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J. B.

LIBANIO
INTRODUÇÃO À VIDA INTELECTUAL
Capítulo 13 1
____________________________________________________________
LEITURA
Oh! Bendito o que semeia
Livros, livros à mão cheia...
E manda o povo pensar!
O livro caindo nalma
É germe — que faz a palma,
É chuva — que faz o mar
Castro Alves

Postura fundamental
Ponto fundamental no crescimento da vida intelectual é o bom
desempenho na prática da leitura. Muitos estudantes se queixam quer da
dificuldade na escolha, quer do exíguo aproveitamento, quer do ritmo muito
lento, quer de dificuldades de concentração, quer da difícil inteligibilidade de
textos desafiantes etc.
Evidentemente interferem na prática da leitura muitos fatores de longa
data: iniciação precoce ou tardia, maior ou menor hábito de leitura,
aprendizagem inicial correta ou defeituosa, tipo de inteligência, maior ou
menor motivação, exercício e capacidade de atenção etc. As indicações
metodológicas não suprem certas qualidades básicas, mas aumentam o
rendimento, quaisquer que sejam as condições iniciais do leitor.
A estima pela leitura nasce da experiência e do conselho. Alguém, ao
dedicar-se à leitura, em dado momento, descobre seu gosto e seu valor.
Então deslancha. Outros são introduzidos nesse mundo por mãos alheias.
As pessoas vivas, que nos circundam, estão aí para enriquecer-nos com
conversas, encontros, diálogos frutíferos. Muitas outras com quem gostaríamos
de entrar em contato escapam da possibilidade de nosso encontro. Se escrevem,
tornam-nos possível dialogar com elas por meio de seus textos. Isso abre
altamente nosso círculo de relações. Contatamos pensadores do mundo inteiro,
desde que conheçamos suas línguas ou suas obras estejam traduzidas.
A leitura possibilita-nos maravilhoso recuo ao passado, conversas com
os maiores gênios da cultura, lendo-lhes as obras. Talvez nunca ninguém
tenha escrito páginas tão lindas sobre o amor de um jovem a sua amada como
W. Shakespeare em sua tragédia Romeu e Julieta. Eis então um jovem
vivenciando em si aquela experiência que o dramaturgo inglês tão bem
retratou. O mesmo vale de outros escritores, filósofos, cientistas, teólogos de
todos os tempos. A leitura rompe nosso mundo pequeno e abre-nos
continentes insuspeitáveis.

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Páginas 239-255
Intelecção da leitura
O mais importante na leitura não é a rapidez, mas sua intelecção. Em
torno de tal ponto giram as principais regras. Facilita a intelecção trabalhar em
três lances: pré-leitura, leitura e revisão. Em inglês se cita a expressão SQR³
(survey, question, read, recall, review) para exprimir o processo de leitura ou
estudo de um texto.

Pré-leitura (survey, question)


