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PENTATEUCO
Aula Introdutória
- 1ª Leitura: Hb 4, 12-13.
A palavra de Deus é viva, eficaz e penetrante. Ela não muda, mas a interpretação dela
sim.
As escrituras são inspiradas por Deus, mas escritas por mãos humanas. É muito boa
para ensinar, refutar e corrigir.
A salvação é fruto da misericórdia de Deus e depende das nossas próprias ações. Ela é
destinada a todos, devendo produzir frutos para ser cada vez mais propagada.
Gênesis
O texto foi escrito por volta do ano 600 a.C a 500 a.C. Os dois primeiros capítulos são
respostas a anseios do povo judeu.
O texto é uma afirmação da palavra criadora de Deus (“Deus disse”). Essa é a principal
mensagem do primeiro capítulo de Gênesis. Deus, por meio de sua palavra criadora,
transformou o caos em vida. O caos era o exílio dos judeus na Babilônia. Ouvir a
palavra de Deus era a salvação para o caos, a saída para os escravos.
O texto foi montado para contrapor a ideia de que os deuses babilônicos é que haviam
criado tudo, e não pode ser entendido de forma literal, pois isso seria
fundamentalismo.
Gn 2 – O paraíso
Deus criou o homem para cultivar e guardar o Jardim de Éden. No capítulo 1, o homem
poderia dominar a terra.
O relato no capítulo 1 tem natureza urbana; no segundo, o relato é rural. Nos dois,
Deus criou o universo.
A costela de Adão traduz a mensagem de que a mulher foi tirada do lado do homem.
Não acima, abaixo, a frente ou atrás. É um texto que combate o machismo.
Os dois relatos são uma introdução à Bíblia, que mostra ser Deus o criador. A forma
exada como a criação foi feita é explicada pela ciência.
Caim rompe com seu irmão Abel – Os irmãos rompem seus laços
Dilúvio
A história do Dilúvio não tem ligação com as histórias de Adão e Eva e Caim e Abel, mas
ilustra a origem do mal na Terra.
Deus constatou a existência do mal, provocado pelo rompimento dos homens com
Deus e entre si.
Deus celebra com Noé a 1ª grande aliança, na qual se compromete a não destruir a
Terra.
A mensagem teológica é que o homem está destruindo a Terra; Deus manda Noé
construir a arca para conservar a vida. São salvos os homens justos, íntegros e que
andam com Deus.
No texto, o verdadeiro problema não é a torre, mas sim a cidade na qual ela é
construída, que é o símbolo do poder centralizado do rei.
A torre servia para levar os homens ao lugar onde vivia Deus, para invadir e substituí-
lo. Para isso, era necessária uma cidade.
O ponto central é que as pessoas só falam a língua do seu interesse. Em termos globais,
é um povo explorando o outro.
Deus pediu para Abraão largar tudo e “pegar a estrada”, sem dizer para onde
ele iria.
1) Grande Povo
2) Terra para esse povo
3) Benção
A benção dada a Abraão não é exclusiva do povo judeu, mas pertence a toda a
humanidade.
Os judeus acham que Deus é só deles; os demais povos são inimigos. Acham
que a benção de Deus é só para eles. Esse é um erro que também acomete alguns
católicos. Deus, no entanto, é muito grande para caber apenas dentro da Igreja
Católica.
Os judeus deveriam levar Deus para toda a Terra, mas esse povo se perdeu.
Após a encarnação de Jesus, os Cristão é que são chamados a essa missão.
Deus não deve ser caracterizado por um nome, mas sim por atitudes de amor,
paz e compreensão.
A Terra prometida era Canaã, que na época era habitada pelos cananeus, que
eram bravos guerreiros.
Cap. 16 – 2º projeto – Ter um filho com Agar, sua escrava. Esse filho chamou-se
Ismael.
Deus fala a Agar após ela fugir de Sara. É uma das poucas vezes em que Deus
fala a uma mulher, e que era escrava e fugitiva (o que era um crime). Ela dá a Deus o
nome de Elohi (“Deus que vê”).
O sacrifício não era um teste da fé de Abraão, pois Deus não teste ninguém,
apenas protege. Ele não precisa testar ninguém.
Segundo a maioria dos teólogos, o sacrifício estava sendo feito ao Deus Moloc.
História de José
Essa história foi muito usada por Salomão para justificar algumas coisas, como a
cobrança
O dom de interpretar os sonhos foi usado por José apenas para acumulação pessoal,
nos 7 anos de vacas gordas. Não avisou ao povo sobre as vacas magras e deixou o povo
desprevenido. Com isso, tornaram-se escravos do faraó.
Esse texto tenta justificar a prática de Salomão (20% de imposto de tudo). Note-se que
o texto foi escrito entre os reinados de Davi e Salomão. O motivo pelo qual os sacerdotes não
pagavam impostos era porque eles davam sustentação ao rei; é a manipulação do povo pela
religião.
Moisés
Moisés nasce num contexto de exploração dos israelistas pelos egípcios. Ele foi
educado na corte, prática comum na época, para que os meninos, ao crescer, pudessem
influenciar o povo a favor do faraó.
