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DE
UMBANDA
Aula 01
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SUMÁRIO
A religião Umbanda 08
Gênese divina de
Umbanda Sagrada 39
Uma cosmogênese
Umbandista 86
Os Tronos de Deus 98
7 mistérios 107
Estudo histórico das Sete
Linhas de Umbanda 125
Pioneiros na Umbanda:
uma rota literária 173
Frei Malagrida Jesuíta 206
Em defesa do estudo e
do conhecimento da
religião de Umbanda 222
Umbanda e os quatro
caminhos de Deus 256
Do que a Umbanda
precisa? 280
ENTIDADES DE UMBANDA - AULA 1
04
Saudações!
Desde que cheguei na Umbanda sempre
me coloquei com olhos desconfiados para
tudo. Talvez por isso que meu contato não
foi “amor a primeira gira”, também não fui
pela dor e sim por curiosidade. Após alguns
acontecimentos é que meus olhos descon-
fiados tornaram-se olhos de encantamen-
to e amor. Porém não posso dizer que em
algum momento tive uma fé cega, isso não
pertence a minha natureza. No entanto per-
cebemos não só na Umbanda, mas na hu-
manidade que de forma geral quer ter uma
fé cega em algo e o pior, não querem se es-
forçar para alcançar o que almejam.
ENTIDADES DE UMBANDA - AULA 1
05
SARAVÁ UMBANDA!
Rodrigo Queiroz
A RELIGIÃO
UMBANDA
ENTIDADES DE UMBANDA - AULA 1
09
A
Umbanda uma religião brasileira,
tem na sua origem conceitos ques-
tionáveis e vem sendo tema de es-
tudos e profundos debates.
Estes conceitos variam de uma suposta ori-
gem na antiga Atlântida vindo de desenvol-
vendo até culminar no adventos do dia 15
de Novembro de 1908 quando ocorre a ma-
nifestação do Sr. Caboclo das Sete Encru-
zilhadas através do então jovem Zélio Fer-
nandino de Morais em Niterói, Rio de Janeiro
que contava com seus 17 anos membro de
uma família tradicionalmente católica. Nes-
ta ocasião este espírito, o Caboclo, anuncia
que veio para fundar uma nova religião cujo
nome seria UMBANDA.
Nossa história
Um som envolvente ecoava pelos terreiros
deste Brasil, atraindo milhares de pessoas
do simples ao abastado, do doutor ao iletra-
ENTIDADES DE UMBANDA - AULA 1
14
raes.
Saravá Umbanda!
A
qui consta a apresentação e uma
parte do texto sobre a “Gênese do
Planeta Terra”, editado por Alexan-
dre Cumino:
N
ós sabemos que o “universo” dos Ori-
xás é vastíssimo e isto tem intrigado
uns e confundido outros estudiosos
deste mistério do Criador.
Sim, porque muitos julgam que a história da
humanidade começou a alguns milhares de
anos após o dilúvio, tal como está escrito na
Bíblia.
se energizava (materializava).
Com isto dito, saibam que o divino Trono das
Sete Encruzilhadas é o magnetismo que sus-
tenta a existência do planeta em suas muitas
dimensões. Já a sua contra parte natural é
a individualização e repetição “localizada” da
natureza cósmica de Deus ou de Sua parte
feminina, que é um ventre gerador de vida.
Na criação divina (a gênese das coisas) tudo
se repete e se multiplica. Tudo que está
acontecendo aqui e agora, em um outro ní-
vel dentro de um grau da escala magnética
divina, já aconteceu ante.
macho e fêmea.
da fertilidade
masculina.
O fator venusiano desenvolve a natureza
sensual das fêmeas e o fator marciano de-
senvolve a natureza viril dos machos.
Voltando à gênese do nosso planeta. O fato
é que durou sete bilhões de anos desde que
se iniciou, até que uma atmosfera, ainda sa-
turada de gases, tivesse sido formada.