Antes de pôr-se diretamente a ler um artigo ou livro, faça--se uma
sondagem prévia. Consiste em obter dele um conhecimento global à guisa de
exploração do terreno.
Para isso deve-se:
 — ler o título, olhar com atenção o índice ou sumário (se for livro) ou
percorrer as subdivisões (se for artigo),
 — ler a orelha ou qualquer outra indicação que houver sobre o
livro/artigo;
 — informar-se sobre o autor — campo de especialidade, qualificação,
época e lugar;
 — ler o prefácio, onde em geral o autor expõe o objetivo do livro: para
quem escreve, por que escreve e sua temática;
 — ler sobretudo a conclusão, onde se resumem as ideias principais do
livro e onde se obtém uma ideia do nível, do método, da qualidade do
texto;
 — folhear rapidamente o livro, atentando aos títulos e subtítulos das
partes, capítulos e eventualmente parágrafos para fazer uma ideia geral,
lendo algumas linhas no início e no fim de cada parte, capítulo ou
eventualmente parágrafo;
 — saciar a curiosidade observando as figuras, esquemas, gráficos que
houver.
A finalidade da pré-leitura é ter um primeiro contato com o livro,
adquirindo uma visão geral e resumida do todo.
Adquire-se um esquema mínimo para ler o livro com proveito e para
entendê-lo mais facilmente. A pré-leitura desperta perguntas, interesse,
curiosidade pelo livro, aumentando a motivação de sua leitura. Um mínimo de
perguntas anteriores, de pré-compreensão de um assunto predispõe à
compreensão da leitura. Isso se adquire quer pelo que já se sabe, quer por essa
pré-leitura. À medida que a pré-compreensão é maior, mais desenvolvida,
tanto mais fácil será a intelecção da leitura. Nesta fase de question, procura-se
despertar perguntas, questionamentos, curiosidades, pré-compreensões do
texto. À medida que se vai ampliando a pré-compreensão, passa-se de questões
vagas e genéricas para mais precisas, concretas, específicas.
As perguntas surgidas na pré-leitura acompanhem todo o tempo da leitura à
busca de solução. Pelo menos, façam-se perguntas gerais como:
— Que é que já conheço ou li deste tema?
— Por que esse autor escreve sobre ele?
— Qual é o ponto fundamental, a tese do texto?
— Como ele prova sua tese?
—Por que ele tem essa divisão em partes?
As perguntas que se trazem à leitura originam-se da própria experiência,
do ambiente em que se vive, das discussões com os colegas, das preleções dos
professores, de outras leituras, de nossa formação e nossa cultura anterior etc.
Anotem-se numa folha essas perguntas prévias a fim de confrontá-las
com as ideias do autor ao longo da leitura e verifique-se no final da leitura se
foram ou não resolvidas.
Exercício de pré-leitura
1. O professor distribua entre os alunos ou o leitor tome um livro.
2. Siga em relação a ele os passos indicados para a pré-leitura.
3. O professor interrogue cada aluno sobre o que ele captou do livro na pré-
leitura.
4. Faça seus comentários a partir do resultado da pré-leitura.

Leitura (read)
Natureza do texto
A maneira de fazer a leitura depende qualitativamente da natureza do
texto, que determina as regras de leitura. A escolha e a extensão material de
leitura dependem do objetivo desejado, da funcionalidade temática. Quanto
mais exigente for o nível acadêmico (graduação, mestrado, doutorado, pós-
doutorado, docência), tanto mais selecionada e de valor seja a leitura. Concilie-
se a boa escolha com a abrangência, às vezes exaustiva. De fato, uma boa
escolha permite dominar todo um assunto sem necessariamente lerem-se todas
as obras, já que muitas não fazem outra coisa que repetir o já dito. O texto
ofereça conteúdo substancioso para a finalidade estabelecida (tese, artigo,
exame etc.).
Critério de língua e autor
Naturalmente o critério da língua tem sua relevância, ainda que seja de
maneira negativa. Não se aventure a fazer uma tese doutoral sobre um tema
cuja bibliografia fundamental e importante esteja numa língua que não se
conhece bem.
Vale também o critério da importância do autor. De preferência, leiam-se
os grandes mestres de uma ciência. É bom conhecer o who is who dos ramos que
se quer estudar.
Aproveitamento da leitura
Aproveita-se tanto mais quanto mais claramente se tem em mente a
finalidade da leitura e um quadro de referência no qual ela se insere. Leituras
avulsas de autores ou temas, sem nenhum quadro de referência, em geral não
são retidas e se tornam praticamente perdidas. À medida que uma leitura vem
responder a questões concretas, a objetivos bem definidos, a interesses e
desejos explícitos, mais se faz proveitosa. Conheçam-se o significado das
palavras e os conceitos-base do livro e se entenda do assunto. Anotem-se as
palavras desconhecidas, recorrendo ao dicionário (geral ou especializado) para
conhecer-lhes o significado. Crie-se, se necessário, um pequeno glossário para
uso privado. De vez em quando, releia-se esse glossário até que se aprendam
bem as palavras novas. Em alguns casos, o conhecimento da composição
etimológica da palavra favorece entender outras novas.

Cultura básica
A falta de base cultural para ler um livro impede naturalmente sua
intelecção. Gera lentidão, aborrecimento, frustração. A porta de entrada de
uma temática são artigos-síntese ou livros fundamentais, que sejam antes
estudados que lidos. Antes de ler-se a obra de algum autor clássico (filósofo,
literato, pensador), tenha-se uma ideia de sua vida e de seu universo de
pensamento, consultando algum artigo de dicionário ou enciclopédia. Há
também artigos e livros introdutórios que cumprem tal função. Nunca se
aborda diretamente uma obra clássica sem um mínimo de introdução.

