Sunteți pe pagina 1din 84

imrimíglFuni^íuihiffini

í
t

DO JÚRI
O NOVO
RITO INTERPRETADO

1* edição (ano 2008)


1" reimpressão(ano 2009)

°DiRBrt®

EDITORA AFILIADA
Rodrigo Faucz Pereira e Silva
Bacharel em Direito; Pós-graduado huo sensu em Gestão do
Direito Empresarial; Espeeialista em Direito Penal Econômieo e Europeu;
Professor de Direito Penal; Advogado Criminalista.

Visile nossos sites na Internet


www.jurua.com.br e
iiMui'.editorial/urua.com
e-mail; editora(a)jurua.com.hr

Tribunal
ISBN: 978-85-362-2222-6 DO JÚRI
/y // / / Av. Munhoz da Rocha, 143 - Juvcvê - Fone:(41)3352-3900 o NOVO
jJ'J!/ Fax:(41)3252-131 1 - CEP: 80.035-000 - Curitiba - Paraná - Brasil
EDITORA
RITO INTERPRETADO

1* edição (ano 2008)


1® reimpressão (ano 2009)
SILVA, Rodrigo Faucz Pereira e.
S586 Tribunal do jiiri: o novo rito interpretado./ Rodrigo
Faucz Pereira e Silva./ P ed. (ano 2008), P reimpr./
Curitiba: Juruá, 2009.
166 p.

1. Tribunal do Jitri. I. Título.

CDD 345.075
CDU 343.195
Curitiba
00372 Juruá Editora
2009
Aos meus amigos de Coimbra e alunos.
AGRADECIMENTOS

Àqueles que, de qualquer forma, contribuíram para a


elaboração de.ste trabalho, em e,special à minha mãe, à
minha avó, a Marcelo Boldori, a Ernani Bortolini, a
Fábio Kampmann, a Luiz Gonzaga Paul, a Orleans
Neto, a Jília, à UnC e à Juniá Editora, que apostou, com
empenho, na presente obra.
"Satins est impimiíum relinquifacinus nocentis quam imocentem
datnnari
Ulpiano, Dig. 48, 19, 5, pr.
APRESENTAÇÃO

A Lei n.689/08\ que alterou o procedimento dos crimes de


competência do Tribuna! do Júri.foi .sancionada em 9 dejunho de 2008.
entrando em vigor em 9 de agosto de 2008. Outras leis de natureza pro
cessual penal foram aprovadas e sancionadas, todas com o escopo de
modernizar e'adequar à legislação infraconstitucionalje sobretudo o
Código de Proce.sso Penal) em face da Constituição Federal (CL) de
1988. que adotou claramente o sistema processual acusatório.
Com essas alterações, busca-se uma justiça eficaz e atenta aos
direitos e garantias dos cidadãos, procurando sanar um grave defeito do
Poder Judiciário: a tramitação demasiado morosa dos processos.
f médio de Entretanto, esquece-se o legislador que não somente por inter
alterações legislativas é que o escopo da demora judicial .sera
resolvido. É vital a reestruturação do judiciário, .suprindo o aejicií. prin
cipalmente. de magistrados e .serventuários, além do aumento e raciona
lização dos recursos aplicados.
Com certeza, tais modificações não sanarão integralmente to
dos os problemas hoje pre.sentes. O ideal .seria a construção de um Codi-
go de Proce.sso Penal totalmente novo. uma vez que o núcleo estnitural
júndante do Código de 1941 e.stá em conflito com a CF de 1988.
Como bem .salienta Jacinto Coutinhof "qualquer reforma deve
ser global e incidente sobre todo ele (o Código de Processo Penal bra-
Lei derivada do projeto de lei de número 4.203/01 que, por sua vez, proveio de
anteprojetos apresentados por Comissão institinda pelo Poder Executivo cornpos^
pelos juristas: Ada Pellcgrini Grinover, Antonio Magalhães Gomes An
Larance Fernandes, Luiz Flavio Gomes, Miguel Realc Júnior, '«'"do Car"^™ ^ea^
Petrônio Calmou Filho, René Ariel Dotti (substituído por Ruis ^'"^0), R^eno La ^
Tucci e Sidnei Beneti. A referida Comissão analisou, debateu e, posteriorme , p
sentou ao Ministro
COUTINHO, da Nelson
Jacinto Justiça,de
no Miranda.
total, onzeAsanteprojetos
refonnas parciais do ^ „„,;tão
g da
prova: segue o princípio inquisitivo. Boletim IBCCrIm. Sao Paulo, n. 188,jul. 2008.
p. 11.
14 Rodrigo Faucz Pereira e Silva

sileiro), bastando recordar sua origem fascista (Dec.-lei 3.689, de


03.10.1941), e seu absoluto descompas.so com a atual Constituição da
República, democraticamente promulgada em 5 de outubro de 1988."
Não obstante, deve-se fazer malabarismos jurídicos para afas
tar os dispositivos atuais totalmente contrários à Constituição e intei- SUMARIO
pretar, inexoravelmente, outros cjue puderem ser lidos à luz da Caita
maior.
Não é demais lembrar que os preceitos, garantias e direitos HISTÓRICO DO JÚRI NO MUNDO 17
fundamentais devem ser respeitados e aplicados, cabendo a^ todos os HISTÓRICO DO JÚRI NO BRASIL 21
operadores do direito seu cumprimento imediato e irrestrito. Não se pode «O JÚRI CONSTITUCIONAL" 25
mais tolerar a utilização das garantias e direitos individuais como meros A IMPERIOSA LEITURA CONSTITUCIONAL 29
instrumentos de retórica.
INTERPRETAÇÃO POR ARTIGOS DA LEI 11.689/08 31
O presente trabalho restringir-se-á às alterações trazidas com Art. 1° 31
a Lei 11.689/08. Primeiramente será apresentado um breve histórico Art. 406 31
Art. 407 34
sobre o Tribunal do Júri e .mas garantias constitucionais, passando em Art. 408 34
seguida à explicação individualizada, em regra, dos artigos da lei, com a Art. 409 35
indicação da redação antiga correspondente. Art. 410 35
Art.4II 35
Diversas formas de interpretação dos artigosforam utilizadas, Art. 412 40
Art. 413 41
desde a histórica, até a gramatical, empregando-se a sistemática, a lógi Art. 414 47
ca e a interpretação extensiva. Art. 415 49
Por se tratar de uma obra interpretativa, tentou-se não se Art. 416 50
Art. 417 51
aprofundar em demasia em questões pontuais, contudo, não .se pôde evi Art. 418 51
tar a análise ampla de algumas situações, seja pelas divergências exis Art. 419 52
Art. 420 53
tentes, seja pela desconformidade com o texto constitucional. Art. 421 54
Posteriormente à conclusão do presente trabalho, algumas Art. 422 55
Art. 423 58
obras pioneiras sobre a reforma foram lançadas. Com i.s.so, retardamos a Art. 424 58
publicação, optando-.se pela utilização delas, para emba.sar alguns tópi Art. 425 59
cos controversos. Contudo não são poucos os pontos discordantes, prin Art. 426
Art. 427
61
63
cipalmente pela abordagem afastada do senso comum, esposada por Art. 428 66
alguns autores. Art. 429 67
Art. 430 68
A "graça" do Direito reside justamente na contraposição de Art. 431 68
idéias, com o intuito de contribuir para a elevação dos debates e para a Art. 432 ' " ■ 69
formação de estudos sobre a matéria. Art. 433 69
Art. 434 70
Enfim, colocamo-nos à disposição para eventuais discussões, Art. 435 70
explicações e criticas construtivas vindouras, .sempre bem-vindas por se Art. 436
An.437
71
73
tratar de uma lei nova, com poucas obras ou textos a respeito. Para tan Art. 438 75
to, deixo meu e-mail: <rodrigo@faucz.com.br>. Art. 439 ...76
Art. 440 ....76
Art. 441 77
Art. 442... 77
Art. 443 ....78
Art. 444... .78
Art. 445... ...79
](; Rodrigo Faucz Pereira e Silva

Art. 446 11
Art. 447
Art. 448 "Y
Art. 449 si
Art. 450 Si
Art. 451
Art. 452
Art. 453 Si
Art. 454 li
Art. 455 li
Art. 456 II HISTÓRICO DO JURI NO MUNDO
Art. 457 II
Art. 458
Art. 459
Art. 460
Art. 461 Só
Art. 462 II É bastante discutida a real origem do Tribunal do Jtíri. Parte dos
Art. 463 so historiadores e doutrinadores imputa a origem à Inglaterra antiga. Outros
Art. 464
Art. 465 defendem a raiz no procedimento inquisitório francês, havendo ainda
Art. 466 posições favoráveis à origem como sendo grega e romana.
Art. 467
Art. 468 No entanto dever-se-ia indicar, como embrião do Tribunal do
Art. 469 li Júri, não as origens das formalidades e procedimentos, que são asseme
Art. 470 lhados com o Júri brasileiro, mas sim a idéia principal, a qual ainda hoje é
Art. 471
Art. 472 utilizada por todos aqueles países que mantêm tal instituto; a participação
Art. 473 popular no julgamento.
Art. 474
. , .-e
"r
lUo Portanto, o fato de ser julgado por seus pares remonta um pouco
107
óóóóóóóóóóó; 109 mais além na História e se mistura com a própria história do Direito Pro
Art. 1 1 -y cessual Penal. Na Grécia Antiga, nos julgamentos dos crimes públicos,
Art. 478 7
Art. 479 7 que eram de interesse comum, participavam membros do povo. Contudo
Art. 480 i poucos eram considerados cidadãos que podiam tomar parte na vida política
Art. 481 ó e social (mulheres, menores, escravos e estrangeiros não eram incluídos).
Art. 482 °
Art. 483 ir Diversos tribunais e assembléias possuíam a incumbência de
Art. 484 ii julgar crimes - competência determinada de acordo com a gravidade dos
Art. 485 Yt
Art. 486 Y» delitos -, havendo relatos de tribunais compostos por mais de seis mil
Art. 487 iS pessoas comuns. Em Roma. no período evolutivo do sistema acusatório
Art. 488 iS do processo penal, foi instituída a quaestio -'"órgão colegiado constituído
Art. 489 Ys
Art. 490 Yi por cidadãos, representantes do populus romano (...)". Algumas carac
Art. 491 Yi terísticas do julgamento perante a quaestio, de acordo com Tucci. seriam
Art. 492 \l{
Art. 493 I-I
Art. 494 14,
Art. 495 ,4-, O autor complementa: a quaestio era conslittikla por um corpo de jurados - o.s
Art. 496 ,4^ iudices iurati (que atuavam sob a presidência, via de regra, de um prelor - quaesi-
Art. 497 \2l tor), todos cidadãos romanos, cujos nomes constavam de uma lista oficial, designa
Art.
dos sem qualquer participarão dos interessados, e que, assim, só negativamente, com
A RETROATIVIDADE DA LEI PROCESSUAL PENAL NO PROTESTO a recusa possível, embora em niimero limitado, poderiam ser por estes selecionados .
POR NOVO JÚRI
REFERÊNCIAS
TUCCT. Rogério Lauria (Coord.). Tribunal do Jiírl: origem, evolução, características
e perspectivas. Tribunal do Júri Estudo sobre a mais democrática instituição jurídica
ÍNDICE ALFABÉTICO brasileira. São Paulo: Revistas dos Tribunais, 1999. p. 16.
18 Rodrigo Faucz Pereira e Silva Tribunal do Júri O Novo Rito Interpretado

mui próximas ao do que temos hoje no Brasil, razão pela qual, a origem homens - remetendo aos doze apóstolos de Jesus Cristo , mas princi
do Tribunal do Júri deve ser considerada como sendo romana. palmente pelos julgadores, integrantes do Júri, serem supostamente dota
Contudo faz-se necessário salientar que tais julgamentos popu dos da verdade absoluta, praticamente divina. A própria denominação
lares — quiçá ainda hoje - nunca se isentaram de decisões de sentenças "júri" provém do fato de que o julgamento era realizado por pessoas que
injustas e descabidas, muitas vezes com o intuito de saciar o desejo pérfido "■juravam" dizer a verdade, daí, também o nome de "jurado".
por crueldade e humilhação. Vem de dois milênios o maior exemplo de Teria sido a partir da Inglaterra que o instituto se propagou para
erro judiciário: a crucificação de Jesus Cristo. Europa continental e Estados Unidos da América.
O julgamento de crimes por pessoas comuns foi praticamente Não obstante haver entendimento que o Júri foi estabelecido na
extinto na Idade Média, haja vista que a monarquia e a Igreja Católica, França em 1 164, com a Constituíion ofClarendon'^. foi após a Revolução
não permitiam a delegação de poderes a membros da sociedade. Percebe- Francesa que o instituto ganhou notoriedade, principalmente pela impo
se que o Júri tem suas competências e funcionamento paralisados ou miti pularidade e desconfiança nos tribunais formados por juizes togados.
gados, quando em épocas de governos ditatoriais e absolutistas. O modelo francês acabou por influenciar as características dos
Outra forma similar à estrutura de Júri como hoje a conhecemos júris nos outros países da Europa continental. Hodiemamente, a França
foi criada na Inglaterra antiga, no período sucessivo ao Concilio de Latrão, utiliza o sistema "escabinado"' ' - formado por jurados leigos e iiiízes
em I2I5\ no século XIII, quando esse Concilio aboliu as ordálias ou togados.
"Juízos de Deus". As ordálias consistiam em submeter os acusados a
degradantes situações físicas {v.g., colocar a mão em água fervendo, andar Nos Estados Unidos, em decorrência da colonização, o Júri foi
sobre carvões em brasa). Se o acusado saísse incólume dessas provas,
instalado seguindo as características básicas do modelo inglês. Devido ao seu
estaria comprovada sua inocência. Esclarece o doutrinador Fernando da desenvolvimento e larga aceitação é o país que mais utiliza, hoje, o Tribunal
do Júri para o julgamento de causas (tanto cíveis quanto criminais).
Costa Tourinho Filho^ que antes da instituição do Júri, os crimes graves
eram punidos ou com execução sumária (para os que fossem presos em Conforme a sucinta análise, pode-se concluir que o Tribunal do
flagrante) ou com o appeal offenol}/^ (duelo judiciário entre o réu e a Júri, como atualmente se conhece, desenvolveu-se na Inglaterra. Contudo
pessoa que o denunciou). o ceme do júri popular é o julgamento realizado por pessoas pertencentes
Na Inglaterra o Júri surgiu, inicialmente, como uma forma de da mesma comunidade do acusado; Portanto, negar tal instituto em tempos
julgamento de crimes praticados por bruxos e outras figuras místicas. Era mais remotos, como na Grécia e Roma antigas, é inconcebível.
formado por doze homens da sociedade, os quais, além de dever ter
"consciência pura", também"eram dotados da verdade divina para aplicar
a justiça ao caso concreto que lhes era apresentado. Eram dois os Tribu
nais: o '"grande"^, que funcionava como um juízo de admissibilidade,
decidindo se o acusado iria ser submetido ao Júri propriamente dito, e o
'"pecpteno"^, o qual decidia efetivamente sobre a responsabilidade penal
do agente.
Por imperar um regime político monárquico-cristão, o Júri inglês
possuía características religiosas, não somente pelo fato de serem doze

Contudo, há entendimento que uma forma de Jiny teria sido levada para Inglaterra em
1066, quando da invasão do normando Henrique II.
TOURINHO FILHO,Femando da Costa. Código de Processo Penal comentado. 8. ed.
São Paulo: Saraiva, 2004. p. 20.
Caso o acusado ganhasse ou não fosse vencido, seria absolvido. Porém, caso ele
perdesse antes do anoitecer, seria condenado. Morais, Antônio Manuel. O Júri no tribunal da sua origem aos nossos dias.
O GrandJury era fonuado por vinte e quatro cidadãos. Lisboa: Hiigin. 2000.
O Petil Jury ou Jwy era constituído por doze jurados. Chamado de Couri d t
HISTÓRICO DO JURI NO BRASIL

No Brasil, o Tribunal do Júri nasceu, num primeiro momento,


como uma instituição jurídica por iniciativa do Senado da Câmara do Rio
de Janeiro, que encaminhou ao então Príncipe Regente D. Pedro 1 pro
posta de criação de um "juízo de jurados".
Em 18.06.1822, por intermédio de Decreto imperial, criou-se a
primeira forma de Júri no Brasil, sendo denominada inicialmente de "jui
zes de fato". Sua composição era de 24 (vinte e quatro) juizes homens,
considerados bons, honrados, inteligentes e patriotas.
A priori, ele foi fonnado com competência extremamente estri
ta, cabendo-lhe apenas julgar os crimes de imprensa. Além disso, impor
tante salientar que o único recurso cabível da decisão do Júri seria à cle
mência Real, ou seja, a decisão era, basicamente, soberana. As nomea
ções dos juizes ficavam sob o encargo do Corregedor e dos Ouvidores do
Crime.
A Constituição do Império de 25.03.1824 foi a primeira a reco
nhecer especificamente a instituição. O Tribunal do Júri foi disciplinado
no art. 151, na parte concernente ao Poder Judiciário:

Art. 151. O podei judicial é independente, e será composto de Juizes e jura


dos. os quais terão lugar, assim no cível como no crime, nos casos e pelo
motio que os códigos determinarem.
Art. 152. Osjurados pronunciam sobre oJato e os Juizes aplicam a lei.

Conforme constante na Constituição de 1824, o Júri teve sua


competência ampliada a causas cíveis" e criminais, até pela influência

Mesmo liavendo previsão de julgamento de causas cíveis, não se tem notícia sobre tal
ocorrência.
22 Rodrigo Faucz Pereira e Silva Tribunal do Júri O Novo Rito Intciprclado 23

cultural européia (mormente inglesa) e norte-americana. Entretanto, sua individual (art. 113): "Art. 72. É mantida a instituição do jury, com a
forma de decisão foi mantida (conforme o estilo trancès), ou seja, os ju organização e as atribuições que lhe der a lei".
rados decidiam a respeito dos Inatos, cabendo aos juizes de oEcio a aplica Já a Constituição de 1937 não tratou explicitamente da matéria.
ção das penas e do direito. Entretanto dispunha em seu art. 183 que "continuam em vigor, enquanto
Em 29.11.1832, o Tribunal do Júri foi disciplinado pelo Código não revogadas, as leis que, explícita ou implicitamente, não contrariem
de Processo Criminal, conferindo ao instituto uma competência bastante as disposições desta Constituição".
ampla - praticamente todas as infrações penais -, além de normalizar o Com esse artigo, po.steriormente, sobreveio o Dec.-lei 167, de
procedimento e as funções dos jurados. 1938, que pode ser considerado como um dos mais importantes a respeito
O procedimento do Tribunal do Júri, assemelhando-se com o da matéria, pois muitas das características do Tribunal do Júri de hoje
modelo inglês, dividia-se em duas fases: a primeira era o '^grande júrP\ foram definidas por esse instrumento. E, entre suas disposições mais impor
também conhecido como ''júri de acusação", que era formado por vinte e tantes, podemos citar aquela a respeito da organização: vinte e um jura
três jurados reunidos na sede da Comarca, de seis em seis meses, para dos, sendo o Conselho de Sentença formado por sete deles, sob a presi
ratificar as decisões de pronúncia. Somente em caso de decisão proce dência de um juiz togado.
dente da acusação, é que a matéria era levada ao "júri de sentença" ou Não obstante, podemos apontar um retrocesso sensível (enten-
"pequenojúri", formado por doze jurados, que condenavam ou absolviam dível, considerando ser um governo absolutista), uma vez que a soberania
os acusados. do veredicto foi afastada. Caso o Tribunal de Apelação decidisse que a
Em 1841, com a reforma do Código de Processo Criminal do sentença teria sido equivocada, ele poderia modificá-la e até absolver o
Império, o "júri de acusação" foi extinto, passando a competência da acusado, ou seja, poderia analisar o mérito da decisão e não somente ficar
decisão de pronúncia aos policiais (delegados), com sua confirmação adstrito a anular o julgamento.
pelos juizes municipais. Todavia, os procedimentos e características do Somente por imposição da Carta constitucional de 18.09.1946 é
julgamento do Júri não sofreram modificações agudas. que a instituição do Júri foi destinada novamente ao capítulo responsável
Ainda em 1850 e 1871, algumas modificações a respeito da pelos direitos e garantias individuais, mais precisamente em seu art. 141,
competência e sobre a fase de pronúncia foram realizadas. § 28, o qual ainda acrescentava:
Terminado o período imperial, a instituição do Júri esteve pre
sente na primeira Constituição, republicana, promulgada em 24.02.1891, È nuinlicía a insUtuição do júri, com a organização que lhe der a lei, con
em seu art. 72, § 31, que afirmava laconicamente: "É mantida a institui tando que seja sempre impar o número dos seus membros e garantido o si
ção dojury". gilo das votações, a plenitude de defesa do réu e a soberania dos veredic
tos. Será obrigatoriamente da sua competência o julgamento dos crimes
Tal afirmação foi amplamente discutida à época, uma vez que o dolosos contra a vida.
texto a respeito do Júri fora tratado de maneira tão simplória. O art. 72 da
Constituição republicana foi alterado pela Emenda Constitucional de
1926, contudo sem modificar a redação do parágrafo 31. Esse artigo estabelece a competência mínima ratione materiae,
ou seja, seria possível ampliar a competência do Júri, caso o legislador
Mais importante inovação a respeito do Tribunal do Júri na assim entendesse. Além disso, continha esse dispositivo algumas caracte
quela Carta Magna, entretanto, foi a relocalização sistemática do parágrafo rísticas essenciais, ainda hoje presentes: número ímpar de membros do
- o qual estava disposto no capítulo destinado ao judiciário, na seção II, Conselho de Sentença, sigilo das votações, plenitude de defesa e sobera
Titulo IV - no capítulo destinado à declaração dos direitos dos cidadãos nia dos veredictos.
brasileiros. Desta sorte, o Júri debutou como garantia individual.
Em 23.02.1948, foi promulgada a Lei 263, que complementou e
Em 1934, época do então presidente Getúlio Vargas, uma nova alterou artigos sobre o Júri no Código de Processo Penal à época recém-
Constituição foi outorgada, alterando a disposição do Tribunal do Júri, criado, tendo, desde então, praticamente inalterada sua forma, caracterís
movendo o dispositivo, na forma da Constituição do Império de 1824, ticas e procedimentos.
para a seção destinada ao "Poder Judiciário", e não mais como garantia
24 Rodrigo Faucz Pereira e Silva

Em 1967, Portanto, no período do regime ditatorial, foi promul


gada uma nova Constituição, a qual praticamente sintetizou a redação
original do artigo sobre o Tribunal do Júri da Carta Magna anterior:
Capítulo IC
Dos Direitos e Garantias Individuais
Art. 150. A Consliliiiçãí) assegura aos brasileiros e aos estrangeiros residen
"O JURr CONSTITUCIONAL"
tes no Pais a inviolabilidade dos direitos concernentes à vida, à liberdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
§ 18 São mantidas a instituição e a .soberania do jiiri, que terá competência A Constituição Federal da República de 1988 reconheceu, em
nojulgamento dos crimes dolosos contra a vida. seu art. 5°, inc. XXXVlll, o instituto do júri. Primeiramente deve-se res
saltar que, ao prevê-lo como direito e garantia fundamental, alça-o à con
Não ocorreram alterações a respeito do Júri até 1988, nem com a dição de cláusula pétrea (CF, art. 60, § 4", IV), não podendo ser suprimi
Emenda Constitucional 1 de 1969, nem com o Ato Institucional 5 (cinco). do nem por meio de Emenda Constitucional.
A Constituição Federal da República de 1988, no titulo Dos Di Reconhecem-se, ainda, no mesmo inciso, e como garantias in
reitos e Garantias Fundamentais, reza em seu art. 5°: trínsecas aos procedimentos do Júri:(a) a plenitude de defesa;(b) o sigilo
das votações; (c) a soberania dos veredictos; (d) a competência para o
julgamento dos crimes dolosos contra a vida.
XXXldlI é reconhecida a instituição do Jiiri. com a organização que lhe der
a lei, assegurados:
Desnecessário ressaltar que esses direitos e garantias relativos
ao Tribunal do Júri complementam os demais direitos e garantias funda
a)a plenitude de defesa:
mentais elencados na Constituição, que, portanto, devem ser interpretados
b)o sigilo das votações; de forma ampla.
c) a soberania dos veredictos;
O direito fundamental de ser julgado pelo Tribunal do Júri,
d)a competência para ojulgamento dos crimes dolosos contra a vida;
quando da ocorrência de homicídio doloso contra a vida, tem o escopo
alardeado de evitar decisões monocráticas legalistas do juiz togado, po
dendo decisões absolutórias ser levadas em consideração devido à carga
emocional e aos sentimentos da sociedade, além de ser julgado por mem
bros da própria comunidade (portanto, conhecedora das peculiaridades e
sentimentos regionais).
A plenilitde de defesa adquire uma amplitude ainda maior que o
princípio da ampla defesa \ A defesa plena deve ser completa, perfeita,
ah.saluta, ou seja, deve ser possibilitada ao acusado a utilização de todas
de defesa possíveis, causando, inclusive, um desequilíbrio em
relação à acusação. Em havendo conflito entre o princípio do conlradíló-
110 e apleniliide de defesa, esta última deve imperar.
A plenílitde de defesa pode ser dividida em duas: defesa técnica
e autodefesa. Importa a defesa técnica na possibilidade de que, além de o
sçusado ter direito a uma defesa consistente por parte do defensor, este
timo não precisa ficar adstrito à defesa meramente formal, podendo
azer uso de meios extrajuridicos, tais como utilização de razões de or-
6rn emocional, social, criminológicas, entre outras. Já a autodefesa diz

Guilherme de Souza. Tribunal do júri. São Paulo. Revista dos Tribunais,


2008. p. 27-28.
Rodrigo Faiicz Pereira e Silva Tribunal do Júri O Novo Rito Interpretado 27
26

respeito à sustentação, por paiTe do acusado, no momento do intetrogatório, julgamento, pois se devolve a matéria para o próprio Júri, sendo vedada a
de qualquer versão sobre os iatos, podendo optar pela mais benéfica. reforma de mérito pela segunda instância.
Saliente-se que a defesa técnica é indisponível, pois - além de A Constituição traz a competência para o julgamento dos crimes
ser uma garantia do acusado ^ é ''''condição de paridade de armas, im dolosos contra a vida (art. 5", "d"). Tal competência é entendida como
prescindível à concreta atuação do contraditório e. consecpientemente, à mínima, ou seja, nada obsta ao legislador ampliar a competência do Júri
própria imparcialidade dojuiz''' . para o julgamento de outros crimes. Crimes dolosos contra a vida estão
tipificados em capitulo próprio do Código Penal Brasileiro: homicídio
A alínea "b", do inc. XXXVIIl, do art. 5", da CF, norteia o prin (art. 121); induzimento, instigação ou auxilio ao suicídio (art. 122); infan-
cípio do sigilo das votações. Tal disposição é específica do Tribunal do ticídio (art. 123) e aborto (art. 124-127). Saliente-se que a figura do crime
Jiiiri, uma vez que os magistrados ficam atrelados ao principio da publici tentado também está inserida nesse contexto, porquanto se refere ao pró
dade das decisões e da motivação das sentenças. prio crime em fase de execução, não havendo necessidade de previsão
A doutrina majoritária propala que o sigilo das votações não expressa. O crime de genocídio, mesmo quando abranger atos de homicí-
ofende a garantia da publicidade, uma vez que,"além de estar previsto na dio'^ é de competência de juiz singular, uma vez que o núcleo do bem
própria Constituição, justijica-se como medida necessária para presei- jurídico afetado é a destruição de grupo nacional, étnico, racial ou religio
var a imparcialidade do julgamento, evitando-se influência sobre os Ju so, de acordo com o Estatuto de Roma (o qual passou a vigorar no Brasil
rados que os impeça de, com liberdade, manifestar seu convencimento em 01.09.2002, com o Decreto 4.388/02).
pela votação dos quesitos" . A competência para o julgamento de crimes dolosos contra a
O sigilo dos veredictos é consubstanciado pelo sistema de vota vida, no entanto, não é absoluta. Existem hipóteses excepcionais, basica
ção, realizado de maneira secreta, somente o próprio jurado sabendo seu mente nos casos de competência especiais por prerrogativa de função,
voto. Nem o juiz presidente nem os outros jurados possuem acesso à de segundo a qual tais crimes não serão julgados pelo Tribunal do Júri .
cisão dos demais integrantes do Conselho de Sentença. Esse principio As garantias referentes ao Tribunal do Júri, elencadas no inciso
impede, em tese, a unicidade do conselho em relação às decisões, pois acima referido, não excluem, por óbvio, as demais garantias e direitos
não há discussão entre os jurados para tomar uma decisão unânime. humanos fundamentais previstos na Constituição de 1988 e em tratados e
De acordo com Alexandre de Moraes"',"o preceito constitucio convenções internacionais"", os quais devem ser respeitados, não podendo
nal do sigilo das votações significa que a liberdade de convicção e opinião ser mitigados ou interpretados de maneira restrita.
dos jurados deverá sempre ser resguardada, devendo a legislação ordi
nária prever mecanismos para que não .se frustre o mandamento consti
tucional. "Estatuío de Roma, art. 6". Crime de Genocídio. Para os efeitos do presente Estatuto,
entende-se por ^^enocidioqualquer um dos atos que a seguir se enumeram, pratica-
O terceiro princípio norteador do Tribunal do Júri, assegurado do com intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial
pela Constituição, é a soberania dos veredictos (art. 5", "c")- Tal princí ou religioso, enquanto tal: a) Homicídio de membros do grupo: b) Ofensas graves à
pio, por parte da doutrina, é considerado relativo, uma vez que o tribunal integridade física ou mental de membros do grupo: cj Sujeição intencional do grupo
superior poderá anular o julgamento na ocorrência de circunstâncias es a condições de vida com vista a provocar a sua destruição física, total ou parcial: d)
Imposição de medidas destinadas a impedir nascimentos no seio do grupo: e) Trans
pecificas , determinando a realização de um segundo Júri. Outra parte da ferência. à força, de crianças do grupo para outro grupo."
doutrina afirma que a soberania não resta prejudicada pela anulação do MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais: teoria geral, comentários
aos art. 1" a 5" da Constituição da República Federativa do Brasil, doutrina e jurispni-
dêneia. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003. p. 217.
CAPEZ,Fernando. Curso de Processo Penal. 12. ed. São Paulo: Saraiva. 2Ü05. p. 602. "O importante é realçar que os direitos humanos júndamentais relacionam-se dire
GRINOVER, Ada Pellegrini, el al. As nulldades no processo penal. 10. ed. rev., tamente com a garantia de não ingerência do Estado na esfera individual e a consa
atuai, e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p. 89. _ gração da dignidade da pessoa humana, tendo um universal reconhecimento por
FERNANDES, Antonio Scaranee. Processo penal constitucional. 5. ed., rev., atual, e parte da maioria dos Estados, seja em nivel constitucional, injraconstitucional. seja
ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p. 188.
em nível de direito consuetudinário ou mesmo por tratados e convenções internacio
MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais: teoria geral, eoinentarios nais. A previsão desses direitos coloca-se em elevada posição hermenêutica em rela
aos art. 1." a 5." da Constituição da República Federaliva do Brasil, doutrina e juris 3^ ção aos demais direitos previstos no ordenamento jurídico, apreseittando^ diversas
prudência. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003. p. 216. r ,,,, . J ■ - 1
CPP,art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:[...] 111 - da.s deci.soes do
características: ímprescríühílidatte, inatíenahilUlaile, irreniinciabílídade inviolabi
lidade, universahilidade efetividaile, interdependência e complementariedade: /.../ .
Tribunal do Júri, quando: a) ocorrer nulidade po.slerior à pronúncia: b)for u senten moraes, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais: teoria geral, comentários
ça do juiz-presidente contrária à lei e.xpressa ou à decisão dos jurados: c) b<>'U'er aos art. 1" a 5" da Constituição da República Federativa do Brasil, doutrina e jurispru
erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segtii an(,a, d)foi a dência. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003. p. 41.
decisão dosjurados manifestamente contrária ã prova dos autos.
A IMPERIOSA LEITURA CONSTITUCIONAL

DiscoiTer sobre a necessidade de se interpretar a legislação à luz


da Constituição parece ser algo tão dispensável q^ue beira a inutilidade.
Contudo vê-se que não somente no Direito Penal" , mas em todos os ra
mos do direito, juristas e operadores do direito cismam em glorificar a
legislação infraconstitucional, como se a Constituição estivesse num pa
tamar inferior.
Nesse diapasão, Aury Lopes Jr.^^ assegura: ''Atualmente, existe
uma inegável crise da teoria das fontes, onde uma lei ordinária acaba
valendo mais do que a própria Constituição, não sendo raro aqueles que
negam a Constituição como fonte, recusando sua eficácia imediata e
executividade. Essa recusa é que deve ser combatida".
Não é meramente uma questão de hierarquia legislativa, mas
sim de consciência constitucional. Se a nossa Carta Magna é reconhecida
por ser garantista, respeitadora dos direitos fundamentais dos cidadãos,
essas garantias devem ser reconhecidas e inexoravelmente aplicadas.
O problema hermenêutico ganha contornos dramáticos quando
se trata de matérias do Sistema Penal. Isso porque seus efeitos adentram
no âmbito da sanção penal, no delicado jogo da violência estatal contra o
cidadão.
Portanto, de nada adianta a conquista histórica de uma Consti
tuição limitadora dos poderes estatais e verdadeiramente democrática, se
a aplicação é restrita.

