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A casa sem fim - Um conto de terror espetacular demais

Eu costumo receber uma grande quantidade de indicações de coisas para postar no blog, no
entanto sou bem preguiçoso e assim algumas eu coloco em uma lista que sabe-se Deus quando
eu vou ver o próximo, já que as postagens do blog dependem muito de minha empolgação do
momento, no entanto existem aquelas coisas que me indicam tanto, que eu tenho certeza que
uma hora eu terei que postar aqui, e o conto "A casa sem fim" é o tipo de texto que tantas
pessoas já me pediram pra postar aqui, que cresceu uma baita de uma expectativa em mim, e
certamente era o que eu esperava.

Nós vemos contos e mais contos de terror pela internet, porém em geral são coisas tranquilas,
divertidas porém momentâneas, já em "A casa sem fim" é apresentado um conto longo e muito
atmosférico, que te dá tempo para pensar no que vem depois, ficar só imaginando qual é a
próxima coisa, e como o autor vai fazer a situação acontecer. Outra coisa muito fantástica é
aquela emoção que vai crescendo em você e te deixando um ofegante quanto ao ritmo que a
trama é conduzida e isso é um toque especial difícil de se ver.

Por mais estranho que pareça, é também uma obra maravilhosa que simplesmente não
carrega a assinatura do autor, ou seja, um daqueles contos de uma mente muito criativa mas
que é triste ver que não é recompensada pelo ótimo trabalho, a única coisa se sabe é que o
nome original em inglês é "Noend House". Já a tradução incrível foi feita pela Bianca Antunes,
portanto lembrem de ir parabenizar a moça por ter se dado o trabalho de fazer uma tradução
de um texto tão grande, o que naturalmente é cansativo pra caramba.

Atualização: Indo mais a fundo, acabei descobrindo que o autor se chama Brian Russell e
postou no 4chan para comemorar o dia das bruxas, mas não era grande coisa pra ele, só algo
que fez pra se entreter mesmo, porém depois acabou se surpreendendo quando viu que de
repente a internet ficou louca com aquilo e começou a falar sem parar. E dá para ver que foi
algo mesmo do momento, tanto que eu nem achei o nome do cara de primeira, bem
underground mesmo o negócio...

Enfim, acredito que as sensações serão variadas, portanto você se conhece e sabe qual o limite
do seu medo, no meu caso achei assustador, mas tranquilo pois sou bem acostumado a coisas
assim, porém para aqueles que costumam ler sobre criaturas mesmo em uma obra de ficção e
depois ficam apavorados, não recomendo muito que leiam a noite. Gosta de histórias de
terror? Então se prepara! Confira essa maravilha:

A casa sem fim

Deixe-me começar dizendo que Peter Terry era viciado em heroína. Nós éramos amigos na
faculdade e continuamos sendo após eu ter me formado. Note que eu disse "eu". Ele largou
depois de 2 anos mal feitos. Depois que eu me mudei do dormitório para um pequeno
apartamento, não via Peter com muita frequência. Nós costumávamos conversar online as
vezes (AIM era o rei na época pré-orkut). Houve um tempo que ele não ficou online por cinco
semanas seguidas. Eu não estava preocupado. Ele era um notável viciado em cocaína e drogas
em geral, então eu assumi que ele apenas parou de se importar. Mas então, uma noite, eu o vi
entrando. Antes que eu pudesse começar uma conversa, ele me mandou uma mensagem.

"David, cara, nós precisamos conversar."

Foi quando ele me disse sobre a Casa sem Fim. Ela tinha esse nome pois ninguém nunca
alcançou a saída final. As regras eram bem simples e clichês: chegue na saída final e você
ganha 500 dólares, nove cômodos no total. A casa estava localizada fora da cidade,
aproximadamente 7km da minha casa. Aparentemente ele tentou e falhou. Ele era viciado em
heroína e sabe lá em mais o que, então eu imaginei que as drogas tinham feito ele se cagar
todo por causa de um fantasma de papel ou algo assim. Ele me disse que seria demais pra
qualquer um. Que não era normal. Eu não acreditei nele. Por que eu deveria? Eu disse a ele
que iria checar isso na outra noite, e não importava o quanto ele tentasse me fazer não ir, 500
dólares soava bom demais pra ser verdade, eu precisava tentar. Fui na noite seguinte. Isso foi
o que aconteceu.

Quando eu cheguei, imediatamente notei algo estranho sobre a casa. Você já viu ou leu algo
que não deveria te assustar, mas por alguma razão te gelava a espinha? Eu andei através da
construção e o o sentimento de mal estar apenas aumentou quando eu abri a porta da frente.

Meu coração desacelerou e soltei um suspiro aliviado assim que entrei. O cômodo parecia como
uma entrada de um hotel normal decorada para o Halloween. Um sinal foi colocado no lugar
onde deveria ter um funcionário. Se lia "Quarto 1 por aqui. Mais oito a seguir. Alcance o final e
você vence!" Eu ri e fui para a primeira porta.
A primeira área era quase cômica. A decoração lembrava o corredor de Halloween de um K-
Mart, cheia de fantasmas de lençol e zumbis robóticos que soltavam um grunhido estático
quando você passava. No outro lado tinha uma saída, a única porta além da qual eu entrei.
Passei através das falsas teias de aranha e fui para o segundo quarto.

Fui recebido por uma névoa assim que abri a porta do segundo quarto. O quarto definitivamente
apostou alto nos termos de tecnologia. Não havia apenas uma máquina de fumaça, mas
morcegos pendurados pelo teto e girando em círculos. Assustador. Eles pareciam ter em algum
lugar da sala, uma trilha sonora em loop de Halloween que qualquer um encontra em uma loja
de R$1,99. Eu não vi um rádio, mas imaginei que eles tenham usado um sistema de P.A. Eu pisei
em cima de alguns ratos de brinquedo com rodinhas e andei com o peito inchado para a próxima
área. Eu alcancei a maçaneta e meu coração parou. Eu não queria abrir essa porta. O sentimento
de medo bateu tão forte que eu mal conseguia pensar. A lógica voltou depois de alguns
momentos aterrorizantes, e eu abri a porta e entrei no próximo cômodo.

No quarto 3 foi quando as coisas começaram a mudar.

A primeira vista, parecia como um quarto normal. Havia uma cadeira no meio do quarto com
piso de madeira. Uma lâmpada no canto fazia o péssimo trabalho de iluminar a área, e lançava
algumas sombras sobre o chão e as paredes. Esse era o problema. Sombras. Plural. Com a
exceção da cadeira, havia outras. Eu mal tinha entrado e já estava apavorado. Foi naquele
momento que eu soube que algo não estava certo. Eu nem sequer pensava quando
automaticamente tentei abrir a porta de qual eu vim. Estava trancada pelo outro lado.

Isso me deixou atormentado. Alguém estava trancando as portas conforme eu progredia? Não
havia como. Eu teria ouvido. Seria uma trava mecânica que fechava automaticamente? Talvez.
Mas eu estava muito assustado pra pensar. Eu me voltei para o quarto e as sombras tinham
sumido. A sombra da cadeira permaneceu, mas as outras se foram. Comecei a andar
lentamente. Eu costumava alucinar quando era criança, então eu conclui que as sombras eram
um produto da minha imaginação. Comecei a me sentir melhor assim que fui para o meio da
sala. Olhei para baixo enquanto andava, e foi aí que eu vi. A minha sombra não estava lá. Eu não
tive tempo para gritar. Corri o mais rápido que pude para a outra porta e me atirei sem pensar
no próximo quarto.

O quarto cômodo foi possivelmente o mais perturbador. Assim que eu fechei a porta, toda a luz
pareceu ser sugada para fora e colocada no quarto anterior. Eu fiquei ali, rodeado pela
escuridão, e não conseguia me mexer. Não tenho medo do escuro, e nunca tive, mas eu estava
absolutamente aterrorizado. Toda a minha visão tinha me deixado. Eu ergui minha mão na
frente do meu rosto e se eu não soubesse que tinha feito isso, nunca seria capaz de contar. Não
conseguia ouvir nada. Estava um silêncio mortal. Quando você está em uma sala à prova de som,
ainda é capaz de se ouvir respirar. Você consegue ouvir a si mesmo estar vivo. Eu não podia.
Comecei a tropeçar depois de alguns momentos, a única coisa que eu podia sentir era meu
coração batendo rapidamente. Não havia nenhuma porta à vista. Eu não tinha nem sequer
certeza se havia uma porta mesmo. O silêncio foi quebrado por um zumbido baixo.

Senti algo atrás de mim. Vire-me bruscamente mas mal conseguia ver meu nariz. Mas eu sabia
que era lá. Independentemente do quão escuro estava, eu sabia que tinha algo lá. O zumbido
ficou mais alto, mais perto. Parecia me cercar, mas eu sabia que o que quer que estivesse
causando o barulho, estava na minha frente, se aproximando. Dei um passo para trás, eu nunca
tinha sentido esse tipo de medo. Eu realmente não consigo descrever o verdadeiro medo. Não
estava nem com medo de morrer, mas sim do modo que isso ia acontecer. Tinha medo do que
a coisa reservara para mim. Então as luzes piscaram por menos de um segundo e eu vi. Nada.
Eu não vi nada e eu sei que eu não vi nada lá. O quarto estava novamente mergulhado na
escuridão, e o zumbido era agora um guincho selvagem. Eu gritei em protesto, não conseguiria
ouvir o barulho por mais um maldito minuto. Eu corri para trás, longe do barulho, e comecei a
procurar pela maçaneta. Me virei e cai dentro do quarto 5.

Antes que eu descreva o quarto 5, você deve entender algo. Eu não sou um viciado. Nunca tive
história de abuso de drogas ou qualquer tipo de psicoses além das alucinações na minha infância
que eu já mencionei, e elas eram apenas quando eu estava realmente cansado ou tinha acabado
de acordar. Eu entrei na Casa sem Fim limpo.

Depois de cair do quarto anterior, minha visão do quinto quarto foi de costas, olhando pro teto.
O que eu vi não me assustou, apenas me surpreendeu. Árvores tinha crescido no quarto e se
erguiam acima da minha cabeça. O teto desse quarto era mais alto que os outros, o que me fez
pensar que eu estava no centro da casa. Me levantei do chão, me limpei e olhei ao redor. Era
definitivamente o maior quarto de todos. Eu sequer conseguia ver a porta de onde eu estava,
os vários arbustos e árvores devem ter bloqueado a minha linha de visão da saída. Nesse
momento eu notei que os quartos estavam ficando mais assustadores, mas esse era um paraíso
em comparação ao último. Também assumi que o que estava no quarto quatro ficou lá. Eu
estava incrivelmente errado.

Conforme eu andava, comecei a ouvir o que se poderia ouvir em uma floresta, o barulho dos
insetos se movendo e dos pássaros voando pareciam ser as minhas únicas companhias nesse
quarto. Isso foi o que mais me incomodou. Eu podia ouvir os insetos e os outros animais, mas
não conseguia vê-los. Comecei a me perguntar quão grande essa casa era. De fora, quando eu
caminhei até ela, parecia como uma casa normal. Era definitivamente na maior parte da casa, já
que tinha quase uma floresta inteira. A abóbada cobria minha visão do teto, mas eu assumi que
ele ainda estava lá, por mais alto que fosse. Eu também não via nenhuma parede. A única
maneira que eu sabia que ainda estava dentro da casa era por causa do chão compatível com o
dos outros quartos, pisos escuros de madeira. Continuei andando na esperança que a próxima
árvore que eu passasse revelaria a porta. Depois de alguns momento de caminhada, senti um
mosquito no meu braço. O espantei e continuei. Um segundo depois, senti cerca de dez mais
deles em diferentes lugares da minha pele. Senti eles rastejarem para cima e para baixo nos
meus braços e pernas, e algum deles foram para o meu rosto. Eu me agitava freneticamente
para espantá-los mas eles continuavam rastejando. Eu olhei para baixo e soltei um grito abafado,
mais um ganido, para ser honesto. Eu não vi um único inseto. Nenhum inseto estava em mim,
mas eu conseguia senti-los. Eu ouvia eles voando pelo meu rosto e picando a minha pele, mas
não conseguia ver um único inseto. Me joguei no chão e comecei a rolar descontroladamente.
Eu estava desesperado. Eu odiava insetos, especialmente os que eu não conseguia ver ou tocar.
Mas eles conseguiam me tocar, e estavam por toda parte.

Eu comecei a rastejar. Não tinha ideia para onde estava indo, a entrada não estava a vista, e eu
ainda não tinha visto a saída. Então eu apenas rastejei, minha pele se contorcendo com a
presença desses insetos fantasmas. Depois do que pareceu horas, eu achei a porta. Agarrei a
árvore mais próxima e me apoiei nela, eu dava tapas nos meus braços e pernas, sem sucesso.
Tentei correr mas não conseguia, meu corpo estava exausto de rastejar e lidar com o que quer
que estivesse no meu corpo. Eu dei alguns passos vacilantes até a porta, me segurando em cada
árvore para me apoiar. Estava a poucos passos da porta quando eu ouvi. O zumbido baixo de
antes. Estava vindo do próximo quarto, e era mais profundo. Eu podia quase senti-lo dentro do
meu corpo, como quando você está do lado de um amplificador em um show. O sensação dos
insetos em mim diminuiu quando o zumbido ficou mais alto. Assim que eu coloquei a mão na
maçaneta, os insetos se foram completamente, mas eu não conseguia girar a maçaneta. Eu sabia
que se eu soltasse, os insetos voltariam, e eu não voltaria para o cômodo quatro. Eu apenas
fiquei ali, minha cabeça pressionada contra a porta marcada 6, minha mão trêmula segurando
a maçaneta. O zumbido era tão alto que eu não conseguia nem me ouvir fingir pensar. Eu não
podia fazer nada além de prosseguir. O quarto 6 era o próximo, e ele era o inferno.

Fechei a porta atrás de mim, meus olhos fechados e meus ouvidos zunindo. O zumbido me
rodeava. Assim que a porta fechou, o zumbido se foi. Abri meus olhos e a porta que eu fechei
sumira. Era apenas uma parede agora. Olhei em volta em choque. O quarto era idêntico ao
terceiro, a mesma cadeira e lâmpada, mas com a quantidade de sombras corretas dessa vez. A
única real diferença é que a porta de saída, e a que eu vim, tinham sumido. Como eu disse antes,
eu não tinha problemas anteriores nos termos de instabilidade mental, mas no momento eu
sentia como se estivesse louco. Eu não gritei. Não fiz um som. No começo eu arranhei
suavemente. A parede era resistente, mas eu sabia que a porta estava lá, em algum lugar. Eu
apenas sabia que estava. Arranhei onde a maçaneta estava. Arranhei a parede freneticamente
com ambas as mãos, minhas unhas começaram a ser lixadas pela parede. Cai silenciosamente
de joelho, o único som no quarto era o incessante arranhar contra a parede. Eu sabia que estava
lá. A porta estava lá, eu sabia que estava apenas lá, sabia que se eu pudesse passar pela parede-

"Você está bem?"

Pulei do chão e me virei rapidamente. Me encostei contra a parede atrás de mim e vi o que falou
comigo, e até hoje eu me arrependo de ter me virado.

A garotinha usava um vestido branco que descia até seus tornozelos. Ela tinha longos cabelos
loiros que desciam até o meio das suas costas, pele branca e olhos azuis. Ela era a coisa mais
assustadora que eu já tinha visto, e eu sei que nada na vida será tão angustiante como o que eu
vi nela. Enquanto eu a olhava, eu via a jovem menina, mas também via algo mais. Onde ela
estava eu vi o que parecia com um corpo de um homem maior do que o normal e coberto de
pelos. Ele estava nu da cabeça ao dedão do pé, mas sua cabeça não era humana, e seus pés
eram cascos. Não era o diabo, mas naquele momento poderia muito bem ter sido. Sua cabeça
era a cabeça de um carneiro e o focinho de um lobo. Era horrível, e era como a menininha a
minha frente. Eles tinham a mesma forma. Eu não consigo realmente descrever, mas eu via os
dois ao mesmo tempo. Eles compartilhavam o mesmo lugar do quarto, mas era como olhar para
duas dimensões separadas. Quando eu olhava a menina, eu via a coisa, e quando eu olhava a
coisa, eu via a menina. Eu não conseguia falar. Eu mal conseguia ver. Minha mente estava se
revoltando contra o que eu tentava processar. Eu já tive medo antes na minha vida, e eu nunca
tinha estado mais assustado do que quando fiquei preso no quarto 4, mas isso foi antes do sexto.
Eu apenas fiquei ali, olhando para o que quer que fosse que falou comigo. Não havia saída. Eu
estava preso lá com aquilo. E então ela falou de novo.

"David, você deveria ter ouvido"

Quando aquilo falou, eu ouvi palavras da menina, mas a outra coisa falou atrás da minha mente
numa voz que eu não tentarei descrever. Não havia nenhum outro som. A voz apenas continuava
repetindo a frase de novo e de novo na minha mente, e eu concordei. Eu não sabia o que fazer.
Estava ficando louco e ainda assim eu não conseguia tirar os olhos do que estava na minha
frente. Cai no chão. Pensei que tinha desmaiado, mas o quarto não deixaria isso acontecer. Eu
apenas queria que isso terminasse. Eu estava de lado, meus olhos bem apertos e a coisa olhando
pra mim. No chão na minha frente estava correndo um dos ratos de brinquedo do segundo
quarto. A casa estava brincando comigo. Mas por alguma razão, ver esse rato fez a minha mente
voltar de onde quer que ela estivesse, e olhar ao redor do quarto. Eu sairia de lá. Estava
determinado a sair daquela casa e nunca mais pensar sobre ela novamente. Eu sabia que esse
quarto era o inferno e não estava pronto para ficar lá. No começo apenas meus olhos se moviam.
Eu procurava nas paredes por qualquer tipo de abertura. O quarto não era muito grande, então
não demorou muito para que eu checasse tudo. O demônio continuava zombando de mim, a
voz cada vez mais alta como a coisa parada lá. Coloquei minha mão no chão e fiquei de quatro,
e voltei a explorar a parede atrás de mim. Então eu vi algo que eu não podia acreditar. A coisa
estava agora diretamente nas minhas costas, sussurrando como eu não deveria ter vindo. Eu
senti sua respiração na minha nuca, mas me recusei a me virar. Um grande retângulo foi riscado
na madeira, com um pequeno entalhe no meio dele. E bem em frente aos meus olhos eu vi um
7 que eu tinha inconscientemente feito na parede. Eu sabia o que era. Quarto 7 estava bem
onde o quarto 5 estava a momentos atrás.

Eu não
sabia como eu tinha feito aquilo, talvez tenha sido apenas o meu estado no momento, mas eu
tinha criado a porta. Eu sabia que tinha. Na minha loucura eu tinha riscado na parede o que eu
mais precisava, uma saída para o próximo quarto. O quarto 7 estava perto. Eu sabia que o
demônio estava bem atrás de mim, mas por alguma razão, ele não conseguia me tocar. Fechei
meus olhos e coloquei ambas as mãos no grande 7 na minha frente. E empurrei. Empurrei o
mais forte que pude. O demônio agora gritava nos meus ouvidos. Ele e dizia que eu nunca iria
embora. Me dizia que esse era o fim, mas que eu não iria morrer, eu iria ficar lá no quarto 6 com
ele. Eu não iria. Empurrei e gritei com todo o meu fôlego. Eu sabia que alguma hora eu iria
atravessar a parede. Cerrei meus olhos e gritei, e então o demônio se foi. Eu fui deixado no
silêncio. Me virei lentamente e fui saudado com o quarto estando como estava quando eu
entrei, apenas uma cadeira e uma lâmpada. Eu não podia acreditar nisso, mas não tive tempo
de me habituar. Me virei para o 7 e pulei levemente para trás. O que eu vi foi uma porta. Não a
que eu tinha riscado lá, mas uma porta normal com um grande 7 nela. Todo o meu corpo tremia.
Me levou um tempo para girar a maçaneta. Eu apenas fiquei lá, parado por um tempo,
encarando a porta. Eu não podia ficar no quarto 6, não podia. Mas se isso foi apenas o quarto 6,
não conseguia imaginar o que me aguardava no 7. Devo ter ficado lá por uma hora, apenas
olhando para o 7. Finalmente, respirei fundo e girei a maçaneta, abrindo a porta para o quarto
7.

Cambaleei através da porta mentalmente exausto e fisicamente fraco. A porta atrás de mim se
fechou, e eu me toquei de onde estava. Eu estava fora. Não fora como no quarto 5, eu estava
realmente lá fora. Meus olhos ardiam. Eu queria chorar. Cai de joelhos e tentei, mas não
consegui. Eu estava finalmente fora daquele inferno. Nem sequer me importava com o prêmio
que foi prometido. Me virei e vi que porta que eu tinha acabado de atravessar era a entrada.
Andei até o meu carro e dirigi para casa, pensando em o quão bom seria tomar um banho.