Captação das ideias centrais


Para melhor aproveitamento e intelecção de uma leitura distinga-se, em
cada parágrafo, o conceito central dos pormenores, ainda que importantes.
Capta-se o conceito essencial atendendo ao sujeito e ao predicado do parágrafo.
Em geral, está no início ou no fim dele. Os outros elementos estão postos para
explicitar tal ideia central a modo de:
explicação, exemplo, ilustração, desenvolvimento, demonstração, prova,
dedução. Algumas vezes o texto favorece esta percepção, quer sublinhando
graficamente os conceitos-chave, quer usando expressões verbais que indicam
a ideia central. Por exemplo: Este é o ponto central. Está-sé tocando o núcleo da
questão, vale a pena acentuar e etc.
Como pequeno recurso didático, marque-se com números ou palavras, a
lápis, a sucessão das ideias do autor, quer no texto, quer numa folha à parte.
No final, o esquema aparecerá mais claramente.
Os estudantes sejam iniciados nos cursos a fazer pequenos esquemas
das leituras. Esse exercício é fundamental no início da vida intelectual. Vai-se
criando a facilidade de entender os textos sempre dentro de esquemas e
também adquire-se a capacidade de fazer depois esquemas próprios com maior
facilidade. Tal exercício se faça, num primeiro momento, individualmente.
Depois, em grupo, confrontem-se e discutam os esquemas de modo que se
recebam críticas e sugestões dos colegas e eventualmente do professor. Estes
esquemas sejam feitos ora com verbetes, ora em forma escrita corrida a modo
de resumo. Ambos têm utilidades diferentes. O primeiro favorece a capacidade
de fazer esquemas, o segundo de reproduzir o pensamento alheio em
formulações completas.

