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APRESENTAÇÃO
Os avanços sociais proporcionados por diferentes fatores, dentre eles a rapidez das
informações e os modernos recursos tecnológicos, têm causado um acentuado
desenvolvimento em todas as camadas sociais. As sociedades, indubitável e
inquestionavelmente, têm passado por grandes metamorfoses num processo célere e
competitivo. Neste contexto, as instituições de segurança pública e, particularmente a Polícia
Militar do Maranhão (PMMA), acompanham este processo, inovando suas ações e se
adequando, permanentemente, às condições do momento.
Os atuais desafios da gestão pública exigem formas flexíveis de ação, em que a
qualidade é um dos preceitos básicos. É necessário entender o serviço prestado pela polícia
militar como uma relação contratual firmada entre esta e a sociedade, onde a instituição
pública se dispõe a promover a paz social e, em contrapartida, é paga através dos impostos
arrecadados.
Desse modo, toda e qualquer organização, instituição ou empresa, para se manter
ativa e competitiva, precisa estar constantemente aprimorando a capacidade de reflexão
profissional, através de uma visão estratégica da gestão de Segurança Pública que engloba
também um sistemático e ininterrupto plano de recomplementação de pessoal.
Na Polícia Militar do Estado do Maranhão, os avanços englobam também todas as
ações voltadas à formação e ao aprimoramento técnico profissional dos seus quadros, onde se
enquadra a análise crítica das atividades desenvolvidas o fiel cumprimento da política de
segurança pública do Governo do Estado e o alinhamento com as diretrizes da Secretaria
Nacional de Segurança Pública, sem, contudo, descuidar-se dos princípios basilares de
hierarquia e disciplina.
SUMÁRIO
1. A CRISE
2. O GERENCIAMENTO DE CRISES
3.2.1. Imprevisibilidade
3.3.1 Necessidade
O critério de necessidade indica que toda e qualquer ação somente deve ser
implementada quando for indispensável. Se não houver necessidade de se tomar
determinada decisão, não se justifica a sua adoção. Para isto deve-se perguntar:
A ação que pretendemos fazer é estritamente necessária?
O critério da validade do risco estabelece que toda e qualquer ação, tem que
levar em conta, se os riscos dela advindos são compensados pelos resultados. A
pergunta que deve ser feita é:
Vale à pena correr esse risco?
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3.3.3 Aceitabilidade
CLASSIFICAÇÃO DOS
GRAUS DE RISCO TIPOS EXEMPLOS (FBI)
Assalto a banco promovido por uma ou
1º GRAU ALTO RISCO duas pessoas armadas de pistola ou
revólver, sem reféns.
Um assalto a banco por dois elementos
2º GRAU ALTÍSSIMO RISCO armados, mantendo três ou quatro
pessoas como reféns.
Terroristas armados de metralhadoras ou
AMEAÇA outras armas automáticas, mantendo
3º GRAU EXTRAORDINÁRI oitenta reféns a bordo de uma aeronave.
A
Um indivíduo de posse de um recipiente,
afirmando que seu conteúdo é radioativo
4º GRAU AMEAÇA e de alto poder destrutivo ou letal, por um
EXÓGENA motivo qualquer, ameaça uma população.
Tendo estes exemplos como base, pode-se classificar as situações de crise
com mais segurança e dar-lhes a resposta proporcional que necessitam.
5.2.1 Negociação
5.2.1.2 Negociador
durante sua permanência no cativeiro, e que, mesmo assim, passaram a olhá-los com
simpatia e até mesmo com amor.
Explica-se esta reação pelo fato das vítimas, submetidas a uma forte tensão
emocional, vivendo momentos extremamente difíceis e imaginando a proximidade da
morte, apegar-se a qualquer coisa que lhes indique a possibilidade de sobrevivência.
PONTES (2000) descreve este processo da seguinte forma:
Reféns e sequestradores se vêm cercados num mesmo local, com as armas
da polícia ameaçadoramente apontadas para eles. Os reféns se tornam dependentes dos
marginais em todas suas necessidades, sejam fisiológicas, de alimentação e até mesmo
de segurança, e tem consciência que as atitudes de seus captores poderão levar a polícia
a tomar atitudes indesejáveis, como um assalto à posição. Por outro lado, os causadores
do evento sabem que seus reféns são seu passaporte e não seus inimigos gratuitos. A
síndrome se desenvolve no momento em que ambos percebem que se tornaram
interdependentes e que possuem um sentimento comum contra uma ameaça comum: a
polícia. Os reféns passam a torcer pelo sucesso dos bandidos e, nesse ambiente, a
simpatia e a admiração podem ocorrer.
Em poucas palavras, os reféns passam a valorizar os sequestradores e a
odiar a polícia. Tal sentimento será maior ou menor dependendo do tratamento que os
causadores do evento dispensar aos reféns.
Dois exemplos ajudam a entender melhor a síndrome:
1. Em 1995, na crise ocorrida em Feira de Santana, Estado da Bahia,
Leonardo Pareja manteve a jovem Fernanda Viana como refém, por mais de 67 horas.
Solucionado o evento crítico, seu causador enviou uma carta ao então Tenente PM
Paulo Cézar Souza Cabral, oficial que atuou como negociador, elogiando-o, desejando-
lhe sorte e assinando como “um admirador pelo teu trabalho” (CABRAL, 1996, p. 110-
111). Isto demonstra que o fenômeno pode ocorrer também entre os causadores do
evento e o negociador.
2. Depois de ter sido sequestrada e passado uma semana em cativeiro, a
mídia mostrou a jovem Patrícia Abravanel, filha do empresário Silvio Santos, em uma
entrevista coletiva na sacada de sua mansão, falando por mais de meia hora que “eles
eram jovens”, que eram “pessoas de bem" e que não haviam feito nenhum mal para ela.