O planeta de então era instável e a todo o
momento sacudido por gigantescas erup-
ções vulcânicas. A partir daí, as “substâncias”
já não retornavam ao interior incandescido,
porque a crosta sólida retinha em sua su-
perfície as lavas, que iam “engrossando-a” e
expandindo-a cada vez mais.
ENTIDADES DE UMBANDA - AULA 1
68
estado puro.
Uns eram elementais ígneos, outros eram
aquáticos, eólicos, minerais, vegetais, crista-
linos, etc.
Estes seres provinham da dimensão essen-
cial ou útero divino gerador de vida.
Enquanto seres virginais viviam na dimensão
divina que nomeamos de “dimensão Mãe da
Vida”, e nela eles iam sendo fatorados e ad-
quirindo uma ancestralidade, pois adquiriam
um magnetismo que os individualizava e os
distinguia uns dos outros.
Saibam que neste ponto as lendas dos Ori-
xás são as mais corretas descrições de um
fatoramento divino que acontece no útero
da Mãe da Vida ou dimensão essencial (se-
ria fatoral? A.C.), pois nela existem correntes
eletromagnéticas que transportam essên-
ENTIDADES DE UMBANDA - AULA 1
71
A
Umbanda não possuía uma explica-
ção só sua sobre o “início dos tem-
pos” e os umbandistas recorriam às
gêneses alheias para comentar alguma coi-
sa a respeito.
A ideia de fazer algo nesse sentido e suprir
essa lacuna surgiu em 1992 e, pouco tempo
depois, começou a tomar corpo junto com
outra lacuna, até então não percebida pelos
umbandistas: o Estudo Teológico Regular.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
ENTIDADES DE UMBANDA - AULA 1
80
UMA
COSMOGÊNESE
UMBANDISTA
RUBENS SARACENI
ENTIDADES DE UMBANDA - AULA 1
87
A
Umbanda é uma renovação do tradi-
cional culto às divindades africanas,
englobados na classificação “cul-
tos das nações”, assim denominado porque
cada povo possuía sua religião própria, com
seus ritos específicos, mas que mantinham
uma analogia muito grande, tanto na prepa-
ração sacerdotal quanto organizacional, de
seus panteões divinos.
- Gênese de Umbanda
- Formulário de Consagrações Umbandista
Iniciação à Escrita Mágica Simbólica Código
da Escrita Mágica Simbólica Tratado de Es-
crita Mágica etc.
Todos editados pela Madras Editora.
ENTIDADES DE UMBANDA - AULA 1
98
OS
TRONOS
DE DEUS
RUBENS SARACENI
ENTIDADES DE UMBANDA - AULA 1
99
D
eus é em si o todo! Mas o todo é for-
mado por muitas partes. Cada par-
te é um aspecto da criação, e Deus
está em todas elas ao mesmo tempo por-
que é Onipresente. A onipresença de Deus é
incontestada, e todas as religiões organiza-
das a têm como dogma.
O Panteísmo tem sua origem nesse fato,
verdadeiro, e fundamenta sua crença de
que, se Deus é onipresente e está em tudo e
todos ao mesmo tempo, então se pode cul-
tuá-Lo por meio daquela com que melhor se
afinizar.
ALEXANDRE CUMINO
ENTIDADES DE UMBANDA - AULA 1
108
S
ão muitos os mistérios do Criador,
são infinitos assim como Ele é, no en-
tanto podemos identificá-los a partir
de nossa visão humana e classificá-los para
poder estudá-los de uma forma um pouco
mais “cartesiana”, que se não é o ideal, no
entanto é a única forma de poder identificá-
-los em grupos e a partir daí então enume-
rá-los por afinidade ou ainda por identifica-
ção de mistério.