Pequenas repetições
O rendimento da leitura aumenta pela prática de pequenas repetições
(recall). Em breves pausas, ao longo da leitura, repita-se para si o lido no seu
essencial. Para facilitar essa repetição, já durante a leitura assinalem-se as ideias
principais, quer usando marcadores coloridos, se se trata de textos policopiados
ou de uso pessoal, quer anotando-as numa folha à parte, quer escrevendo-as
sobre papeletas adesivas que não estragam o livro. Às vezes, o próprio autor
facilita a leitura salientando a ideia mais importante ou apresentando breves
resumos. Marque-se, então, essa passagem. Desta sorte, no final de capítulo,
basta percorrer as ideias ou passagens sublinhadas e anotadas para se ter uma
ideia dos conceitos-chave e dos elementos essenciais do texto. Procure-se
ordená-los em esquemas e sínteses provisórias.
Pós-leitura (review)
No final da leitura, faça-se uma rápida repetição e verificação de todo o
lido. Trata-se de um controle de exatidão do que foi lido, anotado. É a hora de
verificar, avaliar, rever, repassar, fazer um exame retrospectivo do lido.
Elabore para si uma ideia sintética do lido por meio de procedimento
semelhante à pré-leitura. Retome o índice e veja se agora consegue entendê-lo
melhor. Leia de novo a introdução e a conclusão.
Folheie rapidamente o livro para relembrar de tudo o que lera. Veja se as
questões que se levantaram antes e durante a leitura realmente receberam
respostas. Pergunte-se finalmente quais as teses centrais do livro e como ele as
desenvolveu. Além disso, interrogue-se pelos pontos que ainda ficam abertos à
ulterior reflexão e à espera de melhor resposta. Numa palavra, relembre título,
autor, assunto principal, questões iniciais e que surgiram durante a leitura,
conceitos básicos, e faça um balanço do que se aprendeu da leitura e do que
ainda ficará à espera.
Nesse momento, ajudam as seguintes perguntas:
 — Estou de acordo com o que li? As conclusões do livro estão em
sintonia com o ensinado pelo professor, com o que até então
pensava? Se não, por quê?
 — Consigo distinguir fatos de opiniões? Teses de hipóteses?
Verdades assertivas de posições opinativas?
 — As conclusões do autor respondem às provas aduzidas, aos
argumentos indicados, aos fatos apresentados?
 — Poder-se-ia concluir de outra maneira?
Na pós-leitura fecha-se a tríade didática para abordar um tema, um
texto: Síntese — análise — síntese. Começou-se na pré-leitura com uma rápida
síntese. Durante a leitura se fez a análise. Na pós-leitura faz-se de novo uma
síntese, mas mais consistente e rica que a inicial. Esta se exprime sobretudo na
forma de um esquema que organiza as principais ideias do livro, explicita lhes
a estrutura lógica e a articulação interna.
Ritmo de leitura
Velocidade
Um adulto letrado lê, em média, 240 palavras por minuto; com algum
exercício, chega a ler 360 palavras por minuto, sem comprometer a
inteligibilidade do texto. Em livros mais leves (romances), alcança-se, sem
muita dificuldade, a média de 600 palavras por minuto.
Arco de reconhecimento
O arco de reconhecimento, isto é o conjunto de palavras reconhecíveis
num único lance de olhos, determina o ritmo da leitura. Quanto mais amplo
for, menor será o número de fixações e mais rápida se torna a leitura. Os olhos
conseguem fixar 4 letras. As outras estão fora de seu foco e por isso são menos
claras, mas o cérebro consegue reconhecê-las.
Movimento dos olhos
Sem nenhum exercício de correção, acontecem normalmente dois
pequenos vícios no movimento dos olhos. Estes vão e voltam continuamente
sobre as mesmas palavras e não avançam continuamente para a frente. Isso
retarda o ritmo, como se um automóvel fosse andando para frente com ligeiras
marchas à ré. Outro vício é deter-se, fixar-se nalgum vocábulo e não prosseguir
continuamente. Cada parada atrasa o caminho.
O exercício de ir conscientemente lendo com continuidade, sem voltar o
olhar para trás, aumenta a rapidez e o arco de reconhecimento. Tal hábito se
