moisés está muito cansado, porque teve que ficar o tem-
po todo em cima de uma colina, segurando o cajado no alto, para que os hebreus vencessem
a batalha. Ainda bem que Aarão e Hur estavam lá para ajudá-lo, segurando seus braços.
Hoje, Moisés está recebendo a visita de Jetro, seu sogro. Não tem muito tempo para falar
com ele, pois fica de manhã até tarde recebendo pessoas do povo, que ficam numa fila apa-
rentemente interminável. Aliás Moisés quase não tem tempo para mais nada. Jetro observa
que Moisés resolve todos os problemas que lhe são trazidos pelas pessoas.
Bem no final da tarde, Jetro leva Moisés até o alto da Colina, onde podem conversar sem
ser incomodados.
– Moisés - pergunta Jetro -, por que você tem que ficar julgando pessoalmente todos
esses casos que lhe são trazidos?
– Bem, Jetro, as pessoas querem ouvir de mim a interpretação da vontade das Leis de
Deus.
– Desse jeito, você fica sem tempo para cuidar das questões realmente importantes.
Por que você não manda outros fazerem esse serviço? Já pensou se todo mundo quiser
falar com você?
– Ora, Jetro, esse é o meu serviço. E depois, já imaginou se outros fizerem algo errado?
capítulo 1 • 13
– Isso não deve preocupá-lo, Moisés. Escolha pessoas competentes e crie um sistema
hierárquico. Forme grupos de 10 assistentes para falar diretamente com o povo. Para cada
10 grupos de 10 assistentes, defina um feitor. Ele será responsável pela análise dos casos
que os assistentes não souberam resolver. Para cada grupo de 10 feitores, indique um
supervisor. Esse será o chefe de 100. O supervisor resolverá os problemas que os feitores
não souberem resolver. Finalmente, para cada grupo de 10 supervisores, indique um chefe,
o chefe de 1.000. Ele resolverá os problemas que os supervisores não souberam resolver.
Assim, você só terá que se ocupar com os problemas que os chefes de 1.000 não conse-
guirem solucionar. Isso vai deixar tempo para que você cuide do que é realmente o trabalho
de um líder.
– Jetro, quem diz que eles serão capazes de resolver problemas?
– Moisés, treine esse pessoal. Ensine-lhes a lei e dê-lhes as diretrizes para aplicá-las.
Faça-os responsáveis. Avise a todos que, de agora em diante, eles deverão ser procurados.
Aprenda a delegar, Moisés.
– E como fazer a escolha?
– Procure alguns que você sabe que são mais competentes. Peça ao povo que eleja
outros e forme a equipe dessa maneira.
– Jetro, seguirei seu conselho, mas ainda tenho receios. E se eles não aceitarem essa
responsabilidade?
– Ora, Moisés, você conversa com Deus de vez em quando, ou pelo menos é o que você
diz. Ele saberá aconselhá-lo melhor.
No dia seguinte, Jetro, o primeiro consultor de executivos da história, voltou para casa.
14 • capítulo 1
conceitos fundamentais: disciplina e funcionalidade; por isso, a grande contri-
buição romana está afeta às leis, à ação governamental, manifesta no conceito
de ordem. O código do direito romano ainda é modelo para todas as civilizações
.
REFLEXÃO
Por volta de 4.000 a.C. a revolução agrícola evoluiu para a revolução urbana numa parte
do que viria a ser o Oriente Médio, enquanto a Ásia e a América estavam virtualmente na
pré-história. No mesmo período, a Europa avançava da pré-história para a revolução agrícola.
Com a revolução urbana, surgiram as cidades e os estados. Essas primeiras organizações
formais demandaram a criação de práticas administrativas que se estabilizaram e evoluíram
nos séculos seguintes (MAXIMIANO, 2005).
capítulo 1 • 15
de pessoal do mais alto escalão até o mais baixo serviçal que trabalhava para o
Império, com nome, função e descrição detalhada de tarefas, deveres e respon-
sabilidades de cada um. Chow escreveu: A arte da guerra de Sun Tzu, obra que
tem inspirado a administração ao longo dos séculos. Mencius, 129 a.C. deixou
sua contribuição através da elaboração de modelos de administração (proces-
sos) e seleção científica de trabalhadores (habilidade, traços de personalidade,
conhecimento, experiência).
O quadro a seguir, traz estas e outras contribuições para a evolução do pen-
samento administrativo através dos tempos.
16 • capítulo 1
já na Idade Média, destacando-se como administradores natos. A Alemanha e a
Áustria, de 1550 a 1700, através do aparecimento de um grupo de professores e
administradores públicos chamados os fiscalistas ou cameralistas. Os mercan-
tilistas ou fisiocratas franceses, que valorizavam a riqueza física e o Estado, pois
ao lado das reformas fiscais preconizavam uma administração sistemática, es-
pecialmente no setor público. Na evolução histórica da administração, duas ins-
tituições se destacaram: a Igreja Católica Romana e as Organizações Militares.
Veremos essas e outras influências na Administração que conhecemos hoje.
capítulo 1 • 17
René Descartes (1596-1650), um filósofo, matemático e físico francês, con-
siderado o fundador da filosofia moderna, criou as coordenadas cartesianas e
deu impulso à Matemática e à Geometria da época. Em seu livro O Discurso do
Método, que descreve os preceitos do seu método filosófico, hoje denominado
de método cartesiano, serviu de fundamento para a tradição científica do oci-
dente, cujos princípios são:
18 • capítulo 1
Kal Marx (1818-1883) e seu parceiro Friedrich Engels (1820-1895) propõem
uma teoria da origem econômica do Estado. No Manifesto Comunista, afir-
mam que a história da humanidade é uma luta de classes. Homens livres e es-
cravos, patrícios e plebeus, nobres e servos, mestres e artesãos, exploradores e
explorados. O surgimento do poder político e do Estado nada mais é do que o
fruto da dominação econômica do homem pelo homem.
CURIOSIDADE
Em 1867, Marx publica O Capital e mais adiante suas teorias a respeito da mais-valia
com base na teoria do valor-trabalho. Assim, com Adam Smith e David Ricardo, Marx consi-
dera que o valor de toda mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho socialmente
necessário para produzi-la. Como a força de trabalho é uma mercadoria cujo valor é deter-
minado pelos meios de vida necessários à subsistência do trabalhador, se ele trabalha além
de um determinado número de horas, estará produzindo não apenas o valor correspondente
ao de sua força de trabalho, mas também um valor a mais, denominado mais-valia. É dessa
fonte que são tirados os possíveis lucros dos capitalistas. A influência de Marx foi enorme,
tanto por sua obra, como por sua intensa militância política. (CHIAVENATO, 2000).
Fonte: https://administer33.wordpress.com/2012/05/22/o-que-e-administracao/
capítulo 1 • 19
Ao longo dos séculos, a Igreja Católica foi estruturando sua organização,
sua hierarquia de autoridade, seu estado-maior (assessoria) e sua coordenação
funcional para assegurar integração. A organização hierárquica da Igreja é tão
simples e eficiente que sua enorme organização mundial pode operar satisfato-
riamente sob o comando de uma só cabeça executiva: o Papa, cuja autoridade co-
ordenada lhe foi delegada de forma mediata por uma autoridade divina superior.
De qualquer forma, a estrutura da organização eclesiástica serviu de mode-
lo para muitas organizações que, ávidas de experiências bem-sucedidas, passa-
ram a incorporar uma infinidade de princípios e normas administrativas utili-
zadas na Igreja Católica.
→ Influência do Exército
As Organizações Militares evoluíram das displicentes ordens dos cavaleiros
medievais e dos exércitos mercenários dos séculos XVII e XVIII até os tempos
modernos com uma hierarquia de poder rígida e adoção de princípios e práticas
administrativas comuns a todas as empresas da atualidade. A história demons-
tra que a maioria dos empreendimentos militares, sociais, políticos, econômicos
e religiosos teve uma estrutura piramidal, embora de forma não muito regular.
Essa pirâmide retrata uma estrutura hierárquica, concentrando no vértice as fun-
ções de poder e de decisão. Portanto, a teoria da estrutura hierárquica não é nova.
A organização militar, assim, influenciou enormemente o desenvolvimento das
teorias da Administração ao longo do tempo. Suas principais características são:
A organização linear, por exemplo, tem suas origens na organização militar
dos exércitos da Antiguidade e da época medieval.
O princípio da unidade de comando (pelo qual cada subordinado só pode
ter um superior) – fundamental para a função de direção.
A escala hierárquica, ou seja, a escala de níveis de comando de acordo com
o grau de autoridade e responsabilidade correspondente é tipicamente um as-
pecto da organização militar utilizado em outras organizações.
O conceito de hierarquia dentro do exército é provavelmente tão antigo
quanto a própria guerra, pois a necessidade de um estado-maior sempre exis-
tiu para o exército. Todavia, o estado-maior formal como um quartel-general
somente apareceu em 1665, com a Marca de Brandenburgo, precursor do exér-
cito prussiano. A evolução do princípio de assessoria e a formação de um esta-
do-maior geral ocorreu posteriormente, na Prússia, com o Imperador Frederico
II, o Grande (1712-1786).
20 • capítulo 1
Outra contribuição da organização é o princípio da direção, através do qual
todo soldado deve saber perfeitamente o que se espera dele e aquilo que ele
deve fazer.
Mesmo Napoleão, o general mais autocrata da história militar, nunca deu
uma ordem sem explicar o seu objetivo e certificar-se de que haviam compre-
endido corretamente, pois estava convencido de que a obediência cega jamais
leva a uma execução inteligente de qualquer coisa. Para aumentar a eficiência
de seu exército, criou um estado-maior (staff) para assessorar o comando (li-
nha) militar. Os oficiais de acessória (staff) cuidavam do planejamento e os de
linha se incumbiam da execução das operações de guerra.
Outra contribuição da organização militar é o princípio de direção, que pre-
ceitua que todo soldado deve saber perfeitamente o que se espera dele e aquilo
que ele deve fazer. No início do século XIX, Karl von Clausewitz (1780-1831), ge-
neral prussiano, escreveu um Tratado sobre a Guerra e os Princípios de Guerra,
sugerindo como administrar os exércitos em períodos de guerra. Foi o grande
inspirador de muitos teóricos da Administração, que posteriormente se basea-
ram na organização e estratégia militares para adaptá-las à organização e estra-
tégia industriais. Clausewitz considerava a disciplina como um requisito básico
para uma boa organização. Para ele, toda organização requer um cuidadoso pla-
nejamento, no qual a decisões devem ser científicas, e não simplesmente intuiti-
vas. As decisões devem basear-se na probabilidade, e não apenas na necessidade
lógica. O administrador deve aceitar a incerteza e planejar de maneira a poder
minimizar essa incerteza.
capítulo 1 • 21
Adam Smith (1723-1790), é o fundador da economia clássica, cuja ideia cen-
tral é a competição. Embora os indivíduos ajam apenas em proveito próprio, os
mercados em que vigora a competição funcionam espontaneamente, de modo
a garantir (Smith chamava de a mão de obra invisível que governa o mercado)
a alocação mais eficiente dos recursos de produção, sem que haja excessos de
lucros. Por essa razão, o papel econômico do governo é a intervenção na eco-
nomia quando o mercado não existe, ou quando não ocorre competição livre.
Visualizava o princípio da especialização dos operários em uma manufatura de
agulhas e já enfatizava a necessidade de racionalizar a produção. O princípio da
especialização e o princípio da divisão do trabalho aparecem em referências em
seu livro Da Riqueza das Nações. Adam Smith reforçou bastante a importância
do planejamento e da organização dentro das funções da Administração.
James Mill (1773-1836), outro economista liberal, sugeria em seu livro
Elementos de Economia Política, publicado em 1826, uma série de medidas
relacionadas com os estudos de tempos e movimentos como meio de obter in-
cremento da produção nas industrias da época.
David Ricardo (1772-1823), um economista inglês, que publicou seu livro
Princípios de Economia Política e Tributação, no qual aborda trabalho, capital,
salário, renda, produção, preços e mercados.
O liberalismo econômico corresponde ao período de desenvolvimento da
economia capitalista baseada no individualismo e no jogo das leis econômicas
naturais e na livre concorrência. A acumulação crescente de capitais gerou pro-
fundos desequilíbrios pela dificuldade de assegurar imobilizações com renda
compatível para o funcionamento do sistema.
22 • capítulo 1
da urbanização, que criou novas necessidades para a população, o que se traduz
em um rápido crescimento das empresas voltadas para o consumo direto. Antes
de 1850, poucas empresas tinham uma estrutura administrativa que exigisse os
serviços de um administrador em tempo integral, pois as empresas industriais
eram pequenas. As empresas da época faziam parte de um contexto predominan-
temente rural, que não conhecia a administração de empresas.
Em 1871, surgiram os primitivos impérios industriais, aglomerados de empre-
sas que se tornaram grandes demais para serem dirigidos pelos pequenos grupos
familiares. Logo apareceram os agentes profissionais, os primeiros organizadores
que se preocupavam mais com a fábrica do que com vendas ou compras. Até essa
época, os empresários achavam melhor ampliar sua produção do que organizar
uma rede de distribuição e vendas. Todos esses fatores iriam completar as condi-
ções propícias para a busca de bases científicas para a melhoria da prática empre-
sarial e o surgimento da teoria administrativa. (CHIAVENATO, 2000)
capítulo 1 • 23
• Desenvolvimento do sistema fabril
• Melhoria nos transportes e na comunicação.
CURIOSIDADE
O sistema fabril
Do século XVI até meados do século XVIII, o mundo era essencialmente agrícola; a
economia se resumia ao cultivo do solo e à produção de alimentos para consumo próprio e
familiar. Em plena Idade Média, e os proprietários de terras, em geral religiosos ou políticos,
contavam para o cultivo, plantio e sustento de suas propriedades com a mão de obra barata
e escrava do povo. A atividade industrial era incipiente; restringia-se apenas a alguns poucos
e rebeldes artesãos, que fugiam das propriedades e do domínio dos senhores feudais para
exercer uma atividade econômica independente. Esses artesãos se reuniam em locais fora
das propriedades feudais, nos quais montavam o seu próprio negócio, criavam família e co-
mercializavam sua mercadoria. Esses aglomerados de “incorformados” foram despontando e
crescendo rapidamente, ficando conhecidos como “cidades”. Esse crescimento foi incentiva-
do pelo crescimento da atividade econômica e pelo declínio do poder feudal do século XVII.
A organização industrial das “cidades” consistia, inicialmente, de um sistema domiciliar.
O trabalho era feito na casa de cada trabalhador, em áreas rurais, e entregue a um comer-
ciante independente que cuidava da sua comercialização. A ação de comercialização por
alguém não pertencente ao núcleo de produção gerou os princípios da intermediação. Esse
comerciante, desde logo, aprendeu que não precisava produzir; ele ganharia muito mais de-
senvolvendo e aperfeiçoando técnicas e habilidades para vender um produto, ao invés de fa-
bricá-lo. Para isso, ele teria que encomendar o produto a um “mestre” (artesão que detinha a
habilidade maior na fabricação) e responsabilizar-se pela sua venda. Ao mestre cabia a tarefa
de aglutinar outros artesãos para a tarefa encomendada, dividindo e organizando o trabalho,
determinando as diretrizes da produção e remunerando-os por peça trabalhada.
24 • capítulo 1
especialização do trabalho.
• O crescente domínio da indústria pela ciência.
• Transformações radicais nos transportes e comunicações.
• O desenvolvimento de novas formas de organização capitalista:
• A dominação da indústria pelas inversões bancárias e instituições fi-
nanceiras e de crédito, como foi o caso da formação da United States Steel
Corporation, em 1901, pela J.P. Morgan & Co.
• A formação de imensas acumulações de capital, provenientes de trus-
tes e fusões de empresas.
• A separação entre a propriedade particular e a direção das empresas,
• O desenvolvimento das holding companies.
capítulo 1 • 25
Observando historicamente a divisão da revolução industrial, podemos en-
tender que as matérias-primas foram importantes para o crescimento das em-
presas, pois a substituição do ferro e carvão por aço e eletricidade possibilitou
grandes avanços, os quais são demonstrados por Chiavenato (2004)
26 • capítulo 1
para os centros industriais, surgiu um surto acelerado e desorganizado de urba-
nização. Ao mesmo tempo em que o capitalismo se solidificou, cresceu o tama-
nho de uma nova classe social: o proletariado. As tensões entre a classe operária
e os proprietários de indústria não tardaram a aparecer.
Com a nova tecnologia dos processos de produção, de construção e funcio-
namento das máquinas, com a crescente legislação destinada a defender e pro-
teger a saúde e a integridade física do trabalhador, a administração e a gerência
das empresas industriais passaram a ser a preocupação maior dos proprietá-
rios. A prática foi lentamente ajudando a selecionar ideias e métodos empíri-
cos. O desafio agora era dirigir batalhões de operários da nova classe proletária.
A preocupação dos empresários se fixava na melhoria dos aspectos mecânicos e
tecnológicos da produção, com o objetivo de produzir quantidades maiores de
produtos melhores e de menor custo. A gestão do pessoal e a coordenação do
esforço produtivo eram aspetos de pouca ou nenhuma importância.
Assi,m a Revolução Industrial, embora tenha provocado uma profunda modifi-
cação na estrutura empresarial da época, não chegou a influenciar diretamente os
princípios de administração das empresas então utilizadas. Os dirigentes de em-
presas trataram de cuidar como podiam ou como sabiam das demandas de uma
economia em rápida expansão. Alguns empresários baseavam suas decisões tendo
por modelos as organizações militares ou eclesiásticas nos séculos anteriores.
REFLEXÃO
Levando em conta que o termo “tecnologia”, é o avanço ou o aprimoramento de uma “técnica”.
capítulo 1 • 27
CURIOSIDADE
A Revolução Industrial desenvolveu-se em duas fases distintas: a primeira fase, de 1780 a
1860, foi a revolução do carvão, como principal fonte de energia, e do ferro, como principal
matéria-prima. A segunda fase, de 1860 a 1914, foi a revolução da eletricidade e derivados
do petróleo, como as novas fontes de energia, e do aço, como a nova matéria-prima.
Adam Smith, em 1776, avaliava os benefícios econômicos da divisão do trabalho, também
chamada especialização de mão de obra, que dividia a produção em tarefas menores, atribuídas
aos trabalhadores ao longo das linhas de produção. Dessa forma, as fábricas do final dos anos de
1700 desenvolveram não somente a maquinaria de produção, mas também maneiras de planejar
e controlar o trabalho. As técnicas administrativas predominantes no século XX foram desen-
volvidas em sua maioria nos Estados Unidos; o Pós-Guerra civil preparou o cenário para uma
nova era industrial do país com grande expansão da capacidade produtiva. Nessa fase o capital
financeiro passou a constituir a principal fonte de riqueza. Essa situação levou à separação entre
o capitalista e o empregador, com os administradores tornando-se empregados assalariados.
A classe operária que nasceu com a Revolução Industrial estabeleceu uma relação de conflito
com os empregadores. Os trabalhadores recém-saídos do campo, eram despreparados, inábeis e
indisciplinados. As práticas administrativas no início da Revolução Industrial eram rudimentares: a
qualidade dos produtos era variável e precária; cabia ao comprador inspecionar o produto; paga-
vam-se baixos salários; tinha-se um forte controle sobre as atividades da mão de obra.
28 • capítulo 1
• Crescimento acelerado e desorganizado das empresas que passaram a exigir
uma administração científica capaz de substituir o empirismo e a improvização;
• Necessidade de maior eficiência e produtividade das empresas, para fazer
face à intensa concorrência e competição no mercado.
CURIOSIDADE
Fundição SOHO
Fundição Soho, é o nome da empresa constituída para fabricar a máquina a vapor de
James Watt. Nessa empresa, herdada pelos filhos dos fundadores (James Watt e Matthew
Boulton), podia-se observar, a partir de 1800, o pioneirismo de conceitos que se tornariam
universais nos dois séculos seguintes.
• Padronização do funcionamento das máquinas, objetivando equilibrar o ritmo de fabricação.
• Fabricação de peças intercambiáveis.
• Detalhado planejamento das operações e do local de trabalho, visando alcançar otimização
do espaço físico e alto grau de precisão na fabricação de produtos, com redução do esforço
humano.
• Planejamento e controle da produção baseados em estimativas da procura por máquinas
→ previsão de demanda.
• Cronometragem e estudo de tempos e movimentos.
• Pagamento de incentivos salariais proporcionais à produção de peças.
• Entendimento de que o principal recurso da empresa são as pessoas.
capítulo 1 • 29
o processo administrativo. Vamos conhecer, então, os teóricos que ajudaram a
revolucionar a forma como as organizações viam a administração.
REFLEXÃO
Apesar dos progressos no conhecimento humano, a chamada Ciência da Administração so-
mente surgiu no despontar do início do século XX. A TGA é uma área nova e recente do
conhecimento humano. Para que ela surgisse foram necessários séculos de preparação e
antecedentes históricos capazes de permitir e viabilizar as condições indispensáveis ao seu
aparecimento (MAXIMIANO, 2007).
LEITURA
Campo de atuação do profissional de administração
O atual momento histórico é único. Esta é a última geração da chamada sociedade in-
dustrial e que já pertence a uma nova sociedade, a da tecnologia da informação, cujo escritor
Alvin Toffler denominou de “Terceira Onda”. Dentro deste contexto de transição, falar sobre
as perspectivas profissionais aos egressos dos cursos de Administração é algo estimulante,
porque leva a refletir sobre os diversos cenários dentro desta nova economia e também sobre
o papel que os administradores devem desempenhar.
Por seu tamanho e pela complexidade de suas operações, as organizações, ao atingirem um
certo porte, precisam ser administradas e a sua administração requer todo um aparato de pes-
soas estratificadas em diversos níveis hierárquicos que se ocupam de incumbências diferentes.
A Administração revela-se nos dias de hoje como uma área do conhecimento humano
impregnada de complexidades e desafio. O profissional que utiliza a Administração como
meio de vida pode trabalhar nos mais variados níveis de uma organização: desde o nível
hierárquico de supervisão elementar até o nível de dirigente máximo da organização. Pode
trabalhar nas diversas especializações da Administração: seja a Administração da Produção,
ou da Administração Financeira, ou da Administração de Recursos Humanos, ou da Adminis-
tração Mercadológica, ou ainda da Administração Geral. Em cada nível e em cada especiali-
zação da Administração, as situações são muito diversificadas e diferenciadas.
Em cada organização, o administrador soluciona problemas, dimensiona recursos, plane-
ja suas aplicações, desenvolve estratégias, efetua diagnósticos de situações etc., exclusivos
daquela organização. (CHIAVENATO, 2000)
Fonte: https://administer33.wordpress.com/2012/05/22/o-que-e-administracao/
30 • capítulo 1
A sociedade econômica industrial
No final do século XVIII, James Watt (1736/1819) cria a máquina a vapor e projeta sua
aplicação à produção agrícola (moinhos de grãos). Esse novo sistema de produção incre-
menta a criação e o uso de novos instrumentos, processos, fontes de energia (motor movido
a carvão) e máquinas para a fabricação.
O movimento renascentista foi um dos grandes responsáveis pelo avanço tecnológico da
época; ele se caracterizou pela volta do espírito científico, do direito à curiosidade, à inves-
tigação, à dúvida. Muitos fatos contribuíram para o movimento renascentista. A navegação
foi facilitada pela bússola magnética, inventada pelos chineses no século XI e levada para a
Europa um século depois. Inicia-se uma nova fase de descobertas e de invenções: inventa-se
a pólvora, redescobre-se o moinho d´água, difundem-se a bússola e os arreios modernos dos
cavalos. São inventados os óculos, a imprensa, o relógio.
No início do século XV, os portugueses iniciaram um grande período de exploração,
descobrindo os Açores em 1419 e, mais tarde, seguindo a costa ocidental da África. Foi
aceita a ideia de a Terra ser redonda e poderem, assim, os navios partirem da Europa, atingir
a Ásia, a Índia, a China, e voltar à Europa. Essas descobertas alargaram o mundo conhecido e
o espírito da humanidade. O aumento da circulação monetária, o ouro e a prata elevando os
preços e estimulando a indústria e o comércio, aumentaram a riqueza e deram oportunidade
ao lazer, ao estudo e à invenção.
Os últimos duzentos anos viram o mundo passar por um processo de transformação
radical. Sob o impulso do desenvolvimento industrial, a história acelerou-se, ganhou outro
ritmo. E hoje, quando comparamos o mundo industrial moderno com o mundo de há dois ou
três séculos, verificamos que muitos elementos, que então não existiam ou tinham pouca im-
portância, ganharam importante significado. No setor social, isto é particularmente verdadeiro
em relação às organizações. Essas, sabemos, existiam em épocas anteriores: não são uma
criação da época industrial. Antes de constituir a regra, porém, eram a exceção.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BATEMAN, T; SNELL, S. Administração: construindo vantagem competitiva. São Paulo: Atlas, 1998.
CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos novos tempos. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
CORRÊA, Henrique L; CORRÊA, Carlos A. Administração de produção e operações: manufatura e
serviços: uma abordagem estratégica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2007. 690 p.
FAYOL, Henri. Administração industrial e geral: previsão, organização, comando, coordenação,
controle. Tradução Irene de Bojano e Mário de Souza. 10. ed. São Paulo: Atlas, 1994.
capítulo 1 • 31
GAITHER, Norman; FRAZIER, Greg. Administração da produção e operações. Tradução José
Carlos Barbosa dos Santos. 8. ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.
MAXIMIANO, A. Teoria geral da administração: da revolução urbana à revolução digital. 6. ed. São
Paulo: Atlas, 2007.
MAXIMIANO, A. Introdução à administração. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
MEGGINSON, L. C.; MOSLEY, D. C.; PIETRI Jr, P. H. Administração: conceitos e aplicações. 4. ed. São
Paulo: Harbra, 1998.
ROBBINS, S. P. Administração: mudanças e perspectivas. São Paulo: Saraiva, 2000.
32 • capítulo 1
2
Abordagem Clássica
da Administração
Neste capítulo estudaremos a Abordagem Clássica, que pode ser considera-
da a “primeira escola” da administração. Para tanto, entenderemos inicialmen-
te o contexto histórico-econômico no qual ela surgiu. E em seguida passaremos
a estudar os autores que formaram esta escola. São eles: Henri Fayol, Frederick
Taylor e Henry Ford.
OBJETIVOS
• Conhecer as características da Abordagem Clássica e suas contribuições para a Administração
• Apresentar e discutir sobre os principais teóricos da escola clássica da administração.
• A obra de Taylor, a administração como ciência, a organização racional do trabalho, os prin-
cípios da administração científica e a apreciação crítica da administração científica.
• As contribuições de Henri Fayol, a teoria clássica da administração, as funções do adminis-
trador, os princípios gerais de administração segundo Fayol.
• Entender as principais contribuições da abordagem clássica à formação do conhecimento
administrativo.
34 • capítulo 2
2.1 Introdução à Abordagem Clássica da
Administração
capítulo 2 • 35
Foi, acima de tudo, uma corrente de ideias desenvolvida por engenheiros
que procuravam elaborar uma engenharia industrial dentro de uma concepção
pragmática. A ênfase nas tarefas é a principal característica da Administração
Científica (CHIAVENATO, 2004).
36 • capítulo 2
1. O crescimento acelerado e desorganizado das empresas, ocasionando
uma gradativa complexidade em sua administração e exigindo uma abordagem
científica e mais apurada que substituísse o empirismo e a improvisação até en-
tão dominantes. O aumento do tamanho das empresas leva à substituição das
teorias de caráter totalizante e global – como vimos no capítulo anterior – por
teorias micro industriais de alcance médio e parcial – como veremos nos pró-
ximos capítulos. Com a grande empresa com dimensões mais amplas surgem
as condições iniciais de planejamento da produção, reduzindo a improvisação.
2. A necessidade de aumentar a eficiência e a competência das organizações,
no sentido de se obter o melhor rendimento possível dos recursos e fazer face à
concorrência e à competição que se avolumavam entre as empresas. Com a substi-
tuição do capitalismo liberal pelos monopólios, instala-se nos Estados Unidos, en-
tre 1880 e 1890, a produção em massa, aumentando o número de assalariados nas
indústrias – torna-se necessário evitar o desperdício e economizar mão de obra.
Surge a divisão de trabalho entre aqueles que pensam (gerentes) e os que executam
(trabalhadores). Os primeiros fixam os padrões de produção, descrevem os cargos,
determinam funções, estudam métodos de Administração e normas de trabalho,
criando as condições econômicas e técnicas para o surgimento do taylorismo e do
fordismo nos Estados Unidos e do fayolismo na Europa (CHIAVENATO, 2004).
capítulo 2 • 37
mínimo custo”, seguindo os princípios da seleção científica do trabalhador, do
tempo padrão, do trabalho em conjunto, da supervisão e da ênfase na eficiência.
A preocupação original foi eliminar o fantasma do desperdício e das perdas sofri-
das pelas indústrias e elevar os níveis de produtividade por meio da aplicação de
métodos e técnicas da engenharia industrial (MOTTA E VASCONCELOS, 2006).
Taylor estudou, cientificamente, os problemas fabris de sua época e popu-
larizou a noção de eficiência: obter o resultado desejado com o menor desper-
dício de tempo, esforço e materiais. Na Midvale Steel, suas investigações cien-
tíficas levaram melhorias para a eficiência dos trabalhadores, que resultaram
em grandes economias nos custos com a mão de obra. Isso porque, na época,
vigorava o sistema de pagamento por peça ou por tarefa. Os patrões procura-
vam ganhar o máximo na hora de fixar o preço da tarefa, enquanto os operários
reduziam o ritmo de produção para contrabalançar o pagamento por peça de-
terminado pelos patrões, o que levou Taylor a estudar o problema de produção
para tentar uma solução que atendesse tanto aos patrões como aos emprega-
dos (MOTTA E VASCONCELOS, 2006). Pelo menos esta era a ideia!
AUTOR
Frederick Winslow Taylor nasceu em Germantown, Filadélfia, estado da Pensilvânia, nos Es-
tados Unidos, no dia 20 de março de 1856. Era “bem nascido”, sua família pertencia à classe
média, a ponto de permitir boas escolas ao jovem Fred. Alguns biógrafos afirmam que Taylor
era muito estudioso e por esse motivo arruinou a vista nos estudos. Iniciou suas atividades
profissionais como torneiro, entre 1874 e 1878. Em 1878 ingressou na Midvale Steel, e lá
ficou por 12 anos, ingressando como operário e chegou a engenheiro-chefe. Obteve o título
de mestre em engenharia em 1883. Nesse período desenvolveu uma série de muitos apri-
moramentos técnicos. Taylor era um engenheiro brilhante!
No período entre 1890 e 1893 foi gerente geral de uma empresa que fabricava papel. Em
1983 foi contratado por Joseph Wharton (fundador da primeira escola de administração dos
USA) para trabalhar na Bethlehem Steel (uma grande siderúrgica, tinha 4000 funcionários em
1900). Em 1901, retornou para sua cidade natal dedicando-se a divulgação de suas ideias.
38 • capítulo 2
1º Primeiro período de Taylor
capítulo 2 • 39
ANO PENSAMENTO OBJETIVOS
Sua preocupação era exclusi- Uma boa aplicação tinha como objetivo o
vamente com as técnicas de pagamento salarial e altos custos unitários de
racionalização do trabalho operário, produção.
através do estudo de tempos e
movimentos.
Salientava-se, em essência, o que A aplicação de métodos científicos de pesquisa
procurou dizer no livro. e experimento para o seu problema global, a fim
de formular princípios e estabelecer processos
padronizados que permitissem o controle das
operações fabris.
Os empregados tinham de ser cientificamente
colocados em serviços ou em postos onde os
1903 materiais e as condições de trabalho fossem
cientificamente selecionados, para que as normas
pudessem ser cumpridas.
Os empregados deviam ser cientificamente ades-
trados para aperfeiçoar suas aptidões e, portanto,
executar um serviço ou tarefa de modo que a
produção normal fosse cumprida.
40 • capítulo 2
1. O engano disseminado entre os trabalhadores de que o maior rendi-
mento do homem e da máquina provoca desemprego.
2. O sistema defeituoso de Administração que força os operários à ociosi-
dade no trabalho a fim de proteger seus interesses pessoais.
3. Os métodos empíricos ineficientes utilizados nas empresas, com os
quais o operário desperdiça grande parte de seu esforço e tempo.
capítulo 2 • 41
De acordo com Taylor, a implantação da Administração Científica deve ser
gradual e obedecer a um certo período de tempo, para evitar alterações brus-
cas que causem descontentamento por parte dos empregados e prejuízos aos
patrões. Essa implantação requer um período de quatro a cinco anos para um
progresso efetivo (CHIAVENATO, 2004).
REFLEXÃO
Para Taylor, a Administração Científica é uma combinação de:
"Ciência em lugar de empirismo. Harmonia em vez de discórdia. Cooperação e não indi-
vidualismo. Rendimento máximo em lugar de produção reduzida. Desenvolvimento de cada
homem a fim de alcançar maior eficiência e prosperidade."
42 • capítulo 2
4. Princípio da execução. Distribuir atribuições e responsabilidades para
que a execução do trabalho seja disciplinada.
Taylor acreditava também que era necessária uma melhor divisão de res-
ponsabilidades entra a direção e o trabalhador. Ele acreditava que a adminis-
tração tinha de aceitar as responsabilidades de planejamento, organização,
controle e determinação de métodos, e não deixar essas importantes funções
para os trabalhadores. Todas essas considerações de Taylor, fazem parte do
Movimento da Administração Científica, que ocorreu em três fases:
A organização era vista como um sistema fechado, isto é, os indivíduos não rece-
biam influências externas. O sistema fechado é mecânico, previsível e determinístico.
capítulo 2 • 43
O sistema de produção, para Taylor, era uma abordagem sistemática para
melhorar a eficiência dos trabalhadores e seguia estes passos:
44 • capítulo 2
exige uma revolução mental tanto da parte da direção como da parte dos operá-
rios – ,a tendência de seus seguidores foi uma preocupação maior com as téc-
nicas do que com a filosofia da Administração Científica (CHIAVENATO, 2006).
O principal objetivo da Administração é assegurar o máximo de prosperidade
ao patrão e, ao mesmo tempo, o máximo de prosperidade ao empregado. O princí-
pio da máxima prosperidade para o patrão acompanhada da máxima prosperida-
de para o empregado deve ser os dois fins principais para a Administração. Assim,
deve haver uma identidade de interesses entre empregados e empregadores.
Para Taylor e seus seguidores, o instrumento para racionalização do traba-
lho dos operários era o estudo de tempos e movimentos, em que movimentos
inúteis eram eliminados e substituídos por outros eficazes.
Os funcionários eram treinados na função específica de sua atividade, o que
melhorava sua eficiência, ao passo que deveria ser adotada uma base unifor-
me para salários equitativos e prêmios por aumento de produção e um cálculo
mais preciso de custo unitário por peça.
A Administração Científica contribuiu para a divisão do trabalho, a especia-
lização do operário, a definição e estabelecimento de cargos e tarefas, o incen-
tivo salarial e de prêmios (que geravam a motivação no operário), contribuiu
para a melhoria da condição física de trabalho (ruído, ventilação e iluminação),
na padronização de métodos e de equipamentos e na existência da supervisão
funcional (supervisores especializados em cada área).
capítulo 2 • 45
REFLEXÃO
A divisão do trabalho entre gerência e execução
Para Taylor, o operário não tem capacidade, nem formação, nem meios para analisar cienti-
ficamente seu trabalho e estabelecer racionalmente o método ou processo mais eficiente. An-
tes, o supervisor deixava ao critério de cada operário a escolha do método de execução de seu
trabalho para encorajar sua iniciativa. Com a Administração Científica ocorre uma repartição
de responsabilidade: a administração (gerência) fica com o planejamento (estudo do trabalho
do operário e o estabelecimento do método do trabalho) e a supervisão (assistência contínua
do trabalhador durante a produção), enquanto o trabalhador fica somente com a execução do
trabalho. A gerência pensa enquanto o trabalhador executa (CHIAVENATO, 2006).
Para Taylor, o operário não tem capacidade, nem formação, nem meios
para analisar cientificamente o seu trabalho e estabelecer racionalmente qual
o método ou processo mais eficiente.
Geralmente, o supervisor comum deixava ao arbítrio de cada operário a es-
colha do método ou processo para executar o seu trabalho, para encorajar sua
iniciativa. No entanto, com a Administração Científica ocorre uma repartição
de responsabilidades: a administração (gerência) fica com o planejamento (es-
tudo minucioso do trabalho do operário e o estabelecimento do método de tra-
balho) e com a supervisão (assistência contínua ao trabalhador durante a pro-
dução), e o trabalhador fica com a execução do trabalho, pura e simplesmente.
A ORT se fundamenta nos seguintes aspectos:
46 • capítulo 2
1. Análise do trabalho e do estudo dos tempos e movimentos
capítulo 2 • 47
2. Estudo da fadiga humana
48 • capítulo 2
CURIOSIDADE
O aparecimento da linha de montagem
A especialização - limitação de cada operário à execução de uma única tarefa de maneira
contínua e repetitiva - encontrou a linha de produção (ou linha de montagem) como sua principal
base de aplicação. Essas ideias tiveram rápida aplicação na indústria americana e estenderam-se
rapidamente a todos os demais países e a todos os campos de atividades. A partir daí, o operário
perdeu a liberdade e a iniciativa de estabelecer a sua maneira de trabalhar e passou a ser confi-
nado à execução automática e repetitiva, durante toda sua jornada de trabalho, de uma operação
ou tarefa manual, simples, repetitiva e padronizada. A ideia básica era de que a eficiência aumenta
com a especialização: quanto mais especializado for um operário, tanto maior será sua eficiência.
capítulo 2 • 49
A simplificação no desenho dos cargos permite as seguintes vantagens:
1 O tempo-padrão, é o tempo médio necessário para o operário realizar a tarefa racionalizada constitui o nível de
eficiência equivalente a 100%. A produção individual até o nível de 100% de eficiência é remunerada pelo número
de peças produzidas. Acima de 100% de eficiência, o salário por peça é acrescido de um prêmio de produção ou
incentivo salarial adicional que aumenta na medida que se eleva a eficiência do operário.
2 O conceito de homem econômico - Essa visão estreita da natureza humana - o homem - econômico - não se
limitava a ver o homem como um empregado por dinheiro. Pior ainda: via no operário da época um indivíduo limitado
e mesquinho, preguiçoso e culpado pela vadiagem e desperdício das empresas e que deveria ser controlado por
meio do trabalho racionalizado e do tempo padrão.
50 • capítulo 2
O homem é motivado a trabalhar pelo medo da fome e pela necessidade de di-
nheiro para viver. Assim, as recompensas salariais e os prêmios de produção (e
o salário baseado na produção) influenciam os esforços individuais do trabalho,
fazendo com que o trabalhador desenvolva o máximo de produção de que é fisica-
mente capaz para obter um ganho maior. Uma vez selecionado cientificamente
o trabalhador, ensinado o método de trabalho e condicionada sua remuneração
à eficiência, ele passaria a produzir o máximo dentro de sua capacidade física.
7. Condições de trabalho
8. Padronização
capítulo 2 • 51
9. Supervisão funcional
52 • capítulo 2
CURIOSIDADE
A divisão do trabalho e a especialização da supervisão
A supervisão funcional representa a aplicação da divisão do trabalho e da especialização
no nível dos supervisores e chefes. A administração funcional é um tipo de organização que
permite que especialistas – e não mestres – transmitam a cada operário o conhecimento e
a orientação. Separa o planejamento do trabalho mental e braçal e permite a utilização do
princípio da divisão do trabalho, reduzindo ao mínimo as funções que cada operário deve
executar. Tende a produzir elevada eficiência em cada operário e no conjunto deles. Na re-
alidade, a funcionalização da supervisão foi uma contribuição da Administração Científica e
pressupõe a autoridade funcional, relativa e dividida.
capítulo 2 • 53
CURIOSIDADE
Outros integrantes do movimento da administração científica
– Frank Bunker Gilbreth e Lillian Moller Gilbreth: O casal Frank e Lillian Gilbreth foca-
ram seus estudos no chamado "estudo dos movimentos". Frank tinha preocupações muito
semelhantes às de Taylor, exceto que Taylor era interessado em engenharia e em problemas
com o tempo dos funcionários e Frank em construção e com os movimentos dos operários.
Nota-se a influência de Taylor no livro "Estudo de movimentos", no qual Gilbreth menciona
o desperdício de terra por meio da erosão, mas diz que isso não é nada, se comparado com
o desperdício de produtividade humana. Para resolver esse problema, Gilbreth propunha o
estudo sistemático e a racionalização dos movimentos necessários para a execução das ta-
refas. Ele dedicou atenção especial para a fadiga, no que foi auxiliado por sua mulher, Lillian,
especialista em psicologia. O casal publicou diversos estudos sobre os movimentos e a intro-
dução de aprimoramentos nos métodos de trabalho para minimização da fadiga.
– Henry Gantt: Formado em engenharia, Gantt era assistente de Taylor. Dentre suas
principais realizações, destacam-se seus estudos sobre resistência à mudança e normas
grupais (fatores que interferiam na produtividade), mutualismo como caminho para a pros-
peridade econômica e, sua principal realização, o controle gráfico diário da produção (gráfico
de Gantt), que era um método gráfico para acompanhar fluxos produtivos e se tornou a mais
importante técnica de planejamento e controle de projetos.
– Hugo Munsterberg: Doutor em Psicologia, Munsterberg fez contribuições substanciais
para quase todos os campos da Psicologia. Defendia ferozmente a utilização da Psicologia
em situações práticas e, em 1910, começou a realizar pesquisas visando à aplicação da
psicologia à indústria. As ideias de Munsterberg se assemelhavam às de Taylor quanto à
capacitação dos mais aptos ao trabalho. Além disso, ele pregava que o papel dos psicólogos
na indústria deveria ser para definir condições psicológicas mais favoráveis ao aumento da
produção e produzir as influências desejadas, na mente humana, do interesse da adminis-
tração. Munsterberg foi um dos primeiros estudiosos a desenvolver testes de seleção de
pessoal para empresas.
– Harrington Emerson, engenheiro, simplificou os métodos de estudos e de trabalho de
Taylor. Popularizou a Administração Científica e desenvolveu os primeiros trabalhos sobre
seleção e treinamento de empregados. Foi responsável pela antecipação da Administração
por objetivos proposta por Peter Drucker na década de 1960.
54 • capítulo 2
Apesar dos ganhos, nem todas as pessoas estavam convencidas de que
a administração científica era a melhor solução para todos os problemas
administrativos.
capítulo 2 • 55
• Abordagem prescritiva: Taylor não se aprofunda nas razões explicativas
da realidade organizacional. Ele simplesmente constata de forma empírica
alguns problemas de eficiência e propõe soluções práticas para os mesmos.
Portanto, a Teoria da Administração Científica não identifica claramente as
causas da ineficiência, apenas receita o remédio para as suas consequências.