Quando falarmos cm Direito Penal, aqui, entenda-se como a "existência do direito


penal em sentido ampto oii de um ordenamento juridico-penal, que abrange, para
além do direito penal suhslaniivo, o direito processual penal, adjectivo ouformal, e o
direito de execução de penas e medidas de segurança ou direito penal executivo".
DIAS, Jorge de Figueiredo. Direito penal - parte geral, 2. ed. Coimbra; Coimbra,
1. 1, 2007. p. 7.
LOPES JR., Aury. Direito processual penal e sua conformidade constitucional. 2. ed.
Rio de Janeiro. Lumen Júris, v. I, 2008. p. 9.
30 Rodrigo Faucz Pereira e Silva

Somente a partir da consciência de que a Constituição deve efetiva


mente constituir (logo, consciência de que ela constitui-a-ação), é que
se pode compreender que o fundamento legitimante da existência do
processo penal democrático se dá através da sua instrumentalidade
constitucional. Significa dizer que o processo contemporâneo somente
se legitima à medida que se democratizar efor devidamente constitui-
do a partir da Constituição'^. INTERPRETAÇÃO POR
ARTIGOS DA LEI 11.689/08«
Trata-se, ademais, do princípio da interpretação conforme a
Constituição, princípio imprescindível num Estado Democrático do Di
reito. Assim ensina com propriedade J.J. Gomes Canotilho" ; "Ora, o
princípio da interpretação conforme a constituição é um instrumento ÀrL 1". O Capítulo II do Título I do Livro II do Decreto-lei
hermenêutico de conhecimento das normas constitucionais que impõe o n. 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal,
recurso a estas para determinar e apreciar o conteíido intrin.seco da ler. passa a vigorar com a seguinte redação:
As normas constitucionais são dotadas de superlegalidade' ,
tendo validade superior às leis ordinárias; estas, por sua vez, somente Capítulo II
terão validade se estiverem de acordo com a Constituição e com os trata Do Procedimettto Relativo aos Processos da
dos intemacionais de que o Brasil seja parte. Competência do Tribunal do Júri
O poder absoluto da Constituição não pode servir somente Seção I
como mero instrumento de retórica, sendo (contraditoriamente) indicado Da Acusação e da Instrução Preliminar
como uma das maiores conquistas do povo, mas transgredido por deci
sões e inteipretações eivadas de desrespeito constitucional.
Lenio Luiz Streck"^' é enfático: ""há que se fazer toda uma fil Com o advento da nova lei, instituiu-se a chamada "instrução
tragem das normas anteriores à Constituição, para compatibilizá-las preliminar". Na realidade, o procedimento dos crimes de competência
do júri, mantém-se escalonado. Ou seja, inicia-se a primeira fase com o
com a nova ordem constitucionaF.
despacho de recebimento da denúncia, encerrando-se com a decisão de
Consoante a matéria objeto do presente trabalho, e trazendo o pronúncia (fase denominada /z/íZ/c/mw accusationis). Já a segunda fase
ensinamento de Aury Lopes Jr., o processo penal, imperiosamente, deve consubstancia-se desde o momento da preparação do processo para o
ser interpretado e entendido à luz da Constituição; ""Os dispositivos do julgamento em plenário, até o trânsito em julgado da sentença proferida
Código de Processo Penal é que devem ser objeto de uma releitura mais pelo juiz presidente em Plenário do Júri (fase denominada judicium
acorde aos postidados democráticos e garantistas na nossa atual Carta, causae).
sem que direitos fundamentais nela insculpidos sejam interpretados de Portanto, a ""instrução criminal"(artigos 394 ao 405 do Código
forma restritiva para se encaixar nos limites autoritários do Código de de Processo Penal), anteriormente, relativa aos processos comuns e aos
Processo Penal de 194P"'^. processos dos crimes da competência do Júri, resta substituída pela
instrução preliminar".
LOPES JR., Aury. Direito processual penal e sua conformidade constitucional. 2. ed.
Rio de Janeiro. Lumen Jiiris, v. I, 2008. p. 7.
CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição. 7. ed. Ari. 406. Ojuiz, ao receber a denúncia ou a queixa, ordenará
Coimbra: Almedina, 2007. p. 1.310. a citação do acusado para responder a acusação, por escri
FERREIRA, Pinto. Curso de direito constitucional. 12. ed., ampl. e atual. São Paulo: to, no prazo de 10(dez) dias.
Saraiva, 2002. p. 14.
STRECK, Lenio Luiz. Tribunal do júri: símbolos e rituais. 4. ed., rev. e mod. Porto Lei datada de 09.06.2008, que altera dispositivos do Dec.-lei 3.689, de 03.10.1941
Alegre: Livraria do Advogado, 2001. p. 61. - Código de Processo Penal, relativos ao Tribunal do Júri, e dá outras providên
LOPES JR., Aury. Direito processual penal e sua conloriiiidade constitucional. 2. ed. cias.
Rio de Janeiro. Lumen Júris, 2008. v. I, p. 10.
'kJj
Art. 406 Rodrigo Faucz Pereira e Silva 32 33 Tribunal do Júri - O Novo Rito Interpretado Art. 406

Lembra-se que, se o acusado for citado por edital e não compa


§ r O prazo previsto no caput deste artigo será contado a recer nem constituir defensor, o processo ficará suspenso, assim como o
partir do efetivo cumprimento do mandado ou do compare- prazo prescricional"''.
cimento, em juízo, do acusado ou de defensor constituído, no • 30
Da mesma forma que no texto anterior, tanto a acusação -
caso de citação inválida ou por edital.
quando da denúncia ou queixa - quanto a defesa poderão arrolar, no má
§ 2"A acusação deverá arrolar testemunhas, até o máximo ximo, 8(oito) testemunhas.
de 8(oito), na denúncia ou na queixa. Fundamental diferenciar a simples "defesa prévia"- consagrada
§ 3" Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares pela jurisprudência e doutrina como uma mera faculdade defensiva - do
ato da "resposta" do novo artigo, que chamaremos de "defesa prelimi
e alegar tudo que interesse a sua defesa, oferecer do nar". Como já observado, foi instituído um juízo garantidor de admissibi
cumentos e justificações, especificar as provas preten lidade para submeter o acusado ao Tribunal do Júri, com instrução espe
didas e arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), cífica.
qualificando-as e requerendo sua intimação, quando Essa fase de formação de culpa desemboca na pronúncia, im-
necessário.
pronúncia ou absolvição sumária, decisões revestidas de garantias cons
titucionais, como se verá adiante. Desta sorte, a defesa preliminar será a
única peça defensiva^' neste importante juízo de admissibilidade, não
Anteriormente, o juiz, ao receber a denúncia ou a queixa, desig podendo ser dispensada ou elaborada genericamente.
nava dia e hora para o interrogatório do acusado. Agora, o acusado de É óbvio que será impossível a alegação de todos os fatos e pro
verá ser citado para responder a acusação, no prazo de dez dias. vas necessários para uma defesa efetiva, mesmo porque as provas so
O legislador adequou o presente artigo com os artigos 395 e mente serão produzidas na seqüência, podendo (devendo) surgir elemen
tos importantes que devem ser utilizados (e/ou rebatidos) quando das
396, mantendo a possibilidade de o juiz, ao entender não haver justa cau alegações orais ou até no interrogatório.
sa na denúncia ou na queixa, rejeitá-la. Portanto, a denúncia ou a queixa
deverá ser rejeitada quando o fato descrito não constituir crime, quando Se antes a defesa prévia era, na maioria das vezes genérica e
estiver extinta a punibilidade ou quando for manifesta a ilegitimidade da vazia - servindo basicamente para arrolar testemunhas -, agora a defesa
preliminar deverá ser real e efetiva, devendo constar preliminares, fatos,
parte ou faltar condição exigida pela lei para o exercício da ação. oferecer documentos e justificações, enfim, alegar tudo o que interessar
Importante ressaltar que a denúncia ou a queixa deverá ser re na defesa do acusado, bem como, especificar provas que se pretende pro
jeitada quando não possibilitar o efetivo exercício da defesa (casos de duzir e arrolar testemunhas^\
correntes, principalmente, de inépcia). Com o novo texto legal, em 10
(dez) dias o acusado deverá responder a acusação por escrito, sendo a "CPP, art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir
primeira possibilidade efetiva de defesa; desta sorte, ele não poderá ser advogado, /li arão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o
cerceado por denúncias - ou queixas - mal formuladas e deficientes que juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes, se for o
impossibilitem ou dificultem a atuação defensiva. Resta totalmente caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto do art, 312".
inadmissível a "denúncia genérica". ^'CPP, art. 398. Na instrução do processo serão inquiridas no máximo oito testemu
nhas de acusação e até oito de defesa ".
O prazo de 10 (dez) dias para responder à acusação deverá ser Realmente a resposta c a única peça processual defensiva no Juízo de formação da
culpa; contudo outras formas de defesa serão produzidas: alegações orais (art. 411),
contado a partir do efetivo cumprimento do mandado. Caso a citação produção de provas e a autodefesa.
seja inválida, ou ocorra citação por edital, o prazo começará a contar a Principalmente contraditar os elementos infonnativos do inquérito policial os quais,
partir do comparecimento, em juízo, do acusado ou de seu advogado - por mais que tenham tido sua importância relativamente diminuida com as novas alte
situações que deverão ser devidamente registradas no processo e esses rações do Processo Penal, bem como com o pensamento garantista da doutrina e Ju
registros assinados por um deles. risprudência - ainda influenciam - quiçá determinam - o magistrado quando da deci
são de pronúncia, impronúncia ou alisolviçâo sumária.
Deve-se qualitlcá-las e requerer suas intimações.
34 35 Tribunal do Júri - O Novo Rito Interpretado
Art. 407 Rodrigo Faucz Pereira e Silva Art. 41!

Assim deverão ser alegados na defesa preliminar os pressu Contudo não se pode olvidar, quando da nomeação, que deverá
postos processuais, condições da ação, exceções processuais e demais ser proporcionada oportunidade de reunião prévia entre o acusado e seu
fatos defensivos que possam influir na futura decisão de admissibilidade, defensor. Trata-se de inteligência simples do princípio da ampla defesa,
além de diligências que a defesa entenda conveniente. pois não se pode admitir que haja uma defesa técnica efetiva, sem que o
próprio acusado converse diretamente com seu defensor - caso contrário,
Por último, vale lembrar que, pela inteligência do princípio do haveria defesa meramente ficta, baseada somente "no que já está no pro
contraditório^\ o prazo para arrolar as testemunhas de defesa, bem como cesso".
o fato de ser uma audiência una (art. 411), não possibilitam o acusado Portanto, numa visão constitucionalista, não deve ser concedido
rechaçar os depoimentos das testemunhas de acusação de maneira plena. somente vista aos autos, mas sim promover a fundamental conferência
Explica-se: a inquirição das testemunhas de acusação pode - como nor entre o acusado e seu advogado.
malmente se faz - suscitar questões que necessitarão ser refutadas por
intemiédio de outras provas (comumente, testemunhais) Porem como
buscar a contraprova, se as provas deverão ser produzidas na própria
audiência? E como utilizar a contraprova testemunhai se ja foram arrola Art. 409. Apresentada a defesa, o juiz ouvirá o Ministério
das as testemunhas? Analisando as situações concretas possíveis, pode-se Público ou o querelante sobre preliminares e documentos,
concluir que nesses casos há uma mitigação (inaceitável) do principio do em 5(cinco) dias.
contraditório. AtLJ-UL O juiz determinará a inquirição das testemunhas e
a feaUzãçào das diligências requeridas pelas partes, no prazo
máximo de 10(dez) dias.
I Art. 407. As exceções serão processadas em apartado, nos
I termos dos arts. 95 a 112 deste Código. 1
Após a juntada da defesa preliminar''', o juiz deverá abrir prazo
de 5 (cinco) dias para que o Ministério Público ou o querelante se mani
Não há inovação neste artigo. Como não poderia ser diferente, festem sobre as preliminares e documentos apresentados pela defesa.
as exceções - suspeição, incompetência de juízo, litispendência, ilegiti No artigo segumlc-aparece o primeiro prazo trazi^ com as^
midade de parte e coisa julgada - deverão ser processadas em apartado, alterações: prazo de_lXL(dez)-dias-para-queA)juiz determine a inquirição
até por se tratar de verdadeiros procedimentos incidentais . das-lestemuuhas e a realizaçâa das diligências requeridas pelas partes .
As exceções, em regra, não suspendem o andamento da ação Durante esse decêndio, o magistrado também deverá designar a audiência
principal(CPP, art. 111). de instrução. —

Art. 408. Não apresentada a resposta no prazo legal, o juiz Art. 411. Na audiência de instrução, proceder-se-á à toma
nomeará defensor para oferecê-la em até 10(dez) dias, con- da de declarações do ofendido, se possivel, à inquirição das
cedendo-lhe vista dos autos. testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta
ordem, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às aca
reações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interro-
Sendo a resposta um importante instrumento de defesa, caso a gando-se, em seguida, o acusado e procedendo-se o debate.
peça não seja devidamente apresentada, veritlcar-se-ia a transgressão ao
princípio da ampla defesa e do contraditório, devendo ser nomeado de
fensor (público ou dativo) para apresentá-la. videncia-se aqui que a defesa preliminar não c mera faculdade e sim obrigação. Não
^sta mais vigente a redação do art. 396 do CPP ("'apresentada ou não a defesa, pro-
er-se-á à inquirição das iesiemunhas [...]").(grifo nosso)
Esse princípio possibilita o acusado ter o direito de rebater não só as alegações,T^nciro'
também as provas formuladas contra ele.
com g uta-se a interpretação de alguns autores de que o prazo de IO (dez) dias seria para
ealizaçãü das diligências c oitiva de todas as testemunhas, pela impossibilidade fí-
" OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de processo penal. 9. ed. Rio de Jan 'co-estrutural do Poder Judiciário.
Lumcn Júris, 2008. p. 249.
Art.411 Rodrigo Faucz Pereira e Silva 36 37 Tribunal do Júri - O Novo Rito Interpretado Art.411

O art. 411 impõe, de forma imperiosa, a ordem em que as partes Ern_settimdo lugar, o fato de possibilitar o indeferimento de
serão ouvidas. Primeiro - inovação importante deverá ser ouvida a ví provas subjetivamente consjdèrãdas-rffêlewHiesjlimpertirtentes.ou.proti^
tima, sempre que possível^**. latónasjnqpjcia ao magisti;ado a gestão deLpravas..£La.gestão das.provas
Posteriormente as testemunhas arroladas na denúncia serão in é um dos pilares do sistema inquisitório.
quiridas, e logo após será a vez das testemunhas de defesa e pelo prin Dev^se lembrar qüè as garantias dos cidadãos somente serão
cípio da ampla defesa - não somente as arroladas na defesa, mas qualquer respeitadas e o sistema acusatório - trazido pela Constituição de 1988 -
testemunha que interesse para a defesa e que eventualmente não tenha considerado, quando o julgador for absolutamente inerte!
sido possível arrolar.
A nova redação e os artigos que possibilitam os magistradosje-
Os eventuais esclarecimentos dos peritos, acareações, reconhe rem o poder de gestão e producãaiÍ£L.prQvas~rfhesmõ quê smíiénte anteci-
cimento de pessoas e coisas, vêm em seguida. padas), confundindo a^fltrura do acusador com o julgador.,-caraeterizam
O interrogatório do acusado é o último ato, consagrando-se como f[ité'frBrãstl atnda éTTiãmelhor da^hipóteses, iníliienciado pelo desprezí
verdadeiro ato de defesa. Num sistema processual acusatório, respeita vel sistemainquisitório.
dor dos princípios constitucionais, o interrogatório é um meio de autode É licito ao acusado produzir qualquer prova que entenda benéfi
fesa; portanto, o acusado deverá se manifestar posteriormente á produção ca à sua defesa, snb^pena Hp vialaçiãn dn principio da plenitude de defesY^
de provas, sabendo exatamente não só a acusação que paira sohre pIp g_do contraditório^ juiz não pode gerir as. provas_apresentadas pelas^
mas também os elementos probatórios. partes, pois estaria cercennHo dirf'*"" ccnstitiicionalmenlfí assegurados
Para queJiaja um-duekx-iusteuima paridade de armas entre os interessa
Art. 411. (...) dos no litígio, não podeJiaveiLcerceamento na produção prqbatóri^.
§ 1" Os esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio Ademais, em se tratando do procedimento do Jiiri,-enijque a
requerimento e de deferimento pelojuiz. maioria dos processos deságua em Plenário, como ojuiz pode dizer que a
S 2" As provas serão produzidas em uma só audiência^ po- provaiirrdevante ou iní^rtinente? O acusado não precisa e não. deve
dendoojuiz indeferir as consideradas irrelevantes, impérli- informar ao inatiTstrado siíã~éstrat^ia de defesa, ^^subjetividade inter-
nentes£u^rol£lalárias, ^ pretativa dos lermos não eompoila uma decisão de indeferimento de pro-
dução de prnvas " ^
o caso, o disposto no arj. 384 deste Código. Mais uma vez, com o pretexto da celeridade jjrocessual, limita-
se a defesa e depreciam-se^garantiasindívíduais.

Caso as partes entendam necessários esclarecimentos por parte


dos peritos, deverão requerer ao magistrado, que terá a faculdade de defe Art. 411. (...)
rir o pedido. Anote-se que essa possibilidade de deferimento pelo juiz é § 4" Às alegações serão orais, concedendo-se a palavra,
contrária ao próprio sistema acusatório, no qual o magistrado deve-se respectivamente, à acusação e à defesa, pelo prazo de 20
manter passivo, como real destinatário das provas. (vinte) minutos, prorrogáveis por mais 10(dez).
O § 2° traz uma redação, no mínimo controversa. Primeira § 5" Havendo mais de 1 (um) acusado, o tempo previsto
mente porque não se pode admitir que em nosso ordenamento jurídico para a acusação e a defesa de cada um deles será individual.
sejam impostos empecilhos meramente fomiais com o escopo de elidir S 6"Ao assistente do Ministério Público, após a manifesta
garantias constTtúcifHTãisIIdevido processo legal, contraditório e amnla ção deste, serão concedidos 10(dez) minutos, prorrogando-
deTesa, ou, no caso de Júri, plenitude de defesa). ^ se por igual período o tempo de manifestação da defesa.
Não .sfí pnrifí admitir que provas sejam indeferidas ou imp^idas
de constar nos autos, somente porque não foram produzidas"na audiência
dednsfrução. As alegações passam a ser, exclusivamente orais. Alteração que,
parece-nos, acertada, uma vez que reforça o princípio da oralidade. Tal
P'"incipio, além de auxiliar a atingir a tão desejada celeridade processual,
Como a maioria dos processos de competência do júri sâo de homicídios consumados, •"svela outros tópicos essenciais ao processo:(a) identidade física do juiz.
em poucos processos haverá a participação do ofendido.
Art. 41 1 Rodrigo Faucz Pereira c Silva 38 39 Tribunal do Júri O Novo Rito Inteiprctado Art. 411

pois somente o magistfado que presenciou os atos orais é que poderá Abstratamente falando, é salutar e econômica a diminuição de,
proferir decisão; (b) melhor preparação técnico-profissional das partes no mínimo, 3 (três) audiências para 1 (uma). Isso é fato! No entanto,
envolvidas - promotor e advogados —, os quais deverão estar prontos para afastando o romantismo (talvez até o otimismo), a realidade poderá ser
apresentar suas alegações imediatamente . bem severa.

Não há mais a possibilidade de abeitura do prazo para apresen Hoje com as Comarcas abarrotadas de processos, e tendo, prin
tação de alegações finais escritas. Com isso, restam obrigatórias as alega cipalmente, déficit considerável de estrutura física e de pessoal, a audiên
ções orais tanto da acusação quanto da defesa - iiuperiosamente nesta cia una corre o risco de ser um retrocesso. Os magistrados e serventuários
ordem - pelo prazo de 20 (vinte) minutos. Caso quaisquer das partes re fazem equilibrismo com suas pautas, promovendo diversas audiências no
queiram, o prazo deverá ser prorrogado por mais 10 (dez) minutos. mesmo dia, dependendo do número de testemunhas a serem ouvidas e da
complexidade, entre outros fatores. Algumas audiências são adiadas ou
Em se tratando de mais de um acusado, o prazo deverá ser con atrasam, outras adentram horários além do expediente.
siderado individualmente, ou seja, 20 (vinte) minutos, prorrogados por
No caso hipotético de serem arroladas 8 (oito) testemunhas de
mais 10 (dez) minutos, para cada acusado, sendo também aumentado
proporcionalmente o tempo da acusação. cada lado, serão 16 (dezesseis) no total - sem contar a possível oitiva da
vítima, o interrogatório do acusado, acareações, esclarecimentos - para
Já o assistente do Ministério Público, ao contrário do que acon ser ouvidas num único dia. A pauta deverá ser reformulada para que ape
tece em Plenário, onde o tempo é dividido entre eles, terá o tempo fixado nas uma única audiência seja realizada por dia.
em 10 (dez) minutos, período que será prorrogado para a as alegações da Contudo o problema tomará maiores proporções quando houver
defesa. a necessidade de adiamento. Se a ausência for de alguma testemunha de
acusação, por exemplo, a ordem estabelecida não poderá ser invertida,
Art. 411. (...) devendo ser a audiência adiada, comprometendo a pauta em mais um dia,
podendo se transformar em situação caótica.
§ 7"Nenhum ato será adiado, salvo quando imprescindível à
prova faltante, determinando o juiz a condução coercitiva de E certo que o inciso 8" dispõe que as testemunhas que compare-
quem deva comparecer. cerem deverão ser ouvidas, puiéiiiisso nao poderá acontécer^alterãndó^ã^
testemunha que comparecer será inquirida, mdepjaiz._ ordem prevista no caput "dc) artigo, ou seja, casó compareçam testemu-
deutemente do suspensão da audiêncíãTohsen^ada em qual Jihas de defesa e falte uma úiTÍcãle^emunhãlIê^cusacão, as testemunhas
quer caso a ordem estabelecida no caput deste artigo. arroladas pela defesa não pÕdèfãó ser inquiridas.
As alterações, de uma forma geral, sãõl)êhêficas, não se poden
do olvidar que, para sanar os contratempos e a delonga processual, leis
A unicidade da audiência, propalada como grande avanço em abstratas não bastam. E imprescindível a reestruturação do judiciário,
busca da maior efetividade e celeridade processual, deverá ser analisada suprindo o déficit, principalmente, de magistrados e serventuários,
após a inflexível prática forense cotidiana. além do aumento e racionalização dos recursos.
A proibição do adiamento de atos não deve ser entendida de
forma absoluta. Para atingir os objetivos do processo e prestar a tutela
jurisdicional adequada, o magistrado poderá, se assim entender, cindir a Art. 411. (...)
audiência. § 9"Encerrados os debates, o juiz proferirá a sua decisão,
A condução coercitiva dos faltantes e regularmente intimados ou o fará em 10 (dez) dias, ordenando que os autos para
pode demorar horas para se concretizar, devendo haver bom senso e sen isso lhe sejam conclusos.
sibilidade na determinação da suspensão da audiência.
Pelo próprio princípio da identidade física do juiz e em decorrên-
do avanço da oralidade, o ideal é que o juiz profira sua decisão tam
Desta sorte, os profissionais envolvidos deverão ser estudiosos não somente do pro bém oralmente. Desta sorte, o impacto da acusação e da defesa, além dos
cesso em eurso, como também do próprio Direito Penal, Processual Penal e matérias
correlatas. Privilegiam-se, assim, os diligentes.
Art. 412 Rodrigo Faucz Pereira c Silva 40 41 Tribunal do Júri O Novo Rito Interpretado Art. 413

elementos probatórios produzidos, seriam - teoricamente - maiores no Seção II


convencimento do magistrado. Da Pronúncia, da Impronúncia e da Absolvição Sumária
Contudo, principalmente quando houver a possibilidade de gra
vação simultânea das alegações orais, o juiz poderá proferir a decisão em, Art. 413. O juiz,fundamentadamente, pronunciará o acusa
no máximo, 10(dez) dias. do, se convencido da materialidade do fato e da existência
de indícios suficientes de autoria ou de participação.
Art. 412. O procedimento será concliiido no prazo máximo SI"A fundamentação da pronímcia limitar-se-á à indicação
de 90(noventa) dias.
da materialidade do fato e da existência de indícios sufi
cientes de autoria ou de participação, devendo o juiz decla
rar o dispositivo legal em que julgar incurso o acusado e
Salutar a decisão legal que prevê que o procedimento deverá ser especificar as circunstâncias qualificadoras e as causas de
concluído em, no máximo, 90 (noventa) dias. Mais uma vez, somente aumento de pena.
com a prática forense veremos se a teoria se coadunará com a prática.
Ao juiz cabe zelar pelo processo e empregar os meios que asse Ari, 408. Se o Juiz se convencer da existência do crime e de indícios de
gurem a celeridade de sua tramitação""'. Contudo o principio da lealdade que o réu seja o seu autor, pronunciá-lo-á, dando os motivos do seu con
vencimento.
processual'" deverá ser respeitado em sua essência, sendo que o prazo
somente será efetivamente considerado, quando as partes processuais §I"Na sentettça de pronímcia ojuiz declarará o dispositivo legal em cuja
sanção julgar incurso o réu. recomendá-lo-á na prisão em que se achar,
contribuírem. ou expedirá as ordens necessárias para sua captura.
Cabe ainda ressaltar que extrapolado o prazo de 90 (noventa) §I ^.jttiz não ficarei adstrito à classificação do crime,feita na queixa ou
dias sem decisão de pronúncia, estando o acusado preso, este deve ser denúncia, embora fique o réu sujeito à pena mais grave, atendido, sefor o
libertado imediatamente. caso, o disposto no art. 410 e .seu parágrafo.
§5 Se dos autos constarem elementos de culpabilidade de outros indiví
Como o procedimento (iudicium accusalioni.s) é concluído com duos não compreendidos na queixa ou na denúncia, o juiz, ao proferir o
a decisão de pronúncia, impronúncia ou absolvição sumária, tem-se que o decisão de pronúncia ou impronúncia. ordenará que os autos voltem ao
magistrado possui prazo de 90 (noventa) dias para proferir a decisão. Ou Ministério Público, para aditamento da peça inicial do processo e demais
seja, o prazo é contado desde o recebimento da denúncia ou queixa, até a diligências do .sumário.
decisão que encerra a primeira fase.
É um direito e uma garantia dos acusados a duração razoável do A sentença de pronúncia possui natureza processual, uma vez
processo''T Portanto, não se podem autorizar transgressões ao prazo, senão que apenas reconhece a competência do Tribunal do Júri para o julga
em caráter excepcional. Contudo, mais uma vez, aponta-se a carência mento do caso. E ato que encerra, no procedimento escalonado, o judi-
estrutural do Poder Judiciário, que, por mais que não possa servir de chim accmationis, enviando o acusado para o julgamento perante o Júri.
subterfúgio para violações de garantias constitucionais, não pode ser olvi O magistrado deve pronunciar o acusado quando se convencer
dada. da existência do crime e de indícios suficientes de que o acusado é o seu
autor, declarando de forma sucinta, porém fundamentada, os motivos de
Artigo publicado no jornal O Estado do Paraná, caderno "Direito e Justiça" em 22 seu convencimento.
jun. 2008, por René Ariel Dotti.
De acordo com Ada Pellegrini Grinovcr, o princípio da lealdade processual impõe a Com a nova lei, fica explicito no § Ta orientação doutrinária e
todos aqueles que participam de qualquer forma do processo, devores de moralidade c jurisprudencial a respeito da parcimônia da fundamentação dessa decisão,
probidade, respeitando o caráter dialético do processo, reprovando atitudes desleais c pronúncia somente deve indicar a materialidade do fato e a existência
emprego de artificios fraudulentos. GRINOVER, Ada Pellegrini, el ai. Teoria Geral e indícios suficientes de autoria (ou participação), de forma a não indu
do Processo. 18. ed. São Paulo: Malheiros, 2002. p. 71. zir os jurados a decisões obedientes à própria decisão de pronúncia.
O inc. LXXVIII foi inserido no art. 5" da Constituição, por intermédio da Emenda
Constitucional 45/04, e possui a seguinte redação: "o tor/at. no úmhito judicia! e admi- ,. O magistrado não deve refutar teses defensivas nem adentrar no
ni.ítnilivo, são assegurados a razoável durarão do processo e os meios que garaulam uierito da questão, sob pena de interferir na parcialidade do julgamento
a celeridade de sua tramitarão'".
Art.413 Rodrigo Faucz Pereira e Silva 42 43 Tribunal do Júri O Novo Rito Interpretado Ari.413

pelo júri. De acordo com Adriano Marrey, et aÚ^,''na fundamentação da A exposição ao risco de ser julpdo por juizes leigos, quando
pronúncia deve o juiz usar de prudência, evitando manifestação própria sequer deva ir a julgamento, deriva, principalmente, da utilização desme
quanto ao mérito". dida e inconstitucional do malfadado principio do in dúbiopro .societate.
Além da pura indicação da materialidade e existência suficiente Ao contrário do milenar e mundialmente reconhecido principio
de autoria, o juiz deve declarar o(s) dispositivo(s) legal(is) em que julgar do in dúbio pro reo oufavor rei, utiliza-se utua aberração jurídica criada
incurso o acusado, além de especificar as circunstâncias qualificadoras e para retirar a responsabilidade do juiz togado e remeter um caso dúbio ao
as causas de aumento de pena. Essa declaração deve ser expressa, so exame popular.
mente definindo os artigos correspondentes, portanto, sem possibilidade Pode-se afirmar, com certeza, que o principio do in dúbio pro
de explicações ou fundamentações demasiadas. reo faz parte do ordenamento jurídico de todos os países democráticos do
Entretanto de fundamental importância ressaltar a inclusão, no
mundo, sendo considerado, conforme o professor Tourinho Filho'*', um
"princípio base de toda a legislação processual penal de um Estado".
caput deste artigo, da palavra "suficientes". Na realidade a jurisprudência
e a doutrina pátrias já visualizavam a expressão de "indícios de que o réu Para retirar a pessoa do rol de inocentes e colocá-la no rol dos
seja o .seu autor" trazida no art. 408 da lei alterada - como sendo "indí culpados, deve haver provas robustas e consistentes. Aléiu de haver pro
cios suficientes", porquanto, para a impronúncia (antigo art. 409), tal vas da responsabilidade penal do acusado, o processo deve transcorrer de
expressão era utilizada. Portanto, o legislador apenas adequou-se ao en maneira imparcial, sem transgredir os direitos do acusado.
tendimento da comunidade jurídica à legislação. O conjunto probatório apresentado pelo Ministério Público e
juntado ao processo por outras autoridades, não pode causar desconfiança
Tal modificação não é apenas semântica, e deve ser interpretada sobre a responsabilidade penal do acusado. Caso haja qualquer dúvida, a
de forma a realmente elevar a sentença de pronúncia a uma real garantia mesma deve ser interpretada a seu favor.
do acusado.
O ônus probante cabe às partes. Contudo mister salientar que a
A pronúncia nunca poderá expor o acusado ao risco infun acusação deve ser cabal e convincente, ao passo que, para o acusado, em
dado de ser condenado por juizes leigos! conformidade com ofavor rei, basta a dúvida.
Sob o pretexto de ser o Júri o juiz natural para o julgamento de No mesmo sentido explica o italiano Nicola Framarino Dei
crimes dolosos contra a vida, retira-se do instituto sua condição de direi Malatesta '. Contudo este autor vai além, reconhecendo que a presunção
to fundamental constitucionalmente garantista e coloca-o como sendo de inocência é, inclusive, uma dedução do principio do ônus probandi.
um instituto que poderá julgar um cidadão que não deva ser julgado. Desde tempos remotos do direito, tal principio é utilizado, inclu
Reitera-se aqui que o "Tribunal do Júri só se apresenta como sive porque decorre diretamente do ônus da prova por parte do acusador
juiz natural da causa a partir do momento em que for proferida uma e, mais recentemente, da presunção de inocência.
decisão de pronúncia, ou .seja, sem a pronúncia, o Tribunal do Júri não Nesse diapasão entende Jorge de Figueiredo Dias*', que relata,
tem competência parajulgar"^"*.(Grifo nosso.) em sua obra Direito Processual Penal, o seguinte ensinamento, em rela
Portanto, o juiz singular que possui a possibilidade de pronun
ção ao principio do in dúbio pro reo:
ciar, impronunciar ou absolver sumariamente também é o juiz natural do
processo. Caso não o fosse, sequer poderia tomar quaisquer dessas deci
sões constantes no Código de Processo Penal e ratificados pela nova lei. Tourinho filho, Femando Co.sta. Processo penal. 27. ed. São Paulo: Saraiva,
O Tribunal do Júri somente julgará e, por conseguinte, será o V-E 2005. p. 73.
juiz natural do processo, quando o magistrado pronunciar o acusado.
Voltando ao que dizíamos e concíuindo, a inocência se presume. Por isso, no juízo
doo detetmina
" a obrigação prova
da cabe
provaàem
acusação. A pre.sunção
juízo penai, da inocência,
não é senão pois,daquele
uma dedução qitan-
"^Ifo ontoíógico que afirmamos ser o principio supremo para o ônus da prova,
MARREY, Adriano, et aí. Júri: teoria e prática: comentários de doutrina e inteipreta- nena,
/ atribuindo-acomo vemos, é MALATESTA,
ao acusador.'' aplicada em toda sua extensão,
Nicola Framarinomesmo
Dei. Aem matéria
lógica das
ção judiciária: roteiros práticos, questionários, jurisprudência. 3. ed. São Paulo: Re
vista dos Tribunais, 1988. p. I II. 20oI'p criminal. Tradução de Paolo Capitanio. Campinas: Bookseler,
AQUINO, Álvaro Antônio Sagulo Borges de. A função garantidora da pronúncia.
Rio de Janeiro: Lumen Júris, 2004. p. 75.
'^'AS, Jorge de Figueiredo. Direito processual penal. Coimbra: Coimbra, 2004. p. 213.
Li
ni

44 Tribunal do Júri O Novo Rito Interpretado


Art.413 Rodrigo Faucz Pereira c Silva 45 Art. 413

O princípio, na formulação latina utilizada. Joi cunhado por Stuhel; mas encontra-se presente, de maneira expressa e interpretativa nos Trata
mas ele constitui um produto generalizado dos "processos reforma dos Internacionais adotados pelo Brasil, como garantia individual na
dos" do séc. XIX. sendo conhecido em muitos paises' sob o nome de Constituição de 1988 e no Código de Processo Penal.
"presunção de inocência do argiiido até à condenação Foi sob esta Diante o exposto, não há, portanto, razões para que se continue
forma que ele surgiu no art. 9." da "Declaração dos Direitos do Hi> a aceitar, hodiernamente, decisões de qualquer natureza que propalem o
mem e do Cidadão f e sob ela que se contém no art. 11.\ I da De sórdido in diihio pro societate^^.
claração Universal" da ONU ("everyone charged with a penal
offence has the right to he presumed innocent imtil proved guilty ac- Vicente Greco Filho'*'' desacredita a idéia de que a função da
cording to law in a public trial at which he has had ali the guarante- pronúncia é de submeter o réu ao julgamento pelo Júri. Conforme o autor,
es necessary for his defense") e no art. 6.". 2 da C onvenção do a função é justamente oposta, pois a pronúncia deve evitar que um cida
Conselho da Europa ("everyone charged with a criminal ojjfence dão que não deve ser condenado possa sê-lo em razão de um julgamento
shali be presumed innocent until proved guilty according to law ). soberano. Complementa o jurista dizendo que cabe ao magistrado na fase
de pronúncia '"excluir do julgamento popular aquele que não deve sofrer
a repressão penar.
Porém essa Declaração não foi a única sobre a matéria, recep
cionada pelo nosso ordenamento jurídico. Continuar a utilizar o principio do pro societate é o mesmo que
afirmar que, em nosso sistema processual, há a utilização do principio do
Em 1966, a Assembléia Geral das Nações Unidas adotou o Pacto in dúbio contra reum, ou seja, mesmo não tendo a acusação conseguido
Internacional dos Direitos Civis e Políticos, ratificado em 24.01.1992 provar a existência de indícios suficientes, o réu deve ser julgado pelo seu
pela República Federativa do Brasil. Em seu art. 14, n. 2 o Pacto traz o "juiz natural".
seguinte texto: ""Toda pessoa acusada de um delito terá direito a que se Portanto, com essa adição intencional da expressão "indícios
presuma sua inocência enquanto nãofor comprovada sua culpa . suficientes", deve-se entender como aqueles que são fortes o bastante
Em 25 09 1992, foi ratificada pelo Brasil a Convenção Americana para uma provável condenação.
de Direitos Humanos de 1969, o Pacto de San José da Costa Rica. Essa Suficiente, segundo o dicionário Houaiss é aquilo que satisfaz,
convenção, que instituiu a Corte Interamericana de Direitos Humanos e que basta, que é bastante. Indícios são provas(CPP, art. 239), portanto as
possui poder vinculante e obrigatório, trouxe em seu art. 8°, que dispõe
sobre as garantias judiciais, a seguinte redação.
Imprescindível o estudo do mestre Evandro Lins e Silva, em seu artigo Sentença de
Pronúncia: "Hoje, os estudiosos, na doutrina mais recente e mais preslante, estão
/. Toda pessoa terá.o direito de ser ouvida, com as devidas garantias e denti o de.sfazendo o mito de que nos casos de competência do Tribunal do Júri, deve ser
de um prazo razoável, por um juiz ou Tribunal competente, independente e adotado, invariavelmente, o critério da remessa do proces.so ao julgamento dos jura-
imparcial estabelecido anteriormente por lei. na apuração de qualquer acu os, desprezando o aforismo irrecusável e milenar do in dúbio pro reu e preferindo
sação penal formulada contra ela. ou na determinação de seus direitos e outro, incerto, e ambíguo do in dúbio pro societate, inteiramente inaplicável. porque
obrigações de caráter civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza. nao se pode contrapor o generico direito da sociedade a expresso direito individual
2. Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que .se presuma sua ino e qualquer membro e componente dessa mesma sociedade, f...] A nossa modesta
cência. enquanto não for legalmente comprovada sua culpa. Durante o pto- opinião semprefoi, mesmo na vigência das Constituições anteriores à de I9Hb, a de
cesso. toda pessoa tem direito, em plena igualdade, ás seguintes garantias que a dúvida sobre a autoria, a co-autoria e a participação no delito, jamais pode le-
mínimas: (...) ai a guem ao cárcere ou á ameaça da condenação por um Júri de leigos, nalural-
^en e influenciável por pres.sões da opinião pública e trazendo o aval de sentenças
pronrwc/a rotineiras. O juiz lava a mão como Pilatos e entrega o acusado (que ele
Ao ser alçado (o princípio da presunção de inocência e, conse ra-ã°" ^ azares de um julgamento no Júri. que não deveria ocorrer, pela
qüentemente o princípio do in dúbio pro reo - Constituição Federal, art. . crim "''^'Ples de que o este
Tribunal
inc. LVII) ao posto de garantia constitucional, ele deve ser empregad Q £> #' J quando V-existe,dehá
Jurados
prova só
y,, %r de tem
»•«. H
competência
autoria parajulgar
ou participação os
do réu
«M tZf« y/M# l»Ciy/MYMI/ UU /CM

incondicionalmente em todos os processos e em todas as fases judi Sente a e.xdudente ou justificativa:' LINS E SILVA, Evandro.
ciais indistintamente, não podendo ser afastado em nenhuma a n"■ 100,
ino"''®mar." 2001.
Proiiimcia. Publicado no Encarte da AIDP. Boletim do IBCCrim, v. 8.,
decisão ou ato processual.
~ Questões polêmicas sobre a pronúncia. Tribunal do Júri
Fica evidenciado, também, que o in diibio pro reo não é so vistas a " ^ ® mais democrática instituição Jurídica brasileira. São Paulo: Re-
•stas dos Tribunais, 1999. p. 1 18/119.
mente um princípio geral abstrato do Direito Penal e Processual eiic >
Art. 413 Rodrigo Faucz Pereira e Silva 46
I iZ- Tribunal do Júri O Novo Rito Interpretado Art. 414

inúmeras decisões que pronunciam o acusado apenas baseado em consta acusado solto, sobre a necessidade da decretação da prisão
tações fictícias, palavras de testemunhas não presenciais do fato delitivo, ou imposição de quaisquer das medidas previstas no Título
elementos produzidos exclusivamente na fase investigativa, indícios con IXdo Livro I deste Código.
troversos, não podem servir de base para remeter o acusado ao Plenário
do Júri.
Art. 408. (...)
Como a segunda parte do § 1" infomia que deve ser simplesmente §2°Se o réu for primário e de bons antecedentes, poderá o Juiz deixar de
declarado o dispositivo legal em que julgar incurso o acusado e especifi decretar-lhe a prisão ou revogá-la, ca.sojá se encontre preso.
car as circunstâncias qualijicadoras e as causas de aumento de pena e, §3"Se o crime for afiançáveí, .será, desde logo, arbitrado o valor da fiança,
levando em consideração a própria condição da função garantidora da que constará do mandado de prisão.
pronúncia, somente as qualificadoras, bem como as causas de aumento de
pena, claramente identificadas e provadas devem ser admitidas. O § 2° deve ser interpretado com cautela. A redação do mesmo
Com a supressão do libelo crime-acusatório, é a pronúncia - ou deveria ser: '"§ 2" Se o crime for afiançáveí, o juiz arbitrará o valor da
decisões posteriores que Julguem admissível a acusação - que delimitarão fiança para a concessão da liberdade provisória". Desta sorte, estar-se-ia
a atuação acusatória no Plenário. Por isso, permitir que qualiticadoras suprimindo a expressão "ou manutenção", uma vez que não se pode im
sejam sustentadas pela acusação no Júri, baseadas em boatos, fofocas e por fiança ao acusado que esteja solto.
indícios fracos, é expor o acusado ao risco dc ser condenado sem pro Não preenchendo os requisitos para a prisão provisória e, des
vas suficientes, uma vez que os jurados não estão sujeitos à funda tarte, estando o acusado em liberdade, não há razões jurídicas - nem
mentação de suas decisões. mesmo sociais - para o arbitramento de fiança.
Apesar das vertentes arcaicas defendidas por alguns juristas e Da mesma sorte, a prisão processual cautelar, trazida no § 3",
doutrinadores, deve-se entender que, em todas as fases do processo, as afeta frontalmente o princípio da presunção de inocência - ou, conforme
garantias e os direitos individuais devem ser salvaguardados. E inadmissí alguns doutrinadores preferem denominar, o principio do estado de ino
vel num estado do direito a utilização de princípios desfavoráveis ao acu cência. A prisão antes do trânsito em julgado de sentença penal conde-
sado. A pronúncia, por fazer parte do processo penal brasileiro, deve natória é, em nosso Estado de Direito, exceção, e como tal não deve ser
atuar de forma a garantir a liberdade e a evitar, principalmente, que alguém banalizada.
seja exposto ao risco de ser condenado sem merecer ou receber uma pena A prisão cautelar somente pode ser determinada quando houver
superior àjusta^". motivos fortes, necessários, estritamente delimitados e fundamentados,
biao se justifica a determinação de prisão processual pelo simples fato de
Art. 413. (...) ser o acusado pronunciado. Ainda mais sob a égide de uma Constituição
garantista.
§2"Se o crimefor qftançável, oJuiz arbitrará o valor da fiança
para a concessão ou manutenção da liberdade provisória.
§ 3" O juiz decidirá, motivadamente, no caso de manuten
Dion' • interpretado de forma que a sentença de
ção, revogação ou substituição da prisão ou medida restri
lidade^n'^ também seja o momento em que o magistrado tenha a possibi-
da mpH H ^ manutenção, revogação ou substituição da prisão ou
tiva de liberdade anteriormente decretada e, tratando-se de
còndicõl ""^^tritiva de liberdade anteriormente determinada. Assim, as
ser re an^T ""efiuisitos das prisões cautelares dos acusados presos, devem
Neste sentido, importante a conclusão dc Álvaro Borges dc Aqiiino: "Caio não hojci "ecessárias ^ devendo ser revogadas aquelas que não mais sejam
prova da materialidade do Jato e indícios suficientes de autoria, a dúvida deve sem
pre beneficiar o acusado, que não poderá ser submetido a julgamento, na .legunda
fase do procedimento. A.ssim agindo, identificando no término do juizo da acu.iaçt"> Art. 4J4 convencendo da materialidade do fato
uma autêntica fa.se de saneamento, bem como aplicando o principio in dúbio pro reo, ou
na falta de prova quanto à autoria, o Juiz, quando for hipótese de efetiva de Julgt"
admissível a acusação contida na denúncia, estará proferindo uma decisão de ticin^'-^^''^- "jdicios suficientes de autoria ou de par-
milícia que cumprirá sua função garantidora no processo." AQUINO, Álvaro Antônio sado^'^^' ^ impronunciará o acu-
Sagulo Borges de. A função garantidora da pronúncia. Rio de Janeiro: LuntC
Júris, 2004. p. 152,
1
Art. 414 Rodrigo Faucz Pereira c Silva 48 49 Tribunal do Júri O Novo Rito Interpretado Art. 415

Parágrafo único. Enquanto não ocorrer a extinção da puni- Aury Lopes Jr. ,acertadamente assevera que a sentença de impro-
bilidade, poderá serformulada nova denúncia ou queixa se núncia yera itm angitstiante e ilegal estado de 'pendênciapois o réu
houver prova nova. não está nem condenado, nem absolvido".
O Estado, por intermédio do Poder Judiciário, deve pôr fim aos
Art. 409. Se não .se convencer da existência do crime ou de indicio sufi litígios submetidos ao seu conhecimento, e somente assim poder-se-á
ciente de que seja o réu o seu autor, ojuizjulgará improcedente a deniin- cristalizar a segurança jurídica.
cia ou a queixa.
Parágrafo único. Enquanto não extinta a pimihilidade, poderá, em qualquer
tempo,.ser instaurado processo contra o réu, se houver novas provas. Art. 415. O juiz,fundamentadamente, absolverá desde logo
o acusado, quando:
O texto legal dispõe que, em não havendo indícios suficientes I-provada a inexistência dofato;
da autoria (ou participação), ou seja, havendo dúvidas razoáveis acerca da II-provado não ser ele autor ou partícipe do fato;
autoria, o Juiz deverá impronunciar o acusado. UI-ofato não constituir infração penal;
A conseqüência legal desse artigo (mas não natural), quando da IV- demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão
falta de provas ou da própria dúvida em relação à autoria, é a impronun- do crime.
ciação do acusado. Evita-se dessa forma que ele seja exposto ao risco de Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV do
ser julgado e conseqüentemente condenado sem as mínimas condições caput deste artigo ao caso de inimputabUidade prevista no
processuais necessárias. caput do art. 26 do Decreto-lei n. 2.848, de 7 de dezembro
Alguns autores indicam que a decisão pode ser de pronúncia, de 1940 - Código Penal salvo quando esta for a única tese
enviando o acusado ao julgamento de determinado tipo delitivo, e impro- defensiva.
núncia, em relação às qualificadoras.
Entendemos, salvo melhor juízo, que a pronúncia deva levar em Art 411. O juiz absolverá desde logo o réu, quando se convencer da
consideração (para sua decisão em sentido estrito) os indícios de autoria existência de circunstância que e.xclua o crime nu isente de pena o réu
ou de participação. As circunstâncias qualificadoras e as causas de au (arts. 17. 18. 19. 22 e 24. j I", do Código Penal), recorrendo, de q/Jcio,
da sua decisão. Este recurso terá efeito suspen.sivo e será sempre para o
mento de pena seriam elementos acessórios, que devem ser especificados Tribunal de Apelação.
em seus respectivos tipos legais (art. 413, § 1").
Desta sorte, caso somente as qualificadoras ou uma delas -,
não sejam aceitas pelo magistrado, seja pela falta de provas seja pela
O magistrado poderá absolver sumariamente o acusado'^" quan
do estiver comprovado de maneira efetiva que o fato não ocorreu ou
própria dúvida em relação a elas, e ainda assim haja certeza sobre a mate
rialidade e elementos probatórios suficientes de autoria, ocorrerá a deci quando estiver configurado que o acusado não é o autor nem partícipe do
tato a ele imputado.
são de pronúncia. Nesse caso, as qualificadoras simplesmente não serão
especificadas no dispositivo da decisão, não podendo, portanto, ser sus poderá ser absolvido antecipadamente se restar com-
tentadas em Plenário. P ovado que o fato não é crime. Ou seja, diferentemente da redação ante-
Todavia fundamental ressaltar que o instituto da iinpronúncia fiau provado queesteja
qualquer dos elementos necessários para deverá
a con-
deve ser abolido de nosso ordenamento. Ora, se não há provas suficientes crime não presente no fato imputado, o juiz
aosoíver o acusado.
da autoria nem certeza da materialidade, a conseqüência e esta sim
"natural" e constitucional - é a absolvição.
Não se pode admitir que um acusado fique aguardando, "en
quanto não ocorrer a extinção da punibilidade", a reabertura, ou não, do trump^/rj õiiry. Introdução crítica ao processo penal - Fundamentos da Ins-
processo. Se a acusação não conseguiu provar, de forma suficiente, que o
2008. p 154 '^""stitucional. 4. ed., rev., atual, c ampl. Rio de Janeiro; Lumen Júris,
acusado deve ser enviado a julgamento pelo Júri, então ele deve ser ab ® legislação traz expressamente a possibilidade, por parte do
solvido. Juiz nat °í . ^ti^uNer sumariamente o acusado, demonstrando ser este, até então, o
^ natural do processo.
Art. 416 Rodrigo Faucz Pereira c Silva 50 51 Tribunal do Júri - O Novo Rito Interpretado Art. 418

Portanto, caso reste demonstrada a não ocorrência de um fato Já O ato processual adequado para atacar decisão de pronúncia
típico (causas de exclusão de iiicitude, bem como causas de exclusão continua sendo o recurso em sentido estrito.
de culpabilidade, incluindo causas supralegais), o acusado deverá ser
absolvido.
Art 417. Se houver indícios de autoria ou de participação
Por derradeiro, a primeira parte do inc. IV estabelece que, de de outras pe.ssoas não incluídas na acitsação, o juiz, ao pro-
monstrada causa de isenção de pena, igualmente deveiá lesultar na absol mtnciar ou impronunciar o acusado, determinará o retorno
vição sumária do acusado. Importante salientar que no paiágrafo único dos autos ao Ministério Público, por 15 (quinze) dias, apli-
fica determinado que - se a causa de isenção de pena for decorrente da cável, no que couber, o art. 80 deste Códipo.
inimputabilidade do acusado - o juiz não deverá absolvê-lo desde logo^ a
não ser que a alegação de inimputabilidade seja a única tese defensiva.
No texto antigo, quando da ocorrência da absolvição sumária, Sem disposição normativa anterior, este artigo explicita que -
obrigatório era o recurso de ofício de tal decisão. Esse recurso, correta caso na instrução preliminar seja evidenciada a autoria e/ou participação
de outras pessoas não incluídas na denúncia ou na queixa, ao pronunciar
mente questionado, uma vez que com a Constituição de 1988 a função ou impronunciar o acusado, - o juiz determinará que o processo seja en
ficaria a cargo exclusivo do Ministério Público, foi excluído. Cabe à acu viado ao Ministério Público pelo prazo de quinze dias.
sação analisar a pertinência ou não de recorrer da decisão absolutória. Caso isso ocorra, ficará a cargo do juiz a decisão sobre a sepa
No Poder Judiciário, alguns magistrados já estavam deixando ração dos processos.
de recorrer de ofício, justamente porque tal artigo não fora recepcionado Na decisão de pronúncia ou impronúncia do acusado, havendo
pela Constituição, portanto, devidamente foi excluída do texto legal uma itidícios de autoria ou de participação de outras pessoas, e tendo o Minis
disposição desnecessária e violadora de normas constitucionais. tério Público aditado a inicial acusatória, deverão ser assegurados ao
"novo" acusado os princípios de defesa (ampla defesa, contraditório).
Art 416. Contra a .sentença de impronüncia ou de ab.solvição Da mesma forma, como já amplamente explanado no art. 413, a
.sumária caberá apelação. interpretação da palavra "indícios" deve ser a mesma da expressão já
consolidada no artigo .supra citado, ou seja, "indícios suficientes" (fortes,
veementes).
O art. 581, incs. IV e VI, do texto antigo, determinava que o re
curso cabível contra a decisão,de pronúncia, sentença de impronúncia e Contudo, cabe aqui uma crítica impotiante em relação ao artigo.
absolvição sumária, seria o ^'recurso em .sentido estrito".
Em nosso sistema acusatório constitucional, não deve ser admitido ao juiz
determiriar a atuação do Ministério Público com vistas a retificar a acusa
Entretanto, além da correção terminológica, foi corrigido o pró ção, muito menos para requerer que esta instituição acuse outro agente.
prio instituto processual adequado de acordo com a decisão. Ou seja, Isso, confonne lição de Aury Lopes Jr.,^'' promove uma "completa sub
como a impronúncia e a absolvição sumária são decisões terminativas, versão da lógica processual regida pelo juiz", e ainda "fulmina com a
que extinguem o processo, o recurso natural cabível é a apelação. imparcialidade do julgador, diante do pré-juízo", uma vez que, nesse caso,
Lembramos que - por mais que a impronúncia seja uma senten o próprio magistrado que pediria para acusar outra pessoa,julgá-la-ia.
ça sem análise de mérito, não fazendo coisa julgada mateiial, — ainda Portanto tal artigo deve ser considerado inconstitucional. Caso
assim o processo é extinto. Significante, neste sentido, o parágrafo único seja apreciada a participação ou autoria de outros agentes, quem deverá
do art. 414, o qual detemiina que, caso haja prova nova, poderá ser foi- er a iniciativa de promover o aditamento é o próprio Ministério Público.
mulada nova denúncia ou queixa. Nesse sentido, pode-se vislumbrar que
não é "reaberto" ou "desarquivado" o processo anterior, mas sim devera Art 418. O juiz poderá dar aofato definição Juridica diver
ser instaurado um novo processo. sa da constante da acusação, embora o acusado fique su
jeito a pena mais grave.
"CP, art. 26. É isento de pena o agente que. por doença mentat ou desenvotvimento Lopes JR., Aury. Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional.
mentat retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de enten • ed. Rio de Janeiro. Lumen Júris. 2008. v. I, p. 377.
der o caráter itícito do fato ou de determinar-se de acordo com es.\e entendimento .
Art. 419 Rodrigo Faucz Pereira e Silva 52 53 Tribuna! do Júri O Novo Rito Interpretado Art. 420

Art 419. Quando o juiz se convencer, em discordância com •■'Remetidos os autos do processo a outro juiz, à disposição deste ftcará o
a acusação, da existência de crime diverso dos referidos no acusado preso."
§ r do art. 74 deste Código e não for competente para o Pode-se verificar que a antiga redação era um pouco mais clara
julgamento, remeterá os autos aojuiz que o seja. ao "não economizar palavras", informando que o acusado, se estivesse
Parágrafo único. Remetidos os autos do processo a outro preso, passaria à disposição do juízo a que foi remetido o processo. O
juiz, à disposição desteficará o acu.tado pre.so. novo texto possuí exatamente o mesmo significado, mas com uma reda
ção diferenciada, informando simplesmente que o acusado preso (leia-se
Art. 410. Quando ojuiz se convencer, em discordância com a denúncia ou que "estiver preso") passará à disposição do juiz competente.
queixa, da existência de crime diverso dos referidos no art. 74. § I". e não
for o competente para julgá-lo. remeterá o processo ao juiz que o seja.
Em qualquer caso. será reaberto ao acusado prazo para defesa e indica Art. 420. A intitnação da decisão de pronúncia será feita:
ção de testemunhas, prosseguindo-se. depois de encerrada a inquirição, I— pessoalmente ao acusado, ao defensor nomeado e ao
de acordo com os arts. 499 e segs. Não .se admitirá, entretanto, que sejam Ministério Público;
arroladas testemunhasjá anteriormente ouvidas.
II- ao defensor constituído, ao querelante e ao assistente do
Parágrafo único. Tendo o processo de ser remetido a outro juízo, à dis Ministério Público, na forma do disposto no § 1° do art. 370
posição deste passará o réu. se estiver preso.
deste Código.
Parágrafo único. Será intimado por edital o acusado solto
O magistrado poderá dar ao fato definição jurídica diversa da que não for encontrado.
determinada pela inieial acusatória, mesmo que a "nova" definição típica
possua pena mais elevada do que o crime constante na denúncia (ou
queixa). Art. 413. O processo não prosseguirá até que o réu seja intimado da sen
tença de pronúncia.
Nesse caso, se a definição jurídica continuar como competência Parágrafo único. Se houver mais de um réu. .somente em relação ao que
do júri (por exemplo, para uma acusada de infanticídio, o magistrado for intimado pro.sseguirá o feito.
entender definir o fato como sendo homicídio), prosseguir-se-á o rito Art. 414. A intimação da .sentença de pronúncia, .se o crime for inafiançá
normal. vel. será sempre feita ao réu pessoalmente.
Caso o fato seja tipificado como não sendo crime doloso contra Art. 415. A intimação da .sentença de pronúncia, .se o crime for afiançá-
vel. será feita ao réu:
a vida, os autos deverão ser remetidos ao juiz competente. É o que se I- pessoalmente, se estiver preso:
denomina desclassificação.
II - pessoalmente, ou ao defen.sor por ele constituído, se tiver prestado
Da decisão de desclassificação, cabe recur.so em .senliclo estrito. fiança antes ou depois da .sentença:
Deve-se salientar a ambigüidade trazida no conteúdo do pará III - ao defen.sor por ele constituído se. não tendo prestado fiança, expe
grafo único deste artigo. dido o mandado de prisão, não for encontrado e assim o certificar o ofi
cial de justiça:
Alguns juristas criticam esse parágrafo pela suposta violação de V - mediante edital, no caso do n. II. se o réu e o defensor não forem en
preceitos fundamentais, pois determinaria a prisão do acusado, pelo sim contrados e assim o certificar o oficial de justiça:
ples fato da remessa dos autos a outro juiz. Dizem que não se pode admi y - mediante edital, no ca.so do n. III. se o defensor que o réu houver
tir, de forma alguma, que - por terem o juiz e a acusação divergido em constituído também não for encontrado e assim o certificar o ojicial de
relação a tipificação do fato - o acusado seja preso''. justiça:
Mas o que ocorre é um simples erro no campo da hermenêutica, VI - mediante editai sempre que o réu. não tendo constituído defensor, não
.for encontrado.
o qual é solucionado por intermédio da simples leitura do texto anterior; § I" O prazo do editai será de 31) (trinta) dias.
''''Tendo o processo de ser remetido a outrojuízo, à disposição deste passa § 2" O prazo para recurso correrá após o término do ftxado no editai
rá o réu, se estiver preso." O novo texto apresenta a seguinte inscrição: salvo .çe antes for feita a intimação por qualquer das outras formas esta
belecidas neste artigo.
Veja, por exemplo, TASSE, Adel El. O novo rito do tribunal do júri - em confor
midade com a Lei 11.689/08. Curitiba: Juruá, 2008. p. 55.
54 Tribunal do Júri - O Novo Rito Interpretado Art. 422
Art. 421 Rodrigo Faucz Pereira e Silva

vezes somente um magistrado para todas as áreas; portanto, cabe a ele


A intimação da decisão de pronúncia deverá ser realizada pes próprio dar o regular prosseguimento ao feito, preparando o processo para
soalmente ao próprio acusado, ao defensor nomeado e ao Ministério Pu julgamento em plenário.
blico Já o advogado constituído - bem como o assistente do Mmisteiio Caso haja alguma circunstância posterior que modifique a classi
Público e o querelante serão intimados ''por publicação no orgao in
cumbido da publicidade dos atos judiciais da comarca , normalmente o ficação do crime, o juiz determinará a remessa do processo ao Ministério
Diário da Justiça. , Público.
Caso o acusado esteja solto e não seja encontrado, poderá ser Aqui, da mesma forma que o já explanado nos eomentários do
intimado da decisão por edital. art. 417, tal disposição resta incompatível com o sistema acusatório consti
tucional garantidor.
Com a nova redação, desaparecem as diferenças entre intimação Cabe ressaltar que, independentemente da natureza da alteração
de pronúncia quando o crime é afiançável e quando não é afíançavef da classificação do delito, deve-se garantir o direito à ampla defesa e ao
Independentemente da tipificação, a mtimaçao deve ser realizada contraditório.
mesma forma.
Uma importante modificação, que deverá ensejar a celeridade do Seção III
julgamento, é que o acusado solto que não for encontrado, poderá ser mti- Da Preparação do Processo para Julgamento em Plenário
mado por edital. Antes, o art. 413 determinava que o processo nao pode
ria prosseguir enquanto o réu não fosse intimado da sentença de pronun Art. 422. Ao receber os autos, o presidente do Tribunal do
cia, e o art. 414 obrigava a intimação pessoal do réu quando o crime tosse Júri determinará a intimação do órgão do Ministério Públi
inafiançável (a grande maioria dos processos submetido a Juri). co ou do querelante, no caso de queixa, e do defensor, para,
no prazo de 5(cinco) dias, apresentarem rol de testemunhas
Art 421. Preclusa a decisão de pronúncia, os autos serão que irão depor em plenário, até o máximo de 5 (cinco),
encaminhados aoJuiz presidente do Tribunal do Júri. oportunidade em que poderão juntar documentos e requerer
SI" Ainda que preclusa a decisão de pronúncia, havench diligência.
circunstância superveniente que altere a classificação do
crime, o juiz ordenará a remessa dos autos ao Ministério Art. 417. O libelo, assinado pelo promotor, conterá:
Público. 1-0 nome do réu:
S2"Em seguida, os autosserão conclusos ao juiz para decisão. II - a exposição, deduzida por artigos, do fato criminoso:
III - a indicação das circunstâncias agravantes, expressamente definidas
na lei penal, e de todos os fatos e circunstâncias que devam influir na
Ari. 416. PassuJa em julgado a .senlenca de promincia. que espccijicara fixação da pena:
todas as circunstâncias qualijicalivas do crime e .somente poderá .ser alte IV- a indicação da medida de segurança aplicável.
rada pela verificação superveniente de circunstancia que modifique a
cla.ssificação do delito, o escrivão imediatamente dará vista dos autos ao §1°Havendo mais de um réu. haverá um libelo para cada um.
órgão do Ministério Público, pelo prazo de 5 (cinco) dias. para ojerecei o § 2° Com o libelo poderá o promotor apresentar o rol das testemunhas
libelo acii.satório. que devam depor em plenário, até o máximo de 5 (cinco), juntar docu
mentos e requerer diligências.
Art. 421. Recebido o libelo, o escrivão, dentro de 3 (três) dias. entregará
A antiga redação deste artigo trazia a expressão "passada em 00 reu. mediante recibo de seu punho ou de alguém a seu rogo. a respec
julgado a sentença de pronúncia', o que estava tiva cópia, com o rol de testemunhas, notificado o defensor para que, no
reta, pois uma decisão interlocutória, como essa, nao transita em julgad , prazo de 5 (cinco) dias. ofereça a contrariedade: se o réu estiver afiança
do, o escrivão dará cópia ao seu defensor, exigindo recibo, que .se juntará
sendo correta a nova redação, que emprega a expressão preclusa . aos autos.
Portanto, estando preclusa a pronúncia, o processo devera ser Parágrafo único. Ao oferecer a contrariedade, o defensor poderá apre
encaminhado ao juiz presidente do Tribunal do Juri (o ocOTe n sentar o rol de testemunhas que devam depor no plenário, até o máximo
grandes comarcas, de acordo com o Código de Organizaçao Judie aria de 5(cinco),juntar documentos e requerer diligências.
local). Nas comarcas menores, normalmente só ha um juiz crimina ,'
Art, 422 Rodrigo Faucz Pereira e Silva 56 57 Tribunal do Júri - O Novo Rito Interpretado Art. 422

Como pode ser verificado em contraste com a redação anterior, Mas a supressão não simplificou o procedimento. Ao passo que,
suprimiu-se o libelo crime-acusatório. se anterionnente deveria ser elaborado o libelo, com a nova redação de
Agora, o presidente do Tribunal do Júri - nas grandes Comarcas verá ser elaborada peça processual com o intuito de arrolar testemunhas,
onde há a figura distinta entre esse e o juiz da instrução preliminar -, requerer diligências e provas. Portanto, a necessidade de peça processual
mandará intimar as partes (Ministério Público, querelante e defensor), posterior à decisão da primeira fase persiste.
para que apresentem o rol de testemunhas que irão depor em plenário, O libelo crime-acusatório era peça acusatória, a qual possibili
requeiram eventuais diligências e juntem documentos. tava ao acusado, a efetivação da plenitude da defesa, que se exercia dire
tamente dos fatos constantes no libelo.
Poderão ser arroladas 5 (cinco) testemunhas pela acusação e 5
(cinco) pela defesa. O prazo para a apresentação também é de 5 (cinco) O próprio sistema acusatório tem como uma de suas caracterís
dias. Nada obsta que as partes, em face da complexidade, do princípio do ticas a separação absoluta entre acusador e julgador. A defesa, obvia
contraditório, da ampla defesa e da busca da verdade'^'' (verdade formal mente, opõe-se à acusação. Contudo, inexplicavelmente (aliás, explicável
ou processual, nunca real", diga-se de passagem), requeiram a oitiva de pela simplificação, sempre ela), a defesa deverá se 'defender' de uma
mais de 5 (cinco) testemunhas. peça do órgão julgador!
Importante ressaltar que as testemunlias, de acordo com o art. 461, Nessa grande balança de Têmis, extirpa-se a dualidade processual
deverão ser arroladas em caráter de imprescindibilidade, e deverão ser entre defesa e acusação. Disso, conclui o juiz Luis Fernando Camargo
requeridas suas intimações por mandado, indicando a localização; caso Vidal , '"fe.stiíla que, tia lei nova, quem afina! acusa é o juiz pronun-
ciante, e não a parle'".
contrário, se a testemunha deixar de comparecer, o julgamento será reali
zado sem a inquirição dela. Buscou-se diminuir a influência da decisão de pronúncia" -
Justificada pela idéia fácil e comum da simplificação e celeridade
vestida, agora, de peça acusatória -, proibindo, nos debates, as partes a
fazer referencias a tal decisão. Todavia, o parágrafo único do art. 472 da
do procedimento, a supressão do libelo, contudo, cerceou o direito de defesa. nova lei prescreve que, o jurado, após proferir o juramento, receberá có
pias da decisão de pronúncia''" e o relatório do processo. Ora, certamente
Convém, sobre a busca da verdade, lembrar, algumas conclusões breves de Marco a influência da decisão de pronúncia não será minorada, pelo contrário,
Antonio de BARROS: '7. A verdade é a adequação ou conformidade entre o inte será majorada, porque não mais será explicada por algumas partes das
lecto e a realidade. Sendo fruto da inteligência humana, a verdade é moldada pelo que intervém no processo, mas sim porque os jurados receberão uma peça
juízo racional e não pela prova ou evidência que pode ser verídica ou falsa. 2. Con escrita diretamente pelo juiz togado. E pior, não será uma mera peça
quanto o Direito possa não .ser necessariamente conforme à verdade, o descobri escrita pelo juiz togado, será a formalização da acusação!
mento desta só é plenamente'vúlido quando .se executa a busca da verdade em har
monia com os parâmetros estabelecidos por aquele. [...] 9. Ofundamento normativo Espera-se que realmente as decisões de pronúncia sejam come
que emana do espirito garantidor de direitos fundamentais ditados pela Constituição didas e não prejudiquem a atuação defensiva assim como o explicado
Federal é dotado de um teor de concretização que determina a imediata aplicação no art. 413, .supra. Ao ser "transformada" em ato de acusação, além de
das regras de natureza processual penal, sendo de real importância para a busca da ser entregue junto com o relatório para os membros do Conselho de Sen
verdade. 10. As provas compõem o instrumento do qual se vale o juiz para descobrir tença, a decisão de pronúncia influenciará excessivamente o convenci
a verdade. E a perfeita interação do juiz com as provas do processo facilita a bu.sca mento dos jurados.
da verdade, consubstancia o livre convencimento racional e fundamenta a própria
decisão. Por isso a lei lhe confere poderes insirutórios que permitem atingir a verda p. (^Por derradeiro, lembra o texto de Sérgio Marcos de Moraes
de que é processual, ou seja, a verdade produzida ou extraída do processo \ BARROS, itombo , ao comparar as criticas ao libelo crime-acusatório (suposta
Marco Antonio de. A busca da verdade no processo penal. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2002. p. 286-287.
Senão vejamos a relevante asserção de Aury Lopes Jr.: "Em suma, a verdade real é
Camargo vidal, LuIz remando. Três reflexões sobre o novo processo do Tribu
nal do Júri. Boletim IBCCrIm. São Paulo, n. 188,jul. 2008, p. 5.
impossível de ser obtida. Não só porque a verdade é excessiva (como se verá a conti ^o exarninar os anteprojetos de lei elaborados por Comissão por ela presidida, Ada
nuação), senão porque constitui um gt^avíssimo erro jâlar em 'real' quando estamos ® igrini Grinover exalta: "Reduz-se a influência que a motivação da pronúncia possa
diante de um fato passado, histórico. É o absurdo de equiparar o real ao imaginário. ^ercer sobre os jurado.s"". GRINOVER, Ada Pelligrini. Escritos de direito pena! e
O real ió existe no presente. O crime é um fato passado, reconstruído no presente, processo penal em homenagem ao Professor Paulo Cláudio Tovo, p.10.
logo, no campo da memória, do imaginário. A única coisa que ele não possui, é um PIToníd'™'^ decisões po.steriorcs que julgarem admissível a acusação.
dado de realidade."" LOPES JR., Aury. Introdução crítica ao processo penal: fun
damentos da instrumentalidade constitucional. 4. ed., rcv., atual, e ampl. Rio de Janciio. Est H Sérgio Marcos de Moraes. Supressão do IJbelo. Tribunal do Júri -
ri„ 3 mais democrática instituição juridica brasileira. São Paulo: Revistas
Lúmcn Júris, 2006. p. 275. aos Tribunais. 1999. p. 145.
Art. 423 Rodrigo Faucz Pereira e Silva 58
59 Tribunal do Júri O Novo Rito interpretado
Art. 425

fonte de inúmeras nulidades, peça dispensável e se sua supressão levaria ^ Após a apresentação da peça que indica o rol de testemunhas
à simplificação procedimental) com a garantias individuais (devido pro que 'rao depor em plenário, diligências e juntada de documentos o ma
cesso legal, separação entre acusador e julgador); "/l lei do processo, por gistrado deliberará sobre essas questões, determinando os atos necessários
isso, não deve exibir-se desarrazoada; desproporcional com a proteção para sanar os vícios e esclarecer fatos que interessem ao julgamento da
dos direitos individuais e suas garantias. Tal falta de racionalidade, em causa (possibilitando, até, a produção de provas inéditas).
confronto com a finalidade especifica, fere o substantive due process e
tende à manifesta injustiça". Sanados os vícios e esclarecidos os pontos apresentados, o ma
gistrado elaborara um breve relatório do processo, além de determinar a
sua inclusão na pauta do Tribunal do Júri.
Art. 423. Deliberando sobre os requerimentos de provas a O relatório do processo adquiriu uma importância marcante ao
serem produzidas ou exibidas no plenário do júri, e adota ser entregue, junto com a decisão de pronúncia, aos membros do Conse
das as providências devidas, ojuiz presidente: lho de Sentença.
I- ordenará as diligências necessárias para sanar qualquer Logo, da mesma fonna como era realizado no procedimento ante-
nulidade ou esclarecer fato que interesse ao Julgamento da rioi, o JUIZ deverá se abster de quaisquer manifestações pessoais ou de mérito
causa; na elaboração do relatório. O relatório deverá ser escrito de forma come
II - fará relatório sucinto do processo, determinando sua dida, refermdo-se diretamente às alegações das partes, à produção das
inclusão em pauta da reunião do Tribunal do Júri. provas e a incidentes. Não poderão ser utilizadas expressões afirmativas e
Art. 424. Quando a lei local de organização Judiciária não assertivas (que teoricamente embasariam um ou outro ponto de vista).
atribuir ao presidente do Tribunal do Júri o preparo para
julgamento, o juiz competente remeler-lhe-á os autos do Seção IV
processo preparado até 5(cinco) dias antes do sorteio a que Do Alistamento dos Jurados
se refere o art. 433 deste Código.
Parágrafo único. Deverão ser remetidos, também, os pro Art. 425. Anualmente, serão alistados pelo presidente do
cessos preparados até o encerramento da reunião, para a Tribunal do Júri de 800 (oitocentos) a 1.500(um mil e qui
realização deJulgamento. nhentos) Jurados nas comarcas de mais de 1.000 000 (um
milhão) de habitantes, de 300 (trezentos) a 700 (setecentos)
Art. 425. O presidente do tribunal do Júri. depois de ordenar, de oficio, nas comarcas de mais de 100.000(cem mil) habitantes e de
ou a requerimento das partes, as diligências necessárias para sanar qual 80 (oitenta) a 400 (quatrocentos) nas comarcas de menor
quer nuUdade ou esclarecer fato que interesse à decisão da causa, marca população.
rá dia para o Julgamento, determinando sejam intimadas as partes e as § r Nas comarcas onde for necessário, poderá ser aumen
testemunhas.
Parágrafo único. Quando a lei de organização Judiciária local não atri tado o número de Jurados e, ainda, organizada lista de su
buir ao presidente do Tribunal do Júri o preparo dos processos para o plentes, depositadas as cédulas em urna especial, com as
julgamento, o Juiz competente remeter-lhe-á os processos preparados, até cautelas mencionadas na parte final do § 3" do art 426
5(cinco) dias antes do sorteio a que se refere o art. 427. Deverão também deste Código.
ser remetidos, após esse prazo, os processos que forem sendo preparados §2'Ojuiz presidente requisitará às autoridades locais, asso
até o encerramento da sessão.
Art. 466. Feito e a.ssinado o interrogatório, o presidente, sem manifestar
ciações de classe e de bairro, entidades associativas e cultu
sua opinião .sobre o mérito da acusação ou da defesa, fará o relatório do
rais, instituições de ensino em geral, universidades, sindi
proces.so e exporá o fato, as provas e as conclusões das partes. catos, repartições públicas e outros núcleos comunitários a
§ I" Depois do relatório, o escrivão terá, mediante ordem do presidente, indicação de pessoas que reúnam as condições para exercer
as peças do processo, cuja leiturafor requerida pelas partes ou por qual aJunção de jurado.
querjurado.
§ 2" Onde for pos.sivel, o presidente mandará distribuir aosjurados cópias Aniialmetite, serão alistados pelojuiz-presidente dojtiri, sob sua
datilografadas ou impressas, da pronúncia, do libelo e da contrariedade, responsabilidade e mediante escolha por conhecimento pessoal ou infor
além de outras peças que considerar úteis para ojulgamento da causa. mação fidedigna, 300 (trezentos) a 500 (quinhentos)jurados no Distrito
60 61 Tribunal do Júri O Novo Rito Interpretado Art. 426

Art, 425
Rodrigo Faucz Pereira e Silva
Outra modificação diz respeito à supressão da expressão, no ar
tigo revogado,''serão alistados peto juiz-presidente do jtiri, sob sua res
ponsabilidade e mediante escolha por conhecimento pessoal ou informa
ção fidedigna". O instituto do júri deve ser imparcial e refletir a comuni
que reunam as condições legais. dade local. Portanto, o magistrado não poderia ter o poder de escolher os
jurados com base em seus conhecimentos pessoais ou informação fide
A nova redação alterou o número dos jurados a serem alistados digna. Isso não impede, contudo, que aquelas pessoas que não tiverem as
mormente nas grandes cidades De acordo 'om o Insl.tuto Bras'le™ condições necessárias para ser jurados - por exemplo, conhecida a parcia
Geografia e Estalistrca (IBGE) ein 2(»7 o to W lidade para com uma ou outra parte - sejam excluídas da lista.
Soíll!S?n"ab,?an™e";nrados. trazida pela nova leg.slaçdo, com-
Art 426. A lista geral dos jurados, com indicação das res
'"'"""ruirdr,!toirjrdré dos passos eom o inttnto pectivas profissões, .será publicada pela imprensa até o dia
10 de outubro de cada ano e divulgada em editais afixados à
l?c^rerp"lüem'?stím:& porta do Tribunal do Júri.
§ 1" A lista poderá ser alterada, de oficio ou mediante re
rt":::::rrLe,r.ar ainda ma.s o clamação de qualquer do povo ao juiz presidente até o dia
10 de novembro, data de sua publicação definitiva.
§2"Juntamente com a lista, serão transcritos os arts. 436 a
446 deste Código.
§3"Os nomes e endereços dos alistados, em cartões iguais,
após serem verificados na presença do Ministério Público,
de advogado indicado pela Seção local da Ordem dos Advo
geral, de gados do Brasil e de defensor indicado pelas Defensorias
Públicas competentes, permanecerão guardados em urna fe
chada a chave, sob a responsabilidade dojuiz presidente.
§ 4" O jurado que tiver integrado o Conselho de Sentença
nos 12 (doze) meses que antecederem à publicação da lista
geralfica dela excluído.
SSl'StSlresUdrSSerrJ^^m^^^^ § 5" Anualmente, a lista geral de jurados será, obrigatoria-
mente, completada.
So sa^arde um universo(um tanto quanto) restnto e p,e-selec,onado ,
An. 439. (...)
62
Ou, nus pulavras de Ivan I,uís Marque da Parágrafo único. A Hsta geral, publicada em novembro de cada ano, po
derá ser allerada de oficio, ou em virtude de reclamação de qualquer do
faz com que não tenha a mesma 'q excesso de confiança e relaxo dojn- povo, até à publicação definitiva, na segunda quinzena de dezembro, com
diferença entre a condenação e a a . Ç ■ ., ^ crime doloso contra a recurso, dentro de 20 (vinte) dias, para a .superior instância, sem efeito
í„rNsr<,2"r «r.:,. pr»c«u., pe»., f»»»- suspensivo.
An. 440. A lista geral dos Jurados, com indicação das respectivas profis
sões, será publicada pela imprensa, onde houver, ou em editais afixados à
porta do edifício do tribunal, lançando-.se os nomes dos alistados, com
necessária democratização do Trib - tornando-o mais representativo dos indicação das residências, em cartões iguais, que, verificados com a pre
posição do corpo dejurados no como aos descençletf
setores populares, tanto no que tange ■ ^ ; . pi^h-ia uma outra realidade do sença do órgão do Ministério Público,ficarão guardados em umafechada
a chave sob a responsabilidade dojuiz.
Si diíi i,,cg;™
Livraria do Advogado. 2001. p. 14-
Art. 426 Rodrigo Faucz Pereira e Silva 62 63 Tribunal do Júri O Novo Rito Interpretado
Art. 427