adquire por meio de pequenos treinamentos, como de olhar para o pêndulo de
um relógio e acompanhar com os olhos o seu deslocar. O pêndulo vai
progressivamente aumentando a velocidade para ir também obrigando os
olhos a fazer tal movimento com maior rapidez. Na falta do relógio, a pessoa
sentada, com a cabeça imóvel, distante a 1,20 m de dois pontos (objetos)
separados um do outro por 80 cm, olhe ora para um objeto ora para o outro
alternadamente e aumente progressivamente a velocidade do movimento dos
olhos (15 minutos cada exercício). Assim se acelera o ritmo do movimento das
pupilas.
Outro pequeno exercício é ler com um objeto — dedo, lápis — apontando
as palavras. Pouco a pouco aumente o arco de reconhecimento até alcançar
linhas e parágrafos.
Vocalização na leitura
O defeito da vocalização ou subvocalização da leitura retarda muito a
leitura. Necessita-se de mais tempo para falar que para ver. Lê-se vocalizando
ou subvocalizando as palavras que se veem, em vez de ir diretamente da vista
à inteligência. Faz-se o percurso da vista, vocalização e inteligência. A ponte da
vocalização retarda e introduz fatores de engano na leitura, que seria mais
rápida e correta se fosse diretamente da vista ao cérebro sem passar pelas
cordas vocais.
Diminui tal defeito ler com os olhos ajudados por um objeto que corre
tão rapidamente sobre as palavras que a fala não consegue acompanhar. Desse
jeito, faz-se a leitura unicamente com os olhos, sem interferência das cordas
vocais.
Aceleração do ritmo de leitura
A velocidade do ritmo da leitura aumenta à medida que o objeto, que
percorre as palavras, não só acelera seu movimento como diminui os trajetos.
Em vez de começar logo no início da linha e terminar no final, já começa 1, 5cm
depois e termina outro tanto antes. Isso obriga que o olhar, ao fixar-se neste
ponto, perceba também as palavras que o antecedem ou o sucedem
respectivamente.
Noutro momento, o objeto que conduz o olhar salta uma linha, depois
duas, depois três, assim por diante. O olhar consegue então aos poucos ir
abrangendo não só em longitude, mas também em largura mais palavras.
Inicie-se o exercício com leitura de jornais, revistas informativas, onde o
conteúdo é de fácil inteligência e mais ou menos familiar. Basta perceber
algumas letras e já se intui toda a palavra. Lendo algumas palavras, entende-se
toda a frase. Leem-se pedaços de linha, entende-se todo o parágrafo.
Para acelerar a leitura, a atenção concentre-se nos sujeitos lógicos e
predicados, voando rapidamente sobre os complementos circunstanciais,
adjetivos etc. A captação de sujeito e predicado permite a intelecção da idéia
exposta.
Aumenta a rapidez da leitura aproximar-se de um texto de certa maneira
situado e pré-conhecido. Antes de começar uma leitura, informe- se de que se
trata, qual o assunto abordado, de modo que se entende cada vez mais com
cada vez menos sinais gráficos vistos.
O exercício de velocidade de leitura se faz de diversas formas:
— em "V": descer a mão com os dois dedos (indicador e mínimo)
separados e olhar para suas extremidades e ir lendo este pedaço de frase;
— em espiral: ir descendo com o dedo em espiral ou "S" preguiçoso: ir
desenhando sobre o texto um "S" com o dedo e ir seguindo-o com os olhos,
procurando entender o sentido de todo o texto;
— movimento "Z": fazer este movimento com o dedo.
— movimento "I": ir descendo com o dedo no meio do texto de maneira
vertical; os olhos se fixam na palavra do meio do texto e o cérebro reconhece as
palavras que vêm antes e depois dessa palavra do meio; assim se desce com o
dedo linha por linha;
— movimento em espiral e "I" conjugados.
No início, exercite-se de maneira puramente mecânica, sem preocupar-se
com a compreensão, mas unicamente com o direcionamento dos olhos. Pouco a
pouco, vai-se pedindo intelecção do texto até que se consigam as duas coisas:
intelecção e rapidez. Esses exercícios querem corrigir o defeito de ler palavra
por palavra, para começar a ler por blocos cada vez maiores de palavras.