• Empresa como sistema fechado: Taylor desconsidera os impactos do am-
biente externo da empresa em suas operações. Variáveis econômicas, culturais
e sociais afetam diretamente a eficiência da empresa; sobre estas, as medidas
propostas por Taylor têm alcance limitado
ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA
56 • capítulo 2
ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA
Os pressupostos motivacionais eram simplistas.
CONEXÃO
Assistam ao Filme Tempos Modernos – Charles Chaplin, é uma parodia da mecanização da
atividade humana! O filme focaliza a vida na sociedade industrial caracterizada pela produção
com base no sistema de linha de montagem e especialização do trabalho.
capítulo 2 • 57
conhecidas as técnicas da administração científica. Mas foi na Ford Motor
Company no início do século XX, que Henry Ford projetou o Modelo T para ser
construído em linhas de montagem.
Sua ideia: popularizar um produto antes artesanal e destinado a milioná-
rios, ou seja, vender carros a preços populares, com assistência técnica garan-
tida, revolucionando a estratégia comercial da época. Entre 1905 e 1910, Ford
promoveu a grande inovação do século XX: a produção em massa.
Embora não tenha inventado o automóvel nem mesmo a linha de monta-
gem, Ford inovou na organização do trabalho: a produção de maior número de
produtos acabados com a maior garantia de qualidade e pelo menor custo pos-
sível. E essa inovação teve maior impacto sobre a maneira de viver do homem
do que muitas das maiores invenções do passado da humanidade.
Em 1913 já fabricava 800 carros por dia. Em 1914, repartiu com seus em-
pregados uma parte do controle acionário da empresa. Estabeleceu o salário
mínimo de cinco dólares por dia e jornada diária de oito horas, quando, na
época, a jornada variava entre dez e doze horas. Em 1926, já tinha 88 fábricas e
empregava 150.000 pessoas, fabricando 2.000.000 carros por ano. Utilizou um
sistema de concentração vertical, produzindo desde a matéria-prima inicial ao
produto final acabado, além da concentração horizontal através de uma cadeia
de distribuição comercial por meio de agências próprias (CHIAVENATO, 2004).
Henry Ford nasceu em 30 de julho de 1863 em Dearborn, a família possuía terras e era
próspera. Ford saiu de casa em 1879 para procurar seu destino em Detroit, nascera para
ser mecânico: era paciente, sistemático e cuidadoso, além de possuir talento nessa área.
58 • capítulo 2
Em 1917, Ford já havia vendido 1,5 milhão de unidades do Modelo T. A de-
manda explodira à medida que os preços caíram. A maior demanda foi atendida
não com maiores preços, mas com aumento na produção e cortes nos preços.
A condição-chave da produção em massa é a simplicidade. Três aspectos
suportam o sistema:
REFLEXÃO
As linhas de montagem da Ford incorporavam os elementos principais da administração
científica: desenhos de produtos padronizados, produção em massa, baixos custos de manu-
fatura, linhas de montagem mecanizadas, especialização de mão de obra e peças intercambi-
áveis. Por volta de 1914, o tempo de montagem de um chassi caíra de quase 13 horas para
1 hora e meia. Os custos caíram significativamente e o Modelo T tornou-se o primeiro carro
acessível à maioria dos americanos e Ford dominou o setor por muitos anos.
capítulo 2 • 59
3. Princípio de produtividade. Aumentar a capacidade de produção do
homem no mesmo período (produtividade) por meio da especialização e da li-
nha de montagem. O operário ganha mais e o empresário tem maior produção.
60 • capítulo 2
As funções básicas da empresa segundo Fayol
Fayol parte da proposição de que toda empresa pode ser dividida em seis grupos:
Prever
Organizar
Funções
Comandar
administrativas
Coordenar
Controlar
A Função Administrativa é, portanto, uma das seis funções, cujo ritmo é asse-
gurado pela direção. Mas ocupa tamanho lugar nas funções dos altos chefes que,
às vezes, pode parecer que as funções administrativas estejam concentradas exclu-
sivamente no topo da organização, mas, na verdade, possuem flexibilidade escalar.
capítulo 2 • 61
Ênfase na estrutura que a organização deveria possuir para ser eficiente. Na realida-
de, o objetivo de ambas era o mesmo: a busca da eficiência das organizações.
Henri Fayol sempre afirmou que seu êxito era resultado dos métodos que
empregava e nada além disso. Assim como Frederick Taylor, Fayol utilizou os
últimos anos de sua vida para demonstrar que, com previsão (planejamento) e
métodos adequados de gerência, os bons resultados seriam apenas consequên-
cia. Henri Fayol ressaltou também que nenhuma das cinco funções essenciais
de uma organização (finanças, produção, técnicas, contábeis e comerciais) pos-
sui o encargo de formular o programa de ação geral da empresa, de constituir
seu corpo social, ou de coordenar os esforços e harmonizar o trabalho; essas
atribuições pertencem unicamente à função administrativa.
Para Fayol, administrar não era inventar sistemas e métodos para aumentar
a velocidade de processamento, era um arranjo organizado e integrado entre as
funções organizacionais.
Uma das principais contribuições da teoria criada e divulgada por Fayol – o de-
senvolvimento da abordagem conhecida como gestão administrativa ou proces-
so administrativo – foi publicada em seu livro Administração geral e industrial,
no qual, pela primeira vez, se fala em administração como disciplina e profissão.
62 • capítulo 2
• Organização: De forma resumida, é considerado o instrumento de ope-
racionalização do planejamento. É a estrutura organizacional que possibilita a
transformação dos planos em objetivos concretos. Entende-se que é a maneira
como a empresa coordena todos os seus recursos (humanos, financeiros, mate-
riais etc.), alocando-os de acordo com o planejamento.
• Comando: É a condução da empresa no sentido de atingir os objetivos
visados. A função de comandar está diretamente ligada à autoridade e ao poder.
Em seu sentido mais puro, trata-se de fazer com que os subordinados (colabo-
radores) executem o que precisa ser realizado, de forma clara e concisa e de
acordo com os desejos da alta administração.
• Coordenação: Podemos dizer, que significa reunir, unificar e harmonizar
toda as atividades e esforços visando ao alcance dos objetivos previamente tra-
çados durante o planejamento da organização. A implantação de qualquer pla-
nejamento seria inviável sem a coordenação das atitudes e esforços necessários
por parte da empresa. Resume-se em ligação e união.
• Controle: Conceitualmente falando, é a necessidade de verificar se os pro-
cedimentos estão de acordo com as regras e os princípios da empresa. Trata-se
de estabelecer padrões e indicadores de desempenho que permitem assegurar
que as atitudes tomadas são as que a empresa espera. Através do controle das
atividades, é possível aumentar a probabilidade de que tudo ocorra conforme
as metas da organização.
capítulo 2 • 63
os objetivos organizacionais. Podemos ver na figura a seguir que as relações
entre todas as funções são usadas para definir o processo administrativo.
Planejamento
Decisões sobre
objetivos e recursos
necessários para
realizá-los.
Organização
Controle
Decisões sobre a
Decisões de assegurar divisão de autoridade,
a realização dos responsabilidade e
objetivos. recursos para realizar
objetivos.
Execução
Decisões de execução
de planos. Direção,
coordenação e autogestão
são estratégias
de execução.
Para Fayol, administrar não era inventar sistemas e métodos para aumentar
a velocidade de processamento, era um arranjo organizado e integrado entre
a produção, vendas, finanças, levando em consideração as funções da organi-
zação. Ao desenvolver sua teoria, ele também procurou delinear a capacidade
administrativa (um pequeno resumo de diversas atividades relacionadas. Para
isso, ele propôs quatorze princípios a serem seguidos com o objetivo de se ter
uma administração mais eficiente e eficaz, que segundo ele deveriam ser apli-
cados de forma flexível, de acordo com a situação e realidade de cada empresa.
64 • capítulo 2
Fayol adota a denominação princípio afastando dela qualquer ideia de rigidez,
pois nada existe de rígido ou absoluto em matéria administrativa. Tudo em Ad-
ministração é questão de medida, ponderação e bom senso. Os princípios são
universais e maleáveis e adaptam-se a qualquer tempo, lugar ou circunstância.
Os 14 princípios da administração são:
Ordem – ordenar as tarefas e os materiais para que possam auxiliar a direção da organiza-
10 ção. Um lugar pra cada coisa e cada coisa em seu lugar. Ordem material e humana.
capítulo 2 • 65
Esses princípios se tornaram uma espécie de prescrição administrativa univer-
sal, que, segundo Fayol, devem ser aplicados de modo complacente e flexível. Para
ele, a administração, como toda ciência, deveria se basear em leis ou princípios.
A partir do momento em que as funções administrativas restringem-se ao corpo
social, fez-se necessária a criação de condições que assegurassem o bom funcio-
namento da empresa. Com esses princípios, Fayol procurou delinear o que seria
o modelo ideal de administração. Antes de Fayol, o problema da administração se
concentrava nas indústrias e usinas, com preocupação excessiva pela produtivida-
de. Fayol levou a ciência da administração para um nível de direção da empresa,
mostrando como um processo administrativo pode ser separado em áreas inter-
dependentes de responsabilidades, princípios e funções. Para ele, a primeira con-
dição inerente ao chefe de uma companhia era a de ser um bom administrador.
CURIOSIDADE
Para Henri Fayol a administração era a forma de governar ou gerenciar um negócio público
ou privado, fazendo o melhor uso possível dos recursos disponíveis para atingir os objeti-
vos da empresa. De certa forma ele tinha a ciência administrativa como parte fundamental
de todos os componentes de uma organização. Fayol ainda instituiu que o departamento
administrativo era o responsável por garantir a unidade da ação, da disciplina e da ordem,
garantindo assim o bom relacionamento interno e externo da companhia. O renomado autor
ainda afirmou que, apesar de ser distinta, a administração se entrelaçava com outros depar-
tamentos, agindo como um sistema nervoso dentro na empresa.
66 • capítulo 2
• Educação geral: deveria ir além do necessário à função.
• Conhecimentos especiais: esses eram peculiares à função, seriam técni-
cos, financeiros, administrativos, entre outros.
• Experiência: conhecimento que surge do trabalho adequado; a memória
de outras lições aprendidas.
→ Teoria da Organização
A Teoria Clássica concebe a organização como se fosse uma estrutura (es-
trutura organizacional), com base na estrutura militar e na eclesiástica, tra-
dicionais, rígidas e hierarquizadas. Estrutura organizacional – constitui uma
cadeia de comando, isto é, uma linha de autoridade que integra as posições da
organização e define quem se subordina a quem.
capítulo 2 • 67
→ Conceito de Linha e Staff
A busca por um novo estilo organizacional para atender às crescentes ne-
cessidades de eficiência das empresas, impulsionou a criação desse estilo que
pretende especializar as áreas da organização para que os esforços dos colabo-
radores tenham foco em tarefas específicas. Chiavenato afirma ainda que, na
organização linha-staff, coexistem órgãos de linha (execução) e de assessoria
(consultoria) mantendo relações simultâneas entre si. Os órgãos de linha carac-
terizam-se pela autoridade linear e pelo princípio escalar, enquanto os órgãos
de staff prestam assessoria e serviços especializados.
68 • capítulo 2
→ Organização Linear
A organização linear é um tipo de estrutura organizacional que apresenta
uma forma piramidal. Nela ocorre a supervisão linear (ou autoridade linear),
baseada na unidade de comando e que é o oposto da supervisão funcional pro-
posta pela Administração Científica. Fayol e seus seguidores discordam da su-
pervisão funcional por acharem que ela constitui uma negação da unidade de
comando, princípio vital para a coordenação das atividades da organização.
CURIOSIDADE
Enfoque prescritivo e normativo
A Teoria Clássica caracteriza-se por seu enfoque prescritivo e normativo: prescreve os
elementos da administração (funções do administrador) e os princípios gerais que o admi-
nistrador deve adotar em sua atividade. Esse enfoque prescritivo e normativo sobre o admi-
nistrador deve proceder no trabalho constitui o filão da Teoria Clássica. É a velha receita do
bolo (CHIAVENATO, 2004).
capítulo 2 • 69
psicológico e social com a devida importância, estabelecendo esquemas lógi-
cos e preestabelecidos, segundo os quais as organizações devem ser construí-
das e governadas;
– Ausência de trabalhos experimentais – a Teoria Clássica pretendeu elabo-
rar uma ciência de administração para estudar e tratar a Administração substi-
tuindo e empirismo e a improvisação por técnicas científicas. Porém os autores
clássicos fundamentam seus conceitos na observação e no senso comum;
– Extremo racionalismo na concepção da Administração – apresentação
racional e lógica das suas proposições, sacrificando a clareza das suas ideias;
– Teoria da máquina – a Teoria Clássica recebe essa denominação por con-
siderar a organização sob o prisma do comportamento mecânico de uma má-
quina: a determinadas ações ou causas decorrem determinados efeitos ou con-
sequências dentro de uma correlação determinística. A organização deve ser
arranjada tal qual uma máquina.
– Abordagem incompleta da organização – Tal como aconteceu como a
Administração Científica, a Teoria Clássica preocupou-se apenas com a orga-
nização formal, descuidando-se da organização informal. O foco na forma e a
ênfase na estrutura organizacional formal levaram a exageros.
– Abordagem de sistema fechado – a Teoria Clássica trata a organização
como se fosse um sistema fechado, constituído de algumas variáveis perfeita-
mente conhecidas e previsíveis, e de alguns aspectos que são manipulados por
meio de princípios gerais e universais.
REFLEXÃO
A abordagem clássica da administração tentou lidar com o crescimento da indústria ameri-
cana. Esse período representou o início do pensamento formal em administração, enfatizan-
do operações econômicas, a importância das operações internas das empresas produtoras,
meios de controle organizacional.
A administração científica de Taylor trouxe a aplicação de métodos científicos como for-
ma de analisar trabalho e assim identificar a melhor maneira de se executar as tarefas de
produção. Esses procedimentos geraram maior produtividade e eficiência. Fayol contribuiu
com a perspectiva de que administração era uma profissão. Sloan complementou as lacunas
deixadas pela administração científica e a produção em massa de Henry Ford.
70 • capítulo 2
LEITURA
A Bethlehem Steel
O ano é 1898. A Bethlehem Steel vendeu 80 mil toneladas de ferro em lingotes. Agora,
é preciso carregar vagões com os lingotes, que estão amontoados em pequenas pilhas ao ar
livre. Essa operação deve ser executada manualmente. Os operários contratados para essa
gigantesca tarefa começaram movimentando 12,5 toneladas por dia, o melhor que se pode
conseguir. Chamado para estudar a eficiência do processo, Frederick Taylor chegou decidido
a aplicar a administração científica. Adotou uma combinação de pagamento elevado, pro-
porcional à quantidade movimentada, seleção dos melhores trabalhadores e orientação para
realizar a tarefa. Taylor, porém, percebeu que os trabalhadores iriam começar correndo, para
ganhar bastante, e rapidamente ficariam exausto, sendo obrigados a interromper o trabalho
muito antes de terminá-lo. Taylor, então, descobriu que homens de físico adequado conse-
guiriam aumentar a quantidade de toneladas movimentadas, com total segurança, desde que
os supervisores os obrigassem a descansar a intervalos frequentes.
Em resumo, descobriu que, para produzir o melhor resultado possível, um trabalhador que
ele considerava de primeira classe, carregando lingotes que pesavam cerca de 45 quilos, de-
veria trabalhar apenas 43% do tempo. A “ciência” de carregar lingotes de ferro, desse modo,
consistia primeiro em escolher o homem apropriado e, segundo, em obrigá-lo a descansar a
intervalos que se havia descoberto serem os mais eficientes, após cuidadosa investigação.
Como consequência da intervenção de Taylor, os homens passaram a movimentar, em
média, 47,5 toneladas por dia. Esse resultado ele conseguiu não por meio do estudo de tem-
pos e movimentos, mas da minimização do dispêndio da energia muscular. E assim, Frederick
Taylor demonstrou que os níveis mais altos de produtividade resultam da utilização eficiente
da energia: trabalhar menos produz mais. Algumas questões para reflexão:
– O que aconteceria se Taylor não obrigasse os homens a descansar? Eles se esgota-
riam e sua produtividade diminuiria, como Taylor previu?
– De forma geral, qual a consequência do trabalho duro e ininterrupto?
– Trabalhar menos produz mais em qualquer situação? Você conhece outras situações
em que as pessoas precisam descansar para poder realizar uma tarefa?
capítulo 2 • 71
LEITURA
Alfred Sloan e a Segmentação de Mercado
Nem Taylor nem Ford se preocuparam com a estrutura organizacional necessária para
administrar as fábricas, atividades de engenharia e sistemas de marketing. A ênfase estava
na organização da linha de produção. Essa lacuna foi preenchida com as contribuições de
Alfred Sloan. (MAXIMIANO, 2004).
Sloan assumiu a presidência da General Motors em 1923, quem o nomeou foi Pierre
Dupont, da companhia Dupont. A GM passou por uma grave crise em 1920 chegando à beira
da falência, altos investimentos feitos pela Dupont a salvaram. Assim, no cargo de presidente
Sloan pôde colocar em prática seus estudos organizacionais, desenvolvendo o que seria a
marca da estrutura da empresa desse ponto em diante: o conceito de descentralização e
delegação de autoridade. Segundo Maximiano (2004), para resolver os problemas da GM na
década de 1920, Sloan decidiu que deveria resolver dois problemas críticos.
72 • capítulo 2
Alfred Sloan reconhecia que as economias de escala obtidas pela Ford não poderiam
ser superadas, portanto, a GM não deveria competir por preço. A GM resolveu então
que cinco modelos de automóvel seriam fabricados, sendo que cada modelo teria apelo
para um grupo específico de consumidores. A estratégia de flexibilização de linha de
produtos de Sloan foi obteve sucesso, o que permitiu a GM ultrapassar a Ford como
líder mundial em produção de veículos (Sloan, 1991). As inovações de Sloan repre-
sentaram uma revolução na gestão da indústria automobilística (MAXIMIANO, 2006).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BATEMAN, T; SNELL, S. Administração: construindo vantagem competitiva. São Paulo: Atlas,
1998.
CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos novos tempos. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
CORRÊA, Henrique L; CORRÊA, Carlos A. Administração de produção e operações: manufatura
e serviços: uma abordagem estratégica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2007. 690 p.
FAYOL, Henri. Administração industrial e geral: previsão, organização, comando, coordenação,
controle. Tradução Irene de Bojano e Mário de Souza. 10. ed. São Paulo: Atlas, 1994.
GAITHER, Norman; FRAZIER, Greg. Administração da produção e operações. Tradução José
Carlos Barbosa dos Santos. 8. ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.
MAXIMIANO, A. Teoria geral da administração: da revolução urbana à revolução digital. 6. ed.
São Paulo: Atlas, 2007.
MAXIMIANO, A. Introdução à administração. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
MEGGINSON, L. C.; MOSLEY, D. C.; PIETRI Jr, P. H. Administração: conceitos e aplicações. 4. ed. São
Paulo: Harbra, 1998.
ROBBINS, S. P. Administração: mudanças e perspectivas. São Paulo: Saraiva, 200
capítulo 2 • 73
74 • capítulo 2
3
Teoria das Relações
Humanas
A Abordagem Humanística parte da premissa de que a empresa é um sistema
social, formado em primeira instância por indivíduos e em segunda instância
por grupos, cujo comportamento influencia decisivamente o desempenho de
uma organização.
OBJETIVOS
• Apresentar os principais conceitos que permeiam a Escola das Relações Humanas e a
Abordagem Comportamental.
• Discutir os principais aspectos que compõem gerenciamento do comportamento individual
no trabalho.
• Discutir os principais aspectos que compõem gerenciamento do comportamento coletivo
no trabalho.
• Apresentar a evolução do papel do gerente a partir dos conceitos trazidos pela Abordagem
76 • capítulo 3
3.1 Abordagem Humanística da
Administração
capítulo 3 • 77
modificações ocorridas no panorama social, econômico, político, tecnológico
vieram trazer novas variáveis para o estudo da Administração. Com a grande
depressão econômica que atormentou o mundo todo por volta de 1929, a busca
da eficiência nas organizações passou a ser intensificada. Essa crise mundial
provocou indiretamente uma reelaboração de conceitos e uma rea-valiação dos
princípios clássicos de Administração até então aceitos, apesar de seu caráter
dogmático e prescritivo (CHIAVENATO, 2004).
A abordagem humanística da Administração começou no segundo perí-
odo de Taylor, mas apenas a partir de 1930 é que recebeu enorme aceitação
nos Estados Unidos, devido às suas características democráticas. Sua divulga-
ção fora dos Estados Unidos somente ocorreu bem depois do final da Segunda
Guerra Mundial (CHIAVENATO, 2004).
78 • capítulo 3
objetivo da ação administrativa era conseguir a integração das pessoas
e a coordenação das suas atividades para que os objetivos e metas fos-
sem alcançados. Dessa forma, a estudiosa concentrou-se em estudar os
conflitos dentro do ambiente organizacional. Para Mary Parker Follet, os
conflitos surgiam em uma empresa em função da divergência de opini-
ões ou interesses entre pessoas, sendo uma ocorrência na maioria das
vezes inevitável. Ela propôs três métodos de solução de conflitos: o mé-
todo da força (coerção), da barganha (troca de interesses até que uma
das partes “vence” o conflito) e o método da integração (solução em
que ambas as partes saem satisfeitas do conflito, pois tem suas neces-
sidades atendidas). A autora ressaltava que a eficiência de qualquer dos
três métodos dependia das relações de força entre as partes em conflito
(MOTTA; VASCONCELOS, 2002).
capítulo 3 • 79
Inicialmente, procurou desvendar a psicologia do operário ao mostrar a re-
lação existente entre as ambições e os temores dos operários e a sua realidade
no trabalho. A seguir, tentou mostrar que a compreensão do comportamento
administrativo deve partir do conhecimento da natureza humana.
Para Tead, a administração é um conjunto de atividades próprias de certos
indivíduos que têm a missão de ordenar, encaminhar e facilitar os esforços co-
letivos de um grupo de pessoas reunidas em uma entidade, para a realização
de objetivos previamente definidos. O administrador é, para Tead, um profis-
sional e um educador, pois seu papel na influenciação do pessoal exige uma
contínua e intensa atividade educativa.
Tead preocupou-se bastante em conceituar a liderança, bem como estudar
os processos de influenciação do líder sobre os subordinados. Para Tead, o lí-
der é um agente moral e, principalmente, o símbolo da democracia dentro da
organização. “A administração democrática é a direção e visão global de uma
organização que garante que:
80 • capítulo 3
A formulação dos objetivos da organização pode ser feita de três maneiras típicas:
capítulo 3 • 81
As organizações são formadas por pessoas para sobrepor suas limitações
individuais. Com as organizações, a limitação final para alcançar muitos obje-
tivos humanos não é mais a capacidade individual, mas a habilidade de traba-
lhar eficazmente com os outros.
82 • capítulo 3
A Teoria das Relações Humanas tem suas origens nos seguintes fatos:
capítulo 3 • 83
• Tempo apropriado de lazer: a carga horária de trabalho deve possibilitar
ao trabalhador horas de descanso para que ele possa recompor suas energias e
eliminar o estresse.
• Proteção contra o desemprego involuntário: o trabalhador deve ter direi-
tos assegurados contra demissão sem justa causa, bem como proteção em caso
de doenças causadas pelas condições inadequadas de trabalho.
• Participação nos lucros: a empresa deve bonificar o trabalhador com par-
te dos lucros, já que eles auxiliam a empresa a conquistar as metas estabeleci-
das e os objetivos.
Elton Mayo (1880 – 1949) nasceu na Austrália, mas viveu nos Estados Unidos
trabalhando como professor da Harvard University. Ele era formado em lógi-
ca, medicina e filosofia e concentrou as suas pesquisas no estudo do relaciona-
mento dos trabalhadores entre si e seu impacto na produtividade da organiza-
ção (RIBEIRO, 2003).
84 • capítulo 3
era determinar a relação entre a intensidade da iluminação e a eficiência dos
operários medida através da produção. A experiência foi coordenada por Elton
Mayo e colaboradores, e estendeu-se à fadiga, acidentes no trabalho, rotativi-
dade do pessoal (turnover) e ao efeito das condições de trabalho sobre a pro-
dutividade do pessoal. O experimento revelou também a importância do grupo
sobre o desempenho dos indivíduos e deu início a estudos sistemáticos sobre a
organização informal, ficando conhecido no mundo todo como “Experimento
de Hawthorne” (MAXIMIANO, 2006).
O objetivo inicial do estudo proposto por Mayo era verificar a influência dos
fatores do ambiente de trabalho na produtividade dos trabalhadores. Para isso
ele dividiu os operários em dois grupos: de observação (grupo que trabalharia
sob as mudanças dos fatores ambientais) e de controle (grupo que trabalharia
sob condições ambientais constantes). O estudo foi estruturado em quatro fa-
ses (RIBEIRO, 2003).
CURIOSIDADE
Detalhamento das fases do Experimento de Hawthorne
capítulo 3 • 85
nação e o ritmo de produção. Reduziu-se a iluminação na sala experimental. Esperava-se
uma queda na produção, mas o resultado foi o oposto, a produção na verdade aumentou. Os
pesquisadores verificaram que os resultados da experiência eram prejudicados por variáveis
de natureza psicológica. Tentaram eliminar ou neutralizar o fator psicológico, então estranho
e impertinente, razão pela qual a experiência prolongou-se até 1932, quando foi suspensa
em razão da crise econômica de 1929.
86 • capítulo 3
Eram observados por um pesquisador e entrevistados periodicamente por outro. Mayo e seus
colaboradores observavam que os operários após atingirem uma produção que julgavam ser
ideal, reduziram o ritmo de seu trabalho, informando sua produção como forma de deixar o
excesso de um dia para outro.
Esta experiência foi suspensa em 1932, devido à recessão nos Estados Unidos em
1929. Todavia, a quarta fase permitiu um estudo entre a relação formal da organização e a
informal dos operários.
CURIOSIDADE
Para Elton Mayo, o conflito é uma chaga social, a cooperação é o bem-estar social. Conclui-
se que, comprovada a existência de uma organização informal, a Experiência de Hawthor-
ne contrapõe o comportamento social do empregado ao comportamento do tipo máquina,
proposto pela Teoria Clássica, abrindo assim portas para um novo campo de abordagem da
administração: as Relações Humanas.
Saiba mais. Acesse: http://pt.wikipedia.org/wiki/Experi%C3%AAncia_de_Hawthorne
capítulo 3 • 87
3.5 Decorrências da Teoria Das Relações
Humanas
Com o advento da Teoria das Relações Humanas, uma nova linguagem passa a do-
minar o repertório administrativo: fala-se agora em motivação, liderança, comuni-
cação, organização informal, dinâmica de grupo etc. Os antigos conceitos clássicos
de autoridade, hierarquia, racionalização do trabalho, departamentalização, prin-
cípios gerais da Administração etc. passam a ser duramente contestados.
Com a Teoria das Relações Humanas, surge uma nova concepção sobre a
natureza do homem, o homem social:
88 • capítulo 3
"participação". A motivação econômica é secundária na determinação da produção
do empregado;
– Grupos Informais: definem suas regras de comportamento, suas formas
de recompensas ou sanções sociais, punições, seus objetivos, sua escala de va-
lores sociais, suas crenças e expectativas, que cada participante vai assimilando
e integrando em suas atitudes e comportamento;
– As Relações Humanas: são as ações e atitudes desenvolvidas pelos con-
tatos entre as pessoas e o grupo de forma que haja um ambiente onde cada
pessoa é encorajada a exprimir-se livre e sadiamente. Cada indivíduo procura
ajustar-se às demais pessoas do grupo para que seja compreendido e tenha par-
ticipação ativa, a fim de atender seus interesses e aspirações;
– A Importância do Conteúdo do Cargo: o conteúdo e a natureza do traba-
lho têm enorme influência sobre o moral do trabalhador, tornando-o produti-
vo ou desmotivado; trabalhos repetitivos tendem a ser monótonos, maçantes
e afetam negativamente as atitudes do trabalhador e reduzem sua eficiência;
– Ênfase nos aspectos emocionais: é a preocupação com as emoções e sen-
timentos dos funcionários. Elementos emocionais, não planejados e até mes-
mo irracionais do comportamento humano devem ser considerados dentro da
organização.
capítulo 3 • 89
2. O operário não reage como indivíduo isolado, mas como membro de
um grupo social – as mudanças tecnológicas tendem a romper os laços infor-
mais de camaradagem e de amizade no trabalho.
3. A tarefa básica da Administração é formar uma elite capaz de compre-
ender e de comunicar, dotada de chefes democráticos, persuasivos e simpáti-
cos a todo o pessoal.
4. Passamos de uma sociedade estável para uma sociedade adaptável, mas
negligenciamos a habilidade social. Nossa capacidade de colaborar com os outros
está se deteriorando. "Somos tecnicamente competentes como nenhuma outra
idade na História o foi, e combinamos isso com uma total incompetência social."
É necessária a formação de uma elite social capaz de recobrar a cooperação.
5. A pessoa é motivada essencialmente pela necessidade de “estar junto”,
de “ser reconhecida”, de receber adequada comunicação – a organização efi-
ciente é incapaz de elevar a produtividade se as necessidades psicológicas do
trabalhador não forem devidamente cobertas, localizadas e satisfeitas.
6. A civilização industrializada traz como consequência a desintegração dos
grupos primários da sociedade, como a família, os grupos informais e a religião,
enquanto a fábrica surgirá como uma nova unidade social que proporcionará um
novo lar, um local de compreensão e de segurança emocional para os indivíduos.
7. A civilização industrializada traz como consequência a desintegração
dos grupos primários da sociedade, como a família, os grupos informais e a
religião, enquanto a fábrica surgirá como uma nova unidade social que propor-
cionará um novo lar, um local de compreensão e de segurança emocional para
os indivíduos. Dentro dessa visão romântica, o operário encontrará na fábrica
uma administração compreensiva e paternal, capaz de satisfazer suas necessi-
dades psicológicas e sociais.
REFLEXÃO
Já que os métodos convergem para a eficiência, e não para a cooperação humana – e muito me-
nos para objetivos humanos –, há um conflito social na sociedade industrial: a incompatibilidade
entre os objetivos organizacionais da empresa e os objetivos individuais dos empregados. Ambos
nunca se deram muito bem, principalmente quando a preocupação exclusiva com a eficiência su-
foca o trabalhador. O conflito social deve ser evitado a todo custo por meio de uma administração
humanizada que faça um tratamento preventivo e profilático. As relações humanas e a coopera-
ção constituem a chave para evitar o conflito social. Mayo não vê possibilidade de solução cons-
90 • capítulo 3
trutiva e positiva do conflito social. Para ele, o conflito social é o germe da destruição da própria
sociedade. "O conflito é uma chaga social, a cooperação é o bem-estar social”.
CURIOSIDADE
Outros autores também contribuíram para este momento de transição da escola clássica da
administração para a escola das relações humanas. Junto a Elton Mayo, diversos autores
questionaram os conceitos da abordagem clássica de Taylor e Fayol, sendo que os mais
expressivos foram Mary Parker Follet e Chester Barnard. Suas obras representam a transi-
ção entre a escola Clássica e Científica e a escola das Relações Humanas, juntamente com
Mayo. Para muitos estudiosos, a visão de Mary Parker Follet (1868-1933) é até mais pro-
funda do que a de Mayo e seus colaboradores. O seu trabalho baseia-se na sua crença em
capítulo 3 • 91
soluções positivas para os conflitos. Para ela, o conflito é algo inerente às relações humanas
e representa a diferença que habita a individualidade humana. Cada indivíduo tem propósitos,
desejos e vontades próprios, que muitas vezes conflitam com os de outros. Assim, também,
as organizações têm objetivos que conflitam com os de outras organizações e/ou dos indiví-
duos que dela fazem parte. O conflito, portanto, é algo do qual não podemos fugir. Podemos,
porém, tratá-lo de diversas formas. Podemos buscar soluções de dominação, do tipo um
“ganha e outro perde” ou ainda encontrar uma conciliação que adie o confronto. Nestas duas
formas de tratar os conflitos, os desejos de pelo menos uma das partes não foram satisfei-
tos, o que fatalmente fará com que o conflito se manifeste novamente, potencializado. Follet
propõe uma terceira solução, a integração. Na integração, o conflito seria resolvido de forma
a atender ambas as partes, buscando-se uma solução criativa que não estaria em nenhuma
das alternativas em conflito. A solução integrativa, portanto, exigiria criatividade; a busca de
uma terceira alternativa que contemplasse o desejo de ambas as partes em conflito. É claro
que nem sempre é possível uma solução integrativa, mas na maioria dos casos que resultam
em dominação ou conciliação, em tese seria possível uma solução integrativa. Mary Parker
Follet e Chester Barnard (1886-1961) compartilham a visão de que a organização é um
sistema social e que a produção é um processo cooperativo que depende da participação
integrada de seus diferentes componentes. Esta visão da organização como um sistema co-
operativo é a base de todo o trabalho de Barnard sobre as funções do executivo. O executivo,
para ele, deveria manter o sistema de esforços cooperativos, dando propósito organizacional
e convergindo a atenção aos interesses individuais (eficiência) e aos da organização (efeti-
vidade). A reconhecida pesquisa de Mayo denominada Experiência de Hawthorne, surgiu do
amadurecimento destes questionamentos de Follet e Barnard.
http://www.ny.edu.hk/web/cht/nang_yan_business_journal/Review.pdf
Observe que essas novas ideias não alteraram a estrutura do modelo cons-
truído por Ford e Taylor, mas contribuíram para modificar a forma como os
gerentes se comportavam em relação aos operários. Os princípios de Elton
Mayo rapidamente foram incorporados à educação formal, surgindo assim a
Abordagem Comportamental. O quadro a seguir, traz algumas características
das duas abordagens, comparando-as em suas conclusões:
92 • capítulo 3
Teoria Clássica x Teoria das Relações Humanas
A teoria das Relações Humanas deu início a vários estudos sobre o compor-
tamento humano nas empresas. Tais estudos fizeram surgir uma nova esco-
la: Escola Comportamental, que, apoiada nos estudos das relações humanas,
buscou analisar aspectos motivacionais, de liderança e estilos de gerência que
tivessem impactos no comportamento dos trabalhadores.
A partir da Teoria das Relações Humanas, todo o acervo de teorias psicológi-
cas acerca da motivação humana passou a ser aplicado na empresa. Verificou-
se que todo comportamento humano é motivado. Que a motivação, no sentido
psicológico, é a tensão persistente que leva o indivíduo a alguma forma de com-
portamento visando à satisfação de uma ou mais determinadas necessidades.
Daí o conceito de ciclo motivacional.
capítulo 3 • 93
– A teoria de campo de Kurt Lewin
O psicólogo Kurt Lewin foi um dos primeiros teóricos a propor que o com-
portamento humano é uma função da pessoa e do ambiente. Segundo Lewin,
o fim ou objetivo de um comportamento possui para a pessoa uma determina-
da valência ou caráter de apelo (al. Aufforderungscharakter), que desenvolve a
partir da tensão interna gerada por uma necessidade e de qualidades do objeto
ou da atividade ligadas a esse fim. Esse sistema de forças pode ser representa-
do por vetores correspondentes à força de atração ou repulsa que determina-
dos objetos do ambiente ou atividades têm para o indivíduo. Baseando-se nas
diferentes forças que podem agir sobre o indivíduo, Lewin desenvolveu uma
taxonomia de conflitos, que influenciou fortemente a pesquisa posterior, e for-
mulou a primeira teoria do produto-valor-expectativa.
Auto-
Realização
Estima
Sociais
Segurança
Necessidades Fisiológicas
Figura 3.1
94 • capítulo 3
Essa nova classificação permitiu uma nova visão sobre o comportamento
humano, que não busca apenas saciar necessidades físicas, mas crescer e se
desenvolver.
capítulo 3 • 95
3.5.7 Liderança
DEFINIÇÃO EXEMPLO
Processo de conduzir as ações ou influenciar Um cientista pode ser influenciado por um colega
o comportamento e a menta-lidade de outras de profissão. Líderes religiosos são capazes de
pessoas. Proximidade física ou temporal não é influenciar adeptos que estão muito longe e que
importante no processo. têm pouquíssima chance de vê-los pessoalmente.
REFLEXÃO
→ Líder é igual à Liderança?
O Líder é a pessoa, o indivíduo. Liderança é a função que o indivíduo executa.
Muitas vezes, as organizações apontam como líderes os indivíduos que detêm posições
de autoridade formal, independente da forma como desempenham a função de liderança.
96 • capítulo 3
Desta forma, podemos encontrar pessoas com cargos formais chamadas de líderes que
efetivamente não exercem a liderança. Fonte: Robbins (2000).
É importante ressaltar que nem todos os chefes são líderes. A liderança não
se baseia somente na autoridade formal imposta pelo cargo, mas em diversos
fatores que geram obediência e respeito dos liderados. O quadro a seguir reali-
za a comparação entre as características da autoridade formal e as da liderança.
– Obediência às regras
– Atributo singular
Vários são os desafios enfrentados pelos líderes na busca pela mobilização dos
recursos e na manutenção do sentido de coesão do desenvolvimento do trabalho.
Dentre os desafios encontrados na literatura, três aparecem com mais frequência:
capítulo 3 • 97
– diversidade: Cada vez mais os líderes têm de lidar com outros líderes,
gerentes e grupos mais diversificados. Várias organizações possuem inclusive
colaboradores de outros países em seu quadro de líderes. A diversidade pode
fortalecer a capacidade de resposta das organizações às diversas demandas às
quais estão sujeitas, por meio de desenvolvimento de soluções mais complexas
e efetivas. Ao mesmo tempo em que pode fortalecer, a diversidade traz seus pró-
prios desafios, principalmente no que tange à comunicação e mal-entendidos.
Desta forma, a experiência internacional, a capacidade de falar mais de uma
língua, o conhecimento de outras culturas, são habilidades necessárias aos lí-
deres de organizações que desejam ter presença em mercados internacionais.
98 • capítulo 3
líderes que dividem a autoridade e a responsabilidade com sua equipe num grau
que denota o repasse de suas atribuições de liderança a todos de sua equipe.
O líder, portanto, é a pessoa que exerce tal influência, a qual pode ter caráter
mais ou menos centralizador (autocrático).
Outra forma de abordar a questão da liderança é analisar o direcionamento
do comportamento do líder, o qual pode ter dois tipos de orientação:
capítulo 3 • 99
FORMA DE AVALIAÇÃO DESCRIÇÃO
Alguns estudos enfatizaram a satisfação do se-
guidor ou do grupo em lugar da produtividade. As
PRODUTIVIDADE VERSUS SATISFAÇÃO ações empreendi-das por um líder para aumentar
a produtividade podem ser muito diferentes das
ações que aumentariam a satisfação.
A maioria dos estudos se concentra na influência
do líder sobre seu grupo. Entretanto, outros
NÍVEL DE ANÁLISE focalizam a organização ou mesmo sociedades
específicas.
3.5.8 Comunicação
100 • capítulo 3
COMUNICAÇÃO
Oliveira (2009) afirma que devem ser consideradas algumas questões no sis-
tema de comunicação das empresas:
• O que, Como, Quando, Por que, Quanto deve ser comunicado?
• De quem, Para quem, deve vir a informação?
Mensagem
Canal de comunicação
Transmissor Receptor
Feedback
Ruído
capítulo 3 • 101
Existem alguns tipos de comunicação nas empresas: formal, informal, de
cima para baixo, de baixo para cima e horizontal.
• De Baixo para Cima: A comunicação de baixo para cima vai dos níveis
mais baixos da hierarquia para os mais altos e tem como principal problema
a perda de consistência da informação quando ela passa de um nível para o
outro. Mas também possui vários motivos importantes:
• É um meio para os administradores saberem o que está acontecendo;
os gestores obtêm um quadro mais nítido das realizações, problemas, planos
e atitudes dos funcionários, além de ideias e sugestões.
102 • capítulo 3
• Os funcionários se beneficiam com a oportunidade de comunicar para
cima, pois isso gera maior motivação e participação.
• Facilita a comunicação de cima para baixo à medida que se torna uma
via de mão-dupla.
capítulo 3 • 103
de um grupo se comunicam entre si de maneira direta e face a face, razão pela
qual cada membro influencia e é influenciado pelos outros membros do grupo.
O grupo apresenta as seguintes características:
a) Um objetivo comum;
b) Uma estrutura dinâmica de comunicação;
c) Uma coesão interna.
104 • capítulo 3
3.6 Apreciação crítica das Teorias
Transitivas e da Teoria das Relações
Humanas
As críticas às Teorias Transitivas e à Teoria das Relações Humanas são nume-
rosas e generalizadas:
REFLEXÃO
Apesar das críticas às Teorias Transitivas e Teoria das Relações Humanas, é fato que ambas
proporcionaram às organizações novos horizontes fundamentados na importância do ser hu-
mano enquanto homem social no processo produtivo das organizações.
capítulo 3 • 105
LEITURA
Para compreender como a liderança pode promover a mudança da cultura da organização,
leia o livro “Cultura Organizacional e Liderança” de Edgar Schein, publicado pela Editora Atlas.
“O Príncipe”, de Nicolau Maquiavel (1513), contempla um conjunto de conselhos e su-
gestões de Maquiavel de como se governar um Estado a Lorenço de Médici, estadista ita-
liano de Florença. A obra é considerada um dos clássicos sobre como exercer a direção.
Acesse: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv000052.pdf
Comportamento Individual
Cada pessoa é única, apresentando traços de personalidade e um conjunto de experiên-
cias pessoais diferentes, dificultando a criação de um padrão para gerenciar o trabalho das
pessoas em uma organização (ROBBINS, 2005). Ao mesmo tempo para cada cargo desem-
penhado na organização há um perfil profissional mais adequado (GIL, 2001).
A seguir são apresentadas as características individuais focadas nos estudos comporta-
mentais aplicados à administração (MAXIMIANO, 2006):
106 • capítulo 3
dizer que o comportamento individual pode contribuir ou não para o alcance dos objetivos e
metas da organização.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BATEMAN, T; SNELL, S. Administração: construindo vantagem competitiva. São Paulo: Atlas, 1998.
CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos novos tempos. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
CORRÊA, Henrique L; CORRÊA, Carlos A. Administração de produção e operações: manufatura
e serviços: uma abordagem estratégica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2007. 690 p.
FAYOL, Henri. Administração industrial e geral: previsão, organização, comando, coordenação,
controle. Tradução Irene de Bojano e Mário de Souza. 10. ed. São Paulo: Atlas, 1994.
GAITHER, Norman; FRAZIER, Greg. Administração da produção e operações. Tradução José
Carlos Barbosa dos Santos. 8. ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.
MAXIMIANO, A. Teoria geral da administração: da revolução urbana à revolução digital. 6. ed.
São Paulo: Atlas, 2007.
MAXIMIANO, A. Introdução à administração. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
MEGGINSON, L. C.; MOSLEY, D. C.; PIETRI Jr, P. H. Administração: conceitos e aplicações. 4. ed.
São Paulo: Harbra, 1998.