Destaque-se que, quando perguntada por um repórter se ela achava que seus
sequestradores deveriam ser punidos, Patrícia respondeu que “quem tem que ser punido
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é esse sistema de corrupção, pois o povo brasileiro é um povo bom [...] quando você
passa fome, não tem jeito...”, “justificando” a atitude de seus próprios sequestradores.
O estabelecimento da Síndrome de Estocolmo deve ser explorado e
incentivado pela polícia, pois, além de produzir informações importantes para a
condução da negociação, se constitui em fator de segurança para os reféns. Seu maior
inconveniente é criar a possibilidade dos reféns tentarem proteger os bandidos se for
necessário um assalto da polícia ao ambiente da crise.
Essa alternativa tática, com o passar do tempo e seu emprego, têm mostrado
que os equipamentos tidos como não-letais, se forem mal empregados, podem ocasionar
a morte, além de não produzir o efeito desejado.
Para DE SOUZA e RIANI (apud DÓRIA JÚNIOR e FAHNING, 2007, p.
24), “não-letal é o conceito que rege toda a produção, utilização e aplicação de técnicas,
tecnologias, armas, munições e equipamentos não-letais em atuações policiais”.
Referidos autores descrevem que:
5.2.2.1 Técnicas não-letais é o conjunto de métodos utilizados para resolver um
determinado litígio, de modo a preservar as vidas das pessoas envolvidas na situação,
somente utilizando a arma de fogo após esgotarem tais recursos.
5.2.2.2 Tecnologias não-letais
o conjunto de conhecimentos científicos utilizados na produção e emprego
de equipamentos não-letais.
5.2.2.3 Armas não-letais
são as projetadas e empregadas especificamente para inibir ou incapacitar
temporariamente pessoal ou material, minimizando3 mortes, ferimentos permanentes,
danos indesejáveis à propriedade e comprometimento do meio ambiente.
5.2.2.4 Munições não-letais
são as desenvolvidas com objetivo de causar a redução da capacidade
combativa do agressor ou oponente. Podem ser empregadas em armas convencionais ou
específicas.
5.2.2.5 Equipamentos não-letais
são todos os artefatos, inclusive os não classificados como armas,
desenvolvidos com a finalidade de preservar vidas, durante atuação policial ou militar, e
os próprios equipamentos de proteção individual.
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dotado de miras telescópicas. Ser um “sniper” transcende ter uma boa arma, dotada de
uma luneta de pontaria, pois sua missão requer alta precisão de tiro.
Por isto, é importante que as corporações policiais atentem para o polígono
formado pelo próprio atirador, treinamento, armamento, munição e equipamento, que
são elementos fundamentais para que o objetivo seja alcançado.
LUCCA, (apud DÓRIA JÚNIOR e FAHNING, 2007, p. 25) alerta que “ A
escolha do policial, seu treinamento e a oferta de equipamento necessário, devem ser
regidos por critérios altamente técnicos e profissionais. Todos esses requisitos terão
como fim salvar pessoas que se encontrem em situações aflitivas, com suas vidas em
jogo. As autoridades devem investir em tecnologia de ponta nesse segmento das forças
policiais, para que desempenhem, com habilidade e eficiência, sua árdua tarefa”.
Em situações de crises policiais, o atirador de elite fica posicionado, sem ser
visto, ao mesmo tempo em que é possuidor de uma ampla visão do cenário em que se
desenrola a ação.
Ele está sempre em contato com o gerente da crise, através de sistema de
rádio, e este repassa tais informações aos negociadores e para o grupo de inteligência,
visando o bom andamento da ocorrência.
A capacidade do “sniper” empregar a força letal diminui os riscos para os
reféns e para os policiais. No entanto, o tiro de comprometimento deve, por doutrina,
ser complementado pela invasão tática.
momento que existir o risco iminente de perigo de vida dos reféns ou, na avaliação do
Comandante do Grupo Tático, a situação oferecer considerável expectativa de sucesso.
Em qualquer equipe tática, a invasão, baseada nos fundamentos da surpresa,
agressividade da ação e rapidez, é a alternativa mais treinada, porém, a menos utilizada.
Isso acontece pelo simples fato de, por mais cenários que sejam criados e montados nos
treinamentos, o cenário de uma crise real terá a sua própria característica mantendo
assim risco elevado para todos os atores. O treinamento incessante e diversificado de
invasões táticas, em cenários diferentes, aumenta somente a chance de acerto sem,
contudo, eliminar o risco.
Além disto, o uso da força letal não deve ultrapassar o limite do estrito
cumprimento do dever legal e da legítima defesa que, sendo excludentes de ilicitude,
tornam legítima a ação policial, ainda que o resultado seja a morte do transgressor da
lei. Cada policial de um grupo de invasão tática deve ter esses parâmetros bem
massificados.
A alternativa tática a ser empregada dependerá de cada evento, devendo ser
analisados o objetivo (ponto crítico), as condições do terreno, as condições
meteorológicas, o armamento de que dispõem os criminosos e as próprias condições do
grupo tático.
Negociação Téc. Não letais Tiro de comprometimento Invasão Tática
Solução da crise
Todas as alternativas táticas levam à resolução de uma crise e podem ser
utilizadas pelo gerenciador. No entanto, quanto mais tática for a ação, maior será o risco
para todos os envolvidos. Por isto, sempre devem ser respeitados os critérios de ação já
estudados.
se ter uma noção de sua complexidade e da necessidade de aprofundar seu estudo. São
eles:
Ganhar tempo;
Abrandar exigências;
Colher informações;
Prover suporte tático; e
Garantir a vida dos reféns.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS