Esta análise de dados se articulou com o referencial teórico do trabalho para
refletir se a documentação que é parâmetro para estabelecer a educação infantil, no caso as Diretrizes curriculares nacional para educação infantil (DCNEIs), estão contempladas na literatura específica sobre educação infantil. Nos princípios presentes na DCNEIs foram registrados: os estéticos: da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da liberdade de expressão nas diferentes manifestações artísticas e culturais. Dorneles (2001) já aponta que é por meio do ato lúdico que a criança expressa sua infância pelas brincadeiras que leva consigo, perpetuando e renovando a cultura infantil que desenvolve formas de convivência social para modificar e receber novos conteúdos das gerações. Ela repete as brincadeiras para formar um novo saber e incorporar um novo jeito de brincar. A autora ainda cita que na brincadeira de faz-de-conta, a criança atua com seu imaginário, transformando os objetos reais em objetos imaginários. As situações de normas e regras devem ser seguidas para a sua permanência na brincadeira. Quando são assumidas as normas e regras no brincar, as crianças buscam um comportamento mais avançado em sua idade, sendo impulsionada para além do comportamento habitual. Já Kishimoto (2000) afirma que as brincadeiras de faz-de-conta, também conhecidas como simbólicas, evidenciam a presença da situação imaginária, registrando o conteúdo imaginário provido das experiências anteriores vivenciadas pelas crianças em seus diferentes contextos e tendo sua justificação através da aquisição do símbolo, pois as crianças criam símbolos a partir do brincar. Assim as três autoras apontam as condições estéticas, que determinam a sensibilidade da criança na educação infantil e com isto promovem a imaginação, criatividade e liberdade de expressão. A brincadeira surge como forte elemento cultural propiciando liberdade de expressão. Sobre a concepção da proposta pedagógica, as DCNEIs apontam que estas devem cumprir sua missão construindo novas formas de sociabilidade e de subjetividade comprometidas com a ludicidade, a democracia, a sustentabilidade do planeta e com o rompimento de relações de dominação etária, socioeconômica, étnico- racial, de gênero, regional, linguística e religiosa. Guimarães (2001) afirma que a criança deve ser estimulada a conquistar habilidades no seu desenvolvimento por meio do prazer, sem racionalização de atividades e adestramento de gestos para uma realidade social mais ampla em respeito a sua subjetividade. Bomtempo (2000) indica que durante o brincar devem ser consideradas as necessidades internas da criança, que de acordo com sua idade, terá um entendimento singular do brincar. Sobre a questão étnico-racial e socioeconômica, Debortoli (2011) relata que não se deve haver julgamentos precipitados, trabalhar a aproximação, distanciamento, estranhamento e familiaridade em relação a este processo. Verifica-se nesse domínio, a importância da construção de uma proposta pedagógica que visa a formação global da criança, respeitando todo o contexto social em que ela está inserida e partir para a amplitude de diferenciações culturais que possam surgir durante toda a sua vida. Quanto ao objetivo da proposta pedagógica, as DCNEIs demonstram que este deva garantir à criança acesso a processos de apropriação, renovação e articulação de conhecimentos e aprendizagens de diferentes linguagens, assim como o direito à proteção, à saúde, à liberdade, à confiança, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à convivência e à interação com outras crianças. Para Bomtempo (2000) a criança assimila o mundo a sua maneira, e o jogo simbólico, dará ao objeto a representação de novos significados em uma interação com o objeto. Bujes (2001) ressalta que os aprendizes não somente absorvem a cultura de seu grupo, mas também compreendem, atribuem novos significados e a transforma ativamente, devendo os currículos de creches de pré-escolas organizar os processos para que os sentidos e significados sejam criados e produzidos, corroborando com Dornelles (2001), que relata a brincadeira como uma forma de linguagem usada para compreender e interagir consigo, com o outro e com o mundo. Segundo Santos (2001) a brincadeira é um espaço de experiência a liberdade de criação para a criança expressar suas emoções, sensações e pensamentos sobre o mundo e interagir consigo mesmo e com os outros. Com isso, temos a constatação da importância da brincadeira para