Art. 441. Nas comarcas ou nos lermos oiule for necessário, organizar-se- que podem causar injustiças (tanto favoráveis à acusação quanto a defesa)
á lista dejurados suplentes, depositando-se as cédulas em urna especial
rpSra.S-eS.r" seJ.pe„„satS;
A lista com o nome dos jurados deverá ser publicada pela im
prensa e afixada em editais na sede do Tribunal do Júri. Além dos nomes, Seção V
deverá constar a profissão de cada jurado.
Do Desaforamento
Caso haja reclamação, a lista poderá ser alterada, de ofício, até a
data da publicação definitiva.
Art. 427 Se o interesse da ordem pública o reclamar ou
A seção do Código de Processo Penal referente à "função dos houver duvida sobre a imparcialidade dojúri ou a seguran
jurados" - a qual dispõe sobre a isenção do serviço do júri, recusas, ca ça pessoa! do acusado, o Tribunal, a requerimento do Mi
racterísticas, direitos e conseqüências para os jurados que o exercerem -, nistério Publico, do assistente, do querelante ou do acusado
deverá ser afixada junto da lista. ou mediante repre.sentação do Juiz competente, poderá de
Na uma, que ficará sob a responsabilidade do juiz presidente, terminar o desaforamento dojulgamento para outra comar
deverão constar em cartões idênticos, os nomes e endereços dos alistados. ca da mesma região, onde não existam aqueles motivos
Para a verificação do correto procedimento, deve estar presente neste ato prejerindo-se as mais próximas.
representante do Ministério Públieo, representante da Seção local da Ordem
dos Advogados do Brasil e, caso haja, representante da Defensoria Pública Art. 424. Se o intere.s.sc da ordem pública o reclamar, ou houver dúvida
competente.
Se algum jurado tiver integrado o Conselho de Sentença nos 12 Tribim ITT
Tribunal ''! " a requerimento
de Apektçao, "" de qualquer das partes
pessoal
oudo réu, o
mediante
(doze) meses anteriores - mesmo que o processo venha a ser anulado -, repiesentaçcio do jiuz. e ouvido .sempre o procurador-geral poderá de
saforar ojidgamento para comarca ou termo próximo, onde não subsistam
ficará excluído da lista geral. Ataca-se aqui, mais uma vez, a figura dos aqueles mouvos. apos informação dojuiz, se a medida não tiver .sido soli-
jurados profissionais, elemento atentatório ao próprio Júri. Citada, di oficio, por ele própria.
O inciso 5° aprovado foi alvo de alteração no decorrer da tra
mitação legislativa. O Senador Demóstenes Torres propôs que a lista de
jurados deveria ser totalmente renovada a cada ano. Contudo, erronea minada á regra da competência deter-
mente, utilizando o subterfúgio de que faria "com que todo o trabalho de mrTnnA
para , " em outro.
que haja julgamento o do foro original
se criar uma lista geral de jurados seja integralmente repetido a cada
ano", tal alteração foi rejeitada pelo relator Flavio Dino. O Conselho de que <!oin da nova redação indica 3 (três) possibilidades para
Sentença, por ser formado por leigos e não profissionais, deve evitar a ca F desaforamento:(1) se o interesse da ordem públi-
todo custo a repetição de jurados, que acabam por criar vínculos com os Se houver h Í duvida sobre a imparcialidade do júri, e (3)
profissionais atuantes e se tornam progressivamente (pseudo)conhece- houver duvida sobre a segurança pessoal do acusado.
dores técnicos. do honvel^" c desaforamento deve ser determinado quan-
O ideal seria que os jurados não pudessem participar em mais natural do demonstrem ser difícil o desenvolvimento
de um julgamento. Ou seja, deveria haver jurados suficientes para que hiento é mperiosa. Qualquer
comarca.situação
A tranqüilidade
concreta na
querealização do julga-o
possa perturbar
não repetissem o mesmo grupo integrante no Conselho de Sentença em
mais de uma sessão. As comarcas menores, com certeza, teriam proble
mas com tal entendimento; contudo, evitar-se-iam algumas estratégias ^"e após toda!!!!!!' do jijii. pede pam o réu .ser absolvido. Alega para osjurados
^ozào disso (o " <-^cpiova.s não tem certeza de que o réu seja culpado e. em
Em um estudo sobre o Júri, o professor e doutor em Antropologia, Luiz Eduardo P<'<le a absóhf a pedir a condenação, muito pelo contrário)
FIGUEIRA, informa: "Segundo declarações obtidas durante conversas informais e lidade
^^^cide iiintfi ^'^8'"'do os'
promotores, ^essa ^é uma e.síratégia para obter
<Té>iruitf2,iu ftara credibi-
onier creaim-
entrevistas com promotores, para a acusação e interessante que os processos de a pedir n crf ^ mo.strar aos jurados que o promotor não está ali só
solvição sejam colocados no inicio do mês e que os de condenação sejam coloca Luiz Edini-,1,, íí . Ti ''üf é um acusador implacáveT'. FIGUEIRA,
p. 144 judiciário do Tribunal do Júri. Porto Alegre; Fabris, 2008.
mais para o fim do mês. Os processos de absolvição são aqueles cm que o proiuoto ^j
Rodrigo Faucz Pereira e Silva 64
Art. 427 65 Tribunal do Júri O Novo Rito Interpretado Art. 427

julgamento, causando instabilidade social, poderá servir de embasamento existam os inotivos que ensejaram o pedido, dando-se preferência às co
para a medida excepcional. marcas mais próximas.
A imparcialidade no julgamento é um direito fundamental,
portanto, quando houver indícios sobre a imparcialidade do júri - não
havendo necessidade de certeza ou de provas cabais ~ o desaforamento Art 427. (...)
deverá ser detenninado. § 1" O pedido de desaforamento .será distribuído imediata
Os crimes dolosos contra a vida sempre provocam diversas reações mente e terá preferência de julgamento na Câmara ou Turma
nas pessoas e na consciência da sociedade. A situação se agrava quando a competente.
mídia atua de forma sensacionalista, pré-julgando o acusado, influencian §2"Sendo relevantes os motivos alegados, o relator poderá
do toda a comunidade. Essa influência não deve ser medida somente com determinar,fundamentadamente, a suspensão do julgamento
a ampla divulgação pelos meios de comunicação, mas também por inter pelojúri.
médio da análise da parcialidade das divulgações, bem como pela possível § 3" Será ouvido o juiz presidente, quando a medida não
influência psicológica por elas exercidas na sociedade. tiver sido por ele solicitada.
Outras circunstâncias que podem influenciar na imparciali §4"Na pendência de recurso contra a decisão de pronúncia
dade dos julgadores seriam: manifestações sociais contra ou a favor do ou quando efetivado o julgamento, não se admitirá o pedido
acusado; a influência socioeconômica do acusado, da sua família e da de desaforamento, salvo, nesta última hipótese, quanto a
vitima; a condição política do acusado e da vítima; o sentimento coletivo, fato ocorrido durante ou após a realização de julgamento
entre outros. anulado.
Importante ressaltar que, quanto mais próximo o julgamento
ocorrer da data do fato, maior será o abalo da sociedade. Ou seja, se re
almente os prazos forem cumpridos dentro da nova legislação, os casos O pedido de desaforamento será encaminhado ao presidente do
de desaforamento poderão ser mais constantes - não devendo os julgado Tribunal competente - contendo a exposição de motivos e, se possível,
res desacreditarem tal circunstância. provas -, devendo ser imediatamente distribuído e, por se tratar de medida
A terceira hipótese que o presente artigo inclui, é quando há urgente, terá preferência no julgamento.
dúvidas a respeito da própria segurança do acusado. Crimes que causam O próprio juiz a quo pode - o que seria mais lógico e correto -
repulsa e indignação na população e promessas de vingança por parte da determinar a imediata suspensão do julgamento quando requerido o desa
família da vítima, não são fatos raros. A segurança do acusado e a ocor foramento por qualquer das partes, haja vista a possibilidade de deferi
rência de um julgamento tranqüilo são direitos que devem ser resguarda mento do pedido. Contudo, caso o magistrado de primeiro grau não sus
dos. Por mais que seja um dever do Estado propiciar segurança ao acusado, penda, o relator da Câmara ou Turma competente poderá determinar,
devem ser evitadas situações vexatórias e possíveis distúrbios na sessão undarnentadamente, a suspensão do julgamento, caso sejam relevantes
do julgamento. os inotivos alegados.
Podem requerer o desaforamento: (a) o Ministério Público; (b) De qualquer sorte, há expressa necessidade de o juiz presidente
o assistente de acusação;(c) o querelante;(d) o acusado, por intei^médio ser ouvido - até por se tratar da parte processual imparcial e estar em
de seu advogado, e (e) o próprio magistrado competente. O requerimento ontato direto com a comunidade. Portanto, quando não for o próprio juiz
deverá ser dirigido ao Tribunal competente e, sendo julgado procedente, que representou pelo desaforamento, o mesmo deverá ser ouvido sobre as
o desaforamento ocorrerá para outra comarca da mesma região, onde nao mcunstâncias apresentadas.
bil H H Quando o julgamento já tiver sido realizado, não haverá possi-
Sobre a imparcialidade do juiz: "O caráter cie iiiiparcialiJaJe é inseparável do cngcio ^o' ^ requerimento de desaforamento, salvo quanto a fatos sucedidos
da jurisdição. [...] A imparcialidade dojuiz é uma garanticj ''V" sessão ou após o julgamento anulado. Também não será
Por isso, têm elas o direito de e.xigir um Juiz imparctal. (...) .
Pellegrini, et ai Teoria geral do processo. 18. ed. São Paulo: Malhciros, curs' ^ ^ requerimento de desaforamento quando estiver pendente re-
p. 51-52. bilid^H^H^'^^
u e de o uacusado
decisãoser
deimpronunciado
pronúncia - isso
ou porque ainda
absolvido haveria a possi-
.sumariamente.
Supremo Tribunal Federal. HC. Relator Aldir Passarinho. RT 603/436.
Art. 428 Rodrigo Faucz Pereira e Silva 66 67 Tribunal do Júri O Novo Rito Interpretado Art. 429

Por derradeiro, convém indicar que quando o desaforamento for No lapso de 6 (seis) meses a que se refere o caput, não serão
pedido pela acusação, em decorrência do principio da plenitude de defesa
e do devido processo legal, deverá ser oportunizada à defesa a possibili •' '"l ZZdôs peja°defesa™'''''''' ^ 1""= "''"o
dade de manifestação. (2) O juiz presidente poderá atestar os motivos pelos quais o
julgarnento nao tenha sido realizado. Portanto, a decisão deverá levar em
Art. 428. O desaforamento também poderá ser determinado, consideração os iáindamentos do juiz a quo, pois, se ele indicar que não
em razão do comprovado excesso de serviço, ouvidos o juiz ha excesso de trabalho, o Tribunal poderá detenninar a imediata realiza
presidente e a parte contrária, se o julgamento não puder ção do julgamento, e, se afirmar realmente haver excesso de serviço ou
ser realizado no prazo de 6(seis) meses, contado do trânsito que a delonga rião foi causada pela parte que requereu o desaforamento
em julgado da decisão de pronúncia. este devera ser defendo.
§ 1"Para a contagem do prazo referido neste artigo, não se
computará o tempo de adiamentos, diligências ou incidentes j • - de pronuncia,
decisão ^ prazo de
ou 6decisões
(seis) meses inicia-se
posteriores queno momento
julgaram em que aa
admissível
de interesse da defesa. acusaçao, estiverem preclusas (e não "transitada em julgado" como redi-
§ 2" Não havendo excesso de serviço ou existência de pro P no caput, haja vista tratar-se de decisão interlocutória e não de sen-
cessos aguardando julgamento em quantidade que ultrapasse tcnçSy
a possibilidade de apreciação pelo Tribunal do Júri, nas
reuniões periódicas previstas para o exercício, o acusado
poderá requerer ao Tribunal que determine a imediata rea- Seção VI
lização dojulgamento. Da Organização da Pauta

Art. 424. (...) Art, 429 Salvo motivo relevante que autorize alteração na
Parágrafo único. O Trifyunal cie Apelação poderá ainda, a requerimento ordem dosjulgamentos, terão preferência:
do réu ou do Ministério Público, determinar o desaforamento. se o julga
mento não se realizar no periodo de I (um) ano, contado do recebimento
I-os acusados presos:
do libelo, de.sde que para a demora não haja concorrido o réu ou a defesa. II - dentre os acusados presos, aqueles que estiverem há
mais tempo na prisão;
O desaforamento por demora no julgamento possui algumas III - em igualdade de condições, os precedentemente pro
particularidades: (1) somente ocorrerá em razão de excesso de serviço; nunciados.
(2)deverão ser ouvidos o magistrado e a parte contrária;(3) o julgamento §1 Antes do dia designado para o primeiro julgamento da
não for realizado no prazo de 6 (seis) meses, contado da preclusão da reunião periódica, será afixada na porta do edifício do Tri-
decisão de pronúncia. unal do Júri a lista dos processos a serem julgados, obede
(1) O desaforamento somente será deferido se houver delonga cida a ordem prevista no caput deste artigo.
em razão do comprovado excesso de serviço, ou seja, quando a demora é Ojuiz presidente reservará datas na mesma reunião pe
determinada principalmente pela própria impossibilidade estrutural do Poder riódica para a inclusão de processo que tiver o julgamento
Judiciário. Caso não haja excesso de serviço ou número de processos adiado.
aguardando o julgamento em número colossal, o acusado'' poderá reque
rer ao Tribunal competente que determine a imediata realização do jul-
gamentOL "sob pena de verificação de falta disciplinar do magistrado poi eria mais racional e a interpretação fatalmente deverá ser mitigada - se a parte que
desidia" quLT.r "'W Pudesse se beneficiar. Assim, caso a acusação ou o
XmlP' deseje o desaforamento, não serão computados os
Deve ser interpretada extensivamente a possibilidade de requerimento para determi
"p diligencias ou incidentes que os mesmos tenham causados.
nação imediata de julgamento pela acusação ou o qucrelante.
o,. ^ P">'uincia consiste em uma decisão interlocutória porque decide uma
STOCO, Rui. Garantias asseguradas nos julgamentos de processos da competência do encerr^JT'' "'f admi.ssivel ou não a acusação -, .sem pôr ftm ao processo,
Tribunal do Júri (a constitucionalização do processo penal). Boletim IBCCrim. São Álvaro A j"'-" acusação - e iniciando outra -juizo da causa". AQliINO,
Paulo, n. I88,jul.2n08, p. 28.
Janeirr, ILumen Júris,
Janeiro: Sagulo Borges
2004. p. 47.de. A função garantidora da pronúncia. Rio de
68 69 Tribunal do Júri - O Novo Rito Interpretado
Art. 430 Rodrigo Faucz Pereira e Silva
Art. 433

Art. 430. O assistente somente será admitido se tiver reque O § 2" indica que deverão ser reservadas datas para a realização
rido sua habilitação até 5(cinco) dias antes da data da sessão na reunião, de julgamentos que porventura sejam adiados - ou aue te
na qual pretenda atuar. nham sido adiados. ^
Art. 431. Estando o processo em ordem, o Juiz presidente ,bilitação
... .. era de
redação revogada, o prazo parana
o assistente requerer suaCom
ha
mandará intimar as partes, o ofendido, se for possível, as 3 (três) dias antes da sessão qual pretendia atuar.
testemunhas e os peritos, quando houver requerimento, para o novo texto, o assistente de acusação somente poderá atuar em plenário
a sessão de instrução e julgamento, observando, no que caso tenha requerido 5 (cinco) dias antes da data do julgamento Todavia
couber, o disposto no art. 420 deste Código. parece-nos desnecessário o requerimento de habilitação daqueles que iá
estejam intervindo regularmente no processo.
An. 431. Salvo motivo de interesse público que autorize allera<,ão na Após a organização da pauta, com a definição das datas das ses
ordem dojulgamento dos processos, terão preferência: sões e estando o processo em ordem para o julgamento, o magistrado
I- os réus presos; mandara intimar para a sessão de julgamento as partes, a vítima (se for
II- dentre os presos, os mais antigos na prisão; possível), as testemunhas de acusação e de defesa e os peritos e assisten
III - em igualdade de condições, os que tiverem sido pronunciados há tes técnicos (caso tenha havido requerimento).
mais tempo. ,
Art. 432. Antes do dia designado para o primeirojulgamento, será afixada
na porta do edifício do tribunal, na ordem estabelecida no ariigo anterior, Seção Vil
a lista dos processos que devam serjulgados. Do Sorteio e da Convocação dos Jttrados
Art. 447. (...)
Parágrafo único. A intervenção do assistente no plenário de julgamento
será requerida com antecedência, pelo menos, de 3(três) dias, salvo seja Art, 432 Em seguida à organização da pauta, o juiz presi
tiver sido admitido anteriormente. dente determinará a intimação do Ministério Público da
Urdem dos Advogados do Brasil e da Defensoria Pública
Não houve inovação, salvo a criação da própria seção para me para acompanharem, em dia e hora designados, o sorteio
lhor organização sistemática do texto, relativo à ordem de preferência dos aosJttrados que atuarão na reunião periódica.
julgamentos. Dessa forma, continua a ter preferência, quando o processo Art. 433. O sorteio, presidido pelo juiz, far-se-á a portas
estiver em ordem e preparado.para ser julgado:(1)o acusado preso;(2)se abertas cabendo-lhe retirar as cédulas até completar o nú
houver mais de um acusado preso, aquele que estiver há mais tempo so mero de 25(vtnte e cinco)jurados, para a reunião periódica
frendo privação de liberdade, e (3) em igualdade de condições, aquele ou extraordinária.
que tiver sido pronunciado há mais tempo. rca/tíiífo entre o 15"(décimo quinto) e o
Em obediência ao princípio da publicidade^', deverá ser afixa t u (decimo)^ dia útil antecedente à instalação da reunião.
da no edital do edifício do Tribunal do Júri, a lista dos processos a serem .9 2 A audiência de sorteio não será adiada pelo não com-
juígados naquela reunião periódica. A afixação devera ocorrer, ao meno , parectmento das partes.
um dia antes do primeiro julgamento. Na lista, habitualmente, consta o sorteado poderá ter o seu nome nova-
nome do acusado, o nome de quem atuará na defesa e na acusaçao, mente incfuido para as reuniões futttras.
assistente (se houver), o número de testemunhas de defesa e de
o número do processo. Em algumas comarcas, ainda ha menção ao enq
dramento típico e à data dos fatos. do.(2! dojun far-se-á mediante edital, depois do sorteio
^e-á no ''"f "frem de .servir na se.s.são. O .sorteio far-
P*isamcnín n ^ (àez) a 15 (quinze) dias antes do primeiro
•'Encontra previsão constitucional nos arts. 5", LX, XXXIII, e 93, IX, daC ^ '' TeaPórios o que
Federal. Quer dizer que os atos processuais devem ser realizados ^ „e
vista de quem queira acompanhá-los, sem segredos e sem sigiUr jihciiTie ''eaiizaPs,,'PP Em termo que não for sede de comarca, o sorteio poderá
permite o controle social dos atos e decisões do Poder Judiciário . O 42ft o presidência dojuiz do termo.
dc Souza. Manual de processo pena! e execução penal. 2. ed. Sao Paulo. Re onòs tira?-^f
a Uma ^c/al asacédulas
portas abertas, e um menor
com os nomes de 18 (dezoito)
dosjurados, as quais
Tribunais, 2006. p. 83.
Art. 434 Rodrigo Faucz Pereira e Silva 70 Tribunal do Júri O Novo Rito Interpretado
Art. 436
serão recolhidas a outra urna, ficando a chave respectiva em poder do Art. 429. Concluído o sorteio, ojuiz mandará expedir desde tom o editnt
juiz, o que tudo será reduzido a termo pelo escrivão, em livro a es.sefim a que se refere o art. 427, dele constando o dia 'em i
destinado, com especificação dos 21 (vinte e um)sorteados. o conutc nominal aosjurados .sorteados para comparecerem soh as ne
rfn dos
çao In jiii
'ados,
^ dos reus '"'"''ém as diligências nece.ssárias para intinia-
e das testemunhas.
Quando da realização do sorteio dos jurados para atuarem na
reunião periódica, o magistrado determinará que sejam intimados o Mi ^r^p^,i^!on^ÍiÍ^'' "-ibunale publicado peta
nistério Público, a subseção local da Ordem dos Advogados do Brasil (ou § 2° Entender-se-á feita a intimação quando o oficial de justiça deixar
seção, caso seja na Capital estadual ou em locais em que não haja subse
ções), a Defensoria Pública (onde há), para que acompanhem, indicando
o dia e a hora designados. E de bom alvitre que as partes efetivamente
compareçam, contudo não é obrigatório, sendo que a falta de qualquer Importante e acertada modificação legislativa no art 434 Os iu-
das partes acima indicadas não é motivo para o adiamento do sorteio nem rados poderão ser intimados, via correio ou por qualquer outro meio hl
nulidade do ato. bil, a comparecer no dia e hora designados para a reunião.
Aumentou-se o número de 21 (vinte e um) jurados sorteados Anteriormente, fazia-se necessária a intimação por Oficial de
para 25 (vinte e cinco), com o intuito de evitar que adiamentos ocorram
por falta de quorum mínimo para instalação da sessão - que é de 15 Sconv^lícaçãa '^^«"ecessários e, principalmente, retar-
(quinze) jurados, conforme o art. 463. Contudo nada impede, como de Quando o texto se refere a 'fonvocados pelo correio ou nor
fato acontece em diversas comarcas, o sorteio de um número ainda maior qitalquer outro meto habiC, deve-se entender como meios que possil^li-
de jurados - prática que reduz a possibilidade de adiamentos por não tem a conferência do efetivo recebimento por parte dos jurados^" não
atingir o número mínimo de jurados.
A redação antiga possibilitava a escolha da data do sorteio, en LtSigtõeT coilhemmento":
tretanto, agora, este deverá ser realizado entre 15 (quinze) e 10 (dez) dias
úteis antecedentes á data do julgamento. iurados" Processo Penal referente à "função dos
O jurado que for sorteado não poderá ter seu nome incluído nas rísticas direTtn. p í' '"^cusas, caracte-
reuniões futuras. Aqui há uma diferenciação com o § 4" do art. 426, pois,
íára ir . junto
ser transcrita conseqüências para osenviada
com a convocação jurados aos
quejurados.
o exercerem - deve
neste último caso, se algum jurado tiver integrado o Conselho de Sentença
nos 12(doze) meses anteriores, ficará excluído da lista geral - determina vocaHn. 2 Convocação, constando a relação dos jurados con-
ção válida quando da elaboração da lista geral. Já no § 3" do art. 433, Júri Nesse"^dhal tamh''- P^rum ou do Tribunal do
veta-se que o jurado sorteado - independentemente de ter integrado o rem ii.S «ambem deverão constar os nomes dos acusados a se-
Conselho de Sentença - tenha seu nome incluído nas reuniões futuras do dia.ilorfe locaTdãs "esSef"• " P"""» d-julgamento -
mesmo ano. Portanto, somente aqueles que não forem sorteados, poderão
(faculdade) ter seus nomes incluídos para as futuras reuniões.
Seção VIII
Art. 434. Os jurados sorteados .serão convocados pelo cor Da Função do Jurado
reio ou por qualquer outro meio hábil para comparecer no
dia e hora designados para a reunião, sob as penas da lei.
Parágrafo único. No mesmo expediente de convocação serão
transcritos os arts. 436 a 446 deste Código.
mmff?'pn-lço do Júri é obrigalório. O oUsiamemo
Art. 435. Serão afixados na porta do edifício do Tribunal do
Júri a relação dosjurados convocados, os nomes do acusa
do e dos procuradores das partes, além do dia, hora e local Por ^
das sessões de instrução ejulgamento. re'os,''cOTreinTH/í° correspondência com Aviso digital
de Recebimento (AR)de
pelosrecebi-
cor-
■"cnto, entreiitros"'^'^ eletrônica com certificação e comprovante
Art. 436 Rodrigo Faucz Pereira e Silva 72 73 Tribunal do Júri O Novo Rito Interpretado Art. 437

§ I" Nenhum cidadão poderá ser excluído dos trabalhos do Justamente por ser um serviço público obrigatório, caso o jura
jítri ou deixar de ser alistado em razão de cor ou etnia, raça, do se recuse injustifícadainente a participar, será multado no valor equi
credo, sexo, profissão, classe social ou econômica, origem valente entre um e dez salários mínimos. Depreende-se da redação qi?e o
ou grau de instrução. JUIZ devera ter sensibilidade e razoabilidade na aplicação da muUa T
§ 2" A recusa injustificada ao serviço do júri acarretará vendo levar em consideração a situação econômica do jurado.
muita no valor de I (um) a 10 (dez) salários mínimos, a
critério do juiz, de acordo com a condição econômica do Art. 437. Estão isentos do serviço dojúri:
jurado. l~o Presidente da República e os Ministros de Estado;
II- Oí Governadores e seus respectivos Secretários;
Ari. 434. O serviço cio júri será obrigatório. O alistamento compreenderá III - os membros do Congre.s.so Nacional, das A.tsembléias
os cidadãos maiores cie 21 (vinte e um) anos, isentos os maiores de 60
(sessenta).
Legislativas e das Câmaras Distrital e Municipais;
IV ~ os Prefeitos Municipais;
V-os Magistrados e membros do Ministério Público e da
Por ser um serviço público relevante e uma forma de participa Dejensorta Publica;
ção popular na administração da justiça, o serviço é obrigatório.
Foi alterada a idade mínima para ser alistado: de 21 (vinte e e^^7
da 7 Poder Judiciário, do Ministério Público
Dejensorta Publica;
um) anos para 18 (dezoito). Já se observava no cotidiano forense a per Vil - as autoridades e os servidores da policia e da .sestt-
missão para menores de 21 anos participarem do júri. Isso estava sendo rança publica; ^
justificado com o advento do novo Código Civil - capacidade jurídica VIII- os militares em serviço ativo;
plena aos 18 anos. IX- os cidadãos maiores de 70 (setenta) anos que requei
Contudo tal justificativa não poderia ser considerada plena ram .sua dtspema; ^
mente. Os diversos modelos de júri pelo mundo mostram que a idade X- aqueles que o requererem, demonstrando justo impedi
mínima para participar do júri não está diretamente relacionada à capaci mento. ^
dade civil^^.
No inc. IX do artigo- seguinte, alterou-se a desobrigação da lei serão e.scoihido.s dentre cidadãos de notória idonei-
anterior (a qual isentava do serviço dos júris os maiores de 60 [sessenta]
anos) para 70 (setenta) anos - desde que a requeiram. Parágrafo único. São isentos do serviço doJúri:
De acordo com o princípio da igualdade e da isonomia, nin I~o Presidente da República e os ministros de Estado;
guém poderá ser excluído ou deixar de ser alistado "ew razão de cor ou
etnia, raça, credo, sexo, profissão, classe social ou econômica, origem ou
'L do Destruo Federal e•"'^'■"entores
feito1 de E.stados
.seus re.spectivos ou Territórios o pre
secretários;
grau de instrução". Essa redação não tem somente o magistrado como mii 7 7" ''f Nucionai do Conselho de Economia Nacio-
destinatário, como também as instituições e entidades que tenham sido enau77, Legislativas
^^igiianfo durarem suas reuniões; dos Estados e das Câmaras Mutiicipai.s.
requisitadas a indicar pessoas que possuam condições de exercer a função tV-osprefeitos municipais;
de jurado (art. 425,§ 2")^'*. V- os magistrados e órgãos do Ministério Público:
VI-os serventuários e funcionários daJustiça:
Na França os jurados devem ser maiores de 23 anos, na Alemanha a idade mínima e ^úblim '^' ("1'oridades e funcionários da Polícia e Segurança
de 25 anos, na Inglaterra devem ter mais de 21 anos. VIII-os militares em .serviço ativo;
''Art. 425. (...) §2". O Juiz presidente requisitará às autoridades locais, associações
de ciasse e de bairro, entidades associativas e culturais, instituições cie ensino em ge """ função pública e provem que. em
ral, universidades, sindicatos, repartições públicas e outros núcleos comunitá> ios" dificif "^""V-^tica.s. o serviço do Júri lhes é particularmente
indicação de pe.'isoas que reúnam as condições para exercer a função de jurado .
Art. 437 Rodrigo Faucz Pereira e Silva 74 75 Tribunal do Júri O Novo Rito interpretado
Art. 438

X - por I (um) ano. mediante requerimento, os que tiverem efetivamente Desta sorte, o juiz poderá isentar aqueles que requererem, anali
exercido a função dejurado, salvo nos lugares ottde tal isenção possa re sando a situaçao concreta apresentada pelo jurado em particular, utilizando-
dundar em prejuizo do serviço normal dojtiri; se, principalmente, do bom senso.
XI- quando o requererem e ojuiz reconhecer a necessidade da dispensa:
a)os médicos e os ministros de confissão religiosa: •k i vj^^'^ diante do°requerimento^dotransformou-se
possibilidade não efetivamente
jurado que tivesse somente em
h) os farmacêuticos e as porteiras. exercido a função, mas sim em regra obrigafória. O art. 426, 8 4" imnossi-
bihta os jurados que tiverem integrado o Conselho de Sentença no ano
As isenções constantes nesse artigo são, via de regra, imperiosas, anterior, de fazer parte da lista geral dos jurados no ano consecutivo.
não havendo possibilidade de que as pessoas elencadas siivam como
juradas. Dessa forma, o legislador contemplou pessoas investidas em deter
minadas funções que não podem se ausentar de seus cargos — até para do Júri fundada em convicção
trabalhar no júri durante um ou mais dias inteiros -, e outras que, pelas religio.sa, filosófica ou política importará no dever de prestar
funções que exercem, estariam, de certa forma, propensas a aceitar mais serviço alternativo, sob pena de suspensão dos direitos polí
facilmente os argumentos de acusação ou de defesa. ticos, enquanto não prestar o serviço imposto.
Ademais, o júri é '"incompatível com popitlismos eleitorais e §^ Entende-se por serviço alternativo o exercício de ativi
interesses poHticos"^^. dades de caráter administrativo, a.ssi.stencial, filantrópico ou
Ressalte-se que não poderão servir membros ou servidores do mesmo produtivo, no Poder Judiciário, na Defensoria Pú
Poder Judiciário, Ministério Público ou Defensoria Pública, silenciando- blica, no Ministério Público ou em entidade conveniada
para esxesJins.
se a respeito de advogados. Da mesma forma que, não somente membios, §2 O juiz fixará o serviço alternativo atendendo aos prin-
mas até servidores dos órgãos citados acima possuem predisposição à cipios da proporcionalidade e da razoabilidade.
acusação ou à defesa, é inegável que os advogados, de uma maneira ge
ral, possuem inclinação natural à defesa — inclusive pelo condiciona
mento da análise fática derivada de sua experiência jurídica. Art. 435. A recusa ao serviço Jo júri, motivada por convicção religio.sa
Portanto, mesmo não havendo disposição expressa em relação à
isenção do serviço do júri aos advogados, estes deverão ser dispensados çõoalTiTç^^h)'''^''' dos direitos políticos (Constitui-
se assim requererem, de acordo com o inc. X, por se tratar, em tese, da
própria atividade da advocacia como "justo impedimento".
""Às mulheres que não exerçam função piiblica e provem que, ^ estabelecia que a recusa ao serviço do júri, por
em virtude de ocupações domésticas, o serviço do júri lhes é particulai- direún^^^Vr j ^!°®óficas ou políticas, poderia levar à perda de
menle dijicir, ""os médicos e os ministros de conjissão religio.sd'" e ""os tu cão Hri recepcionado pela Consti-
farmacêuticos e as parteira.sj anteriormente eram contemplados expressa ind^víduL ° seguinte texto entre os direitos e garantias
mente pela possibilidade de serem isentos do serviço do júri. Contudo a
supressão dos incs. IX e XI somente deixou de dispor textualmente tais
possibilidades, abrangendo, ainda, no inc. X, outras profissões e funções Art. 5 . VIU - mnguem será privado de direitos por motivo de crença religio
que poderão requerer sua dispensa. sa ou de convicçãofilosófica ou política, .salvo .se as invocar para e.ximir-se
ae ohi igaçao legal a todos mpo.sta e recusar-.se a cumprir prestação alterna-
Acertada tal decisão do legislador, uma vez que a situação de iiva, fi.xada em lei. r r- v
dispensa - isenção - deveria ser analisada pelo magistrado. Portanto, era
indevido um rol taxativo de "profissões"(ou situações), que não mais se
adequava à realidade e às transformações da sociedade. ^fnanrlri ^'^ta dessa garantia individual, o artigo foi modificado coa-
e texto ^ ordem constitucional, de sorte a não somente respeitar
tação Hr. serviço alternativo.
V o do também regulamentar, mesmo sucintamente, a pres-
SILVA, Ivan Luís Marques da. Reforma processual penal de 2008. São Paulo: RT'
2008. p. 123.
Rodrigo Faiicz Pereira e Silva 76 77 Tribunal do Júri O Novo Rito Interpretado
Art. 439 Art. 442

Dessa forma, a recusa da prestação do serviço do júri, quando divido em duas vertentes:(1)os que entendem ser "jurado efetivo" quem
fundada em verdadeiras convicções religiosas, filosófica ou políticas, teiá
fez parte, ao menos uma vez, do Conselho de Sentença; (2) os que
como conseqüência a obrigatoriedade, por parte do jurado, de pres acreditam ser "jurado efetivo" aqueles que foram sorteados e compare
tar serviço alternativo.
ceram à sessão, mesmo não tendo integrado o Conselho de Sentença.
Expressa-se no § 1" o que se entende por serviço alternativo, De acordo com o art. 463, os trabalhos serão instalados quando
que deve ser fixado pelo magistrado considerando os piincipios da pro cotiiparecerem, ao menos, 15 (quinze) jurados. Com isso o pregão será
porcionalidade e razoabilidade realizado, o juiz esclarecerá a respeito dos impedimentos, suspeições e
incompatibilidades, bem como os jurados serão advertidos sobre a inco-
municabilidade. Assim, os jurados que ali estão - perfazendo o número
Art. 439. O exercício efetivo da função de jurado comíituirá mínimo-, além de se tomarem verdadeiras condições essenciais para a
serviço público relevante, estabelecerá presunção de ido instalação dos trabalhos, estão fazendo parte do julgamento. Tanto é que
neidade moral e assegurará prisão especial, em caso de estarão sendo analisados para posteriores recusas e, não participando
crime comum, até ojulgamento dejinitivo. desta sessão, poderão participar de outra da mesma reunião.
Art. 440. Constitui também direito do jurado, na condição Nesse diapasão, os jurados que não forem sorteados para o jul
do art. 439 deste Código, preferência, em igualdade de con gamento, como aqueles que foram recusados pela acusação ou pela defe-
dições, nas licitações públicas e no provimento, mediante sa, ficam, em regia, à disposição da justiça, ao menos até a instrução em
concurso, de cargo ou função pública, bem como nos ca.ws Plenário, quando são dispensados. Ou seja, algumas vezes, chegam a
de promoção funcional ou remoção voluntária. ficar a manha inteira no Plenário - freqüentemente por causa de atrasos
das partes envolvidas no julgamento não podendo desenvolver suas
Art 437. O exercício efetivo da função de jurado constituirá .serviço atividades normais.
público relevante, estabelecerá presunção de idoneidade moral e a.ssegu- Pelo exposto e, principalmente, pela necessidade de os jurados
rará prisão especial, em caso de crime comum, até o julgamento defuti- comparecerem à abertura dos trabalhos, sendo eles parte essencial do
tivo, bem como preferência, em igualdade de condições, nas concorrên
cias públicas. momento inicial do julgamento, deve ser entendido como tendo "exer
cício efetivo da função de jurado" aquele jurado que compareceu à
sessão determinada, embora não tenha sido sorteado para aquele julga
Os arts. 439 e 440 ampliaram os "benefícios" de quem exerce mento especifico ou tenha sido recusado pela acusação ou defesa.
efetivamente a função de jurado. Agora, além de o exercício efetivo
constituir serviço público relevante, estabelecer presunção de idoneidade Art. 441. Nenhttm desconto será feito nos vencimentos ou
moral, assegurar prisão especial e preferência, em igualdade ^de condi salário dojurado sorteado que comparecer à sessão dojúri.
ções, nas licitações publicas, o jurado também terá preferência, em
igualdade de condições, no provimento, mediante concurso, de cargo Art. 442. Aojurado que, sem causa legítima, deixar de com
ou função pública, e nos casos de promoção funcionai ou remoção parecer no dia marcado para a sessão ou retirar-se antes de
voluntária. .ser dispen.sado pelo presidente será aplicada multa de I
Buscou-se, dessa forma, privilegiar a função do jurado, pois se (um)a 10(dez)salários mínimos, a critério dojuiz, de acor-
do com a sua condição econômica.
trata de serviço público relevante.
Contudo cabe aqui destacar o significado da expressão '"exercí
cio efetivo da função de jurado". A doutrina e a jurisprudência têm se Art. 443. O jurado que, sem causa legitima, não comparecer, incorrerá
na multa de cem mil-réis por dia de .se.s.xão realizada ou não realizada por
Jaita de número legal até o término da sessão periódica.
Convém lembrar a sugestão de Ivan Luis Marques da SILVA:'\4tendendo os criteiios ^f O juiado incorrerá em mídta pelo simples fato do não-compare-
da proporcionalidade, sugerimos ao juiz que fixe o prazo do serviço alternativo " ctmento, independentemente de ato do presidente ou termo especial.
rante o mesmo período que durar a sessão. Quando osjurados pararem para almoo'' § 2 Somente .serão aceitas as escu.sas apresentadas até o momento da
o cidadão que estará prestando o serviço alternativo também o fará. Se ambosjou^^ c amada dosjurados e fundadas em motivo relevante, devidamente com
concomitantes, escusas mentirosas serão mais raras de acontecer . SILVA,Ivan i provado.
Marques da. Reforma processual penal de 2008. São Paulo: RT. 2008, p. 125.
Art.443 Rodrigo Faucz Pereira e Silva 78 Tribunal do Júri - O Novo Rito Interpretado Art. 447

§3"Incorrerá na mutía de trezentos mil-réis o Jurado que. tendo compa A dispensa deve ser analisada e decidida fundamentadamente
recido. se retirar antes de dispensado pelo presidente, observado o dis pelo juiz presidente, ficando consignada na ata dos trabalhos.
posto no § l". parte Jinal.
§4"Sob pena de responsabilidade, o presidente só relevará as multas em Art. 445. Ojurado, no exercício da função ou a pretexto de
que incorrerem os jurados faltosos, se estes, dentro de 4S (quarenta e exercê-la, será responsável criminalmente nos mesmos ter-
oito) horas, após o encerramento da .sessão periódica, oferecerem prova mos em que o são osjuizes togados.
de justificado impedimento.
An. 444. As multas em que incorrerem os jurados serão cobradas pela
Fazenda Pública, a cujo representante o juiz remeterá no prazo de 10 Art. 438. O.sjunido.K serão responsáveis criminalmente. nos mesmos termos
(dez) dias, após o encerramento da ses.são periódica, com a rela<.ão dos em que o .são osjuizes de oficio, por concus.são. corrupção ou prevaricação
jurados multados, as certidões das atas de que constar o jato, as quais, (Código Penal. arts. 316. 317. sS*"' l"e 2". e 319).
por ele rubricadas, valerão como título de divida líquida e certa.
Parágrafo único. Sem prejuízo da cobrança imediata das multas, será Conseqüência natural de os jurados serem "juizes de fato", jui
remetida cópia das certidões à autoridade fiscal competente para a inscri zes naturais tio julgamento de crimes dolosos contra a vida, quando do
ção da divida.
exercício da função ou a pretexto de exercê-la, é que eles serão responsá
veis criminalmente da mesma forma que os juizes de carreira.
Como não poderia deixar de ser diferente, os jurados sorteados O novo texto não delimitou a responsabilidade criminal aos
- de acordo com o art. 433 - que comparecerem à sessão do júri não po crimes de conciissão, corrupção e prevaricação, sendo possível a imputa-
derão ter seus salários ou vencimentos descontados. ção por outros fatos típicos cometidos. Observe-se que o jurado, no exer
Repare, mais uma vez, que se trata dos jurados sorteados para a cício da função, é um funcionário público e poderá, inclusive, ser res
sessão - e que comparecerem. Ou seja, não importa se fizeram parte do ponsabilizado por crimes praticados por funcionários públicos contra a
Conselho de Sentença, se foram recusados pela acusação ou pela defesa, Administração.
se estavam impedidos, suspeitos, ou se não foram sorteados para a parti
cipação no julgamento. De qualquer sorte, não poderão ser etetuados ArL 446. Aos suplentes, quando convocados, serão aplicá
descontos em seus salários ou vencimentos. veis os dispositivos referentes às dispensas, faltas e escusas
Justamente por ser um serviço público obrigatório, caso o jura e à equiparação de responsabilidade penal prevista rio
do deixe de comparecer à sessão sem motivo legítimo, ou retirar-se antes art. 445 deste Códipo.
de ser dispensado pelo juiz presidente, será multado no valor equivalente
entre um e dez salários mínirnos. Depreende-se da redação que o juiz Em não havendo o número mínimo de 15 (quinze)jurados para
deverá ter sensibilidade e razoabilidade para aplicar a multa, devendo a instalação dos trabalhos, deverão ser sorteados suplentes em número
levar em consideração a situação econômica do jurado. necessário para atingir tal número, sendo, subseqüentemente, designada
nova data para a sessão do júri.
ArL 443. Somente será aceita escusa fundada em motivo Dessa maneira, os suplentes convocados assumem material-
relevante devidamente comprovado e apresentada, ressal niente a condição de jurados e, como tais, ficam sujeitos aos mesmos
vadas as hipóteses de força maior, até o momento da cha ispositivos legais, inclusive no que se refere a faltas, escusas, dispensas
mada dosjurados. e responsabilidade criminal.
Art. 444. O jurado .somente será dispensado por decisão
motivada dojuiz presidente, consignada na ata dos trabalhos.
Seção IX
Para que o jurado seja dispensado, deverá haver motivo signifi Da Composição do Tribunal do Júri e da Formação
do Conselho de Sentença
cativo. Além disso, sempre que possível, o motivo deve ser demonstrado
por intermédio de provas, preferencialmente documentos (declarações, Art. 447. O Tribunal do Júri é composto por 1 (um)juiz to
atestados, etc.). Não basta a simples afirmação de que não poderá fazer gado,.seu presidente e por 25(vinte e cinco)jurados que serão
parte do julgamento.
Art. 448 Rodrigo Faucz Pereira e Silva 80 81 Tribunal do Júri O Novo Rito Interpretado Art. 449

sorteados dentre os alistados, 7(sete) dos quais constituirão O art. 448 traz um rol exaustivo, impedindo que familiares sirvam
o Conselho de Sentença em cada sessão dejulgamento. no mesmo Conselho. Lembra que o impedimento é válido para o Conselho
e não vale para que familiares integrem o órgão do Tribunal do Júri.
Art. 433. O Tribunal do Júri compõe-se de um juiz de direito, que é o seu
O rol não foi modificado de sua antiga redação, contudo no
presidente, e de vinte e um jurados que se sortearão dentre os alistados, § 1 , em consonância com a Constituição e o Código Civil, dispõe qiie o
sete dos quais constituirão o conselho de sentença em cada sessão de jul impedimento será considerado para aqueles que mantenham união estável
gamento. reconhecida como entidade familiar. Portanto, os parentescos arrolados
nos incisos valerão para aqueles que mantenham união estável.
Já o parágrafo segundo estende a inteipretação de impedimentos
O órgão do Tribunal do Júri é composto por 26 (vinte e seis) suspeição e incompatibilidades dosjuizes togados"(arts. 252 e ss.)aosjui-ados.'
integrantes. O magistrado, juiz de carreira, é o presidente do instituto, o
qual possui as atribuições constantes no art. 497 do CPP. Art. 449. Não poderá servir o jurado que:
Os outros 25 (vinte e cinco) integrantes são os juizes leigos, I - tiver funcionado em julgamento anterior do mesmo pro
sorteados conforme o indicado no art. 433 (supra) da lista geral de jura cesso. independentemente da causa determinante do julga
dos(CPP, art. 425). mento posterior;
Contudo, conforme explanação anterior", algumas comarcas II - no caso do concurso de pessoas, houver integrado o
sorteiam um número maior de jurados. Nesse caso, o órgão do Tribunal Conselho de Sentença qite julgou o outro acusado;
do Júri será composto por todos os sorteados, mais o juiz togado. 711 ~ tive! manifestado prévia disposição para condenar ou
absolver o acusado.
Entre os sorteados da lista geral de jurados, 7 (sete) deles - por
intermédio de sorteio (art. 467)- constituirão o Conselho de Sentença em
cada sessão de julgamento. Além do rol apresentado no artigo anterior, não poderá servir o
jurado que tiver atuado em julgamento anterior do mesmo processo".
Art. 448. São impedidos de servir no mesmo Conselho: VPP, art. 252. O Juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que: I - tiver
I- marido e mulher; Juncionado seu cônjuge ou parente, consangüineo ou afim, em linha reta ou colateral
II- ascendente e descendente; ate o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público,
III-sogro e genro ou nora;
autoridade policial, auxiliar dajustiça ou perito: II ele próprio houver de.sempenhado
qualquer des.sa.s funções ou .servido como testemunha: III - tiver funcionado como juiz
IV- irmãos e cunhados, durante o citnhadio; de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão: IV ele
V- tio e sobrinho; proprio ou seu cônjuge ou parente, consangüineo ou afim em linha reta ou colateral até
o terceiro grau. inclusive, for parte ou diretamente interessado nofeito. Art. 254. O juiz
VI-padrasto, madrasta ou enteado. dar-se-ápor suspeito, e, .se não a fizer, poderá .ser recusado por qualquer das partes ■ I - se
§ 1" O mesmo impedimento ocorrerá em relação às pessoas for amtgo intimo ou inimigo capital de qualquer deles: II - .se ele, seu cônjuge, a.scen-
que mantenham união estável reconhecida como entidade dente ou descendente, estiver respondendo a proces.so por fato análogo, sobre cujo ca-
familiar. later cnmuio.so haja controvérsia: III - .se ele, .seu cônjuge, ou parente, consangüineo,
<>u ajm ate o terceiro grau, inclusive, su.stentar demanda ou responder a proces.so que
§ 2" Aplicar-se-á aos jurados o disposto sobre os impedi- tenha de .serjulgado por qualquer das partes: IV - se tiver aconselhado qualquer das
mentos, a sitspeição e as incompatibilidades dos juizes togados. partes: V~ .se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes: VI - se
.lor socio, acionista ou administrador de sociedade intere.s.sada no proce.sso. Art. 255. O
impedimento ou suspeição decorrente de parente.sco por afinidade cessará pela di.s.solu-
Art. 462. São impedidos de servir no mesmo conselho marido e mulher, çao o casamento que lhe tiver dado causa, salvo .sobrevindo descendentes: mas, ainda
ascendentes e descendentes, sogro e genro ou nora, irmãos, cunhados, tpce issolvido o casamento sem descendentes, não funcionará como juiz o sogro, o pa-
durante o citnhadio, tio e sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado. '"asto, o cunhado, o genro ou enteado de quem for parte no processo".
do''rpp"""i^""®® impedimento
• 4rr. 252. O do próprio
juiz não poderá magistrado
exercer constante
jurisdição no ine.emIIIque:
no processo do art.
[...]252,
III
,. Itytt-itmfão como juiz de outra instância, pronunciando-se. de fato ou de di-
Vide comentários ao art. 433.
'mto..sobre a que.stãio".
82 83 Tribunal do Júri O Novo Rito Interpretado Art. 455
Art. 450
Rodrigo Faucz Pereira e Silva
verá haver aceitação das partes, e os integrantes do Conselho deverão
indeDendentemente da causa determinante do segundo julgamento - po proferir novo compromisso.
sitivado o entendimento jurisprudencial majoritário quando da vigência
da antiga lei. . . . ■
No caso de concursos de agentes, se o jurado houver integrado Seção X
Da reunião e das sessões do Tribunal do Júri
o Conselho de Sentença que julgou o outro
manifestado previamente sobre a condenação ou absolvição terindo a
garantia da imparcialidade também deverá ser impedido de servir na Art. 453. O Tribunal do Júri reunir-se-á para as sessões de
sessão de julgamento. instrução e julgamento nos períodos e naforma estabelecida
pela iei local de organizaçãojudiciária.
454. Até o momento de abertura dos trabalhos da sessão,
Art. 450. Dos impedidos entre si por parenteseo oii relação o juiz presidente decidirá os casos de isenção e dispensa de
de convivência, servirá o que houver sido sorteado em pri jurados e o pedido de adiamento de julgamento, mandando
meiro lugar. ^ consignar em ata as deliberações.
Art. 451. Os jurados excluídos por impedimento, suspeiçao
ou 'incompatibilidade serão considerados para a constitui
ção do número legal exigivelpara a realizaçao da sessão. Trata a presente seção sobre as diligências e situações que podem
ocorrer antes de instalados os trabalhos e, por conseguinte, o julgamento.
Art. 452. O mesmo Conselho de Sentença poderá conhecer A regulamentação a respeito da ausência das partes envolvidas
de mais de um processo, no mesmo dia, se as partes o acei no procedimento - acusação, defesa, testemunhas, acusado, jurados -,
tarem, hipótese em que seus integrantes deverão prestar torna-se importante para que não haja desobediência a direitos funda
novo compromisso. —
mentais.
Antes da abertura dos trabalhos, o magistrado deverá ponderar e
Art. 458. (...) , ., decidir sobre os casos de isenção e dispensa de jurados e eventuais pedi
§ 2" Dos impedidos entre si por parentesco servtra o qne hoiivei sido dos de adiamento do julgamento. As decisões, fundamentadas, deverão
sorteado em primeiro lugar.
ser consignadas em ata.
Art. 459. Osjnrados e.xclnidos por impedimento ou .suspeiçao .serão com- i
pulados para a constituição do número legal.
Ari. 463. O mesmo con.selho poderá conhecer de mais de um Art. 455. Se o Ministério Público não comparecer, o juiz
mesma .sessão dejulgamento, se as partes o aceitarem: mas pi estai a cada presidente adiará o julgamento para o primeiro dia desim
vez novo compromisso.
pedido da mesma reunião, cientificadas as partes e as tes
temunhas.
Quando da realização do sorteio para a Parágrafo único. Se a ausência não for justificada, o fato
tegrantes do Conselho de Sentença, existindo causa de impediment será imediatamente comunicado ao Procurador-Geral de
os próprios jurados, aquele que for sorteado por primeiro sei-vira no jul Justiça com a data designada para a nova sessão.
gamento. -.^prn
Privilegiando, principalmente, as comarcas o 448. Se. por motivo de força maior, não comparecer o órgão do
de habitantes, onde reunir jurados pode ser uma j ,ação Mini.iterio Público, o presidente adiará ojulgamento para o primeiro dia
intuito de evitar adiamentos por falta do numero mínimo desimpedido, da mesma sessão periódica. Continuando o órgão do Mi
Sa sessão, aqueles jurados que forem exchiidos em dec^ nistério Público impo.isibilitado de comparecer, funcionará o sub.stituto
legal, se houver, ou promotor ad hoc.
dimento, suspeição ou incompatibilidades, serão considtrad P Parágrafo único. Se o órgão do Ministério Público deixar de comparecer
para a constituição do número legal exigivel(quinze). sem e.scusa legitima, .será igualmente adiado ojulgamento para o primeiro
Em caráter excepcional, não é vedado ao rnesmo IO desimpedido, nomeando-se, porém, desde logo, promotor ad hoc. caso
Sentença servir em mais de um processo no mesmo dia. Nesse caso, nao haja substituto legal, comunicado o fato ao procurador-geral.
Rodrigo Faucz Pereira e Silva 84 85 Tribunal do Júri
Art. 456 O Novo Rito Interpretado
Art. 457

O Ministério Público é o órgão legitimado constitucionalmente § r Se .se tratar de crime ajiançável, e o não-comparecimento do réu
ocorrer .sem motivo legitimo,jar-se-á oJulgamento ã sua revelia
para promover a acusação. O comparecimento do promotor é obrigatório.
Não existe, como descrito na redação antiga, a figura do promotor ad hoc, ífa2íSi"r'''" ''"^-'""Vurecimento do advogado
por ser ato exclusivo do órgão do Ministério Público. An 452. Se o acusador particular deixar de comparecer, sem escusa le-
Caso a falta não seja justificada por motivo relevante, o Procu- g mna, a acusaçao .sera devolvida ao Ministério Público, não se adiando
rador-Geral de Justiça deverá ser comunicado para que sejam tomadas as pot aquele motivo ojulgamento.
devidas providências, podendo o promotor faltoso sofrer sanção discipli
nar, nos termos da Lei Orgânica do Ministério Público*"'. Delicada a questão da ausência do defensor do acusado Primei
ramente, e importante ressaltar a indispensabilidade da defesa técnTcà
sob pena de contrariar frontalmente o princípio da plenitude de Ssa'
Art. 456. Se a falta, sem escusa legitima, for do advogado do Para que a defesa técnica seja considerada em seu sentido mais amplo o
acusado, e se outro não for por este constituído, o fato será acusado nao somente deve contar com uma defesa efetiva por paíte de
imediatamente comunicado ao presidente da seccional da seu procurador, como também a este devem ser asseguradas todas 7s
Ordem dos Advogados do Brasil, com a data designada condições necessárias para o fiel desenvolvimento de seu trabalho.
para a nova sessão.
§r Não havendo escusa legitima, o julgamento será adiado
Dessa f-orma, a priori, se o advogado do acusado não compare
cer sem escusas legitimas, a Ordem dos Advogados do Brasil deverá ser
somente uma vez, devendo o acusado ser julgado quando oficiada para que tome as providências legais, podendo, o advogado
chamado novamente.
§ 2° Na hipótese do § I" deste artigo, o juiz intimará a De-
fensoria Pública para o novo julgamento, que será adiado
è ía OAB e°o
para o primeiro dia desimpedido, observado o prazo mínimo nna n P^^ragrafos deste artigo afrontam o princípio da defesa plena
de 10(dez) dias. E ^ advogado não compareça sem escusa
Art. 457. OJulgam^o não será adiado pelo não compare- fo? ° adiado somente uma única vez. Quando assim
ciWeWo^cTacmãdojõfíàfSiS^^ tnto
mento T.T '"dependentemente
do advogado constituído, devendo, do previamente
neste caso ser comparSf
qUérètzirrterqueíiver sid(^ regularmente intimado. informada a Defensoria Pública, que procederá à defesa'do acusado.
Õs fjedíãõFdê~ãdiãmento e as justificações de não com
parecimento deverão .serjsalvo comprovado motivo de força lher onen?'""; ° ® direito livre e consciente de esco-
maior, previamente submetidos à apreciação do juiz presi víSh de melhor defendê-lo, a defesa técnica fica
dente do Tribunal do Júri.
§ 2" Se o acusado preso não for conduzido, o julgamento conheSnto^do possibilita a Defensoria Pública tomar
será adiado para o primeiro dia desimpedido da mesma
Nessas L h TE dias de antecedência,
des pos nem nef consideração que poucas cida-
reunião, salvo se houver pedido de dispensa de compareci- deverãn Defensoria
rao ser nomeados Publica,dativos.
advogados pelo quê, na maioria dos municípios
mento subscrito por ele e seu defensor.
quando commr^H^ ^ ^^'''do, a Defensoria Pública,
Art. 450. A falta, sem escusa legítima, Jo Jefensor do réu ou do curador, chegando d® advogados contratados, não é diligente e eficiente,
se um ou outro for advogado ou solicitador, será imediatamente comutti-
cada ao Conselho da Ordem dos Advogados, nomeando o presidente do ^ezfs devil^m
ria! e pescmi a
T numeroJ"'g«os, defesas inábeis (fato muitas
de demandas e à falta de estrutura mate-
tribunal, em .substituirão, outro defensor, ou curador, observado o dis
posto no artigo anterior. ^dvogados hL importante orgão). Do mesmo problema padecem os
Art. 451. Não comparecendo o réu ou o acusador partictilar, com justa cau dência-T. recebem o processo com poucos dias de antece-
sa, oJulgamento será adiado para a seguinte sessão peri(>dica, se não pu
der realizar-se na que estiver em curso.
icntar defesaTadequadas numerosos volumes -, e sequer podem sus-
"dade. o e incomum
imposta neste artigo
advogados deve àser
faltarem interpretada
sessão com razoabi-
de julgamento com o
Lei 8.625/93.
Art. 458 Rodrigo Faucz Pereira c Silva

intuito clarividente de causar seu adiamento. Contudo tais casos devem


ser devidamente apontados e, posteriormente, processados pela Ordem
dos Advogados do Brasil. Em situações de má-fé comprovada, o advogado poderá ser
deve ser penalizado, não o acusado. nrenros
^ art. 457 traz uma importante inovação: o julgamento do acusado
sfllto^ desde^Cfue-ttevidãmèiTté IntTmádõ, que Tiâo comparecer a sessão do
jáilgãmèntfrT^^ foi prevista a possIbíIidádeUe o julRamémo ocorrer Art 460 Antes de con.stituido o Conselho de Sentença as
sem presença do acusado, caso esteja preso e houver requ£rirn£nfo de testemunhas .'serao recolhidas a lugar onde umas não possam
disjten^ de seu~cõmíwecimento - pedido que deve ser subscrito pelo ouvir os depoimentos das outras. /'o.y.vow
âcusado ou por seu defensor.
■ DêssãTbmia, entendeu o legislador que, como o acusado possui
deixa, de comparecer,
^ salvo
nãoseserá
umaadiado
das partes
se a tiver reque-
testemunha
o direito de se manter em silêncio, deve ter também o direito de não com
parecer ao seu próprio julgamento.
trita Jart'TlTST'
iraia o art. 422 deste Codigo, declarando não prescindir Ande que
depoimento e indicando a sua localização
Com isso, não deverão ser raros os casos de julgamento sem o
comparecimento do acusado, uma vez que a defesa deverá - ao traçar a
melhor estratégia - analisar a conveniência da presença ou não dele.
Se o acusado estiver preso e não for conduzido ao Júri na data '''''
da sessão, o julgamento deverá ser adiado para o primeiro dia desimpedi £2" O julgamento .será realizado mesmo na hipótese de a
do da mesma reunião. testemunha nao ser encontrada no local indicado se assim
Por fim, o julgamento não será adiado pela falta do assistente de
for certificado por oficial de iustiça.
acusação ou advogado do querelante.

Art 458. Se a testemunha, sem justa causa, deixar de com


parecer, o juiz presidente, sem prejuízo da ação penal pela
desobediência, aplicar-lhe-á a multa prevista no § T do
art. 436 deste Código. ('enaa nete.s.sana para a mumação. Proceder-w-á em,em,ar, 7
Art 459. Aplicar-se-á às testemunhas a serviço do Tribunal
do Júri o disposto no art. 441 deste Código.

Art. 453. A testemunha que. .sem justa causa, deixar de comparecer, in


correrá na multa de cinco a cinqüenta centavos, aplicada pelo presidente,
sem prejuízo do processo penal, por desobediência, e da observância do
preceito do art. 218.
Parágrafo único. Aplica-se às testemunhas, enquanto a serviço do jiiri, o
disposto no art. 430.
''ililadas dl miWrT"deÔnif° T l"'''1"'"'mpossi-
À testemunha faltosa será aplicada multa de 1 (um) a 10 (dez) Conselho de Se^itenr? P^' constituição
''^ade, ou seja,
seia oara
para omp
que on depoimento
P'"®®^^''^ação
de umadenão
suapossa
(pseudo-)imparcia-
influenciar as
salários mínimos, devendo ser aplicada considerando a situação econôm''
ca do jurado, bem como a razoabilidade.

dms!^6lsZ"meí^e''^J,'-^cioná,io público: Pena - detenção.


Art,462 Rodrigo Faucz Pereira e Silva 88 Tribunal do Júri O Novo Rito Iiilerpretado Art. 465

demais testemunhas, estas devem ser acomodadas, também, em locais Art. 456. O porteiro do tribunal, ou na falta deste, o oficial de justiça,
isolados - antes e durante as inquirições'*^ certificará haver apregoado as partes e as testemunhas.
Art. 459. Osjurados e.xcluidos por impedimento ou su.speição serão com
A nova legislação suprimiu a necessidade de as testemunhas putados para a constituição do número legal, (capiit)
não poderem ouvir os debates. Realmente não há, via de regra, motivos
para que as testemunhas sejam mantidas isoladas durante todo o julga
mento.
Verificado o comparecimento das partes envolvidas, o magis
trado averiguará se a urna contém cédulas com os nomes de, ao menos 25
O julgamento não será adiado quando a testemunha não compa (vinte e cinco)jurados, determinando ao escrivão que proceda à chamada
recer, salvo se a testemunha tiver sido arrolada em caráter de imprescin- deles, constatando os faltosos e os que compareceram.
dibilidade, indicada sua localização, bem como requerida sua citação por
mandado.
Importante ressaltar que o mlmero de 25 jurados deve ser enten
dido como sendo o montante "mínimo". Vê-se hoje, na prática, que em muitas
Importante apontar que os parágrafos do art. 461 contêm a indi comarcas são sorteados um número maior de jurados, para que não haja
cação de que o julgamento deverá ser realizado se a testemunha não for risco da necessidade de designação de nova data para a sessão do júri.
encontrada no local indicado pela parte, afrontando sobremaneira o prin Se comparecerem 15 (quinze) jurados, o magistrado declarará
cipio do contraditório, ampla defesa e busca da verdade. instalados os trabalhos e anunciará o processo que será submetido a julga
mento. Mesmo os jurados que não participarão do julgamento por estarem
Art. 462. Realizadas as diligências referidas nos arts. 454 a impedidos ou suspeitos, serão computados para atingir o número necessário
461 deste Código, o juiz presidente verificará se a urna para instalação dos trabalhos.
contém as cédulas dos 25 (vinte e cinco)jurados sorteados, Em seguida, o oficial de justiça fará o pregão, informando e
mandando que o escrivão proceda à chamada deles. nominando o juiz, a acusação e a defesa, além de constatar o compareci
Art. 463. Comparecendo, pelo menos, 15 (quinze)jurados, o mento de testemunhas.
juiz presidente declarará instalados os tixíbalhos, anunciando
o processo que .será .submetido ajulgamento.
§ 1" O oficial de justiça fará o pregão, certificando a dili Art. 464. Não havencio o número referido no art. 463 deste
gência nos autos. Código, proceder-,çe-á ao sorteio de tantos suplentes quan
§ 2" Os jurados excluídos por impedimento ou suspeição tos necessários, e designar-se-á nova data para a sessão do
serão computados para a constituição do número legal. júri.
Art, 465. Os nomes dos suplentes serão consignados em ata,
Ari. 442. No dia e à hora designados para reunião doJúri, presente o órgão remetendo-se o expediente de convocação, com observância
do Ministério Público, o presidente, depois de verificar se a urna contém do disposto nos arts. 434 e 435 de,ste Código.
as cédulas com os nomes dos vinte e um jurados sorteados, mandará que
o escrivão lhes proceda à chamada, declarando instalada a sessão, se
comparecerem pelo menos quinze deles, ou, no caso contrário, convocando Art. 445. Verificando não estar completo o número de 21 (vinte e um)ju
nova sessão para o dia útil imediato. rados. embora haja o mínimo legal para a instalação da ses.são, o juiz
procederá ao sorteio dos suplentes necessários, repetindo-se o .sorteio até
perfazer-se aquele número.
Sobre o assunto, Ivan Luiz Marques da SILVA assevera: "M.ssim como osjurados, as §I"Nos Estados e Territórios, serão escolhidos como suplentes, dentre os
testemunhas também não devem ser recolhidas em local onde possam ouvir o depoi sorteados, osjurados residentes na cidade ou vila ou até a distância de 20
mento das outras, para não sofrer interferência em suas impressões sobre o fato co (vinte) quilômetros.
locado em julgamento. Muitas testemunhas não têm certeza absoluta do que irão di §2"Os nomes dos suplentes .serão consignados na ata. seguindo-se a res
zer e, caso ouçam uma versão similar com alguns acré.scimos, é po.ssivel que ulili-C pectiva notificação para comparecimento.
os detalhes que escutou para incrementar o seu próprio depoimento a respeito dos §3" Osjurados ou suplentes que não comparecerem ou forem dispensa
fatos.[...] A comunicação prévia entre as testemunhas e as ver.wes combinadas pode dos de servir na sessão periódica serão, desde logo, havidos como sortea
rão ter, como maléfica conseqüência, a absolvição de um culpado ou a condenação dos para a .seguinte.
de um inocente". SILVA, Ivan Luís Marques da. Relornia processual penal de 2008-
São Paulo: RT. 2008. p. 104.
90 91 Tribunal do Júri O Novo Rito Interpretado Art, 466
Art. 466 Rodrigo Faucz Pereira e Silva
Em decorrência da Constituição de 1988 e do Código Civil de
§tidos
4"Sorteados os suplentes, osjurados substitiddos não mais .terão admi ■3
a funcionar durante a .te.t.são periódica. 2001, os laços familiares contemplados neste artigo também serão consi
derados quanto às pessoas que mantenham união estável.
Art. 446. Aos suplentes são aplicáveis os dispositivos rejerentes as dis
pensas, faltas, escusas e multas. Igualmente serão advertidos de que não poderão servir como ju
Ari 447 Aberta a sessão, o presidente do tribunal, depois de resolver so rados aqueles que tenham exercido essa função em julgamento anterior
bre as escusas, na forma dos artigos anteriores, abrira a urna. do mesmo processo, independentemente da causa determinante do julga
rará todas as cédulas, verificando uma a uma. e. em seguida, colocara na mento anterior; no caso de concurso de pessoas, os que houverem inte
urna as relativas aos Jurados presentes e. Jechando-a. cuumciaia qiial o grado o Conselho de Sentença que julgou o outro acusado; ou aqueles
processo que será submetido a julgamento e ordenara ao portei,o que que tenham manifestado prévia disposição de condenar ou absolver o
apregoe as partes e as testemunhas.
Parágrafo único. A intervenção do assistente no plenário de julgamento acusado.
.será requerida com antecedência, pelo menos, de 3(ires) dias. salvo seja Ainda deverão ser advertidos em relação às causas de suspeição,
tiver sido admitido anteriormente. impedimentos e incompatibilidades constantes nos arts. 252, 253 e 254
do Código de Processo Penal**\
Caso não compareçam ao menos 15 (quinze) jurados, deverão
ser sorteados quantos suplentes sejam necessários para que o nuinero seja Art 466. (...)
alcançado, por ocasião da nova data em que será realizada a sessão.
§ 1" O juiz presidente também advertirá os jurados de que,
Percebe-se que foi empregada a expressão "sorteio de tantos uma vez .sorteados, não poderão comunicar-se entre si e
suplentes quantos necessários"; dessa forma, o juiz presidente, conside com outrem, nem manifestar sua opinião sobre o processo,
rando a prática local, definirá livremente a quantidade de suplentes sorteado , sob pena de exclusão do Conselho e multa, na forma do § T
os quais deverão ser intimados na forma preceituada no art. 434. do art. 436 deste Código.
§ 2" A incomunicabilidade será certificada nos autos pelo
Art. 466. Antes do soi teio dos membros do Conselho de oficial de justiça.
Sentença, o juiz presidente esclarecerá sobre os impedi
mentos, a suspeição e as incompatibilidades constantes dos
arts. 448 e 449 deste Código. Art. 458. (...)

Art 458 Antes do sorteio do conselho de .sentença, o juiz advertirá osju "CPP, art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que: / - tiver
rados dos impedimentos constantes do art. 462. bem como das incompati funcionado seu cônjuge ou parente, consangiiineo ou afim. em linha reta ou colateral
bilidades legais por suspeição. em razão de parentesco até o terceiiv grau. inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Pú
promotor, com o advogado, com o réu ou com a vitima, najorma do dis blico. autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito: II - ele próprio houver de
posto neste Código sobre os impedimentos ou a suspeição dos jiiues to sempenhado qualquer dessas junções ou servido como testemunha: III tiver funcio
gados.
nado como juiz de outra instância, /nonunciando-se. de fato ou de direito, sobre a
S r Na mesma ocasião, o jiiiz advertirá osjurados de que. uma vez .sorte questão: IV ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consangiiineo ou afim em linha
ados não poderão comunica,-.se com oiitre,,,. nem manifestar .sua opinião reta ou colateral até o tei ceiro grau. inclusive, for parte ou diretamente interessado
.sobre o processo, sob pena de exclusão do conselho e multa, de duzentos no feito. Art. 253. Nos juízos coletivos, não poderão .servir no mesmo processo os jui
a quinhentos mil-réis. zes que forem entre si parentes, consangüineos ou afins, em linha reta ou colateral
§ 2" Dos impedidos entre .si por parentesco servirá o que houver sido até o tercei,!, g,au. inclusive. Art. 254. O juiz da,-.se-á por suspeito, e. se não o fizer,
sorteado em primeiro lugar. poderá .ser ,-cc,i.sado por qualquer das pa, tes:I .se for amigo intimo ou inimigo ca
pital de qualquer deles: II se ele. seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver
respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja contro
Antes do sorteio o magistrado deverá advertir aos j^urados qiie vérsia: III se ele, seu cônjuge, ou parente, consangiiineo, ou afim, até o terceiro
estão impedidos de servir no mesmo Conselho de Sentença: mando e mulher, grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a proce.sso que tenha de ser julgado
por qualquer das partes: IV - se tiver aconselhado qualquer das partes: V - se for
ascendente e descendente; sogro e genro ou nora; irmãos e cunliados, du Cl
credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das pa,-tes: VI - se for sócio, acio
o cunhadio; tio e sobrinho; padrasto, madrasta ou enteado. nista ou adn,i„ist,-ador de sociedade interessada no processo."
92
Art.467 Rodrigo Faucz Pereira e Silva 93 Tribunal do Júri - O Novo Rito Interpretado Art. 468

S l"Na mesma ocasião, o juiz advertirá osjurados de que, uma vez sortea Art. 457. Verificado publicamente peto juiz que se encontram na urna as
dos. não poderão comunicar-se com outrem. nem manijestar sua opinião so cédulas relativas aos jurados presentes, .será feito o .sorteio de 7 (sete)
bre o proeesso. sob pena de exclusão do conselho e mulia. de duzentos a para aformação do conselho de .sentença.
quinhentos mil-réis. Art. 459. (...)
§2"A medida que as cédulasforem tiradas da urna, ojuiz as terá, e a de
fesa e. depois dela, a acusação poderão recusar osjurados sorteados, até
A incomunicabilidade é um dos princípios norteadores do Tri três cada uma, sem dar os motivos da recusa.
bunal do Júri brasileiro. O que é defeso aos jurados e a comumeaçao a
respeito do processo ou de circunstâncias que possam influenciar direta Em relação aos sorteios para a composição do Conselho de
mente a eles próprios, tanto favoravelmente à acusação quanto a detesa. Sentença, nada foi alterado. Tanto a acusação quanto a defesa somente
A incomunicabilidade é obrigatória entre eles, que não poderão possuem contato direto com os jurados no momento do sorteio**''.
discutir entre si nem com terceiros** . Assim, as partes ficam impossibilitadas de conhecer as inclinações
Caso eles manifestem opiniões sobre o processo ou se comuniquem pessoais de cada jurado, com o intuito de saber sobre possíveis predispo
com outras pessoas sobre o feito, poderão ser multados no valor de 1 (um) sições determinadas pela condição econômica, social, racial, entre outras.
a 10 (dez^ salários mínimos, além de serem excluídos do Conselho de Em face dessa impossibilidade, tanto a defesa quanto a acusa
Sentença . ção poderão recusar até 3 (três)jurados exclusivamente com base em suas
Importante salientar que, caso algum jurado exponha seu ponto impressões visuais imediatas — a não ser, é claro, quando se tratar de ju
de vista de forma a influenciar o Conselho de Sentença, este devera ser rados que já tenham participado anteriormente de outro julgamento, ou
dissolvido pelo juiz presidente. Desta sorte, os questionamentos as teste que tenha suas inclinações conhecidas pelas partes.
munhas e ao ofendido, pelos jurados, deverão ser revestidos de cautela O que acontece, na praxe, é a leitura da postura corporal dos ju
excepcional - mesmo porque as perguntas deverão ser realizadas por rados para efetuar a recusa, levando em consideração elementos frágeis,
intermédio do juiz presidente -, sempre com o propósito de evitar a mani pouco precisos e subjetivos.
festação da opinião pessoal sobre os autos em julgamento. Em algumas comarcas, magistrados requerem ao promotor e ao
advogado que se aproximem, realizando o sorteio sem nominar em voz
Art. 467. Verificando que se encontram na urna as cédulas alta os sorteados, mostrando às partes a cédula retirada e, caso não haja
relativas aos jurados presentes, o juiz presidente sorteara recusa, declara o nome que comporá o Conselho de Sentença. Contudo,
(sete) dentre eles para aformação do Conselho de Sentença. na grande maioria das comarcas, o juiz sorteia e lê, em voz alta, o nome
Art. 468. À medida que as cédulas forem .sendo retiradas da retirado da uma, facultando à defesa e em seguida à acusação efetuar a
recusa imotivada.
urna o juiz presidente as lerá, e a defesa e, depois dela, o
Ministério Público poderão recusar os jurados sorteados, Um dos desdobramentos naturais do principio da ampla defesa
füéd ítrê.s) cada parte, sem tmfifmMJXCUsa.. e o acusado, em qualquer fase do processo, sempre se manifestar por
Parágrafo único. O jurado recusado imotivadamente por derradeiro. Portanto essa inversão trazida desde o Código de Processo
qualquer das partes será excluído daquela sessão de instru Criminal de 1832, foi olvidada pela refomia. A manifestação da defesa
ção e julgamento, prosseguindo-se o .sorteio para a compo posteriormente à acusação é uma garantia e, não obstante parecer um
sição do Conselho de Sentença com os jurados remanes detalhe diminuto, pode, em teoria, prejudicar estrategicamente a defesa
centes. du, ao menos, beneficiar a acusação.
Os jurados que forem recusados serão excluídos somente da
sessão de instrução e julgamento, podendo, normalmente, fazer parte dos
Independentemente de se tratar de partes do processo (juiz, promotor, advogado), oU julgamentos vindouros, inclusive na mesma reunião.
de pessoas estranhas ao julgamento (familiares, estudantes, . ^gni-
O Lto legal dá eonta de que o jurado que desrespeitar a ^ con-
fpstar a oninião sobre o processo poderá ser excluído do Conselho de Sentença, itnação que é abrandada quando da realização de várias sessões na mesma reunião,
tudo se o julgamento já tiver sido iniciado, não há possibilidade de ™ g|,to que as partes, mormente a acu.sação que participa de todos os julgamentos, têm
substituição de jurados, portanto, o Conselho devera ser dissolvido e o julg contato direto com os jurados por diversos dias.
realizado em outra data.
Art. 469 Rodrigo Faucz Pereira e Silva 94 95 Tribunal do Júri O Novo Rito Interpretado
ArL 469. Seforem 2(dois) ou mais os acusados, as recusas
poderão serfeitas por um .só defensor. na prisão, e(3) os que forem pronunciados há «livercm há mais tempo
mais tempo.
§ 1" A separação dos julgamentos somente ocorrerá se, em
razão das recusas, não for obtido o número mínimo de 7
(sete)jurados para compor o Conselho de Sentença. « argüição de impedimento, de sus-
.§_2fDeteminada a separaçãojh.s Peiçao ou de incompattbthdade contra o juiz presidente do
Tribunal do Júri, órgão do Ministério Mblko uradl ou
toria do fato ou, em caso de co-autoria, aplicar-se-á o crité
rio de preferência disposto no art. 429 destêTTodigo. 7o
do, emretnt'^^^^^ não será suspenso,
entretanto. constar da ata o seufundamento deven
e a decisão
tcoZLhihZl'T^^^^^ ''^P^dimento,
incompatibilidade, dispema ou recusa, suspeição,
não houver número
Art. 461. Se os réus forem dois ou mais, poderão incumbir dos recusas um
para a foiynação do Conselho, o fulgamentTs!rá adicZ
só defensor: não convindo nisto e se não coincidirem as recusas, dar-se-á
a separação dos julgamentos, prosseguindo-se somente no do réu que para o primeiro dia desimpedido, aUsorteadZ^s suTlt
houver aceito o jurado, salvo se este, recusado por um réu e aceito por es. com observância do disposto no art. 464 deste Códim.
outro,for também recusado pela acusação.
Parágrafo único. O réu. que pela recusa do jurado tiver dado causa à
separação, serájulgado no primeiro dia desimpedido.
Minfsttio Póhb'^"" tribunal, o órgão do
Quando houver mais de um acusado, o novo texto mantém a re
Art 459. (...)
dação original a respeito da possibilidade de um só defensor efetuar as
recusas.