Tipos de leitura
A maneira de ler um livro depende muito de sua natureza e da
finalidade da leitura. Diante de um livro perguntemo-nos: por que o leremos?
Que proveito queremos tirar da leitura?

 Livro fundamental
Para entrar seriamente num campo novo, inicie-se lendo um livro
básico a modo de manual, de livro de texto. Ele supõe uma leitura lenta, em
que se destrinçam os principais temas, assimilando o mais que se pode. A
escolha desse livro é muito importante. Consulte-se um especialista na matéria,
se possível, ou oriente-se por recensões ou outras fontes especializadas.
Privilegie-se tal leitura, fazendo-a sem premência de tempo, nas horas
de melhor rendimento. Atenda-se à intelecção do livro e não se avance
deixando pontos importantes sem compreender. Recorra-se nas dúvidas, se
necessário, a explicações de professores.
Para alguns casos, faça-se quase um resumo do livro ou tomem-se notas
importantes. A maneira de fazê-lo depende da metodologia do leitor. Uns
preferem marcar o texto, outros anotar à margem a ideia central, outros
escrever numa folha ou no computador as ideias principais. De vez em
quando, releiam-se as anotações tomadas.
 Obras de referência
São artigos de enciclopédia, dicionários, informações rápidas e
sumárias, hoje facilmente oferecidas por programas de computador, em CD-
ROM e na Internet. Cumprem a finalidade de introduzir o leitor num assunto,
apresentando-lhe rápida visão sintética. Servem de primeira abordagem de um
tema. Oferecem uma síntese inicial que precisa ser ampliada com o estudo
ulterior. No final de um estudo recorra-se a tais leituras para um arremate
último. Aí também encontram-se informações bibliográficas.
Em geral, não se tomam notas, visto que já são trabalhos bem sintéticos e
de fácil acesso. No máximo, marcam-se alguns pontos que merecem maior
atenção. A leitura seja mais rápida e volte-se a ela, se necessário, em outro
momento.
Monografias e artigos especializados
São trabalhos escritos por pessoas competentes sobre um tema mais
restrito e mais aprofundado. Supõe do leitor estar por dentro da matéria.
Completam um estudo geral, detalhando mais um aspecto. Aqui vale muito a
autoridade reconhecida de quem escreve e do órgão que publica. Há revistas
que só aceitam trabalhos sérios, fruto de pesquisas e estudos pessoais.
É o material privilegiado para as dissertações e teses. Ajuda a progredir
na própria pesquisa. Oferece informação segura e atualizada. Só lendo tais
trabalhos consegue-se estar a par de um tema.
Supõe uma leitura atenta em condições boas de intelecção. A escolha
depende muito da finalidade: ora manter-se atualizado ou aprofundar um
assunto, ora escrever uma monografia ou um artigo especializado.
Leitura complementar
São leituras que dão uma demão num estudo fundamental já feito.
Supõe do leitor conhecimento suficiente do assunto em busca de conferir seus
conhecimentos com outras fontes.
Essa leitura é mais rápida, já que muita coisa será pura repetição do já
estudado. Às vezes basta folhear. Quando se encontra algo novo, então detém-
se mais para captá-lo melhor. A novidade costuma ser simples
complementação de algo não visto no estudo básico ou divergência de opinião.
Anota-se somente o que realmente aparece como novidade ou questionamento
sério à posição até então assumida.
Indique com algum sinal os pontos que se julgam na primeira leitura
dignos de nota. E depois numa releitura retém-se somente aquilo que
realmente trouxe novidade.
Leitura de pesquisa
Na pesquisa de um tema bem definido cabe um tipo de leitura cursiva
inteligente. Tendo bem claro na cabeça qual é o ponto em questão, vasculhem-
se muitas obras com certa rapidez, anotando somente aquilo que tem referência
direta ao ponto em questão.
Nesse caso, é necessário que a pergunta central esteja bem clara para o
leitor, pois acontece que num artigo ou num livro o autor só acene ao tema
estudado, mas com uma ideia que merece ser anotada.
Lê-se tudo simplesmente para obter essa breve informação. A leitura
cursiva busca pepitas de ouro, jogando fora todo o cascalho.
Leitura de descanso
Leitura para férias, viagens, repouso. São livros leves, literários.
Buscam-se a beleza, o gosto do estilo. Leia-se com maior fluidez. Anote-se
alguma ideia que sirva para palestras e outras atividades mais leves.
Nessas leituras atente-se ao estilo do autor, aos giros de frase, às
expressões e imagens bonitas, que aprimoram o leitor na arte de escrever.
Anotem-se e aprendam-se até mesmo de memória imagens literárias ou
expressões de linguagem bem formuladas a fim de usá-las quando for o caso.
Leitura de jornal e revistas
Conta-se de João XXIII que rezava a Deus pedindo a graça de livrá-lo de
ler todos os jornais todos os dias. Ler jornais é uma arte. Dois extremos: nunca
ler jornais ou lê-los como se fossem obras científicas.
Aprenda-se a configuração do jornal ou da revista com suas diversas
partes e, pouco a pouco, informe-se do valor dos colunistas. Uma vez feito o
mapeamento, escolham-se as partes que merecem mais atenção e aquelas em
que se lerão somente as manchetes. Há colunistas de peso e suas reflexões são
preciosas.
Seguir revistas especializadas
É o processo continuado de ler determinadas revistas, consideradas
importantes para a área de especialização do leitor e para a cultura geral.
Escolha-se um número razoável de revistas de renome. Para isso, peça-se
orientação a pessoas competentes ou a bibliotecários/as.
Cada vez que chega um número dessas revistas, dá-se uma olhadela para
ver o que apareceu de interessante. Se se tem tempo, leia-se o que interessa,
mesmo que seja rapidamente. Se não, anote-se o importante para uma leitura
em outro momento.
Frequente-se a seção das recensões, notas bibliográficas, livros recebidos,
para informar-se do movimento editorial nesse campo. Há revistas
especializadas em bibliografia. Percorrê-las com assiduidade permite ao leitor
estar sempre a par das publicações. Há outras que apresentam resumos dos
melhores artigos da área. Segui-las mantém-nos sempre atualizados.
Seguir revistas abre novos horizontes para além da própria área.
Desperta-se assim a curiosidade intelectual por temas diferentes. Funcionam à
guisa de aperitivo ou de complementação escolar ou de informação de por
onde anda o pensamento.
Para começar a seguir uma revista, tomem-se os últimos números e
retroceda-se até o ano que se julgar importante. Outra coisa é recorrer a artigos
antigos por exigências acadêmicas.
Facilita seguir as revistas criar um grupo de leitura com reuniões
periódicas. Dividam-se as revistas entre seus membros. Nas reuniões, cada
membro faça uma resenha do que leu, indicando os temas mais tratados, os
autores e o conteúdo.
À medida que se descobrem artigos importantes, organize-se uma
bibliografia ordenada a que se pode recorrer em caso de necessidade. Há
programas de computador para isso. Não confiar unicamente na memória.
Alguns princípios para a leitura
Selecionar
O crescimento gigantesco da produção bibliográfica em todos os ramos
obriga-nos a criteriosa seleção. Ainda a melhor fonte de informação são as
pessoas competentes na área. Uma consulta a elas é imprescindível, seja
pessoalmente, seja lendo seus trabalhos e recensões.
O estudante acostume-se, desde cedo, a frequentar as recensões das
revistas e eventualmente a anotar alguns livros a serem lidos em tempo
oportuno. Não se deixe facilmente levar pelo marketing comercial, mas informe-
se junto a pessoas abalizadas.
Além disso, a seleção é também comandada pelas necessidades
acadêmicas e por sua natureza. Há também leituras para recensear livros.
Mesmo aqui haja um critério mínimo de seleção. Algumas revistas já usam a
distinção entre recensão para uma apreciação mais detalhada e nota
bibliográfica para simples informação sobre o livro. As recensões se fazem em
torno de livros de maior peso com leitura atenta, enquanto as notas
bibliográficas não exigem tanto.