Assim que cheguei em casa, me senti desconfortável. A alegria de deixar a Casa Sem Fim tinha
sumido, e um temor crescia lentamente em meu estômago. Parei de pensar nisso e fiz meu
caminho para a porta da frente. Entrei e imediatamente subi para o meu quarto. Eu entrei lá e
na minha cama estava meu gato Baskerville. Ele foi a primeira coisa viva que eu vi aquela noite,
e fui fazer carinho nele. Ele sibilou e bateu na minha mão. Recuei em choque, ele nunca tinha
agido assim. Eu pensei "tanto faz, ele é um gato velho". Fui para o banho e me aprontei para o
que eu esperava ser uma noite de insônia.

Depois do meu banho, fui cozinhar algo. Desci as escadas e me virei para a sala de estar, e vi o
que ficaria para sempre gravado em minha mente. Meus pais estavam deitados no chão, nus e
cobertos de sangue. Foram mutilado ao ponto de estarem quase identificáveis. Seus membros
foram removidos e colocados do lado dos seus corpos, e suas cabeças em seus peitos, olhando
para mim. A pior parte eram suas expressões. Eles sorriam, como se estivessem felizes em me
ver. Vomitei e comecei a chorar lá mesmo. Eu não sabia o que tinha acontecido, eles nem sequer
moravam comigo. Eu estava confuso. E então eu vi. Uma porta que nunca esteve lá antes. Uma
porta com um grande 8 riscado com sangue nela.

Eu continuava na casa. Estava na minha sala de estar, mas ainda assim, no quarto 7. O rosto dos
meus pais sorriram mais assim que eu percebi isso. Eles não eram meus pais, não podiam ser.
Mas pareciam exatamente como eles. A porta marcada com um 8 estava do outro lado, depois
dos corpos mutilados na minha frente. Eu sabia que tinha que continuar, mas naquele momento
eu desisti. Os rostos sorridentes acabaram comigo, me seguravam lá onde eu estava. Vomitei
novamente e quase entrei em colapso. E então, o zumbido voltou. Estava mais alto do que
nunca, enchia a casa e tremia as paredes. O zumbido me obrigou a andar. Comecei a andar
lentamente, indo em direção a porta e aos corpos. Eu mal conseguia ficar em pé, ainda mais
andar, e quanto mais perto eu ia dos meus pais, mais perto do suicídio eu estava. As paredes
agora tremiam tanto que parecia que desmoronariam, mas ainda assim os rostos sorriam para
mim. Cada vez que eu me movia, os olhos me seguiam. Agora eu estava entre os dois corpos, a
alguns metros da porta. As mãos desmembradas rastejaram em minha direção, o tempo todo
os rostos continuavam a me olhar fixamente. Um novo terror tomou conta de mim e eu andei
mais rápido. Eu não queria ouvir eles falarem. Não queria que as vozes fossem iguais a dos meus
pais. Eles começaram a abrir suas bocas, e agora as mãos estavam a centímetros dos meus pés.
Em um movimento desesperado, corri até a porta, a abri, e bati com ela atrás de mim. Quarto
8.

Eu estava farto. Depois do que acabara de acontecer, eu sabia que não tinha mais nada que essa
porra de casa pudesse ter que eu não pudesse sobreviver. Não havia nada além do fogo do
inferno que eu não estava preparado. Infelizmente eu subestimei as capacidades da Casa Sem
Fim. Infelizmente, as coisas ficaram mais perturbadoras, mais terríveis e mais indescritíveis no
quarto 8.

Eu continuo tendo dificuldade me acreditar no que eu vi na sala 8. De novo, o quarto era uma
cópia do quarto 6 e 4, mas sentado na cadeira normalmente vazia, estava um homem. Depois
de alguns segundos de descrença, minha mente finalmente aceitou o fato de que o homem
sentado lá era eu. Não alguém que parecia comigo, ele era David Williams. Me aproximei. Eu
tinha que dar uma olhada melhor, mesmo tendo certeza disso. Ele olhou para mim e notei
lágrimas em seus olhos.

"Por favor.... por favor, não faça isso. Por favor, não me machuque."

"O que?" Eu disse. "Quem é você? Eu não vou te machucar."

"Sim, você vai" Ele soluçava agora. "Você vai me machucar e eu não quero que você faça isso."
Ele colocou suas pernas para cima na cadeira e começou a se balançar para frente e para trás.
Foi realmente bem patético de olhar, principalmente por ele ser eu, idêntico em todos os
sentidos.

"Escute, quem é você?" Eu estava agora apenas a alguns metros do meu doppelganger. Foi a
mais estranha experiência que eu tive, estar lá falando comigo mesmo. Eu não estava assustado,
mas ficaria logo. "Por que você-?"

"Você vai me machucar, você vai me machucar, se você quer sair você vai me machucar"
"Por que você está falando isso? Apenas se acalme, certo? Vamos tentar entender isso e-" E
então eu vi. O David sentado lá estava usando as mesmas roupas que eu, exceto por uma
pequena mancha vermelha bordada em sua camisa com um número 9"

"Você vai me machucar, você vai me machucar, não, por favor, você vai me machucar..."

Meus olhos não deixaram o pequeno número no seu peito. Eu sabia exatamente o que era. As
primeiras portas foram simples, mas depois elas ficaram mais ambíguas. 7 foi arranhada na
parede pelas minhas próprias mãos. 8 foi marcada com o sangue dos meus pais. Mas 9 - esse
número era uma pessoa, uma pessoa viva. E o pior, era uma pessoa que parecia exatamente
comigo.

"David?" Eu tive que perguntar.

"Sim... você vai me machucar, você vai me machucar..." Ele continuo a soluçar e a se balançar.
Ele respondeu ao David. Ele era eu, até a voz. Mas aquele 9. Eu andei por alguns minutos
enquanto ele chorava em sua cadeira. O quarto não tinha nenhuma porta, e assim como o 6, a
porta da qual eu vim tinha sumido. Por alguma razão, eu sabia que arranhar não me levaria a
nenhum lugar dessa vez. Estudei as paredes e o chão em volta da cadeira, abaixando a minha
cabeça e vendo se tinha algo embaixo dela. Infelizmente, tinha. Embaixo da cadeira tinha uma
faca. Junto com ela tinha uma nota onde se lia: Para David - Da Gerência.

A sensação em meu estômago quando eu li a nota foi algo sinistro. Eu queria vomitar, e a última
coisa que eu queria fazer era remover a faca debaixo da cadeira. O outro David continuava a
soluçar incontrolavelmente. Minha mente girava em volta de questões sem respostas. Quem
colocou isso aqui e como sabiam meu nome? Sem mencionar o fato de que eu estava ajoelhado
no chão frio e também estava sentado naquela cadeira, soluçando e pedindo para não ser
machucado por mim mesmo. Isso tudo era muito para processar. A casa e a gerência estavam
brincando comigo esse tempo todo. Meus pensamentos, por alguma razão, foram para Peter, e
se ele chegou tão longe ou não. E se ele chegou, se ele conheceu um Peter Terry soluçando nesta
cadeira, se balançando para frente e para trás. Eu expulsei esses pensamentos da minha cabeça,
eles não importavam. Eu peguei a faca debaixo da cadeira e imediatamente o outro David se
calou.

"David," ele disse na minha voz, "o que você pensa que vai fazer?"

Me levantei do chão e apertei a faca na minha mão.


"Eu vou sair daqui."

David continuava sentado na cadeira, mas estava bem calmo agora. Ele olhou pra mim com um
sorriso fraco. Eu não sabia se ele iria rir ou me estrangular. Lentamente ele se levantou da
cadeira e ficou de frente para mim. Era estranho. Sua altura e até a maneira que ele estava eram
iguais a mim. Eu senti o cabo de borracha da faca na minha mão e apertei ela mais forte. Eu não
sabia o que planejava fazer com isso, mas sentia que eu ia precisar dela.

"Agora" sua voz era um pouco mais profunda que a minha. "Eu vou te machucar. Eu vou te
machucar e eu vou te manter aqui" Eu não respondi. Eu apenas o ataquei e o segurei no chão.
Eu tinha montado nele e olhei para baixo, faca apontada e preparada. Ele olhou para mim
apavorado. Era como se eu estivesse olhando para um espelho. E então, o zumbido retornou,
baixo e distante, mas ainda assim eu o sentia no meu corpo. David olhou mim e eu olhei para
mim mesmo. O zumbido foi ficando mais alto, e eu senti algo dentro de mim se romper. Com
apenas um movimento, eu enfiei a faca na marca em seu peito e rasguei. A escuridão inundou
o quarto, e eu estava caindo.

A escuridão em volta de mim era diferente de tudo que eu já tinha experimentado até aquele
ponto. O Quarto 3 era escuro, mas não chegou nem perto dessa que tinha me engolido
completamente. Depois de um tempo, eu não tinha nem mais certeza se continuava caindo. Me
sentia leve, coberto pela escuridão. E então, uma tristeza profunda veio até mim. Me senti
perdido, deprimido, suicida. A visão dos meus pais entrou na minha mente. Eu sabia que não
era real, mas eu tinha visto aquilo, e a mente tem dificuldades em diferenciar o que é real e o
que não é. A tristeza só aumentava. Eu estava no quarto 9 pelo que parecia dias. O quarto final.
E era exatamente o que isso era, o fim. A Casa Sem Fim tinha um final, e eu tinha alcançado isso.
Naquele momento, eu desisti. Eu sabia que eu estaria naquele estado pra sempre,
acompanhado por nada além da escuridão. Nem o zumbido estava lá para me manter são. Eu
tinha perdido todos os sentidos. Não conseguia sentir eu mesmo. Não conseguia ouvir nada, a
visão era inútil aqui, e eu procurei por algum gosto na minha boca e não achei nada. Me senti
desencarnado e completamente perdido. Eu sabia onde eu estava. Isso era o inferno. O Quarto
9 era o inferno. E então aconteceu. Uma luz. Uma dessas luzes estereotipadas no fim do túnel.
Então eu senti o chão vir até mim, eu estava em pé. Depois de um momento ou dois para reunir
meus pensamentos e sentidos, eu andei lentamente em direção a essa luz.

Assim que eu me aproximei da luz, ela tomou forma. Era uma luz saindo da fenda de uma porta,
dessa vez sem nenhuma marca. Eu lentamente andei através da porta e me encontrei de volta
onde eu comecei, no lobby da Casa Sem Fim. Estava exatamente como eu deixei. Continuava
vazia, continuava decorada com enfeites infantis de Halloween. Depois de tudo o que aconteceu
aquela noite, eu continuava desconfiado de onde eu estava. Depois de alguns momentos de
normalidade, eu olhei em volta tentando achar qualquer coisa diferente. Na mesa estava um
envelope branco com o meu nome escrito nele. Muito curioso, mas ainda assim cauteloso, juntei
coragem para abrir o envelope. Dentro estava uma carta escrita à mão.