ENTIDADES DE UMBANDA - AULA 1
109
“O Número 7”
O autor Albany Braz em seu livro “O Número
7” editado pela Editora Madras cita:
De acordo com Johhn Heydon, “o sete é um
dos números mais prósperos” e também
tem sido definido como “o todo ou o inteiro
da coisa à qual é aplicado”; contudo, Pitágo-
ras referia que “o sete era o número sagra-
do e perfeito, entre todos números” e Filolau
(séc. V a.C.) dizia que o “sete representava
a mente”. Macróbio (séc. V d.C.) considerava
o sete “como o nó, o elo das coisas”. O sete
por sua vez é um número primo e também o
único de 1 a 10 que não é múltiplo e nem divi-
sor de qualquer número de 1 a 10.
SETE MISTÉRIOS
Sete Tronos Puros = Quatorze Tronos Polari-
zados
ALEXANDRE CUMINO
ENTIDADES DE UMBANDA - AULA 1
126
C
om estas palavras, no dia 15 de No-
vembro de 1908, se apresentou a
entidade que, por meio de Zélio de
Moraes, fundaria a Umbanda no Brasil.
Desde então o número sete tem sido fun-
damental para entender a religião, de tal
maneira que surge uma classificação, cha-
mada de Sete Linhas de Umbanda, onde se
acomodam Orixás, Santos, Anjos Arcanjos e
Entidades Espirituais, relacionando-se com
cores, pedras, ervas, dias da semana, notas
ENTIDADES DE UMBANDA - AULA 1
127
• 1ª Linha de OXALÁ:
Jesus – branco
• 2ª Linha de OGUN:
São Jorge – vermelho
ENTIDADES DE UMBANDA - AULA 1
129
• 3ª Linha de EUXOCE:
São Sebastião – verde
• 4ª Linha de XANGÔ:
São Jeronymo – roxo
• 5ª Linha de NHÁ-SAN:
Santa Bárbara - amarela
• 6ª Linha de AMANJAR:
N. S. da Conceição – azul
• 7ª Linha de SANTO
Capítulo II
“A LEI DE UMBANDA
E A LEI DA QUIMBANDA”
“Não se deve dizer – Linha de Umbanda -,
mas sim, - Lei de Umbanda -;
Linhas são as 7 divisões de Umbanda.”
- 2ª Linha de IEMANJÁ:
dirigida pela Virgem Maria
- 3ª Linha do ORIENTE:
ENTIDADES DE UMBANDA - AULA 1
139
- 4ª Linha de OXÓCE:
dirigida por São Sebastião
- 5ª Linha de XANGÔ:
dirigida por São Jerônimo
- 6ª Linha de OGUM:
dirigida por São Jorge
• 1. Céu
• 2. Terra
• 3. Água
ENTIDADES DE UMBANDA - AULA 1
144
• 4. Fogo
• 5. Mata
• 6. Mar
• 7. Almas
• 1ª S. JOÃO BATISTA:
“Xangô-Kaô” (Xangô maior), Rosa
• 2ª SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA:
“Yanci”, Azul
• 3ª CUSTÓDIO – COSME E DAMIÃO:
“Ibejês”, Branco
• 4ª S. SEBASTIÃO:
“Oxóce”, Verde
• 5ª S. JORGE:
“Ogum”, Vermelho Escarlate
• 6ª S. JERÔNIMO:
“Xangô”, Roxo Violeta.
• 7ª S. LÁZARO:
“Ogum de Lei”
Guias Chefes:
Ogum Rompe Mato – Sete Flechas – Caboclo
Pena Vermelha – Caboclo Ipê – Caboclo Ara-
xá – Caboclo Nanzan – Caboclo Pena Branca
– Caboclo Mirim – Ogum da Lua – Ogum Megê
– Ogum da Mata – Ogum Yara – Ogum Beira
Mar – Ogum da Montanha – Ogum Sete Ca-
choeiras – Ogum Cavaleiro – Ogum do Con-
go – Ogum da Lagoa – Ogum da Angola etc.