Velocidade da leitura
Técnicas para aumentar a velocidade já foram oferecidas acima. A
velocidade depende da natureza e da finalidade da leitura, como também já se
disse. A lei áurea da velocidade é não ser tão rápida que não se capte o que se
lê nem tão lenta que produza distração. É objeto de educação durante toda a
vida. Os lentos forcem um pouco seu ritmo, sem prejuízo, é claro, da intelecção.
Pequenos pormenores como a luminosidade, a maneira de segurar o livro, a
posição do corpo facilitam o desempenho da leitura.
Comparação do bom e do mau leitor
Délcio V. Salomon resume muito bem em doze pontos o bom e o mau
leitor. Confira seu hábito de leitura com esse quadro.
O bom leitor: lê com objetivo determinado, lê unidades de pensamento,
tem vários padrões de velocidade, avalia o que lê, possui bom vocabulário, tem
habilidades para conhecer o valor do livro, sabe quando deve ler um livro até o
fim e quando o deve interromper definitiva ou periodicamente, discute
frequentemente o que lê com colegas, adquire livros com frequência e cuida de
ter sua biblioteca particular, lê assuntos variados, lê muito e gosta de ler, é
aquele que não é só bom na hora de leitura.
O mau leitor: lê sem finalidade, lê palavra por palavra, só tem um ritmo
de leitura, acredita em tudo o que lê, possui vocabulário limitado, não possui
nenhum critério técnico para conhecer o valor do livro, não sabe decidir se é
conveniente ou não interromper uma leitura, raramente discute com colegas o
que lê, não possui biblioteca particular, está condicionado a ler, lê pouco e não
gosta de ler; o mau leitor não se revela apenas no ato da leitura, pois é
constantemente mau2.
Leitura ou fala em público
Na vida concreta, somos frequentemente solicitados a ler em público. Há,
naturalmente, um problema psicológico de receio ou mesmo de medo de fazê-
lo. Aqui, porém, se oferecem alguns recursos e pequenas técnicas para
melhorar o desempenho, com auxílio de recomendações de fonoaudiólogos.
Qualidades da leitura
A leitura para públicos maiores, especialmente no microfone, seja bem
mais lenta que a normal. Articulem-se bem as palavras, acentuando mais as
consoantes. As vogais reboam, dificultando a intelecção da palavra. Não se
calcam as guturais fortes nem se abaixa o tom no final das frases. Pronuncia-se
claramente até a última sílaba da frase.
Sem teatralização, dê entonações diferentes, conforme o sentido da
frase: interrogações, exclamações, súplica, lamento, surpresa, admiração,
glorificação, pensamento interrompido, indignação etc. Adapte o tom da voz
ao gênero literário: narrativo, diálogo com modulações diferentes conforme os
personagens, afirmações incisivas, estilo preceptivo (ordem), conclusivo. Jogue
com o volume da voz para dar mais importância a uma palavra ou frase. Varie
a afetividade do tom. Escanda as frases a serem retidas por causa de sua
importância ou mesmo repita alguma palavra ou frase marcante.
O silêncio e a interrupção abrupta servem para chamar a atenção de
algum distraído. Rompem o atropelo das palavras e a monotonia da
recitação. Abrem espaço para o ouvinte interiorizar o lido ou refletir sobre ele,
além de ser pequeno descanso para o leitor.
A boa leitura divide bem as frases, de modo que não se lhe perde o
sentido. Prepare-se lendo o texto previamente. Na fala livre, evite frases
longas. Deixe-se observar por um outro para que lhe indique os defeitos e
sobretudos os cacoetes: “né”, “uai”, “bah” etc.
Atitude interior e relaxamento
Não ler como quem quer desincumbir-se de uma tarefa, mas como
quem o faz com gosto e alegria. Crie então uma atitude interior de prazer,
mentalizando-a. Dependendo da duração da leitura ou da fala e de sua
importância, um exercício prévio de relaxamento é muito útil. Deitado ou
sentado, de olhos fechados, acompanhe os movimentos da respiração
abdominal e relaxe a mandíbula, a língua e toda a área do rosto.