David Williams,

Parabéns! Você chegou ao final da Casa Sem Fim! Por favor, aceite esse prêmio como um
símbolo da sua grande conquista.

Da sua eterna,

Gerência

Junto com a carta, tinham cinco notas de 100 dólares.

Eu não conseguia parar de rir. Eu ri pelo que pareceram horas. Eu ri enquanto andava até o carro
e ri enquanto dirigia pra casa. Eu ri enquanto estacionava o carro na minha garagem, ri enquanto
abria a porta da frente da minha casa e ri quando vi um pequeno 10 gravado na madeira.
Quando vi a continuação do espetacular foda incrível mega impressionante conto A casa sem
fim, a primeira coisa que me veio a mente foi "Será que vai conseguir ser tão bom quanto o
primeiro? Será que foi do mesmo autor ou alguém que se aproveitou da ideia?". E claro que eu
tinha que dar uma conferida independente das dúvidas e realmente aqui está um baita de um
outro pedaço de conto maravilhoso. Realmente a qualidade tem a mesma elegância e pode
inclusive ser lido sem a necessidade do primeiro conto, embora os dois tenham uma ligação aqui
é apresentado um conto completo, com todas as informações necessárias.

Foi quando descobri ele que também descobri o nome do autor, que é Brian Russell e o cara
explicou no blog pessoal dele que o primeiro conto foi apenas algo que fez para postar no 4chan
no dia das bruxas e só escreveu para se divertir mesmo, não esperando grande coisa, foi uma
surpresa pra ele quando viu a reação da internet tempos depois de ter publicado.

Nessa nova história, eu esperava que fosse uma nova personagem qualquer, apresentando a
entrada dela na Casa sem Fim, mas é algo muito bem construído e encaixado com o primeiro,
apresentando a namorada do personagem do conto anterior. Uma coisa que dessa vez senti
pelo fato de ser uma continuação e que eu não tinha sentido na primeira história, é que daria
um filme muito divertido de terror, é verdade que não é algo psicológico que te faz pensar sobre
a vida ou qualquer coisa assim, por outro lado é algo muito atmosférico e que causa uma baita
de uma curiosidade, então seria incrível ver uma coisa dessas nas telas.

Enfim, como falei não é necessário ler o primeiro conto para se compreender esse, é até mesmo
possível se ler esse primeiro e ler o outro depois ou nem ler o outro, mas é aconselhável que vá
ao primeiro conto, o leia e só então depois veja esse, vale a pena, confiram:

A casa sem fim II - Maggie


Já se fazia três semanas que eu não ouvia noticias de David. Nos seis meses que namoramos,
ficamos no máximo três dias sem nos falar. Não havia nada fora do comum na ultima vez que o
vi, ele tinha mencionado que estava indo verificar uma coisa que um amigo lhe contou.
Naquela noite eu ainda recebi um SMS um pouco estranho de David, mas não era de seu
número. Era uma mensagem de apenas seis palavras.

“Casa sem fim, não venha! David.”

Tinha alguma coisa errada. Depois que li esse texto me senti enjoada, como se eu tivesse visto
algo que não devia. Eu decidi logar na conta de Messenger dele para ler suas ultimas
conversas. As mais recentes era com Peter, um dos seus melhores amigos, um viciado e burro,
mas pelo menos ele podia ter algumas informações sobre onde David poderia estar. Assim que
entrei, imediatamente recebi mensagens.

- David? Puta merda cara, você me deixou preocupado. Pensei que tivesse ido para aquela
casa.

- O que você quer dizer?

- A casa sem fim, cara, eu podia jurar que você tinha ido para lá.

Casa sem fim, esse cara sabia o que estava acontecendo.

- Pois é... Eu não consegui encontra-la. Talvez eu tente ir lá amanhã. Me passa o endereço de
novo?

- De jeito nenhum! Você já me preocupou demais, eu estive naquele lugar, acredite em mim,
você não vai querer ir naquele lugar.

- Peter, aqui é a Maggie.

- Espere... O que? Onde está o David?

- Eu não sei, pensei que você poderia saber, mas aparentemente não.

- Puta merda! Merda, merda, merda!

- O que foi? Sério Peter, você precisa me dizer o que está acontecendo.

- Eu acho que ele entrou naquela casa. Não é longe, talvez quatro milhas abaixo, em Terrence.
Seguindo a estrada marcada e virar a direita. Puta merda! Ele se foi!

- Não, eu não acho que ele se foi.

- O que você está pensando em fazer?

- Eu vou trazê-lo de volta.


Eu parti para a procura dele na mesma noite em torno das oito. Não havia um único carro em
toda viagem, e quando virei para uma rua sem nome, vi uma placa com uma seta.

“Casa sem fim// Aberto 24 horas”

Minha respiração estava ofegante desde que saí de casa, e ver a tal casa sem fim não ajudou
em nada. Não havia outros carros ao redor, o que me fez pensar que talvez não estivesse
aberto. A luz da varanda da frente iluminou a área circundante, e pelas janelas se percebia que
as luzes estavam acessas do lado de dentro. Eu estacionei meu carro e caminhei até a porta da
frente.

O lobby era normal, e como eu previ, não havia ninguém lá. Todas as luzes estavam acesas,
mas ninguém estava lá. Apenas um banner dizendo:

“Quarto 1 por aqui. Mais oito a seguir. Alcance o final e você vence!”

Isso por si só não deu medo, mas o que me causou um frio no estômago, foi um rabisco logo
abaixo em vermelho escrito à mão:

“Você não vai conseguir salvá-lo”.

Devo ter ficado no lobby por uma hora. Eu estava congelada. Eu não sabia como continuar.
Será que deveria ir até aquela porta? Será que eu deveria chamar a polícia? Depois de ler o
aviso eu pensei um pouco mais, eu sou uma garota de estatura baixa e muito fraca, eu não
seria a pessoa ideal para lutar contra um possível psicopata que estivesse mantendo o David
como refém. Eu decidi chamar que chamar a polícia era a melhor opção, então coloquei a mão
no meu bolso e abri meu celular para ligar.

Sem sinal.

A casa devia estar bloqueando o sinal, ela fica basicamente no meio do nada.

Caminhei em direção à entrada, imaginando que eu teria sinal do lado de fora. Cheguei à
maçaneta, virei e nada. Eu sacudi com mais força. Ela estava trancada pelo lado de fora. Bati
minhas mãos contra a porta e gritei, mas ninguém podia me ouvir. Eu sabia que era inútil, não
havia ninguém aqui exceto eu.

Então eu senti uma vibração no meu bolso. Abaixei-me e olhei para meu celular. Uma
mensagem não lida. A princípio eu fiquei feliz por ter sinal, talvez fosse uma mensagem de
David que ele estivesse bem. Era uma mensagem de um número desconhecido, eu pressionei
para ler a mensagem e quase deixei o celular cair.

“Você não pode salvar nem mesmo a si mesma.”

Meu corpo inteiro estava tremendo. Eu queria sair dessa casa. Eu estava presa lá. Meu celular
estava sem serviço em uma sala sem saída. Meus olhos percorreram a casa e pousou na porta
do outro lado da sala com um número “1” na frente, parecia como uma porta de hotel.
Eu caminhei até ela.

Eu estava a poucos centímetros e coloquei meus ouvidos contra a madeira para tentar ouvir.
Tudo que eu ouvia era uma música distante de Halloween. Apenas um instrumental assustador
que você ouviria em qualquer casa mal assombrada falsa. De repente eu fiquei um pouco mais
calma. David sempre foi conhecido por suas pegadinhas. Ele me contava como sempre ia
fundo quando queria pregar alguma peça em alguém nos tempos da escola. De alguma forma,
um sorriso se formou no meu rosto e eu abri a porta sem medo.

Entrando no primeiro quarto, meus medos aliviaram ainda mais. O quarto era uma tentativa
completamente fracassada de uma casa mal assombrada. Em cada canto havia um espantalho,
mas não chegavam nem perto de ser assustador. Era do tipo das festas de escola, com grandes
rostos sorridentes. Fantasmas de papel pendurados no teto e um ventilador no canto. Ao lado
de um dos espantalhos, novamente tinha a única porta na sala e estampado na parte da
frente, semelhante à da primeira porta, era um grande número “2”. Eu ri e caminhei para ela.

Quando eu abri a porta do quarto “2”, eu não podia enxergar dois palmos à minha frente. Ele
foi completamente preenchido com uma névoa cinzenta que cheirava a borracha. Imaginei
que tinha alguma maquina de fumaça no quarto que devia estar ligada já há muito tempo e
parecia não haver janelas para toda essa fumaça sair.

Caminhei lentamente para frente e soltei um gritinho. Eu tinha colidido em linha reta com um
grande robô do Jason Vorhees. Seus olhos brilhavam na cor vermelha e segurava um facão de
cima para baixo como se estivesse fazendo um movimento para atacar alguém. Meu coração
estava disparado e se alguém estivesse comigo eu estaria completamente envergonhada. Eu
cobri minha boca e fiz meu caminho passando pelo Robô do Jason, o nevoeiro parecia estar
aumentando, então eu finalmente avistei na minha frente a porta para o quarto número “3”.
Coloquei minha mão na maçaneta e rapidamente soltei, ela estava extremamente quente, eu
coloquei minha mão na porta de madeira e ela também estava quente, aproximei meu ouvido
para tentar ouvir do outro lado da porta um incêndio talvez, mas não ouvi nada.

Pensei que era apenas um aquecimento elétrico proposital. Envolvi a maçaneta com um canto
do meu vestido e virei o mais rápido que pude e me atirei no quarto “3”. Não havia fogo.
Apenas trevas e muito frio.

Esse terceiro quarto não era como os outros em nenhum aspecto.

Naquele momento, eu sabia que algo não estava certo. Eu tentei fazer alguma coisa, mas eu
não conseguia nem ver minhas mãos segurando a maçaneta da porta que agora não estava lá.
Eu estava presa. Como se eu tivesse dado meia volta na escuridão, mesmo que eu não tivesse
movido um músculo desde que entrei. Naquele momento, uma luz no teto acendeu. Um único
holofote apontando diretamente para baixo, iluminando uma pequena mesa, e sobre esta
mesa havia uma lanterna.