Guias: Caboclo Miramar – Caboclo Sete Ca-
minhos – Caboclo Gurupí – Caboclo Vigilante
– Caboclo da Lua – Caboclo Flecha de Ouro
– Caboclo das Sete Espadas – Caboclo Tietê
ENTIDADES DE UMBANDA - AULA 1
149
• 1ª Linha, Sentido da Fé e
Elemento Cristalino:
Orixás Oxalá e Logunan (Oyá-Tempo)
• 2ª Linha, Sentido do Amor e
Elemento Mineral:
Orixás Oxum e Oxumaré
• 3ª Linha, Sentido do Conhecimento
e Elemento Vegetal:
Orixás Oxóssi e Obá
• 4ª Linha, Sentido da Justiça
e Elemento Fogo:
Orixás Xangô e Iansã
• 5ª Linha, Sentido da Lei
e Elemento Ar:
ENTIDADES DE UMBANDA - AULA 1
155
Lei de Umbanda:
- Espiritismo – Magia Branca.
Lei de Quimbanda:
Espiritismo - Magia Negra.”
A LINHA DE IEMANJÁ
A Linha de Iemanjá chefiada por Santa Ma-
ria, mãe de Jesus Cristo, é constituída da
seguinte forma:
1. Legião das Sereias – Chefe AXÚN ou Oxún
2. Legião das Ondinas – Chefe NANÁ ou
NANA BURUCÚ
3. Legião das Caboclas do Mar – Chefe
INDAIÁ
4. Legião das Caboclas dos Rios – Chefe IARA
5. Legião dos Marinheiros – Chefe TARIMÁ
6. Legião dos Calunguinhas – Chefe CALUN-
GUINHA
7. Legião da Estrela Guia – Chefe MARIA
MADALENA
ENTIDADES DE UMBANDA - AULA 1
1 63
A LINHA DO ORIENTE
A Linha do Oriente, que é chefiada por São
João Batista, é constituída pelas seguintes
Legiões:
1. Legião dos Indus:
Chefiada por ZARTÚ
2. Legião de Médicos e Cientistas:
Chefiada por JOSÉ DE ARIMATEIA e bafeja-
da pelo ARCANJO RAFAEL
ENTIDADES DE UMBANDA - AULA 1
1 64
A LINHA DE OXÓCE
A Linha de Oxóce, chefiada por São Sebas-
tião, é constituída por legiões de espíritos
com a forma de caboclos e assim temos:
1. Legião de URUBATÃO
2. Legião de ARARIBOIA
3. Legião do CABOCLO DAS SETE ENCRUZI-
LHADAS
4. Legião dos Peles Vermelhas:
ÁGUIA BRANCA
5. Legião dos Tamoios
GRAJAÚNA
6. Legião da CABOCLA JUREMA
7. Legião dos Guaranis
ARAÚNA
ENTIDADES DE UMBANDA - AULA 1
1 66
A LINHA DE XANGÔ
A Linha de Xangô, São Jerônimo, por ele
mesmo chefiada, é a Linha da Justiça. Esta
Linha é composta das seguintes Legiões:
1. Legião de INHASÃ
2. Legião do CABOCLO DO SOL E DA LUA
3. Legião do CABOCLO PEDRA BRANCA
4. Legião do CABOCLO DO VENTO
5. Legião do CABOCLO DAS CACHOEIRAS
6. Legião do CABOCLO TREME-TERRA
7. Legião dos PRETOS - QUEGUELÊ
LINHA DE OGUM
A Linha de Ogum, São Jorge, é dividida em
sete Legiões, cujos chefes têm o nome de
Ogum, seguido de um sobrenome especial;
assim temos:
1. Ogum BEIRA-MAR
2. Ogum ROMPE-MATO
3. Ogum IARA
4. Ogum MEGÊ
5. Ogum NARUÊ
6. Ogum de MALEI
7. Ogum de NAGÔ
ALEXANDRE CUMINO
ENTIDADES DE UMBANDA - AULA 1
174
E
xistem diferentes formas de abordar
a história da religião, diferentes pon-
tos de vista e interpretações variadas
dos mesmos fatos. Proponho, aqui, convidá-
-los para uma viajem no tempo, por meio dos
primeiros autores umbandistas, que vão da
década de 1930 à primeira metade da déca-
da de 1950. A partir da segunda metade da
década de 1950, 60 e 70 surgiu uma grande
quantidade de outros autores, os quais boa
parte de sua literatura ainda é disponível e
conhecida. Logo é possível sentir falta de um
ou outro autor, no entanto o que cabe no ob-
jetivo deste texto é justamente aqueles que
desconhecemos, os quais mesmo em sebos
haverá grande dificuldade de encontrar.