2
D. V Salomon, Como fazer uma monografia. Elementos de metodologia do trabalho
cientifico, Belo Horizonte, Interlivros, 1974, p. 45-48.
Um dos segredos da boa leitura é a respiração. Tranquilize-se antes de
ler, fazendo respiração abdominal e autossugestão apaziguante. Durante a
leitura, controle as pausas de respiração, para evitar sensação de afogamento.
Postura diante do auditório
Olhando de frente para o auditório, imagine um grande X que envolva
todos os presentes. Fale olhando para o ponto de interseção, calibrando para
ele a intensidade da voz, e imagine lançando-a para o alto da cabeça e para a
frente. Durante a fala olhe para o público a fim de estabelecer contato com ele.
Reaja de modo espontâneo diante das reações percebidas nos ouvintes.
Quando houver algum ruído estranho no auditório ou circunvizinhança, não
concorra com ele elevando a voz. Às vezes, basta uma leitura mais lenta.
Economize a voz, recorrendo, quanto puder, ao microfone. Acostume-se a
monitorar o calibre da voz com exercício conjunto do ouvido e do aparelho
fonador. Conheça bem o volume próprio sem forçar a voz. Preste atenção mais
na voz ressonante do que no que está acontecendo na laringe. Isto produz os
ajustes musculares necessários na garganta e boca. Se está previsto um
exercício mais longo da voz, como no caso de conferências e aulas, economize a
voz nos intervalos.
Exercícios de voz e postura
Há vários exercícios das cordas vocais: aquecimento com vibração da
língua (trrr, brrr) e com a prolação das vogais; emitir um zumbido hum...
hum... fazendo vibrar os lábios e a face; modular a voz, mantendo a mesma
intensidade e percorrendo a escala de notas; bocejo para limiar a voz antes da
leitura; evitar tomar leite, que favorece secreção, enquanto a maçã a desimpede;
massagear as cordas vocais com suaves movimentos da cabeça para os lados
combinados com engolir de saliva; estirar a língua; gargarejar; rotação da
língua dentro da boca; mastigar chicletes; encurvar a língua para cima e para
baixo etc.
Há exercícios para distender os músculos próximos ao aparelho
fonador: levar a cabeça para trás, trazê-la ao centro e deixá-la cair bruscamente;
com os olhos fixos para frente, deixar a cabeça cair ora para a direita ora para a
esquerda; fazer a rotação da cabeça; elevar os ombros e em seguida deixá-los
cair (três vezes): direito, esquerdo e os dois juntos; provocar uma rotação deles
para frente e depois para trás; deixá-los cair para frente e depois para trás:
isolada e simultaneamente.
Cuide-se da postura corporal. Ao ler ou falar em pé, apoie-se sobre a
bacia pélvica. Evite-se tensão muscular do omoplata e do pescoço, posição bem
plantada no solo.
Conclusão
Ler pertence mais ao mundo do prazer, da gratuidade, que ao do
sacrifício, do dever. Muitos nunca aprenderam realmente a ler, porque
vincularam tal atividade à coação escolar, aos deveres de casa, às leituras
obrigatórias para o vestibular. Não chegaram a descobrir o prazer maravilhoso
de mergulhar no universo de ideias, de imagens, de comunicação dos livros.
Além dessa motivação primordial, existem recursos que nos ajudam a
melhorar a qualidade de nossa leitura. Apresentamos precisamente neste texto
alguns subsídios nessa linha. Nada substitui, porém, a primeira iniciativa de
começar a ler. Aprende-se a nadar nadando. Aprende-se a ler lendo. E muito. E
coisas bonitas. E descobrindo nas leituras ideias, valores, beleza, lições de vida.
Oxalá terminemos essa leitura com paixão pela leitura.

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