Mesmo que eu não conseguisse enxergar nem mesmo o chão onde eu estava pisando, eu
segui em direção à mesa iluminada. Quando peguei a lanterna notei uma pequena etiqueta
fixada nela dizendo.
“Do gerente - Para Maggie”.

No momento em que eu terminei de ler, a luz acima de mim quebrou e outra vez, fiquei no
escuro. Eu me atrapalhei com a lanterna por um segundo antes de conseguir liga-la.

Pelo que parecia vir de todas as direções, um zumbido me cercou. Meu coração estava
acelerado e eu comecei a girar no lugar, lançando a luz da lanterna ao meu redor. Não havia
nada no quarto, mas depois de um tempo notei algo aterrorizante. Poderia ter sido apenas
minha imaginação, mas eu podia ver uma figura sempre fugindo seja lá pra onde eu apontava
a luz. Comecei a entrar em pânico. Fui me afastando da mesa sem saber para qual direção eu
estava indo.

O zumbido foi ficando mais alto e depois eu comecei a sentir a presença do que quer que fosse
que estava desviando da luz. Minhas mãos tremiam descontroladamente enquanto eu
freneticamente brilhava a lanterna para qualquer direção. Aquilo estava sempre lá, escapando
de volta para a escuridão, mas cada vez mais perto. Meus olhos se encheram de lágrimas. Eu
pensei que iria largar a lanterna por eu tremia muito, até que eu vi. A luz apontada
diretamente para um número “4”. Ele foi escrito em um pedaço de papel e colado com fita
adesiva na porta. Eu corri. Corri o mais rápido que pude com a lanterna apontada diretamente
para minha frente. Eu podia senti-lo atrás de mim. O zumbido foi ficando mais alto e já podia
sentir uma respiração no meu pescoço. Eu estava correndo e faltavam mais alguns metros
para chegar. Em apenas um movimento eu peguei a maçaneta, virei e bati a porta atrás de
mim.

Eu estava no quarto número “4”.

Eu estava lá fora. Eu não estava mais na casa. O que me esperava depois de abrir a porta da
sala “4” parecia ser uma caverna. Olhei para o chão e notei algo estranho e perturbador. O
chão não era feito de grama, ou pedra, ou sujeira, eram pisos de madeira. Era o mesmo piso
dos quartos anteriores. Este era o quarto número “4”. De alguma forma eu ainda estava
dentro da casa.

Havia tochas montadas nas paredes rochosas ao meu lado, e para além da caverna estava
escuro como o breu. As tochas pareciam que podia ser retiradas da parede por baixo, então
caminhei até a mais próxima e retirei para iluminar meu caminho. Meu corpo está suando, eu
fiz meu caminho lentamente para dentro da caverna.

O zumbido se foi, espero que para sempre. Depois disso não ouvi barulho algum na caverna,
apenas uma pequena brisa. A caverna parecia se estender eternamente, eu já estava andando
nela há horas, até que vi uma luz azul fraca. Eu andei até ela, com cautela, mas um pouco
acelerado. A luz era uma abertura a extremidade do túnel. Eu cheguei ao fim dessa caverna,
mas não havia mais chão adiante, o fim era um penhasco e não havia outro caminho para
seguir. Eu olhei de volta para trás para a caverna de onde eu vim, eu sabia que não havia volta.
Eu fui até a borda do penhasco e olhei para queda abaixo. Eu senti um calafrio percorrer meu
corpo inteiro. O que eu vi foi um oceano, água ao redor com mais nada a minha vista. Era uma
queda de centenas de metros, com uma formação de rochas.
Meu corpo congelou quando percebi que as rochas lá embaixo formavam um “5”.

Assustada eu me afastei da borda. Eu odiava alturas. Eu me afastei até ser barrada por um
muro que não estava lá até pouco tempo atrás; Eu me virei ainda mais assustada com uma
visão aterradora. Não havia mais caverna, eu estava cara a cara com uma parede sólida. Eu me
mantinha dizendo que ainda estava na Casa Sem Fim.

Eu tinha que estar!

É evidente que não havia montanhas na cidade! Mas parecia tão real.

Olhei novamente para o precipício. Não podia ser real. Essa casa estava mais confusa agora.
Mas o que ela esperava que eu fizesse agora era demais. Eu sabia o que aquelas rochas lá em
baixo significava. Essa era a entrada para o quarto número “5”, mas não havia escadas nem
nenhum caminho para chegar até lá embaixo. A casa queria que eu saltasse.

Eu caí no chão me encolhendo. Eu não podia fazer isso, não conseguiria saltar de um penhasco
de centenas de metros em uma formação rochosa irregular. Minha mente estava dividia em
duas. Eu sabia que ainda estava dentro da casa, mas tudo que eu via ao meu redor me dizia o
oposto. Eu fiquei lá no chão de madeira por um tempo, naquele momento eu já tinha perdido
toda a noção do tempo.

Depois do que pareceram semanas, eu finalmente me levantei e fiz meu caminho até a borda
do penhasco e olhei para baixo.

As rochas formando o “5” pareciam zombar de mim. A casa sabia que eu não conseguiria
evitar provocações. Então aquele zumbido retornou, um zumbido baixo e distante, parecia vir
de trás de mim, ressoando dentro da montanha. Eu não sei o que deu em mim, mas depois de
ouvir esse som, algo dentro de mim se iluminou.

Eu fechei meus olhos e saltei.

O vento da queda contra meu rosto prendia meu fôlego e um medo profundo tomou conta de
mim.

Eu ia morrer.

Eu ia colidir com as pedras e morrer.

Elas iam me partir em mil pedaços e eu ia morrer.

Eu não me atrevi a abrir meus olhos, apenas continuava caindo desesperada. O vento forte
contra meu rosto continuava e o zumbido era agora ensurdecedor.

Então tudo acabou.

Eu não estava mais em queda, eu nunca atingi as pedras. Eu abri meus olhos e olhei em volta.
Eu estava de pé sobre os pisos de madeira familiar da casa. O zumbido se foi e o silêncio
tomou seu lugar. Eu consegui! Eu estava no quarto “5”. Eu não sei como isso aconteceu, mas
eu estava lá. O sentimento de medo se foi, e eu estava incrivelmente feliz por estar viva.
Depois de alguns momentos me recompondo e decidi olhar em volta para o resto da sala.

Minha felicidade durou pouco.

O quarto estava vazio, as paredes combinavam com o chão, e o teto combinava com as
paredes, e nas paredes não havia portas ou janelas. Eu estava em uma caixa selada.

Eu não sabia como cheguei aqui, mas não havia forma de sair!

Naquele momento eu me perguntei se David tinha estado nesta sala, eu me perguntei se ele
tinha saltado do penhasco e acabou nessa sala. E se ele fez, significa que ele conseguiu sair. Ele
não estava aqui, eu estava sozinha. Ele conseguiu sair e eu faria o mesmo.

O pensamento de que David conseguiu escapar era minha única fonte de confiança que
encontrei. Eu estava indo para encontrar um jeito de sair dessa sala, encontrar David e tira-lo
para fora daqui. Eu andei por todo quarto, perímetro por perímetro passando minhas mãos
pelas paredes para sentir qualquer coisa diferente que pudesse revelar a saída.

Nada.

As paredes eram impecáveis, apenas alguns arranhões, mas nada de uma passagem secreta.
Comecei a bater em alguns lugares aleatórios nas paredes, Mas tudo era completamente
sólido. A confiança começou a diminuir, eu estava começando a ficar sem ideias.

E foi ai que ela falou comigo.

- Maggie, você não deveria ter vindo aqui, Maggie.

Minha pele quase saltou de mim se fosse possível. Eu ainda estava de frente para a parede e a
voz tinha vindo do meio da sala. Era uma voz de uma garotinha, pelo menos era o que parecia.

Eu me virei lentamente.

Eu estava certa, era uma menina loira, não mais que sete anos de idade, com os olhos azuis e
um longo vestido branco. Ela sorriu para mim e falou novamente.

- Mas agora que você está aqui, vamos jogar um jogo.

Havia algo horrível sobre aquela menina. Ela não era assustadora como aquelas garotas de
filmes de terror japoneses, ela parecia completamente normal. Se eu a visse na rua passaria
despercebido. Mas olhando em seus olhos, senti um terror completo. Saltar do penhasco foi
assustador, mas eu pularia de vinte vezes mais alto do que ficar sendo encarada por um
minuto com aquele olhar em seus olhos sem alma. Depois de um momento de olhar, eu
finalmente falei.

- Que jogo? Quem é você? – Eu murmurei.


- Se você perder, você morre.

- E se eu ganhar?

- Ele morre.

Meu coração se afundou, eu não podia acreditar no que eu estava ouvindo, mas eu sabia que
ela estava dizendo a verdade.

- O que vai ser? – Ela sorriu

- Nada – Eu não sei onde encontrei coragem para responder esta criança demônio, mas eu não
vim de tão longe simplesmente para deixar David morrer, e se eu morresse tudo isso foi em
vão.

Eu escolhi não jogar.

Mas então eu vi.


A razão pela qual a menina me aterrorizava. Ela era mais do que uma criança. Olhando para
ela, eu também vi o que parecia ser um homem grande coberto de fumaça, com a cabeça de
um carneiro. Era uma visão horrível. Eu não podia ver um sem deixar de ver o outro. A menina
ficou a frente de mim, mas eu sabia qual era sua verdadeira forma.

Foi a pior visão que eu já tinha visto.

- Péssima escolha – E com isso ela se foi.

Eu estava sozinha novamente em uma sala vazia e silenciosa. Só que dessa vez algo foi
adicionado. Uma pequena mesa apareceu do nada, como se estivesse lá o tempo todo. Havia
algo sobre ela, mas eu não podia ver de onde eu estava. Fui até a mesa e olhei par ao pequeno
objeto.

Era uma pequena navalha, como uma que você encontraria em um estilete. Estendi a mão e
peguei então um grito saiu de minha boca.

Quando estiquei minha mão, vi algo que nunca existiu antes. Havia uma marca no meu pulso,
parecia uma tatuagem verdadeira com um único número “6”. Eu olhei de volta para a navalha
e notei uma etiqueta fixada nela dizendo:

Do Gerente - Para Maggie


*Pensei que precisaria disso*

Depois de ler a nota, eu comecei a chorar incontrolavelmente. Lágrimas pesadas corriam pelo
meu rosto de uma forma que nunca aconteceu em toda minha vida.
Eu caí no chão, permaneci lá por horas chorando. Não sabia mais se se tratava sobre David ou
sobre me manter viva, não havia mais portas nessa sala, eu ainda estava presa. Mas ainda não
era por isso que eu estava triste. Eu estava em depressão mais profunda possível. Completa
depressão sem emoção. Eu me sentia vazia, e arranhei meu caminho até a mesa. Meus olhos
caíram sobre a navalha, eu a peguei.