ROBBINS, S. P. Administração: mudanças e perspectivas. São Paulo: Saraiva, 2000.
capítulo 3 • 107
108 • capítulo 3
4
Abordagem
Comportamental
A Abordagem Comportamental parte da premissa de que a empresa é um sis-
tema social, formado em primeira instância por indivíduos e em segunda ins-
tância por grupos, cujo comportamento influencia decisivamente o desempe-
nho de uma organização (ROBBINS, 2002).
A Teoria Comportamental (ou Teoria Behaviorista) da Administração veio signifi-
car uma nova direção e um novo enfoque dentro da teoria administrativa: a abor-
dagem das ciências do comportamento, o abandono das posições normativas e
prescritivas das teorias anteriores e a adoção de posições explicativas e descriti-
vas. A ênfase permanece nas pessoas, mas dentro de um contexto organizacional.
OBJETIVOS
• Apresentar os principais conceitos que permeiam da Abordagem Comportamental.
• Compreender a importância das relações sociais, o comportamento individual e coletivo no
ambiente de trabalho
• Entender sobre Desenvolvimento Organizacional e suas fases e processos.
• Conhecer a importância da cultura e do clima organizacional para o Desenvolvimento Or-
ganizacional.
• Conhecer as novas proposições sobre a motivação Humana.
• Aprender sobre as teorias motivacionais: Maslow, Herzberg, Mc Gregor.
• Conhecer sobre o Processo Decisório, a cultura e o clima organizacional
110 • capítulo 4
4.1 Abordagem Comportamental
Robbins (2002) define comportamento organizacional como uma área de estu-
do que investiga o impacto que os indivíduos, os grupos e a estrutura organiza-
cional têm sobre o comportamento das organizações.
A partir dos trabalhos de dinâmica de grupo desenvolvidos por Kurt Lewin,
ainda na sua fase de impulsionador da Teoria das Relações Humanas, com a di-
vulgação do livro de Chester Barnard (The Functions of the Executive) e, poste-
riormente, dos estudos de George Homans sobre sociologia funcional de grupo
(The Human Group), culminado com a publicação do livro de Herbert Simon
(Administrative Behavior), sobre o comportamento administrativo, uma nova
configuração passa a dominar a teoria administrativa. As raízes profundas des-
sa nova abordagem podem ser localizadas muito mais adiante, como veremos
a seguir. Todavia, é a partir da década de 1950 que se desenvolve inicialmente,
nos Estados Unidos, uma nova concepção de administração, trazendo novos
conceitos, novas variáveis e, sobretudo, uma nova visão da teoria administrati-
va baseada no comportamento humano nas organizações.
Segundo Wagner III e Hollenbeck (2006), o estudo do comportamento or-
ganizacional é multidisciplinar, apoiando-se em outras disciplinas compor-
tamentais. O Quadro a seguir resume quais são as disciplinas bem como com
quais tópicos estas contribuem com o comportamento organizacional:
capítulo 4 • 111
A abordagem comportamental marca a mais forte ênfase das ciências do
comportamento na teoria administrativa e a busca de soluções democráticas e
flexíveis para aos problemas organizacionais.
112 • capítulo 4
• Nível do grupo: estuda o comportamento dos grupos e trata de tópicos
como a diferença entre grupo e equipe, formação de equipes eficazes, padrões
de comunicação, estilos de liderança, poder e política e os níveis de conflitos
que afetam o comportamento grupal.
• Nível dos sistemas organizacionais: estuda as diferentes formas de es-
trutura organizacional e trata de tópicos tais como desenho da organização for-
mal, processos de trabalho, políticas e práticas de gestão de pessoas.
capítulo 4 • 113
Muitos fatores tentam explicar por que os profissionais permanecem numa
organização ou a deixam, mas a satisfação no trabalho é o fator mais pesquisa-
do. A literatura considera que o principal fator que leva um funcionário a deixar
uma organização é seu nível de insatisfação com a função que desempenha.
114 • capítulo 4
– Estresse no Trabalho: O senso comum nos traz um conceito de algo ne-
gativo e nocivo a respeito da qualidade de vida do indivíduo. O estresse está
intimamente ligado a isso. Estresse é um estado emocional desagradável que
ocorre quando as pessoas estão inseguras de sua capacidade de enfrentar um
desafio percebido em relação a um valor importante. Está relacionado à capa-
cidade de adaptação do indivíduo, em que sempre está envolvido o equilíbrio
obtido entre a exigência e a capacidade. Se o equilíbrio for atingido, obter-se-á
o bem-estar; se for negativo, gerará diferentes graus de incerteza, conflitos e
sensação de desamparo.
capítulo 4 • 115
que são capazes de trabalhar sem agitação, relaxam sem sentimento de culpa e
não padecem de impaciência ou do senso de urgência;
• Estratégias de combate e/ou defesa contra o estresse desenvolvidas pelas
pessoas: esforço cognitivo e comportamental do indivíduo na tentativa de ge-
renciar tanto o ambiente quanto as demandas internas e os conflitos que o pos-
sam estar afetando. São ações ativas e/ou passivas do ser humano no sentido de
responder, reduzir impactos ou mesmo eliminar ameaças;
• Sintomas físicos e mentais manifestos no processo: dependem de diferen-
ças individuais tanto em ajustamento de personalidade, maturidade e capacida-
de de respostas, como estrutura física e cultural e ambiente social. Tais sintomas
se mostram individualmente (aumento da pressão arterial, dores nos ombros e
coluna, depressão, consumo de álcool, irritabilidade acentuada, alienação, apa-
tia, ansiedade etc.) e no âmbito organizacional (absenteísmo, rotatividade, difi-
culdades nas relações industriais, queda na qualidade e na produtividade etc.).
Esses sinais podem levar, respectivamente, ao desenvolvimento de patologias fí-
sicas e mentais (problemas de coração, úlceras, gastrites, esgotamento etc.) e de
disfunções organizacionais (greves, acidentes, sabotagem etc.).
116 • capítulo 4
Dentre os trabalhos fundamentais para a eclosão do Behaviorismo des-
tacam-se os de Barnard, acerca da cooperação na organização formal e os de
Simon, relativos à participação dos grupos no processo decisório da organiza-
ção. Eles oferecem os principais pontos de referência para a formulação das
propostas inicias dessa abordagem. Posteriormente, essas ideias e propos-
tas foram complementadas pela Teoria X e Y de McGregor, pelo Sistema 4 de
Rensis Likert, pelas teorias motivacionais de Herzog e de McClelland, assim
como pelos estudos de Chris Argyris.
capítulo 4 • 117
1. Necessidades fisiológicas: constituem o nível mais baixo de todas as
necessidades humanas, mas de vital importância. Neste nível estão as necessi-
dades de alimentação, de sono, de repouso, de abrigo, ou desejo sexual.
2. Necessidades de segurança: constituem o segundo nível de necessida-
des humanas. São as necessidades de segurança ou de estabilidade, a busca de
proteção contra a ameaça ou privação, a fuga ao perigo.
3. Necessidades Sociais: surgem no comportamento, quando as necessi-
dades mais baixas (fisiológicas e de segurança) se encontram relativamente sa-
tisfeitas. Dentre as necessidades sociais, estão as de associação, de participação,
de aceitação por parte dos companheiros, de troca de amizade, de afeto e amor.
4. Necessidades de estima: são as necessidades relacionadas com a ma-
neira como o indivíduo se vê e se avalia. Envolve a auto apreciação, autoconfian-
ça, a necessidade de aprovação social e de respeito, de status e de prestígio, e de
consideração.
5. Necessidade de autorrealização: são as necessidades humanas mais
elevadas e que estão no topo da hierarquia. São as necessidades de cada pes-
soa realizar o seu próprio potencial e de continuamente auto-desenvolver-se.
Essa tendência geralmente se expressa através do impulso de a pessoa tornar-
se sempre mais do que é e de vir a ser tudo o que pode ser.
Abordagem Comportamental
Não-Satisfação Satisfação
Figura 4.1
118 • capítulo 4
As necessidades fisiológicas e as de segurança constituem as necessidades
primárias porque se referem à própria sobrevivência do indivíduo, enquanto
as demais necessidades que estão na parte superior da hierarquia são necessi-
dades secundárias e, portanto, mais ligadas ao comportamento do indivíduo
sob o ponto de vista psicológico e social. São as necessidades que motivam o
comportamento, dando-lhe direção e conteúdo.
Frederick Irving Herzberg foi o autor da "Teoria dos dois fatores", que abor-
da a situação de motivação e satisfação das pessoas. O objetivo era entender os
fatores que causariam insatisfação e aqueles que seriam os responsáveis pela
satisfação no ambiente de trabalho. Herzberg afirmava que existiam dois fato-
res que afetavam o indivíduo:
• "Fatores motivadores" (que levam a satisfação): a satisfação no cargo é
função do conteúdo ou atividades desafiadoras e estimulantes do cargo;
• "Fatores higiênicos"(que levam a insatisfação): a insatisfação no cargo é
função do ambiente, do salário, da supervisão, dos colegas e do contexto geral
do cargo, enriquecimento do cargo (ampliar as responsabilidades).
Fatores que levam à insatisfação (Higi- Fatores que levam à satisfação (Motiva-
ênicos) dores)
capítulo 4 • 119
Condições do ambiente de Trabalho Desenvolvimento
Segurança Reconhecimento
Salário Realização.
120 • capítulo 4
Teoria X e Teoria Y
CURIOSIDADE
Douglas McGregor (1906-1964) nasceu em Detroit e licenciou-se no City College. Dou-
torou-se em Harvard, onde lecionou Psicologia Social. Foi economista e professor univer-
sitário estadunidense, um dos pensadores mais influentes na área das relações humanas.
McGregor partilhou as suas ideias sobre as necessidades do indivíduo com Maslow e Likert.
Psicólogo social especialista em comportamento humano, tornou-se famoso pela sua teoria
X (gestão autoritária) e teoria Y (gestão participativa) criada em 1960. McGregor acreditava
que as crenças básicas dos gestores têm influência dominante sobre a forma como as orga-
nizações são gerenciadas e o fundamental nisso são os pressupostos dos gestores sobre o
comportamento das pessoas.
capítulo 4 • 121
Toda vez que um administrador impuser arbitrariamente e de cima para bai-
xo um esquema de trabalho e passar a controlar externamente o comportamento
de trabalho de seus subordinados, ele estará fazendo Teoria X. O fato de ele impor
autocraticamente ou impor suavemente não faz diferença segundo McGrecor.
A teoria X se fundamenta em uma série de pressuposições errôneas acerca
do comportamento humano e apregoa um estilo de administração em que a fis-
calização e o controle externo rígido, constituem mecanismos para neutralizar
a desconfiança da empresa quanto às pessoas que nela trabalham.
Segundo esta teoria, o único estímulo para o trabalho é somente pelo salá-
rio; se o estímulo salarial não vem, o trabalho não sai.
Os princípios básicos da Teoria X são:
122 • capítulo 4
• As pessoas são competentes e criativas, gostam de assumir responsabili-
dades, possuem autogestão e têm suas recompensas não baseadas apenas no
dinheiro, mas no reconhecimento e na possibilidade de ascensão dentro da
empresa.
• Através do ambiente organizacional adequado, o desenvolvimento dos
recursos humanos é muito mais otimizado e pode ser melhor aproveitado, exi-
gindo dos gerentes a descoberta de como utilizar o potencial representado pela
força de trabalho disponível, mais do que pelos limites da natureza humana.
• Essas ideias contradizem as formulações de Taylor, reconhecendo, nas
dificuldades das relações interpessoais no ambiente de trabalho, as variáveis
que afetam o comportamento e a satisfação das necessidades individuais.
capítulo 4 • 123
CURIOSIDADE
TEORIA Z
A teoria administrativa tem sido permeada de modismos nas últimas décadas: Teoria X
e Y, enriquecimento de cargos, Desenvolvimento Organizacional etc. No início da década
de 1980, surgiu outra novidade: a Teoria Z, que se concentra em aumentar a propriedade e
amor empregado pela empresa, por meio de um trabalho para a vida, com grande ênfase no
bem-estar dos funcionários, dentro e fora do trabalho. Segundo o Dr. William Ouchi , seu prin-
cipal defensor, a gestão Teoria Z tende a promover postos de trabalho permanentes, de alta
produtividade e alta satisfação e moral dos funcionários, por meio dos seguintes princípios:
Na Teoria Z, o perfil modelo diz que as pessoas podem ser imaginativas, participativas
e de livre expressão e que o progresso do estado ou da empresa está ligado à motivação
humana, e não simplesmente à tecnologia:
a) Querem participar;
b) O patrimônio é o próprio homem;
c) São criativas;
d) Querem ser originais com muita liberdade;
e) Têm iniciativas positivas;
f) São estáveis e responsáveis;
g) Exigem melhores qualidades de vida;
h) São insatisfeitos com o "status quo";
i) O grupo ou a equipe prevalece sobre o indivíduo;
j) Exigem segurança.
124 • capítulo 4
A Teoria Z proporciona a base para todo programa de administração orientado para os
recursos humanos da empresa: todas as decisões organizacionais devem ser tomadas atra-
vés do consenso, com ampla participação das pessoas e orientadas para longo prazo.
A Teoria Z é um modelo de administração participativa.
________________________________________
Sistema 1 – "Autoritário-coercitivo"
capítulo 4 • 125
São exemplos desse sistema as empresas de construção industrial, na qual
usam mão de obra intensa e de nível baixo.
Sistema 2 - "Autoritário-benevolente"
Sistema 3 - "Consultivo"
Sistema 4 - "Participativo"
126 • capítulo 4
Likert critica as organizações que procuram eficiência apenas por uma base
mecanicista do homem, esquecendo de outras variáveis, que em sua opinião,
são de extrema importância para a produtividade. O comportamento humano
para ele é, por exemplo, uma variável que pode alterar o sistema, assim não de-
vendo ser negligenciado.
CURIOSIDADE
Rensis Likert (1903 - 1981). Filho de engenheiro da Union Pacific Railroad, seguiu inicial-
mente os passos do pai realizando seu treinamento profissional em engenharia. Influenciado
pelos conflitos que pode observar durante a grande greve de 1922, resolveu estudas as or-
ganizações e o comportamento humano. Foi um professor de sociologia e psicologia e diretor
do Instituto de Pesquisas Sociais de Michigan. Seu entrada precoce nestas áreas foi a base
para muito do trabalho de Likert. O campo da sociologia na década de 1920 foi altamente
experimental e incorporou muitos aspectos da psicologia moderna. Durante mais de 40 anos,
desenvolveu uma série de estudos sobre estilos de liderança e gerência, dedicando-se à rea-
lização de experiências e à análise de informações obtidas em experimentos de outros estu-
diosos, na tentativa de relacionar o sucesso alcançado por determinadas organizações com o
sistema de liderança e a política de gestão de pessoas por elas adotada. Likert baseou-se em
inquéritos intensivos a empregados de companhias industriais, em que os interrogava sobre
o comportamento dos seus supervisores. As respostas permitiram-lhe definir vários perfis ou
estilos de liderança, que depois associou ao nível de desempenho das empresas.
capítulo 4 • 127
Para o autor, entretanto, nas ciências humanas e dentro dos estudos orga-
nizacionais, a cooperação é vista como um fenômeno bastante vasto, complexo
e de causas múltiplas. Aqui, a existência de um objetivo específico predefini-
do e compartilhado por parte dos indivíduos que cooperam e mesmo a própria
consciência destes indivíduos quanto à necessidade de cooperar não são, ne-
cessariamente, pré-requisitos obrigatórios para que a cooperação exista.
Como a organização é um sistema cooperativo racional, ela somente pode
alcançar seus objetivos se as pessoas que a compõem coordenarem seus esfor-
ços a fim de alcançar algo que individualmente jamais conseguiriam. Por essa
razão, a organização se caracteriza por uma racional divisão do trabalho e por
uma determinada hierarquia.
CURIOSIDADE
Chester Barnard (1886 – 1961) foi gestor na companhia de telefones Bell durante 40
anos, tornando-se mais tarde presidente. Foi dos primeiros a estudar os processos de
tomada de decisão, o tipo de relações entre as organizações formais e informais e
o papel e as funções do executivo. Contrariamente a sociólogos como Max Weber, ele
considerava as empresas como instrumentos mais eficazes para o progresso social do que
o Estado ou as igrejas. Enquanto estas são baseadas na autoridade formal, as empresas
regem-se pela cooperação entre indivíduos ligados por uma causa comum, mas que têm
uma vida curta. Segundo Barnard, as organizações não sobrevivem por não estarem de acor-
do com 2 critérios essenciais para sua sobrevivência: efetividade e eficiência. Enquanto
sua definição de efetividade era a usual, a de eficiência em uma organização referia-se ao
grau em que uma organização se encontra quanto à capacidade de satisfazer as neces-
sidades dos indivíduos; se uma organização atende às necessidades individuais enquanto
atinge seus objetivos explícitos, a cooperação entre os membros deve perdurar. Ele analisou
questões como a liderança, a cultura e os valores 30 anos antes de o mundo empresarial se
aperceber da sua existência. Discutiu em seu livro "As funções do executivo" o que o título
sugere, mas não de um ponto de vista intuitivo, mas sim derivadamente de sua concepção de
sistemas cooperativos. As suas obras mantêm uma atualidade surpreendente.
128 • capítulo 4
da organização; afinal, como propõem Barnard, as organizações podem ser vistas
como sistemas cooperativos e é assim que Barnard olha tanto para as organiza-
ções formais, por exemplo as organizações burocráticas, quanto para as informais.
Para ele, um sistema cooperativo particular, como uma organização empresarial,
por exemplo, sempre estará embutido dentro de outro sistema cooperativo maior
como a própria sociedade. Curiosamente, a sociedade é vista pelo autor como uma
grande organização informal. Sendo assim, neste grande sistema cooperativo, as
partes (empresas) refletem atributos do todo (sociedade) que não podem ser sufi-
cientemente compreendidos sem uma análise mais holística.
A organização espera que o empregado obedeça a sua autoridade e o empre-
gado espera que a organização se comporte corretamente com ele e opera com
justiça. Ambas as partes do contrato de interação estão orientadas por diretrizes
que definem o que é correto e equitativo. Os sociólogos se referem a uma norma
de reciprocidade, enquanto os psicólogos chamam isso de contrato psicológico
CURIOSIDADE
Cooperação segundo Amitai Etzioni
O renomado autor Amitai Etzioni, argumenta que a cooperação em uma organização
social pode ser obtida de diversas formas, conforme o tipo de poder empregado pela admi-
nistração central. Assim, segundo sua análise, em dado contexto organizacional os indivíduos
podem estar cooperando sob pressão de força física, latente ou mesmo manifesta, o que ca-
racterizaria a cooperação tipicamente encontrada em uma organização coercitiva como uma
prisão, um campo de trabalho forçado ou um hospital psiquiátrico. Somente este primeiro
exemplo já seria suficiente para sustentar o argumento de que a cooperação não depende,
necessariamente, da concordância em torno de algum objetivo comum.
Em uma segunda ocasião, ainda segundo Etzioni, os agentes poderiam estar cooperando
em função da realização de um cálculo custo-benefício individual baseado nas vantagens
e desvantagens econômicas particulares que sua colaboração traria, o que caracterizaria
a cooperação tipicamente encontrada em uma organização utilitária, como uma empresa
privada capitalista (naturalmente dentro de um regime econômico ideal de pleno emprego).
Aqui, mais uma vez, os objetivos particulares pertencentes a cada indivíduo que coopera não
precisam necessariamente confluir. Uma terceira e última possibilidade, de acordo com Et-
zioni, seria a cooperação tipicamente encontrada nas organizações normativas. Neste caso,
a administração se utiliza largamente do poder exercido através da manipulação de símbolos,
prestígio e status, e a participação dos indivíduos se efetiva em função de um entendimento
capítulo 4 • 129
positivo que eles têm sobre a importância, sobre o valor ou mesmo sobre o dever da sua
colaboração com tal poder. Exemplos característicos deste tipo de cooperação podem ser
encontrados em organizações como igrejas e como algumas “associações voluntárias”.
Curiosamente, o controle exercido dentro das organizações normativas apresenta-se
como uma das mais refinadas e eficazes versões do controle organizacional existente, uma
vez que os “membros inferiores” tendem a apresentar uma grande docilidade, já que cooptam
com o poder sobre eles exercido. Trata-se, então, de um poder indireto, que pode inclusive lu-
dibriar a consciência daqueles que estão a ele submetidos. Embora Etzioni esclareça que os
tipos de poder e participação existentes em seu modelo teórico podem se encontrar fundidos
ou sobrepostos dentro dos casos empíricos de organizações reais, é importante verificar que
o autor deliberadamente excluiu de sua análise toda e qualquer forma de cooperação que se
pode processar de um modo espontâneo, ou seja, a partir da própria “vontade” ou motivação
intrínseca dos indivíduos que compõem dada organização sem que haja, em primeiro lugar,
uma exposição destes indivíduos a algum tipo de poder deliberadamente empreendido. Quer
sob o emprego do poder coercitivo (físico), do poder remunerativo (econômico) ou do po-
der normativo (simbólico), os diversos componentes da organização parecem estar sempre
trabalhando de acordo com um plano geral (embora não necessariamente compartilhado de
forma autêntica por todos), proposto externamente por uma administração centralizadora,
deliberativa, consciente do seu papel coordenativo e do poder que utiliza sobre os demais
componentes da organização.
Saiba mais. Acesse: http://goo.gl/FLwGoL
130 • capítulo 4
Dessa forma, o que torna a comunicação autoritativa depende do subordina-
do, e não do superior. A perspectiva de Barnard tinha afinidades com a de Mary
Parker Follett, o que era incomum em seu tempo. Ele dizia que os gestores de-
vem obter autoridade tratando seus subordinados com respeito e competência.
Quanto aos incentivos, ele propôs duas formas de convencer subordinados
a cooperarem: incentivos tangíveis e persuasão. Muita importância é dada à
persuasão, mais além do que incentivos econômicos. Ele descreveu quatro in-
centivos gerais, e quatro específicos. Os específicos eram:
capítulo 4 • 131
6. Resultado: é a consequência ou resultante de uma dada estratégia
Assim, todo tomador de decisão está inserido em uma situação, pretende al-
cançar objetivos, tem preferências pessoais e segue estratégias.
CURIOSIDADE
Herbert Alexander Simon
Herbert Alexander Simon (1916 – 2001) nasceu em Pittsburgh. Seu pai era um enge-
nheiro eletricista, inventor e desenhista de engrenagem elétrica de controle, e, mais tarde
em vida, um procurador patente. Quando criança, Simon frequentou uma escola pública de
Milwaukee, onde desenvolveu interesse pela Ciência. Achava trabalhos escolares interessan-
tes, mas bastante fáceis. Relativamente jovem, Simon foi exposto à ideia de que o compor-
tamento humano podia ser estudado cientificamente, devido à influência do irmão mais novo
de sua mãe, Harold Merkel, que estudara Economia na Universidade de Wisconsin-Madison
sob a orientação de John R. Commons. Através de livros do tio sobre Economia e Psicologia,
Simon descobriu as Ciências Sociais. Em 1933 entrou para a Universidade de Chicago, e es-
tudou Ciências Sociais e Matemática. Seu mentor mais importante na universidade foi Henry
Schultz, que era um econometrista e economista matemático. Eventualmente, seus estudos
levaram-no ao campo da tomada de decisão organizacional, que se tornaria o tema de sua
dissertação de doutorado. De 1939 a 1942, Simon atuou como diretor de um grupo de pes-
quisa na Universidade de Califórnia, Berkeley. Quando o subsídio do grupo foi exaurido, assu-
miu uma posição em Ciência Política no Instituto de Illinois de Tecnologia. De 1950 a 1955,
Simon estudou economia matemática e, com David Hawkins, descobriu e provou o teorema
de Hawkins-Simon sobre as "condições para a existência de vetores positivos de solução
para matrizes de entrada-saída. Simon determinou, por volta de 1954, que a melhor manei-
ra de estudar resolução de problemas seria através de simulações usando programas de
computador, que levou ao seu interesse por simulação computacional da cognição humana.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Herbert_Simon
132 • capítulo 4
algumas noções, como a de eventos futuros e das probabilidades de suas ocor-
rências, as consequências de algumas alternativas, as possibilidades de ações
possíveis ou disponíveis e a hierarquia estabelecida guiada pelas suas preferên-
cias. Essas noções fazem com que o indivíduo tenha de abandonar algumas de-
cisões, as mais racionais possíveis, em virtude de outras. Racionalidade impor-
tante para o alcance dos fins ou objetivos, com o intuito de obter os melhores
resultados. Porém essa racionalidade é limitada, porque só se toma decisões
com base no que se conseguiu perceber e compreender, podendo deixar fugir
algumas outras informações.
Etapas do processo decisório
capítulo 4 • 133
4. Hierarquização das decisões: estabelece-se uma hierarquia para dife-
renciar o que é um meio e o que é um fim;
5. Racionalidade administrativa: tudo é planejado e orientado para se al-
cançar os objetivos da melhor maneira;
6. Influência organizacional: a organização estabelece um processo de-
cisório próprio que consiste em divisão de tarefas, padrões de desempenho,
sistemas de autoridade, canais de comunicação e treinamento e doutrinação.
REFLEXÃO
Homem Administrativo segundo Simon
Para abastecer o processo decisório, a organização precisa coletar e processar uma
enorme variedade de informações para permitir a escolha de alternativas, em situações que
nunca revelam todas as opções disponíveis, nem os possíveIS resultados dessas alternativas.
A capacidade da organização de coletar e processar tais informações para proporcionar
as pessoas que decidem, No tempo hábil, as bases para que possam ser bem-sucedidas
na escolha é limitada. Assim, o tomador de decisão não tem condição de analisar todas as
situações nem de procurar todas as alternativas possíveis.
Muito menos de buscar a melhor alternativa ou a alternativa mais adequada entre todas.
Assim, o comportamento administrativo não e otimizante nem procura a melhor maneira, mas
satisfaciente, pois procura a maneira satisfatória entre aquelas que conseguiu comparar.
Cada pessoa é um indivíduo que se contenta “um satisficer”: para sua satisfação não precisa
do máximo absoluto, mas sim do suficiente para se contentar dentro das possibilidades da situação.
O termo “satisficer” foi introduzido por Simon para significar que o homem considera suas
satisfações contentando-se com que está ao seu alcance, mesmo que seja o mínimo, mas
que na situação ou no momento, representa para ele o máximo.
Com isso, atenua-se o conceito do “homem econômico”, cujas aspirações são objetivas
e materiais, procurando sempre a maximização absoluta ou a melhor maneira de fazer algo.
O processo decisorial típico do homem administrativo é assim explicado:
134 • capítulo 4
rio, a organização é lenta no ajustamento. Ela tenta utilizar o seu modelo atual para lidar com
as condições modificadas.
Comportamento Organizacional
capítulo 4 • 135
DISCIPLINA TÓPICOS ABORDADOS EM C.O.
Robbins (2002)
136 • capítulo 4
Conflito entre os objetivos organizacionais e os pessoais
capítulo 4 • 137
Para Argyris, a responsabilidade pela integração entre os objetivos da orga-
nização e dos indivíduos recai sobre a administração. Enquanto os indivíduos
buscam suas satisfações pessoais (como salário, lazer, conforto, horário favorá-
vel, oportunidades de crescimento etc.), as organizações têm necessidades (ca-
pital, edifícios, equipamentos, potencial humano, lucratividade e, sobretudo,
oportunidades para se ajustar a um ambiente em mudança).
A interdependência entre as necessidades do indivíduo e as da organização
é imensa: a vida e os objetivos de ambos estão inseparavelmente entrelaçados.
O importante é que o alcance do objetivo de uma das partes nunca venha a pre-
judicar ou a tolher o alcance do objetivo da outra. Ambas as partes devem con-
tribuir mutuamente para o alcance dos seus respectivos objetivos.
138 • capítulo 4
preocupam-se mais em explicar e descrever as características do comportamento
organizacional do que em construir modelos e princípios de aplicação prática.
3. Profunda Reformulação na Filosofia Administrativa – O antigo concei-
to de organização baseado no esquema autocrático, coercitivo e de diferencia-
ção de poder (autoridade x obediência) é bastante criticado. Em contraposição
a ele, os behavioristas mostram um novo conceito democrático e humano de
colaboração- consenso e de equalização de poder.
4. Dimensões Bipolares da Teoria Comportamental – Os principais te-
mas da Teoria Comportamental são abordados em dimensões bipolares e an-
tagônicas, como:
capítulo 4 • 139
a) Os indivíduos são portadores de necessidades e ou motivos que podem
ser organizados sob uma hierarquia.
b) O comportamento humano é gerado por necessidades ou motivos.
c) Há um conflito entre os objetivos individuais e os objetivos
organizacionais.
d) Estes conflitos devem ser resolvidos por mudanças no comportamento
e na estrutura organizacional.
e) A organização pode aumentar a satisfação das necessidades individu-
ais e organizacionais através da formação de grupos de trabalho,
f) As necessidades e os motivos exercem uma influência direta sobre o
comportamento.
140 • capítulo 4
individuais das pessoas. Tanto os aspectos subjetivos como as diferentes inter-
pretações da realidade por parte das pessoas foram desprezados. Ela procura
explicar o comportamento humano tal como os cientistas poderiam explicar ou
prever os fenômenos da natureza. Embora mais descritiva do que prescritiva, a
teoria comportamental derrapa ao mostrar uma forte tendência a uma posição
prescritiva, pois enfatiza o que é melhor para as organizações e para as pessoas
que nelas trabalham.
Sejam quais forem as críticas, a teoria comportamental deu novos rumos
e dimensões à TGA, enriquecendo seu conteúdo e sua abordagem, pois seus
conceitos são os mais conhecidos e difundidos em toda a teoria administrativa.
CURIOSIDADE
Conceito de DO segundo Chiavenato (2007)
DO pode ser definido como um esforço de longo prazo, apoiado pela alta direção, no
sentido de melhorar os processos de resolução de problemas de renovação organizacional,
particularmente por meio de um eficaz e colaborativo diagnóstico e administração da cultura
organizacional - com ênfase especial nas equipes formais de trabalho, equipes temporárias
e cultura intergrupal - com a assistência de um consultor-facilitador e a utilização da teoria e
da tecnologia das ciências comportamentais, incluindo ação e pesquisa. Cabe destacar que
mudanças na cultura refletem-se tanto nas normas e valores do sistema formal quanto na
capítulo 4 • 141
reintegração do sistema informal, bem como nas competições internas e externas, nos tipos
de pessoas que a organização atrai, de seus processos de trabalho e distribuição física, nas
modalidades de comunicação e no exercício da autoridade.
142 • capítulo 4
c) A criação do National Training Laboratory (NTL), de Bethel, em 1947,
e as primeiras pesquisas de laboratório sobre o comportamento do grupo.
O Treinamento da Sensitividade (ou educação em laboratório) por meio de
T-Groups foi o primeiro esforço para melhorar o comportamento de grupo.
d) A publicação do livro “T-Group Theory and Laboratory Methods”, em
1964, pelo coordenador Leland Bradford (considerado por alguns teóricos o pre-
cursor do movimento denominado Desenvolvimento Organizacional), impor-
tante para explicitar as pesquisas com T-Groups, os resultados com o treinamen-
to da sensitividade e as possibilidades de sua aplicação dentro das organizações.
e) A pluralidade de mudanças no mundo: transformações rápidas e ines-
peradas do ambiente organizacional; aumento do tamanho das organizações;
diversificação e complexidade da tecnologia, exigindo integração entre ativida-
des – pessoas especializadas –, competências diferentes.
f) Mudanças no comportamento administrativo devido a um novo concei-
to de homem baseado no conhecimento de suas mutáveis e complexas necessi-
dades; novo conceito de poder, com base na colaboração e na razão; e novo con-
ceito de valores organizacionais, baseado em ideais humanístico-democráticos.
g) A grande invenção do século XX – a inovação. Ela mudou a visão de
mundo, as percepções das pessoas, dos grupos e modificou a vida em socieda-
de. O DO é uma resposta às mudanças e à inovação.
h) Fusão de tendências no estudo das organizações: análise da estrutura e
do comportamento humano nas organizações. Uma conciliação entre estrutu-
ra e processo. A estrutura corresponde aos elementos estáticos da organização
(divisão do trabalho, autoridade e responsabilidade, níveis hierárquicos, de-
partamentalização, amplitude de controle). O processo é dinâmico e se refere
às normas culturais, que determinam o ambiente da organização, a qualidade
das comunicações humanas, as funções assumidas pelas pessoas dentro de
seus grupos, as maneiras pelas quais os problemas são interpretados e resol-
vidos e como as decisões são tomadas, os valores da organização, o estilo de
liderança e autoridade, a competição e cooperação entre grupos. O DO exige
mudanças estruturais e nos processos entre pessoas e grupos. É uma mudança
de cultura organizacional.
i) Os estudos sobre conflitos interpessoais, pequenos grupos, passando
à administração pública e outros tipos de organização (indústrias, serviços,
capítulo 4 • 143
organizações militares, etc.), recebendo modelos, processos, métodos de diag-
nóstico de situação e de ação. Afirma-se que o DO surgiu como uma especiali-
dade da Psicologia e uma continuação do behaviorismo ou paradigma compor-
tamental, e se consolidou com a Teoria dos Sistemas.
j) Os modelos de DO baseiam-se em quatro variáveis – 1) ambiente, 2) organi-
zação, 3) grupo e 4) indivíduos – em processo de interdependência para diagnosti-
car a situação e intervir em aspectos estruturais e comportamentais para provocar
mudanças que permitam a conciliação dos objetivos individuais e organizacionais.
Ambiente Organização
Figura 4.3
144 • capítulo 4
Veja, a seguir, uma síntese explicativa a respeito das quatro variáveis que
envolvem o Desenvolvimento Organizacional:
VARIÁVEIS FOCO NO DO
capítulo 4 • 145
Os autores do DO adotam uma posição antagônica ao conceito tradicional da or-
ganização, salientando a diferença entre sistemas mecânicos e sistemas orgânicos.
146 • capítulo 4
a dinâmica da organização. Esta estabilização é necessária para evitar retroces-
sos à situação anterior à mudança e a sua duração varia consoante o tipo e a
especificidade da mudança realizada.
capítulo 4 • 147
• O quarto passo trata-se da avaliação, proposta por Lawrence e Lorsch, em
três etapas: a) planejamento da mudança, b) instituição e follow-up e c) avalia-
ção. Tal processo, porém, funciona como um circuito fechado.
CURIOSIDADE
Conceito de Clima Organizacional: Constitui o meio interno de uma organização, a atmosfera
psicológica característica que existe em cada organização. A dificuldade na conceituação do
clima organizacional reside no fato de que o clima é percebido de maneiras diferentes por
diferentes indivíduos. Assim, o clima organizacional resulta de um complexo envolvimento de
componentes relacionados com aspectos formais e informais da estrutura, dos sistemas de
controle, regras e normas e relações interpessoais existentes na organização.
148 • capítulo 4
– O sendo de identidade é o conhecimento e a compreensão do passado e
do presente da organização, e a compreensão e o compartilhamento dos seus
objetivos por todos os participantes. No DO, não há lugar para alienação do em-
pregado, mas para o comprometimento do participante.
– A perspectiva exata do meio ambiente é a percepção realista e a capacida-
de de investigar, diagnosticar e compreender o meio ambiente.
– A integração entre os participantes é para que a organização possa se
comportar como um todo orgânico e integrado.
REFLEXÃO
Existe uma certa confusão entre os conceitos de clima e cultura organizacional. Atualmente,
entende-se que, enquanto o clima organizacional é uma condição temporária, formada pela
percepção dos indivíduos, que guia suas decisões e ações no ambiente organizacional, a
cultura organizacional cumpre um papel mais normativo, voltado ao compartilhamento de
valores que fornecem uma identidade à organização e, consequentemente, favorecem uma
maior capacidade adaptativa e de autodesenvolvimento interno e externo. Vamos conhecer
mais detalhadamente cada um deles.
capítulo 4 • 149
Toda esta multiplicidade de variáveis, complexas, mutáveis, explosivas e po-
derosas conduz a uma conclusão: apenas esforços isolados, lentos e gradativos
de se taparem alguns dos buracos da organização são insuficientes para se levar
o barco adiante.
REFLEXÃO
O desenvolvimento organizacional é, portanto, uma subárea da teoria das organizações que
procura estudar a operacionalização dos seus conceitos. Muitos autores consideram desen-
volvimento e mudança como sinônimos, enquanto, para outros (em sua maioria), desenvolvi-
mento é apenas um processo de aplicação sistemática de técnicas de dinâmica grupal nas
organizações (Motta; Vasconcelos, 2002).
Fica claro que o processo de desenvolvimento organizacional envolve tanto alterações
estruturais quanto comportamentais, embora no Brasil muito pouco tenha sido feito nesse
campo, entendendo-se que há “uma potencialidade do novo campo, que contribuirá para
tornar os instrumentos de administração mais adaptáveis a situações e condições diversas”.
Conclui-se, assim, que o DO tem importante papel nos estudos organizacionais, decor-
rência prática da abordagem comportamental, com o intuito de obter flexibilidade e mudanças
– comportamentais e estruturais. Principalmente mudanças comportamentais, porque as orga-
nizações só mudarão se as pessoas que a formam mudarem – é um processo planejado de
mudanças estruturais e culturais, que visam à integração organizacional com o meio ambiente
e à melhoria da qualidade de vida das pessoas dentro das organizações (SILVA, 2009).
Fonte: http://goo.gl/Re6Q2w
Apreciação Crítica do DO
150 • capítulo 4
Chiavenato (2000, p. 484) relaciona como sendo as principais críticas ao DO:
LEITURA
Desenvolvimento Organizacional e o Comportamento do Indivíduo
Cada pessoa é única, apresentando traços de personalidade e um conjunto de experiên-
cias pessoais diferentes, dificultando a criação de um padrão para gerenciar o trabalho das
pessoas em uma organização (ROBBINS, 2005).
capítulo 4 • 151
Ao mesmo tempo para cada cargo desempenhado na organização há um perfil profissio-
nal mais adequado (GIL, 2001).
A seguir são apresentadas as características individuais focadas nos estudos comporta-
mentais aplicados à administração (MAXIMIANO, 2006):
Cada indivíduo age segundo suas características na organização, e não como uma “peça”
ou um “ser robotizado”, trazendo para dentro da empresa sentimentos de amizade e hostilida-
de, cooperação e competição, seus interesses e seus problemas, afetando positivamente ou
negativamente o sistema social. Assim, pode-se dizer que o comportamento individual pode
contribuir ou não para o alcance dos objetivos e metas da organização (ROBBINS, 2005).
152 • capítulo 4
Nos grupos formais o comportamento das pessoas é estabelecido em função das metas e
objetivos organizacionais, podendo ser organizados em duas formas distintas (ROBBINS, 2002).
capítulo 4 • 153
CURIOSIDADE
Na década de 1960, a economia americana prevalecia como sendo um exemplo de admi-
nistração e confiança mundial. Entretanto, no decorrer na década de 1970, o desempenho
industrial japonês levou o Japão a assumir uma posição estratégica no mercado interna-
cional, sendo sinônimo de qualidade, confiabilidade, valor e serviço. O país atingiu uma taxa
máxima de crescimento e mínima de desemprego. Embora haja divergências entre teóricos
sobre as razões dessa transformação, muitos acreditam que a cultura japonesa – disciplina,
determinação e respeitos às regras institucionalizadas – junto ao estilo de vida do país, foi
determinantes para esse desempenho.
154 • capítulo 4
• Histórias: são narrativas sobre acontecimentos reais que são utilizadas
para mostrar o “modo certo de fazer as coisas” dentro da organização.
• Heróis: pessoas em que os colaboradores se espelham, pois representam
um exemplo de sucesso para os membros da organização.
1 Segundo Motta e Vasconcellos (2006), conceito é um conjunto de premissas que um grupo aprendeu a aceitar
como resultado da solução de problemas de adaptação ao ambiente e de integração interna. Essas premissas
funcionam suficientemente bem para serem consideradas válidas e podem ser ensinadas a novos integrantes como
sendo a forma correta de perceber, pensar e sentir-se em relação a esses problemas de adaptação externa e
integração interna.
capítulo 4 • 155
É importante ressaltar, no entanto, que a definição entre as organizações
formal e informal, neste caso, é apenas didática. Regras, normas e valores “ofi-
ciais” são institucionalizados na organização com base nas relações informais
dos atores sociais que constroem em conjunto, a partir de suas interações, or-
ganização em que convivem diariamente sendo também influenciados por es-
sas regras e normas. Uma via de mão dupla, não podendo separar de fato esses
elementos, que estão intimamente interligados.
A cultura, então, surge a partir da necessidade de buscar formas de se ade-
quar ao ambiente externo e de solucionar incoerências internas, fazendo com
que o grupo organizacional descubra a partir de experiências positivas ou negati-
vas, estratégias e padrões de comportamento, o modo como se obtém sucesso ou
fracasso. Em outras palavras, a abordagem cultura organizacional foca o aspec-
to interno e relacional das organizações. Motta e Vasconcellos (2006) concluem
que, a partir do aprendizado heurístico, por ensaio e erro, o grupo organizacional
seleciona e conserva as formas de comportamento, os valores e regras que foram
percebidos como responsáveis por seu sucesso e desenvolvimento. Esses padrões
culturais são um conjunto de premissas básicas (ou seja, conceitos, princípios,
soluções, formas de comportamento) que foram estabelecidas e descobertas
nesse processo de aprendizagem de solução de problemas de adaptação externa
e de integração interna. Essas premissas compõem a cultura da organização.
Robbins (2007) acredita que a origem da cultura como uma variável inde-
pendente que afeta as atitudes e o comportamento dos funcionários remonta
a mais de 50 anos, a partir da noção de institucionalização. Para ele, quando
uma organização se institucionaliza, ela assume vida própria, independente-
mente dos bens e serviços que produz, adquire imortalidade – se seus objetivos
iniciais não são mais relevantes, ao invés de fechar suas portas, ela se redefine.
Além disso, a institucionalização produz uma compreensão comum entre os
membros da organização acerca do que é comportamento apropriado e, fun-
damentalmente, significativo. Deste modo, quando uma organização assume
uma permanência institucional, os modos aceitáveis de comportamento se
tornam amplamente evidenciados para seus membros. Este autor sugere, ba-
seado em pesquisas, que existem sete características básicas, que, em seu con-
junto, capturam a essência da cultura de uma organização:
156 • capítulo 4
2. Atenção aos detalhes. O grau em que se espera que os funcionários de-
monstrem precisão, análise e atenção aos detalhes.
3. Orientação para os resultados. O grau em que os dirigentes focam mais
os resultados do que as técnicas e os processos empregados para seu alcance.
4. Orientação para as pessoas. O grau em que as decisões dos dirigen-
tes levam em consideração o efeito dos resultados sobre as pessoas dentro da
organização.
5. Orientação para a equipe. O grau em que as atividades de trabalho são
mais organizadas em termos de equipes do que de indivíduos.
6. Agressividade. O grau em que as pessoas são competitivas e agressivas,
em vez de dóceis e acomodadas.