“A IDEIA DO CONGRESSO
O conceito alcançado entre nós pelo Espiri-
tismo de Umbanda...
(...) Sua prática variava, entretanto, segundo
os conhecimentos de cada núcleo, não ha-
vendo, assim, a necessária homogeneidade
de práticas, o que dava motivo à confusão
por parte de algumas pessoas menos es-
clarecidas, com outras práticas inferiores de
espiritismo.”
DISCURSO INAUGURAL
Pronunciado pelo 1° Secretário da Federa-
ção Espírita de Umbanda, Sr. Alfredo António
Rego, na reunião de 19 de Outubro de 1941.
Publica também:
Práticas de Umbanda, 1951; Umbanda e
Ocultismo, 1952; Ritual Prático de Umbanda,
1953; Antigas Orações da Umbanda, sd.; Um-
banda e seus Complexos, sd.; Pontos Canta-
dos e Riscados de Umbanda, sd.
ALEXANDRE CUMINO
ENTIDADES DE UMBANDA - AULA 1
207
N
o ano de 1689, às margens do rio
Como, na Vila de Monagio, nascia um
menino que recebeu o nome de Ga-
briel Malagrida (que significa ‘’As Vozes Har-
moniosas de Deus”).
N
essas terras, Gabriel pregou inter-
nando-se no sertão, enfrentando sé-
rios perigos e vencendo com a fibra
de quem se julgava destinado a cumprir uma
missão superior no Planeta, uma missão de
conquistar almas para o Céu. Apresentava
evidentes sintomas mediúnicos ouvindo vo-
zes misteriosas e chegou mesmo a pensar
que operava milagres.
N
o dia 1° de novembro de 1755, Lisboa foi
destruída por um terremoto. Correu o
boato que a catástrofe era castigo do
céu. Pombal mandou publicar um folheto es-
crito por um padre, explicando o fenômeno e
as causas naturais que o determinaram. Ga-
briel apareceu em público com um opúsculo,
onde procurava corrigir o teor da publicação.
Nesse opúsculo, Gabriel afirmava que o ter-
remoto era verdadeiramente um castigo do
céu. Pombal enfurecido mandou queimar o
opúsculo e desterrou Gabriel para Setúbal.
entregue à Inquisição.
ALEXANDRE CUMINO
ENTIDADES DE UMBANDA - AULA 1
215
H
ouve um tempo em que nada se en-
sinava sobre a religião de Umbanda,
muitos se justificavam dizendo que
seus ensinamentos eram um segredo (eró),
e o praticante, também conhecido como mé-
dium ou “cavalo de Umbanda” permanecia
aguardando o momento em que “o segre-
do” poderia ser revelado a ele. Ao questio-
nar sobre os ensinamentos ou sobre algum
fundamento, era comum ouvir a frase: “Você
ainda não está pronto, ou ainda não é o mo-
mento de você saber sobre isso”. O fato é
que muitos foram preparados (ou “despre-
parados”) desta forma dentro da Umbanda.