O texto anterior possibilitava a separação do julgamento quando


as recusas não coincidiam - expediente corriqueiro em se tratando da
pluralidade de acusados; agora, será determinada a separação, quando o
número mínimo para a formação do Conselho de Sentença não for obtido.
De qualquer sorte, deve o juiz presidente utilizar-se do bom
senso e razoabilidade, garantindo a plenitude de defesa, para, caso seja
requerido pelos defensores, cindir o processo. Ademais, caso as teses
rssSiSSEsSrSHf*
defensivas sejam conflitantes, a separação do processo é imperiosa, haja
vista que elas prejudicam manifestamente a defesa dos acusados.
Portanto, o processo por exemplo, num caso de 3 (três) acu rio Públirn'^nM ^ arguiçao em relação ao membro do Ministé-
sados - somente será separado se, em razão das recusas de cada um dos
três acusados, mais as recusas por parte do Ministério Público, não hou
Pronto^"^o ,ulgt2TevTr?"^''í
do, de fonna oSTeia snmZ
^econheS de
» primeiro dia desimpedi-
ver o número de jurados suficiente para completar o Conselho de Senten c luiina que seja sanado o VICIO apresentado.
ça, ou seja, sete jurados.
dbilidade de jurado Todeíf^'^'' ° impedimento, suspeição ou incompa-
No parágrafo seguinte, para que sejam evitadas decisões con
traditórias, em caso de separação do processo, será julgado primeiramente <^omporoSnSodrS"enTa-"'^"'°' P-
o acusado a quem for atribuída a autoria e, posteriormente, os co-autores. "lento incommtibihdSf'""''' ^ reconhecimento de impedi-
Se for atribuída a autoria ou a co-autoria a mais de um acusado, ser
_ fomadoT
mado o Conselho de Sentença, o julgamentoeserá
r ní m ^ dispensas recusas, nãopara
adiado pudero
valerá a regra constante no art. 429 do Código de Processo Penal, dando-
se preferência para que sejam julgados primeiramente: (1) os acusados
e'^.i"dícios e não provas absolutas -
intuitoo de evit ir anuhcào"d"i"
ue evitar impedimento
anulaçao de todo o julgamento em relação a jurado, com o
posteriomiente.
96 97 Tribunal do Júri O Novo Rito interpretado
Rodriao Faucz Pereira e Silva Art. 473
Art. 472

Não pode haver um completo desrespeito às normas pátrias.


primeiro dia desimpedido. Nesse caso deverão sorteados tantos su Entretanto, os termos técnicos e a correlação do caso concreto aos mo
plentes quantos necessários(ver comentários do art. 464). delos normativos deverão ser explanados pela defesa e pela acusação.
ObyiameriígjTão é esperajo dos jttrados^qije se atenham somente às nor-
Art. 472 Formado o Conselho de Sentença, o presidente, le- mas, podendo tambenTrecorrer à emoção, sentimentos^ experiência e
vantando-se, e, com ele, todos os presentes,fara aosjurados quaisquer outros elêmèníõyTjue levem à formação de convencimento.
a seminte exortação:
Em nome da lei, concito-vos a examinar esta causa com im A eies é imposta a imparcialidade, não podendo ser influencia
parcialidade e a proferir a vossa decisão de acordo com a dos por predisposições e elementos externos, bem como devem se desfa
vossa consciência e os ditames dajustiça. zer de tendências e discriminações pessoais.
Os jurados, nominalmente chamados pelo presidente, respon Os jurados devem decidir também de acordo com os ditames da
derão: justiça. Não se ocupará esta explicação sobre os modelos de justiça ou
Assim o prometo. , . ■ ■ mesmo seu significado filosótlco-dogmático. Porém dosjurados é exigi-
Parásrafo único. O jurado, emjieguida. recebera copias^ do_quejulguem de acordo com os ditames da justiça, o que, minTmanieit_
tfc, devera ser entendido como decisões razoáveis e respeitadoras da or
julfjaram admissível a acusação e do relatório do processo^ dem jurídica brasileira. '
E de se notar que o juramento solene é realizado pelos jurados.
Art 464 Formado o conselho, o Juiz. IcvanUmdo-se. e com ele todos os Portanto, considerando o princípio da soberania dos veredictos, a votação
presentes, fará aos jurados a seguinte exorlacao: ser secreta e a desnecessidade de motivação, "os ditames da justiça" de
Em nome da lei. concilo-vos a e.xaminar com imparcialidade esta ruusa e verão ser considerados na íntima convicção dos jurados, em suas opera-
a prpt"vossa decisão, de acordo com a vo.ssa consciência e os dita cionalidades cognitivas próprias, ou seja, os ditames devem ser respeita
mes da Justiça.
OsJurados, nominalmente chamados peloJuiz. responderão: dos na própria construção mental da decisão.
Assim o prometo. Oesta_iQlle,_o_siij:y.etivisinoãmpera,jiãa_pqdendü.a instância ííéí-
qttem anular o julgamento sob o pretexta de eleger contrário a jurispru- -
Após a formação do Conselho de Sentença, os jurados inte dências paclficãsTlircõhtrárjasjio próprio tex.tapositív.o. Quem deve ana-
grantes deverão responder à exortação solene feita pelo lisar e prezar pelos "ditames da justiça" é quem jurou assim o fazer.
do examinar a causa com imparcialidade e decid.-la de acordo com a sua
própria consciência e os ditames da justiça. Seção XI
Uma das maiores críticas ao nosso sistema do Júri é justamente Da Instrução em Plenário
esta- o jurado não está adstrito a regras jurídicas; por
obrigado a conhecer o ordenamento jurídico, regras .
penal, processual penal ou constitucional;^ tào-pouco possui a larga exp Art 473. Prestado o compromisso pelos jurados, será iniciada
a instrução plenária quando o juiz presidente, o Ministério
riéncia juridico-técnica de um juiz togado
Público, o assistente, o querelante e o defensor do acusado
tomarão, sucessiva e diretamente, as declarações do ofen
88
"(...) ao Jurado falta inteiramente a cultura técnica./alta dido, se possível, e inquirirão as testemunhas arroladas pela
uma longa experiência pode criar, de maneiia que ele guia i i ■ nsicolo- acusação.
gia Judiciária, que o magistrado algumas ve..es adqiiiu i „jgiém §I"Para a inquirição das te.stemunhas arroladas pela defesa,
yelL de inteligentes experiências, falta ao jurado, que quase semp e o defensor do acusadoformulará as perguntas antes do Mi
aparências exteriores, não conseguindo penetrar nos recessos da alma d ■ édulo- nistério Público e do assistente, mantidos no mais a ordem e
ll []O Jurado, acostumado a um pequeno ambiente de gente maqF' os critérios estabelecidos neste artigo.
reLndo que pretendam abusar da sua boa Jé: não acontece o ^ § 2" Os jurados poderão formular perguntas ao ofendido e
ti ado. que xê. com a sua experiência, alargar-se o se campo ^rico. as testemunhas, por intermédio dojuiz presidente.
ado a ver. todos os dias. a verdade ultrapassar uiverossimil. ALTA VIL ,
Psicologia judiciária. Coimbra: Almedina, 2003. v. II, p. bti.
Art. 473 Rodrigo Faucz Pereira e Silva 98 99 Tribunal do Júri O Novo Rito Interpretado Art. 473

§ 3" As partes e os jurados poderão requerer acareações, lei e o sistema característico do processo acusatório (o cros.s-e.xamination):
reconhecimento de pessoas e coisas e esclarecimento dos neste último, o juiz não inquire, pois além de ele ser imparcial, o ônus da
peritos, bem como a leitura de pecas que se reíirain^xclu- prova é das próprias partes. O professor da Universidade de Sevilha, An-
m>amente, às provãrcüfhidasiJor carta precatória e às_prxi-^ gel Tinoco Pastrana^' expõe com propriedade:
vaTcàutètaresrãnfecipadas ou não repetiveis.
La averiguación de Ia verdad está sometida a Ia publicidad, y a!dere-
Art. 466. (...) cho a someter los testinionios a Ia cross-examination. Este derecho
§ I" Depois do relatório, o escrivão terá, mediante ordem do presidente, consiste en que los testigos presentados por et prosecutor ptteden ser
as peças do processo, cuja leiturafor requerida pelas partes ou por qual interrogados por Ia defen.sa, y el prosecutor puede hacer Io misnto
querjurado. con los testigos de Ia defen.sa. [...]
Art. 467. Terminado o relatório, ojuiz, o acusador, o a.ssi.stente e o advo La cross-e.xamiimtion constituye una institución caracteristica dei
gado do réu e, porjim, os jurados que o quiserem, inquirirão sucessiva proceso acti.satorio, [...]
mente as testemunhas de acusação.
Art, 468. Ouvidas as testemunhas de acusação, ojuiz, o advogado do réu, o
acusador particular, o promotor, o assistente e os jurados que o quise De qualquer forma, o sistema adotado pela nova lei possibilita
rem, inquirirão sucessivamente as testemunhas de defesa. às partes a liberdade necessária para que possam questionar de acordo
Art. 470. Quando duas ou mais testemunhas divergirem sobre pontos com seus interesses, respeitando os princípios do contraditório e da busca
essenciais da causa, proceder-se-á de acordo com o disposto no art. 229, da verdade.
parágrajb único.
Com o advento da Lei 1 1.690/08, alteraram-se também disposi
tivos do Código de Processo Penal referentes às provas. O art 2.12'"' e^xta-
Assim como na instrução preliminar (art. 411), o interrogatório belece que cabe ao juiz evitar pgrguntas que possam induzir resposta, não
do acusado, por ser meio de defesa, será o último ato da instrução em tenliamTiSçlQrmiTi a ransg ou sejam repetidas.
Plenário. Contudo tal alteração refere-se somente aos procedimentos
Os questionadores farão perguntas e indagações na seguinte comuns, não atingindo as inquirições em Plenário'".
ordem:(1) magistrado;(2) assistente, quando houver;(3) quereiante;(4)
defesa. Essa ordem somente será alterada quando da inquirição das tes
temunhas de defesa, momentô em que a defesa será a primeira a formular PASTRANA, Angel Tinoco. Fundamentos de! sistema judicial penal en el
as perguntas. Common Law. Sevilia: Secretariado de Publicaciones da Universidad de Sevilia 2001
p. 135.
Contudo essencial foi a alteração da redação para que não houvesse ''Lei 11.690/08, art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à
mais dúvidas a respeito da possibilidade (direito) da inquirição direta das testemunha, não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tive
testemunhas, sem a necessidade de passar pelo crivo do magistrado. rem relação com a causa ou importarem na repetição de outrajá respondida".
Somente os questionamentos dos jurados, inclusive como fomria Nesse diapasão, assevera o professor José Barcelos de SOUZA: "Com efeito, certas
limitações que se encontravam e foram, posto mais adequadas ao sistema presiden
de impedir perguntas impróprias ou que conotem predisposição sobre o cial de inquirição, mantidas no art. 212, como a inadmi.ssihilidade de perguntas que
caso, deverão ser realizados por intermédio do juiz presidente. não tiverem relação com o processo ou importarem repetição de outrajá respondida,
Todavia coadunaria melhor com o modelo acusatório processual não podem ser levadas para a inquirição em plenário dojúri. Não constam da disci
plina da inquirição no Tribunal do Júri, e a repetição de perguntas é uma técnica de
e com a realidade do júri que o juiz togado sequer perguntasse, devendo inquirição para a obtenção da verdade que os própriosjuizes por vezes usam quando
as partes assumir esse ônus. Isso porque além de o juiz dever manter-se inquirem. Igualmente, perguntas que aparentemente pos.sam parecer estranhas ao pro
inerte, cabendo às partes a produção probatória, - são os jurados que irão cesso, podem ser apenas pouco objetivas, mas são por vezes usadas no início do exame
julgar, não mais o magistrado. direto sem outro objetivo que o de deixar mais relaxada ou descontraída uma testemunha
nervosa ou ansiosa. A.ssim, indagações cordiais sobre onde mora a testemunha, alguma
Desta sorte, caracterizar-se-ia, efetivamente, o sistema do cros.s opção de lazer, e.s.xas coisas. O presidente não pode impedir isso. É muito importante,
examination. A idéia atualmente bastante difundida de que, com a nova aliás, que o juiz seja um bom condutor de audiências", (grifo nosso.) SOUZA, José
redação, foi implementada a instituição do direct and cros.s-e.xamination, Barcelos de. Novas leis de proces.so: inquirição direta de testemunhas. Identidade física
é imperfeita. Há uma diferença flagrante entre o sistema adotado na nova do juiz. Boletim IBCCrIm. São Paulo, no I88,jul. 2008, p. 15.
Art. 473 Rodrigo Faucz Pereira e Silva 100

J-MI. t /j
A vítima será a primeira a ser ouvida. Entretanto, por se tratar nhas, poderão ser determinados os atns Hn s i" r
de uma parte com interesse direto na causa, será ouvida na qualidade de mento de pessoas, esclarecimentos leitura de reconheci-
infonnante'^*. Portanto, de acordo com a ordem já infonnada, as partes seguinte (474), é
questionarão direta e sucessivamente a vítima. acusado interrogado" Ou seia n intr>rr4^/f - .^^Pressao a seguir sera o
As testemunhas de acusação serão inquiridas na mesma ordem, ato, e como tal não seré possível ^ « último
que somente será alterada quando da inquirição das testemunhas de defesa. cunstâncias contraditórias. ^ ^ acareação entre fatos e cir-
Mais uma vez salienta-se que as perguntas diretas das partes não
poderão ser impedidas pelo juiz presidente, a não ser em casos excepcio defesa, -P>a
nais, de abusos patentes e atentatórios á dignidade da testemunha. '"Não
se sinta o advogado senhor da situação para maltratar a testemunha"''^.
pois ninguémuUsbrigado a prodnX: DrovasVnnífí
possível ao am^r.
"S° lís inocêneia
r ^—s_c^^a si proprio . Ora. se e
Vale essa mesma assertiva para a acusação, o assistente e o querelante. ?ara sua defesf e até ,S„,jr » è ™ ""«"der
Tanto as partes quanto os jurados poderão requerer acareações, mento de fatos controversos> A confromLâo^da'^''""'-
reconhecimento de pessoas e coisas, e esclarecimento de peritos. on^^sadojLelestemtiuha^
Não é incomum a ocorrência de acareações, reconhecimento e
esclarecimento dos peritos em plenário; contudo, com a nova lei, exclui-
se a possibilidade de o juiz presidente detenninar de ofício, sem a provo vas cautelares. ^ pro-
cação das partes.
A acareação, constante no capítulo Vlll, arts. 229 e ss.''' do
CPP, deve ser utilizada com cautela, e em Plenário do Júri não é possível
ra de P=çásT,rpTáS'^.:gm r """■
a acareação entre acusados ou entre acüsados e testemunhas, conforme os
aitig05~Cílã3õi7pois ferelTpnncípTõ^dã^ defesa.
Percebe-se que o texto legal definiu uma ordem sistemática de
atos na instmção em plenário. Após serem ouvidas a vítima e as testemu-
antecipadas è (4f-prov'a5 nào repeí^i^" '■aa'a'a™enle. (3) sejam
^'Diante da ausência do compromisso, com maior razão as suas declarações hão de
ser confrontadas com as demais jfrovas dos aulos. Ou seja, a versão apresentada peta
é a sua imposs'ÍMidaZi''ZprSuzíd?ein^
vitima também deve suhmeter-se ao crivo do contraditório, de cujo embate pode sair
rohustecida, quando corroborada por outras /novas, ou enji aqiieciíla, quando ecoar
mente, na presettça dos juizes ÕLÍÍmts dtl cm™.
solitária no contexto probatório". BARROS, Marco Antonio de. A busca da verdade
no processo penal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. p. 185/186.
SOUZA, José Barcelos de. Novas leis de processo: inquirição direta de testemunhas.
Identidade física do juiz. Boletim IBCCrim. São Paulo, n. 188,Jul. 2008, p. 15.
preceitos constilticionai.s, como o da presiiiKão''de'b', - ""'P'" outros
"CPP, art. 229. A acareação será admitida entre acusados, entre acusado e testemu
nha, entre testemunhas, entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as
pessoas ofendidas, sempre que divergirem, em suas declarações, sobre fatos ou cir
cunstâncias relevantes. Parágrafo único. Os acareados .terão reperguntados, pam
que expliquem os pontos de divergências, reduzindo-se a termo o ato de acareaçao,
Art. 230, Se ausente alguma testemunha, cujas declarações divirjam das de outra, "«O está ohriiyada a prochrir nrovn mS • ^ afumação de que a pessoa
que esteja presente, a esta se daião a conhecer os /tontos da divergência, consiguau- ^ocesso penal consfittiónárrT" " "T'f' FERNANDES, Antonio Scarance.
do-se no auto o que explicar ou observar, Se subsistir a discordância, expedir-se-a Tribunais, 2007. p. 303. ' ^ ^ São Paulo; Revista dos
precatória à autoridade do lugar onde resida a testemunha ausente, transcrevendo-^^
as declarações desta e as da testemunha presente, nos pontos em que divergirem, beui
como o texto do referido auto. a fim de que se complete a diligência, ouvindo-ae 'inomia à graniia constitucionaJ'^aup"r7" hi/wtese configura inaceitável an-
testemunha ausente, pela mesmaforma estabelecida para a testemunha presente- a ealado, tanto que ao ,ser interriw^i t f ^ ^.^^Stoct o sagrado direito de permanecer
diligência só se realizará quando não importe demora prejudicial ao processo e oj"'- herdade", BARROS Marco Ant^ " 7 "
a entenda conveniente", Paulo; Revista dos TObuníE 2002''p.
Art. 474 Rodrigo Faucz Pereira c Silva Tribimal do Júri O Novo Rito Interpretado Art. 474

A leitura de peças desnecessárias e de elementos utilizados so Antes do interrogatório, deverá ser assegurado ao acusado o di
mente como subterfúgios para retardar o julgamento foi corretamente reito de conversar reservadamente com seij advogado (independente do
vetada. Todavia, respeitando o principio da_ainpla^defesa, as provas im- estágio em que se encontre o julgamento). E um direito do acusado - por
possjbilitadas de ser(Sj^)jc)dttzmis^e^ deverão, caso haja re ser o interrogatório um meio de defesa - fazer questionamentos, discutir
querimento, ser lidas durante a instrução do julgamento. sobre os elementos probatórios trazidos em plenário, etc. As alterações
introduzidas com o advento da nova lei não mitigaram essa garantia fun
damental.
Art. 474. A seguir será o acusado interrogado, se estiver
presente, na forma estabelecida no Capítulo III do Titulo VII O magistrado advertirá o acusado sobre o direito de permanecer
do Livro I deste Código, com as alterações introduzidas em silêncio. O mesmo não tem a obrigação de responder a quaisquer
nesta Seção. perguntas, podendo, sim, responder somente àquelas que lhe interessar.
§1" O Ministério Público, o assistente, o querelante e o de O fato de pennanecer caiado não poderá ser interpretado em seu
fensor, nessa ordem, poderão formular, diretamente, perguntas prejuízo, nem importar em confissão. A garantia de permanecer em silêncio
ao acusado. é ratificada pelo art. 478, inc. 11, do CPP, o qual assinala que as partes
§2"Osjurados formularão perguntas por intermédio dojuiz sequer poderão fazer referência ao silêncio do acusado sob pena de nulidade.
presidente. É evidente que os jurados poderão interpretar, inconsciente
mente, o fato de permanecer em silêncio como algo negativo; entretanto o
Art 465. Em aej^uuta. o presidente interrogará o réu petaforma estabele juiz, antes do interrogatório, deve advertir que o silêncio não poderá ser
cida no Livro /, Titulo VII, Capitulo ///, no que for aplicável. interpretado de forma prejudicial ao acusado, tampouco as partes poderão
utilizar desse falacioso argumento.
O interrogatório do acusado continua a ser regido, em sua essência, O interrogatório, por parte do magistrado, continuará a ser divi
pela forma estipulada nos arts. 185 e ss. do CPP''**. No entanto algumas dido entre as perguntas sobre a pessoa do acusado e sobre os fatos. Impe
considerações devem ser tecidas. rioso, contudo, respeitar o modelo acusatório introduzido com a Consti
tuição, permitindo que o magistrado somente questione sobre a pessoa do
Pnr p\prppln, jando H^i^^ie^adavérico. laudos periciais em geral, cartas precatórias» acusado (CPP, art. 187, § 1°). Os questionamentos sobre os fatos devem
depoimentos de pessoas que nao puderam comparecer no julgamcntOxJsntre outras,_ ficar sob a responsabilidade exclusiva das partes, sob a fiscalização direta
"CPP, art 185. O acusado que comparecer perante a autoridade Judiciária, no cur.so do juiz presidente, que não poderá permitir questionamentos que violem o
do processo penal, .será qualificado e interrogado na presença de seu defensor, cons-
direito de defesa.
tituido ou nomeado.[...]§2"Antes da realização do interrogatório, o Juiz assegurará
o direito de entrevista reservada do acusado com seu defensor. Art. 186. Depois de Posteriormente às inquirições do magistrado, o Ministério Pú
devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, o acusado será blico, o assistente, o querelante e o defensor - ordem natural estabelecida
informado peto Juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer
calado e de não responder perguntas que lheforem formuladas. Parágrafo único. O no caput do art. 473 poderão formular perguntas diretamente ao acusado.
silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser interpretado em prejuizo da As perguntas devem ser formuladas cautelosamente, pois po
dejésa. Art. 187. O interrogatório será constituido de duas partes: sobre a pessoa do dem causar mitigação ao princípio da presunção da inocência e da pleni
acusado e sobre os fatos.§ I" Na primeira parte o interrogando será perguntado sobre
a residência, meios de vida ou profissão, oportunidades sociais, lugar onde exerce a tude de defesa. Isso porque, ao contrário das testemunhas, o acusado não
sua atividade, vida pregre.ssa, notadamente se foi preso ou proces.sado alguma vez e, é obrigado a falar a verdade, como é amplamente cediço. Desta sorte.
em caso afirmativo, qual o Juizo do processo, se houve suspensão condicional ou con
denação. qual a pena imposta, .se a cumpriu e outros dados familiares e sociais. § 2'
Na segunda parte será perguntado sobre: I - .ser verdadeira a acusação que lhe e nhece o instrumento com que foi praticada a infração, ou qualquer objeto que com
feita: II — não sendo verdadeira a acusação, .se tem algum motivo particular a que esta se relacione e tenha sido apreendido: VII - todos os demais fatos e pormenores
atribuí-la, se conhece a pes.soa ou pessoas a quem deva .ser imputada a prática do que conduzam à elucidação dos antecedentes e circunstâncias da infração: VIII - se
crime, e quais sejam, e se com elas esteve antes da prática da infração ou depois tem algo mais a alegar em sua defesa. Art. 189. Se o interrogando negar a acusação,
dela: III - onde e.stava ao tempo em que foi cometida a infração e se teve noticia no todo ou em parte, poderá prestar esclarecimentos e indicar provas. Art. 190. Se
desta: IV - as provas fá apuradas: V - se conhece as vitimas e testemunhasJá inqui confessar a autoria, será perguntado .sobre os motivos e circunstâncias do fato e se
ridas ou por inquirir, e desde quando, e se tem o que alegar contra elas: VI-.se co- outras pessoas concorreram para a infração, e quais sejam".
Art. 474 Rodrigo Faucz Pereira e Silva 104 105 Tribunal do Júri O Novo Rito Interpretado Art. 474

diferentemente da inércia do juiz presidente quando da inquirição das Somente em casos extremos, em que sua utilização se sobrepõe
testemunhas, o magistrado deverá atuar efetivamente para evitar que per aos princípios antes citados, é que as algemas poderão ser empregadas.
guntas agressivas, ardilosas, impróprias e engenhosas possam violar a As exceções trazidas no § 3" do ai1. 474 do CPP devem estar
plenitude de defesa. efetivamente presentes, não bastando meras probabilidades ou indícios
Caso os jurados desejem realizar alguma pergunta, deverão fa anêmicos. Portanto, algemas poderão ser empregadas somente se o acusa
zê-la por intennédio do juiz presidente. do tenha se mostrado violento recentemente ou haja indícios suficientes de
que ele, membro de quadrilha criminosa violenta, possa empreender fuga.
Em 13.08.2008, foi aprovada pelo Plenário do Supremo Tribu
Art. 474. (...) nal Federal a Súmula Vinculante n. 11 (onze), cuja redação declara;
§3"Não se permitirá o uso de algemas no acusado durante
o período em que permanecer no plenário do júri, .salvo se Só é licito o uso de aif^emas em caso de resistência e de jitndado receio de
absolutamente necessário à ordem dos trabalhos, à segu fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso
ou de terceiros, justificada a e.xcepcionaiidade por escrito, .soh pena de res
rança das testemunhas ou à garantia da integridade física ponsabilidade disciplinar civil e penal do agente ou da autoridade e de nuli-
dos presentes. dade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da respon
sabilidade civil do Estado.

Havia na jurisprudência posições divergentes em relação à utili Curiosamente, a edição da súmula foi decidida durante o julga
zação ou não das algemas no plenário. Com a reforma legislativa a regra mento do Hctbcas Corptts de um processo relativo ao Tribunal do Júri,
é clarividente: somente será permitido o uso de algemas no acusado du cujo acusado foi mantido algemado durante todo o julgamento"'".
rante o julgamento se for absolutamente necessário à ordem dos traba Independente das críticas que a súmula sofre, principalmente
lhos, à segurança das testemunhas ou à garantia da integridade física dos sobre a inexistência de reiteradas decisões de matéria constitucional por
presentes. parte da mais alta Corte - requisito constitucional para aprovação da sú
Retóricas à parte, não se pode desconsiderar a influência nega mula ela é de fundamental importância num Estado Democrático de
tiva, no pensamento dos jurados, de um acusado algemado durante o jul Direito, respeitador das garantias individuais.
gamento. Em conversa com diversos jurados, após as sessões, há prati A edição e aprovação da súmula vinculante deve ser analisada
camente unanimidade, senso comum informando que "se o réu está alge no contexto do júri, uma vez que amplia a regra da proibição das algemas
mado, é porque é perigoso!". em plenário.
Sabe-se que os jurados, ao não necessitarem fundamentar deci A regra permissiva (que é exceção) foi restringida ainda mais.
sões e proferir decisões de acordo com as próprias consciências, levam Desse modo, além de somente ser permitido o uso de algemas em casos
em conta múltiplos e incertos fatores, inclusive realizando um julgamento absolutamente necessários à ordem dos trabalhos, à segurança e à ga
moral do acusado'^', sendo que o fato de ele estar algemado pode ser deci
sivo à construção do veredicto.
mo
Não é possível a realização de um julgamento imparcial, se o Habeas Corpus 91.952. O Plenário do STF anulou a condenação do pedreiro Antônio
acusado é obrigado a utilizar um instrumento simbólico-opressivo, abso Sérgio da Silva, pelo Tribunal do Júri de Laranjal Paulista (SP), haja vista ele ter sido
mantido algemado durante seu Julgamento.
lutamente degradante. 101
Constituição da República Federativa do Brasil: "Art. I03-A. O Supremo Tribunal
A utilização de algemas em plenário fere o principio da digni Federal poderá, de oficio ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos
dade da pessoa humana, da plenitude de defesa e da presunção da inocência. seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula
que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação
aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta,
FIGUEIRA, I.UÍZ Eduardo. O ritual judicláriu do Tribunal do Júri. Porto Alegre: nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou can
Sérgio Antonio Fabris, 2008. p. 256. celamento, na forma estabelecida em lei".
i
Art. 475 Rodrigo Faucz Pereira e Silva 106

rantia da integridade física dos presentes, deverão ser respeitadas as


regras constantes na Súmula Vinculante 1 I/STF, quais sejam, permissão ^dos autos. do registro, após feita a de^I
do uso de algemas em caso de:(1) resistência por parte do acusado;(2) giaxaçao, constara
receio de fuga;(3) perigo à integridade física própria;(4) perigo à inte
gridade física alheia.
(1) Se o acusado não resistir em ser levado ao seu julgamento,
ou em permanecer nele, não é lícita a utilização de algemas. Há uma situ
peléncia dotoTrAijídIrío''aV «5
ação concreta, ou seja, o acusado deve resistir, recusar-se a persistir em
plenário ou nos locais destinados a ele. Portanto, não bastam suposições
ou suspeitas. Resistir é uma conduta e sem ela não há fundamentação
necessária para a violência coercitiva.
(2) O receio de fuga, assim como se interpretam a nova lei e a
Súmula, não pode ser entendido de maneira especulativa ou ser utilizado
como argumento genérico. O receio de fuga deve ser real, fundado em
elementos concretos ou em ações anteriores.
(3) No contexto do júri, a possibilidade perigo à integridade fí
sica própria resta imprevisível. Esse perigo configura-se, principalmente,
nos casos em que o preso se revele ensandecido, transtornado, tentando,
até, suicidar-se. Então, se esse for o caso, é licito o uso de algemas.
digi.aliza S™,l;aS;a°™ír""rLVTST
parte recebe um co,„p„c;./„c(CDTcoitTendo os alÔs '
(4) O perigo, agora à integridade física alheia, mais uma vez Nas palavras de René Ariel Dotti"'^;
salientamos, deve ser concreto, nunca especulativo ou abstrato. Configu
ra-se se o acusado demonstrar a disposição de atacar ou causar danos
físicos a qualquer pessoa presente no julgamento. A vida pregressa do
acusado, a periculosidade do mesmo ou as circunstâncias do crime não
bastam para fundamentar a utilização das algemas.
Além de excepcionar em face dessas circunstâncias, a Súmula
Vinculante ainda estabelece que, em qualquer caso, a determinação do
uso de algemas deverá ser justificada por escrito"'". Com isso, a fiscaliza
ção às autoridades será maior e mais efetiva.
As autoridades que determinarem a utilização de algemas poderão
ser responsabilizadas administrativamente e penalmente (abuso de autori
dade), além de haver responsabilidade civil do Estado (indenização).
coilsidera^dVo
mente de recursos é fim t
'■«'""vãmente baratos e,
« " «cotiomia de tempo - conseqüente-
Destarte, para a plena efetivação das garantias individuais do acu ■ecnològia '^""''"'"«'""1 " ""«quaÇâo dos atos processuais à
sado, visando garantir sobremaneira um julgamento imparcial, a utilização
de algemas durante o julgamento deve, por princípio, ser rechaçada.
Seção XII
Art. 475. O registro dos depoimentos e do interrogatório Dos Debates
será feito petos meios ou recursos de gravação magnética,
eletrônica, estenotipia ou técnica similar, destinada a obter a instrução, será concedida a oalavrn
maiorfidelidade e celeridade na colheita da prova. a» PÚWc. c,ue fará a a.u.nrP.Z lEÍTl
103
No Júri, caberá ao juiz presidente fundamentar a excepcionai decisão de utilização de
algemas. tH!Xnl;;í„'ASta,i "''=™ ««v".™
108 109 Tribunal do Júri O Novo Rito Interpretado Art. 477
Rodrigo Faucz Pereira I Silva
Art. 476
Conforme já era determinado pela redação anterior, a palavra
nronúncia ou das decisões posteriores quejulgaram admis- será cedida após a sustentação da acusação - à defesa. Caso a acusação
S "iVm «..v,c.»Wo, seM o caso.
circunstância agravante-
a ecsicaca de
_ ryui-
entenda necessário, poderá replicar. Em havendo réplica, a defesa obriga
toriamente deverá treplicar, rebatendo os argumentos da réplica e/ou rea
srO assistentefalará depois do Ministério Publico. firmando sua sustentação anterior.
S 2" Tratando-se de ação penal de iniciativa privada,ja ara A reinquirição de testemunha, prevista na parte final do § 4°,
em primeiro lugar o querelante e, em seguida, o Minis erio pode ser interpretada de duas maneiras:(1) as partes poderão livremente
Público, salvo se este houver retomado a titularidade da reinquirir todas as testemunhas que entender necessárias para suas expo
ação, na forma do art. 29 deste Código. sições, e (2) as partes poderão reinquirir as testemunhas, desde que utili
zem o tempo previsto para as sustentações.
Pela disposição sistemática em que está inserida tal possibilidade
Ari. 471. Terminada a inquirição das testemunhas o promotor lerá o - nos artigos referentes aos debates -, entendemos que o tempo relativo
libelo e os dispositivos da lei penal em que o reu se acha, nu toso. e p
duzirá a acusação. às reinquirições propriamente ditas'"^ deverá ser diminuído do tempo total
S I" O assistente falai á depois do promotor. destinado às partes para suas sustentações. Caso contrário, defesa e acu
S 2"Sendo o processo p,o,novido pela pa,-te ofendida, o p,omotor falara sação poderão reinquirir indefinidamente determinadas testemunhas asser
ipoisdo acusador particular, tanto na acusação conto na repitca. tivas, com o intuito de causar uma disparidade de armas no julgamento""'.
Importante ressaltar que somente poderão ser reinquiridas aquelas
Após a instrução em plenário, passar-se-á aos debates. A pala testemunhas que não tenham sido dispensadas após seus depoimentos
vra será coícedida ao Ministério Público, o qual devera acusar nos limi quando da instrução em plenário. Uma vez que, quando o juízo dispensa
determinadas testemunhas, estas não mais ficam sob a responsabilidade
tes SfinSos pela pronúncia, ou das decisões posteriores que julgaram do juízo, podendo sofrer influências de terceiros, deixar o Tribunal do
admissível a acusação. j • u,.
Júri e, também, o que não é raro, assistir aos debates.
sorte, o MinislérioPúblko-nãCLtera^^ f
a ^cuTação oral atendendo aos dispo- Normalmente, após a inquirição das testemunhas na fase de
SòsÍègãís em que o acusado foi incurso na decisão de pronuncia, be instrução em plenário, o magistrado pergunta às partes se pode dispensar
as testemunhas. Nos casos em que, eventualmente, será apurada a ocor
como às circunstâncias qualificadoras e às causas de aumento de pena. rência de falso testemunho, ou em que possa haver a possibilidade de
Quando o assistente de acusação estiver habilitado, sustentara a reinquirição, as testemunhas não devem ser dispensadas.