7. Estabilidade. O grau em que as atividades organizacionais enfatizam a
manutenção do status quo em contraste com o crescimento.
capítulo 4 • 157
A Cultura Oficial e as Subculturas da Organização
REFLEXÃO
Se as organizações não tivessem uma cultura dominante e fossem compostas apenas de
diversas subculturas, o valor da cultura organizacional como variável independente seria sen-
sivelmente reduzido, pois não haveria uma interpretação uniforme acerca do que os compor-
tamentos apropriados e os não apropriados representam. É o aspecto do “valor compartilha-
do” que torna a cultura organizacional um instrumento poderoso para orientar e modelar o
comportamento (ROBBINS, 2007, pag. 377).
Cada grupo que compõe esta organização, no entanto, tem seus padrões e
sua visão do mundo particular. Em nosso exemplo, o hospital, podemos consi-
derar que médicos, enfermeiros e funcionários administrativos possuem uma
linguagem, valores e maneiras de ver o mundo de forma diferente – uma vez
que suas experiências de trabalho são diferentes umas das outras. Indivíduos
que possuem experiências de trabalho similares tendem a desenvolver valores
e visões de mundo semelhantes, no que se refere à sua prática profissional. Isso
se refere ao conceito de Identidade Social, desenvolvido na década de 1950.
158 • capítulo 4
Indivíduos que ocupam posições comparáveis em organizações similares,
que executam o mesmo tipo de tarefa e têm acesso a experiências parecidas
tendem a desenvolver valores, comportamentos, padrões e uma linguagem si-
milar. Determinados profissionais, dada a sua formação, compartilham, por
exemplo, certo tipo de conhecimento e de vocabulário e jargão profissional es-
pecífico que só eles entendem. Assim o grupo define suas fronteiras e sua po-
sição na sociedade. Utilizando os médicos como exemplo, o domínio de certas
técnicas e de um vocabulário especializado caracteriza a profissão médica.
O conceito de Identidade social não é simples. Na maioria das vezes encontra-
mos subgrupos dentro de outros subgrupos até chegarmos ao indivíduo com uni-
dade de análise, por exemplo, os médicos possuem um vocabulário em comum.
Mas, de acordo com suas especialidades, grupos diferentes de médicos têm ma-
neiras diversas de tratar com certos problemas e analisá-los. Na mesma especia-
lidade médica, encontramos ainda correntes e posições políticas, diferenciadas.
Isso ocorre também com outros profissionais: enfermeiros e funcionários admi-
nistrativos, em um hospital, dependendo do seu trabalho específico e do depar-
tamento do qual estejam inseridos, possuem diferentes visões do mundo.
Elementos da Cultura
Como vimos, a cultura é o veículo de relação por excelência com o meio externo,
constituída de aparatos técnicos (artefatos e objetos em geral), sistema de intera-
ção (regras de conduta, estruturas de poder) e sistemas simbólicos (linguagem, vi-
sões de mundo, cosmologia, teorias científicas, religiões). Nem todos os elementos
da cultura são observáveis, o que torna a análise da cultura organizacional uma ta-
refa complexa. Para facilitar a compreensão, é preciso distinguir os componentes
que são observáveis daqueles que requerem uma análise mais profunda.
Os componentes situados nos níveis mais altos são os que se podem observar
diretamente: os artefatos, a linguagem e os comportamentos habituais, as má-
quinas, o layout, a forma como as pessoas se vestem e se tratam, os símbolos que
usam. Nos níveis mais profundos encontram-se os valores e as crenças, que não
se mostram diretamente à observação e são mais difíceis de analisar. De forma
geral, alguns destes valores se revelam mais facilmente a um observador externo.
Encontra-se, a seguir, a descrição dos principais elementos da cultura.
capítulo 4 • 159
Valores: Os valores encontram-se em um nível profundo, íntimo da cultura
organizacional. Compreendem crenças, preconceitos, ideologia e outros tipos
de atitudes e julgamentos compartilhados pelos integrantes da organização.
Valores são as crenças e conceitos básicos numa organização. Eles formam
o coração da cultura, definem o sucesso em termos concretos para os empre-
gados e estabelecem os padrões que devem ser alcançados na organização. Os
valores representam a essência da filosofia da organização para o atingimento
do sucesso, pois eles fornecem um senso de direção comum para todos os em-
pregados e um guia para o comportamento diário.
Linguagem: A linguagem representa um dos elementos mais importantes
da cultura organizacional. Exprime-se através de um idioma e de jargões (ou
gírias). Robbins (2007) aponta que muitas organizações e unidades dentro de
organizações utilizam a linguagem como forma de identificação dos membros
de sua cultura ou subcultura e que ao aprender essa linguagem, os membros
demonstram sua aceitação da cultura e, assim fazendo, ajudam a preservá-la.
160 • capítulo 4
estado-da-arte. Estado-da-arte é o nível mais avançado da cultura tecnológica, é
o que existe de mais moderno em determinado segmentos ou tipos de produtos.
Histórias e Mitos: As histórias e os mitos são elementos das tradições orais
passados para as novas gerações, de modo a perpetuar a cultura da organiza-
ção. Em geral, referem-se a eventos ocorridos com os fundadores da empresa,
quebras de regras, sucessos obtidos, atitudes tomadas em relação a antigos er-
ros, outro tipo de fato marcante da vida da empresa.
Rituais e cerimônias: São eventos estruturados e coreografados, que car-
regam significados, celebram acontecimentos e sucessos e mantêm viva a
lembrança das tradições nas organizações. Desempenham um papel impor-
tante em tornar a cultura expressiva, de acordo com os seguintes aspectos:
Comunicam de que maneira as pessoas devem se comportar na agir na organi-
zação e quais sãos os padrões de comportamento aceitáveis. Alertam para a ma-
neira como os procedimentos são executados. Exibem e fornecem experiências
a serem lembradas pelos empregados.
capítulo 4 • 161
A cultura organizacional pode ser vista ainda como uma forma de construir
a realidade – a cultura funciona como uma lente que estrutura as percepções
das pessoas acerca da realidade que elas partilham. Para ilustrar esta afirma-
ção, os autores citam a diferença do significado de uma vaca para um indiano,
que as vê como um animal sagrado, e o que este animal significa para um oci-
dental. Isso é chamado de lente cultural, o que define o significado. Eles reite-
ram que estas lentes culturais estruturam a percepção das pessoas acerca da
realidade organizacional de que participam e nas quais interagem.
Pois bem, boa parte das funções da cultura é favorável à organização ou ao
profissional, no entanto, existem o que chamados de disfunções da cultura,
aspectos desfavoráveis à eficácia das organizações. Segundo Robbins (2007), a
cultura se torna um passivo quando os valores compartilhados não estão em
concordância com aqueles que podem melhorar a eficácia da organização
Em outras palavras, quando o ambiente passa por rápidas mudanças, uma
cultura muito fortalecida pode não ser adequada, pois ela pode se tornar um
fardo e dificultar a resposta às alterações do ambiente. Deste modo, vemos a
cultura como uma barreira a mudanças.
REFLEXÃO
A Escola das Relações Humanas é um movimento de oposição às ideias da administração
científica e dos conceitos de produção em massa.
Por esta escola foi possível descobrir que o desempenho das pessoas depende menos
dos fatores físicos (iluminação, ruído, fadiga) e dos métodos de trabalho e muito mais dos
fatores emocionais e comportamentais (bom tratamento, reconhecimento pelo trabalho rea-
lizado, relacionamento amigável com a gerência).
162 • capítulo 4
Daí a importância de estudar os aspectos que influenciam o comportamento, bem como
manter sua competitividade.
A cultura é um dos mecanismos que podem ser articulados pelo administrador para dis-
seminar os valores da organização e orientar o comportamento dos empregados na direção
desejada pela organização.
Além da cultura, o clima organizacional também deve ser alvo da atenção do administra-
dor. Um clima organizacional positivo contribui para que os empregados sintam-se compeli-
dos a atingir os resultados almejados pela organização.
Finalizando, o papel do gerente é fundamental para manter a coesão entre os membros
da organização e levar a empresa ao sucesso desejado. Para isso é fundamental que o ge-
rente desenvolva a liderança e saiba criar estímulos que motivem os funcionários.
capítulo 4 • 163
2. Imprecisão no campo D.O.: Procura integrar o indivíduo a sociedade
fazendo com que perca suas inibições. Procura satisfazer melhor a busca das
necessidades pessoais incentivando no indivíduo maiores habilidades sociais.
3. Ênfase na Educação Emocional: visa unicamente ao treinamento de ha-
bilidades no relacionamento interpessoal, não é essencial à administração.
4. As aplicações distorcidas do D.O.: Até o momento, nenhuma comprova-
ção científica demonstrou que as técnicas de D.O. podem melhorar efetivamente
a capacidade da organização de alcançar os seus objetivos. Apesar de tudo isso, o
D.O. ainda é hoje a melhor opção humanística de abordagem da administração.
REFLEXÃO
Apreciação crítica da Teoria Comportamental
A Teoria Comportamental, é importante e definitiva, principalmente, pelo fato de seus
melhores autores terem desenvolvido uma grande quantidade de pesquisas apresentadas
de forma clara, tornando-se bastante conhecidas.
De acordo com Chiavenato, os behavioristas falharam ao dividir as pessoas em "racionais
e não racionais", "eficientes e não eficientes", "satisfeitas e insatisfeitas", partindo, portanto,
para uma espécie de “psicologização” dos problemas de relações industriais. Para o autor,
a Teoria Comportamental, errou ao padronizar os fenômenos do comportamento, despre-
zando as diferenças individuais de personalidade, "ela procura explicar o comportamento
humano tal como os cientistas poderiam explicar ou prever os fenômenos da natureza ou o
comportamento dos ratos no laboratório". Mesmo com deficiências, essa teoria representou
um avanço para a Administração. Os Behavioristas mostram um novo conceito democrático
e humano, baseado na equalização do poder, assim como as principais teorias de motivação
para a Administração. Outro aspeto a ser considerado é o reconhecimento dos conflitos
organizacionais. Os behavioristas acreditam que há um conflito entre os objetivos individu-
ais e organizacionais, que podem ser resolvidos por uma mudança no comportamento e na
estrutura organizacional. Nesta teoria também é dada importância à formação de grupos de
trabalho como meio eficiente de alcançar os objetivos.
Como já foi dito, a Teoria Comportamental foi muito importante para o conteúdo da TGA.
Ela é mais teoria de análise, mais descritiva e explicativa do que prescritiva, preocupando-se
mais em explicar do que em formar normas, demonstrando uma dificuldade em sua aplica-
ção. Porém, seus conteúdos são um dos mais conhecidos, representando uma grande base
para as teorias administrativas.
Leia mais. Acesse: http://goo.gl/25yV17
164 • capítulo 4
LEITURA
Artigo 1: Cooperação e Organização: como uma ideia ajuda a entender outra?
Este artigo discute, em uma perspectiva unicamente conceitual, algumas relações entre as
ideias de cooperação e organização. O propósito principal é tentar revelar como um entendi-
mento mais aprofundado sobre a cooperação pode levar a uma compreensão mais completa
sobre a organização. Parte-se da constatação de que se as organizações podem ser vistas
(dentre outras coisas) como sistemas cooperativos, entender as causas que levam os indivídu-
os a cooperar torna-se um caminho bastante promissor para o próprio entendimento do que
é a organização. Para tanto, propõe-se comparar, através da revisão de literatura, duas visões
conceituais distintas, porém complementares, a respeito da cooperação humana, apresenta-
das por dois autores igualmente consagrados dentro do campo dos estudos organizacionais:
Chester Barnard e Elton Mayo. A escolha destes dois autores, em particular, se justifica pela
rica divergência de opinião que eles apresentam a respeito das causas que levam as pessoas
a cooperar nas organizações. Em termos de estrutura, este artigo começa com um breve escla-
recimento sobre o conceito de cooperação para depois partir para a apresentação e discussão
das visões particulares dos dois autores escolhidos. As ligações entre as ideias de cooperação
e organização são discutidas com maior profundidade nas conclusões.
Artigo 2: Gestão da qualidade total e qualidade de vida no trabalho: o caso da Gerência
de Administração dos Correios.
Resumo: Este trabalho refere-se aos temas qualidade total e qualidade de vida no trabalho.
O objetivo é avaliar as transformações dos aspectos relacionados à qualidade de vida no traba-
lho, a partir da introdução do programa de qualidade total numa empresa pública prestadora de
serviços. É uma pesquisa teórico-empírica de abordagem qualitativa, que privilegiou o estudo de
caso. Neste estudo, compreende-se qualidade de vida no trabalho como uma expansão natural
da qualidade total, de forma que os programas de qualidade total melhorem os resultados das
empresas, mas também a satisfação, o bem-estar e a condição de vida das pessoas.
Referência: MONACO, Felipe de Faria; GUIMARAES, Valeska Nahas. Gestão da qualida-
de total e qualidade de vida no trabalho: o caso da Gerência de Administração dos Correios.
Rev. adm. contemp., Curitiba, v. 4, n. 3, dez. 2000. Disponível em http://goo.gl/zZB7bj
Artigo 3: As melhores empresas para trabalhar no Brasil e a qualidade de vida no traba-
lho: disjunções entre a teoria e a prática
Resumo: O artigo discute os resultados de pesquisas sobre as melhores empresas para
trabalhar no Brasil, divulgadas pela revista Exame nos anos de 1997, 1999 e 2000. Os pes-
quisadores identificaram as 30, 50 e 100 empresas que ofereceram, nos respectivos anos,
as condições mais atraentes para os trabalhadores, com base em dimensões que permitem
capítulo 4 • 165
avaliar as melhores práticas em recursos humanos. Os itens pesquisados apresentam estrei-
ta similaridade com o modelo de Walton (1973) de qua-lidade de vida no trabalho. O método
utilizado foi caracterizado como exploratório-descritivo. A análise dos dados demonstra que
as organizações cujas práticas foram avaliadas de forma mais positiva pelos seus empre-
gados nos anos de 1997 e 1999 enfatizam, em primeiro lugar, o orgulho do trabalho e da
empresa. No ano de 2000 o principal aspecto valorizado foi a oportunidade de carreira e
treinamento. No conjunto, observou-se uma redução do número de empresas e de itens em
relação aos quais elas receberam a avaliação máxima por parte dos empregados.
Referência: TOLFO, Suzana da Rosa; PICCININI, Valmíria Carolina. As melhores empresas
para trabalhar no Brasil e a qualidade de vida no trabalho. Rev. adm. contemp., Curitiba, v. 5,
n. 1, abr. 2001. Disp. http://www.scielo.br/pdf/rac/v5n1/v5n1a10
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, L. Organização, sistemas e métodos e as modernas ferramentas de gestão
organizacional: arquitetura, benchmarking, empowerment, gestão pela qualidade total, reengenharia.
São Paulo: Atlas, 2001.
BATEMAN, T; SNELL, S. Administração: construindo vantagem competitiva. São Paulo: Atlas, 1998.
BERGAMINI, C.W. Psicologia Aplicada à Administração de Empresas. Psicologia do Comportamento
Organizacional. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2006.
CONTE, A. L. Qualidade de vida no trabalho: funcionários com qualidade de vida no trabalho são
mais felizes e produzem mais. Revista FAE Business. Curitiba, n.7, p. 32-34, 2003.
CURY, A. Organização e métodos: uma visão holística. São Paulo: Atlas, 2000.
DAFT, R. Administração. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.
GIL, A. Gestão de Pessoas: enfoque nos papéis profissionais. São Paulo: Atlas, 2001.
JOHANN, S. L. Gestão da cultura corporativa: como as organizações de alto desempenho
gerenciam sua cultura organizacional. São Paulo: Saraiva, 2004.
MARRAS, J. Administração de recursos humanos: do operacional ao estratégico. São Paulo:
Futura, 2000.
MAXIMIANO, A. Teoria geral da administração: da revolução urbana à revolução digital. 6. ed. São
Paulo: Atlas, 2006.
MAXIMIANO, A. Teoria geral da administração: da revolução urbana à revolução digital. 4. ed. São
Paulo: Atlas, 2004.
166 • capítulo 4
MOTTA, F.C.P.; VASCONCELOS, I.F.F.G. Teoria Geral da Administração. São Paulo: Thomson
Lerning, 2002.
PROCOPIO, M. L. (2006). Cooperação e Organização: como uma ideia pode ajudar a entender a outra?
Enanpad. Disponivel em: http://goo.gl/FLwGoL
RIBEIRO, A. L. Teorias da Administração. São Paulo: Saraiva, 2003.
ROBBINS, S. Administração: mudanças e perspectivas. São Paulo: Saraiva, 2005.
RODRIGUES JR. R. N. (2011). INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO -
Desenvolvimento Organizacional (D.O). Gestão e Cidadania. Disponível em: http://goo.gl/5Q31f6
WAGNER III, J.A., HOLLENBECK, J.R. Comportamento Organizacional. Criando Vantagem
Competitiva. São Paulo: Saraiva, 2006.
capítulo 4 • 167
168 • capítulo 4
5
Abordagem
Estruturalista da
Administração
Ao final da década de 1950, a influência do estruturalismo no estudo das Ci-
ências Sociais estendeu-se à Administração. O Movimento Estruturalista, que
teve como seu maior expoente o sociólogo americano Amitai Etzioni, caracte-
rizou-se pelo estudo das teorias já existentes, nos seus aspectos globalizantes
que compõem o todo organizacional. Grande contribuição para o campo da
teoria administrativa, essa abordagem buscou conciliar e integrar os concei-
tos clássicos e humanísticos, criar uma visão crítica do modelo burocrático
e estabelecer uma análise sobre tudo o que se tinha escrito, até então, sobre
teorias da administração, principalmente fazendo um paralelo entre a Escola
Clássica e a Escola de Relações Humanas. O movimento estruturalista não
constituiu um corpo teórico de inovações conceituais; procurou, antes, enxer-
gar e analisar os mesmos problemas já vistos e abordados por outros autores
de forma integrada (antes feito de forma fragmentada).
As organizações podem ser consideradas como unidades sociais que são
intencionalmente construídas e reconstruídas, a fim de atingir objetivos es-
pecíficos (CURY, 2000). Esses objetivos são materializados, de forma geral, em
produtos e serviços, que são ofertados ao mercado (MAXIMIANO, 2004).
As organizações formais apresentam duas características principais: divi-
são do trabalho e hierarquia (DAFT, 2005). A divisão do trabalho compreende
a especialização das atividades entre os membros da organização, a fim de que
as tarefas sejam realizadas com maior eficiência (CURY, 2000). O trabalho é di-
vidido em partes, denominadas funções, para que a empresa consiga produzir
os produtos e prestar os serviços que tem como objetivo oferecer ao mercado
(DAFT, 2005). A hierarquia corresponde à linha de comando da organização.
Pela hierarquia, cada unidade de trabalho de nível inferior está sob controle e
supervisão de outra de nível superior (CURY, 2000).
Basicamente existem em uma organização três níveis hierárquicos:
170 • capítulo 5
• Nível operacional: corresponde a todos os cargos cujo objetivo é executar
a rotina da empresa, ou seja, o trabalho do dia a dia.
OBJETIVOS
Neste capítulo são definidos alguns objetivos de aprendizagem.
capítulo 5 • 171
5.1 Princípios Básicos da Abordagem
Estruturalista
1 Estrutura é o conjunto formal de dois ou mais elementos e que permanece inalterado seja na mudança ou na
diversidade de conteúdos, Isto é, a estrutura mantém-se mesmo com a alteração de um dos seus elementos ou
relações. A mesma estrutura pode ser apontada em diferentes áreas, e a compreensão das estruturas fundamentais
em alguns campos de atividade permite o reconhecimento das mesmas estruturas em outros campos.
Estruturalismo é um método analítico e comparativo que estuda os elementos ou fenômenos com relação a uma
totalidade, salientando o seu valor de posição. O conceito de estrutura significa a análise interna de uma totalidade
em seus elementos construtivos, sua disposição, suas inter-relações etc., permitindo uma comparação, pois pode
ser aplicado a coisas diferentes entre si. Além do seu aspecto totalizante, o estruturalismo é fundamentalmente
comparativo. O estruturalismo preocupa-se com o todo e com o relacionamento das partes na constituição do todo.
A totalidade, a interdependência das partes e o fato de que o todo é maior do que a simples soma das partes são as
características básicas do estruturalismo.
172 • capítulo 5
O Estruturalismo é portanto, uma modalidade de pensar e um méto-
do de análise praticado nas ciências, especialmente na área de humanas.
Metodologicamente, analisa sistemas em grande escala examinando as relações
e as funções dos elementos que constituem tais sistemas, que são inúmeros, va-
riando das línguas humanas e das práticas culturais aos contos folclóricos e aos
textos literários. O Estruturalismo fez do francês Claude Lévi-Strauss o seu mais
celebrado representante, especialmente em seu estudo sobre os indígenas no
Brasil e na América em geral, quando se dedicou a "busca de harmonias insus-
peitas". A partir das suas postulações, o entendimento estruturalista ganhou cor-
po e se desdobrou em dois planos. O primeiro fundamentou uma das correntes
filosóficas que animaram a segunda metade do século XX. O segundo irradiou
sua epistemologia para os mais diversos campos das ciências humanas e sociais.
Dentre esses campos figura o das ciências da gestão, entendida como compreen-
são dos estudos organizacionais e dos estudos administrativos.
CURIOSIDADE
O Estruturalismo fez do francês Claude Lévi-Strauss seu mais celebrado representante.
Nascido numa família judaica no pequeno vilarejo de Bavária (alemanha) com o nome
Löb Strauß, era filho caçula entre sete irmãos. Seu pai, um pobre vendedor-ambulante, mor-
reu em 1846 quando ele tinha apenas dezesseis anos. Um ano depois, em 1847, a mãe
decidiu emigrar com três dos seus filhos mais novos para os Estados Unidos, seguindo os
dois filhos mais velhos. Estes dois irmãos já moravam há alguns anos em Nova Iorque como
comerciantes para produtos têxteis. Löb Strauß naturalizou-se estadunidense em 1853, mu-
dando seu nome para Levi Strauss. Seus primeiros anos em Nova Iorque, ele passou traba-
lhando na loja dos seus irmãos mais velhos. Com as primeiras notícias sobre as descobertas
de ouro na Califórnia, decidiu abrir em San Francisco uma loja de tecidos e roupas em 1853,
junto com seu cunhado David Stern, fundando assim aquela que viria a se tornar a famosa
empresa Levi Strauss & Company. Em 1872 o costureiro Jacob Davis de Reno (Nevada)
propõem a Levi Strauss a ideia de reforçar as costuras das calças usadas pelos mineiros
com rebites. O sucesso de venda dessas calças foi tão grande que Strauss e Davis decidiram
requerer a patente do produto. O dia 20 de maio de 1873 marca o início da história de su-
cesso da calça jeans, pois nesse dia foi concedido a United States patent no. 139121 para
os assim chamados Waist-Overalls, reforçados com rebites de cobre.
Saiba mais em:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415-65552006000200008&script=sci_arttext
capítulo 5 • 173
MAX WEBER E O MODELO BUROCRÁTICO DA ADMINISTRAÇÃO
A Teoria da Burocracia foi originada dentro da Administração por volta dos
anos 1940, em função de alguns aspectos da Burocracia na Administração,
elencados a seguir:
174 • capítulo 5
Maximilian Carl Emil Weber nasceu em 21 de abril de 1864 na Prússia (atual Alema-
nha). Filho de uma família de classe média alta que possuía considerável influência
política e social. Weber foi criado em um ambiente propício para o desenvolvimento
intelectual, recebendo excelente educação e formação em línguas, história e literatura
clássica. É considerado um dos fundadores da Sociologia. Foi professor universitário,
dedicando-se ao estudo da economia, história, filosofia e direito, escreveu a “Ética pro-
testante e o Espírito do Capitalismo”. Weber faleceu em 14 de Junho de 1920, em Mu-
nique. Foi um intelectual, jurista e economista alemão considerado um dos fundadores
da Sociologia. Seu irmão foi o também famoso sociólogo e economista Alfred Weber. A
esposa de Max Weber, Marianne Weber, biógrafa do marido, foi uma das alunas pionei-
ras na universidade alemã e integrava grupos feministas de seu tempo.
Grande parte de seu trabalho como pensador e estudioso foi reservado para o estudo
do capitalismo e do chamado processo de racionalização e desencantamento do mun-
do. Mas seus estudos também deram contribuição importante para a economia.
capítulo 5 • 175
Cabe destacar que o modelo de Weber é próprio para as organizações com
tarefas estáveis e rotinizadas, fundamentadas nos princípios tayloristas e for-
distas. Não se aplica às organizações com estruturas mais dinâmicas, nem leva
em conta as empresas que estão em ambientes de constante mudança
A tabela 5.1 resume os conceitos-chave, as contribuições e as limitações da
burocracia.
BUROCRACIA
Rede formal e estruturada de relacionamentos entre posições especializadas
numa organização.
Regras e regulamentações padronizam o comportamento.
Conceitos-chaves
Cargos são assessorados por especialistas treinados que seguem regras.
Tabela 5.1
176 • capítulo 5
Burocracia baseada em:
• São escritas.
• Procuram cobrir todas as áreas da organização.
• É uma estrutura social racionalmente organizada.
• Conferem às pessoas investidas da autoridade um poder de coação sobre
os subordinados e também os meios coercitivos capazes de impor a disciplina.
• Possibilitam a padronização dentro da empresa.
capítulo 5 • 177
e documentação adequadas. Como as comunicações são feitas repetitiva e
constantemente, a burocracia lança mão de rotinas e formulários para facilitar
as comunicações e rotinizar o preenchimento de sua formalização.
→ Hierarquia da autoridade
A burocracia estabelece os cargos segundo o princípio de hierarquia:
178 • capítulo 5
→ Rotinas e procedimentos
A burocracia fixa as regras e normas técnicas para o desempenho de cada cargo:
• O ocupante do cargo não pode fazer o que quiser, mas o que a burocracia
impõe que ele faça;
• A disciplina no trabalho e o desempenho no cargo são assegurados por
um conjunto de regras e normas, que tentam ajustar o funcionário às exigên-
cias do cargo e das organizações;
• Todas as atividades de cada cargo são desempenhadas segundo padrões
claramente definidos.
capítulo 5 • 179
→ Completa previsibilidade do funcionamento
O modelo burocrático parte do pressuposto de que o comportamento dos
membros da organização é perfeitamente previsível:
• Os funcionários devem comportar-se de acordo com as normas e regula-
mentos da organização;
• Tudo na burocracia é estabelecido no sentido de prever todas as ocorrên-
cias e transformar em rotina sua execução.
180 • capítulo 5
• Benefícios sob o prisma das pessoas na organização, pois a hierarquia é
formalizada, o trabalho é dividido entre as pessoas de maneira ordenada, as
pessoas são treinadas para se tornarem especialistas em seus campos. As pes-
soas podem fazer carreira na organização em função de seu mérito pessoal e
competência técnica.
REFLEXÃO
Vale ressaltar que, nos dias atuais, a palavra burocracia acabou se transformando em uma
característica de organizações que não são eficientes e que apresentam excesso de contro-
les que não agregam valor.
capítulo 5 • 181
• Rapidez nas decisões, pois cada um conhece o que deve ser feito o por
quem, e as ordens e papéis tramitam por canais preestabelecidos.
• Univocidade de interpretação garantida pela regulamentação específica
e escrita. A informação é fornecida apenas a quem deve recebê-la.
• Uniformidade de rotinas e procedimentos que favorece a padronização,
redução de custos e de erros, pois os procedimentos são definidos por escrito.
• Continuidade da organização por meio de substituição do pessoal que é
afastado. Critérios de seleção de pessoal baseado na capacidade e na compe-
tência técnica.
• Redução do atrito entre pessoas, pois cada funcionário conhece aquilo que
é exigido dele e quais são os limites entre as suas responsabilidades e as dos outros.
• Constância: os mesmos tipos de decisão devem ser tomados nas mesmas
circunstâncias.
• Subordinação dos mais novos aos mais antigos de modo que o superior
possa tomar decisões que afetam o nível mais baixo.
• Confiabilidade: o negócio é conduzido de acordo com regras conhecidas,
e os casos similares são tratados da mesma maneira. As decisões são previ-
síveis e o processo decisório, por ser despersonalizado no sentido de excluir
sentimentos irracionais (amor, raiva, preferências pessoais, etc.) elimina a dis-
criminação pessoal.
• Benefícios sob o prisma das pessoas, pois a hierarquia é formalizada, o
trabalho é dividido entre as pessoas de maneira ordenada, as pessoas são treina-
das para se tornarem especialistas em seus campos particulares, podendo fazer
carreira na organização em função de seu mérito pessoal e competência técnica.
CURIOSIDADE
RACIONALIDADE BUROCRÁTICA
Um conceito muito ligado à burocracia é o da racionalidade (adequação dos meios aos
fins). Organização é racional se os meios mais eficientes são escolhidos para implementação
das metas (da organização e não de seus membros). Quanto mais racional e burocrática a
organização, mais os seus membros se tornam simples engrenagens de uma máquina, igno-
rando o propósito e o significado de seu comportamento.
Para Weber, a racionalidade funcional é atingida pela elaboração – baseada no conheci-
mento científico – de regras que servem para dirigir, partindo de cima, todo comportamento
de encontro à eficiência. Burocratização em um sentido mais amplo, refere-se também às
182 • capítulo 5
formas de agir e de pensar que existem não somente no contexto organizacional, mas que
permeiam toda a vida social.
O racionalismo para Weber, pode referir-se aos meios racionais e sua adequação ou
inadequação para se chegar a um fim qualquer, como também pode referir-se à visão ra-
cional do mundo com base em conceitos cada vez mais precisos e abstratos, desenvolvidos
inclusive pela ciência, que rejeitam toda religião e os valores metafísicos ou tradicionais (des-
mistificação do próprio mundo).
Embora considerasse a burocracia a forma mais eficiente de organização criada pelo
homem, Weber temia essa grande eficiência, cujos resultados advindos da crescente bu-
rocratização do mundo moderno, seriam uma enorme ameaça à liberdade individual e às
instituições democráticas das sociedades ocidentais (CHIAVENATO, 2004).
Dilemas da Burocracia
capítulo 5 • 183
A ausência ou morte de um chefe não burocrático da organização – único in-
divíduo perante o qual as identificações são pessoais, e não burocráticas – pro-
voca uma crise, a chamada crise de sucessão, que geralmente é acompanhada
de um período de instabilidade.
Disfunções da Burocracia
184 • capítulo 5
DISFUNÇÃO CARACTERÍSTICAS
As normas e regulamentos passam a se transformar de meios em objetivos.
1. Internalização das Passam a ser absolutos e prioritários. O funcionário adquire "viseiras" e
regras e apego aos esquece que a flexibilidade é uma das principais características de qualquer
regulamentos atividade racional. Como os regulamentos passam a ser os principais objeti-
vos do burocrata, este passa a trabalhar em função deles.
A necessidade de documentar e de formalizar todas as comunicações pode
2. Excesso de forma-
conduzir ao excesso de formalismo, de documentação e de papelório. É a
lismo e de papelório
mais gritante disfunção da burocracia.
Como tudo dentro da burocracia é rotinizado, padronizado, previsto com ante-
cipação, o funcionário geralmente se acostuma a uma completa estabilidade
3. Resistência a
e repetição daquilo que faz, o que passa a lhe proporcionar uma completa se-
mudanças
gurança a respeito de seu futuro na burocracia. Qualquer mudança significa
uma ameaça à sua segurança, sendo, portanto, altamente indesejável.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_da_burocracia_na_Administra%C3%A7%C3%A3o
capítulo 5 • 185
Para Merton, não existe uma organização totalmente racional, e o formalis-
mo não tem a profundidade descrita por Weber. O conceito popular de buro-
cracia faz pensar que o grau de eficiência administrativa desse sistema social
racional é baixíssimo. Isso porque o tipo ideal de burocracia sofre transforma-
ções quando operado por homens. Segundo ele, o homem (excluído dos estu-
dos de Max Weber, que descreveu um sistema social desumano e mecanicista),
quando participa da burocracia, faz com que toda a previsibilidade do compor-
tamento, que deveria ser a maior consequência da organização, escape ao mo-
delo preestabelecido. Verifica-se, então, o que Merton chamou de disfunções
da burocracia. (CHIAVENATO, p. 291-TGA)
Veja a seguir um quadro comparativo entre as características e as disfun-
ções da burocracia
186 • capítulo 5
REFLEXÃO
Weber, citado em Chiavenato (2003), considera a burocracia como a forma mais racional de
organização. Perrow defende a burocracia como um fator importante para a racionalização
da estrutura organização. Segundo este último, as disfunções da burocracia são apenas con-
sequências do fracasso de uma burocracia mal adequada.
capítulo 5 • 187
Para os estruturalistas, a sociedade moderna é uma sociedade de organiza-
ções, das quais o homem, passa a depender para nascer, viver e morrer.
As organizações são uma forma de instituição, predominante em nossa so-
ciedade altamente especializada e interdependente. Elas passam por todos os
aspectos da vida moderna e envolvem atenção, tempo e energia de numerosas
pessoas. Possuem uma estrutura interna e interagem com outras organizações.
Assim, as organizações constituem a forma dominante de instituição da mo-
derna sociedade: são a manifestação de uma sociedade altamente especializa-
da e interdependente, que se caracteriza por um crescente padrão de vida.
Cada organização é limitada por recursos escassos, e por isso não pode tirar
vantagens de todas as oportunidades que surgem: daí o problema de determi-
nar a melhor alocação de recursos. A eficiência é obtida quando a organização
aplica seus recursos naquela alternativa que produz o melhor resultado.
A teoria estruturalista concentra-se no estudo das organizações, em sua estru-
tura interna e na interação com outras organizações. As organizações são conce-
bidas como "unidades sociais" (ou agrupamentos humanos) intencionalmente
construídas e reconstruídas, a fim de atingir objetivos específicos. Incluem-se
nesse conceito as corporações, exércitos, escolas, hospitais, igrejas e as prisões;
excluem-se as tribos, classes, grupos étnicos, grupos de amigos e famílias.
As organizações são caracterizadas por um "conjunto de relações sociais
estáveis e deliberadamente criadas com a explícita intenção de alcançar obje-
tivos ou propósitos" (são destinadas a fazer alguma coisa material ou prestar
um determinado serviço. Seu trabalho visa diretamente a algum fim). Assim "a
organização é uma unidade social dentro da qual as pessoas alcançam relações
estáveis (não necessariamente face a face) entre si, no intuito de facilitar o al-
cance de um conjunto de objetivos ou metas".
Os objetivos são ideais que a organização pretende atingir e transformar em
realidade. Dois modelos de organização:
188 • capítulo 5
a) Objetivos da sociedade: o ponto de referência é a sociedade em geral,
preenchendo as necessidades da sociedade. Ex: manter a ordem pública.
b) Objetivos de produção: o ponto de referência é o público que entra em
contato com a organização. Ex: serviços a empresas.
c) Objetivos de sistemas: o ponto de referência é o estado ou maneira de
funcionar da organização. Ex: ênfase nos lucros da organização.
d) Objetivos de produtos: o ponto de referência são as características dos
bens e serviços produzidos. Ex: ênfase na variedade de produtos.
e) Objetivos derivados: o ponto de referência são os usos que a organização faz
do poder originado na consecução de outros objetivos. Ex: serviços comunitários.
capítulo 5 • 189
A definição de objetivos é intencional, mas nem sempre racional. Trata-se
de um processo de interação entre a organização e o ambiente. Para executar a
missão, a organização deve se concentrar nas seguintes áreas de interesse:
CURIOSIDADE
As organizações não são recentes. Existem desde os faraós e os imperadores da antiga
China. A igreja e os exércitos desde a Antiguidade desenvolveram formas de organizações.
190 • capítulo 5
pela outra e vice-versa. A Teoria Estruturalista pretende ser uma síntese delas,
inspirando-se na abordagem de Max Weber.
• A necessidade de visualizar "a organização como uma unidade social
complexa na qual interagem grupos sociais" que compartilham alguns dos
objetivos da organização (como a viabilidade econômica da organização), mas
podem se opor a outros (como a maneira de distribuir os lucros). Seu maior
diálogo foi com a Teoria das Relações Humanas.
• A influência do estruturalismo nas ciências sociais e sua repercussão no
estudo das organizações. O estruturalismo influenciou a Filosofia, a Psicologia
(com a Gestalt), a Antropologia (com Claude Lévi-Strauss), a Matemática (com
N. Bourbaki), a Linguística, chegando até a teoria das organizações• com
Thompson, Etzioni e Blau. Na teoria administrativa, o estruturalismo se con-
centra nas organizações sociais.
• Novo conceito de estrutura. O conceito de estrutura é antigo. Heráclito;
nos primórdios da história da Filosofia, concebia o "logos" como uma unidade
estrutural que domina o fluxo ininterrupto do devir e o torna inteligível. É a es-
trutura que permite reconhecer o mesmo rio, embora suas águas jamais sejam
as mesmas, devido à contínua mudança das coisas. Estrutura é o conjunto for-
mal de dois ou mais elementos e que permanece inalterado seja na mudança,
seja na diversidade de conteúdos, isto é, a estrutura mantém-se mesmo com a
alteração de um dos seus elementos ou relações. A mesma estrutura pode ser
apontada em diferentes áreas, e a compreensão das estruturas fundamentais
em alguns campos de atividade permite o reconhecimento das mesmas estru-
turas em outros campos. O estruturalismo está voltado para o todo e com o re-
lacionamento das partes na constituição do todo. A totalidade, a interdepen-
dência das partes e o fato de o todo ser maior do que a soma das partes são as
características do estruturalismo.
A Sociedade de Organizações
capítulo 5 • 191
Segundo Etizioni (professor da universidade de Colúmbia), as organizações
sofreram um longo e penoso desenvolvimento, através de quatro etapas:
192 • capítulo 5
moral ao racionalismo, à eficiência e à competência, pois a civilização moder-
na depende das organizações, como as formas mais racionais e eficientes que
se conhecem de agrupamento social. "A organização é um poderoso instrumen-
to social, de coordenação de um grande número de ações humanas. Combina
o pessoal e os recursos, reunindo líderes, especialistas, operários, máquinas e
matérias-primas. Ao mesmo tempo, e continuamente, avalia sua realização e
ajusta-se a fim de atingir seus objetivos".
CURIOSIDADE
As organizações, segundo o pensamento estruturalista, constituem a forma dominante de
instituição em nossa sociedade: É a manifestação de uma sociedade altamente especiali-
zada e interdependente, que se caracteriza por um crescente padrão de vida. No entanto,
a eficiência só será obtida quando a organização aplicar seus recursos na alternativa que
produzir os maiores resultados, levando em consideração os recursos limitados e a energia
das diversas pessoas envolvidas entre outras.
As organizações são concebidas como unidades sociais intencionalmente construídas e
reconstruídas, a fim de atingir objetivos específicos. Assim, uma organização é uma unidade
social dentro da qual as pessoas alcançam relações estáveis entre si no sentido de facilitar o
alcance de um conjunto de objetivos ou metas.
Por ser uma abordagem que surgiu com o intuito de sanar lacunas deixadas
pelas teorias da Administração Científica e das Relações Humanas, a teoria es-
truturalista propõe uma abordagem múltipla, seguindo estes aspectos:
capítulo 5 • 193
motivar pessoas . Salientam que tanto a abordagem Clássica quanto a de
Relações Humanas são fragmentárias e parciais. Conclui-se que é de grande
significado tanto as recompensas salariais, quanto as recompensas sociais na
vida de qualquer organização.
194 • capítulo 5
– Nível Técnico – É o nível que cuida da execução das operações e tarefas,
voltada a curto prazo, seguindo os programas e rotinas desenvolvidas pelo nível
gerencial. (Nível operacional)
→ DIVERSIDADE DE ORGANIZAÇÕES
Enquanto as Relações Humanas e a Administração científica focalizaram
quase que exclusivamente as fábricas, a abordagem estruturalista ampliou o
campo da análise da organização a fim de incluir maior variedade de organiza-
ções. Assim as organizações pequenas, médias e grandes, públicas e privadas,
empresas dos mais diversos tipos, organizações militares, religiosas, filantrópi-
cas, partidos políticos, sindicatos, prisões.
Sendo assim, para os estruturalistas, toda organização, à medida que cres-
ce, torna-se complexa e precisa ser adequadamente administrada.
O Homem Organizacional
capítulo 5 • 195
• Flexibilidade, devido às constantes mudanças que ocorrem na vida mo-
derna, bem como à diversidade dos papéis desempenhados nas diversas orga-
nizações e aos relacionamentos.
• Tolerância às frustrações, para evitar o desgaste emocional decorrente
do conflito entre necessidades organizacionais e necessidades individuais,
cuja mediação é feita através de normas racionais, escritas e exaustivas.
• Capacidade de adiar as recompensas e poder compensar o trabalho ro-
tineiro dentro da organização, em detrimento das preferências e vocações
pessoais.
• Permanente desejo de retaliação, para garantir a conformidade e coope-
ração com as normas que controlam e asseguram o acesso às posições de carrei-
ra na organização, proporcionando recompensas e sanções sociais e materiais.
REFLEXÃO
O "homem organizacional" reflete uma personalidade cooperativa e coletivista, que parece
destoar de algumas características da ética protestante – eminentemente individualista. O
espírito de realização, busca de propriedade, sacrifício e pontualidade, integridade e confor-
mismo: virtudes importantes do homem organizacional, que procura, através da competição,
obter progresso e riqueza.
196 • capítulo 5
As normas da organização constituem pressões para que os indivíduos se
restrinjam ao seu papel. Uma norma é uma exigência de uniformidade de com-
portamento e é mantida pelas pressões da organização.
O próprio comportamento do indivíduo nas organizações, suas motivações,
percepções, dentre outros atributos pessoais, fazem com que sejam diferentes
uns dos outros. O ser humano nunca tem objetivos e interesses idênticos.
As diferenças de objetivos e interesses pessoais sempre produzem alguma es-
pécie de conflito. O conflito é inerente à vida de cada indivíduo e faz parte inevitá-
vel da natureza humana. Constitui o lado oposto da cooperação e da colaboração.
A palavra conflito está ligada a desacordo, discórdia, divergência, dissonân-
cia, controvérsia ou antagonismo. Para que haja conflito, além da diferença de
objetivos e interesses, deve haver necessariamente uma interferência delibe-
rada de uma das partes – seja o indivíduo, seja o grupo – tenta alcançar seus
próprios objetivos interligados com outra parte, a qual interfere na sua busca
de atingir os objetivos. A interferência pode ser ativa (mediante ação para pro-
vocar obstáculos, bloqueios ou impedimentos) ou passiva (mediante omissão).
Assim, o conflito é muito mais do que um simples desacordo ou divergência:
constitui uma interferência ativa ou passiva, mas deliberada para impor um
bloqueio sobre a tentativa de outra parte de alcançar os seus objetivos. O confli-
to pode ocorrer no contexto de relacionamento entre duas ou mais partes: pode
ocorrer entre pessoas ou entre grupos e organizações. Também pode ocorrer
entre mais de duas partes ao mesmo tempo."