Muitos ouviram estas frases a vida inteira e
hoje apenas fazem repetir a mesma frase,
acompanhada de um ar de mistério e olhar
inquisidor, para os que estão sob a sua orien-
tação (ou “desorientação”).
ENTIDADES DE UMBANDA - AULA 1
21 6
SIM
SOU UMBANDISTA
C
onheço muitos Umbandistas e quan-
do são questionados sobre qual é a
sua crença a maioria diz: “Sou espíri-
ta”, outros “Sou católico” e poucos “Sou Um-
bandista”.
ALEXANDRE CUMINO
ENTIDADES DE UMBANDA - AULA 1
234
N
o ano de 2008, estreou o longa-me-
tragem “Bezerra de Menezes – O Di-
ário de um Espírito”, que teve gran-
de audiência nas salas de cinema de todo o
país. Um dos momentos tocantes do filme é
quando o Dr. Bezerra de Menezes respon-
de a uma carta de seu amigo Soares, que
o recrimina por haver abraçado a doutrina
espírita. Esta réplica tornou-se um livro, que
recentemente foi publicado pela FEB, com o
título “Uma carta de Bezerra de Menezes”,
do qual destacamos alguns trechos que de-
monstram como o estudo e a pesquisa da
religião e história mundiais foram instrumen-
tos valiosos para que Bezerra de Menezes
defendesse sua crença na reencarnação:
BEZERRA DE MENEZES
E OS MISTÉRIOS
DA REENCARNAÇÃO
ENTIDADES DE UMBANDA - AULA 1
236
O
s Vedas, livro sagrado dos hindus,
consignam inúmeras manifesta-
ções, como esta: “Eis-me, de novo,
revestido de um corpo”.
O Bhagavad Gita, no Shastah e no Colégio
de Manu, manifesta-se positivamente. No
Shastah se encontram mil passagens como
esta: “Eu tenho muitos renascimentos; e tu
também Arjuna”. “Como trocamos por novos
os vestidos usados, assim a alma deixa os
corpos gastos para vestir outros”.
O Budismo é, como sabe, um ramo do Bra-
manismo, assente sobre a mesma base: a
pluralidade de existências, que se procura
evitar pelo nirvana, ou existências sem cons-
ciência.
...
Os gregos e romanos acreditavam nas vidas
ENTIDADES DE UMBANDA - AULA 1
237
múltiplas.
Louis Ménard, falando da metempsicose, diz:
“Os mortos podem procurar novos destinos
– e reencarnar, pelo Letes, no turbilhão da
vida universal;
podem tornar à Terra, uns para repararem
as faltas de uma vida anterior e se purifica-
rem por novas lutas, outros, os redentores
mortais, por conduzirem os povos desenca-
minhados à prática das virtudes antigas.
Vê-se, por isso, que a crença no Hades dos
gregos e no Amentis dos egípcios não fazia
desses lugares senão estações temporárias,
donde a alma imperfeita volvia ao círculo das
existências corpóreas, no seio da Humanida-
de terrestre”.
...
Assim, pois, toda a teologia pagã da antigui-
ENTIDADES DE UMBANDA - AULA 1
238
FERNANDO SEPE
ENTIDADES DE UMBANDA - AULA 1
245
H
oje em dia, quando falamos em reli-
gião, os questionamentos são diver-
sos. A principal questão levantada
refere-se à função da mesma nesse início
de milênio. Tentaremos nesse texto, de for-
ma panorâmica, levantar e propor algumas
reflexões a esse respeito, tendo como foco
do nosso estudo a Umbanda.
-sócio- espiritual.
- O estudo comparativo entre religiões, com
uma proposta de tolerância e respeito às
mais diversas tradições. Por seu caráter sin-
crético, heterodoxo e antifundamentalista, a
Umbanda tem um exemplo prático de paz
às inúmeras questões de conflitos étnico-
-religiosos que existem ao redor do mundo.