Moisés foge do Egito para Madiã; lá, Deus se mostra (epifania), por meio do fogo numa
sarça.
O Deus de Israel não é um Deus de ação, não é um ídolo.
Deus não tem nome, pois só há um Deus – Javé significa “Eu sou”.
Moisés quer sinais de Deus para convencer-se de que, realmente, foi o escolhido.
Negativas de Moisés:
- Sou gago
- Mande outro no meu lugar (Ex 4, 14-17). Aarão, irmão de Moisés, vai auxiliá-lo.
Segundo o texto, Deus fica muito irritado com Moisés nesse momento.
Após dizer SIM ao chamado de Deus, Moisés segue o plano (Gn 3, 16-22):
V. quadro p. 19 da apostila
Os egípcios fazem doações aos judeus para que eles vão embora logo, para se livrarem
das pragas. Isso era necessário para que os judeus sobrevivessem em sua peregrinação pelo
deserto.
Festa da Páscoa: uma passagem da escravidão para a liberdade. Celebrada pouco antes
da partida para o deserto. É um ritual de passagem.
O deserto
O período no deserto é um período de conhecimento. O povo está caminhando para
descobrir Deus. 40 anos é o período de uma geração, do que se conclui que era necessária a
formação de uma nova geração, segundo os preceitos de Deus.
O povo sai de um universo politeísta, em que cada Deus tem uma característica e
poderes diferentes. No monoteísmo, Deus incorpora todos os poderes. Era necessário que a
nova geração assimilasse o monoteísmo e abandonasse a cultura e os valores egípcios. Caso
contrário, seria formada uma sociedade igual da egípcia, com oprimidos e opressores.
A cultura desses povos foi absorvida pela cultura judaica. Durante o período do
deserto, todos os deuses diferentes de cada povo são abandonados, para crerem em um só
Deus. Era o período de formação do povo de Deus.
Isso era necessário para que uma nova sociedade fosse criada. O deserto é pedagógico;
é um momento de purificação e redefinição de valores.
O povo teve que superar, primeiramente, o medo do faraó, para depois empreender a
fuga para o deserto (Ex 16,16).
O maná não poderia ser acumulado em grande quantidade, pois estragava. Só era
armazenado o suficiente para comer (4,5 litros por pessoa). Eles eram uma sociedade
acumulativa, que precisou mudar seus hábitos. Foi uma reeducação econômica: não era
necessário acumular, pois Deus proverá.
O povo, no deserto, teve que aprender a viver e organizar uma nova sociedade,
igualitária. Por isso, o poder foi descentralizado (v. Gn 18). Para essa descentralização, era
necessário que todos conhecessem a nova lei; a nova lei era simples, eram os 10
mandamentos.
Nessa época, o povo ainda não sabia escrever (no máximo hieróglifos). A história e a lei
eram transmitidas oralmente; talves, apenas Moisés soubesse escrever, pois era educado na
côrte.
Eles aprenderam que não podiam acumular, que tinham que vencer obstáculos, a
descentralizar o poder, a transmitir a história do povo e as regras de uma nova religião.
Nada disso, porém, foi feito da noite para o dia, por isso o período de “40 anos”, que
corresponde a uma geração.
Período Tribal
O período tribal dura, ao todo, aproximadamente 200 anos. O período dos juízes dura
160 anos, também aproximadamente.
É chamado de “período de ouro”, pois foi quando o povo viveu mais próximo do
projeto de Deus – ano 1200 a 1000 a.C.
Os que saíram do deserto fugiam do Egito. Outros 2 grupos, vindos das montanha e os
camponeses. São grupos diferentes reunidos pelo sonho da liberdade, conduzido por Deus. São
12 tribos no total, cada uma com características próprias, mas unidas por Javé.
No período dos Juízes não haviam reis e não se cobravam impostos, apenas o dízimo
(10%), que era pago para a tribo de Levi, que não tinha terra. Os levitas viviam exclusivamente
do culto, pelo qual eram os responsáveis.
Nesse sistema, os sacerdotes não eram ligados ao rei, pois não havia rei. Os outros
deuses foram sendo paulatinamente abandonados, para que o povo prestasse culto apenas a
Javé.
Como não havia impostos, também não havia sistema punitivo. As punições eram
dadas pelos anciãos na hora em que os crimes eram cometidos. Vigorava, como regra, a “lei de
talião”.
A terra era habitada por outros 6 povos; o povo de Deus foi o 7º. Por isso, houve
violência e muitos conflitos.
Moisés morre antes da ocupação, que é liderada por Josué.
Foi o período em que o povo viveu mais próximo do projeto de Deus. Esse projeto
fracassou após a prosperidade econômica.
Josué chama a atenção para o fato de que Deus deu tudo ao povo (terra com cidades já
construídas pelos povos que antes habitavam a terra e foram vencidos por guerras, com a
ajuda de Deus).
Josué pede para que todos abandonem os deuses domésticos, que ainda eram
cultuados. Isso não era fácil na época.