A administração de conflitos foi considerada mais importante que a toma-
da de decisão, a liderança e a comunicação.
capítulo 5 • 197
• quando os empregados não conhecem o orçamento e ou quando podem
investir para manter um serviço de qualidade.
198 • capítulo 5
CURIOSIDADE
Existem dicas gerais sobre como proceder em uma negociação. Veja algumas:
Abaixo estão relacionadas algumas ferramentas ou técnicas que podem ser uti-
lizadas para reduzir um conflito. Cada pessoa, em função da sua história de apren-
dizagem e/ou do contexto no qual está ocorrendo o conflito, tende a resolvê-lo uti-
lizando com mais frequência uma dessas ferramentas, o que não significa que em
outros contextos não possa lançar mão de outro tipo de ferramenta. São elas:
capítulo 5 • 199
4. Acordo ou conciliação: exige que cada uma das partes abra mão de al-
guma coisa de valor. O acordo é uma ótima estratégia quando as partes confli-
tantes possuem o mesmo poder, quando é desejável alcançar uma solução tem-
porária para uma questão complexa, ou quando as pressões do tempo exigem
uma solução ágil.
5. Colaboração: é a solução final, em que todos saem ganhando. Todas
as partes envolvidas no conflito buscam satisfazer seus interesses. Consiste na
discussão franca e honesta entre as partes, a audição ativa para entender as di-
ferenças, e a cuidadosa deliberação sobre uma gama completa de alternativas
para encontrar uma solução vantajosa a todos. Mas quando a colaboração é a
maior opção? Quando as pressões do tempo são mínimas, quando todas as par-
tes desejam seriamente uma solução vantajosa para todos, e quando a questão
é muito importante para se adotar uma solução de compromisso.
Para o cientista social Amitai Etzioni, as organizações são unidades sociais, que
têm objetivos específicos, e por isso não se encaixam num modelo universal de bu-
rocracia. Para ele é o poder articulado pela alta administração que caracteriza uma
organização. Cada tipo de poder gera um tipo distinto de obediência e envolvimen-
to dos funcionários (RIBEIRO, 2003). Para Etzioni, não existem duas organizações
iguais. As organizações são diferentes entre si e apresentam enorme variabilidade.
Contudo, elas apresentam características que permitem classificá-las em classes
ou tipos. As classificações permitem uma análise comparativa das organizações
por meio de uma característica comum ou de uma variável relevante.
As organizações, como unidades sociais com finalidade específica, são
unidades artificiais: são planejadas e deliberadamente estruturadas; reveem
200 • capítulo 5
constantemente as suas realizações e se reestruturam de acordo com os resul-
tados. Nesse sentido, diferem das unidades sociais naturais, como família, gru-
pos étnicos ou comunidade. A artificialidade das organizações é uma caracte-
rística decorrente de dois fatores: a preocupação com a realização e a tendência
para serem mais complexas do que as unidades naturais. Nas organizações, o
controle informal não é adequado, pois não se pode confiar na identificação
dos seus participantes com as tarefas que devem realizar. Por isso, as organiza-
ções impõem uma distribuição de recompensas e sanções para garantir obedi-
ência às suas normas, regulamentos e ordens. Daí os meios de controle.
Para Etzioni, os meios de controle utilizados pela organização podem ser
classificados em três categorias:
capítulo 5 • 201
A tipologia de Etzioni enfatiza os sistemas psicossociais das organizações.
Sua desvantagem é dar pouca consideração à estrutura, à tecnologia utilizada
e ao ambiente externo. Trata-se de uma tipologia simples, unidimensional e
baseada exclusivamente nos tipos de controle.
202 • capítulo 5
d) Organizações de Estado – em que o beneficiário é o público em geral.
Exemplos: organização militar, correios, instituições jurídicas, segurança pú-
blica, saneamento básico etc.
REFLEXÃO
A tipologia de Blau e Scott tem a vantagem de enfatizar a força do poder e da influência
do beneficiário sobre as organizações a ponto de condicionar a sua estrutura e objetivos. A
classificação baseada no “cui bono” proporciona um melhor agrupamento natural das orga-
nizações com objetivos similares.
Da mesma forma que ocorre com a tipologia de Etzioni, a classificação de Blau e Scott
não fornece informações a respeito das diferentes tecnologias, estruturas ou sistemas psi-
cossociais. Trata-se também de uma tipologia simples e unidimensional.
Ambiente Organizacional
capítulo 5 • 203
1. Interdependência das organizações com a sociedade
Nenhuma organização é autônoma ou autossuficiente. Toda organização
depende de outras organizações e da sociedade em geral para poder sobreviver.
Existe uma interdependência das organizações com a sociedade em geral em
função das complexas interações entre elas. E algumas das consequências des-
sa interdependência são: mudanças frequentes nos objetivos organizacionais à
medida que ocorrem mudanças no ambiente externo e um certo controle am-
biental sobre a organização, o que limita sua liberdade de agir.
2. Conjunto organizacional
O conceito de conjunto organizacional é análogo ao de conjunto de papéis.
Cada organização ou classe de organizações tem interações com uma cadeia
de organizações em seu ambiente, formando um conjunto organizacional. A
organização que serve como ponto de referência é chamada de organização fo-
cal. As relações entre uma organização focal e seu conjunto organizacional são
medidas pelos conjuntos de papéis de seu pessoal de fronteira, isto é, pelo seu
pessoal que está voltado externamente para o contato ou ligação com outras
organizações. Dessa maneira, os estruturalistas inauguram um novo ciclo na
teoria administrativa: o gradativo desprendimento daquilo que ocorre dentro
das organizações para aquilo que ocorre fora delas.
Cada organização ou classe de organizações tem interações com uma ca-
deia de organizações em seu ambiente, formando um conjunto organizacional.
A organização que serve como ponto de referência é chamada organização focal
e seu conjunto organizacional são medidas pelos conjuntos de papéis de seu
pessoal que está voltado externamente para o contato ou ligação com outras
organizações (chamado pessoal de fronteira).
204 • capítulo 5
– Ampliação da abordagem: A Teoria Estruturalista ampliou o campo de visão
da administração que antes se limitava ao indivíduo, na Teoria Clássica, e ao gru-
po, na Teoria das Relações Humanas, e que agora abrange também a estrutura da
organização, considerando-a um sistema social que requer atenção em si mesmo.
– Ampliação do estudo para outros campos: A Teoria Estruturalista alargou
também o campo de pesquisa da administração, incluindo organizações não
industriais e sem fins lucrativos em seus estudos.
– Convergência de várias abordagens teóricas: Na visão de Chiavenato
(2004), nota-se, no Estruturalismo, uma tentativa de integração em amplia-
ção nos conceitos das teorias que o antecederam, a saber: a Teoria Clássica, a
Teoria das Relações Humanas e a Teoria da Burocracia.
– Dupla tendência teórica: Ainda para Chiavenato (2003), no estruturalis-
mo coexistem duas tendências teóricas marcantes: a integrativa e a do confli-
to. Alguns dos autores estruturalistas enfatizavam somente a estrutura e os as-
pectos que integravam a organização, em que a mesma é o objeto da análise.
Outros autores se atêm aos aspectos como conflitos e divisões na organização.
capítulo 5 • 205
(macronível) tanto no nível da sociedade como no nível intergrupal ou inter-
pessoal (micronível).
– Teoria da crise – A Teoria Estruturalista é denominada “teoria da crise”.
Os autores estruturalistas são críticos e revisionistas, procurando localizar nas
organizações o núcleo de suas problemáticas.
– Teoria da transição e da mudança – Sua abordagem “parece estar em um
estado de crescimento acelerado, faltando ainda uma exata definição dos com-
ponentes e relações que a Teoria de Sistemas definiu posteriormente”. A Teoria
Estruturalista é uma teoria de transição e de mudança, em que o campo todo pare-
ce estar em um estado de crescimento acelerado, faltando ainda uma exata defini-
ção dos componentes e relações que a Teoria de Sistemas definiu posteriormente.
REFLEXÃO
O enfoque organizacional tem como objetivo estudar as organizações. Dentre os aspectos
focados estão as características delas e a forma como elas se estruturam.
O primeiro autor a estudar as organizações, foi Max Weber, que definiu o conceito de bu-
rocracia. De acordo com ele a burocracia é baseada em três princípios básicos: formalidade,
impessoalidade e profissionalismo.
Na verdade, as organizações não aplicam esses princípios da forma como propôs Weber
e, em função disso, vários autores criticaram o conceito de burocracia e apresentaram pro-
postas alternativas.
Dentre as críticas à burocracia, temos as disfunções, que são: particularismo, patrimonia-
lismo, excesso de regras, excesso de hierarquia e mecanicismo.
Como proposta alternativa às ideias de Weber, Amitai Etzioni categorizou as organiza-
ções em função do tipo de poder exercido sobre as pessoas. Foram identificados três tipos
de organização: coercitiva, utilitária e mecanicista.
LEITURA
Artigo 1
Paduan, R. Transfusão de gestão. Revista Exame: 30/04/2009.
Disponível em:http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/0942/econo-
mia/transfusao-gestao-466890.html. Acesso em 07/03/2010.
206 • capítulo 5
Artigo 2
Título: Entendendo o futebol como um negócio – um estudo exploratório
LEONCINI, Marvio Pereira; SILVA, Márcia Terra da. Entendendo o futebol como um negó-
cio: um estudo exploratório. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_art-
text&pid=S0104-530X2005000100003&lng=pt&nrm=iso>. Acessos em 08 mar. 2010.
doi: 10.1590/S0104-530X2005000100003.
Artigo 3:
Desafios gerenciais para a reconfiguração da administração burocrática Brasileira
REZENDE, Flávio da Cunha. Desafios gerenciais para a reconfiguração da administração bu-
rocrática Brasileira. Sociologias, Porto Alegre, n. 21, jun. 2009 . Disponível em <http://www.scie-
lo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-45222009000100014&lng=pt&nrm=i-
so>. acessos em 08 mar. 2010. doi: 10.1590/S1517-45222009000100014.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BATEMAN, T; SNELL, S. Administração: construindo vantagem competitiva. São Paulo: Atlas, 1998.
CURY, A. Organização e métodos: uma visão holística. São Paulo: Atlas, 2000.
DAFT, R. Administração. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.
MAXIMIANO, A. Teoria geral da administração: da revolução urbana à revolução digital. 6. ed. São
Paulo: Atlas, 2006.
MAXIMIANO, A. Teoria geral da administração: da revolução urbana à revolução digital. 4. ed. São
Paulo: Atlas, 2004.
RIBEIRO, A. L. Teorias da Administração. São Paulo: Saraiva, 2003.
WREN, Daniel A. The history of management thought. 5rd. New Jersey: Wiley, 2005.
capítulo 5 • 207
208 • capítulo 5
6
Abordagem
Neoclássica da
Administração
No início da década de 1950, a teoria administrativa passou por um período
de intensa remodelação com um notável surto de desenvolvimento industrial
e econômico sem precedentes. O mundo das organizações ingressou em uma
etapa de grandes mudanças e transformações. Surgiram a televisão, o motor
a jato e o esboço das telecomunicações. O mundo organizacional já não seria
mais o mesmo. Período em que surgiu também a Teoria Neoclássica. Os au-
tores aqui abordados são: Peter F. Drucker, Ernest Dale, Harold Koontz, Cyril
O’Donnell, Michael Jucius, William Newman, Ralph Davis, George Terry, Mor-
ris Hurley, Louis Allen não se preocupam em se alinhar dentro de uma visão
comum. Na verdade, os autores neoclássicos não formam uma escola bem de-
finida, mas um movimento relativamente heterogêneo que recebe denomina-
ções como Escola Operacional ou Escola do Processo Administrativo. O termo
“teoria” acabou sendo o mais usado pelo seu caráter didático e facilidade de
apresentação.
A Administração por Objetivos, que, apesar de dar ênfase à função de planejar,
é um excelente exemplo da relação entre as funções da administração. A criação
da estratégia de uma organização tende a ser um exercício restrito à administra-
ção de alto nível. Mas um elemento do planejamento permeia o cargo de quase
todos, de presidentes a gerentes de projeto e supervisores: a fixação de objetivos.
OBJETIVOS
• Conhecer a Teoria Neoclássica da Administração, sua preocupação com a prática adminis-
trativa, sua ênfase nos objetivos e resultados;
• Compreender a administração como técnica social básica, por meio da qual o administra-
dor alcança resultados pelas pessoas com as quais trabalha;
• Conhecer as definições das funções do administrador que formam o processo administrativo;
• Compreender os princípios básicos da organização.
• Mostrar as origens da APO.
• Definir as características principais da APO.
• Mostrar a ênfase colocada nos objetivos e resultados (fins) e na busca da eficácia (otimi-
zação dos resultados).
• Proporcionar uma apreciação crítica a respeito da APO.
210 • capítulo 6
6.1 Teoria neoclássica da Administração
A Teoria Neoclássica é quase como uma reação à enorme influência da ciência
do comportamento no campo da Administração que ocorreu em detrimento
dos aspectos econômicos e concretos que envolvem as organizações. Os neo-
clássicos pretendem colocar as coisas nos seus devidos lugares. E, para tanto,
retomam grande parte do material desenvolvido pela Teoria Clássica, redimen-
sionando-o e reestruturando-o de acordo com as circunstâncias da época atual,
dando-lhe uma configuração mais ampla e flexível.
Apesar da influência das ciências do comportamento sobre a teoria admi-
nistrativa, os pontos de vista dos autores clássicos nunca deixaram de subsistir.
Apesar de todas as críticas aos postulados clássicos e aos enfoques tradicio-
nais da organização, os princípios de Administração, a departamentalização,
a racionalização do trabalho, a estrutura linear ou funcional, enfim, a aborda-
gem clássica nunca foi totalmente substituída por outra abordagem. Todas
as teorias administrativas posteriores se assentaram na Teoria Clássica, seja
como ponto de partida seja como crítica para tentar uma posição diferente. A
abordagem neoclássica nada mais é do que a redenção da Teoria Clássica devi-
damente atualizada e redimensionada aos problemas administrativos atuais e
ao tamanho das organizações de hoje.
Em outros termos, a Teoria Neoclássica representa a Teoria Clássica coloca-
da em um novo figurino e dentro de um ecletismo que aproveita a contribuição
de todas as demais teorias administrativas.
A abordagem neoclássica baseia-se nos seguintes fundamentos:
capítulo 6 • 211
todo o conhecimento para poder servir de fundamentação científica aos princí-
pios de Administração.
212 • capítulo 6
a toda organização dinâmica e bem-sucedida, pois devem planejar, organizar,
dirigir e controlar as operações do negócio.
Qualquer que seja a organização – indústria, governo, Igreja, exército, su-
permercado, banco ou universidade – apesar das diferentes atividades, os pro-
blemas de selecionar gerentes e pessoas, de estabelecer planos e diretrizes, ava-
liar resultados de desempenho e coordenar e controlar operações para alcançar
objetivos desejados são comuns a todas as organizações.
capítulo 6 • 213
dimensionada, estruturada e orientada. Assim, a Teoria Neoclássica considera
os meios na busca da eficiência, mas enfatiza fortemente os fins e resultados,
na busca da eficiência.
Segundo Peter Drucker, todas as instituições são organizações e tem uma di-
mensão administrativa comum em três aspectos principais:
EFICIÊNCIA EFICÁCIA
Ênfase nos meios Ênfase nos resultados
214 • capítulo 6
EFICIÊNCIA EFICÁCIA
Treinar os subordinados Proporcionar habilidades aos subordinados
Manter as máquinas Máquinas disponíveis
Presença nos templos Rezar Prática dos valores religiosos - Ganhar o céu
capítulo 6 • 215
A autoridade, característica presente em todos os conceitos acima, tem seu
papel redefinido e se distingue por três categorias:
• Delegar a tarefa inteira. O gerente deve delegar uma tarefa inteira a uma
pessoa em vez de subdividi-la entre várias pessoas. Isso dá a cada indivíduo a
responsabilidade completa e aumenta sua iniciativa, enquanto proporciona ao
gerente melhor controle sobre os resultados.
• Delegar à pessoa certa. O administrador deve conciliar o talento da pes-
soa com a tarefa para que a delegação seja eficaz e avaliar os subordinados que
são independentes nas decisões e que desejam assumir responsabilidades.
• Delegar responsabilidade e autoridade. Designar apenas as tarefas não
constitui uma delegação completa. A pessoa deve ter responsabilidade para reali-
zar a tarefa e autoridade para desempenhar a tarefa da maneira que julgar melhor.
216 • capítulo 6
• Proporcionar informação adequada. A delegação deve incluir informa-
ção sobre o quê, por que, quando, onde, quem e como. O subordinado deve
compreender a tarefa e os resultados esperados.
• Manter retroação. Retroação significa linhas abertas de comunicação
com o subordinado para responder questões e proporcionar orientação, mas
sem exercer controle. A retroação dá ao subordinado a pista certa, e as linhas
abertas de comunicação aumentam a autoconfiança.
• Avaliar e recompensar o desempenho. O administrador deve avaliar os re-
sultados alcançados e não apenas os métodos. Quando os resultados não alcan-
çam as expectativas, o gerente deve mostrar os erros e consequências. Quando
alcançam ou ultrapassam as expectativas, o gerente deve recompensar o trabalho
bem feito com orgulho, recompensas financeiras e delegação de novas atividades.
capítulo 6 • 217
1. Centralização
A centralização enfatiza as relações escalares, isto é, a cadeia de comando. A
organização é desenhada dentro da premissa de que o indivíduo no topo possui
a mais alta autoridade e que a autoridade dos demais indivíduos é escalada para
baixo, de acordo com sua posição relativa no organograma. A cadeia escalar ou
cadeia de comando está intimamente relacionada com a unidade de comando.
Vantagens da centralização
1. As decisões são tomadas por administradores que possuem visão glo-
bal da empresa.
2. Os tomadores de decisão no topo são mais bem treinados e preparados
do que os que estão nos níveis mais baixos.
3. As decisões são mais consistentes com os objetivos empresariais globais.
4. A centralização elimina esforços duplicados de vários tomadores de de-
cisão e reduz custos operacionais.
5. Certas funções - como compras e tesouraria permitem maior especiali-
zação e vantagens com a centralização.
Desvantagens da centralização
1. As decisões são tomadas na cúpula que está distanciada dos fatos e das
circunstâncias.
2. Os tomadores de decisão no topo têm pouco contato com as pessoas e
situações envolvidas.
3. As linhas de comunicação ao longo da cadeia escalar provocam demora
e maior custo operacional.
4. As decisões passam pela cadeia escalar, envolvendo pessoas intermedi-
árias e possibilitando distorções e erros pessoais no processo de comunicação
das decisões.
2. Descentralização
A descentralização faz com que as decisões sejam pulverizadas nos níveis
mais baixos da organização. A tendência moderna é no intuito de descentra-
lizar para proporcionar melhor utilização dos recursos humanos. O princípio
que rege a descentralização é assim definido: a autoridade para tomar ou ini-
ciar a ação deve ser delegada tão próxima da cena quanto possível.
218 • capítulo 6
1. As decisões sejam tomadas nos níveis mais baixos da hierarquia.
2. As decisões mais importantes sejam tomadas nos níveis mais baixos da
hierarquia.
3. Menor a supervisão sobre as decisões tomadas.
Vantagens da descentralização
A descentralização permite que as decisões sejam tomadas pelas unidades situ-
adas nos níveis mais baixos da organização, proporcionando um considerável au-
mento de eficiência. As vantagens que a descentralização pode proporcionar são:
capítulo 6 • 219
6. Permite a formação de executivos locais ou regionais mais motivados e
conscientes dos seus resultados operacionais. A estrutura descentralizada pro-
duz gerentes gerais em vez de simples especialistas.
Desvantagens da descentralização
1. Falta de uniformidade nas decisões. A padronização e a uniformidade
favorecem a redução de custos operacionais. A descentralização provoca perda
de uniformidade nas decisões. Porém, reuniões de "coordenação" entre os es-
critórios centrais e o pessoal regional que desempenha a mesma função podem
reduzir esse problema.
2. Insuficiente aproveitamento dos especialistas. Em geral, os maiores es-
pecialistas de staff estão concentrados nos escritórios centrais. Com a descen-
tralização, a tendência é pensar que já não se necessita da assessoria da matriz.
O staff da matriz pode ser adequadamente utilizado desde que a direção defina
as relações entre a matriz e o campo de atividades, a fim de encontrar o melhor
equilíbrio entre as vantagens de aguardar a chegada do assessoramento supe-
rior e a ação no mesmo lugar.
3. Falta de equipe apropriada no campo de atividades. Ao proceder-se à
descentralização, deve-se prover o treinamento. O melhor meio consiste na de-
signação paulatina de funções, comprovando com regularidade a atuação para
certificar-se de que as funções existentes foram assimiladas antes de acrescen-
tar outras novas.
220 • capítulo 6
Funções do Administrador segundo os Neoclássicos
→ Planejar
Planejar é o primeiro passo do Processo de Administrar, é pensar antes de
agir ou preparar as maneiras mais adequadas para a ação. Dessa forma, objeti-
va-se o melhor caminho para atingir os resultados esperados. Stoner (1999) diz
que planejar significa que os administradores pensam antecipadamente em
seus objetivos e ações, e que seus atos são baseados em um método, plano ou
lógica, e não em palpites. São os planos que dão à organização seus objetivos e
definem o melhor procedimento para alcançá-los.
De forma semelhante, Chiavenato (2000) diz que: o Planejamento figura como
a primeira função administrativa, por ser aquela que serve de base para as demais
funções. O Planejamento é a função administrativa que determina antecipada-
mente os objetivos que devem ser atingidos e como se deve fazer para alcançá-los.
O ato de planejar envolve sensibilidade ao mercado e à missão da organização além
de vários métodos e técnicas que tornam o planejamento realmente eficaz. Assim a
organização deixa de agir unicamente de maneira intuitiva e passa a atuar de forma
profissional e focada facilitando seu desenvolvimento e sustentabilidade.
Trata-se de uma função importante, porque contribui para o sucesso da or-
ganização como um todo e possibilita à organização adotar um comportamen-
to pro ativo em relação ao futuro.
Sem planos, os administradores encontrariam bastantes dificuldades na
sua liderança e se tornaria um exercício sem consistência, o que consequente-
mente afetariam toda a organização. O Planejamento é um processo conscien-
te e sistemático de tomar decisões sobre o objetivo que buscará no futuro, para
tanto há diferentes níveis de organizacionais.
capítulo 6 • 221
• No nível institucional ou estratégico, o planejamento envolve a determi-
nação dos objetivos;
• No nível intermediário, trata-se da alocação de recursos, traduzindo e in-
terpretando as decisões estratégicas, transformando-as em planos concretos
em nível departamental;
• No nível operacional, o planejamento desdobra os planos de táticos, de
cada departamento, em planos operacionais, de cada tarefa.
→ Organizar
Organizar é o segundo passo do Processo de Administrar, consiste em pro-
curar a melhor forma para executar o que foi planejado. Nesse momento é im-
portante a eficiência das operações.
Para Stoner (1999), organizar é o processo de arrumar e alocar o trabalho, a
autoridade e os recursos entre os membros de uma organização, de modo que
eles possam alcançar eficientemente os objetivos da mesma.
222 • capítulo 6
Segundo Chiavenato (2000, p. 202), organizar consiste em:
capítulo 6 • 223
A escolha da estrutura organizacional adequada para a operacionalização
de determinada estratégia pode representar o sucesso ou o fracasso da ação da
organização. A estrutura organizacional fornece papéis e status, relacionados
com os cargos ou as funções do indivíduo na organização formal, é importante a
empresa desenvolver e cultivar valores que darão aos funcionários significados
pessoais, tornando-os mais seguros e conscientes das posições que ocupam.
A estrutura organizacional será modelada para cada organização, depen-
dendo do seu tamanho, objetivos, missão, etc.
O que influencia a modelagem da estrutura organizacional é a amplitude
administrativa, que diz respeito ao número de subordinados que um chefe
pode supervisionar com eficiência.
Os fatores que interferem na determinação da amplitude administrativa
ideal são: tecnologia utilizada; interdependência entre os subordinados; simi-
laridade entre as funções; qualificação dos subordinados.
A função de organização também estabelece a inter-relação entre os órgãos,
que pode ser uma relação hierárquica ou coordenativa. Podem-se construir os
seguintes modelos de estruturas organizacionais, baseando se no tipo de auto-
ridade disponível:
Organização Linear: é uma estrutura simples, baseada na autoridade line-
ar, em que as funções geralmente são dispostas em “uma organização de linha
em que a cadeia de comando é clara e descendente através dos níveis geren-
ciais”. Comporta chefes que devem entender um pouco de tudo; essa estrutura
promove e facilita a tomada de decisões, estabelecendo relações funcionais e
hierárquicas pouco complexas.
Organização Linha-Staff: permite a convivência da assessoria com as posi-
ções de linha, existe uma equipe de especialistas capaz de resolver questões mais
específicas, que demandem um nível de conhecimento mais profundo; Os ór-
gãos de linha concentram suas atividades no alcance dos objetivos e os órgãos de
staff concentram suas atividades na prestação de serviços especializados, acon-
selhamento e consultoria técnica, auxiliando a linha por meio de sugestões.
Cabendo assim autoridade hierárquica para os administradores de linha e
autoridade técnica ou funcional para os administradores de assessoria.
Há meios pelos quais a empresa opta para alcançar objetivos, em razão de
determinadas estratégias como o desenho de cargos e tarefas, especialização e
enriquecimento de cargos e desenho de cargos e pessoa.
224 • capítulo 6
Por isso, o processo de organizar exige racionalização do trabalho objeti-
vando minimizar desperdícios e otimizar a produtividade para alcançar ótimos
resultados. Organizar significa buscar a melhor maneira para agir.
→ Liderar/Dirigir
Segundo Fayol, o papel da Direção consiste em Dirigir e Conduzir a empresa
no sentido de atingir os objetivos visados, razão de ser da empresa. Devendo
haver um único plano e um só diretor para dirigir todas as operações que tive-
ram o mesmo objetivo. Todos os esforços dirigidos ao mesmo alvo, devem estar
coordenados para uma autoridade.
Liderar é a função mais difícil de se definir, devido à sua complexidade e varie-
dade de conceitos. Esse trabalho não pretende fazer uma grande discussão sobre
aos diferentes estilos de liderança e suas influências. Em poucas palavras, liderar
é usar das habilidades técnicas, conceituais e principalmente humanas, para se
construir junto às pessoas o resultado esperado. Para Stoner (1999) liderar sig-
nifica dirigir, influenciar e motivar os empregados a realizar tarefas essenciais.
Chiavenato (2000) diz que: Definido o planejamento e estabelecida a organiza-
ção, resta fazer as coisas andarem e acontecerem. Este é o papel da direção (lide-
rança): acionar e dinamizar a empresa. A direção (liderança) está relacionada com
a ação, com o colocar-se em marcha, e tem muito a ver com as pessoas. Ela está
relacionada diretamente com a atuação sobre os recursos humanos da empresa.
Para que o planejamento e a organização possam ser eficazes, precisam ser
complementados pela orientação a ser dada ás pessoas por meio da liderança, e
essa orientação é dada pelo administrador no desempenho da função de direção,
função que se refere á relações interpessoais dos administradores com seus su-
bordinados. Por sua relação direta e constante com as pessoas, a habilidade mais
preponderante na liderança é a habilidade pessoal. Saber se comunicar sem ruí-
dos, ter sensibilidade e facilidade em se relacionar bem com as pessoas é impres-
cindível para que se possa construir e fazê-las construir os melhores resultados.
A função de direção está diretamente ligada a autoridade e poder. Poder é
o potencial para exercer influência, autoridade é o poder institucionalizado,
inerente ao papel de um cargo, a autoridade proporciona o poder, entretanto
o poder não proporciona necessariamente a autoridade. Mas ambos são mani-
festações de influência.
A função de direção nos diversos níveis hierárquicos assume aspectos dife-
renciados, a forma de exercer a função dependerá das características específi-
cas das tarefas desempenhadas nos diferentes níveis.
capítulo 6 • 225
A função de direção no nível operacional é chamada de supervisão, e suas as
características específicas são:
REFLEXÃO
A importância dos princípios neoclássicos
Os princípios neoclássicos têm um papel na Administração equivalente ao das leis nas
ciências físicas, pois visam demonstrar uma relação de causa-efeito. Enquanto a lei é uma
demonstração de certos fenômenos que ocorrem sob determinadas condições, o princípio
é uma proposição geral aplicável a determinados fenômenos para proporcionar guias para
a ação. Os princípios não devem ser usados de maneira rígida e absoluta, mas relativa e fle-
xível, porquanto devem ser aplicados a situações diversas, sujeitas a uma multiplicidade de
variáveis que independem do controle do administrador.
226 • capítulo 6
Daí o nome de princípios gerais de Administração, pois devem ser aplicados em aspectos ge-
néricos, com base no bom senso do administrador. Ocasiões acontecem em que a aplicação de
um dos princípios pode contrariar a aplicação de um outro. O aspecto mais vantajoso ou mesmo o
bom senso deverá ser o critério na escolha do princípio mais adequado a uma situação.
→ Controlar
Para o Fayol, o controle significa verificar se os procedimentos do pessoal se
acordam com as regras e os princípios estabelecidos na empresa.
Estabelecendo padrões e medidas de desempenho que permitam assegurar
que as atitudes empregadas são as mais compatíveis com o que a empresa espe-
ra. O controle das atividades desenvolvidas permite maximizar a probabilidade
de que tudo ocorra conforme as regras estabelecidas e ditadas.
O controle compreende a verificação da compatibilidade entre a ação orga-
nizacional e o plano que a determinou.
O controle é a última função desempenhada, porque só é possível ocorrer
depois que as demais funções forem completadas; ele está intimamente ligado
ao planejamento, pois estabelece metas e métodos para atingi-las.
A função de controle é importante porque complementa as demais funções,
procurando garantir que os rumos da ação individual e grupal sejam compatí-
veis com os objetivos organizacionais.
O Processo de controle envolve quatro fases:
capítulo 6 • 227
A informação é à base do controle gerencial, deverão ser comunicadas de
uma forma correta, no tempo certo e pessoas certas. Um bom sistema de infor-
mação facilita muito cada uma das funções gerenciais, e principalmente úteis
quando se trata do planejamento e do controle.
REFLEXÃO
Apreciação Crítica da Teoria Neoclássica:
228 • capítulo 6
O enfoque organizacional tem como objetivo estudar as organizações. Dentre os aspec-
tos focados estão as características das mesmas e a forma como elas se estruturam.
O primeiro autor a estudar as organizações, foi Max Weber que definiu o conceito de bu-
rocracia. De acordo com ele a burocracia é baseada em três princípios básicos: formalidade,
impessoalidade e profissionalismo.
Na verdade, as organizações não aplicam esses princípios da forma como propôs Weber
e em função disso, vários autores criticaram o conceito de burocracia e apresentaram pro-
postas alternativas.
Dentre as críticas à burocracia temos as disfunções que são: particularismo, patrimonia-
lismo, excesso de regras, excesso de hierarquia e mecanicismo.
Como proposta alternativa às ideias de Weber, Amitai Etzioni categorizou as organiza-
ções em função do tipo de poder exercido sobre as pessoas. Foram identificados três tipos
de organização: coercitiva, utilitária e mecanicista.
Antes da Segunda Grande Guerra, a Administração nos Estados Unidos era domi-
nada por princípios ditados por Taylor e Ford, que a viam como uma ciência (CA-
RAVANTES et al., 2005). Peter Druker, que vinha de uma formação liberal, optou
por vê-la como uma filosofia. Em vez de analisar cada tarefa em detalhe, ele buscou
princípios gerais da Administração subjacentes a todas as tarefas gerenciais. Em
lugar de simplesmente administrar processos, os administradores devem estabe-
lecer objetivos para, então, trabalhar em direção a eles (CARAVANTES et al., 2005).
capítulo 6 • 229
Administração por Objetivos (APO), é uma expressão cunhada por Peter
Druker em 1955, no livro The pratice of management. A APO indica um pro-
cesso participativo de estabelecimento de objetivos e avaliação do desempenho
das pessoas (MAXIMIANO, 2004).
O processo hierárquico, no qual o chefe simplesmente define os objetivos e
os transmite pela cadeia de comando abaixo, para depois avaliar o desempenho
da equipe, foi remodelado para que indivíduos de níveis inferiores da organiza-
ção pudessem participar do processo decisório (MAXIMIANO, 2004).
Para Peter Druker, teórico reconhecido em áreas como estratégia e empreende-
dorismo, as instituições somente existem para atingir algum objetivo. Para as empre-
sas privadas, esse objetivo é o desempenho econômico. Neste contexto, o adminis-
trador possui três reponsabilidades: a) atingir o desempenho econômico; b) tornar
o trabalho produtivo de modo que o desempenho seja atingido mais facilmente; c)
gerenciar os impactos que a empresa, como organização, tem em seu ambiente.
A APO é um processo pelo qual os vários níveis da estrutura organizacional
identificam objetivos comuns, definem as áreas de responsabilidade de cada
um em termos de resultados esperados e utilizam esses objetivos como guias
para sua atividade. Definindo as metas e objetivos em conjunto pelos gerentes e
subordinados, as responsabilidades são especificadas para cada um em função
dos resultados esperados, que passam a constituir os indicadores ou padrões
de desempenho sob os quais ambos serão avaliados (CHIAVENATO, 2003).
Esta teoria da administração está fundamentada em duas hipóteses básicas. Em
primeiro lugar, se alguém está muito interessado em uma meta, provavelmente irá
se esforçar mais para alcançá-la, do que se estivesse menos comprometido com ela.
A segunda hipótese, o princípio da profecia autorrealizável, afirma que sempre que
predizemos que algo vai acontecer, fazemos todo o possível para fazê-lo acontecer.
A APO tem por premissa que os indivíduos preferem ser avaliados de acor-
do com critérios objetivos e por padrões que consideram possíveis de atingir.
Nesse método, as pessoas devem participar do estabelecimento de metas e da
identificação dos critérios que serão usados para avaliar e recompensar seu de-
sempenho. Algumas das metas podem ser medidas em termos quantitativos
(como vendas, produção, volume, despesas ou lucros), enquanto outras serão
calculadas em termos qualitativos (como relações com os clientes, um plano de
marketing ou desenvolvimento de empregados).
A APO funciona hoje como uma abordagem amigável, democrática e parti-
cipativa servindo de base para os novos esquemas de avaliação do desempenho,
230 • capítulo 6
remuneração flexível e, sobretudo, para o alinhamento entre os objetivos da or-
ganização e os objetivos individuais (CHIAVENATO, 2003).
capítulo 6 • 231
c) Manter-se dentro dos princípios de administração. Focar nos alvos vi-
tais do negócio;
d) O objetivo deve ser difícil de ser atingido, mas não a ponto de ser
impossível;
e) O objetivo deve estar atrelado à maximização da riqueza dos acionistas,
que deve ser, para alguns autores, o objetivo único.
CURIOSIDADE
Estratégia e Tática
A diferença básica entre estratégia e tática reside nos seguintes pontos: em primeiro lu-
gar, a estratégia se refere à organização como um todo, pois procura alcançar objetivos orga-
nizacionais globais, enquanto a tática se refere a um de seus componentes (departamentos
232 • capítulo 6
ou unidades, isoladamente), pois procura alcançar objetivos departamentais. A estratégia se
compõe de muitas táticas simultâneas e integradas entre si. Em segundo lugar, a estratégia
se refere aos objetivos situados a médio e longo prazo. Para implementação da estratégia,
tornam-se necessárias muitas táticas que se sucedem ordenamente no tempo. Em terceiro
lugar, a estratégia é definida pela alta administração, enquanto a tática é da responsabilidade
da gerência de cada departamento ou unidade da empresa.
Fonte: Chiavenato (2003)
Balanced Scorecard
O título deste tópico não foi escolhido ao acaso: refere-se a parâmetros e crité-
rios direcionados às avaliações que permitem confirmar evolução e realização
de atividades ou de processos da organização ou, especificamente, de um dado
negócio.
Durante muitos anos, acreditou-se que alguns pontos da organização pos-
suíam grande dificuldade para a sua avaliação, por serem subjetivos. Para en-
tender melhor, imagine como ponderar o rendimento de um escritor que num
dia escreve 20 páginas e no outro escreve duas. Recorrendo à velha e boa mate-
mática, seria muito mais fácil medir seu trabalho, ou seja, em dois dias temos
22 páginas (20 páginas do primeiro dia somadas às duas páginas do segundo.
Isso significa dizer que temos um escritor capaz de produzir em média 11 pá-
ginas por dia, o que não constitui uma verdade na prática. Portanto, existem
outros fatores – como o emocional, a saúde, entre outros – que influenciam
positiva ou negativamente e não podem ser esquecidos e é neste ponto que o
Balanced Scorecard irá atuar (ARAUJO, 2007).
Esta nova arma para o sucesso na gestão organizacional estratégica foi
criada pelos professores de Harvard Business School Robert Kaplan e David
Norton, que divulgaram suas ideias com a publicação de um artigo na Harvard
Business Review, em 1992 (ARAUJO, 2007).
A proposta de Kaplan e Norton parte do pressuposto de que as empresas
constroem metas estratégicas, mas não desenvolvem um sistema amplo e di-
versificado de acompanhamento para o dia a dia da empresa e dos gestores di-
visionais. Assim, os autores propõem um sistema simples e eficiente de acom-
panhamento do desempenho da estratégia da empresa (ARAUJO, 2007).
capítulo 6 • 233
Os próprios autores fazem questão de enfatizar que, na realidade, um sistema
semelhante é utilizado na Europa, principalmente na França, já há mais de duas
décadas, denominado de “Tableau de Bord”, o qual tem por finalidade a iden-
tificação dos fatores-chave de sucesso, principalmente aqueles que podem ser
medidos por variáveis físicas. O Balanced Scorecard é um sistema de informação
para gerenciamento da estratégia empresarial. Traduz as estratégias da empresa
em medidas de desempenho financeiras e não financeiras (PADOVEZE, 2003).
234 • capítulo 6
A seguir as dimensões do Balanced Scorecard:
Financeiro
Para ter sucesso
financeiramente, como nós
devemos aparecer para os
nossos investidores?
Aprendizado e crescimento
Para alcançar nossa visão,
como sustentar a habilidade
de mudar e progredir?
1. Tradução da visão;
2. Comunicação e comprometimento;
3. Planejamento de negócios e;
4. Feedback e aprendizado.
capítulo 6 • 235
Comunicação e comprometimento permitem aos gestores comunicar sua estratégia,
ao longo de todo o sistema empresa e ligando os objetivos empresariais aos departa-
mentais e individuais. O Scorecard proporciona aos gestores uma forma de assegurar
que todos os níveis da organização atendam às estratégias de longo prazo e que tanto
os objetivos departamentais quanto os individuais estejam alinhados entre si.
1. Indicadores financeiros:
• Retorno sobre o investimento/ Valor Econômico Adicionado;
• Lucratividade;
• Aumento/ mix de receita e;
• Redução de custos.
236 • capítulo 6
3. Medidas essenciais de aprendizado e crescimento
• Satisfação dos funcionários;
• Retenção dos funcionários;
• Lucratividade por funcionário e;
• Produtividade por funcionário.
capítulo 6 • 237
ou vendas sobre as atividades de compras, de produção e administrativas e sobre
o número de funcionários que precisam ser contratados desempenhar todas es-
sas funções. Então, o orçamento é uma ferramenta de coordenação e integração
das atividades da organização e ajuda identificar problemas de coordenação. Por
exemplo, suponha que a força de vendas planeje ampliar as vendas significativa-
mente. Comparando os planos de venda com a capacidade de produção, os pla-
nejadores podem descobrir que a capacidade fabril instalada é insuficiente para
apoiar o nível planejado de vendas. Sistemas computacionais de alta velocidade
são inestimáveis nesse papel de coordenação, porque eles permitem aos plane-
jadores simular facilmente, o impacto de várias alternativas excludentes sobre o
desempenho da empresa, entendendo que o termo desempenho não está ligado
somente às questões financeiras (ATKINSON et al., 2000).
O estabelecimento do orçamento aglutina objetivos, planos, decisões e ava-
liação de desempenho de empregados. As inter-relações do orçamento com os
relatórios contábeis e com o processo decisório da administração encontram-
se na figura a seguir.
Organização Indivíduo
Condições projetadas
para o período de Expectativas e
orçamento crenças do indivíduo
Orçamento
238 • capítulo 6
Segundo Padoveze (2003), os propósitos gerais que devem estar contidos no
plano orçamentário podem ser:
capítulo 6 • 239
Orçamento Participativo X Ditatorial
240 • capítulo 6
Resultados do Orçamento
2. Plano de produção
6. Plano de capacidade
4. Política de estoques 5. Plano de produção
produtiva
capítulo 6 • 241
1. Plano de vendas (caixa 2) identifica o nível planejado de vendas;
2. Plano de gastos de capital (caixa 3) especifica os investimentos de capi-
tal a longo prazo, tais como máquinas e equipamentos, que devem ser realiza-
dos para atender aos objetivos de capacidade produtiva desejados;
3. Plano de produção (caixa 5) programa todas as necessidades de produção;
4. Plano de aquisição de materiais (caixa 7), programa todas as atividades
de compras, que está ligado por sua vez, as decisões de estocagem;
5. Plano de contratação e de treinamento de mão de obra (caixa 8) espe-
cifica o número de pessoas que a empresa deve contratar, treinar ou despedir
para alcançar os objetivos de suas atividades e;
6. Plano de gastos administrativos e discricionários (caixa 9) inclui admi-
nistração, assessoria, pesquisa e desenvolvimento e publicidade (ATKINSON,
2000).
242 • capítulo 6
suas funções. Por isso, as metas específicas tendem a limitar o potencial das pes-
soas, por não levarem seus esforços à melhoria constante. No outro extremo, me-
tas exigentes demais, especialmente quando ditadas sem a participação dos ges-
tores, levam os indivíduos a manipular ou falsear dados a fim de as alcançarem.
Uma pesquisa da Bausch & Lomb, como exemplo, constatou que os geren-
tes de divisão se dedicavam a numerosas práticas questionáveis – tais como in-
flar receitas por meio de vendas falsas, despachar produtos que nunca foram
pedidos e obrigar os distribuidores a ficar com mercadorias não desejadas –,
em grande parte porque o presidente da companhia insistia para que os geren-
tes alcançassem objetivos de crescimento anual de dois dígitos, demitindo os
que não o conseguiam (ROBBINS, 2000).
Essas críticas às metas específicas são potencialmente corretas. Mas podem
ser superadas. Uma das alternativas é que os gerentes se certifiquem de que os
funcionários possuem metas múltiplas e que se dediquem tanto à qualidade
como à quantidade da produção. Um trabalhador ou equipe de produção devem
ser avaliados quanto ao número de produtos rejeitados e também quanto ao total
que produzem, ou seja, um indicador da eficiência do trabalhador. Do mesmo
modo, avaliar o número de reclamações registradas contra funcionários do aten-
dimento acrescenta uma meta de qualidade à avaliação de desempenho.