Eu ia me matar! Eu não podia lidar mais com isso! David provavelmente já estava morto! Eu
estava presa aqui! Este era o fim!

Eu pressionei a lâmina contra meu pulso, logo acima do “6” que tinha aparecido na minha
pele. Meus soluços voltaram, e eu fiquei sobre aquela dor agoniante e chorando coma a
navalha pressionando contra meu pulso. David estava morto, e eu estava prestes a morrer.
Nada mais importava e com um corte profundo eu passei a lâmina no braço.

Imediatamente após o corte no meu pulso, eu já não estava no quarto “5” e eu não morri. A
depressão foi embora, mas eu não estava feliz. Lágrimas ainda escorriam pelo meu rosto. O
quarto que eu estava era semelhante ao anterior e novamente não havia portas. Não havia
qualquer lâmpada, mas de alguma forma que era capaz de ver tudo com clareza. O quarto
estava completamente vazio, mas antes que eu tivesse tempo de pensar no que fazer em
seguida, ele ficou escuro e o zumbido de antes voltou. Tapei meus ouvidos em protesto, era
mais alto do que jamais foi, mas acabou em um momento e as luzes voltaram, só que desta
vez algo foi adicionado ao quarto.

E então eu gritei.

Lá no meio da sala, amarrado por correntes, completamente nu estava David.


Parecia que ele foi torturado, cheio de marcas de facadas no peito e braços.

-DAVID! – Eu corri até ele o mais rápido que pude.

Ele estava consciente, eu vi seu peito se encher e esvaziar, ele estava respirando, mas não
estava falando. E foi ai que eu vi o que estava gravado em seu peito.

Eu caí de joelhos quando vi.

Um “7” olhou para mim como se tivesse olhos.

Ouvi David tentar falar, e fui até mais perto do que conseguia.

- David! Davi, você pode me ouvir?!

- Maggie... O que você tá... O que você tá fazendo aqui? – Sua voz era suave, mas ele estava
falando e eu era grata por isso.

- David! Estou tentando salvá-lo. Como posso te soltar? – Olhei ao redor da sala para tentar
encontrar qualquer tipo de chave, mas tudo que encontrei foi uma faca pelos cantos. O metal
era muito grosso, era uma faca mortal. Voltei para David, parecia que ele estava à beira da
morte, então senti meu bolso vibrar. Eu me assustei e peguei o telefone no meu bolso. Como
eu suspeitava uma mensagem não lida. Eu abri a mensagem que dizia:

“Este não sou eu.”.


Eu não sabia o que pensar. David estava bem ali na minha frente, mas essa mensagem veio do
mesmo número que me contatou. É da primeira mensagem que recebi onde David mencionou
sobre a Casa Sem Fim.

- Maggie... – Eu ouvi a voz dele claramente com meus ouvidos. Parecia que a voz vinha de
todos os lados. – Maggie... Você tem que ir em frente.

- O que você está falando? Como? – Eu estava cara a cara com David, ou quem quer que fosse
acorrentado ali.

- Essa faca... – Ele fez um leve movimento com a cabeça em direção ao canto. – Vá buscá-la. –
Eu corri e imediatamente voltei com a faca apertada em minhas mãos. Eu não tinha ideia do
que estava acontecendo, mas eu precisava salvá-lo e faria alguma coisa...

- Agora me esfaqueie no peito.

- O que? – Fiquei chocada. David pendurado ali, olhando diretamente nos meus olhos.

- Você tem que enfiar essa faca no meio desse “7” em meio peito. É a única maneira de nos
salvar.

- Não... - Eu tropecei para trás – Não, o que você está dizendo não faz nenhum sentindo!

- Maggie! – Ele estava gritando agora, seus olhos parecia frenéticos, o lado de sua boca se
curvou em um sorriso torcido. – Maggie, me apunhalar agora é o único caminho!

Olhei para a faca na minha mão, minha cabeça parecia como se tivesse sito atingida por um
bastão. Eu estava perdida completamente. Eu apertei meus olhos fechados e senti a faca na
minha mão.

- MAGGIE! – E com o grito e um impulso esfaqueei o peito de David.

Eu não sei o que deu em mim, eu só aceitei que era a única maneira.

Abri meus olhos e vi o rosto dele.

Ele estava apavorado.

Lágrimas deslizavam por suas bochechas e David me olhou nos olhos.

- Por que... Você... Fez isso...?

Ele não podia me enganar. Eu sei que não era David. Não podia ser!

Seus olhos rolaram para trás quando morreu, mas foi ai que ele mudou. O “7” em seu peito se
foi, o sangue escorria no chão formando uma piscina abaixo de mim. O líquido vermelho se
estendendo em todas as direções, o círculo quase encheu a sala, e eu comecei a afundar.
Tentei me mover, mas não conseguia. Era como areia movediça. O sangue estava até meus
joelhos agora, Quanto mais eu tentava lutar, mais eu afundava. Estava até meu peito agora. O
corpo sem vida de David estava pendurado acima de mim, sorrindo. O sangue chegou ao meu
pescoço, eu estava apavorada e em pouco tempo submersa eu caí na escuridão.

Quando acordei, eu estava fora da casa. Eu podia sentir a terra fria abaixo de mim.
Eu rolei para trás e olhei o céu noturno. A Casa Sem Fim erguia acima de mim, com meu carro
estacionado no mesmo lugar que eu deixei. Eu não tinha certeza se deveria rir ou chorar. Eu
estava fora. Levantei-me espanando minhas calças. Meu corpo ainda estava tremendo
enquanto em caminhava para meu carro, mas um sentimento de mal-estar tomou conta de
mim.

Não havia maneira de eu ter escapado. A casa não iria me deixar ir. Algo não estava certo. Eu
sabia. Eu sabia que não matei David no quarto “6”. Eu sabia que não fiz isso. Mas eu ainda não
sabia onde encontrar ele. Abaixei-me para o meu bolso e peguei meu celular. Não havia
mensagens não lidas. Mas tinha sinal. Eu abri e comecei a escrever uma mensagem para
David.

“Onde você está?”, Dentro de um segundo após enviá-la eu recebi uma resposta. Eu pressionei
para ler animadamente.

“Quarto ‘10’, você está no ‘7’” – Então o zumbido ensurdecedor retornou.

Eu saí correndo. Eu não sabia para onde estava indo, mas eu sabia que não estava lá fora. Eu
ainda estava na casa. O zumbido sacudiu tudo ao meu redor. Ele balançou as arvores e o
próprio ar. Eu precisava encontrar um “8”, eu precisava encontrar a próxima sala. Era minha
única chance! Eu precisava encontrar o quarto número “8”. Os primeiros quartos eram óbvios,
mas quanto mais eu progredia, menos claro eram onde ficava a porta para o próximo. Agora
eu não fazia ideia do que eu estava procurando, eu só tinha meu celular. Eu precisava
encontrar um “8”, precisava encontrar um “8”, precisava encontrar um...

*Uma mensagem não lida*

“Seu endereço”.

Que diabos ele quis dizer? O meu endereço? Enfiei meu telefone de volta no meu bolso, o
zumbido foi crescendo cada vez mais alto. E foi ai que me toquei. O meu endereço, O meu
endereço, O meu endereço...

Condomínio Florestal, 4896...

Não podia ser. Não podia Ser.

Oitavo andar.

Entrei no meu quarto e bati a porta. O zumbido sacudiu o metal do carro e parecia me seguir
para dentro. Eu fiz o caminho para meu apartamento.
Nada disso fazia sentido. Como o quarto número “8” podia ser meu apartamento? Devo ainda
confiar nessa mensagem? Ela foi enviada por David, eu sei que foi. Não havia razão para não
confiar nele. Demorou pouco tempo para chegar. Eu me atrapalhei com as chaves e fiz meu
caminho para as escadas já que o elevador estava em manutenção. Este condomínio era
enorme, subi o mais rápido que pude, passei o quarto andar, o quinto, minha cabeça estava
girando, essa noite foi pesada, passei o sexto, quanto mais eu me aproximava mais longe o
zumbido parecia ficar, quando cheguei ao sétimo andar eu mal podia ouvi-lo mais. E quando
parei em frente meu andar estava completamente silencioso. Eu estava de pé ao meu
apartamento. O pequeno “8” estava ao nível dos meus olhos. Estendi a mão na maçaneta e
lentamente deslizei minha chave, a porta se abriu e eu fui sugado como um vácuo, a porta
bateu atrás de mim.

Quarto número “8”, me levantei do chão e olhei em volta. Ele era idêntico ao meu
apartamento. Se eu não soubesse das armadilhas da Casa Sem Fim, eu teria jurado que estava
em casa e que tudo foi um sonho ruim. Meus pensamentos eram sobre David, e me perguntei
o que o quarto “8” foi para ele, o que a casa lhe mostrou?

Eu andava e estudava a área. Literalmente, tudo estava como eu deixei, até metade da comida
chinesa ao lado da pia. Olhei para minha mesa de computador, O MSN ainda estava aberto. Fui
até lá e me sentei em frente dele, percorrendo minha conversa com Peter. Olhei lá, palavra
por palavra. A casa sabia de tudo isso. Para ser honesto, eu fiz o possível para não pensar
sobre isso, a resposta, sem duvida era melhor eu não saber. Eu tentei clicar fora da janela do
MSN, mas não deixava. O computador travou. Tentei minimizar, Nada. Tentei Ctrl+Alt+Del,
Nada. Tirei o computador da tomada, Nada. Eu olhei para a lista de pessoas na conversa e
havia dois nomes; Maggie e Gerente. O ícone de Web Cam estava verde, mas tudo que
mostrava era uma parede cinza. Em seguida uma mensagem do gerente apareceu como
notificação.

- Espero que tudo esteja como você deixou :)

- Quem é você? – Respondi.

- Aproveite o show :) – E com isso a câmera ligou. A câmera focou em um jovem amarrado a
uma mesa de cirurgia. Ele estava completamente nu e chorando baixinho para si mesmo. A
imagem não era clara, mas eu pensei reconhecer o homem deitado ali. Ele tinha cabelo curto,
marrom, era alto e uma pele pálida.

- Isto é o que acontece quando as pessoas tentam me enganar :)

Foi quando eu me dei conta de quem era. Amarrado à mesa cirúrgica era Peter Terry. E ele não
estava sozinho.