As 12 tribos formavam uma espécie de confederação, onde uma ajudava as outras nas
guerras, sem cobrança de impostos.
Há os juízes maiores (ex: Sansão) e os menores, que são apenas citados (ex: Elon e
Abdon).
Monarquia
Samuel os alerta para os direitos do rei e os transtornos que isso traria ao povo
(cobrança de impostos, p. ex.). Mesmo assim, eles quiseram um rei. Deus permitiu, pois o povo
estava ciente de tudo e mesmo assim quis um rei.
Saul é escolhido como rei de transição. Na verdade, ele não age como um rei e não
organiza a sociedade como um rei. Ele não cobrava impostos, não tinha palácio e nem exército.
Com isso, ele não contentava a política do grupo dos mais ricos e é tratado de forma pejorativa
pela Bíblia. Saul, na verdade, foi bom para o povo, mas não agradou os mais poderosos.
Depois de Saul veio Davi, que foi um rei expansionista e que desenvolveu muito o
Estado de Israel economicamente. Os mais ricos apoiavam Davi.
No episódio de Urias, a traição de Davi é não ter ido à guerra. Ele traiu seu povo. É esse
o pecado de Davi.
No fim do reinado de Davi, seus filhos já disputavam o trono. Em 2Sm 15, 1-6, Absalão,
filho de Davi, já fazia “campanha” contra ele e prepara um golpe (v. cap. 15 inteiro).
Absalão tentou, de todas as formas, tirar o trono de Davi, seu pai. No cap. 18, Davi
manda matar seu filho, após a derrota deste com seu exército. A única bondade foi a morte
rápida.
No fim do reinado de Davi, a luta pelo poder afeta Davi totalmente no projeto de Deus.
O povo de Deus, durante a monarquia, viveu numa sociedade muito parecida com a
da época do Egito. Os períodos do deserto e de juízes são aqueles em que o povo vive numa
sociedade de acordo com o projeto de Deus.
Salomão chega ao poder com a ajuda de sua mãe, Betsabéia, viúva de Urias, e com o
apoio dos generais. Ele mata ou exila todos os seus opositores.
Ter um templo era como “aprisionar” Deus, pois controlava o horário dos cultos. Era o
início da manipulação da religião em proveito dos detentores do poder.
Muitos dos provérbios destinam-se a justificar a autoridade do rei (v. Pv 20, 2). Em Pv
21, 1, tudo o que o rei faz é abençoado por Deus. Quase todos os provérbios foram compilados
por sábios, pagos por Davi e Salomão.
Cap. 5 – altos impostos cobrados por Salomão, por meio dos prefeitos. A arrecadação
reestruturava o exército e a corte, além de servir de moeda para as importações necessárias
(ex.: ferro).
Cap. 10, 14 e ss. – Lucro em ouro. Os números não são exatos, mas o fato é que a
arrecadação de Salomão era muito grande, sendo suportada pelo povo.
Roboão, filho de Salomão, o sucede, prometendo ser mais rigoroso que Salomão.
A partir daí, surgem muitos profetas. Nesse período, os sacerdotes só falam o que o rei
quer.
A classe dirigente é levada para a Babilônia. Os pobres ficam para trabalhar e pagar
impostos. O rei era Nabucodonosor.
O Livro das Lamentações representa a visão da parte do povo que foi exilada.
Num segundo momento, houve uma grande reforma agrária. Os ricos foram levados à
Babilônia; as suas terras ficaram para os pobres, que as cultivavam e pagavam impostos.
Quando os ricos voltaram, 56 anos depois, houve muitos desentendimentos entre os
antigos e os novos donos das terras.
Após esse retorno, não houve mais reis, a não ser por um período muito curto e pouco
importante.
A governança ficou a cargo do Sumo Sacerdote, que fazia as vezes dos reis.
A classe sacerdotal era muito restrita. Só podia ser sacerdote quem era casado por 10
gerações com mulheres judias, apenas.
O Sumo Sacerdote faz parte do Sinédrio (70 anciãos), que governava o povo judeu.
Nessa época, a “pureza étnica” é muito valorizada. Acaba por gerar “pureza legal”. Ex.:
não comer leite com carne (Levítico); matar um inimigo é obrigação.
A religião passa a ser vista não mais como um contato de Deus com o homem, mas sim
como um mero conjunto de ritos. A religião passa a ser uma relação “legal” com Deus.
Os judeus puros foram muito privilegiados. As “listas” de judeus puros (Neemias) foram
muito manipuladas para incluir e excluir judeus puros.
Lv 15, 10 – Impurezas sexuais do homem e como purificá-las. São regras muito rígidas,
que só poderiam ser cumpridas por pessoas ricas.
É uma época que produz uma literatura oficial, que sustenta essa ideologia (Esdras,
Neemias, Crônicas e outros), e os livros de resistência (Ruth, Jó e outros). Esses últimos
criticam a teologia retributiva, que era usada para justificar a exploração e a pobreza.
Os livros oficiais devem ser lidos com senso crítico, mas não podem ser desprezados.