se os casos em que este último tenha retomado a titularidade da açao p ^ArU 477. O tempo destinado à acusação e à defesa será de
fmoTiõfa e meia para cada. e de uma hora para a réplica e
negligência do querelante.
outro tanto para a tréplica.
§1"Havendo mais de um acusador ou mais de um defensor,
Art. 476. (...) combinarão entre si a distribuição do tempo, que, na falta
S 3"Finda a acusação, terá a palavra a defesa.
de acordo, será dividido pelo juiz presidente, deforma a não
S 4"A acusação poderá replicar e a defesa treplicar sen o exceder o determinado neste artigo.
^admitida a reinguirição de testemunha ia ouvida em plenário. S 2"Havendo mais de 1 (um) acusado, o tempo para a acu
sação e a defesa será acrescido de 1 (uma) hora e elevado
ao dobro o da réplica e da tréplica, ohser\>ado o disposto no
Art 472 Finda a acusação, o defen.sor lei á a palavra pai a defesa. § I" deste artigo.
Art 473 O acusador podcá replicar e a defesa tréplica,-, sendo admtltda
a reinquirição de qualquer das testemunhasja ouvidas em plena,u .
105
lOí)
E não atos preparatórios, diligencias, gravações ou outros meios para transcrição.
Situação inevitável, caso as testemunhas sejam unilaterais.
110 Tribunal do Júri - O Novo Rito Interpretado Art. 477
Art. 477
Rodrigo Faucz Pereira e Silva
A função da acusação é provar que o acusado está incurso nos
Ari 474 O tempo destinado à acusação e à defesa será de dispositivos legais apontados pela decisão de pronúncia, em direta rela
pl cada um íde meia hora a réplica e outro tanto para a t,epitca. _ ção com os fatos apresentados na denúncia, e não rebater as teses jurídi
cas defensivas. Somente se a defesa apresentasse fatos novos ou pro
vas novas, é que se poderia cogitar em ofensa ao contraditório.
Não raras vezes, surge à defesa um novo ponto de vista, ou uma
nova possibilidade jurídica, no decorrer do julgamento. Caso não haja
tempo de exposição na primeira sustentação - o que facilmente poderá
acontecer, haja vista a diminuição do tempo para 1 (uma) hora e meia -, é
rlí totalmente inaceitável impedir que a defesa sustente qualquer argu
A recente redação traz uma inovação no tempo estipulado as mentação favorável ao acusado, pelo simples fato de o Ministério Público
s„s,en.ações en. uSThX 30 não mais poder contrariá-la! Ademais, uma nova tese poderá surgir, ou
ÍnS rnu"udo o'.emp<!'para a ^épOc» e^ 0- an.erior-
mente era de 30 (trinta) minutos, passou a 1 (uma) hora.
ser confirmada,justamente em decorrência da réplica.
Nesse diapasão (constitucional), entendem, entre outros. Guilherme
de Souza Nucci'"' e José Parada Neto ,
Não obstante a regra admite importante exceção: caso haja ex-

EBBHãSSHif
vei e poi-menorizada.
"Questão como a inovação da lese de defesa na tréplica, somente para dar um exem
plo, precisam ser consolidadas como um legitimo direito do réu. No Tribunal do Júri,
onde os jurados decidem sem fundamentar e são leigos, é es.sencial que a defesa se
valha de todos os instrumentos que puder. Não se defende, em hipótese nenhuma, o
uso de métodos antiéticos ou ilegais. Ao contrário, .sustenta-se ofiel cumprimento da
Salvo melhor juízo, a alteração, que, num primeiro momento lei. Onde está previsto, no Código de Processo Penal, que é vedado à defesa expor,
na tréplica, uma te.se ainda não abordada até então? Em ponto algum. Os defensores
da proibição estruturam-.se no principio do contraditório. Ora, uma das partes há de
ser a última a se manifestar, nos autos de qualquer proce.s.so, antes da decisão Judicial.
SSptrsoícomS Afinal, no processo comum, após o oferecimento das teses defensivas, nas alegações
finais, não se abre vista ao órgão de acusação para, em nome do contraditório, ma
Outro ponto importante a esclarecer é que, ao contrario do,cjue a nifestar-se. Assim sendo, inexiste qualquer motivo para que, nojúri, tal se dê. Impedir
a defesa, quando lhe ocorre idéia inédita, por vezes em decorrência da manifestação
do (irgão acusatéirio, em réplica, de levantar tese nova eqüivale à defenestração do
defensiva ainda não aventada,— principio constitucional da plenitude de defesa. Não se pode ter uma defesa manietada e
cerceada,[...] Lembremos mais: o Tribunal do Júri é soberano (outro principio cons
Não há, nem na antiga nem na nova redação, a.P™ibiçao da titucional da instituição). Suas decisões não devem ser revistas, quanto ao mérito,
por tribunais togados. Por isso, é crucial que a defe.sa seja plena". NUCCI, Guilherme
de Souza. Tribunal do Júri. São Paulo. Revista dos Tribunais, 2008. p. 27/28.
lOX
"O entendimento tradicional é que a defesa não poderá apresentar nova tese defensi
va na tréplica, Esta é outra praxe ou tradição indevida. Ora, nos processos comuns, a
blico não mais poderia se manifestar sobre o que foi sustentado. defesa fala sempre por último e não há oportunidade da réplica. Deve a acusação
Contudo tal argumento é desprovido 'ra a estar convencida de sua tese, mesmo porque a acusação só pode ser uma, enquanto a
fundamental da ampla defesa - e no defesa pode apresentar quantas leses entender necessárias. Evidente que se o defen
sor reservar nova tese para a tréplica e, ela não for possível, porque a Acusação
defesa plena -, além de possibilitar que o acusado ^'egue 'jum^ não retornou para a réplica, causará prejuízo ao réu. O artigo 473 (nova redação,
ria uue lhe interessar e utilize de todas as armas possi - p ortigo 476, §4") do CPP permite que seja feita a reinquirição de qualquer das teste
der, determina que a defesa sempre se manifeste por ultimo^ munhasjá ouvidas em plenário. Ora, se tal fato se der antes da réplica e tréplica e a
testemunha trouxer algum esclarecimento ou detalhe não manifestado anteriormente,
comoficará a defesa, sem poder argíiir a nova tese. em decorrência dessa nova prova
produzida?", PÁRADA NETO, José. A defesa no plenário do júri. Tribunal do
Júri - Estudo sobre a mais democrática instituição jurídica brasileira. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1999. p. 178.
contra-atacar.
1 13 Tribunal do Júri O Novo Rito Inteipretado Art. 478
Art. 478
Rodriüü Faucz Pereira e Silva
Há, contudo, de se fazer uma importante ressalva. A ^proibição
Por derradeiro, na balança entre duas garantias constitucionais contida nesse artigo refere-se à decisão de pronúncia concreta'", ou seja,
aquela distribuída aos jurados. Nada obsta que se explique aos jurados a
SnÍão' naTun? do°
favoravelmente ao acusado.
Sempre Tigurrabstrata da decisücrctê pronúncia, sua condição de mera admissibi-
lidade e, até, suas características e condiçõe^s^
Porque se trata, no Conselho de Sentença, de pessoas leigas, é
fundamental que as partes possam explicar o que a pronúncia significa. _
~Arí. 478. Durante os debates as parles não poderão, sob sempre cuidando para não tecer considerações à decisão concreta em tela.
pena de nuUdade,fazer referencias: A acusação não poderá fazer referência ao fato de estar o acu
J-à decisão de pronúncia, às decisões posteriores qiiejut- sado algemado durante o julgamento. Da mesma forma, a defesa não
poderá utilizar o fato de estar o acusado sem algemas para demonstrar a
aparente falta de periculosidade dele. '
prejudiquem o acusado,
Por último, as partes não poderão fazer referência ao silêncio do
II - ao silêncio do acusado ou à ausência de interrogatório acusado ou à ausência de interrogatório. Os operadores do direito são
por falta de requerimento, em seu prejuízo. conSciêtlteTUa garantialjue"significa ^ra o acusado permanecer em si
lêncio sempre que interrogado, sem que esse fato seja interpretado em
rnnfoime iá foi antes exposto, inacreditavelmente, a decisão de prejuízo da defesa; entretanto esse entendimento não está sedimentado na
sapiência popular. Desse modo, para que abusos e violações não ocorram,
acertou o legislador.
ram admissível a acusação. , . • ~ Além das vedações constantes nesse artigo, dever-se-ia proibir
Contudo I iMitfi nün pnd-rã" f"" ruforênc.as a decisão de referências e até a juntada no processo de elementos probatórios não pro
pronúncia duzidos sob o crivo do contraditório'". Desta sorte, impedir-se-ia a for
T^^írnoimieirpartes, e sobretudo a acusação"", ^ilizam a pro- mação da convicção dos jurados leigos com base na investigação. Perdeu
núncia e decisões de admissibilidade para de"-
zLo expressões como:"o própno Jt^^XeS dúe ™ rV«n?e lin
Do caso que está sendo julgado.
III
Salientamos a lição de Antonio Searanee FERNANDES: "Constitui extravasamento da
função da fase de investigação a sua utilização para a condenação. Para evitar que
rrn^rSnli^ ier.ú isso aconteça, tendem as legislações a impedir a juntada dos autos de investigação
aos autos do processo. Atribuem, contudo, valor probatório a diligências investigató-
que a proibição foi determinada. in^ne- rias que. por sua natureza, .são irrepetiveis, ou a medidas que, em virtude de urgênci
Ademais, no sentido diametralmente oposto, de as, devem ser antecipadas. Eventual utilização indevida dos elementos informativos
da investigação como prova no Julgamento constitui espécie de ilicitude, a ilicitude fi
;ro'da1nlõ'neir^âprtto siológica, em que, apesar de o ato ser idôneo para a fase em que foi praticado, é ini-
dôneo para a fase posterior. Não .se cuida de um vicio em .sentido técnico, mas de
uma proibição de utilização de ato de uma fase em outra posterior.[...] Embora a uti
Sptirpartes™ns^ lização dos informes do inquérito para a condenação represente ofensa aos principios
do contraditório, da ampla defesa e da presunção de Inocência, na prática forense os
elementos colhidos durante a investigação têm influido na condenação do acusado.
Além de haver orientações dos tribunais no .sentido de que os dados obtidos no inqué
do que explicações orais. rito, se confirmados por outros elementos ou se não infirmados pela defesa, podem
ser considerados pelo Juiz, o fato de os autos de inquérito permanecerem junto aos
autos do processo faz com que o Julgador tome conhecimento do que foi apurado
pela policia. Assumiu, assim o inquérito função anômala, não condizente com o.s
"cbe repeti, •■sobremdo.a.us.çío-, porqae » citados principios do contraditório, da ampla defesa e da presunção de inocência.
FERNANDES, Antonio Searanee. Teoria geral do procedimento e o procedimento
no processo penai. São Paulo: Revista dos Tribunais. 2005. p. 307.
que as reformaram.
Rodrigo Faucz Pereira e Silva 114
Art. 479 1 15
Tribunal do Júri O Novo Rito Interpretado
Art. 480
O legislador uma excelente oportunidade de adequar o procedimento do ^úri
às tendências garantistas e harmonizar a Lei 11.689/08 com a 1 1.690/08 possam smgirlrmo
caso que está sendo julgiHS; '
^ exibição de objelos que
relativos ao próprio
Art. 479. Durante o Julgamento não será permitida a leitura
de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido
juntado aos autos coma antecedência mínima de 3(três) dias produçi5es%i„ema,og°áa ríum
que não tenham relação diren rom r. ^ objetos e documentos
úteis, dando-se ciência à outra parte.
Parágrafo único. Compreende-se na proibição deste artigo regra deste artigo''' ^° ^ ^«t^o excluídos da
a leitura de jornais ou qualquer outro escrito, bem como a
exibição de videos, gravações, fotografias, laudos, quadros, ^
croqui ou qualquer outro meio assemelhado, cujo conteúdo qitalquer momento e por«intermédio
defesa e do
osjuiz
jurados poderão
presidente pedira'
versar sobre a matéria de fato .submetida à apreciação e ao orador que indique a folha dos autos onde eencoZa a
julgamento dosjurados. = .rr peça por ele tda ou citada,facultando-se. ainL aTZa
Art. 475. Durante o julgamento não será permitida a produção ou leitura
I jfretTZjf ° defato
de documento que não tiver .sido comunicado à parle contrária, com ante
cedência, pelo meno.s, de 3 (três) dias, compreendida nessa proibição a
leitura dejornais ou qualquer escrito, cujo conteúdo versar sobre matéria
defato constante do proce.sso.
processuaf:':iSa:t/;,u,ara"ro ^Va^s°
A qualquer momento, durante os dehntps a ncrta
Pela nova redação foram especificados os documentos que não^
joderão ser utilizados em plenário sem que tenha sido possibilitado
parte oposta tomar conhecimento prévio. nará que o orador faça a indicação presidente, o qual determi-
iDesta sorte, a utilização (leitura e exibição) de documentos e
objetos em Plenário fica restrita àqueles que tenham sido juntados ao
processo com antecedência mínima de 3 (três) dias úteis à data da sessão,
dando-se ciência à outra parte. •
O texto infonna quais são as ações, documentos e objetos que
não podem ser utilizados sem o conhecimento da outra parte: leituras^
5uetd:s'rqrroiv„rde^:s,£^^
pessoal ou predisposição cSuira ouâ ftvÕr do^aSdT
jornais e outros escritos, exibição de vídeos, gravações, fotografias,Jau.-
dnsrqõãdrõsTa^ e outros meios assgmelhados. Art. 480. (...)
Todavia a pedra de toque é a última parte do parágrafo único, §1 Concluídos os debates, o presidente indagará dos iura
"cí/yo conteúdo versar sobre a matéria defato submetida à apreciação e
julgamento dosjurado.s'\ ' ^ ^ ' e.éclZeaTe„,ôf " """
Fica evidente que jornais, fotografias, vídeos, quadros, apre 113
sentações e outros recursos em geral, gpe não versem sobre o especjljgP
caso concreto, não precisam ser juntados e podem ser utilizados livre- 'nente.sobre o conteúdo fático submetido a iulJ ''/'"'f- especijica-
rniéntê^la paTte/ "VI.SO paraá parte cotitrária.[]Outro ponuTextlem dispensada de prévio
ora em análise é a con.statação qie, nTfoZTdZe
dtmento do .Júri. a utilização do rerurL j • ofteradora do proce
"" Código de Processo Penal, de acordo com a alteração da Lei 1 1.690/08: "Art das desconta-se do temtJo de fala da narte n', dvremente realizada,
juiz formará .sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contrã plenário não e.xi.ste mais a leitura de nicas a VÍ, "^o. eis que no procedimento
rio judicial, não podendo jundarnenlar sua decisão exclusivamente nos elemento^_^ na forma ampla que regulamentava « revnn equenmento das partes ou dosjurados,
formativos colhidos na imvstigüção. ressahadas as orovas eautelares, não repe ce.s.so Penal" FL TASSF Aãnl íí c\ogado ^ ,, do art. 466 do Código de Pro-
e antecijiàdas' "»«.í.i I.is 2X° ""
Art. 480 Rodrigo Faucz Pereira e Silva 1 16 117 Tribuna! do Júri O Novo Rito interpretado
Art. 481

§ 2" Se houver dúvida sobre questão de fato, o presidente


prestará esclarecimentos à vista dos autos.
§ 3" Os jurados, nesta fase do procedimento, terão acesso
para aprest^r^jiSp^
jurados. Logo, assim como o juiz togado têm acesso aos
aos autos e aos instrumentos do crime se solicitarem ao juiz
presidente. "''""O"'"""Wm

Art. 476. Ao.s jurados, quando se recolherem à sala .secreta, serão entre
gues os autos do processo, bem como, se o pedirem, os instrumentos do Art. 481. Se a verificação de qualquer fato, reconhecida
crime, devendo ojuiz estar presente para evitar a influência de uns .sobre como essencial para o julgamento da causa, não puder ser
os outros. realizada mediatatnente, ojuiz presidente dissolverá o Con-
Parágrafo único. Os jurados poderão também, a qualquer momento, e
por intermédio do juiz, pedir ao orador que indique a folha dos autos necích-faT " diligências entendidas
onde se encontra a peça por ele lida ou citada. Paragrafo único. Se a diligência consistir na produção de
Art. 478. Concluídos os debates, ojuiz indagará dosjurados se estão ha
bilitados ajulgar ou se precisam de mais e.sclarecimentos.
prova pericial, ojuiz presidente, desde fogo, nomeará perito
Parágrafo único. Se qualquer dosjurados necessitar de novos esclareci
eformulara quesito.s,facultando às partes também formulá-
mentos sobre questão defato, o juiz os dará, ou mandará que o escrivão
los e indicar a.ssistentes técnicos, no prazo de 5(cinco) dias
os dê, à vista dos autos.

Finalizados os debates, o magistrado deverá questionar aos jurados 'dTcitl^'t^''" nao puder
decsao dacau.sa, d'.ser
qualquer fato,imediatamente,
realizada reconhecida e.s.sencial para a
o fuiz dissolvi
se estão habilitados a julgar ou se necessitam de outros esclarecimentos.
Em havendo esclarecimentos, o magistrado deverá elucidar os
pontos suscitados pelo(s) jurado(s), de forma a indicar exatamente o que
está descrito nos autos. Caso a explicação verse sobre questões contro
vertidas - em que haja diferentes pontos de vista entre a acusação e a riflcar
defesa -, o juiz deverá informar ambos.
Contudo a explanação deverá ser exposta de forma imparcial, aTaSa" <"= -O™"'!"
sem deixar transparecer qualquer ponto de vista pessoal, ou descrédito
aos fatos apresentados por uma ou outra parte. tc i 1 ainda não inquirida,
testemunha '"i™ caso
que, noem que seja
decorrer dosnecessário ouvir
debates os uma
jurados
Terminados os debates, os jurados também terão acesso aos entenderam como tundamental. Nesse caso, em nao sendfposs/.d en!
autos e aos instrumentos do crime. O parágrafo ainda traz a idéia de que,
para que os jurados tenham acesso, deverão requerer ao juiz presidente. man^
mandandoimediatamente a testemunha,
intimada a comparecer ao oJúri.
juizÉdeverá dissolver
certo que serão ooutros
Conselho
jura
No entanto ao Conselho deve ser propiciado o acesso irrestrito aos autos, dos, contudo o proximo C onselho de Sentença terá oportunidade de anali
inclusive no decorrer dos debates, seja para verificar a veracidade das ar a prova entendida como imprescindível pelo Conselho anterior.
informações indicadas pelo orador, seja para dirimir quaisquer dúvidas
pessoais, inclusive porque são os juizes naturais da causa. ducão pelo jurado consistir na pro-
A nova redação indica que, após os debates, os jurados terão acesso nS ? pericial , ao dissolver o Conselho de Sentença o juiz
aos autos e instrumentos do crime, afastando-se da redação anterior, que
detenriinava que - ao se recolherem à sala secreta - é que tal fato ocorreria.
S rnrazoT 5 7"""
assistPnf^ f ^
f entendam necessário, indicar
assistentes técnicos e formular quesitos.
Porém qualquer jurado, caso necessite para formar adequadamente sua
opinião, deve ter a possibilidade de analisar os autos a qualquer tempo - li
como já foi dito anteriormente - inclusive quando recolhidos à sala secreta.
SlTre seú'eS'n
borSlíllíl™ necessário o e.same
examesdade.noa
DNAdoo»crime
la-
Rodrijjo Faucz Pereira e Silva 118 119 Tribunal do Júri O Novo Rito Interpretado Art. 483
Art. 482

quesitos deverão ser redigidos de forma singela, facilmente compreensí


Seção XIII veis, evitando-se proposições ambíguas. Os quesitos deverão ser expressões
Do Questionário e sua Votação afirmativas e distintas.
Com a supressão do libelo-crime acusatório, os quesitos levarão
Art. 482. O Conselho de Sentença será questionado sobre em conta o determinado na decisão de pronúncia - ou decisões posterio
matéria defato e se o acusado deve ser absolvido. res que julgaram admissível a acusação -, o interrogatório - relacionado
Parágrafo único. Os quesitos serão redigidos em proposi diretamente a apresentação da autodefesa - e as sustentações das partes,
ções afirmativas, simples e distintas, de modo que cada um com as peculiaridades que serão estudadas adequadamente.
deles possa ser respondido com suficiente clareza e necessá
ria precisão. Na sua elaboração, o presidente levará em Art. 483. Os quesitos serão formulados na seguinte ordem.
conta os termos da pronúncia ou das decisões posteriores indagando sobre:
que julgaram admissível a acusação, do interrogatório e das I-a materialidade dofato;
alegações das partes.
II-a autoria ou participação;
III- se o acusado deve ser absolvido;
Art. 484. (...)
VI - quando ojuiz tiver que fazer diferentes quesitos, sempre os formula IV - se existe causa de diminuição de pena alegada pela
rá em proposições simples e hem distintas, de maneira que cada um deles defesa;
possa ser respondido com suficiente clareza. V-se existe circunstância qualificadora ou causa de aumento
de pena reconhecidas na pronúncia ou em decisões poste
riores quejulgaram admissível a acusação."
A formulação de quesitos sempre foi causa de grande discussão
entre os estudiosos do Tribunal do Júri. Por sua elevada complexidade, § 1" A resposta negativa, de mais de 3 (três) jurados, a
diversas obras e estudos sobre o tema foram elaborados Nos processos qualquer dos quesitos referidos nos incisos I e~ÍI do caput
de competência do Júri, grande parte dos julgamentos anulados tem como deste artigo encerra a votação e implica a absolvição do
causa, justamente, a formulação incorreta e/ou incompleta de quesitos e acusado.
as respostas contraditórias. §2"Respondidos afirmativamente por mais de 3 (três)jura
Portanto, a simplificação do processo de elaboração de quesitos dos os quesitos relativos aos incisos I e II do caput deste
artigo seráformulado quesito com a seguinte redação:
é muito bem-vinda. Como já foJ dito, inúmeras obras e estudos foram
produzidos para entender e solucionar os problemas concretos do questi 0jurado absolve o acusado?
onário. Com a simplificação desse procedimento, algumas diliculdades ja § 3" Decidindo os jurados pela condenação, o julgamento
podem ser previstas, outras serão reveladas à medida que os julgamentos prossegue, devendo serformulados quesitos sobre:
ocorram. 1-causa de diminuição de pena alegada pela defesa;
'
A nova redação dispõe que o Conselho de Sentença será questio II - circunstância qualifiicadora ou causa de aumento de
nado sobre matéria de fato e se o acusado deve ser absolvido. pena, reconhecidas na pronúncia ou em decisões posteriores
Primeiramente cabe uma crítica, pois há uma linha tênue entre a quejulgaram admissível a acusação.
questão de fato e a de direito, principalmente quando se trata de homicí §4"Sustentada a desclassificação da infração para outra de
dio doloso. O Conselho de Sentença será questionado sobre causas de competência do juiz singular, será formulado quesito a
diminuição de pena, ou de aumento, ou qualiticadoras, entre outras, üizer respeito, para ser respondido após o 2" (segundo) ou 3"
que "violenta emoção","homicídio culposo","meio insidioso ou cruel sa (terceiro) quesito, conforme o caso.
meramente questões fáticas é uma inverdade. Sao questões que possuem § 5"Sustentada a tese de ocorrência do crime na suaforma
uma carga dogmática jurídica indissociável com os elementos meramen tentada ou havendo divergência sobre a tipificação do deli
fáticos. . to, sendo este da competência do Tribunal do Júri, o juiz
De qualquer forma, no parágrafo único do artigo referente formulará quesito acerca destas questões, para ser respon-
elaboração dos quesitos, há informações valiosas para o magistrado. dido após o .segundo quesito.
u

121 Tribunal do .liiri O Novo Rito Interpretado Art. 483

Dessa forma, é, em tese, irrelevante a votação da materialidade sem con


I S 6" Havendo mais de um crime ou mais de um acusado, os siderar que o agente tenha causado o resultado. A autoria deveria ser a
I Quesitos serão formulados em séries distintas. — primeira pergunta a ser apresentada e a materialidade somente objeto de
quesito se aquela fosse reconhecida; dessa forma, o segundo quesito
Ari. 484. Os quesitos serão formulados com observância das .seguintes indagaria sobre o nexo entre a conduta e o resultado.
Antes mesmo de aprovado e sancionado o projeto de lei que deu
primeiro versará .sobre o fato principal, de conformidade com o origem à presente lei, Hermínio Alberto Marques Porto "'já destacava tal
entender aue alguma circunstância, e.xposta no libelo, não tem co- situação, indo além:'M indagação inicial sobre um resultado (materiali
dade) sem identificação de autoria obriga os jurados a decidir sobre
aspectos obviamente não cobertos pela competência do Júri".
m'^"[sTo7eTàpresentar. na .sua defesa, ou alegar, nos debates, ipialquer Quando se tratar de concurso de pessoas o quesito não poderá
ser genérico, devendo estipular definidamente a conduta delitiva que está

SÊliilisSifeS sendo imputada ao acusado. Portanto, o quesito "O acusado concorreu de


qualquer forma para a prática do crime?" não está submetendo aos julga
dores do fato nenhum fato! A participação deve ser delimitada expressa
mente, de forma concreta e descritiva. Importante salientar que dificil
mente os jurados interpretarão a expressão "de qualquer forma" em con

mêmismm. sonância com os conceitos jurídicos de concurso de pessoas.


O terceiro quesito praticamente engloba todas as teses defensi
vas, perguntando aos jurados se eles absolvem o acusado. Anteriormente,
teses como a legítima defesa desdobravam-se em 5 (cinco) quesitos que
diversos os pontos de acusação:
deveriam ser respondidos afirmativamente para sua caracterização, o que
representava uma dificuldade considerável, além de representar uma no
Penal, observado o seguinte. ,, h,h for- tável complexidade de configuração por jurados leigos.
I - para cada circunstância agravante, articulada no libelo, o juu Jor Algumas críticas a essa demasiada simplificação devem ser
expendidas. Há autores que defendem que o ideal deveria ser a elaboração
n"'"le ITsuUar^os debates o conhecimento da e.xistência de alguma cir-
cim^::^^cZ£ não articulada tio libelo, ojut. a requerimento do de um quesito único, em separado, para cada tese defensiva. Dessa forma,
por exemplo, elaborar-se-ia um quesito único para legítima defesa, outro
acusador, formulará o quesito a ela relativo. . . , .
III o juizformulará, .sempre, um quesito .sobre a existência de cncun.- quesito único para inexigibilidade de conduta diversa, quesito para estado
tâncias atenuantes, ou alegadas; de necessidade, e assim sucessivamente, quantas fossem as teses defensi
IV ^ se o júri afirmar a existência de circun.stancias atenuantes ojuu o vas apresentadas.
Estudiosos que defendem essa postura argumentam que englo
respostas. bar todos as teses defensivas em uma única dificultaria - ou impossibili
taria em sede de recurso, arrazoar ou contra-arrazoar de maneira cor
reta, haja vista a impossibilidade de reconhecer qual a causa de exclusão
o primeiro quesilo a ser submelido á volação é o ! do crime foi acatada pelos jurados. Da mesma forma, aos julgadores ad
Ma",s.atr"o Jurado'^deverá jalga' quem também sobreviriam dificuldades na análise recursal.
Esquecem, porém, os defensores dessa tese, que os jurados jul
um fato desvinculado de uma conduta. ,i5 gam de acordo com própria consciência e os ditames da justiça, sendo a
A relação de causalidade, amparada no art. 13 ^ votação sigilosa.
dispõe que o resultado somente será imputado a quem lhe deu
116
PORTO, Heiniínio Alberto Marques. Julgamento pelo Tribunal do Júri: Questionário.
Tribunal cio Júri - Estudo sobre a mais democrática instituição juridica brasileira, São
Paulo: Revistas dos Tribunais, 1999. p. 208.
não teria ocorrido .
123 Tribunal do Júri O Novo Rito Interpretado Art. 483

Caso seja sustentada a desclassificação do delito para outro, de


competência do juiz togado, o quesito a ser formulado deverá ser votado
após o 2° ou o 3° quesito. Isso porque essa ordem - caso a tese defensiva
(por exemplo, de desclassificação para lesão corporal seguida de morte
ou desclassificação para homicídio culposo) for subsidiária a uma de
exclusão de ilicitude - prejudicaria imensamente o acusado se fosse vota
do antes do 3" quesito. Caso esse quadro hipotético fosse considerado, e a
votação da desclassificação fosse anterior à pergunta sobre a absolvição,
o acusado correria o risco de ser condenado por erime de lesão corporal
seguida de moi1e, sem sequer ter a possibilidade da análise de sua tese
principal, a qual poderia levá-lo à absolvição.
Entretanto, em não havendo teses absolutórias integradas ao
terceiro quesito obrigatório, não haverá prejuízo ao acusado que a vota
S5^Sr-í^«t;í:s;s I :

li
ção da desclassificação seja efetuada antes do quesito sobre a absolvição.
Saliente-se que a não votação do quesito sobre a absolvição
do acusado, em sendo sustentado pela defesa, acarreta grave prejuízo
e afronta diretamente o princípio da plenitude de defesa.
Se houver a desclassificação para crime considerado como de
raardfpSSK menor potencial ofensivo, deverá ser aplicada a Lei 9.099/95 (Lei dos
Juizados Especiais Cíveis e Criminais).
próprio acusado) ou na sustentação P especificadas na decisão de
As eventuais qualificadoras e/ou causas de aumento de pena
admitidas na pronúncia serão perquiridas em seguida, caso não tenham
A .ese de homicídio privilegiado - eausa de sido eonsideradas prejudicadas (ver explicação do art. 490). Vale lembrar
- poderá ser sustentada se o 11^"'° '°^°'°'" vaiof moral e/ou sob o que as qualificadoras deverão ser determinadas e vinculadas à sua descri
social, se o ° g em sSiustificativas
dominio de violenta emoção |
à pr^ do dahomicídio
vítittta. ção fática completa, sendo inadmissível a formulação abstrata. Dessa
forma, a conduta do agente deve constar no quesito, ou seja, deve estar
devidamente enunciado o motivo reputado para a caracterização do moti
•""N^^^^ToToTL^enrdo^ro SaverTproblema, Mas e nos julgamentos vo torpe, fiítil, outro meio insidioso ou cruel, e do recurso que tenha difi
d-1
Antes« ttemhtpóteses
da entrada v^or dadeVtv.légto sejam sustentadas/
nova leu jurts^^^^
cultado ou tornado impossível a defesa do ofendido.
Note-se que, com a supressão do libelo, somente poderão ser
sustentadas e questionadas, sob pena de nulidade, teses acusatórias que
nadores apontavam duas possibilidades^() q ^ ^2) que o rele- tenham sido declaradas na decisão de pronúncia, uma vez que o contrário
r„m vTr SmTeSvtre^star^o utesmo guèstto, e a violenta afrontaria o principio da ampla defesa.
emocdoemo^Op ^ «P^rilStiSe»)- No caso de ser sustentada a ocorrência do crime em sua forma
tentada, deverá ser elaborado quesito a ser respondido após os dois pri
meiros quesitos obrigatórios - de autoria e materialidade. Outra vez surge
unia situação controvertida, pois a formulação do quesito de tentativa está
nitrinsecamente ligada com a própria redação dos quesitos de autoria e

E=SiHESS£e^
dTlivre entendimento e razoabilidade de cada juiz presidente.
materialidade.
Quando houver divergência sobre a tipificação do delito, sendo
n crime sustentado pela defesa também de competência do Tribunal do
Juri - caso de acusada ter sido pronunciada por homicídio simples e a
uefesa sustentar ter cometido infanticidio -, a tese sobre a nova tipifica
'O Lembramos que é lícito à defesa sustentar quaisquer teses que entender, pode" ção deve ser votada após o segundo quesito.
inclusive, ser contraditórias.
Rodrigo Faucz Pereira e Silva 124 125 Tribunal do Júri - O Novo Rito Interpretado Art. 484
Art. 483

Porém imperioso ressaltar que, em ambos os casos crime na Não houve alteração em relação à necessidade de se fazer séries
distintas de quesitos quando ocorrer mais de um crime ou estiver sendo
forma tentada ou divergência sobre a tipificação independentemente do julgado mais de um acusado. Como não poderia deixar de ser diferente,
resultado da votação, o quesito sobre a absolvição devera, obrigatoria foi mantida a concepção anterior, haja vista que a divisão em séries dis
mente, ser votado. tintas facilita a interpretação e o entendimento dos jurados.
Outra inovação importante na votação dos quesitos e a qual oi,
inclusive, objeto de diversos debates durante a tramitação do projeto de Art. 484. A seguir, o presidente lerá os quesitos e indagará
lei é em relação ao § 1" e § 2". Tanto no quesito sobre a materialidade das partes se têm requerimento ou reclamação a fazer, de
quanto no quesito sobre a autoria - ou participação em se alcançando a vendo qualquer deles, bem como a decisão, constar da ata.
maioria dos votos, ou seja, 4(quatro), a votação sera encerrada. Parágrafo único. Ainda em plenário, o juiz presidente expli-
Respondendo 4 jurados negativamente a respeito da materiali cará aosjurados o significado de cada quesito.
dade ou autoria, o acusado será absolvido e a votação encerrada
tamente, sem se fazer a contagem das cédulas restantes. Em contrapartida Art. 479. Em segukta. leiuío (w que.sUo.s, e e.xpticamlo a .significação legal
ao alcançar 4 votos afirmativos nos dois quesitos, a votaçao segue nor de cada um. o juiz indagará das partes se têm requerimento ou reclama
malmente, com os demais questionamentos. ção que fazer, devendo constar da ata qualquer requerimento ou recla
Os debates a respeito dessa inovação podem ser englobados em mação não atendida.

duas posições principais; (a) alguns defendem que, quando ocorre um


resultado unânime - como funciona hodiernamente - o sigilo de voto de A nova redação não alterou a forma como era realizada a leitura
cada iurado é afastado. Além disso, as decisões do Tribunal do Jun sao dos quesitos em Plenário. Na prática, como deverá continuar a acontecer,
tomadas por maioria (art. 489), portanto independe ser o result^ado 7 x ^ a explicação mais detalhada dos quesitos, de seus significados legais e
6x1 5 X 2 ou 4 X 3, e(b)outra vertente defende que, ao considerar todos conseqüências é feita na sala secreta. Isso porque os quesitos, mesmo com
a alteração da nova lei, contêm alguns elementos de difícil compreensão
os votos, permitir-se-ia, em tese, saber a manifestação de todos os julga para pessoas que não sejam do ramo jurídico. Para que os jurados saibam
dores, como é garantido nos órgãos colegiados. Alem disso, o resultado o significado coireto de cada quesito é necessária explicação detalhada -
numérico da votação serviria como mais um elemento de convicção nos e imparcial - do juiz presidente.
julgamentos de recursos.
Com a modificação atual, em tese, alguns quesitos sobre a auto
Nosso entendimento sobre a matéria está explicito no art. 489, ria ou participação, causas de diminuição ou aumento de pena, circuns
não acatando nenhuma das vertentes indicadas por acreditar que a maio tâncias qualitlcadoras, desclassificação do crime e da ocorrência do crime
ria simples requerida é um desrespeito ao principio da presunção de in - em sua forma tentada, necessitarão de elucidações antes da votação.
cência. Contudo o legislador, optou por um meioAermo, ou seja, "Oj, dois Mais uma vez salienta-se que a explicação deve ser imparcial e
primeiros quesitos as votações deverão ser imediatamente encerradas ao prudente, não podendo o magistrado manifestar-se de forma a transpare
atingir a maioria de votos. Nos demais quesitos, todos os votos deveia cer qualquer impressão pessoal ou inclinação própria - tanto para a defesa
ser computados e registrados. quanto para acusação.
Não mais serão elaborados quesitos sobre a existência de cir Já em relação ao novo quesito se o acusado deve ser absol
cunstâncias agravantes e atenuantes, previstas no art. 65 e 61 do Coüig vido -, não poderá haver esclarecimentos, haja vista que qualquer outra
Penal, respectivamente. forma de explicação do quesito poderá interferir no ânimo dos jurados.
Tal alteração é interessante, pois se trata de matéria especitica O legislador - ao optar por se aproximar do sistema anglo-
juridicamente técnica, a qual deve ser analisada americano do gttillv or not guilty, mesmo mantendo a incomunicabilidade
constitucional da individualização da pena pelo magistrado. Na PratiCc e possibilitando decisão de acordo com a própria consciência e os ditames
que ocorria é que, como era obrigatório o quesito genenco sobre a ex^ da justiça,- não poderá exigir os motivos ou regulamentar as teses defen
tência de circunstâncias atenuantes, os jurados eram, muitas ^^zes, sivas que devam ser utilizadas para a absolvição.
zidos a reconhecer - para diminuir a pena do acusado. se"^^ jg. Havendo qualquer reclamação sobre os quesitos formulada pe
complexa e com efeitos práticos controvertidos las partes, tanto no referente à redação, quanto à conveniência e omissão,
fensivas) para a defesa, esta muitas vezes nao podia despender ten p deverá ser exposta neste momento, sob pena de preclusão. Obviamente
sustentando tais circunstancias.
126 Tribunal do Júri - O Novo Rito Interpretado
Rodrigo Faucz Pereira i Silva Art. 486
Art. 485
legal - devendo, nesse caso, fazer de modo prudente e sem o intuito de
influenciar a decisão.
Caso alguém se comporte de maneira inconveniente, indecorosa
ou inapropriada, o magistrado poderá determinar que a pessoa seja retira
da do local da votação. Manda o bom senso que a parte, em regra, seja
advertida a se comportar convenientemente. Caso continue a se compor
Art 485 Não havendo dúvida a ser esclarecida, o juiz pre tar de forma inapropriada, a pessoa poderá ser obrigada a se retirar.
sidente os jurados, o Ministério Público, o assistente o Podem ser considerados comportamentos inapropriados: mani
auerelànte o defensor do acusado, o escrivão e o dfi<-'^ de festações de concordância ou discordância da votação - por intermédio
JustZ Tr^ à sala especial afim de ser procedida a de palavras ou gestos estorvo durante a explicação dos quesitos; utili
zação seguida e incondicionada de protestos indevidos; quaisquer outros
Tr Na falta de sala especial, o juiz presidente determinará atos que venham a interferir negativamente no espírito dos jurados.
que o público se retire, permanecendo somente as pessoas Todos os incidentes e acontecimentos ocorridos durante a per
nwficionodcis fío CQput d€Sí€ artigo. ^ manência na sala secreta deverão ser registrados em ata.
S 2" o juiz presidente advertirá,ue
in,er^çSo as partes
possa de que nao sera
manifestação do Conselho e fara retirar da sala quem se Art 486. Antes de proceder-se à votação de cada quesito, o
Juiz presidente mandará distribuir aos jurados pequenas cé
portar inconvenientemente. — dulas,feitas de papel opaco efacilmente dobráveis, conten-
do 7(sete) delas a palavra sim, 7(sete) a palavra não.
Ar, JM l idos OS auesilos. o juiz anunciará que se vai proceder ao Jidga-
Art. 485. Antes de proceder-se à votação de cada quesito, ojuiz mandará
distribuir petos jurados pequenas cédulas,feitas de papei opaco e facil
mente dobráveis, contendo umas a palavra sim e outras a palavra não, a
SS sol. o..rosioóoolo Oojols.
nassarú a volar os quesitos que lhe forem propo.slos. fim de, .secretamente, serem recolhidos os votos.