Outra solução é tratar a fixação de metas como uma atividade contínua, me-
tas essas regularmente revisadas e atualizadas. Além disso, os indivíduos que
estabelecem metas difíceis devem ser recompensados, mesmo que elas não se-
jam inteiramente alcançadas. Metas tendem a limitar mais o esforço individual
quando as pessoas acreditam que serão castigadas por não alcançá-las, o que
traria o incentivo para que se fixassem metas mais fáceis de serem atingidas.
Por isso, os funcionários devem ser encorajados a estabelecer metas ambicio-
sas que ampliem suas qualificações, e não devem ser levados a temer as reper-
cussões caso falhem (ROBBINS, 2000).
REFLEXÃO
Críticas quanto aos objetivos
Essas críticas às metas específicas são potencialmente corretas. Mas podem ser supera-
das. Uma das alternativas é que os gerentes se certifiquem de que os funcionários possuem
metas múltiplas e que se dediquem tanto à qualidade como à quantidade da produção. Um tra-
balhador ou equipe de produção devem ser avaliados quanto ao número de produtos rejeitados
e também quanto ao total que produzem, ou seja, um indicador da eficiência do trabalhador. Do
capítulo 6 • 243
mesmo modo, avaliar o número de reclamações registradas contra funcionários do atendimen-
to acrescenta uma meta de qualidade à avaliação de desempenho. Outra solução é tratar a fixa-
ção de metas como uma atividade contínua, metas essas regularmente revisadas e atualizadas.
Além disso, os indivíduos que estabelecem metas difíceis devem ser recompensados, mesmo
que elas não sejam inteiramente alcançadas. Metas tendem a limitar mais o esforço individual
quando as pessoas acreditam que serão castigadas por não alcançá-las, o que traria o incentivo
para que se fixassem metas mais fáceis de serem atingidas. Por isso, os funcionários devem ser
encorajados a estabelecer metas ambiciosas que ampliem suas qualificações, e não devem ser
levados a temer as repercussões caso falhem (ROBBINS, 2000).
LEITURA
Artigo 1:
Paduan, R. Transfusão de gestão. Revista Exame: 30/04/2009.
Disponível em:http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/0942/economia/
transfusao-gestao-466890.html. Acesso em 07/03/2010.
Artigo 2:
Título: Entendendo o futebol como um negócio – um estudo exploratório
LEONCINI, Marvio Pereira; SILVA, Márcia Terra da. Entendendo o futebol como um negó-
cio: um estudo exploratório. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_art-
text&pid=S0104-530X2005000100003&lng=pt&nrm=iso>. Acessos em 08 mar. 2010.
doi: 10.1590/S0104-530X2005000100003.
Artigo 3:
Desafios gerenciais para a reconfiguração da administração burocrática Brasileira
REZENDE, Flávio da Cunha. Desafios gerenciais para a reconfiguração da administração
burocrática Brasileira. Sociologias, Porto Alegre, n. 21, jun. 2009 . Disponível em <http://www.
scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-45222009000100014&lng=pt&nrm=i-
so>. acessos em 08 mar. 2010. doi: 10.1590/S1517-45222009000100014.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAUJO, L, C, G. Organização, sistemas e métodos e as tecnologias de gestão organizacional:
arquitetura organizacional, benchmarking, enpowerment, gestão pela qualidade total, reengenharia.
Volume 1- 3. ed. – São Paulo: Atlas, 2007.
244 • capítulo 6
ATKINSON, A, A. et al. Contabilidade Gerencial. Tradução André Olímpio Mosselman Du Chenoy
Castro; revisão técnica Rubéns Famá.- São Paulo: Atlas, 2000.
BATEMAN, T; SNELL, S. Administração: construindo vantagem competitiva. São Paulo: Atlas, 1998.
CARAVANTES, G. R.; PANNO, C. C.; KLOECKNER, M, C. Administração: teoria e processos. São
Paulo: Perarson Prentice Hall, 2005.
CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração: uma visão abrangente da moderna
administração das organizações. 7. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
CURY, A. Organização e métodos: uma visão holística. São Paulo: Atlas, 2000.
DAFT, R. Administração. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.
MAXIMIANO, A, C, A. Introdução à administração. 6. Ed. rev. Ampliada – São Paulo: Atlas, 2004.
MAHER, M. Contabilidade de Custos: criando valor para a administração. Tradução: José Evaristo
dos Santos – São Paulo: Atlas, 2001.
PADOVEZE, C, L. Controladoria estratégica e operacional: conceitos, estrutura, aplicação. São
Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003.
RIBEIRO, A. L. Teorias da Administração. São Paulo: Saraiva, 2003.
WREN, Daniel A. The history of management thought. 5rd. New Jersey: Wiley, 2005.
capítulo 6 • 245
246 • capítulo 6
7
Abordagem
Sistêmica da
Administração
A Abordagem Sistêmica tem sua origem na Biologia e nasceu da compa-ração
da organização com a dinâmica dos organismos vivos, os quais são por natu-
reza sistemas abertos. Sistemas abertos são formados por partes interdepen-
dentes e interagentes que buscam um objetivo comum, que é influenciados e
influencia o ambiente externo. No entanto, não é uma teoria aplicável a todo o
universo, mas uma forma de ordenar o processo de pensar as coisas existentes,
especialmente se forem entidades complexas, a exemplo das organizações.
A ideia central do enfoque sistêmico é o conceito de sistema, que ajuda a
entender como se dá a interação entre as partes da organização e entre ela e o
ambiente empresarial. De acordo com a abordagem sistêmica, uma organiza-
ção é formada por dois sistemas que interagem entre si:
OBJETIVOS
• Aprender sobre a Teoria Matemática da Administração
• Entender sobre a Pesquisa Operacional e sua influência para a TGA
• Apresentar os conceitos básicos do enfoque sistêmico.
• Discutir as principais teorias do enfoque sistêmico.
• Mostrar ao aluno como o enfoque sistêmico é utilizado na administração.
• A importância da tecnologia para a administração.
• Conhecer a teoria da informação.
248 • capítulo 7
7.1 Teoria Matemática da Administração
A TGA recebeu muitas contribuições da Matemática sob a forma de modelos
matemáticos para proporcionar soluções de problemas empresariais. Mui-
tas decisões administrativas são tomadas com base em soluções contidas em
equações matemáticas que simulam situações reais (CHIAVENATO, 2003).
A Teoria Matemática aplicada a soluções dos problemas administrativos é
conhecida como Pesquisa Operacional (PO), sendo uma corrente que localiza e
que enfatiza o processo decisório e o trata de modo lógico e racional através de
uma abordagem quantitativa, determinística e lógica.
A maior aplicação da Teoria Matemática está na Administração das
Operações em organizações da manufatura e de serviços que envolvem ativida-
des relacionadas com produtos e serviços, processo e tecnologia, localização in-
dustrial, gerenciamento da qualidade, planejamento e controle de operações.
Os temas mais tratados pelas Administrações das Operações são as operações,
serviços, qualidade, estratégia de operações e tecnologia (CHIAVENATO, 2003).
capítulo 7 • 249
Processo Decisório
A Teoria Matemática desloca a ênfase na ação para a ênfase na decisão que a an-
tecede. O processo decisório é o seu fundamento básico. A tomada de decisão
é o ponto focal da Teoria da Matemática. A tomada de decisão é estudada sob
duas perspectivas (CHIAVENATO, 2003):
• Definição do problema;
• Quais as alternativas possíveis de solução do problema;
• Qual é a melhor alternativa de solução (escolha);
250 • capítulo 7
Problema estruturado é aquele que pode ser perfeitamente definido, pois
suas principais variáveis conhecidas.
Problemas não estruturados já são diferentes, eles não podem ser clara-
mente definidos pois uma ou mais de suas variáveis é desconhecida ou não
pode ser determinada com algum grau de confiança.
Esses problemas podem ser resolvidos através de dois tipos de decisões:
as programadas e as não programadas. A decisão programada é aquela que é
caracterizada pela rotina e repetitividade, com dados evidentes, certeza, são
previsíveis. Já as decisões não programadas têm dados inadequados, únicos e
imprevisíveis, elas têm difícil controle, pois são problemas incomuns, incertos.
A teoria matemática então aparece para resolver os problemas com julgamento
objetivo e lógico, sem confiar na intuição ou criatividade para solucionar esses
problemas (CHIAVENATO, 2003).
Pesquisa Operacional
• Formular o problema;
• Construir um modelo matemático para representar o sistema;
• Deduzir uma solução do modelo;
capítulo 7 • 251
• Testar o modelo e a solução;
• Estabelecer controle sobre a solução;
• Colocar a solução em funcionamento;
252 • capítulo 7
função do objetivo prefixado. A PL é aplicável à programação de processos de-
cisórios para obter custo mínimo e rendimento máximo, sendo essa uma das
suas características dentre as demais, como supor a escolha entre as alterna-
tivas ou combinação delas; considerar limites ou restrições que a cercam e as
variáveis que devem ser quantificáveis e ter relações lineares entre si.
• Programação Dinâmica: É aplicada em problemas que têm várias fases
inter-relacionadas, em que se deve adotar uma decisão adequada a cada uma
das fases, sem perder de vista o objetivo final.
• Analise estatística e cálculo de probabilidade: É o método matemático utili-
zado para obter a mesma informação com a menor quantidade de dados. Uma de
suas aplicações mais conhecidas é o controle estatístico de qualidade na área de
produção. A ideia inicial era aplicar metodologia estatística na inspeção de quali-
dade, passando depois ao controle estatístico de qualidade e chegando à qualidade
assegurada a fim de obter conformidade com as especificações e proporcionar alto
grau de confiabilidade, durabilidade e desempenho nos produtos. Esse controle de
qualidade tem como objetivo localizar desvios, erros, defeitos ou falhas no proces-
so produtivo, comparando o desempenho com o padrão estabelecido, sendo essa
comparação feita por controle de qualidade 100% com inspeção total, controle de
qualidade por amostragem sendo por lotes de amostra recolhidos para serem ins-
pecionados, não interferindo no processo produtivo, porém se a amostra é aprova-
da, todo o lote é aprovado, e por fim pelo controle de qualidade aleatória, sendo a
probabilidade que consiste em inspecionar apenas certa porcentagem de produ-
tos ou do trabalho aleatório. Enquanto o controle estatístico de qualidade (CEQ)
é aplicável apenas no nível operacional, a qualidade total estende o conceito de
qualidade a toda a organização, desde o nível operacional até o nível institucional.
Estratégia Organizacional
capítulo 7 • 253
A necessidade de indicadores de desempenho
REFLEXÃO
A Teoria Matemática trouxe uma enorme contribuição à Administração, oferecendo técnicas
de planejamento e controle no emprego de recursos materiais, financeiros, humanos, etc, e
um formidável suporte na tomada de decisões, no sentido de otimizar a execução de traba-
lhos e diminuir os riscos envolvidos nos planos que afetam o futuro a curto o longo prazo.
Apesar dos benefícios, é importante salientar que ela apresenta algumas limitações, pois
ela apresenta aplicações de projetos que envolvam órgãos ou grupos de pessoas, mas não
aplicações globais envolvendo toda a organização como um conjunto. Além disso, a Teoria
Matemática reduz todas as situações a números ou expressões matemáticas para serem
desenvolvidas, mas a maior parte dos problemas nem sempre apresenta condições de ser
resolvida por expressões numéricas ou quantitativas. Ela também oferece poucas técnicas
em níveis elevados na hierarquia empresarial, pois se restringe à pesquisa e à investigação
das operações situadas no nível operacional da organização.
254 • capítulo 7
Tecnologia e Informação Para a TGA
capítulo 7 • 255
Isto é, produção por unidades, em grandes quantidades ou dentro de um pro-
cesso contínuo com poucos operários monitorando um processo automatizado.
A tecnologia adotada por uma empresa provoca forte impacto nos controles ad-
ministrativos e exerce influência na importância concedida às suas várias funções.
Ela precisa ser administrada por meio de decisões racionais para produzir eficiência.
Cibernética
O Computador e a cibernética
O computador tem sua origem na Cibernética. O primeiro esforço científico integrado no
sentido de reunir diferentes áreas e especialidades da ciência matemática, engenharia,
medicina, eletrônica, física, neurologia, etc, para a construção de uma máquina complexa
que teria funcionamento parecido com o cérebro humano: o cérebro eletrônico.
Este foi o primeiro nome dado ao computador, então uma máquina gigantesca dotada de
válvulas e de circuitos complicados. Uma máquina burra que precisava ser previamente
programada em seus mínimos detalhes para poder funcionar. Um enorme hardware que
256 • capítulo 7
requeria um enorme software. Logo, surgiram os mainframes (computadores de grande
porte para uso corporativo). Mas foi o aparecimento do computador pessoal (PC) em
1975 que popularizou o computador, e proporcionaria a informática em larga escala, tan-
to corporativa como individual ou doméstica – e a substituição dos antigos centros de
processamento de dados corporativos em redes corporativas de informação.
Um novo mundo organizacional estava sendo criado. A tecnologia estava oferecendo
soluções para atender às necessidades organizacionais de crescimento e complexidade.
Mas adiante, a tecnologia passaria a se antecipar a estas necessidades gerando novas
perspectivas e oportunidades para as organizações.
Origens da Cibernética
capítulo 7 • 257
– Emprego na criação de máquinas de comportamento autorregulável
(computador e robô), em Engenharia, Biologia, Sociologia e, finalmente, na te-
oria administrativa.
Entradas Saídas
Processo
Feedback
258 • capítulo 7
da mão e do objeto; o cérebro vai repetindo a ordem para corrigir eventuais desvios até
que o objeto seja alcançado.
O sistema nervoso funciona através de processos circulares de ida e de retorno (re-
troação) de comunicação, que partem dele para os músculos e retornam por meio dos
órgãos dos sentidos. A retroaçào confirma se o objetivo foi cumprido, o que é funda-
mental para o equilíbrio do sistema.
capítulo 7 • 259
b) Entropia: processo pelo qual um sistema tende à exaustão e, para se
manter, busca reabastecer-se de energia e informação no ambiente externo
(CHIAVENATO, 2003).
REFLEXÃO
Vale lembrar que “complexo” não é sinônimo de “complicado”. Diz-se que alguma coisa é com-
plexa quando é constituída de inúmeras partes que funcionam entre si em relações de inter-
dependência ou de subordinação, formando um todo mais ou menos coerente. Complicado é
tudo aquilo que se apresenta para nós de forma confusa ou desorganizada ou que nós assim o
tornamos por nossa dificuldade de lidar com a situação, fato, pessoa, objeto etc (DAFT,
260 • capítulo 7
Quanto mais turbulento o ambiente em que a empresa estiver inserida, maior
terá de ser sua flexibilidade para providenciar uma resposta adequada às mu-
danças provocadas pelo ambiente
Mas como o enfoque sistêmico ajuda a lidar com a complexidade?
O enfoque sistêmico fornece os subsídios necessários para as organizações
lidarem com a mudança por meio do conceito de complexidade, que é a pro-
priedade de um sistema estar apto a adotar um grande número de estados ou
comportamentos, podendo ser medida pela variedade, que é o número de pos-
síveis estados de um sistema.
Dentre as diversas contribuições do enfoque sistêmico para as empresas
destacam-se (MAXIMIANO, 2006):
Teoria da Forma
O conceito básico da teoria da forma foi desenvolvido por Max Wertheimer e ou-
tros psicólogos alemães entre os anos de 1912 e 1940. De acordo com a teoria da
forma, ou Gestalt, a natureza de cada elemento de um conjunto é definida pela
estrutura e pela finalidade desse mesmo conjunto. Isso significa que qualquer
elemento de um sistema não é visto isoladamente, e sim como parte do todo, ou
seja, como parte do sistema. O sistema é visto como um todo, e não como um
conjunto de elementos atuando de forma independente (MAXIMIANO, 2006).
Vamos utilizar um exemplo para entender melhor este conceito?
Quando olhamos um carro em movimento na rua, enxergarmos esse siste-
ma como um todo, não ficamos reparando nas partes que compõem o carro e
interagem para colocá-lo em movimento. Do mesmo modo quando focamos
um dos elementos do carro, por exemplo, o pneu, geralmente o enxergamos
como parte do carro. Ficou mais fácil agora?
capítulo 7 • 261
Principais Características das Organizações como Sistemas Abertos
262 • capítulo 7
e) Fronteiras ou limites: é a linha imaginária que serve para marcar o que
está dentro e o que está fora do sistema. Nem sempre a fronteira de um sistema
existe fisicamente – fronteiras permeáveis – sobreposições e intercâmbios com
os sistemas do ambiente;
f) Morfogênese: capacidade de se modificar, de determinar o cresci-
mento e as formas da organização, de se corrigir e de obter novos e melhores
resultados;
g) Resiliência: capacidade de o sistema superar o distúrbio imposto por
um fenômeno externo. As organizações, como sistemas abertos, apresentam
a capacidade de enfrentar e superar perturbações externas provocadas pela so-
ciedade sem que desapareça seu potencial de auto-organização;
h) Sinergia: esforço simultâneo de vários órgãos que provoca um resulta-
do ampliado. A soma das partes é maior do que o todo (2 + 2 = 5 ou mais);
i) Entropia: consequência da falta de relacionamento entre as partes de
um sistema, o que provoca perdas e desperdícios. É um processo inverso a si-
nergia, a soma das partes é menor que o todo (2 + 2 = 3). A entropia leva o siste-
ma à perda de energia, decomposição e desintegração.
Por volta da década de 1950, o biólogo alemão Ludwig von Bertalanffy elaborou
uma teoria interdisciplinar para transcender os problemas exclusivos de cada
ciência e proporcionar princípios gerais (sejam físicos, biológicos, sociológi-
cos, químicos etc.) e modelos gerais para todas as ciências envolvidas, de modo
que as descobertas efetuadas em cada uma pudessem ser utilizadas pelas de-
mais (CHIAVENATO, 2007).
O método que procura entender como os sistemas funcionam é a teoria ge-
ral dos sistemas, que compreende duas ideias básicas:
capítulo 7 • 263
CURIOSIDADE
Karl Ludwig von Bertalanffy (Viena, 19 de setembro de 1901 — Buffalo, Nova Iorque, 12
de junho de 1972) foi um biólogo austríaco.
Foi o criador da teoria geral dos sistemas. Cidadão austríaco, desenvolveu a maior parte
do seu trabalho científico nos Estados Unidos.
Bertalanffy fez os seus estudos em biologia e interessou-se desde cedo pelos organis-
mos e pelos problemas do crescimento.
Os seus trabalhos iniciais datam dos anos 20 e são sobre a abordagem orgânica. Com
efeito, Bertalanffy não concordava com a visão cartesiana do universo. Colocou então uma
abordagem orgânica da biologia e tentou fazer aceitar a ideia de que o organismo é um todo
maior que a soma das suas partes. Criticou a visão de que o mundo é dividido em diferentes
áreas, como física, química, biologia, psicologia, etc. Ao contrário, sugeria que se deve estudar
sistemas globalmente, de forma a envolver todas as suas interdependências, pois cada um
dos elementos, ao serem reunidos para constituir uma unidade funcional maior, desenvolvem
qualidades que não se encontram em seus componentes isolados.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ludwig_von_Bertalanffy
264 • capítulo 7
relaciona com o todo maior que o envolve e do qual faz parte. O expansionismo
não nega que cada fenômeno seja constituído de partes, mas a sua ênfase resi-
de na focalização do todo, do qual aquele fenômeno faz parte.
2. Pensamento sintético: é o fenômeno visto como parte de um sistema
maior e é explicado em termos do papel que desempenha nesse sistema maior.
Os órgãos do organismo humano são explicados pelo papel que desempenham
no organismo e não pelo comportamento de seus tecidos ou estruturas de orga-
nização. A TGS está mais interessada em juntar as coisas do que em separá-las.
3. Teleologia: conjunto das especulações que se aplicam à noção de finali-
dade e às causas finais. É o princípio segundo o qual a causa é uma condição ne-
cessária, mas nem sempre suficiente para que surja o efeito. Em outros termos, a
relação causa-efeito não é uma relação determinística ou mecanicista, mas sim-
plesmente probabilística. A teleologia é o estudo do comportamento com a fina-
lidade de alcançar objetivos e passou a influenciar poderosamente as ciências.
capítulo 7 • 265
CURIOSIDADE
Aproximação da TGS ao mundo das organizações
Kenneth Boulding escreveu para Ludwig von Bertalanffy, em 1953, depois de ler um
artigo do mesmo escrito para a Scientific ICMS Mensal:
“Eu pareço ter chegado à mesma conclusão que você chegou, através da aproximação
(da Teoria Geral dos Sistemas) em direção à economia e às ciências sociais e não da biologia
– que há um corpo do que venho chamando de” teoria geral empírica“ (ou teoria geral dos sis-
temas, em sua excelente terminologia) que é de grande aplicabilidade em muitas disciplinas
diferentes. Tenho a certeza de que há muitas pessoas em todo o mundo que chegaram es-
sencialmente à mesma posição que nós temos, mas estamos dispersos e não conhecemos
uns aos outros, por isso é que é difícil de atravessar as fronteiras das disciplinas “. (disponível
em: http://www.bertalanffy.org/)
Pode-se observar, portanto, já na década de 1950, a tentativa de aproximação da TGS
da Teoria Administrativa.
266 • capítulo 7
• Abertos: são os sistemas que apresentam relações de intercâmbio com
o ambiente, por meio de entradas e saídas.
CURIOSIDADE
Sistemas Abertos
A estrutura de sistemas abertos é formada pela interação e intercâmbio da organização
com o ambiente. De acordo com as mudanças do ambiente externo, a organização se adapta
para sobreviver mudando seus produtos, técnicas e estruturas.
A interação e intercâmbio da organização com o ambiente moldam a estrutura de siste-
mas abertos. Quando ocorre uma mudança no ambiente externo, a organização se transforma
mudando seus produtos, técnicas e estruturas para se adaptar a essas mudanças e sobreviver.
As organizações, segundo a Teoria dos Sistemas, podem ser vistas como um sistema
dinâmico e aberto, sendo é um conjunto de elementos mutuamente dependentes que intera-
gem entre si com determinados objetivos e realizam determinadas funções.
As organizações são dependentes de fluxos de recursos do ambiente externo, assim
como os sistemas abertos. Essa dependência pode ocorrer de duas maneiras. Por um lado,
ela precisa do ambiente externo para conseguir os recursos humanos e materiais que vão
garantir seu funcionamento. Por outro lado, ela precisa do ambiente externo para comprar e
vender serviços e produtos. Desse modo, para a organização sobreviver, ela precisa de ajus-
tes como ambiente externo, além de ajustes no ambiente interno.
Ademais, assim como um sistema aberto, uma organização pode ser definida como uma
associação de grupos de interesses, sendo esses formados por elementos distintos, em que
cada um busca atingir seus objetivos no contexto do ambiente mais amplo.
As ações que definem o comportamento organizacional dependem também de uma
análise do ambiente em que ela se encontra e da maneira como a mesma se relaciona com
o ambiente externo, respondendo à pressões, estabelecendo relações ou até evitando algu-
mas Além disso, a teoria do sistema aberto também consiste em demonstrar o papel de um
funcionário dentro de uma organização, expressando o conceito de “Homem Funcional”, ou
seja, o homem tem um papel dentro das organizações, estabelecendo relações com outros
indivíduos, exatamente como prega um sistema aberto.
Sobre suas ações, o próprio funcionário cria diversas expectativas, tanto para seu papel,
quanto para o papel de todos os outros elementos que fazem parte da organização como um
capítulo 7 • 267
todo, e ainda transmitindo-as a todos indivíduos participantes. Apesar de essa relação ser
inevitável, ela pode tanto alterar como reforçar seu papel dentro da instituição. Logo, uma
organização pode ser definida como um sistema de papéis nos qual indivíduos (ou no caso,
funcionários) agem como verdadeiros transmissores de papel e pessoas focais.
Até meados dos anos 1950 a teoria administrativa clássica pouco considerava o
ambiente externo das organizações. Não eram consideradas tanto questões de
flexibilidade das organizações quanto as mudanças do ambiente extraempre-
sa. As organizações eram definidas com sistemas bastante fechados, sendo que
a eficiência operacional era tida como o único meio para a empresa obter êxito
e de se tornar eficaz.
Atualmente, porém, as mudanças do ambiente externo à empresa além de
frequentes, ocorrem rapidamente. Por isso elas têm um impacto de longo al-
cance nas organizações. Os acontecimentos do meio externo podem facilmen-
te afetar a empresa e vice-versa, ao ponto que as organizações não podem mais
ser consideradas como sistemas fechados, mas como sistemas abertos. Neste
novo cenário as organizações devem ser permeáveis às mudanças do volátil am-
biente externo, ou seja o ambiente externo deve ser mais considerado quando
as empresas desenvolvem suas atividades.
As organizações são por definição sistemas abertos, pois não podem ser
adequadamente compreendidas de forma isolada, mas sim pelo inter-relacio-
namento entre diversas variáveis internas e externas, que afetam seu compor-
tamento. Tal como os organismos vivos, as organizações têm seis funções pri-
márias ou principais, que mantêm estreita relação entre si, mas que podem ser
estudadas individualmente.
São seis funções primárias ou principais de uma empresa que se inter-rela-
cionam, mas podem ser estudas isoladamente:
268 • capítulo 7
b) Processamento: no animal, a comida é transformada em energia e su-
primento das células. Na organização, a produção é equivalente a esse ciclo
animal. Os materiais são processados havendo certa relação entre entradas e
saídas, em que o excesso é o equivalente à energia necessária para a sobrevivên-
cia da organização (transformação em produtos).
c) Reação ao ambiente: o animal que reage diante de mudanças ambien-
tais para sua sobrevivência deve adaptar-se as mudanças. Também nas organi-
zações reage ao seu ambiente, mudando seus materiais, consumidores, empre-
gados e recursos financeiros. As alterações podem se efetuar nos produtos, no
processo ou na estrutura (mudanças face ao mercado).
d) Suprimento das partes: os participantes da organização são supridos,
não só do significado de suas funções, mas também de dados de compras, pro-
dução, vendas ou contabilidade, e são recompensados principalmente sob a
forma de salários e benefícios.
e) Regeneração das partes: as partes do organismo perdem sua eficiên-
cia, adoecem ou morrem e devem ser regenerados ou recolocados no sentido
de sobreviver no conjunto. Os membros das organizações também podem ado-
ecer, aposentar-se, desligar-se da firma ou então morrer. As máquinas podem
tornar-se obsoletas. Ambos, os homens e as máquinas, devem ser mantidos ou
recolocados – manutenção e substituição.
f) Organização: administração e decisão sobre as funções;
Alterações
Alterações nas leis e
nas reservas regulamentos Condições de
de recursos competição
naturais
Materiais Produtos
Equipamentos Processamento Bens
Energia Serviços
Entrada Saída
Problemas Inovações
econômicos: Mudança das tecnológicas
inflação, renda, condições
crescimento sócio-políticas
capítulo 7 • 269
As organizações como Sistemas Abertos apresentam as seguintes
características:
270 • capítulo 7
Diferenciação: As organizações como sistemas abertos podem adotar estra-
tégias para proporcionar a busca de diferenciais diante dos concorrentes.
Equifinalidade: Uma organização pode fabricar 1.000 pares de sapatos por
intermédio da utilização de diferentes meios, independentemente das condi-
ções iniciais (inputs), ou seja, ela pode alcançar o objetivo pretendido usando
uma multiplicidade de meios e métodos.
Ciclo de eventos: As organizações como sistemas abertos interagem de for-
ma permanente com o meio externo e, nesse sentido, podem constituir diferen-
tes ciclos de eventos para reconstituir os inputs, o processamento e os outputs.
Limites ou fronteiras: Todas as organizações atuam dentro de determina-
do território ou limite, os quais, por sua vez, demarcam a área de atuação das
empresas e, ainda, demonstram as interações que estas podem ter no ambien-
te: quanto mais interações a organização apresentar, maior o intercâmbio dela
com o ambiente direto e indireto.
capítulo 7 • 271
– Características básicas da análise sistêmica.
– Caráter integrativo e abstrato da teoria dos sistemas;
– O efeito sinérgico das organizações como sistemas abertos;
– O “homem funcional”;
– Uma nova abordagem organizacional;
– Ordem e Desordem;
O “Homem Funcional”
272 • capítulo 7
Uma Nova Abordagem Organizacional
A perspectiva sistêmica trouxe uma nova maneira de ver as coisas. Não somen-
te em termos de abrangência, mas principalmente quanto ao enfoque. O enfo-
que do todo e das partes, do dentro e do fora, do total e da especialização, da
integração interna e da adaptação externa, da eficiência e da eficácia.
Ordem e Desordem
REFLEXÃO
Na apreciação crítica da Teoria de Sistemas, verifica-se que essa abordagem trouxe uma
fantástica ampliação na visão dos problemas organizacionais em contraposição à antiga
abordagem do sistema fechado. Seu caráter integrativo e abstrato e a possibilidade de com-
preensão dos efeitos sinergísticos da organização são realmente surpreendentes. A visão do
capítulo 7 • 273
homem funcional dentro das organizações é a decorrência principal sobre a concepção da
natureza humana. Apesar do enorme impulso, a Teoria de Sistemas ainda carece de melhor
sistematização e detalhamento, pois sua aplicação prática é ainda incipiente.
LEITURA
Na apreciação crítica da Teoria de Sistemas, verifica-se que essa abordagem trouxe
uma fantástica ampliação na visão dos problemas organizacionais em contraposição à antiga
abordagem do sistema fechado. Seu caráter integrativo e abstrato e a possibilidade de com-
preensão dos efeitos sinergísticos da organização são realmente surpreendentes. A visão
do homem funcional dentro das organizações é a decorrência principal sore a concepção da
natureza humana. Apesar do enorme impulso, a Teoria de Sistemas ainda carece de melhor
sistematização e detalhamento, pois sua aplicação prática é ainda incipiente.
LEITURA
Artigo 1
Título: Uma Abordagem Sistêmica ao Mapeamento e Melhoria do Processo de Desen-
volvimento de Software Fonte: DONAIRES, O. Uma Abordagem Sistêmica ao Mapeamento
e Melhoria do Processo de Desenvolvimento de Software. Anais do 4º Congresso Brasileiro
de Sistemas – Centro Universitário de Franca UniFACEF – 29 e 30 de outubro de 2008.
Link: http://www.facef.br/quartocbs/artigos/B/B_132.pdf
Artigo 2
Título: Enfoque sistêmico na administração de investimentos Fonte: MONOBE, T. Enfo-
que sistêmico na administração de investimentos. Caderno de estudos, São Paulo, FIPECAFI,
v.10, n17, p 59-78, janeiro/abril 1998.
Link: http://www.eac.fea.usp.br/cadernos/completos/cad17/index_arquivos/titu5.pdf
Artigo 3
Título: A importância da visão sistêmica para articular ações ambientais na cadeia produ-
tiva coureiro calçadista: uma discussão sobre os resíduos do couro.
Fonte: CULTRI, C; ALVES, V. A importância da visão sistêmica para articular ações am-
bientais na cadeia produtiva coureiro calçadista: uma discussão sobre os resíduos do couro.
274 • capítulo 7
Anais do 4º Congresso Brasileiro de Sistemas – Centro Universitário de Franca Uni-FACEF
– 29 e 30 de outubro de 2008.
Link: http://www.facef.br/quartocbs/artigos/B/B_129.pdf
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AKTOUF, O. A administração entre a tradição e a renovação. São Paulo: Atlas, 1996.
CHIAVENATO, I. Introdução à Teoria da Administração. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
DAFT, R. Administração. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.
ESPEJO, R.; SCHUHMAN, W.; SCHWANINGER, M.; BILELLO, U. Organizational Transformation and
Learning – a Cybernetic Approach to Management. John Wiley & Sons. Chichester. 1996.
GEROLAMO, M. C. Proposta de sistematização para o processo de gestão de melhorias e
mudanças de desempenho. São Carlos, 2003. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) -
Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.
MARTINELLI, D. P. Negociação empresarial: enfoque sistêmico e visão estratégica. Barueri: Manole,
2002.
MAXIMIANO, A. Teoria geral da administração: da revolução urbana à revolução digital. 6. ed. São
Paulo: Atlas, 2006.
RIBEIRO, A. L. Teorias da Administração. São Paulo: Saraiva, 2003.
capítulo 7 • 275
276 • capítulo 7
8
Abordagem
Contingencial da
Administração
A Teoria da Contingência enfatiza o mais recente estudo integrando na teoria
da Administração, sendo considerada a mais eclética das teorias administra-
tivas, pois, além de considerar as contribuições das diversas teorias anterio-
res, consegue coordenar os princípios básicos da administração, como: as ta-
refas, as estruturas, as pessoas, a tecnologia e o ambiente. Chiavenato (2004)
diz que a palavra contingência significa algo incerto ou eventual, que pode
suceder ou não.
A abordagem contingencial salienta que não se atinge os objetivos de forma
eficaz seguindo um único modelo ou diretriz, ou forma preestabelecida para to-
das as circunstâncias, mas sim através de diversas variáveis internas e externas.
Tudo é composto de variáveis, sejam situacionais, circunstanciais, ambientais,
tecnologias, econômicas; enfim, diferem de diferentes graus de variação.
Essa teoria dá ênfase às organizações “de dentro para fora”, colocando o am-
biente como fator primordial na estrutura e no comportamento das organiza-
ções como um sistema aberto
OBJETIVOS
• Conhecer as origens da Teoria da Contingência.
• Identificar os pressupostos fundamentais dessa teoria.
• Apresentar as características básicas da Teoria Contingencial.
• Reconhecer os ambientes organizacionais e suas variações.
• Proporcionar a visualização do uso da tecnologia pelas organizações
278 • capítulo 8
8.1 Abordagem Contigencial da
Administração
capítulo 8 • 279
CURIOSIDADE
A integração sistêmica da Teoria Contingencial
A teoria da contingência leva em conta todas as teorias administrativas anteriores dentro
do prisma da teoria de sistemas. Os conceitos das teorias anteriores são atualizados, redimen-
sionados e integrados dentro da abordagem sistêmica para permitir uma visão conjunta, maior
e abrangente. Como dizem Scott e Mitchell, “a visão contingencial das coisas parece ser algo
mais do que colocar vinho velho em garrafas novas”. A relação entre a abordagem contingencial
e a teoria de sistemas é paralela à relação existente entre a abordagem neoclássica e a abor-
dagem clássica. Os neoclássicos tentaram estender a teoria clássica adicionando aspectos
das teorias comportamentais, mantendo intactas as premissas básicas da teoria clássica. A
abordagem contingencial fez o mesmo com a teoria de sistemas: aceitou as premissas básicas
da teoria de sistemas a respeito da interdependência e natureza orgânica da organização, do
caráter aberto e adaptativo das organizações e da necessidade de preservar sua flexibilidade
em face das mudanças ambientais. Porém, como a teoria de sistemas é abstrata e de difícil apli-
cação as situações gerenciais práticas, a abordagem contingencial permite meios para mesclar
a teoria com a prática dentro de uma integração sistêmica.
Fonte: Chiavenato (2003).
280 • capítulo 8
O conceito skinneriano de contingência envolve três elementos: um estado
ambiental, um comportamento e uma consequência. Skinner enfatiza as con-
sequências ambientais como mecanismos controladores do comportamento
aprendido. O comportamento atua sobre o ambiente para produzir uma deter-
minada consequência. Ele pode ser mantido, reforçado, alterado ou suprimi-
do de acordo com as consequências produzidas. Portanto, o comportamento
é função de suas consequências. Essa abordagem é eminentemente externa:
enfatiza o efeito das consequências ambientais sobre o comportamento obser-
vável e objetivo das pessoas.
CURIOSIDADE
Burrhus Frederic Skinner (1904 – 1990), nasceu na
cidade de Susquehanna, Pennsylvania, Estados Uni-
dos. Concluiu o segundo grau em 1922, no mesmo
ano entrou na universidade Hamilton College. Gra-
duou-se em literatura inglesa e línguas românicas,
em 1926, e, com essa formação, Skinner decidiu ser
escritor. Essa ideia foi abandonada em 1928 quando
resolveu fazer o curso de pós-graduação em Psicolo-
gia, se inscrevendo no programa de Psicologia Expe-
rimental, em Harvard University. Obteve os títulos de
Mestrado e Doutorado, em 1930 e 1931, respectiva-
mente. Após o doutoramento, permaneceu em Har-
vard, até 1936, com um apoio financeiro para fazer
pesquisas. Após isso, mudou para Minneapolis para assumir as atividades de professor e de
pesquisador na University of Minnesota.
A principal contribuição de Skinner para a Psicologia foi o conceito de Comportamento
Operante, que descreve um tipo de relação entre as respostas dos organismos e o ambiente.
Diferentemente da relação descrita no comportamento respondente, em que um estímulo
elicia/gera uma resposta, o comportamento operante descreve uma relação na qual uma
resposta que gera uma consequência (ou apenas é acompanhada por essa como no caso
do comportamento supersticioso) tem a sua probabilidade de ocorrer novamente em um
contexto semelhante modificada pelo efeito desta consequência sobre a interação.
Saiba mais em: http://goo.gl/GdGRLd
capítulo 8 • 281
Segundo Chiavenato (2003), a abordagem contingencial marca nova etapa
na TGA pelas seguintes razões:
282 • capítulo 8
4. Os estudos sobre a interação organização-ambiente e a concepção da or-
ganização como um sistema aberto têm início com a Teoria Estruturalista. A
sociedade de organizações aproxima-se do conceito de um sistema de sistemas
e de uma macroabordagem inter e extra-organizacional. Além do mais, o con-
ceito de organização e do homem são ampliados e redimensionados em uma
tentativa de integração entre as abordagens clássica e humanística a partir de
uma moldura fornecida pela Teoria da Burocracia. Dentro de uma visualização
eclética e crítica, os estruturalistas desenvolvem análises comparativas das or-
ganizações e formulam tipologias para facilitar a localização de características
e objetivos organizacionais, em uma abordagem explicativa e descritiva.
5. A Teoria Neoclássica marca um retorno aos postulados clássicos atuali-
zados e realinhados em uma perspectiva de inovação e adaptação à mudança.
É um enfoque novo, utilizando velhos conceitos de uma teoria que, sem dúvida
alguma, é a única que até aqui apresenta um caráter universalista, fundamen-
tada em princípios que podem ser universalmente aplicados. Ao mesmo tempo
em que realça a Administração como um conjunto de processos básicos (es-
cola operacional), de aplicação de várias funções (escola funcional), de acordo
com princípios fundamentais e universais, também os objetivos são realçados
(Administração por Objetivos). Levanta-se aqui o problema da eficiência no
processo e da eficácia nos resultados em relação aos objetivos. A abordagem
torna a ser normativa e prescritiva, embora em certos aspectos a preocupação
seja explicativa e descritiva.
6. A Teoria Comportamental – a partir da herança deixada pela Teoria
das Relações Humanas ampliou os conceitos de comportamento social para
o comportamento organizacional. Passou a comparar o estilo tradicional de
Administração com o moderno estilo baseado na compreensão dos conceitos
comportamentais e motivacionais. A organização é estudada sob o prisma de
um sistema de trocas e contribuições dentro de uma complexa trama de de-
cisões. É com o movimento do Desenvolvimento Organizacional (DO) que o
impacto da interação entre a organização e o mutável e dinâmico ambiente
que a circunda toma impulso em direção a uma abordagem de sistema aberto.
Enfatiza-se a necessidade de flexibilização das organizações e sua adaptabilida-
de às mudanças ambientais como imperativo de sobrevivência e de crescimen-
to. Para que uma organização mude e se adapte dinamicamente é necessário
mudar não somente a sua estrutura formal, mas, principalmente, o comporta-
mento dos participantes e suas relações interpessoais. Apesar da abordagem
capítulo 8 • 283
descritiva e explicativa, alguns autores do DO aproximam-se levemente da
abordagem normativa e prescritiva. Até aqui, a preocupação está centrada ain-
da dentro das organizações, muito embora se cogite o ambiente.
7. É com a Teoria de Sistemas que surge a preocupação com a construção
de modelos abertos que interagem dinamicamente com o ambiente e cujos
subsistemas denotam uma complexa interação interna e externa. Os subsiste-
mas que formam uma organização são interconectados e inter-relacionados,
enquanto o suprassistema ambiental interage com os subsistemas e com a or-
ganização como um todo. Os sistemas vivos - sejam indivíduos ou organizações
- são analisados como "sistemas abertos", isto é, com incessante intercâmbio
de matéria - energia – informação em relação a um ambiente circundante. A
ênfase é colocada nas características organizacionais e nos seus ajustamentos
contínuos às demandas ambientais. Assim, a Teoria de Sistemas desenvolveu
uma ampla visão do funcionamento organizacional, mas demasiado abstrata
para resolver problemas específicos da organização e de sua administração.
8. É com a Teoria da Contingência que há o deslocamento da visualização de
dentro para fora da organização: a ênfase é colocada no ambiente e nas deman-
das ambientais sobre a dinâmica organizacional. Para a abordagem contingen-
cial, são as características ambientais que condicionam as características orga-
nizacionais. É no ambiente que estão as explicações causais das características
das organizações. Assim, não há uma única melhor maneira (the best way) de se
organizar. Tudo depende (it depends) das características ambientais relevan-
tes para a organização. As características organizacionais somente podem ser
entendidas mediante a análise das características ambientais com as quais se
defrontam. A Teoria da Contingência representa um passo além da Teoria dos
Sistemas em Administração. A visão contingencial da organização e da admi-
nistração sugere que a organização é um sistema composto de subsistemas e
definido por limites que o identificam em relação ao suprassistema ambien-
tal. A visão contingencial procura analisar as relações dentro e entre os sub-
sistemas, bem como entre a organização e seu ambiente e definir padrões de
relações ou configuração de variáveis. Ela enfatiza a natureza multivariada das
organizações e procura verificar como as organizações operam sob condições
variáveis e em circunstâncias específicas. A visão contingencial está dirigida
acima de tudo para desenhos organizacionais e sistemas gerenciais adequados
para cada situação específica. Teoria da Contingência.
284 • capítulo 8
A Teoria da Contingência enfatiza que não há nada de absoluto nas organi-
zações ou na teoria administrativa. Tudo é relativo. Tudo depende. A aborda-
gem contingencial explica que existe uma relação funcional entre as condições
do ambiente e as técnicas administrativas apropriadas para o alcance eficaz dos
objetivos da organização. As variáveis ambientais são variáveis independentes,
enquanto as técnicas administrativas são variáveis dependentes dentro de uma
relação funcional. Na realidade, não existe uma causalidade direta entre essas
variáveis independentes e dependentes, pois o ambiente não causa a ocorrên-
cia de técnicas administrativas. Assim, em vez de uma relação de causa-efeito
entre variáveis independentes do ambiente e variáveis administrativas depen-
dentes, existe uma relação funcional entre elas. Essa relação funcional é do tipo
"se-então" e pode levar a um alcance eficaz dos objetivos da organização.
capítulo 8 • 285
foi inicialmente imaginada com o sentido de aplicação da teoria de sistemas
abertos a problemas de estruturas organizacionais e de prática administrativa.