Eu não quero descrever o que vi naquele momento. Os gritos, os sons que Peter faziam eram
diferentes que tudo que já ouvi de um ser humano. Eu não conseguia desviar o olhar. Eu
queria, mas acho que era o poder daquele quarto, eu não conseguia desviar o olhar. Peter
soltou um último grito de gelar a alma, mas eu não ouvi através das caixas de som do
computador, o som vinha do meu quarto.
Meu coração afundou quando me virei em direção ao corredor. Eu me levantei da cadeira e
ainda podia ouvir os gritos que emanavam enquanto caminhava em direção a sua fonte.
Cheguei à porta do meu quarto e os gritos agora foram substituídos pelo zumbido. Abri a porta
devagar, eu vi dentro do meu quarto um notebook, a mesa cirúrgica com o que restava de
Peter Terry espalhado pelos cantos. Mas ninguém mais estava lá. Mas um arrepio me
percorreu de volta. Uma porta que não havia antes aqui com uma placa escrito
“Administração”. Andei mais perto da mesa, o cheiro era horrível e dei o melhor de mim para
não vomitar. Eu sabia que estava chegando ao fim. Olhei ao redor da sala. Em algum lugar aqui
era a entrada para o próximo quarto. Tinha que ser. E foi mais simples do que eu esperava. Na
mesma porta com a placa de Administração, um “9” se formou com as entranhas e do Peter
Terry.

Eu me senti mal por Peter, mas eu tinha ido ao inferno naquela noite. Andei direto, passei pela
mesa, peguei um bisturi longo e não dei nem uma segunda olhada para o corpo. A última porta
estava lá e eu caminhei até ela. Esta noite estava prestes a terminar e eu sairia daqui junto
com David. A porta se abriu com facilidade e eu atravessei.

Eu vi o que estava esperando por mim.

Era uma sala vazia, se assemelhava a uma sala de espera de um consultório médico. Havia
algumas cadeiras que revestem os cantos das paredes e algumas revistas velhas no canto.

Do outro lado da sala, no lado oposto de onde entrei, havia uma única porta. Meu coração
afundou quando li o rotulo impresso na madeira. Não era um número. Era uma única palavra.

“GERENTE”

Eu apertei o bisturi na mão.

- Tudo bem, eu estou me fodendo para que isso termine logo.

Eles estariam do outro lado da porta. Eu podia sentir isso. E David estaria lá!
O zumbido era mais alto do que nunca antes. Eu podia senti-lo dentro de mim e ficava ainda
mais alto enquanto eu caminhava e quando coloquei a mão na maçaneta tudo se silenciou
novamente. Virei a maçaneta e abri a porta. A sala de espera não era para nenhum
consultório. Era o lobby. A entrada da casa, onde todo esse inferno começou. Só que desta
vez, havia alguém atrás do balcão.

Meu coração pulou para fora do meu peito quando vi quem era.

Era Petter Terry.

- Olá Maggie.

- Peter? – Não, não era possível – Como? Por quê?

- O que você estava esperando? Um fantasma? Satanás? Alguma garotinha assustadora? – Ele
estava sorrindo.
- Que merda está acontecendo aqui?

- Maggie. Vamos; Basta você pensar por dois segundos. Quem foi que disse para o David sobre
este lugar?

- Você... Não...

- Quem lhe contou sobre o paradeiro de David aqui?

- Maldição Peter! Ele era seu amigo!

- Eu sinto muito Maggie, mas é assim que funcionam os negócios aqui.

-Onde ele está? Onde ele está?

- Ele está aqui com a gente na casa Maggie. E ele não vai a lugar nenhum. E nem você.

Eu não sei o que deu em mim, mas eu perdi o controle, eu pulei no balcão e empurrei Peter no
chão. Peguei a cabeça dele e bati com força no chão de depois atravessei seu pescoço com o
bisturi. Eu queria mata-lo. Eu tinha que mata-lo. Ele matou David. Eu não deixaria ele me
matar.

- Maggie, você não pode. Sempre haverá alguém para administrar a Casa.

- Não! – Enfiei a faca na garganta e bati novamente a cabeça dele no chão. – Não haverá mais!

Ele morreu então a sala ficou escura, mas eu ainda podia sentir o bisturi me minhas mãos e a
cabeça dele no chão. Não sei quanto tempo eu e o corpo dele ficamos na escuridão, mas
pareceu muito tempo.

Me levantei, segurando na mesa para me equilibrar. Em seguida as luzes se acenderam. Eu


podia ver as janelas em todas as salas, ainda era noite.

Olhei por uma janela e vi David, ele estava andando do lado de fora, aparentemente ileso.

Corri para a porta e tentei abri-la, eu estava tão feliz.

Mas a porta não abria. Eu dei o meu melhor, mas a porta não me deixava sair. Olhei por uma
janela e vi David quando ele começou a caminhar pela estrada de terra. Eu descansei minha
cabeça pela porta e vi.

Meu estômago embrulhou.

Meu coração gelou.

Todos os pelos do meu corpo se arrepiaram.


Lá, preso ao peito dele estava um crachá de identificação, com uma única palavra.

GERENTE.

A mágica - Uma experiência assustadoramente real!

Esse texto foi escrito por Andrew Hannon, autor da maior revista de terror do Reino Unido, em
2005, chamada "Thirteen". Também escreveu o livro com o mesmo nome da revista, onde
publicou esse texto. "The Magic" é considerado não um conto, mas uma experiência
psicológica e tem causado muito fala fala na internet.
Graças a isso, muita gente assim como nos jogos da série Slender, o povo tem gravado suas
reações enquanto leem. Por isso eu já aviso que se você gostaria de fazer isso, só funciona na
primeira vez, depois não, então pegue um abajur, uma vela, ou até mesmo uma lanterna, algo
que não gere luminosidade no ambiente todo, pegue uma câmera, de preferência faça isso à
noite e só então comece a ler se gravando. Isso se você quiser mostrar sua verdadeira reação
ao ler isso é claro, afinal acho que dará muitas visitas e como tem muita gente loucas por
visitas aí, essa é uma oportunidade, claro que você pode fazer depois colocando um amigo seu
como cobaia. è_é! O difícil será saber se ele vai querer kkkk.

Mas enfim, chega de papo, gosta de ler histórias de terror? Então certamente você vai adorar
essa bagaceira, confira o bizarro texto que causa sensações muito esquisitas em muita gente, e
lembre-se, siga as regras EXATAMENTE como o texto manda se quiserem que a mágica dê
certo, não adianta chamar a amiguinha pra ler com você, que isso vai acabar imediatamente
com a magia da coisa.

A Mágica

"Você já leu alguma coisa e gostou tanto que desejou nunca ter lido só pra poder ler de novo
pela primeira vez? A primeira vez é magica, certo? Não importa quantas vezes mais você leia
algo, nunca será tão bom quanto.

Essa é a sua chance de ler algo realmente incrível pela primeira vez. Você só terá essa chance,
então não estrague-a. Eu quero que você entenda a maioria das coisas, então terá de confiar
em mim. Faça exatamente o que eu mandar.

Se você não está sozinho agora então coloque isto de lado imediatamente. A Mágica - a
verdadeira mágica - é tímida. Não vai funcionar se você estiver lendo isso numa cafeteria
lotada ou sentado em um trem.

Só leia a partir daqui se você estiver sozinho.

Ótimo. Já começamos.

Agora eu preciso que você faça mais algumas coisas pra mim - algumas coisas pequenas. Pense
nisso como um manual de instruções, um processo que você precisa seguir se quer que algo
funcione. Não quero parecer mandão ou insistente. Só quero que isso dê certo para você.

Vá para algum lugar onde você pode fechar a porta e ler isso sem ser interrompido. Não
importa onde - seu quarto serve, ou um banheiro. Qualquer lugar que você possa ir sem ter
alguém por perto. E como eu disse antes, feche a porta.
Talvez alguns de vocês estejam lendo isso mas não estão seguindo as instruções. Você não
deseja participar? Eu lhe garanto, é melhor ser parte disto do que simplesmente ser tirado da
mágica por alguém. Mas não deve ser tarde demais. Não posso prometer nada, mas se você
for para algum lugar quieto agora e fechar a porta... Verei o que posso fazer.

Bem, aqui estamos nós. Ou melhor dizendo, aí está você. Espero mesmo que você esteja
gostando. Eu sei que nada aconteceu ainda, mas você não está ansioso? Sua curiosidade não
está ficando cada vez maior? Aproveite. Esta é a única vez em que você vai sentir o que está
sentindo agora. A maravilha que está para acontecer, as meia-conclusões que você já deve ter
feito - tudo isso só pode acontecer uma vez, só pode acontecer agora, só pode acontecer esta
primeira vez.

Um pouco da mágica já começou. Você está sozinho em uma sala, claro, mas ao mesmo tempo
está se unindo à todas as outras pessoas que já fizeram isso antes de você, e todos aqueles que
farão isso depois de você. Você pode sentí-los? Talvez esteja se sentindo um pouco idiota, ou
talvez privilegiado. Você é parte de uma multidão invisível, unida fora do tempo, lendo as
mesmas palavras.

Não se preocupe, este não é o clímax, e certamente não é uma piada. Não estou aqui para
perder seu tempo com conversas sobre metafísica. E para provar isto, vamos seguir adiante.

Acredito que tenha uma luz na sala que você escolheu senão não teria como ler isto, certo?

Vamos lá, você pode me responder se eu lhe perguntar algo! Na verdade, você precisa me
responder se você quer que isso funcione. Vou perguntar de novo. E desta vez, responda. Alto e
claro, não tenha medo. Só diga “Certo”.

Agora, vamos todos participar. Tudo que eu quero é uma palavrinha falada em troca de todas
as palavras que lhe dei até agora. Lembre-se, eu estou fazendo isso por você - está é sua única
chance e eu quero que funcione.

Responda à minha pergunta.

Muito bem! Você deve ter se sentido meio bobo por dizer em voz alta mas não tem ninguém aí
para te ouvir e que mal pode ter sido feito? Agora você pode continuar a aproveitar, sabendo
que você seguiu as instruções perfeitamente. E quando você segue as instruções perfeitamente,
as coisas tendem a funcionar.
Faça o que for possível para deixar seu quarto o mais escuro possível, deixando apenas o
suficiente para que você possa ler estas palavras. Feche as cortinas, apague a luz e ligue uma
luminária. Melhor ainda, acenda uma vela ou leia com a chama de um isqueiro. Eu odeio ter
que ficar repetindo, mas vai ser melhor se você fizer o que eu digo. Seria uma tristeza se perder
agora que você já chegou tão longe.