a aprendizagem das crianças, que dentro de sua realidade transgredirá para novos conhecimentos e possibilidades, tendo seus direitos garantidos e o desenvolvimento para interagir com o mundo que a cerca, a sociedade. As DCNEIs relacionam a infância com a proposta pedagógica para as diversidades, apontando que se deve prever a oferta de brinquedos e equipamentos que respeitem as características ambientais e socioculturais da comunidade. Dornelles (2001) e Bomtempo (2000) tratam sobre a visão de mundo adquirido pela criança por meio do brinquedo. O brinquedo perpetua e renova a cultura infantil, pela convivência social, que possibilita a transmissão de novos conteúdos de uma geração a outra ao dar novos sentidos e incorporar novo jeito de brincar. De acordo com Bujes (2001) a criança vivencia a experiência cultural do grupo social a que pertence, que não é isolada de um ambiente de cuidados, das experiências afetivas e do contexto material de seu suporte. Constata-se que para o desenvolvimento da criança, o brinquedo é importante para a criação de novas relações entre o pensamento e a realidade da cultura em que está inserida e que através do respeito desta cultura na disponibilização de material, mantem-se a passagem das vivências do meio em que vive e a possibilidade de transformações que possam a surgir com o que surgir em seu período vivente. Sobre a prática pedagógica, as DCNEIs determinam a necessidade de favorecer a imersão das crianças nas diferentes linguagens e o progressivo domínio por elas de vários gêneros e formas de expressão: gestual, verbal, plástica, dramática e musical; além de promover o relacionamento e a interação das crianças com diversificadas manifestações de música, artes plásticas e gráficas, cinema, fotografia, dança, teatro, poesia e literatura. Segundo Bujes (2001), a educação infantil tem a necessidade de concepção de novas experiências com a inclusão de manifestações culturais para o domínio de informações e desenvolvimento do raciocínio e formas de pensar complexas, aperfeiçoadas e abstratas. Para a autora, vivenciamos contextos culturais e históricos em constante transformação, onde as crianças participam ativamente desta transformação pelas experiências de vida e deve-se preservar o direito da criança à sua infância, não podendo se esquecer de desenvolver as habilidades sociais da criança, seus domínios de espaço e do corpo e de modalidades expressivas, assim como, privilegiar o desenvolvimento da curiosidade os desafios e oportunidades para que realizem suas investigações. Santos (2001) ressalta que as crianças devem apreciar espetáculos teatrais adaptados à sua faixa etária, de forma que experimente todos os fundamentos que compõem a linguagem teatral. Nesse contexto, as crianças conhecem as variadas manifestações culturais existentes na sociedade, ampliando seus horizontes, suas vivências, de forma ampla para as complexidades culturais e de linguagens que possam vir a surgir em seguimento de suas vidas. Sobre a avaliação, as DCNEIs demonstram que a observação crítica e criativa das atividades, das brincadeiras e interações das crianças no cotidiano é uma forma valida para ver o desenvolvimento da criança. Santos (2001) narra que o professor deve obter a função de observador; catalisador; e participante ativo. Sabendo mediar as relações das situações que surgem para o provimento do desenvolvimento saudável e prazeroso das crianças. Ferreira (2011) aponta que não se deve ter a visão das crianças como sujeitos passivos da socialização, considerando o tempo/espaço da educação infantil, em conjuntura com as práticas pedagógicas executadas nesse tempo/espaço dentro de suas atitudes e o cotidiano em que está vivenciando. Kishimoto (2000) elucida que através do brinquedo há a propulsão de estímulo da representação e expressão das imagens invocadas pelos aspectos da realidade, que impulsionam a criança na presença de reproduções de tudo o que existe em seu cotidiano que dá para a criança, a substituição dos objetos reais para sua manipulação, possuindo uma variação perante o imaginário de cada idade, a maneira com que cada cultura enxerga a criança, a trata e a educa. A avaliação na Educação Infantil deve obter um olhar respeitoso às particularidades da criança, suas vivências, seu momento, seu cotidiano. O professor não pode incutir nessa avaliação visões que estejam determinadas a este propósito, não desmerecendo a importância da brincadeira para o desenvolvimento e crescimento da criança.