O resultado final do estudo encaminhou a problemática organizacional para
dois aspectos básicos: diferenciação e integração.
286 • capítulo 8
b) Conceito de integração requerida e de diferenciação requerida
c) Teoria da Contingência
Em função dos resultados da pesquisa, os autores formularam a Teoria da
Contingência: não existe uma única maneira melhor de organizar; ao contrário
às organizações precisam ser sistematicamente ajustadas às condições ambien-
tais. A Teoria da Contingência apresenta os seguintes aspectos básicos:
Pesquisa de Chandler
capítulo 8 • 287
1. Acumulação de recursos
Iniciada em 1865, com a expansão da rede ferroviária que provocou o forta-
lecimento do mercado de ferro e aço e o moderno mercado de capitais. A mi-
gração rural e o início da imigração europeia delineiam a característica prin-
cipal do período que é o rápido crescimento urbano facilitado pela estrada de
ferro. Nessa fase, as empresas preferiam ampliar suas instalações de produção
a organizar uma rede de distribuição. A preocupação com as matérias-primas
favoreceu o crescimento dos órgãos de compra e a aquisição de empresas for-
necedoras que detinham o mercado de matérias-primas. Daí o controle por in-
tegração vertical que permitiu a economia em escala.
2. Racionalização do uso dos recursos
Foi iniciada em pleno período da integração vertical. As empresas verti-
calmente integradas tornaram-se grandes e precisavam ser organizadas, pois
acumularam mais recursos (instalações e pessoal) do que necessário. Os cus-
tos precisavam ser contidos por meio de uma estrutura funcional com clara
definição de linhas de autoridade e comunicação. Os lucros dependiam da ra-
cionalização da empresa e sua estrutura deveria ser adequada às oscilações do
mercado. Para reduzir riscos de flutuações do mercado, as empresas passaram
a focar o planejamento (planejamento e controle da produção, determinação
de prazos de entrega), a organização (criação de departamentos funcionais) e a
coordenação (relacionamento entre fabricação e engenharia, desenho de pro-
duto e comercialização, compras e fabricação).
3. Continuação do crescimento
A reorganização geral das empresas na segunda fase permitiu o aumento de
eficiência nas vendas, compras, produção e distribuição, reduzindo as diferen-
ças de custo entre as várias empresas. Com isso, os lucros baixaram, o mercado
foi se tornando saturado e diminuindo as oportunidades de reduzir ainda mais
os custos. Daí, a decisão para diversificação e busca de novos produtos e novos
mercados. Como a velha estrutura funcional criada na fase anterior não estava
ajustada para essa diversificação, a nova estratégia de diversificar provocou o
surgimento de departamentos de pesquisa e desenvolvimento (P&D), engenha-
ria de produto e desenho industrial.
4. Racionalização do uso de recursos em expansão
A ênfase se concentra na estratégia mercadológica para abranger novas li-
nhas de produtos e novos mercados. Os canais de autoridade e comunicação
da estrutura funcional inadequados para responder à crescente complexidade
288 • capítulo 8
de produtos e operações - levaram à estrutura divisional departamentalizada. A
General Motors e a DuPont foram pioneiras na estrutura multidepartamentali-
zada: cada linha de produtos é administrada por uma divisão autônoma e inte-
grada que envolve todas as funções de staff necessárias. Surge a necessidade de
racionalizar a aplicação dos recursos em expansão, planejamento no longo pra-
zo, administração voltada para objetivos e avaliação do desempenho de cada
divisão. De um lado, descentralização das operações e, de outro, centralização
de controles administrativos.
→ Foco: Organizações
Tom Burns e G.M. Stalker pesquisaram vinte indústrias inglesas para veri-
ficar a relação entre as práticas administrativas e o ambiente externo dessas
indústrias. Classificaram as empresas pesquisadas em dois tipos: organizações
“mecanísticas” e “orgânicas”.
As organizações mecanísticas apresentam as seguintes características:
capítulo 8 • 289
As organizações orgânicas apresentam as seguintes características:
290 • capítulo 8
entre pessoas de categorias diferentes se dá mais por meio da consulta lateral
do que do comando vertical. Não se atribui onisciência aos superiores.
A conclusão de Burns e Stalker é que a forma mecanística de organização é
apropriada para condições ambientais estáveis, enquanto a forma orgânica é
apropriada para condições ambientais de mudança e inovação. No fundo, exis-
te um imperativo ambiental: o ambiente que determina a estrutura e o funcio-
namento das organizações.
Uma nova forma de organização surgirá: a ad-hocracia, o inverso da buro-
cracia. A ad-hocracia (do latim, ad hoc = para isso ou para este fim) significa
uma estrutura flexível capaz de dar-se contínua e rapidamente às condições
ambientais em mutação.
A ad-hocracia caracteriza-se por:
→ Foco: Tecnologia
JOAN WOODWARD, socióloga, industrial, organizou uma pesquisa para sa-
ber se os princípios de administração propostos pelas teorias administrativas
se correlacionavam com o êxito do negócio. A pesquisa envolveu uma amostra
de 100 empresas, desde médio porte - 100 empregados – a grande porte - 8.000
empregados, situadas no sul da Inglaterra.
capítulo 8 • 291
As empresas foram classificadas em três grupos de tecnologia de produção:
1. Produção unitária ou oficina: A produção é feita por unidades ou pe-
quenas quantidades, cada produto a seu tempo sendo modificado à medida
que é feito. Os trabalhadores utilizam à medida que é feito e utilizam uma varie-
dade de instrumentos e ferramentas. O processo produtivo é menos padroniza-
do e menos automatizado. É o caso da produção de navios, geradores e motores
de grande porte, aviões comerciais e confecções sob medida.
2. Produção em massa ou mecanizada: A produção é feita em grande
quantidade. Os trabalhadores trabalham em linha de montagem ou operando
máquinas que podem desempenhar uma ou mais operações sobre o produto.
É o caso da produção que requer máquinas operadas pelo homem e linhas de
produção ou montagem padronizadas, como as montadoras de carros.
3. Produção em processo ou automatizada: Produção em processamento
contínuo em que um ou poucos operários monitorizam um processo total ou
parcialmente automático de produção. A participação do trabalho humano é
mínima. Exemplos: refinarias de petróleo, siderúrgica etc.
292 • capítulo 8
CURIOSIDADE
Ao lado do ambiente, a tecnologia constitui outra variável independente que influencia as
características organizacionais (variáveis dependentes). Além do impacto ambiental (para
certos autores, imperativo ambiental), existe o impacto tecnológico (para outros autores, im-
perativo tecnológico) sobre as organizações.
As organizações utilizam alguma forma de tecnologia para executar suas operações e
realizar suas tarefas. A tecnologia adotada pode ser tosca e rudimentar (como a faxina e a
limpeza feitas com vassoura ou escovão) como pode ser sofisticada (como o processamento
de dados pelo computador).
Mas é evidente que as organizações dependem da tecnologia para poder funcionar e al-
cançar seus objetivos. Sob um ponto de vista administrativo, a tecnologia é algo que se desen-
volve nas organizações por meio de conhecimentos acumulados e desenvolvidos sobre o signi-
ficado e a execução de tarefas know-how - e pelas suas manifestações físicas como máquinas,
equipamentos, instalações – constituindo um complexo de técnicas usadas na transformação
dos insumos recebidos pela empresa em resultados, isto é, em produtos ou serviços.
A tecnologia pode estar ou não incorporada a bens físicos.
A tecnologia incorporada está contida em bens de capital, matérias-primas intermediá-
rias ou componentes etc. Assim, uma placa de metal é constituída pelo metal mais a tecno-
logia que tornou possível a sua fabricação que está incorporada no equipamento industrial.
Nesse sentido, a tecnologia corresponde ao conceito de hardware.
A tecnologia não incorporada encontra-se nas pessoas – como técnicos, peritos, es-
pecialistas, engenheiros, pesquisadores – sob formas de conhecimentos intelectuais ou
operacionais, facilidade mental ou manual para executar as operações, ou em documentos
que a registram e visam assegurar sua conservação e transmissão – como mapas, plantas,
desenhos, projetos, patentes, relatórios. Corresponde aqui ao conceito de software. As duas
formas de tecnologia – incorporada e não incorporada - frequentemente se confundem
Fonte: Chiavenato (2003)
REFLEXÃO
Essas pesquisas revelam aspectos da dependência da organização em relação ao seu am-
biente e à tecnologia adotada. As características da organização não dependem dela própria,
mas das circunstâncias ambientais e da tecnologia que ela utiliza. Daí, a Teoria da Contingên-
capítulo 8 • 293
cia mostra que as características da organização são variáveis dependentes e contingentes
em relação ao ambiente e à tecnologia. Isso explica a importância do estudo do ambiente e
da tecnologia.
294 • capítulo 8
Nível operacional
O nível operacional, também denominado nível técnico ou núcleo técni-
co, está localizado nas áreas inferiores da organização. Está relacionado com
os problemas ligados à execução cotidiana e eficiente das tarefas e operações
da organização e orientado quase exclusivamente para as exigências impostas
pela natureza da tarefa técnica a ser executada, com os materiais a serem pro-
cessados e com a cooperação de numerosos especialistas necessários ao anda-
mento dos trabalhos. É o nível no qual as tarefas são executadas e as operações
realizadas: envolve o trabalho básico relacionado diretamente com a produção
dos produtos ou serviços da organização.
Esse nível é geralmente composto pelas áreas encarregadas de programar
e executar as tarefas e operações básicas da organização. É nele que estão as
máquinas e equipamentos, as instalações físicas, as linhas de montagem, os
escritórios e os balcões de atendimento etc., cujo funcionamento deve atender
a determinadas rotinas e procedimentos programados dentro de uma regulari-
dade e continuidade que assegurem a utilização plena dos recursos disponíveis
e a máxima eficiência das operações.
CURIOSIDADE
As organizações são, de um lado, sistemas abertos, defrontando-se com a incerteza que
provém das ações e contingências externas impostas pelo ambiente e que neles penetram
por meio do nível institucional. Sua eficácia reside na tomada de decisões capazes de permitir
que as organizações se antecipem às oportunidades, se defendam das coações e se ajustem
às contingências do ambiente.
Por outro lado, as organizações são sistemas fechados, tendo em vista que o nível opera-
cional funciona em termos de certeza e de previsibilidade, operando a tecnologia de acordo
com critérios de racionalidade limitada. A eficiência reside nas operações executadas dentro
de programas, rotinas e procedimentos padronizados, cíclicos, repetitivos nos moldes da “me-
lhor maneira” e da otimização na utilização dos recursos disponíveis.
capítulo 8 • 295
Teoria Contingencial e o Desenho Organizacional
Ad-Hocracia
O termo ad-hocracia foi cunhado por Toffler em seu livro Choque do Futuro.
A nova sociedade do futuro será extremamente dinâmica e mutável.
Para poderem acompanhar o ambiente turbulento, as organizações pre-
cisarão ser orgânicas, inovadoras, temporárias e antiburocráticas. As organi-
zações precisarão mudar suas feições internas com tal frequência que os car-
gos mudarão de semana para semana e as responsabilidades se deslocarão
296 • capítulo 8
continuamente. As estruturas organizacionais serão flexíveis e mutáveis, fazen-
do com que departamentos e divisões irrompam subitamente para se integra-
rem em outras organizações. A flexibilidade aparece mais dramaticamente nos
"projetos" ou "forças-tarefas", nos quais os grupos se reúnem a fim de resolver
problemas específicos, temporários e evanescentes. Uma nova forma de orga-
nização surgirá: a ad-hocracia, o inverso da burocracia.
A ad-hocracia significa uma estrutura flexível capaz de amoldar-se contínua
e rapidamente às ambientais em mutação. Essa organização temporária - que
se agrupa e se dissolve, que se modifica e se altera a cada momento - faz com
que as pessoas, em lugar de preencherem cargos ou posições fixas no quadro
organizacional, passem rapidamente de um lugar para o outro. A hierarquia
dentro das organizações sofrerá um colapso: haverá a exigência de maior nú-
mero de informações dentro de um ritmo mais rápido, o que derrubará a hie-
rarquia vertical típica da burocracia. Os sistemas deverão ser temporários, ca-
pazes de rápida adaptação e de mutações rápidas e substanciais.
A ad-hocracia caracteriza-se por:
Estrutura Matricial
capítulo 8 • 297
Assim, a estrutura matricial funciona como uma tabela de dupla entrada. Na
realidade, a estrutura matricial é uma espécie de remendo na velha estrutura
funcional para torná-la mais ágil e flexível às mudanças. Uma espécie de turbo
em um motor velho e exaurido para fazê-lo funcionar com mais velocidade.
298 • capítulo 8
Teoria Contingencial e o Homem Complexo
capítulo 8 • 299
Modelo Contingencial de Motivação
300 • capítulo 8
Modelo de Lawler
O modelo proposto por Vroom foi desenvolvido por Lawler III que o relacio-
nou com o dinheiro. As conclusões de Lawler III são as seguintes:
REFLEXÃO
Uma Comparação entre as Teorias dos Sistemas e Contingencial
A Abordagem Sistêmica tem sua origem na Biologia e nasce da comparação da or-
ganização com organismos vivos. Em decorrência disso, sua ênfase é a organização como
sistema aberto.
capítulo 8 • 301
A ideia central do enfoque sistêmico é o conceito de sistema, que ajuda a entender como
se dá a interação entre as partes da organização e entre ela e o ambiente empresarial.
De acordo com a abordagem sistêmica, uma organização é formada por dois sistemas
que interagem entre si:
Todo sistema é complexo, pois pode adotar um grande número de estados ou compor-
tamentos, além de ser influenciado por inúmeras variáveis. É o gerenciamento efetivo da
complexidade é que mantém a viabilidade de um sistema.
A abordagem sistêmica é fundamentada em três teorias principais: teoria da forma, ci-
bernética e teoria geral dos sistemas
A abordagem contingencial, derivada do enfoque sistêmico, é muito utilizada para tratar
os problemas de administração, pois parte da ideia de que não existe uma única maneira ou
uma forma correta de administrar. A aplicação de um mesmo método de administração em
duas empresas distintas pode produzir resultados. A teoria da contingência enfatiza que nada
é absoluto nas organizações ou na teoria da administração. A Teoria da Contingência parte
para novos modelos organizacionais mais flexíveis e orgânicos, como a estrutura matricial, a
estrutura em redes e a estrutura em equipes. Também enfatiza o modelo do homem comple-
xo e abordagens contingenciais sobre motivação e liderança.
LEITURA
Artigo 1
Título: Uma Abordagem Sistêmica ao Mapeamento e Melhoria do Processo de
Desenvolvimento de Software
Fonte: DONAIRES, O. Uma Abordagem Sistêmica ao Mapeamento e Melhoria do Processo
de Desenvolvimento de Software. Anais do 4º Congresso Brasileiro de Sistemas – Centro
Universitário de Franca Uni-FACEF – 29 e 30 de outubro de 2008. Link: http://www.facef.
br/quartocbs/artigos/B/B_132.pdf
Artigo 2
Título: Enfoque sistêmico na administração de investimentos
Fonte: MONOBE, T. Enfoque sistêmico na administração de investimentos. Caderno de es-
302 • capítulo 8
tudos, São Paulo, FIPECAFI, v.10, n17, p 59-78, janeiro/abril 1998. Link:http://www.eac.fea.
usp.br/cadernos/completos/cad17/index_arquivos/titu5.pdf
Artigo 3
Título: A importância da visão sistêmica para articular ações am-bientais na ca-
deia produtiva coureiro calçadista: uma discussão sobre os resíduos do couro.
Fonte: CULTRI, C; ALVES, V. A importância da visão sistêmica para articular ações ambientais
na cadeia produtiva coureiro calçadista: uma discussão sobre os resíduos do couro. Anais do
4º Congresso Brasileiro de Sistemas – Centro Universitário de Franca Uni-FACEF – 29 e 30
de outubro de 2008. Link: http://www.facef.br/quartocbs/artigos/B/B_129.pdf
Artigo 4
Título: Avaliação psicológica em processos seletivos: contribuições da aborda-
gem sistêmica
Fonte: PARPINELLI, Renata Fabiana; LUNARDELLI, Maria Cristina Frollini. Avaliação psico-
lógica em processos seletivos: contribuições da abordagem sistêmica. Estud. psicol. (Cam-
pinas), Campinas, v. 23, n. 4, dez. 2006 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?s-
cript=sci_arttext&pid=S0103-166X2006000400014&lng=pt&nrm=iso>.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AKTOUF, O. A administração entre a tradição e a renovação. São Paulo: Atlas, 1996.
CHIAVENATO, I. Introdução à Teoria da Administração. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
DAFT, R. Administração. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.
ESPEJO, R.; SCHUHMAN, W.; SCHWANINGER, M.; BILELLO, U. Organizational Transformation and
Learning – a Cybernetic Approach to Management. John Wiley & Sons. Chichester. 1996.
GEROLAMO, M. C. Proposta de sistematização para o processo de gestão de melhorias e
mudanças de desempenho. São Carlos, 2003. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção)
- Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.
MARTINELLI, D. P. Negociação empresarial: enfoque sistêmico e visão estratégica. Barueri: Manole,
2002.
MAXIMIANO, A. Teoria geral da administração: da revolução urbana à revolução digital. 6. ed. São
Paulo: Atlas, 2006.
RIBEIRO, A. L. Teorias da Administração. São Paulo: Saraiva, 2003.
capítulo 8 • 303
304 • capítulo 8
9
Novas Abordagens
da Administração
Durante a primeira metade do século passado, a tendência por parte dos teó-
ricos no campo dos Estudos Organizacionais era de ignorar o ambiente, ou de
percebê-lo como algo estável a fim de extrapolar seus princípios universais a
respeito de estrutura, planejamento, controle, e assim por diante. As primei-
ras reações a essas linhas começam em 1930, tornando-se mais acaloradas a
partir de 1950, com a crescente aceitação da natureza sistêmica das organi-
zações. Desde então, a organização tem sido vista como um sistema aberto
e os fatores ambientais, como fontes de influência sobre o comportamento
organizacional.
CURIOSIDADE
Em 1989, um físico nuclear inglês, Tim-Berners Lee criou um programa que permitia que
textos e figuras fossem transferidos e captados por qualquer computador ligado à rede: o
hipertexto (nome abreviado como http- hyper text transfer protocol). Tim abre mão do lucro
e torna sua criação domínio público. Em 1991, surge a invenção da World Wide Web (WWW
ou Web, que em português significa teia), o avanço tecnológico a partir do qual a Internet se
tornaria rapidamente um fenômeno mundial.
Fonte: Chiavenato (2003)
306 • capítulo 9
OBJETIVOS
• Conhecer as Novas Abordagens da Administração.
• Apresentar os Paradoxos das Ciências.
• Apresentar as soluções emergentes da administração.
• Identificar os principais problemas atuais da TGA, em função das correntes científicas atuais.
• Compreender o conceito de processo de adaptação das organizações.
• Conhecer a teoria da Aprendizagem Organizacional e o processo de aprendizagem.
• Conhecer os modelos e perspectivas de aprendizagem de Peter Senge e a quinta disciplina.
• Refletir sobre os caminhos da TGA.
REFLEXÃO
Os paradoxos da Atualidade
No paradoxo da Administração na atualidade, ao mesmo tempo em que se discute o
indeterminismo, a complexidade e a subjetividade, a Administração está recebendo uma pre-
ciosa ajuda dos sistemas inteligentes baseados em computadores. Os fabricantes de solu-
ções estão desenvolvendo ferramentas de apoio à tomada de decisão. O desenvolvimento
tecnológico dos sistemas de gestão e a utilização da inteligência artificial estão proporcio-
nando programas que imitam o processo de raciocínio usado pelas pessoas na solução de
problemas e que são compostos de bancos de dados e de regras que os especialistas usam
para fazer inferências sobre um problema e determinar o que precisa ser feito.
Essas regras constituem o centro do sistema inteligente que funciona como base de
apoio às decisões administrativas. E, convenhamos, regras sempre constituem abordagens
prescritivas e normalmente típicas das antigas teorias administrativas. Isso significa o retorno
da TGA por meio de novos enfoques tradicionais proporcionados pela moderna tecnologia?
Como dizia Giuseppe Lampeduza no seu livro II Gattopardo: é preciso sempre mudar as coi-
sas para que elas permaneçam como estão. Há muito em jogo. A evolução da TGA promete
ser profunda e inarredável.
Fonte: Chiavenato (2003).
capítulo 9 • 307
As Fases da Administração
Substituiu o reducionis-
mo, o pensamento ana-
Busca do equilí-
lítico e o mecanicismo
brio na dinâmica
pelo expansionismo.
organizacional Teoria de
SISTÊMICO Bertalanffy
em sua interação Sistemas
Foi um período de
mudanças e de busca
com o ambiente
de adaptabilidade no
externo.
mundo das organiza-
ções.
Período em que
ocorreram de grandes
Mudanças organi- Teorias do caos
Lorenz e e rápidas mudanças no
ATUAL Prigogine
zacionais contínu- e da complexi-
ambiente onde estão
as e complexas dade
inseridas as organiza-
ções.
308 • capítulo 9
Os Paradoxos das Ciências
capítulo 9 • 309
PARADOXOS SUAS CONTRIBUIÇÕES
Ilya Prigogine, ganhadora do prêmio Nobel em 1977, verificou que alguns sistemas
quando levados a condições distantes do equilíbrio – à beira do caos – iniciam pro-
cessos de auto-organização, que são períodos de instabilidade e de inovação dos
quais resultam sistemas mais complexos e adaptativos. Exemplos desses sistemas
adaptativos e auto-organizantes são os ecossistemas de uma floresta tropical, for-
TEORIA DA migueiros, cérebro humano e a Internet. São sistemas complexos que se adaptam
COMPLEXIDADE em redes (networks) de agentes individuais que interagem para criar um comporta-
mento auto gerenciado, mas extremamente organizado e cooperativo.
A complexidade significa a impossibilidade de se chegar ao conhecimento
completo a respeito da natureza. A complexidade não pode trazer certeza sobre o
que é incerto. Ela pode apenas reconhecer a incerteza e tentar dialogar com ela
(CHIAVENATO, 2003).
→ ADMINISTRAÇÃO E CULTURA
Várias questões abordadas na administração são de caráter cultural
(ROBBINS, 2000) . Para ilustrar, consideremos quatro perguntas: (1) As pessoas
acreditam que a mudança seja possível? (2) Se ela for possível, quanto tempo
levará para provocá-la? (3) A resistência à mudança é maior em algumas cul-
turas do que em outras? (4) A cultura influencia o modo como os esforços da
mudança serão implementados?
310 • capítulo 9
2. Se a mudança é possível, quanto tempo levará para provocá-la? A
orientação temporal de uma cultura pode ajudar a responder a essa pergunta.
Sociedades que se concentram no longo prazo, como a japonesa, demonstra-
rão considerável paciência na espera de resultados positivos dos esforços de
mudança. Em sociedades com foco no curto prazo, como nos Estados Unidos,
as pessoas esperam melhorias rápidas e buscarão programas de mudança que
prometam resultados imediatos (ROBBINS, 2000).
3. A resistência à mudança é maior em algumas culturas do que em ou-
tras? A resistência à mudança será influenciada pelo grau em que uma socieda-
de se baseia na tradição. Os italianos, por exemplo, concentram-se no passado,
ao passo que os brasileiros e americanos enfatizam o presente. Os italianos,
portanto, devem ser no geral, mais resistentes aos esforços de mudança do que
os brasileiros (ROBBINS, 2000).
4. A cultura influencia o modo como os esforços de mudança serão im-
plementados? A distância do poder pode ajudar a responder a esta pergunta.
Em culturas de grande distância do poder, como Brasil, Filipinas ou Venezuela,
os esforços de mudança tenderão a ser autocraticamente implementados pela
cúpula da administração. Em compensação, as culturas com pequena distân-
cia do poder valorizam os métodos democráticos. Pode-se prever, então, um
maior uso da participação em países como Dinamarca e Israel do que Brasil ou
Venezuela (ROBBINS, 2000).
→ REENGENHARIA
A Reengenharia talvez seja a mais dramática, e por isso mesmo a mais dis-
cutida, de todas as tecnologias postas à disposição dos gerentes. Concebida
dentro de um contexto de crise para as organizações, propunha a inovação e o
desapego às tradicionais formas de gestão organizacional que ainda imperam
nos meios empresariais. James Champy e Michael Hammer foram os responsá-
veis pela formulação de suas bases conceituais, seguidos, posteriormente, por
muitos outros estudiosos que encontraram na tecnologia a força necessária
para impulsionar organizações que não mais conseguiam responder às pres-
sões competitivas do mercado (ARAUJO, 2007).
A reengenharia surgiu como uma espécie de antídoto para as crises que co-
locavam em risco a sobrevivência das organizações. Mas em que especificamen-
te se consubstanciava esta crise? Champy e Hammer (1994) apontam-na como
uma crise de modelo; ou seja, o parâmetro adotado no passado que garantia o
capítulo 9 • 311
sucesso das organizações havia falido, vítima de inúmeros fatores. Este modelo
ultrapassado, face às contingências contemporâneas, era o modelo que se sus-
tentava no princípio da divisão do trabalho enunciado por Adam Smith.
O modelo criado por Adam Smith não teve seu período de aplicabilidade
restrito aos anos da Revolução Industrial. Devido às circunstâncias mundiais
presentes na década de 50 e 60 do século XX, o princípio da divisão do trabalho
ganhou forte adesão. Este princípio foi perfeitamente aplicável às necessidades
da época, já que permitia, com seus fundamentos, justamente o aumento da
produtividade graças à especialização. A fragmentação excessiva das tarefas a
serem desempenhadas tornou-se, desta forma, uma regra.
Os efeitos prejudiciais de nossa submissão a este credo gerencial levam-
nos à perda de sensibilidade com relação a fatores importantes e cruciais para
o bom desempenho organizacional. Nossa cegueira paradigmática é o que a
reengenharia questiona, procurando desanuviar nossos cansados olhos admi-
nistrativos com perspectivas de eficiência para além da simplória receita da
compartimentação.
O ideal de lucratividade do passado revelou suas limitações ao se transfor-
mar em metodologia contra produtiva a emperrar os objetivos organizacionais.
Três são os fatores apontados por Champy e Hammer (1994)1 como determi-
nantes na disseminação desta realidade:
1. Clientes diferentes;
2. Concorrência acirrada e;
3. Mudanças ditadas num ritmo muito superior a qualquer outra época
de nossa história.
1 Champy e Hammer (1994) definem reengenharia como o repensar fundamental e a reestruturação radical dos
processos organizacionais que visam atingir drásticas melhorias em indicadores críticos de desempenho, tais como
custos, qualidade, atendimento e velocidade. Mas por que os autores qualificam a reengenharia como radical? A ideia
da reengenharia é abandonar todos os procedimentos anteriores e inventar novas maneiras de se realizar o trabalho.
A reengenharia trata, portanto, de reinvenção.
312 • capítulo 9
organizações que queiram dar saltos de 1.000%. Há certo exagero, mas essa é a
ideia: Mudança drástica (ARAUJO, 2007).
Embora os processos das organizações difiram entre si, em função tanto do ramo
de atuação como da própria variedade existente, os criadores da reengenharia pro-
põem uma gestão de processos com algumas características comuns e perfeitamen-
te identificáveis em qualquer processo submetido à reengenharia. São elas:
Você deve notar que a proposição é de estudos integrados dos processos di-
recionados ao estudo de reengenharia, à semelhança de estudos em qualquer
outra tecnologia. Aqui apenas são reforçados pontos específicos da reengenha-
ria que se propõem a estudos extremamente velozes e radicais.
→ BENCHMARKING
Benchmarking é a técnica por meio da qual a organização compara seu de-
sempenho com o de outra. Por meio do benchmarking, uma organização pro-
cura imitar outras organizações, concorrentes ou não, do mesmo ramo de ne-
gócios ou de outros, que façam algo de maneira particularmente bem-feita. A
ideia central desta técnica é a busca das melhores práticas da administração,
como forma de identificar e ganhar vantagens competitivas. As melhores práti-
cas podem ser encontradas nos concorrentes, ou numa organização que esteja
num ramo completamente diferente de atuação (MAXIMIANO, 2000).
A utilização do benchmarking começa pela definição de como serão pesqui-
sadas as melhores práticas. Os procedimentos básicos iniciais constituem em
selecionar o produto ou processo a ser comparado e o marco de referência (com
capítulo 9 • 313
quem iremos comparar-nos?), e escolher um método de obtenção dos dados.
Não há um método único para a obtenção de dados sobre as empresas que têm
as melhores práticas. Alguns dados são públicos. Outros podem exigir procedi-
mentos de pesquisa e observação direta, se isso for possível.
Em seguida, são feitos a coleta, o estudo e a interpretação dos dados sobre
a organização escolhida como marco de referência. Os procedimentos básicos
nesta segunda etapa do processo procuram entender em que se baseia a supe-
rioridade da empresa selecionada para comparação e quais de suas práticas po-
dem ser copiadas e implementadas. O processo completo do benchmarking vai
desde essas duas fases iniciais até a implementação e maturação das práticas
selecionadas para implementação (ARAUJO, 2007).
→ BRAINSTORMING E BRAINWRITING
Brainstorming (tempestade de ideias) envolve um pequeno grupo de em-
pregados criativos em uma reunião para gerar ideias, sob condições rigidamen-
te controladas. Todos são encorajados a apresentar ideias – mesmo que sejam
incomuns – e devem se abster de criticar as ideias dos outros. As ideias são
registradas e discutidas em reuniões posteriores até se chegar a uma decisão
(MEGGINSON et al., 1998).
O brainstorming opera com base em dois princípios: a suspensão do jul-
gamento e a reação em cadeia. Esses princípios fazem as ideias associarem-se
e gerar novas ideias, num processo em que o objetivo é assegurar uma grande
quantidade de alternativas. A palavra brainstorming foi criada para designar
um processo em que as pessoas interagem verbalmente, dentro dessas condi-
ções. Quando houver um número suficiente de ideias, ou quando o fluxo de
ideias se esgotar, o processo é interrompido, as diversas sugestões são sinte-
tizadas e agrupadas em categorias. Finalmente, cada sugestão ou categoria de
sugestões é então avaliada e criticada (MAXIMIANO, 2000).
Quando as pessoas interagem por escrito, sem comunicação oral, o proces-
so se chama brainwriting. Cada participante recebe uma folha de papel, na qual
anota suas ideias ou sugestões para resolver um problema. As folhas de papel
são então trocadas aleatoriamente entre os participantes, de modo que cada
um possa ler as contribuições dos colegas e acrescentar outras, por meio da
associação de ideias. A troca de folhas prossegue até o ponto em que as ideias
se esgotam. Deste ponto em diante, o grupo procede como no brainstorming,
sintetizando e agrupando as diversas ideias (MAXIMIANO, 2000).
314 • capítulo 9
As diversas ideias produzidas por meio de brainstorming e brainwriting são
então analisadas uma a uma, ponderando-se suas vantagens e desvantagens.
Muitas vezes, a decisão nasce automaticamente desse processo, quando se evi-
denciam as vantagens de uma alternativa partículas.
Apesar de suas indiscutíveis vantagens, muitas são as organizações que re-
jeitam a ideia de se promover um estudo de benchmarking. Essas organizações
simplesmente não acreditam no potencial benéfico da tecnologia, que, de cer-
to modo, trata do aperfeiçoamento da competitividade, via ética nos negócios.
Feltus (2000) reconhece que alguns mitos são os responsáveis por essa rejei-
ção e apresenta cinco dos mais conhecidos argumentos que a rodeiam e impe-
dem a sua realização.
capítulo 9 • 315
• Mito 5: Benchmarking é algo para grandes companhias apenas – nisso
não poderia haver maior improbidade. É óbvio que grandes companhias dis-
põem de mais recursos para a promoção dos estudos, mas isso não significa
que as organizações menores não possam usufruir de seus benefícios.
→ EMPOWERMENT
O mundo dos negócios encontra-se marcado por forças bem distintas das
que outrora existiram e influenciavam o meio empresarial. Várias são as estra-
tégias utilizadas pelas organizações para enfrentarem as adversidades exter-
nas. Mills (1996) aponta a redução de níveis hierárquicos e delegação e equi-
pes funcionais, exemplificam atitudes empresariais empregadas para superar
situações de crise. Contudo, tais estratégias não são mais o bastante, quando
316 • capítulo 9
falamos, atualmente, de competitividade. Obviamente, a utilização de estraté-
gias é cada vez mais necessária, porém devem agora vir acompanhadas de um
novo estilo gerencial: o empowerment.
De forma simples, empowerment significa fortalecimento do poder decisó-
rio dos indivíduos da organização ou criação do poder decisório para os indiví-
duos, no caso das organizações mais rígidas e controladoras. Por intermédio
da tecnologia, pretende-se conceder, às pessoas que trabalham na organização,
maiores oportunidades de participarem ativamente do processo de escolha dos
caminhos a serem trilhados na eterna busca pela sobrevivência. Por tudo isso,
estamos afirmando que uma gestão atual, moderna, consciente dos processos
críticos ou não é caminho suficiente para que o empowerment seja a tecnologia
ideal para as organizações que buscam soluções e lutam pela excelência organi-
zacional (ARAUJO, 2007)
Castro (1994) reforça o que expomos afirmando que o termo empowerment
sintetiza um processo de transformação no qual a energização se torna o principal
foco da empresa. Power, coloca o autor, significa poder, força, e, quando a tecno-
logia é aplicada, minimiza-se a hierarquia ou a distância entre as frações organiza-
cionais, valorizando-se quem está em contato direto com a clientela. Assim, num
certo sentido, o empowerment promove a inversão da pirâmide organizacional.
Rothstein (1995) apresenta uma conceituação bastante elucidativa sobre a
tecnologia que não podemos deixar de mencionar. Segundo o autor, empower-
ment é um ato de construir, de desenvolver e incrementar o poder entre os indiví-
duos por intermédio da cooperação, compartilhamento e trabalho em conjunto.
Enfim, aderindo ao empowerment, uma organização compreende que está em
seus indivíduos o principal elemento gerador de competitividade. Responsabilizando
seu pessoal, demonstrando que acredita e confia na capacidade daqueles que traba-
lham para ela, a empresa ganha em todos os sentidos, pois as pessoas da organização
dotadas de empowerment são pessoas não apenas mais atentas e comprometidas
com as tarefas que desempenham, mas também motivadas, criativas, imbuídas do
espírito de cooperação, de compartilhamento de missão, de comunhão de objetivos
e interesses. Essas pessoas darão tudo de si à organização porque farão das metas
organizacionais suas próprias metas (ARAUJO, 2007).
De acordo com Mills (1996), utilizar empowerment não é algo que siga uma
orientação do gênero “apenas faça”. A organização que deseja se beneficiar da tec-
nologia precisa estar preparada para aplicá-la adequadamente. O autor observa a
existência de cinco requisitos no processo de implementação de empowerment:
capítulo 9 • 317
1. Competência e experiência: se uma organização quer indivíduos res-
ponsáveis por suas ações e decisões e comprometidos com os objetivos que tra-
ça, deve estar atenta para o fato de que apenas indivíduos competentes, habili-
dosos, bem como experientes, podem fornecer contribuições valiosas.
2. Informações necessárias: não é concebível implementar a tecnologia
em ambientes onde a circulação da informação seja restrita a alguns níveis da
organização. Empowerment é responsabilização de indivíduos, de sorte que a
organização possa aproveitar melhor o potencial dos mesmos. Como imaginar
pessoas responsáveis e comprometidas com o ideal da eficiência e busca de so-
luções rápidas e de excelência organizacional em suas ações e decisões sem o
suporte de informações de qualidade?
3. Recompensa adequada: a organização que busca o comprometimen-
to de seus indivíduos ao atingir suas metas precisa reconhecer os esforços de
seu corpo social. Caso contrário, haverá frustração e desânimo. Afinal, é uma
característica humana o desejo de ser parabenizado por uma atitude ou gestão
significativa. Uma organização que não reconhece seus indivíduos despreza o
tempo e trabalho que eles dedicaram aos objetivos organizacionais.
4. Conhecimento da missão: indivíduos com empowerment precisam sa-
ber do que se trata a missão organizacional. Diferente não poderia ser. Para que
eles alcancem as metas da organização, é necessário que saibam onde, como,
quando e por que suas decisões e ações podem impactar positivamente a reali-
dade organizacional e;
5. Tolerância a erros: uma organização na qual empowerment é palavra de or-
dem tolera os erros dos seus indivíduos. Se a organização espera que as pessoas da
organização contribuam, sugiram, deve estar predisposta a aceitar algumas falhas.
Caso contrário, se punir feroz e exemplarmente aqueles que participam do proces-
so de crescimento organizacional, incutirá o medo. Tolerar erros significa manter a
organização viva, pulsando, se indignando, concordando, discordando, buscando
novos caminhos. Não tolerar erros significa ter um corpo funcional seguindo na cor-
renteza. E qual o sentido de se ter uma organização com pessoas cheias de receios?
→ TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
A tecnologia da informação (TI) modifica profundamente o trabalho dentro
das organizações e fora delas. A ligação com a Internet e a adoção da Intranet
e redes internas de comunicação intensificam a globalização da economia por
meio da globalização da informação. A Internet – com suas avenidas digitais ou
318 • capítulo 9
infovias e a democratização do acesso à informação – é um sinal disso. Nessa
nova era, quanto mais poderosa a tecnologia da informação, tanto mas infor-
mado e poderoso se torna o seu usuário, seja ele uma pessoa, organização ou
país. A informação torna-se principalmente fonte de energia da organização:
seu principal combustível e o mais importante recurso ou insumo. A informa-
ção direciona todos os esforços e aponta os rumos (CHIAVENATO, 2003).
Na Era da informação, existem doze temas básicos que diferenciam a nova
economia em relação à velha economia (CHIAVENATO, 2003):
capítulo 9 • 319
8. Inovação. A nova economia é uma economia baseada em inovações.
Tornar os produtos obsoletos é o lema das organizações. Os ciclos de vida dos
produtos estão se tornando cada vez menores.
9. Produto-consumo. Na nova economia, a distinção entre consumidores
e produtores é pouco nítida. Na Internet, todo consumidor torna-se produtor
de mensagens, contribui para discussões, faz teste-drives em carros ou visuali-
za o cérebro de um paciente no outro lado do mundo.
10. Imediatismo. Em uma economia baseada em bits, o imediatismo tor-
na-se o elemento propulsor da atividade econômica e do sucesso empresarial.
A nova empresa é uma empresa em tempo real. O intercâmbio eletrônico de da-
dos (EDI= eletronic data interchange) interliga sistemas de computadores en-
tre fornecedores e clientes proporcionando concomitância de decisões e ações.
11. Globalização. A nova economia é uma economia global. As organizações
globais estão em pauta. Negócios e conhecimento não conhecem fronteiras.
12. Discordância. Questões sociais sem precedentes estão emergindo, pro-
vocando traumas e conflitos que precisam ser administrados.
→ APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL
Assim como na natureza, a colaboração é um meio utilizado comumente no
mundo organizacional. Relações de cooperação rotineiras entre organizações
de diferentes segmentos ou em diferentes partes de um setor também são mui-
to comuns. Um conceito ecológico que evidencia a importância da colaboração
e da competitividade pode contribuir para a compreensão da administração.
A meta é que a ecologia das relações organizacionais possa progredir e so-
breviver a problemas e ameaças de linhas de ação individualistas e inadminis-
tráveis. Portanto, este conceito propõe uma maneira criativa de pensar e agir
diante desses problemas (Morgan, 2000). A metáfora ‘orgânica’ de aprendiza-
gem da organização pode remeter a um importante desempenho na edificação
320 • capítulo 9
de conhecimento levando a transformações e inovações. A transformação con-
tínua constitui-se em um grande desafio para as organizações, porque impõe
que estas resistam a passagem de uma teoria-em-uso para outra.
É importante evidenciar que existe diferença nos termos Aprendizagem or-
ganizacional e Organização de aprendizagem, sendo que são utilizados muitas
vezes sem distinção. “O foco de uma Organização de Aprendizagem está volta-
do para os sistemas, princípios e características da Organização que Aprende
como uma entidade coletiva. Já a Aprendizagem Organizacional refere-se às
habilidades e aos processos de aquisição, construção e utilização do conheci-
mento” (MENESES, RIBEIRO, ZAGO, 2006).
A organização de aprendizagem promove a comunicação e a colaboração
de forma que todos se empenhem em identificar e solucionar problemas, além
de estimular a adaptabilidade e a participação no desenvolvimento de novas
ideias que possam levar a organização a aproveitar novas oportunidades e ad-
ministrar crises e riscos. Isto se dá porque as organizações são constituídas por
processos agrupados de trabalho, autoridade e responsabilidade e que estabe-
lecem relações entre as pessoas e os órgãos, “cada aspecto do funcionamento
organizacional depende do processamento de informações de uma forma ou
de outra” (MORGAN 2000, p. 95).
O aprendizado não tem restrições de tempo e lugar. Atribuir o grau de in-
certeza e a taxa de mudança como sendo os estímulos para o empenho na or-
ganização que aprende é considerado um fato comum. Algumas organizações
deliberadamente avançam no aprendizado organizacional, desenvolvendo ca-
pacidades consistentes com seus objetivos, outras não focalizam seus esforços
e, portanto, adquirem hábitos contraproducentes. Contudo, independente-
mente da escolha, de forma consciente ou não, todas as organizações apren-
dem. É uma necessidade fundamental para a sustentação de sua existência.
Por outro lado, apenas estimular iniciativas de mudança deixa de ser suficien-
te, quando na prática a maioria das iniciativas de aprendizagem não reflete signi-
ficado mais profundo do processo de crescimento na natureza, pois estas inicia-
tivas não lidam com os processos que limitam o crescimento. Nada na natureza
cresce na ausência de processos limitantes como incertezas e riscos, mais do que
isto, é fundamental a mudança na maneira de pensar, compreender a natureza
dos processos de crescimento e saber catalisá-los (SENGE, 1999).
capítulo 9 • 321
CURIOSIDADE
Peter M. Senge (nascido em 1947) é o autor renomado do livro A Quinta Disciplina. For-
mou-se em Engenharia pela Stanford University e obteve mestrado em Modelos de Sistema
Sociais e o Ph.D. em Management pelo MIT. Em Stanford também estudou Filosofia. Leu na
universidade e foi influenciado pelo livro “Reveille for Radicals” (Alvorada para os radicais)
de Saul Alinsky, que trata das “Organização da comunidade”, em que pessoas que vivem
próximas possam trabalhar unidos para benefício próprio e da comunidade. Professor sênior
na MIT (Massachusetts Institute of Technology). Fundou e é diretor da SOL (Society for Or-
ganizational Learning). Ele mora com sua esposa e filhos em Massachusetts oriental.