Permita-me descrever o cenário. É meio estranho, não é? Devemos ter um momento para
considerar? Normalmente, quando você lê alguma coisa, a cena é descrita para que se possa
imaginar, mas aqui está você lendo sua própria cena, na qual você está sentado em uma sala
escura, sozinho, lendo o que quer que tenha te trazido para esta mágica. Que colocações
poderosas! Quando você era pequeno, já se imaginou sendo um personagem de um livro ou
filme e que milhões de pessoas liam sobre você e viam seus feitos? Talvez a intenção era que
fosse real?

Digo que não se preocupe, está não é a mágica de que lhe falei antes.

Isso, aproveite o momento. Aqui vai. Aqui vai a mágica.

Agora, rapidamente, levante-se de sua cama, cadeira, ou lugar contra a parede. Levante-se e
ande até a porta que você fechara há alguns minutos atrás. Coloque seu ouvido contra a porta
e escute, prenda sua respiração.

Bem, me pergunto se você consegue me ouvir.

Ok, vamos expandir a cena que descrevi um momento atrás. Você lembra, aquela com você
lendo numa sala escura. Sim, bem, fora daquela sala, do outro lado da porta fechada, alguém
que você não pode ver está parado ali. Sou eu. Me pergunto se você consegue advinhar meu
nome. Uma pequena parcela do se subconsciente já deve ter registrado as primeiras letras dos
últimos cinco parágrafos que você leu e o que eles soletram. É o mais perto que tenho de um
nome.

Você pode me ouvir respirar? Não? Talvez eu esteja prendendo minha respiração também, com
a orelha pressionada contra a porta, tentando ouvir você.

Ou provavelmente há um último passo, uma última instrução que você precisa seguir para
fazer esta mágica funcionar.

Me convide para entrar.


Vamos lá, não reclame! Você já falou comigo antes quando respondeu minha pergunta sobre a
luz. Tudo que você precisa fazer é me deixar entrar. Veja bem, eu sei que você está aí, sozinho
no escuro. E tudo que eu quero provar é que a mágica funciona."

Você pode conferir ainda algumas páginas de outros contos do livro gratuitamente no
Amazon. Infelizmente está em inglês, no entanto essa é uma ótima oportunidade de
aperfeiçoar seu inglês lendo um conto, então GOOGLE TRADUTOR NELE Ò_Ò! Leia também "O
ovo", um conto que te causa uma sensação semelhante ao de "A mágica" só que ao contrário.
=D

O ovo - Esse conto deixará sua mente prestes a explodir!

Bom pessoal, esse conto me foi enviado pelo leitor Darthvaderpg como
uma Creepypasta, mas acho que eu não consideraria assim embora
acredito que muitos creiam no que ele relata. Deixei meio de lado no
começo pra ler depois porque eu sou preguiçoso, mas quando li tomei um
baita susto com a história relatada, não susto de medo, mas susto quanto
a sensação surreal que ela causa. Mas acredito que alguns podem até
mesmo sentir medo mesmo porque é muito estranha!
O Ovo
"Você estava a caminho de casa quando morreu. Foi em um acidente de
carro. Nada muito chamativo, mas infelizmente fatal. Você deixou sua
esposa e duas crianças. Foi uma morte sem dor. Os para-médicos
tentaram de tudo para te salvar, mas em vão. Seu corpo foi completamente
destruído, você já esteve melhor, pode acreditar. E foi aí que você me
conheceu.

O que-... o que aconteceu?" Você perguntou. "Onde estou?"


"Você morreu," Eu disse, com naturalidade. Não fazia sentido conter as
palavras.
"Havia um caminhão.. e ele derrapou.."
"Isso aí," Eu disse.
"Eu.. Eu morri?"
"É. Mas não se sinta mal. Todo mundo morre," Eu disse.
Você olhou em volta. Não havia nada. Só eu e você. "Que lugar é esse?"
Você perguntou. "Isso é o paraíso?"
"Mais ou menos," Eu disse.
"Você é Deus?" Você perguntou.
"Isso ai," Respondi. "Eu sou Deus."
"Meus filhos... minha mulher," você disse.
"O que tem eles?"
"Eles ficarão bem?"
"É isso que eu gosto de ver," Eu disse. "Você acabou de morrer e sua
maior preocupação é a sua família. Isso é mesmo uma coisa boa."
Você olhou pra mim com um certo fascínio. Pra você, eu não parecia com
Deus. Eu aparentava ser um homem qualquer. Ou uma mulher. Uma figura
autoritária meio vaga, talvez. Mais como um professor de português do
que o Todo Poderoso.
"Não se preocupe," Eu disse. "Eles ficarão bem. Seus filhos lembrarão de
você como um pai perfeito em todos os sentidos. Eles não tiveram tempo
de sentir algo ruim por você. Sua mulher vai chorar, mas vai ficar
secretamente aliviada. Pra ser sincero, seu casamento estava
desmoronando. Se serve como consolo, ela vai se sentir muito culpada
por se sentir aliviada."
"Ah.."Você disse. "Então o que acontece agora? Eu vou para o Céu, pro
Inferno ou alguma coisa do tipo?"
"Nenhum dos dois" Eu disse. "Você vai reencarnar."
"Ah," você disse. "Então os Hindus estavam certos,"
"Todas as religiões estão certas de alguma forma," Eu disse. "Venha
comigo."
Você me seguiu enquanto caminhávamos pelo vazio. "Aonde estamos
indo?"
"A lugar nenhum específico," Eu disse. "Só gosto de andar enquanto
conversamos."
"Então que sentido isso faz?" Você perguntou. "Quando renascer, eu vou
esquecer tudo, não é?" Um bebê. Então todas as minhas experiências e
tudo que fiz nessa vida não significaram nada."
"Não é por aí!" Eu disse. "Você tem dentro de você todo o conhecimento
e experiências de todas as suas vidas passadas. Você só não lembra
dessas coisas agora."
Eu parei de andar e coloquei as mãos em seus ombros. "Sua alma é mais
magnífica, linda e gigantesca do que você possa imaginar. Sua mente
humana pode apenas entender uma pequena fração do que você é. É
como colocar o seu dedo em um copo de vidro e ver se está quente ou
frio. Você coloca uma pequena parte de você em jogo, e quando tira, você
percebe que aprendeu tudo que podia por lá.
Você foi um humano nos últimos 48 anos, então ainda não deu tempo de
você perceber o resto da sua imensa consciência. Se nós ficarmos aqui
por muito tempo, você começará a lembrar de tudo. Mas não faz sentido
fazer isso entre cada vida."
"Quantas vezes eu já reencarnei, então?"
"Ah, muitas. Muitas e muitas. E em muitas vidas diferentes." Eu disse.
"Dessa vez, você será uma camponesa chinesa no ano 540 D.C."
"Es-espera aí, como?" Você gaguejou. "Você está me mandando de volta
no tempo?"
"Bem, tecnicamente. Tempo, da forma como você conhece, só existe no
seu universo. As coisas funcionam de outro jeito de onde eu venho."
"De onde você vem?" Você disse.
"Ah claro, " Eu expliquei "Eu venho de algum lugar. Um lugar diferente.
tem outros como eu. Eu sei que você quer saber como é lá, mas
honestamente, você não iria entender."
"Ah," Você disse, um pouco desanimado. "Mas espera. Se eu reencarno
em diferentes lugares no tempo, eu poderia ter interagido comigo mesmo
alguma vez."
"Claro. Acontece o tempo todo. E já que as duas pessoas tem apenas
consciência da sua própria vivência, você nunca sabe que está
acontecendo."
"Então, qual é o sentido?"
"Ta falando sério?" Perguntei. "Sério? Você está me perguntando o
sentido da vida? Isso não meio clichê?"
"Bem, é uma pergunta plausível," Você persistiu.
"Eu te olhei nos olhos. "O sentido da vida, motivo pelo qual eu criei todo o
seu universo, é para que você amadureça."
"Você ta falando da humanidade? Você quer que nós amadureçamos?"
"Não, somente você. Eu fiz todo esse universo para você. Para que em
cada nova vida você cresça, amadureça e se torne um intelecto maior."
"Só eu? E as outras pessoas?"
"Não há mais ninguém," Eu disse. "Nesse universo, só existe você e eu."
Você me olhou com um olhar vazio. "Mas e todas as pessoas da Terra..."
"Todos são você. Diferentes encarnações de você."
"Que? Eu sou todo mundo?"
"Agora você está entendendo, "Eu disse, te dando uma tapinha nas costas.
"Eu sou todo ser humano que já viveu?"
"Ou quem irá nascer, sim."
"Eu sou Abraham Lincoln?"
"E você é John Wilkes Booth, também, " Completei.
"Eu sou Hitler?" Você disse, horrorizado.
"E também é os milhões que ele matou."
"Eu sou Jesus?"
"E também é todos que o seguiram."
Você ficou em silêncio.
"Toda vez que você enganou alguém, " Eu disse, "você estava enganando
a si mesmo. Cada ato de bondade que você teve, foi feito para consigo
mesmo. Cada momento feliz e triste que você teve com qualquer pessoa
foi, e será, aproveitado com você."
Você ficou pensando por um longo tempo.
"Por quê?" Você me perguntou. "Por que fazer tudo isso?"
"Porque algum dia, você será como eu. Porque é isso que você é. Você é
um dos meus. Você é meu filho."
"Nossa," você disse, incrédulo. "Quer dizer que sou um Deus?"
"Não, ainda não. Você um feto. Você ainda está crescendo. Quando tiver
vivido todas as vidas humanas em todas as eras, você terá crescido o
suficiente para nascer."
"Então todo o universo," você disse, "é somente..."
"Um ovo." Respondi. "Agora é hora de você ir para sua próxima vida."
E eu enviei você de volta.

Autor: Andy Weir.


Tradução: Carlos Buosi

Caracas, eu estou impressionado demais com esse conto. Costumo bolar


muitas ideias relacionadas a divindades e já tinha pensado em algo assim
quanto a reencarnação, no entanto não cheguei a desenvolver, só que se
eu tivesse desenvolvido, duvido demaaaaaiiisss que eu conseguisse fazer
algo tão bom e intenso quanto esse cara fez, ele manteve um clima incrível
pra caramba que no fim chega a ficar sinistro de tão surreal.

Já pensaram que coisa mais assustadora? Sermos apenas um único ser


solitário nesse planeta vivendo na ilusão de estar com outros que são na
verdade apenas reflexos de nós mesmos? Já pensaram se Andy Weir não
é uma das encarnações que teve uma breve lembrança do que aconteceu
após a morte da encarnação anterior e escreveu? Esse cara certamente é
fã delivros sobre reencarnação.

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