FERNANDO SEPE
ENTIDADES DE UMBANDA - AULA 1
257
P
odemos dizer, inspirados pela doutri-
na hindu, que quatro são os caminhos
que levam a Deus: o conhecimento, o
amor, a ação e o exercício espiritual. Creio
que esse tipo de consideração é de extre-
ma importância e possa ser utilizado como
base para pensarmos o caminho umbandis-
ta. Mas, primeiramente, apresentemos re-
sumidamente esses quatro caminhos:
a conhecida oração:
MONICA BEREZUTCHI
ENTIDADES DE UMBANDA - AULA 1
269
A
doutrina nos desperta a capacida-
de e a compreensão e nos traz en-
sinamentos que nos toca profunda-
mente modificando nosso íntimo. São regras,
condutas e explicações que são facilitadoras
de nossas práticas rituais e litúrgicas aplica-
das no nosso dia a dia umbandista.
Mas, com um profundo pesar muitos irmãos
ainda não conseguiram assumir sua escolha
religiosa de ser umbandista.
Por que será?
Será que é porque não compreenderam
que a religião de Umbanda não é inferior a
nenhuma outra religião existente no nosso
país?
Vamos expressar algumas atitudes não um-
bandistas:
- Têm vergonha de aplicar a defumação em
sua casa, preocupada com o cheiro que os
ENTIDADES DE UMBANDA - AULA 1
270
condida...
- Nos dias de preceito que não pode comer
carne e nem ingerir bebida alcoólica, quem
trabalha fora dá
um jeito de almoçar sozinho só para não ter
que explicar para as pessoas...
- No espelho do carro só coloca um tercinho
para disfarçar, e a guia de proteção fica es-
condida no porta-
luvas...
- Adesivo de Umbanda no carro... não nem
pensar...
- Se o guia que trabalhou em seu favor pedir
para despachar uma vela na encruzilhada,
finge que esquece
no carro só para a vela derreter e depois
joga fora.
- No momento que precisa realizar qualquer
tipo de oferenda, anda de carro dando vol-
ENTIDADES DE UMBANDA - AULA 1
272
tas e só para em
um lugar onde ninguém está passando...
- E no momento da oferenda ou da entrega,
pega tudo muito rápido e JOGA literalmente
alegando que
tem medo de assalto...
- Quando questionado sobre sua religião,
disfarça e não esclarece as pessoas quanto
suas dúvidas e
perguntas...
- Se alguém lhe pergunta o que você faz no
templo, como é, o que acontece lá, você fica
branco e dá
branco, não sabe nem por onde começar,
simplesmente dá um sorriso amarelo e con-
segue dizer: “lá, bem, é um lugar que pratica
a caridade”...
- Não sabe nem a diferença de Umbanda,
Candomblé, Espírita, Kardecista...
ENTIDADES DE UMBANDA - AULA 1
273
EU SOU UMBANDISTA!
Nós temos o direito garantido pela Consti-
tuição de cultuar, através de suas práticas
ritual e litúrgica,
livremente sem preconceitos sem descri-
minação, não tenha medo de perseguição
religiosa, é seu direito escolher a Umbanda
como sua religião.
• defumação,
• cantos, hinos e orações, -oferenda ritual,
vestimenta (roupa branca), -atabaques,
• danças,
• banhos,
• amacis,
• bater cabeça,
• saudar o Congá,
• saudar a tronqueira,
• velas e suas cores,
• palmas,
• pés descalços.
RODRIGO QUEIROZ
ENTIDADES DE UMBANDA - AULA 1
281
D
ia destes, ao final de uma gira de de-
senvolvimento mediúnico, manifes-
tou-se Pai João de Angola, o Preto
Velho regente da casa.
Como de costume, acendeu seu cachimbo,
cumprimentou os presentes e chamou to-
dos para bem perto dele, e após se acomo-
darem ele pediu que todos respondessem
uma pergunta simples: