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João Araújo (N.º 52443), Tiago Rebelo (N.º 52152) e Walid Karam (N.º 52174)
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com acesso à Internet pudesse encontrar e descarregar No algoritmo MP3 ISO (International Organization for
qualquer tipo de música que desejasse. Também em 1999 Standardization), o quantificador é não uniforme. A fórmula
apareceram os primeiros leitores de MP3 portáteis. Estava (1) faz o pré - ênfase do frame a ser descodificado de modo
em curso a grande revolução criada pelo MP3 que permitiu a aumentar o SNR (ao minimizar a atenuação e saturação), e
a qualquer um obter ficheiros neste formato de forma a fórmula (2) a sua amplificação,
simples e poder reproduzi-los, seja em casa, no trabalho ou
mesmo fora de portas, graças aos leitores portáteis, entre (1+ z )× P ( bi )
vários outros locais possíveis e imagináveis. De facto, a x' f . g (i) = x f . g (i ) × 2 (1)
revolução foi de tal ordem, que em poucos anos de (1+ z )×C ( bi )
existência este formato já se encontrava presente em x' ' f . g (i) = x' f . g (i) × 2 (2)
milhões de computadores em todo o mundo. Com tamanha
popularidade, o formato MP3 passou a constituir uma em que g representa o grânulo, f é o frame a ser
ameaça ao monopólio das indústrias discográficas que se quantificado, bi o factor de escala na banda da i-ésima linha
insurgiram contra aqueles que faziam a codificação e espectral, z determina se os factores de escala são
disponibilização de músicas neste formato. quantificados de modo logarítmico com um passo de 2 ou
2 , P(bi) é a tabela de pré – ênfase definida em (3), como
3. IMPLEMENTAÇÃO TÉCNICA
se mostra de seguida, e C(bi) obtém o factor de escala da
3.1. Codificação banda bi.
Então, xf.g(i) é quantificado pelo seguinte quantizador
A figura 1 representa um diagrama de blocos do processo de não-uniforme:
codificação do formato MP3. A entrada de áudio é
transformada frame por frame em componentes espectrais | x' ' f . g (i ) |
y f . g (i ) = n int{( ) 07.5 − 0.0946} (3)
através do mapeamento tempo - frequência. No bloco de 2(δ +q ) / 4
transformação híbrido, o MP3 emprega um filtro polifásico
seguido pelo DCT modificado, de modo a aumentar a em que nint é uma função que faz um arredondamento, q é o
resolução espectral e as componentes são agrupadas em limite inferior do parâmetro de quantização e δ é uma
bandas de diferentes factores de escala. Simultaneamente, o variável incremental.
sinal de áudio entra no Modelo Psicoacústico II (PAM II) A Figura 2 representa o ciclo de controlo de débito
para determinar o limiar de rácio de energia de sinal com o (também denominado por ciclo de iteração interna).
intuito de fazer um mascaramento de cada banda de factor
de escala.
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de spectral flatness 1 . São testadas muitas iterações no A redução dos blocos de aliasing 2 põe mais
processo de quantificação de modo a assegurar uma saída componentes nos coeficientes desquantificados, de forma a
dentro dos limiares da codificação de Huffman. obter uma reconstrução correcta da análise do filtro de sub-
banda. Logo, a DCT Inversa Modificada transforma os
3.2. Descodificação coeficientes em sinais de sub-banda no domínio do tempo.
Aplica-se a inversão de frequência para compensar a
O processo de descodificação de MP3 consiste em três redução do número de amostras usado na análise do filtro de
fases: descodificação de sequência de bits, desquantificação sub-banda. Depois, um filtro de sub-banda sintetizado é
e mapeamento frequência – tempo, como está ilustrado de aplicado aos sinais para resultar na saída de áudio PCM.
seguida, na figura 3.
4. O PORQUÊ DO SUCESSO E O IMPACTO
SOCIOLÓGICO
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Spectral Flatness – Medida utilizada para caracterizar o espectro Aliasing – sinais diferentes contínuos tornam-se indistinguíveis
de audição. Se for elevada, a potência é semelhante em todas as ao serem amostrados a frequências diferentes.
bandas, caso contrário, concentra-se num número inferior.
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década de 90 (1995), uma enorme revolução no mundo da codificadores, e que os produtos não licenciados infringiam
música, uma vez que se tornava possível a troca de ficheiros os direitos sobre a patente do Instituto Fraunhofer e da
áudio com tamanhos muito reduzidos em relação ao formato Thomson Consumer Electronics (entidade que controla o
CD e com uma qualidade muito semelhante. Essas licenciamento da patente do MPEG-1/2 Layer 3 em alguns
características potenciaram ao aparecimento de programas dos países que reconhecem patentes de software, tais como
cuja função era a partilha e distribuição de ficheiros de Estados Unidos da América, Japão, Canadá e alguns países
música no formato MP3, tais como o Napster, imesh, da União Europeia), pelo que seria necessário obter uma
Kazaa, Limewire, Bearshare, Gnutella, Audiogalaxy entre licença de modo a poder produzir, vender e/ou distribuir
outros. O movimento de ficheiros MP3 através da Internet produtos utilizando o padrão MPEG-1/2 Audio Layer 3.
teve um aumento exponencial muito devido aos programas Tal iniciativa veio provocar um abrandamento do
anteriormente referidos, tendo assim passado a ser desenvolvimento da tecnologia do MP3 sem licenciamento,
extremamente fácil reproduzir, criar, partilhar e obter levando à necessidade de promover novos formatos
ficheiros de música. Tudo isto decorria um pouco à margem realmente livres, tais como o WMA e o Ogg Vorbis.
da lei, uma vez que não existia legislação adequada para tal. Apesar das restrições colocadas, o formato MP3
Algo que viria a ser alterado, fruto da pressão de alguns continua a ser o preferido por diversas razões:
músicos e da indústria discográfica, devido à violação dos • Familiaridade com o formato;
direitos de autor, uma vez que enquanto que o download de • A enorme quantidade de ficheiros de música
ficheiros não é ilegal, a distribuição de ficheiros de música disponível em formato MP3;
sem autorização constitui uma infracção à lei. Foram • A grande variedade existente de software e
desencadeadas várias acções sobre os programas de partilha hardware que tem como base o formato MP3;
de ficheiros MP3, resultando no encerramento de muitos • Fraca restrição por parte do DRM, o que torna fácil
sites de partilha, sendo que, aquele que foi mais mediatizado a edição, cópia e distribuição dos ficheiros.
foi o caso Napster, tendo-se visto obrigado a encerrar, e a
alterar o seu formato de partilha. No entanto, a indústria 7. LEITORES DE MP3
discográfica sabia que estava a enfrentar uma batalha
perdida. No caso americano, a Recording Industry Inicialmente os ficheiros MP3 apenas podiam ser lidos
Association of America (RIAA) procurou soluções para se através de programas instalados no computador como o
adaptar à revolução que se estava a dar no meio musical, Winamp (ver figura 5), o FreeAmp, MusicMatch Jukebox,
tendo para tal criado um grupo de trabalho, em finais de QuickTime, entre outros. Com a sua proliferação pela
1998, denominado Secure Digital Music Initiative (SDMI) Internet, tornou-se necessário produzir leitores portáteis que
de modo a explorar alternativas tecnológicas ao formato suportassem o formato do MP3, dadas as enormes vantagens
MP3 para a protecção contra a duplicação de ficheiros e que isso poderia trazer: o facto de poder transportar uma
distribuição em massa. No entanto, essa alternativa revelou- maior quantidade de músicas, com qualidade semelhante
se um fracasso tendo a iniciativa cessado funções em 2001. num espaço físico mais reduzido que os leitores de cassetes
Actualmente existem distribuidores de música em ou de CDs que dominavam o mercado do género. Os
formato digital, tais como o iTunes, que têm ficheiros que primeiros leitores surgiram em finais dos anos 90, com o
suportam DRM (Digital Rights Management), ferramenta MPMan F10 da Eiger Labs, o Rio da Diamond Multimedia e
que permite controlar as infracções aos direitos de autor, o Nomad da Creative. O seu aparecimento não foi de todo
havendo no entanto métodos que podem ultrapassar essas pacífico, uma vez que surgiram pressões por parte da
protecções. Existem também, pela Internet, distribuidores de indústria discográfica para que não fossem lançados no
ficheiros MP3 em que o download de ficheiros é feito mercado.
mediante o pagamento individual de cada ficheiro,
tornando-se mais prático para os consumidores e
beneficiando os artistas, uma vez que o custo de colocar
online os ficheiros MP3 é muito mais reduzido do que
recorrendo a uma companhia discográfica.
Outra questão pertinente que foi levantada teve a ver com os Figura 5 – Leitor MP3 Winamp.
direitos de utilização da tecnologia MP3. Em Setembro do
ano de 1998, o Instituto Fraunhofer, a casa mãe do MP3, Hoje em dia os aparelhos portáteis de leitura do formato
enviou comunicados a diversos criadores de programas MP3 estão perfeitamente integrados no mercado, havendo
MP3, exigindo a cobrança de royalties por essa patente. O um variado leque de escolhas. Desde o aspecto visual até à
comunicado informava que o licenciamento era necessário capacidade do próprio leitor, tendo maior ou menor espaço
para a distribuição e/ou venda de descodificadores e/ou de armazenamento e autonomia, entre outras opções, tais
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como a de receptor de rádio. Os leitores mais populares são 9. REFERÊNCIAS
o iPod (ver figura 6) da Apple (que pode ser adquirido a um
preço que vai dos 80€ aos 380€, aproximadamente) o Zen da [1] S.H. Oh, W.J. Yoon, Y.H. Cho, K.S. Park, “A new spectral
enhancement algorithm in MP3 audio”, IEEE, pp. 285-286,
Creative (que podem ser encontrados a preços que rondam
2006.
os 70€ até aos 220€, dependendo do modelo), a nova versão [2] M. McCandless, “The MP3 Revolution” IEEE Intelligent
Walkman MP3 da Sony (entre os 50€ e os 170€, dependendo Systems, pp. 8–9, May/June 1999.
do modelo) entre outros que podem ser encontrados a preços [3] http://inventors.about.com/od/mstartinventions/a/mpthree.htm
inferiores, dependendo das possibilidades de cada um. [4] Wikipedia - http://en.wikipedia.org/wiki/Mp3
Actualmente os leitores portáteis não se limitam apenas a [5] http://www.webmonkey.com/00/31/index3a.html
poder reproduzir os ficheiros de música em formato MP3, [6] C.H. Yen, Y.S. Lin, B.F. Wu, “A low-complexity MP3
tendo outras funcionalidades, tais como a visualização de algorithm that uses a new rate control and a fast
vídeo, imagem e armazenamento de dados. dequantization”, IEEE Transactions on Consumer Electronics
Vol. 51 Nº2, pp. 571-579, May 2005
[7] B. Ponce, “The Impact of MP3 and the Future of Digital
Entertainment Products”, IEEE Communications Magazine,
pp 68-70, Sept 1999.
8. FUTURO