322 • capítulo 9
CURIOSIDADE
AS CINCO DISCIPLINAS DE SENGE
As disciplinas de Senge, são ferramentas fundamentais para serem utilizadas na reestru-
turação de uma organização, pois através delas os colaboradores de um modo geral podem ter
uma visão mais ampla para a administração. São elas: o domínio pessoal, modelos mentais, visão
compartilhada, aprendizagem em equipe, e pensamento sistêmico, a que se tem mais ênfase é o
pensamento sistêmico por ser considerado como "o alicerce de organização que aprende".
4. DOMÍNIO PESSOAL Senge conceitua domínio pessoal como uma característica per-
tinente ao indivíduo, a capacidade de enxergar a vida sob um ponto de vista criativo e não
reativo, a proficiência em realizar e em buscar resultados, não se preocupando com obstácu-
los. Essa disciplina está associada a como as pessoas devem agir para expandir suas capa-
cidades pessoais, como pessoas e organização podem contribuir para um melhor ambiente
empresarial de forma a estimular os participantes ao alcance das metas e também estimular
os colaboradores a buscarem e alcançarem seus objetivos pessoais junto com os da empre-
sa, onde as duas partes cresçam e se desenvolvam. Conforme Senge: O domínio pessoal
vai além da competência e das habilidades, embora se baseie nelas. Vai além da revelação e
da abertura espiritual, embora exija crescimento espiritual. Significa encarar a vida como um
trabalho criativo, vivê-la da perspectiva criativa, e não reativa. (SENGE, 2010, p. 179).
Dentro dessa perspectiva, fica claro que o domínio pessoal exige algo a mais do indiví-
duo, e a diferenciação está exatamente na inovação e na capacidade de buscar se desenvol-
ver, a criatividade é essencial para o desenvolvimento dessa disciplina. Os gestores e líderes,
nesse sentido, exercem papel fundamental do ponto de vista de ajudar e motivar os colabo-
radores a desenvolverem o domínio pessoal, deve-se buscar um nível mais alto de autocon-
trole. Sabe-se que é desafiador para a gestão, auxiliar os colaboradores nesse processo de
autodesenvolvimento, todavia, a empresa pode trabalhar com a Gestão de Desempenho, o
que sem dúvida ajudará a medir o nível de domínio pessoal de cada colaborador, é necessário
perceber a coisa de forma integrada, a organização em conjunto com o funcionário.
5. MODELOS MENTAIS Modelos Mentais é uma disciplina difícil de ser trabalhada, como
todas as outras. Para se chegar à excelência, deve-se percorrer um longo caminho. O que
ocorre na maioria das organizações é que primeiramente deve-se trabalhar com os modelos
mentais, pelos principais tomadores de decisão. Esses modelos, se não forem examinados,
limitam as ações da organização (SENGE, 2010).
Essa disciplina está intrinsecamente associada à forma ver, de refletir sobre a organiza-
ção, sobre o mundo, de esclarecer, de melhorar a imagem que temos do todo, de verificar
capítulo 9 • 323
como moldar atos e decisões e de rever nossos modelos mentais e ajustá-los à realidade.
Os modelos mentais influenciam o que vemos, pessoas diferentes podem analisar o mesmo
acontecimento através de ópticas diferentes e entendê-lo de maneira absolutamente oposta,
ou seja, os modelos mentais influenciam a percepção que temos sobre a realidade.
Nesse prisma, é importante que a cultura organizacional seja amplamente difundida e
trabalhada e que os líderes possam monitorar e acompanhar o desempenho de suas equi-
pes para que o modelo mental da organização seja seguido, embora conflite algumas vezes
com os modelos mentais de cada colaborador. É necessário que haja um equilíbrio, visando
à busca dos objetivos organizacionais, e, nesse processo, o líder exerce papel fundamental,
costumes e procedimentos devem ser mudados para que a organização seja melhorada.
6. VISÃO COMPARTILHADA Em consonância com o pensamento de Senge, entende-
mos que Visão Compartilhada trata-se de propiciar que a organização tenha objetivos co-
muns. Isto se torna possível, por exemplo, quando a empresa encoraja seus colaboradores a
expor seus objetivos pessoais e abre espaço para que possam falar de seus sonhos. Deste
modo, a organização busca inserir no funcionário a liberdade de falar a respeito de seus pro-
jetos e também ao exercício de ouvir os objetivos dos demais, o que resulta em um contínuo
processo de aprendizagem. O objetivo comum em uma organização leva o indivíduo a ver a
empresa como “a nossa empresa”, e não como a “empresa deles”.
Resumidamente, através desta base teórica, a visão compartilhada é o comprometimento
comum e espontaneamente aceito que os colaboradores devem ter para com a organização.
De acordo com Senge: “Os objetivos comuns nascem sempre dos objetivos pessoais. É desta
forma que tiram sua energia alavancando seu comprometimento” (SENGE, 1990). Desse en-
tendimento, depreende-se que a visão compartilhada é uma disciplina fundamental também
para a organização que quer aprender continuamente e melhorar seus resultados. Quando
se consegue alinhar os objetivos pessoais aos das organizações e quando se consegue
disseminar essa visão, os resultados podem ser maximizados. Dessa forma, a gestão deve
estimular o engajamento do grupo em relação ao futuro e elaborar princípios e diretrizes que
permitam alcançar esse futuro. A visão é base para a expansão da empresa, todos devem
ter um entendimento comum sobre o futuro da organização, sobre aonde ela quer chegar.
7. APRENDIZAGEM EM EQUIPE Senge (2010) conceitua a Aprendizagem em Equipe
como o processo de alinhamento e desenvolvimento da capacidade da equipe de criar os
resultados que seus membros realmente desejam. É a capacidade dos indivíduos de deixa-
rem de lado suas ideias preconcebidas e buscar pensar conjuntamente, visando, com isto,
alcançar os resultados que julgam desejáveis. Para se trabalhar aprendizagem em equipe, é
importante estar alinhado com o domínio pessoal e a visão compartilhada.
324 • capítulo 9
É importante que os membros da equipe sejam pessoas criativas, e não reativas, da mes-
ma forma que sejam pessoas que pensam conjuntamente para o futuro, buscando os melho-
res cenários para a organização. Entretanto, não podemos ter pessoas totalmente dotadas de
conhecimento pessoal e altos níveis de habilidades, se o principal elas não tiverem: vontade
de aprender a aprender em equipe. Nota-se que, nessa disciplina, a grande preocupação dos
líderes e gestores consiste em desenvolver o pensamento e a comunicação coletiva afim de
superar a soma dos talentos individuais.
8. PENSAMENTO SISTÊMICO Esta disciplina permite analisar e compreender a organi-
zação como um sistema, ou seja, é um conjunto de elementos conectados de modo a formar
um todo organizado, e permite descrever as inter-relações, ou seja, exprime uma noção recí-
proca das pessoas com as suas relações, que pode ser profissional, pessoal, família e outros
existentes entre os seus elementos. É um entendimento do todo, em que tudo está interli-
gado e associado, tudo funciona em rede, de maneira sistêmica. Essa disciplina constitui o
alicerce da organização que aprende.
capítulo 9 • 325
aprendizagem como principal processo é uma postura de aprendizagem intensiva e perma-
nente como forma de buscar a competitividade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS A gestão das organizações na prática é e sempre será cheia
de desafios. Lidar todos os dias com inúmeras mudanças e com pessoas diferentes, não é
tão simples quanto aprender as teorias que balizam cientificamente a Administração. Dessa
maneira, mais do que gerenciar, é necessário às organizações inovar todo o tempo. Deve-se
perseguir a busca pelo aprender a aprender continuamente.
O trabalho em equipe, não nos resta dúvidas, é o que sustenta a empresa, pois não
há empresa sem funcionários, e deve-se explorar o que de melhor cada um tem, de forma
diferenciada, fazendo com que se sintam valorizados. A partir do momento em que suas su-
gestões de melhorias são aceitas e fazem diferença dentro da organização, os envolvidos no
processo acaba comprometido com o todo, e não somente aceita o que lhe foi proposto. Isto
é o que buscamos: comprometimento. Hoje, é exigido das empresas, em relação às pessoas,
um papel diferenciado, pois essas tornaram-se o ativo mais caro das organizações, são elas
que fazem a “roda girar” e que determinam o sucesso ou o fracasso da organização.
Nunca se valorizou tanto o fator de produção conhecimento, por isso há que se atentar
para a retenção do capital intelectual e para se trabalhar e lapidar talentos nas organizações.
As disciplinas de Senge nos permitem perceber o dimensionamento de cada parte e de cada
variável que cerca a organização de uma maneira inter-relacionada. Sem dúvida alguma, esse
conjunto de ferramentas pode ajudar líderes, gestores e empresas a mensurar o desempe-
nho de pessoas e a melhorar o resultado das organizações onde atuam.
Fonte: http://goo.gl/Rsqind
326 • capítulo 9
significado de novos comportamentos que corroboram a efetividade do apren-
dizado (FLEURY & FLEURY, 2001). Daí o surgimento do modelo ecológico de va-
riação, seleção e retenção para retratar o comportamento de aprendizado como:
De acordo Nonaka & Takeuchi (1997, p. 53), existe uma concordância geral
de vários estudos há mais de vinte anos de que “o aprendizado organizacional
é um processo de mudança adaptativo influenciado pela experiência passada,
concentrado no desenvolvimento ou na modificação de rotinas e apoiado pela
memória organizacional”. Senge, (2005) advoga que só terão sucesso, aquelas
organizações que conseguirem instituir o comprometimento e a capacidade de
aprender nas pessoas em todos os níveis da organização.
REFLEXÃO
ORGANIZAÇÕES EM PROCESSO DE APRENDIZAGEM: TRANSCENDENDO A OR-
GANIZAÇÃO PIRAMIDAL
A liderança integrativa tem uma forma sistêmica de pensar, assim como competência
coletiva em lidar com a complexidade. Os pontos destacados a seguir fazem parte do texto
denominado: Liderança integrativa: a busca de excelência do todo interconectado. A orga-
nização em aprendizagem representa a superação da organização piramidal. A estrutura pi-
ramidal tem mudado de altura e tem sido sucessivamente achatada, mas sua natureza não
tem sido na maioria das organizações. O que mais caracteriza a pirâmide é a fragmentação:
departamentos que são feudos isolados, divisão das pessoas em níveis hierárquicos. Quem
pensa, quem controla, em contraposição a quem executa. Na organização piramidal, as bar-
reiras para intercâmbio de ideias, ajuda mútua, cooperação, sinergia são inerentes e natu-
rais. O próprio design estrutural pressupõe “tantos muros para manter as coisas em ordem,
bem organizadas” que a colaboração só é conseguida por meio de esforços “não naturais”,
muitas vezes extremamente estressantes. Em tal ambiente de fragmentação, a busca de
aprendizagem torna-se naturalmente individualizada. E isso fica tão arraigado na cultura das
organizações que até os programas formais de educação e treinamento acabam reforçando
a otimização do desempenho tão somente individual. Não busca incentivar o crescimento co-
letivo do grupo como um todo. Na organização em aprendizagem, a estrutura – networking
capítulo 9 • 327
–substitui a pirâmide. Nela, as pessoas formam um todo indivisível, interconectado e inter-
dependente. É uma organização mais igualitária, na qual todos têm seu valor. Reconhece-se
que as partes, na medida em que atuem juntas, potencializam a força do todo.
Além disso, cada membro do grupo sente que seu sonho pessoal é respeitado, reconhe-
cido e incorporado ao sonho maior da organização. Um processo no qual ninguém sente que
está abrindo mão de coisas importantes e no qual ninguém é obrigado a ficar no meio termo.
Na organização em aprendizagem, todos estão aprendendo e evoluindo uns com os outros o
tempo todo. Isso porque o grupo como um todo compartilha de uma mesma visão de futuro
328 • capítulo 9
mentais que guiam os comportamentos são alterados pelas próprias respostas
que provocam. Este processo não é automático. É preciso que as pessoas se en-
gajem na compreensão de seus comportamentos e em atitudes de cooperação
e participação com os outros.
A perspectiva grupal e organizacional de aprendizagem está centrada nas
disciplinas ou nos comportamentos essenciais das organizações em processo
de aprendizagem.
→ A QUINTA ONDA
Segundo Chiavenato (2004), a Era Industrial predominou em quase todo
o século XX e cedeu lugar à Era da Informação. Nessa nova era, as mudan-
ças e transformações passam a ser gradativamente mais rápidas e intensas.
Sobretudo, descontínuas. A descontinuidade significa que as mudanças não
são mais lineares ou sequenciais e não seguem uma relação causal (causa-e-e-
feito). Elas são totalmente diversas e alcançam patamares diferentes do passa-
do. A simples projeção do passado ou do presente não funciona mais, pois as
mudanças não guardam nenhuma semelhança com o que se foi. A economia
saudável é aquela que rompe o equilíbrio por meio da inovação tecnológica.
Em vez de tentar otimizar o que já existe, a atitude produtiva é a de inovar por
meio de destruição criativa. Destruir o velho para criar o novo (CHIAVENATO, 2004).
Na visão de Schumpeter, os ciclos em que o mundo viveu no passado foram
todos eles determinados por atividades econômicas diferentes. Cada ciclo –
como qualquer ciclo de vida de produto – tem as suas fases. Só que essas ondas
estão ficando cada vez mais curtas, fazendo com que a economia renove a si
mesma mais rapidamente para que um novo ciclo possa começar.
Redes digitais
Software
Petroquímica Novas mídias
Eletricidade Aeronáutica
Vapor Química Eletrônica
Energia Estrada de Motor a
hidráulica ferro combustão
Têxteis Aço
Ferro
capítulo 9 • 329
O primeiro elemento central da quinta onda é a Internet. A world wide web
– www– é a rede mundial que interliga centenas de milhões de computadores
de pessoas, equipes e organizações. E a inquebrantável lógica dessa nova onda
é de que não há mais lugar para se fazer as mesmas coisas do passado. Evidente
que se precisa conhecer o que foi feito no passado como base elementar para
nosso conhecimento e para poder criar e inovar. Todavia, o que aprendemos no
passado passa a ter pouco valor prático para o futuro que se aproxima cada vez
mais rapidamente. Trata-se de uma nova dimensão de tempo e de espaço à qual
ainda não estamos acostumados (CHIAVENATO, 2004).
O segundo elemento central da quinta onda é a globalização dos negó-
cios. Ela é um processo de mudança que combina um número crescentemente
maior de atividades por meio das fronteiras e da tecnologia da informação, per-
mitindo a comunicação praticamente instantânea com o mundo. E promete
dar a todas as pessoas, em todos os cantos, o acesso ao melhor do mundo. A
globalização constitui uma das mais poderosas e difusas influências sobre na-
ções, organizações, ambientes de trabalho, comunidades e vidas. Para Kanter2 ,
quatro processos abrangentes estão associados à globalização:
2 Rosabeth Moss Kanter é uma renomada professora de administração da Harvard Business School e autora de
diversos livros nas áreaS de estratégia, inovação e liderança.
330 • capítulo 9
Os novos canais são mais universais, menos específicos ao local e podem ser
explorados em qualquer lugar (CHIAVENATO, 2004).
d) Pluralismo – o centro não pode dominar. No mundo inteiro, os centros
monopolistas estão se dispersando e sofrendo um processo de descentraliza-
ção. O pluralismo se reflete na dissolução e dispersão de funções para todo o
mundo, independentemente do lugar.
capítulo 9 • 331
seu próprio desempenho com base em padrões mundiais de qualidade e oferecem
treinamento contínuo para manter atualizado o conhecimento das pessoas.
f) Colaboram com os parceiros. Combinam o melhor de sua especialização
e da de seus parceiros, desenvolvendo aplicações customizadas para os clientes.
332 • capítulo 9
Já o conhecimento tácito é encontrado nas pessoas que formam as organiza-
ções, como conhecimento de normas e procedimentos, cultura organizacional,
experiências profissionais e, principalmente, suas percepções com relação à or-
ganização. Considerado mais importante que o conhecimento explícito, é muito
mais difícil de ser articulado e transmitido, o conhecimento tácito envolve fato-
res intangíveis, como crenças pessoais, perspectivas e experiências individuais.
Longe de intelectual e teórico, o conhecimento tácito é empírico e prático.
Seu contexto é o do aqui agora. Sua configuração aborda as sensações e emo-
ções do indivíduo, bem como suas crenças, instituições, habilidades e experi-
ências informais, modelos mentais e percepções. Em linhas gerais, o conhe-
cimento tácito determina grande parte de nossa visão de um mundo sem que
nem ao menos percebamos e, muitas vezes, corresponde a um conhecimento
que nós temos e ignoramos ou não sabemos explicar.
Apesar das dificuldades que esse componente do conhecimento impõe às
tentativas de definição ou de explicação, podemos discernir nele duas dimen-
sões: a técnica e a cognitiva (NONAKA; TAKEUCHI, 2008).
O processo que permite a mobilização e conversão do conhecimento nas or-
ganizações é composto por quatro modos que se alternam em um movimento de
espiral, denominado Espiral do Conhecimento. Para que ocorra esta conversão do
conhecimento, Nonaka e Takeuchi (1997) apresentam quatro formas que com-
põem esta transformação denominada Técnica SECI (Socialização, Externalização,
Combinação e Internalização). Segundo eles, a interação social é fator determinan-
te na criação e expansão do desenvolvimento humano nas organizações.
O conhecimento sempre começa com um indivíduo. Invariavelmente, as re-
lações que um indivíduo estabelece com outro promovem a troca de algum tipo
de conhecimento tácito, como know-how ou uma crença. Essa socialização é
uma interação (SOUZA, 2007). É assim, o primeiro estágio do processo do espi-
ral do conhecimento.
capítulo 9 • 333
Em seguida, quando houver um grupo de indivíduos comovidos em torno
do mesmo conhecimento, que ainda é tácito, a tendência é que a interação en-
tre eles (conversas, discussões e reflexões) leve a uma externalização do conhe-
cimento. Trata-se de cristalizar o conhecimento tácito de cada um na criação de
um novo conceito. Em outras palavras, é a conversão do conhecimento tácito
em conhecimento explícito.
Segundo Nonaka e Takeuchi (1997, p.73), a chave para a criação do conhe-
cimento reside nessa conversão, pois é aqui que são criados os conceitos novos
e explícitos a partir do conhecimento tácito. Não se trata, contudo, de um pro-
cesso simples, como apontam os mesmos autores em outra obra (2008b. p.62):
A externalização é a quintessência do processo de criação do conhecimento,
em que o conhecimento tácito se torna explícito, tomando a forma de metá-
foras, analogias, conceitos, hipóteses ou modelos. Quando tentamos concei-
tuar uma imagem, expressamos a sua essência principalmente na linguagem.
Ainda assim, as expressões são frequentemente inadequadas, inconsistentes e
insuficientes. Essas discrepâncias e falhas entre as imagens e as expressões, no
entanto, ajudam a promover a “reflexão” e a interação entre indivíduos.
Uma vez que um grupo de indivíduos explicitou o conhecimento por meio
de um novo conceito, cabe à organização disponibilizar este conhecimento ex-
plícito de modo que todos os demais grupos sejam capazes de fazer a combina-
ção deste conhecimento explícito com outros que já existem em seu ambiente
interno e externo. Assim, eles poderão combinar os conjuntos de conhecimen-
tos explícitos e sistematizar cada conceito em um sistema de conhecimento.
A esta altura, já deve ter ficado bem claro que estamos falando da conversão
de conhecimento explícito em conhecimento explícito. Esse processo acontece
com extrema frequência nas organizações, afinal, nós trocamos e combinamos
conhecimentos por meio de documentos, telefonemas, e-mails, reuniões etc.
Como você pode perceber, as redes de comunicação computadorizadas e as ba-
ses de dados são, portanto, ferramentas que podem facilitar muito este proces-
so (SOUZA, 2007).
Cabe ressaltar que a combinação não diz respeito apenas a juntar conheci-
mentos; ela também pode incluir a decomposição de conceitos, como afirmam
Nonaka e Toyama (2008, p. 97): “Decompor um conceito, como a visão corpo-
rativa em negócio operacionalizado ou conceitos de produtos, cria ainda mais
conhecimento sistêmico explícito”.
334 • capítulo 9
REFLEXÃO
Uma vez que estamos falando de criação de conhecimento, você provavelmente já deve ter
considerado que o conhecimento não é algo que simplesmente existe por aí a priori. De fato,
para um termo abstrato, ele apresenta algumas características bem orgânicas; por exemplo,
ele começa (é criado) desenvolve-se (é convertido) e, depois de ser utilizado ou consumido,
invariavelmente acaba (é aniquilado por outro conhecimento recém criado). Foi assim com os
dinossauros, foi assim com os chapéus-coco e foi assim também com os desenhos animados
da Disney antes da Pixar. No entanto, como gostamos de repetir, essas coisas simplesmente
não acontecem sozinhas (CARVALHO, 2012).
capítulo 9 • 335
Diálogo
Conhecimento
tácito
Socialização Externalização
conhecimento explícito
Construção do campo
Associação do
do
Internalização Combinação
Conhecimento operacional Conhecimento sistêmico
Conhecimento
explícito
em
Conhecimento Conhecimento
tácito explícito
Aprender fazendo
336 • capítulo 9
Nota-se também que esta técnica funciona em espiral. Por isso é chamada
de Espiral do Conhecimento. Isso se deve ao fato de acontecer de forma cíclica
e contínua, integrando os conhecimentos tácito e explícito nesta dinâmica.
REFLEXÃO
Deve-se notar que os próprios autores desta técnica destacam uma dificuldade grande de
se trabalhar com o armazenamento e compartilhamento do conhecimento tácito entre os
trabalhadores de uma organização. Isso porque o tão valorizado “conhecimento”, adquirido
sobretudo mediante experiências vividas, não são facilmente transmitidos ou socializados.
Para isso, os autores recomendam a criação de equipes autogeridas, a fim de facilitar o pro-
cesso, seja por redundância de informações como por compartilhamento de intenções orga-
nizacionais. Segundo Dutra (2004), as pessoas são depositárias do patrimônio intelectual da
empresa, da capacidade e agilidade de resposta da organização aos estímulos do ambiente,
bem como da capacidade de identificação e exploração de oportunidades.
Takeuchi e Nonaka (2008) apontam cinco condições para que a criação do co-
nhecimento individual e em grupo seja facilitada:
capítulo 9 • 337
de utilidade não imediata devem estar à disposição dos indivíduos. Outra prá-
tica importante é a rotação de pessoal por diversas áreas, promovendo a aquisi-
ção de múltiplas perspectivas.
5. Variedade. Para os dois autores, a variedade é promovida se os mem-
bros internos possuem acesso rápido e o mais direto possível a uma gama de
informações.
REFLEXÃO
A Gestão do Conhecimento é um processo moderno e sistemático de aprendizagem orga-
nizacional e distribuição do saber coletivo, apoiado na geração, codificação, disseminação e
apropriação de conhecimentos e habilidades individuais, baseado num processo de inovação
contínua, de modo a fazer com que a informação certa chegue à pessoa certa, na hora certa,
buscando a excelência organizacional e a valorização do ser humano. Desse modo, deve
fazer parte da estratégia organizacional e ter sua implantação garantida e patrocinada pela
alta gerência, a quem deve estar subordinado todo o processo de gestão do conhecimento
(SVEIBY, 1998).
338 • capítulo 9
O modelo input-processo-output, a primeira definição – Processo lógico
que busca esclarecer a relação casual entre as entradas e os resultados. No en-
tanto, para alguns estudiosos, este processo parece ser restritivo e irrealista no
que tange a ordem e a sequência em que os eventos ocorreram na organização.
A segunda definição, mais atualizada, de processo está relacionada com uma
categoria de conceitos de ações individuais e/ou organizacionais. O processo refe-
re-se a uma categoria de conceitos que é distinguida de outras categorias, tais como
ambiente organizacional, estrutura e performance. Para entender o processo de
adaptação estratégica, é fundamental o uso da história da organização para obter
as sequências dos eventos que revelam as mudanças ocorridas no tempo.
A terceira definição de processo destaca a sequência de eventos ou ativida-
des que descrevem como as coisas mudam no tempo ou representam um pa-
drão de transição cognitiva em relação a uma entidade. Esta definição de pro-
cesso traz uma perspectiva histórica do desenvolvimento, além de enfocar as
sequências dos incidentes, atividade e estágios (ANDRADE e AMBONI, 2011).
capítulo 9 • 339
O quadro a seguir detalha cada uma dessas quatro famílias de teorias:
340 • capítulo 9
– Teoria Teleológica do processo: é compatível com muitas teorias do com-
portamento administrativo, incluindo: o funcionalismo, processo de tomada
de decisão; epigênese, voluntarismo, conhecimento adaptativo e muitos mode-
los de planejamento. A teoria do processo teleológico baseia-se na suposição de
que o desenvolvimento de entidades é proposital e adaptativo. A teleologia não
presume uma necessária sequência de eventos.
– A terceira família de teorias é a Teoria dialética. Ela supõe que o desenvol-
vimento das organizações existe num mundo de pluralidades de eventos coli-
dindo forças ou valores contraditórios que competem entre si pela dominação
e controle. As tensões entre as forças evolucionárias e as revolucionárias têm
a propensão organizacional para o crescimento (ANDRADE e AMBONI, 2011).
– Na Evolução biológica, a mudança ocorre num processo contínuo de:
CURIOSIDADE
A cultura colaborativa inspirando novos valores e possibilidades de mudança.
Lourdes Alves de Souza
capítulo 9 • 341
A década de 90 é o marco de consolidação de organização do “Terceiro Setor” e de
interface entre a iniciativa privada, poder público e sociedade civil a fim de compor e propor
soluções para os graves problemas sociais.
Na busca de sinergia e fortalecimento, as organizações da sociedade civil são responsá-
veis pelas primeiras iniciativas de organização em rede no país e ainda hoje representam a
maioria quantitativamente falando e do ponto de vista de identificação ideológica. A organiza-
ção em rede é uma estratégia de fortalecimento político e social e que na sua complexidade,
dada a diversidade, os princípios de equidade e democracia, educa para o desenvolvimento
social sustentável e gera a cultura colaborativa. Segundo Morin, a cultura é constituída pelo
conjunto dos saberes, fazeres, regras, normas, proibições, estratégias, crenças, ideias, valo-
res, mitos, que se transmite de geração em geração, se reproduz em cada indivíduo, controla
a existência da sociedade e mantém a complexidade psicológica e social.
Desse modo, a nossa forma de pensar, sentir, fazer e agir, que são as nossas lentes, nos-
so modo de ver e ser, está ou esteve referenciada pela Estrutura de Organização Piramidal,
que gera e mantém fortalecida a cultura competitiva.
Portanto, mudança para uma perspectiva colaborativa é a inversão da lógica da organiza-
ção piramidal, cuja estrutura está baseada na hierarquia, na obediência e na centralização do
poder, para outra, orientada pela horizontalidade, valores de solidariedade e da cooperação.
– É forjar a partir da experiência, da vivência coletiva uma outra e nova forma de organização
e de relacionamento entre os interessados na mudança, o que justifica sublinhar, a necessi-
dade de mudança na forma de sentir, pensar, falar e agir.
A organização em Rede geradora da cultura colaborativa se apresenta como uma tec-
nologia social viável, tanto do ponto de vista sócio – político, função educativa, processo
de humanização e expansão da consciência sobre o papel da Educação e do Educador no
Desenvolvimento Social. O Modelo de Estrutura Piramidal é baseado em:
342 • capítulo 9
fissional. – Consequentemente, em qualquer área que lidamos. Sem grandes esforços in-
felizmente, a maioria de nós tem exemplos de experiências no trabalho, em suas equipes e
relação com seus superiores, que reproduz de forma clássica a estrutura piramidal. – A quei-
xa generalizada, para não particularizar o problema, é a dificuldade de trabalhar em equipe,
a falta de informação e as decisões serem de cima para baixo. O efeito é visível no “clima”,
no nível de insatisfação, é frequente o individualismo, o isolamento, a superficialidade nos
relacionamentos, a resistência na participação e envolvimento em propostas que venha da
cúpula. Resumidamente podemos chamar de apatia e insatisfação.
A cultura organizacional é oriunda do modelo de organização social, portanto, a mudança
de uma reflete e muda a outra. – A qualidade das relações e dos vínculos possíveis, tem
origem no modelo mental que considera as partes e não a relação entre elas, que funciona
sob a ótica binária, ou é isso ou é aquilo, ou é amigo ou inimigo. – Esse modelo fragmentado
e de rotinas defensivas, julgamentos e generalizações, inviabiliza a aprendizagem em equipe
e outras formas de convivência necessárias ao processo de mudança.
Durante muito tempo à educação teve como papel primordial à instrução, o repasse de
conteúdo, a transmissão de saberes acabados e inquestionáveis e também a preocupação
de formar pessoas para o mercado. – É muito recente, mas animador o movimento de edu-
cadores que modelam e transformam a educação colocando no centro das preocupações a
pessoa, o sujeito, o cidadão autônomo, que nutre seus próprios sonhos, que tem desejos de
mudança, necessidades singulares e função social.
Adaptado de: Lourdes Alves de Souza - Disponível em: http://goo.gl/nj8AMe
capítulo 9 • 343
das fábricas para adequar e alinhar as organizações aos padrões mundiais de ex-
celência. O futuro caminho da teoria administrativa está não no simples cance-
lamento das teorias anteriores, que se mostram cada vez mais ultrapassadas e
obsoletas a cada dia que passa, mas na sua evolução ou revolução para novas e
diferentes abordagens mais adequadas ao mundo atual (CHIAVENATO, 2003).
Além disso, dizer que uma teoria administrativa está mais certa do que ou-
tras não é correto. Melhor seria dizer que cada teoria representa a focalização
ou solução dentro da abordagem escolhida, tendo em vista as variáveis selecio-
nadas dentro ou fora das organizações. Na verdade, ao longo do tempo, a teoria
administrativa constituiu uma constante tentativa de reduzir a incerteza a res-
peito do funcionamento e da otimização das organizações. Ela apresenta várias
maneiras e diferentes ângulos para se visualizar e tratar um mesmo fenômeno
organizacional. O administrador pode tentar resolver problemas administrati-
vos dentro do enfoque neoclássico quando a solução neoclássica lhe parecer a
mais apropriada de acordo com as circunstâncias ou contingências. Pode tam-
bém tentar resolvê-los dentro do enfoque comportamental ou sistêmico se as
circunstâncias ou contingências assim o aconselharem. Nisso reside o encanto
da TGA: mostrar uma variedade de opções à disposição do administrador. A ele
cabe o desafio de fazer a leitura da realidade, diagnosticar a situação e entrever
a abordagem mais indicada a ser utilizada (CHIAVENATO, 2003).
LEITURA
A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E O NOVO MODELO ORGANIZACIONAL
A compreensão do conceito de sociedade do conhecimento passa necessariamente
pela análise dos processos de transformação que vêm ocorrendo na economia, na política
e na cultura. São as megatendências: (...) “grandes mudanças sociais, econômicas, políticas
e tecnológicas que se formam lentamente e, uma vez estabelecidas, influenciam-nos por
algum tempo”. As principais megatendências que se definem no momento atual são o deslo-
camento do paradigma de sociedade industrial para sociedade da informação, de economia
nacional para economia mundial, de centralização para descentralização.
Destaca-se ainda a questão política que modela a nova civilização, reconhecendo-se que os
problemas mais urgentes do mundo – a comida, a energia, o controle das armas, a pobreza, a
ecologia, o colapso da comunidade urbana, a necessidade de trabalho produtivo e compensador,
dentre outros fatores – não podem mais ser resolvidos dentro da estrutura da ordem industrial.
Acontecimentos como a formação de blocos econômicos (Comunidade Econômica Europeia,
344 • capítulo 9
Mercosul, Nafta, e outros), a dissolução do bloco comunista, a consolidação de potências tec-
nológicas, a interação dos diferentes mercados financeiros pressupõem uma nova orientação
econômica internacional, com fortes reflexos sobre a economia local dos diferentes países.
Esse processo tem como pano de fundo a sofisticação das tecnologias de informação
que rompem limites de tempo e distância, transpondo barreiras sociais, culturais e políticas,
tornando o mundo mais integrado.
O momento é de negar os princípios da era industrial, provocando o abalo de teorias já
consolidadas. Nesse contexto de crise, desenvolve-se o conceito de sociedade do conhe-
cimento como novo paradigma socioeconômico. Surgem questionamentos e polêmicas no
âmbito das ciências econômicas, uma vez que os modelos conceituais vigentes – taylorista,
fordista, materialismo histórico –, não se adequam a essa nova orientação econômica, total-
mente diversa da ideologia e princípios que fundamentam a sociedade industrial. “Econo-
mistas redescobrem a obra de Joseph Schumpeter, que falava da destruição criadora como
necessária ao progresso.
Numa tempestade de tomadas de controle, desmembramento de empresas, reorganiza-
ções, falências, formação de novas empresas, associações (joint-ventures) e reorganizações
internas, a economia está adotando uma nova estrutura que é anos-luz mais diversa, altera-
se mais depressa e é mais complexa do que a velha economia das chaminés”.
Na sociedade do conhecimento, o real valor dos produtos está no conhecimento neles
embutido, em que a economia adota uma estrutura mais diversa, alterando-se contínua e
rapidamente. Nos países mais avançados, o acúmulo de informações e a sua reunião para
estruturar esquemas de conhecimentos cada vez maiores e mais sofisticados permitiu mu-
danças qualitativas no setor econômico.
Hoje, o poderio econômico internacional de um país está diretamente relacionado ao
fator conhecimento. Se a ideologia da produção em série, característica da era industrial,
tinha como princípio fundamental a associação de terra, trabalho e capital como forma de
criar riqueza, na sociedade do conhecimento, a informação, gerando ação (conhecimento),
constitui o mais importante recurso de agregação de valor.
Sua versatilidade permite atender às necessidades do consumidor de forma muito mais
satisfatória. O conhecimento revoluciona o processo de produção, uma vez que ele torna eco-
nomicamente viável a individualização e diversificação do produto. Cada dia mais será neces-
sária a prática empreendedora, tanto quanto a gerencial, baseada em regras e conhecimento
específico. A inovação, que consiste em trabalho árduo e sistemático de análise periódica
dos produtos, serviços, tecnologia, mercado e canais de distribuição, é o que determinará
a sobrevivência das organizações. Segundo Drucker11, “Aprendemos a inovar porque não
podemos esperar que a competência, as habilidades, os conhecimentos, produtos e serviços
e a estrutura do presente serão adequados por muito tempo.”
capítulo 9 • 345
O novo modelo de produção baseia-se em um ponto de vista sistemático e integrativo,
no qual os processos devem ser vistos em sua totalidade, não podendo ser fracionados e
isolados. Conectividade, integração e simultaneidade em tempo real são os pressupostos
que suportam o novo paradigma de produção, modelo esse bastante diverso da “produção
em série” e do trabalho simplificado típico da sociedade industrial. “A informação obtida pelo
pessoal de venda e de marketing alimenta os engenheiros, cujas inovações precisam ser
compreendidas pelo pessoal da área financeira, cuja capacidade de levantar capital depende
da satisfação do cliente, que depende dos horários da companhia. Ou seja, há uma mudança
radical na concepção de produção, enquanto processo integrado e simultâneo que não se
limita ao ambiente da fábrica ou da organização, mas o transcende.”
Os resultados dessa aceleração da produção obrigam as empresas a conviver com ciclos
de vida mais curtos do produto, maior número de empréstimos e arrendamento, padrões de
consumo mais efêmeros, mais negociações, mais mudanças no apreçamento, e também
mais dependência de dados
Leia mais. Acesse: http://revista.ibict.br/ciinf/index.php/ciinf/article/viewFile/551/500
Artigo: O modelo inovador japonês de Gestão do Conhecimento, Por Pierre Fayard. Dis-
ponível em: <http://sbgc.org.br/sbgceduc/?p=635> – Acesso julho / 2012.
LEITURA
Estudo de caso – Mudança.Com
Em um dia de dezembro, a gerente de recursos humanos da Módulo, empresa de segu-
rança de dados sediada no Rio de Janeiro, recebeu um e-mail de seu chefe, que estava nos
Estados Unidos: “Você leu o livro Capital Intelectual?” “Li”, respondeu ela. “Então vamos
implementar”. Menos de duas semanas depois, o organograma da Módulo estava totalmente
transformado. A antiga estrutura hierarquizada, com diretoria, gerentes e funcionários virou
pó. Ela deu lugar a uma outra, dinâmica e informal, na qual qualquer pessoa pode desempe-
nhar qualquer função.
346 • capítulo 9
A Módulo é um exemplo de um fenômeno característico da era digital: uma pequena
empresa que cresceu e começa a conquistar fatias do mercado. A Módulo cresceu seis ve-
zes em três anos. Nada em sua sede a diferencia de um escritório comum. Mas a aparência
engana. A gestão da Módulo nada tem a ver com a tradicional. Lá, tudo funciona via Internet.
Da compra de materiais à contratação de funcionários, da comunicação interna ao marketing,
das agências de viagens ao advogado. Tudo por e-mail. A contratação de funcionários é feita
pela Internet. O banco de dados tem 15.000 currículos que são analisados por computador.
O marketing também é feito pela Internet. Toda semana, a Módulo envia por e-mail um bole-
tim informativo eletrônico sobre segurança de dados para 5.500 pessoas. Inteiramente grá-
tis. É o equivalente à propaganda boca a boca da era digital. O número de funcionários dobra
a cada ano. É deles que vem o combustível para a transformação e expansão da empresa:
ideias, ideias, ideias. A Módulo virou um banco de informações onde se armazenam desde
experiências de projetos até resenhas de livros. Se alguém quer ler um livro e achar interes-
sante, basta colocar a resenha na rede e dividir o conhecimento. Todo mês eles escolhem um
título e todo o mundo é estimulado a ler o livro. A empresa está em constante treinamento,
pois é preciso que haja um sentimento positivo em relação à mudança. A mudança é a regra.
Para manter o clima de cooperação, as pessoas conversam muito, principalmente por mídia:
via fax, correio eletrônico, telefone, e às vezes, ao vivo. Algumas carregam laptops no colo
quando se deslocam para o trabalho ou para suas casas. Todas as decisões são tomadas por
consenso, nunca por votação. A harmonia é fundamental. O ritmo de trabalho é intenso e o
horário dos funcionários é flexível. Cada pessoa trabalha quando quer.
A Módulo decidiu ser uma empresa global. Acompanhando a mudança no estilo de ges-
tão e o salto global, os produtos da Módulo também mudaram. A empresa não desenha
mais ferramentas para as empresas aplicarem a seus sistemas de segurança. Hoje, ela vai
ao cliente, analisa o negócio e desenvolve um sistema adequado a ele, sob medida. Com o
crescimento do uso das redes, muitos sistemas cresceram sem se preocupar com a devida
proteção. Esse é o negócio da Módulo.
Fonte: Chiavenato (2003, p. 624).
capítulo 9 • 347
LEITURA
Aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento: um desafio a ser enfrentado
Por Isabel Amélia Costa Mendes
Ter plena compreensão das pessoas como ativos, identificando e explorando suas diver-
sidades intrínsecas para adicionar valor aos projetos e resultados organizacionais, é um de-
safio a ser enfrentado se quisermos monitorar com competência o potencial e a contribuição
que os recursos intangíveis podem oferecer para o sucesso das organizações.
Dentre os fatores que procedem à maximização dos recursos humanos, a aprendizagem
organizacional e a administração do conhecimento se destacam como imprescindíveis para
o nosso tempo.
O conhecimento explícito e o conhecimento tácito interpõem-se nas organizações.
Enquanto que o conhecimento explícito, formal e sistemático, é facilmente disseminado for-
necendo informações rápidas e confiáveis, de acesso disponibilizável e conectando pessoas
para sua utilização, o conhecimento tácito provém de experiência pessoal, intuição, bom sen-
so e insights sendo, portanto, muito mais difícil de ser comunicado. As soluções e conselhos
criativos que podem advir desse tipo de conhecimento tornam necessário seu compartilha-
mento, e aqui o diálogo é um importante mecanismo de aprendizagem.
A administração do conhecimento contempla "maneiras deliberadas e sistemáticas para
criar, captar, organizar e transferir conhecimento". Três forças impulsionam esta gestão:
348 • capítulo 9
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, R. O. B.; AMBONI, N. TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO. 2ª. Ed. Campus, Rio de
Janeiro, 2011
ARAUJO, L, C, G. ORGANIZAÇÃO, SISTEMAS E MÉTODOS E AS TECNOLOGIAS DE GESTÃO
ORGANIZACIONAL: arquitetura organizacional, benchmarking, empowerment, gestão pela qualidade
total, reengenharia. volume 1– 3. ed. – São Paulo: Atlas, 2007.
CARVALHO, F. C. A. Gestão do Conhecimento. Cidade: Editora Perason, 2012.
CASTRO, A. P. COMO IMPLEMENTAR AS TÉCNICAS DE ENERGIZAÇÃO (empowerment) para
melhorar a qualidade e a satisfação das pessoas. Rio de Janeiro: Campus, 1994.
CHAMPY, J; HAMMER, M. REENGENHARIA: revolucionando a empresa em função dos clientes,
da concorrência e das grandes mudanças da gerência. Rio de Janeiro: Campus, 1994.
CHIAVENATO, I. INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO: UMA VISÃO
ABRANGENTE DA MODERNA ADMINISTRAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES. 7. ed. rev. e atual. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2003.
DRUCKER, P. ADMINISTRANDO EM TEMPOS DE GRANDES MUDANÇAS. São Paulo, Pioneira, 1996.
______. DESAFIOS GERENCIAIS PARA O SÉCULO XXI. São Paulo: Pioneira, 1999.
FELTUS, A. EXPLODING THE MYTHS OF BENCHMARKING. Disponível em: <http://www.apqc.
org/free/articles/story02.htm>. Acesso em : 06/04/2011.
MAXIMIANO, A. TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO: DA REVOLUÇÃO URBANA À
REVOLUÇÃO DIGITAL. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
MEGGINSON, L. C. et al. ADMINISTRAÇÃO – CONCEITOS E APLICAÇÕES. 4. ed. São Paulo:
Harbra, 1998.
NONAKA, I. e TAKEUCHI, H. CRIAÇÃO DO CONHECIMENTO NA EMPRESA: como as empresas
japonesas geram a dinâmica da inovação. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
SOUZA, H. A. GESTÃO DO CONHECIMENTO NA PEQUENA EMPRESA: a modelagem
organizacional como ferramenta para gerir seu conhecimento e capital intelectual. Dissertação de
Mestrado EESC/USP, São Carlos/SP; 2007.
ROBBINS, S, P. ADMINISTRAÇÃO: MUDANÇAS E PERSPECTIVAS. São Paulo: Saraiva, 2000.
SVEIBY, K. E. A NOVA RIQUEZA DAS ORGANIZAÇÕES: gerenciando e avaliando patrimônio de
conhecimento: Campus. 1998.
TAKEUCHI, H.; NONAKA, I. GESTÃO DO CONHECIMENTO. Porto Alegre: Bookman, 2008.
capítulo 9 • 349
ANOTAÇÕES
350 • capítulo 9
ANOTAÇÕES
capítulo 9 • 351
ANOTAÇÕES
352 • capítulo 9