Parágrafo único. Onde for possível, a votação seráfeita em sala Nenhuma alteração foi aqui vislumbrada, uma vez que^ devido à
incomunicabilidade, os jurados não poderão discutir entre si. E de bom
alvitre que os jurados, ao receberem as cédulas, analisem se realmente
receberam uma contendo a palavra "sim" e outra contendo a palavra "não".
Para evitar o "problema da troca de mão""^ o juiz presidente
pode requisitar aos jurados, no ato do depósito, que confiram a cédula a
fim de verificar se realmente é a correta.

Citado por Rcné Dotti em alusão à explicação do Professor Antônio de Carvalho


PINTO:"O certo e que, em 99"„ das vezes, ao de/xisitar o .seu voto na sacola, aquela
cédula que irá condenar ou absolver, nesse precioso, importante e dramático instan
te, o jurado vale-se de sua memória, depositando o 'sim'ou o 'não', segundo lem
cia sobre o Conselho de Sen.ença no momento brança que tem. de qual das mãos carrega um ou outro votol E, essa lembrança pode
falhar!!! E, muitas vezesfathaU! É que, não obstante ojurado possa rever os votos
antes de depositar, isto nunca acontece, até porque, nesse e.vato momento, há uma
celere expectativa no recinto: os votos são depositados em rápida seqüência e todos
se apressam para logo responderem ao Magistrado, que está diante dos olhos de to
dos, esperando resposta à sua indagação. Como os votos dos jurados são aferidos
por maioria, logo se percebe a importância de cada um deles, bastando ressaltar que,
'j^otação de quatro X três, em verdade, um único voto é que decide o Julgamento!".
possa ®TfI, Renc Ariel. A reforma do procedimento do júri. Tribunal do Júri - Estudo
f:rrpa,ta^'^pSm"rrs,r°nfo=^» ^bre a mais democrática instituição jurídica brasileira. Sao Paulo: Revistas dos
'nbunais, 1999. p. 315.
Art. 487 Rodrigo Faucz Pereira e Silva 128
129 Tribunal do Júri - O Novo Rito Interpretado
Art. 489
Outra possibilidade, aventada por René Ariei Dotti, é que, pos Contudo, depreende-se do art. 488 que, após a verificacãn
teriormente ao depósito do voto válido, os jurados conservem o voto de respostas, deve-se registrar a votação de cada quesito e ainda a conferén
descarte e, discretamente, confiram se tivessem votado como gostariam. cia das cédulas nao utilizadas. Do exposto, uma pergunta surge- se a vo
Caso algum jurado observe que votou erroneamente, uma nova votação taçao dos dois primeiros quesitos deve ser encerrada quando se atingir a
deve ser realizada, antes mesmo da contagem dos votos válidos. maioria dos votos, de fonna que não se saiba o cômputrgeral de voJos
como fazer a conferência das cédulas utilizadas e não utilizadas?
Art. 487. Para assegurar o sigilo cio voto, o oficial cie justiça A conferência é verdadeiramente importante, até para evitar oue
recolherá em urnas separadas as cédulas correspondentes improváveis(mas possíveis) fraudes sejam realizadas.
aos votos e as não utilizadas.
Vislumbramos apenas uma curiosa possibilidade Ao ser encer
Art. 486. Distribuídas as cédulas, o juiz terá o quesito que deva ser res nossi^^id irifri autoria e materialidade e não havendo a
pondido e um oficial de Justiça recolherá as cedidas com os votos dosju
rados, e outro, as cédulas não utilizadas. Cada um dos oficiais apresentará, fadas
para esse fim, aosjurados, uma urna ou outro receptáculo que assegure o
sigilo da votação.

Da mesma forma que anteriormente era realizado, o oficial de Art. 489. As decisões do Tribunal do Mri serão tomadas por
justiça recolherá primeiramente os votos válidos e, para que o sigilo da maioria de votos.
votação seja absoluto e posteriormente coletará em outra urna os votos de
descarte não utilizados.
Art. 488. As decisões dojúri.serão tomadas jior maioria de votos.
Art. 488. Após a resposta, verificados os votos e as cédulas
não utilizadas, o presidente determinará que o escrivão re ,^^,t3bviamente não há necessidade de maiores explanações acerca do
gistre no termo a votação de cada quesito, bem como o re artigo. Nao ha possibilidade de empate por ser ímpar o número de jurados.
sultado dojulgamento.
Parágrafo único. Do termo também constará a conferência bilitado
bilitado, form^H^Pm h'''^^''"'^P^tência
formado em direito, do juiz
muitas vezes singular,
estudioso do profissional
Direito Penalhae
das cédulas não utilizadas. D reito Processual Penal, ao proferir a sentença, se houver dúvida em
rdaçao a autoria, materialidade ou culpabilidade do acusado, ele deve
Art. 487. Após a votação de cada quesito, o presidente, verificados os absolver o acusado pelo princípio do />? dúbio pro reo.
votos e as cédulas não utilizadas, mandará que o escrivão escreva o re
sultado em termo esjieclal e que sejam declarados o niimero de votos do Juri,
Inri o principio àojavor rei ede
processos violentamente
competênciaafastado na do
exclusiva sentença de
Tribunal
afirmativos e o de negativos.
pronuncia (de caráter processual). Portanto, resta uma pergunta;''Quando
aplicado, nos crimes de competência exclusiva do Tribunal do Júri a
A contagem dos votos, em regra, é feita em voz alta pelo rna-
gistrado e conferida pelas partes presentes - Ministério Público, assis ~ e milenar - do in dúbio
tente e advogado.
Porém uma falha um tanto quanto inusitada pode ser verificada dos quando forem perguntados
õos defenda que nao princípio deva ser utilizado
fase de apresentação pelos jura-
dos quesitos No
comparando o presente artigo com o art. 483, § 1" e § 2". Isso porqnc
estes últimos parágrafos informam que, na votação dos quesitos referen
dá rne.m
7" °
'""'w f oportunidade de oasacusado
«ri ''fj- drgao g,fa„,irr dos
ser julgadosituações
por pessoas
tes à materialidade e à autoria ^ ou participação -, tendo alguma resposta da mesma comunidade em que ele vive, quais entendem que
mais de 3 (três) votos - quatro "sim" ou quatro "não" encerrar-se-ia a •m JUIZ togado distante da sociedade não iria entender, os princípios do
votação, não podendo ser conferidos os outros votos. "'reito nao estão arraigados.
130 131 Tribunal do Júri O Novo Rito interpretado
Art. 489 Rodrigo Faucz Pereira e Silva Art. 489

Por mais que os defensores sustentem exaustivamente em Ple advogados utilizam todos os meios (lícitos) necessários para
nário a aplicação do princípio, é sabido que os jurados utilizam ainda o a defesa de seus clientes, é natural que os promotores também o façam
direito penal do autor (julgando a pessoa e não o tato). Mas não somente no sentido oposto. Destarte, não se pode recriminar o fato de a acusação
isso. A sociedade encontra-se numa época em que a insegurança atinge utilizar meios emocionais para imputar culpa ao acusado. Porém deve-se
níveis nunca antes vistos. A sociedade — a mesma que faz parte do Con reconhecer que tais sustentações fazem com que o jurado não baseie sua
selho de Sentença - está alarmada, e crimes que causam comoção local decisão apenas nas provas dos autos e nas circunstâncias do crime.
(v.g.. homicídios) são tratados como aberrações. Alguns alegam que, como a defesa também age dessa forma''",
Num país onde os traficantes circulam livremente e conservam nada impede a acusação de igualmente o fazer. Alegam também que os
o poder mesmo estando nas penitenciárias, e os nossos repiesentantes nos fins justificam os trieios, ou seja, se o acusado é realmente "culpado" há
poderes Legislativos e Executivos lesam o erário público sem serem le- de se fazer o possível para condenar. Entretanto, em processos em que
preendidos, quando um autor de homicídio é levado ao Plenário do Júri, não há provas suficientes para sustentar e embasar uma condenação, utili
cria-se imediatamente uma pressão social para que "finalmente um crimi zar discursos inflamados e alegações de cunho emocional constitui uma
noso vá para a cadeia". clara violação a princípios constitucionais.
Não obstante o Ministério Público ter uma função fundamental Juizes, advogados e juristas conhecem o Direito. Sabem da va-
em nosso país, nos crimes de competência do Tribunal do Júri essa inse Iidade da prova produzida exclusivamente na fase de inquérito policial,
gurança coletiva é utilizada de maneira pei^versa, muitas vezes condenan sabem da temeridade de se acusar alguém com base em depoimentos de
do o acusado em face da alta criminalidade do país. familiares da vítima. Entretanto jurados - nonnalmente na pessoa de fun
Quando não há provas suficientes para conseguir uma condena cionários públicos, professores, profissionais liberais -, não possuem o
ção, apela-se para o lado emocional, mostrando fotos da vítima e, até, alicerce jurídico necessário para julgar aplicando e reconhecendo as ga
declarando que, se o acusado não for condenado, o próprio jurado ou sua rantias individuais do acusado.
família pode ser a próxima vítima"''. Ao analisar resultados de julgamentos, confrontando-os com os
É de fácil percepção que inúmeras injustiças são cometidas. processos e as provas juntadas, e conversar com os jurados, fica eviden
Para condenar um acusado, cujas provas processuais são fundadas em ciado que decisões possuem cunho emocional, perpetrando-se um juízo
boatos, mentiras ou exclusivamente em elementos informativos (policiais), moral do acusado e da vítima. O jusfllósofo belga Chaim Perelman'^'
a acusação precisa somente de quatro votos. Transtormando a inquiri ressalta que "para osjurados, a afirmação fimdada na convicção intima
ção de testemunhas não presenciais em fatos - simplesmente por estarem substitui a prova".
no processo bem como apregóando a criminalidade que o pais atra No direito norte-americano, as decisões devem ser tomadas por
vessa, chega-se à conclusão de que quatro votos podem ser (facilmente) unanimidade, e, em alguns Estados, basta um único voto para que o acu
conseguidos.
sado seja declarado inocente. Na Inglaterra, berço do Tribunal do Júri, as
Não se pode olvidar que a própria disposição física no Plenário decisões tarnbém devem ser tomadas por unanimidade'^^. No ordena
do Júri é lesiva à imparcialidade do julgamento, pois a acusação fica po mento alemão, que adota o modelo escabinado, é necessária a maioria de
sicionada ao lado do juiz presidente - como se fizesse parte de uma dois terços para determinação da culpa do acusado
"equipe", muitas vezes dialogando ininterruptamente durante a sustenta^ Algumas outras situações peculiares do processo norte-ameri
ção da defesa -, e os advogados da defesa ficam - afastados, excluídos cano são convenientes para este estudo. Uma delas diz respeito aos costumes
no lado oposto aos jurados. norte-americanos. O Jur}\ como eles o chamam, está fortemente arraigado
Some-se a isso o fato de que, em alguns julgamentos, existe a em sua cultura. Os cidadãos têm consciência da importância de tal órgão,
pressão dos familiares da vítima - chorando e, às vezes, até xingando
acusado ou o fato da utilização dos (não raros) extensos antecedem i:o
criminais do acusado, próprios da estigmatização causada pelo netas Utilização de conteúdo moral ou de elemento.s não Jurídicos.
sistema penal. PERELMAN, Chaim. Ética e direito. Tradução de Maria Ermantina Gaivão. São
Paulo: Martins Fontes, 2000. p. 596.
morais, Antônio Manuel. O Jiíri no tribunal - da sua origem aos nossos dias
Obviamente há alguns promotores que pedem a absolvição na hipótese de não have Lisboa: Hugin. 2000. p. 35.
provas sufieientes; outros somente o fazem quando sequer há indieios. Idem, p. 52.
Art. 489 Rodrigo Faucz Pereira e Silva 133 Tribunal do Júri - O Novo Rito Interpretado Art. 489
,12-4
sendo uma garantia prevista na secular Constituição dos Estados Unidos Ao pa.s\so que, no caso do jtiri, a convicção intima, por não estar
Além de saberem de sua importância e considerarem um dever cívico siihinettda ao controle de uma instância superior, substitui a prova
dele participar, desde crianças são familiarizados com o sistema, com a e poe o juri acima da lei humana: para um magistrado que iitlsa
organização do julgamento e, principalmente, sobre como devem agir em vara penai a convicção íntima é sinônimo de livre apreciação
quando sorteados. das provas, que no entanto é submetida ao controle marginal das
tnstancias superiores.
O princípio do reasonable doiihl, favorável ao acusado, não
somente é amplamente conhecido e aceito pela sociedade americana No país onde a sociedade está alarmada com a criminalidade e
como também é reforçado no julgamento. Antes de iniciados os trabalhos possui gana de condenar os desagregadores e marginalizados, a condena
do júri, o juiz presidente passa algumas informações de como o julga ção lundada em provas inseguras, acarretando, conseqüentemente, a não-
mento deve ser realizado, e os jurados são, mais uma vez, lembrados de utihzaçao do princípio itt dúbio pro reo, é uma séria violação das garantias
que - somente com a certeza da responsabilidade penal do acusado - é
que ele deve ser condenado. constitucionais e dos direitos fundamentais da pessoa humana.
Já no Brasil o Tribunal do Júri é desconhecido por grande parte Se os jurados não são instmídos de maneira adequada por uma
da população. Pela influência dos filmes norte-americanos, é ditlcil encon autoridade imparcial, além de terem consciência efetiva de que o princí
trar pessoas que não trabalham no ramo nem estudam Direito que conheçam pio deve ser utilizado em toda a sua força, devem ser criados outros orga
a estrutura e o funcionamento do Júri brasileiro. Em relação aos princípios
nismos capazes de, indiretamente, aplicar o princípio ào favor rei,
e garantias inerentes ao julgamento, o desconhecimento é ainda maior. Uma das possibilidades, que daria nova perspectiva á utilização
Considerando os processos de crimes dolosos contra a vida, do principio, um dos objetos deste estudo, é a alteração do número de
pode-se concluir que o princípio do in dúbio pro reo não é aplicado. Tal juiados que compõem o Conselho de Sentença, como, p. ex., o aumento
princípio é afastado na decisão de pronúncia (ver comentários ao art. 463) de 7(sete) para 8 (oito). Possibilidade já aventada por alguns autores'■^
e desconsiderado pelo Conselho de Sentença. Tal alteração, um tanto simples, teoricamente, acarretaria míni-
Como os jurados devem decidir "de acordo com suas consciên rnas mudanças no Código de Processo Penal, sendo plenamente viável tal
cias", não há como saber a linha de raciocinio e a construção cognitiva de alternativa. Em alguns países, como na Itália, Bélgica e Áustria, o "Con
suas decisões(a não ser quando algum integrante do conselho de sentença selho e constituído por um número par de jurados''' e, em caso de em
se propõe a comentar o julgamento após encenados os trabalhos). pate, a decisão é favorável ao acusado.
Os magistrados podem apreciar livremente as provas e decidir Nos Estados Unidos da América, basta um voto dissidente para
de acordo com suas convicções, ejitretanto devem fundamentar a decisão. que o acusado seja absolvido. Entretanto naquele país há deliberação dos
Nada obstante, os jurados não possuem o conhecimento e a técnica jurí jurados em uma sala incomunicável, os quais podem rever as provas e
dica de valoração das provas, substituindo, muitas vezes, as provas por discutir para chegar a um consenso.
convicções pessoais. Perelman'"^ novamente salienta: No Biasil, em tese - de acordo com parte da doutrina —, estaria
impossibilitada tal reunião. Todavia a alteração no número de jurados.
Constitution of the United States (1787): "Ariicle III. Sectíon 2. The Trial of ali
Crimes, except in Ca.ses of Impeachmenl, sliall he hy Jury: and sucb Trial shall he Antes da Carta de 1988, um dos caracteres do ,hiri consistia na imparidade do
held in lhe State where the said Crimes shall have heen committed: hut when not numero de jurado.s A atual silenciou. As.sim, nada impede que, ante eventual reorga
eommitted within any State, the Trial shall be at stieh Place or Plaecs as the Congress nização do Juri, o legi.slador estabeleça o número par. Não falamos em doze que se-
may by Law have directed". Ainda, em 25.09.1789, o direito de ser julgado pelo Júri na o ideal, pois em mintas Comarcas nem haveria condições para suas acomodações
foi ratificado no 6/7/ of Right (emendas constitucionais): '"Amendment VI - /« mas oito. Se o Juri e.sta no capitulo dos direitos e garantias fundamentais, evidente
el iminai prosecutions, the aeeiised shall enjoy the right to a speedy and public trial, que o niimei o pai (8, p. ex.) favoi ece à defesa, uma vez que a condenação não poderá
by an impartialjiiiy oj the State and districl wherein the erime shall have been com ocorrer com diferença apenas de um voto, e sim de dois, no mínimo. Seis a dois por
mitted, whieh districl shall have been previoiisly ascertained by law, and to be injoi- exemplo. No Jun norte-americano, o número de furados é de doze e .somente haverá
med of the natiire and canse of the accnsation; to be confronted with the witnesses condenação cm caso de unanimidade. Um voto apenas a favor do réu implica dúvida
against him; to have comptilsoiy process for obtaining witnesses in his favor, and to e. pelo principio do in dúbio pro reo, .será absolvido. Feio menos é o que se dá em
have the Assistance of Connsel for his defence". numerosos Estados daquele pais". TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Código
PERELMAN,Chaiin. Ética e direito. Tradução de Maria Emiantina Gaivão. São Paulo. ae Processo Penal comentado. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 27.
Martins Fontes, 2000. p. 596. Ou jurados e juizes togados, quando da utilização do modelo "escabinado".
134 Tribunal do Júri - O Novo Rito Interpretado
Art. 489 Rodriao Faucz Pereira e Silva Art. 490

transformando a composição do Conselho de Sentença em um numero Dúvida é a desconfiança, a incerteza entre confirmar ou negar
par daria ao sistema uma possibilidade maior de justiça, pois se houvesse um julgamento ou a realidade do fato. Também pode significar várias
Sat"(quatro velos a favor e quatro votos cotrtra) restar,a clara a dis possibilidades de ação, falta de crença, estado de desconfiança, entre
outros. Mesmo sabendo que o Conselho de Sentença não possui certeza,
cordância do Conselho de Sentença, portanto ela deveria ser dirimida está desconfiado sobre a responsabilidade penal, está hesitante sobre o
favor rei.
que foi apresentado, o acusado pode, ainda assim, sofrer sanção penal?
Porém mesmo se o réu for condenado por cinco votos a tres,
ainda assim, ao menos, três jurados não estariam convencidos da acusa Somente com a certeza absoluta e irrefutável, a decisão pode ser
ção imputada àquele. E tal situação é de suma importância ressaltar. contrária ao acusado. Certeza é convicção, algo que não oferece dúvidas,
perfeito e indiscutível. Filosoficamente certeza é a convicção intelectual
Utilizando novamente o texto do professor Tourmho,"um voto que, considerando superada a dúvida característica do questionamento
apenas a favor do réu implica em dúvida!", como coridenar uma pessoa se filosófico, sustenta uma verdade hipoteticamente irrefutável, incontestá
não há o convencimento pleno de sua responsabilidade penal. vel e clarividente. Interessante, contudo, é o antônimo da palavra
Considerando o atual sistema de votação, o réu será condenado "certeza" trazido pelos dicionários: dúvida, hesitação, erro.
mesmo se três jurados - ou 42,85% do conselho de sentença nao esti A garantia da presunção de inocência impede que decisões con-
verem convencidos suficientemente de que o acusado e responsável cri- denatórias sejam proferidas havendo dúvidas sobre a responsabilidade do
minalmente. Ora, se há tamanha dúvida em relaçao a responsabilidade do acusado. Mas no júri, mesmo o Conselho estando dividido, estando em
réu, ele deve ser absolvido - inteligência lógica do principio da presunção dúvida, poderá o acusado ser condenado.
da inocência.
Decisões não unânimes violam preceitos constitucionais, pois
Para a condenação do acusado é necessária cem por cento de não haveria dúvida se a acusação tivesse cumprido com seu ônus.
certeza, ou ao menos que não haja dúvida razoável. Não bastam conjectu Os direitos e garantias individuais dos cidadãos não podem ser
ras probabilidades ou "quase-certeza". O principio da presunção suprimidas ou olvidadas sob pena de que injustiças sejam cometidas constan
cêncía e o direito á liberdade são direitos e garantias fundamentais, por temente, até que se tomem normais e aceitáveis. A decisão por maioria
tanto há de se ter convicção absoluta. simples, proferida por um Conselho formado por um número ímpar de
Mesmo dois ou apenas um voto a tavor do acusado devem ser jurados, portanto, beira ao absurdo, permitindo que qualquer um seja
entendidos como uma dúvida instalada no Conselho de Sentença e na condenado, mesmo sem a certeza necessária.
dúvida, a absolvição é o caminho natural. Em números percentuais, do
votos em um universo de sete eqüivalem a 28,57 /o de certeza, e um
eqüivale a 14,28%. Art 490. Se a resposta a qualquer dos quesitos estiver em
Apenas com a unanimidade poder-se-ia atingir um julgamen o contradição com outra ou outrasjá dadas, o presidente, expli
justo, respeitador e garantista. cando aos jurados em que consiste a contradição, submeterá
novamente à votação os quesitos a que se referirem tais res
Os iurados formam o Conselho de Sentença, o qual decide so postas.
beranamente a respeito das questões invocadas. O ^onse ho Parágrafo único. Se, pela re.sposta dada a um dos quesitos,
um instituto uno, sopesando as provas aPf^e-dadas a sustentação acus^^ o presidente verificar que ficam prejudicados os .seguintes,
tória e de defesa. Qualquer voto favorável ao acusado deve assim o declarará, dando por finda a votação.
como a não-existência da certeza em relaçao a decisão, passando a g
dúvida no Conselho.
O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa define o jert) Art. 489. Se a resposta a qualquer dos quesitos estiver em contradição
com outra ou outrasjá proferidas, o Juiz, explicando aosjurados em que
h: r
"dúvida", como sendo: (1) ação, estado ou efeito de duvidar d consiste a contradição, suhtnetcrá novamente à votação os quesitos a que
desconfiança, hesitação, incerteza;(2) incerteza entre eonlimiar ou se referirem tais respostas.
um julgamento ou a realidade de um tato; (3) besitaçao entie Art. 490. Se. peta resposta dada a qualquer dos quesitos, o juiz verificar
diversas ou várias possibilidades de açao;(4) falta de crença, que ficam prejudicados os seguintes, assim o declarará, dando porfinda a
(5) estado de desconfiança; suspeita;(6) sensação de escaipulo votação.
de fazer algo;(7)certo tipo de problema ou dificuldade.
Art. 490 Rodrigo Faucz Pereira e Silva 136
~ Tribunal do Júri O Novo Rito lntemr,.i..H. Art. 492
Se O resultado da votação de algum quesito estiver em nítida
desconformidade com outra resposta, indicando ter havido algum equívoco Z^arrdRRTV^r"^?- refere
por parte dos jurados, o Juiz deverá explicar qual a contradição existente e
submeterá novamente à votação o quesito contraditório.
rodos etíÍTnaãs^
Nesse caso, a explicação deverá ser realizada de forma a não in
fluenciar as decisões dos jurados, sendo defeso indicar qual seria o "su l^ioUiz "ào
posto caminho normal". Imprescindível, porém, perceber que os jurados
poderão votar da forma que entenderem correta, ou seja, podem mudar de
posicionamento no transcomer da votação.
Se o magistrado entender que, pelo resultado da votação de algum
quesito, resta desnecessária a votação do(s) seguinte(s), declarará preju
dicados os demais, encerrando a votação.
A título de ilustração, caso os jurados reconheçam a tese de
homicídio privilegiado por violenta emoção logo em seguida à provocação
da vítima, restariam, obrigatoriamente, prejudicados todos os quesitos
referentes às qualificadoras. Isso porque, ao admitir a violenta ernoção,
Seção XIV
estar-se-á admitindo - de acordo com José Henrique Rodrigues Torres que;
"faj a víliina provocou injustamente o réu;(h) o réu reagiu contra essa pro Da sentença
vocação imediatamente; e (c) o réu reagiu dominado por violenta emoção,
ou seja, sucumbindo 'a um estado afetivo que produz momentânea e vio Art 492. Em seguida, o presidente proferirá sentença que-
lenta perturbação somática efenômenos neurovegetativos e motores' 1-no caso de condenação:
Logo, se o acusado reagiu provocado pela vítima, dominado por a)fixará a pena-base;
violenta emoção, não se pode talar em crime cometido mediante paga ou
promessa de recompensa ou outro motivo torpe, por motivo fútil ou para
assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro
crime. Já a reação imediata perante a injusta provocação afasta forçosa
mente a possibilidade de traição,'emboscada, dissimulação ou utilização
t'ZlfZZZTfZif
d)observará as demais disposições do art. 387deste Código ■
de outro recurso que dificulte ou impossibilite a defesa do ofendido. Por e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-á à pri-
derradeiro, a caracterização do meio cruel ou insidioso só pode ser consi
derada quando o agente parte de um ânimo calmo, com a intenção cons
ciente de causar maior padecimento na vítima. Essa qualificação é incom
prevZZ; P^^^o
patível com a violenta perturbação somática de que o agente é tomado. O f^enéricos e específicos da conde-
meio cruel e insidioso,'jaticarnente incompatível com a violenta emoção,
também é incompatível com ela o emprego de veneno ou fogo ou explosivo
ou asfixia, pois, como é cediço, de acordo com a interpretação analógico
exigida pelo inciso III do parágrajb 2". do artigo 121 do Código Pena , ^ "l^-^vrvdncia do se-
tais meios somente qualificam o homicídio se impregnados de insídia ou
129
crueldade''^

TORRES, José ttenrique Rodripies. Quesitação. Tribunal do Júri - Estudo so


mais democrática instituição juridica brasileira. São Paulo: Revistas dos Tribui
1999. p. 253-254.
Idem, p. 254.
• üesta sorte, como as decisões são tomadas de acordo com a "cons-
Rodrigo Faucz Pereira e Silva 138 139
Art. 492
Tribunal do Júri - O Novo Rito tnternreladn
Art. 492
ciência e os ditames da justiça" pelos jurados, não há a possibilidade de
se adentrar no mérito da decisão, ou seja, a sentença, de forma geral, não
é fundamentada.
A fundamentação deverá ocorrer em relação às questões de
competência do juiz presidente, mas não sobre as matérias reconhecidas
ou rejeitadas pelos jurados.
Quando da condenação do acusado, o magistrado, na sentença, de substituição da pena privativa de liberdade por'íeSvaTd'reíIó^^^
deverá (i) fixar a pena-base, em conformidade com a decisão do Conse de suspensão condicional do processo. restritiva de direitos ou
lho de Sentença e os aplicativos do Código Penal (art. 59)'^";(ii) conside
rar as circunstâncias agravantes e atenuantes'^', desde que alegadas nos ArL 492. (...) ~
11- no caso de absolvição:
'"Art. 59. O juiz, ateudenJo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à cf mandará colocar em liberdade o acusado se por outro
personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, motivo nao estiver preso;
bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e su
ficiente para reprovação e prevenção do crime: I as penas aplicáveis dentre as co- jbj^^^ogará as medidas restritivas provisoriamente decreta-
minadas: II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos: III o re
gime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade: IV a substituição da c) impora, se for o caso, a medida de segurança cabível.
pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabíver.
"CP, art. 61. São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem
ou qualiftcam o crime: I - a reincidência: II - ter o agente cometido o crime: a) por Art. 492. (...)
motivo fútU ou torpe: b)para facilitar ou assegurar a e.xecução, a ocultação, a impu II- no caso de absolvição:
nidade ou vantagem de outro crime: c) à traição, de emboscada, ou mediattte dissi
mulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impo.ssivel a defe.sa do ofendido: "LZoímí/f''
tenha ocontdo a"lhipótese
- prevista no seart.aftançável
316, aindao que
crime, ou desde que
inafiançável
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel,
ou de que podia resultar perigo comum: e) contra ascendettte, de.scendente, irmão ou
cônjuge: f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de
Sisíríss*' 1'" •<*- fo*
coabitação ou de hospitalidade: f) com abuso de autoridade ou prevaleceitdo-se de
relações domé.sticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a
mulher na forma da lei especifica: g) com abuso de poder ou violação de dever ine p!SZ^ Art66'lZa1::>dm^^^ "l «
rente a cargo, oficio, ministério ou profissão: h) contra criança, maior de 60 (ses 132
senta) anos, enfermo ou mulher grávida: i) quando o ofendido estava sob a imediata 133
proteção da autoridade:J) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer
calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido: D em estado de embria
guez preordenada. Art 62. A pena será ainda agravada em relação ao agente que: I
- promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais
agentes: II - coage ou induz oiitrem à execução material do crime: III - instiga ou
determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punivel em vti-
tude de condição ou qualidade pessoal: IV - executa o crime, ou nele participa, nte-
diante paga ou promessa de recompensa. Art. 63. Verifica-se a reincidência quando o
agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no Pais ou
no eslrangeirò,. o tenha condenado por crime anterior. Art. 65. São circunstánctü^
que sempre atenuam a pena: I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data reincidente, cuja
fato, ou maior de 70 (setetita) anos, na data da sentença: II o desconhecimento ca^ rá, desde o princiimi, cumpri-ia em regime s
lei: III - ter o agente: a) cometido o crime por motivo de relevante valor ]■_ dente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (qutííM IiAiot ,1^. 7" ■ ■ ■
moral: b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo apos o
me, evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, '
do o dano: c) cometido o crime .sob coação a que podia resistir, ou em
de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, ^
por ato infusto da vitima: d) confessado espontaneamente, perante a autoridai y uuiuo ao uu Ho pi alicado. com os acréscimos legais'\
Art. 492 Rodrigo Faucz Pereira e Silva 140
141 Tribunal do Júri - O Novo Rito Inletpretado
Art. 495
c) aplicará medida de segurança, se cahivel.
§ I"Se, pela resposta a quesito formulado aos jurados, for reconhecida a
existência de causa que faculte diminuição da pena, em quantidade fixa vtda para Conflgurando-se a desclassificação de crime doloso contra a
,nfr.açòes de menor poteneial ofensivo, a rcdJiotojfTóf
ou dentro de determinados limites, ao juiz ficará reservado o uso dessa
faculdade. E^pedaL^CÍvereT"^^ f ^ da Lei dos Juizados
excepcmna^iSdes <^°"«ideradas suas
Se OS jurados decidirem pela absolvição, o magistrado, na sen
tença, determinará que o acusado seja imediatamente colocado em liber Art 493. A .sentença será lida em plenário pelo presidente'
dade. Somente se o acusado estiver preso por outro motivo - por exem ante.s de encerrada a sessão de instritção ejulgamento.
plo, se estiver cumprindo pena relativa a outro processo é que não será
prontamente liberado.
Em havendo medidas restritivas provisoriamente decretadas, se tíSen, 7"'""'^"
re.sulta,em das ^eráaos
re.spo.stas fundamentada, salvopelo
que.sito.s, e lida quanto
juiz,ásdeconclii.sões
público aZs que
rão revogadas como conseqüência lógica da absolvição. de encerrada a .se.ssão dojulgamento. ' ■ antes
Contudo, configLirando-se a absolvição imprópria, ou seja, re
conhecendo que o acusado é inimputável, o magistrado determinará a
medida de segurança cabível. r,
dos quesitos e demaisredigida a sentença,
dispositivos em conformidade
aplicáveis, com convidará
o juiz presidente a votação
todos a retomarem ao Plenário, reabrindo a sessão.
Art. 492. (...) Em seguida, respeitando a formalidade do ato, estando todos de
§ 1" Se houver desclassificação da infração para outra, de
p , magistrado realizará a leitura da decisão em voz alta - leitura que se
competência do juiz singular, ao presidente do Tribunal do
Júri caberá proferir sentença em seguida, aplicando-se, recuífoT publicação, inclusive para efeitos de prazos de eventuais
quando o delito re.sultante da nova tipificação for conside Após a leitura da sentença, normalmente, o juiz presidente faz
rado pela lei como infração penal de menor potettcial ofen
sivo, o disposto nos arts. 69 e seguintes da Lei 9.099, de
os^^adecimentos de praxe, encerrando a sessão'de mstruç^^^üg"
26 de setembro de 1995.
§ 2" Em caso de desclassificação, o crime conexo que não
seja doloso contra a vida será julgado pelo juiz presidente Seção XV
do Tribunal do Júri, aplicando-se, no que couber, o disposto Da Ata dos Trabalhos
no § I" deste artigo.
Art. 494. De cada se.ssã<} dejulgamento o escrivão lavrará
Ari. 492. (...)
ata, assinada pelo presidente e pelas partes.
§ 2"Se for descla.isificaJa a infração para outra atribuída ã competência
Art. 495. A ata descreverá fielmente todas as ocorrências
do juiz singular, ao presidente do tribunal caberá projêrir em seguida a mencionando obrigatoriamente:
.sentença. I-a data e a hora da instalação dos trabalhos;
II- o magistrado que presidiu a .se.ssão e os jurados pre-
òSfTl€S,
Caberá ao magistrado proferir sentença de mérito quando o
Conselho de Sentença desclassificar a infração imputada ao acusado de in-o.sjurados que deixaram de comparecer, com escusa ou
crime doloso contra a vida para crimes de competência de juiz singular. sem ela, e as sanções aplicadas;
Lembra-se que, ao operar-se a desclassificação, os crimes conexos tam IV-o oficio ou requerimento de isenção ou dispensa;
bém deverão ser julgados pelo magistrado, uma vez que a competência V- o sorteio dosjurados suplentes;
do Tribunal do Júri foi afastada.
Lei 9.099/95.
Rodrigo Faucz Pereira c Silva 142
Art. 495 143 Tribunal do Júri O Novo Rito Interpretado Art. 496

VI-O adiamento da sessão, se houver ocorrido, com a indi XII a formação do conselho de sentença, com indicação dos nomes dos
cação do motivo; jurados sorteados e das recusas feitas pelas partes:
VII- a abertura da sessão e a presença do Ministério Público, XIII- o compromisso, simplesmente com referência ao termo:
do querelante e do assistente, se houver, e a do defensor do XIV- o interrogatório, também com a simples referência ao termo;
acusado; XV- o relatório e os debates orais:
XVI - os incidentes:
VIII — o prep;ão e a sanção imposta, no caso de não compa-
recimento; XVII a divisão da causa:

IX- as testemunhas dispensadas de depor; XVIII a publicação da sentença, na presença do réu. a portas abertas.
Art. 496. A falta da ata sujeita o responsável a multa, de duzentos a qui
X- o recolhimento das testemunhas a lugar de onde umas nhentos tnil-réis, além da responsabilidade criminal em que incorrer.
não pudessem ouvir o depoimento das outras;
XI- a verificação das cédulas pelojuiz presidente;
XII- aformação do Conselho de Sentença, com o registro Todas as ocorrências do julgamento deverão ser registradas em
dos nomes dosJurados sorteados e recusas;
ata lavrada pelo escrivão, assinada pelo juiz presidente e pelas partes.
XIII - o compromisso e o interrogatório, com simples refe Entretanto, por mais que a redação legal traga a indicação de
rência ao termo;
que a ata será lavrada pelo escrivão, o juiz presidente deverá não somente
XIV - os debates e as alegações das partes com os respecti
supervisionar sua elaboração, como intervir nela diretamente, sobretudo
nas questões jurídicas.
vosfundamentos;
XV- os incidentes; A ata é peça fundamental, uma vez que deve registrar todas as
ocorrências e incidentes no curso do julgamento. Erros ou omissões na
XVI- ojulgamento da causa; elaboração poderão acarretar nuiidade do julgamento.
XVII- a publicidade dos atos da instrução plenária, das di Assim como o já explanado no art. 475, a tecnologia deve ser
ligências e da sentença.'(NR)
utilizada para que o julgamento seja registrado fielmente. A ata deve ser o
Art. 496. A falta da ala sujeitará o re.sponsá\>el a sanções espelho da sessão. Todavia, hodiernamente, há meios'^' que possibilitam
administrativa e penal. o registro pleno e total do julgamento.
Se há necessidade de constarem os debates e alegações das
Art. 494. De cada se.ssão de julgamento o escrivão lavrara ata. assinada partes, é fundamental o registro integral do julgamento. Saliente-se ainda
pelo juiz e peto órgão do Ministério Público. o texto de Marcus Vinícios Amorim de Oliveira, o qual indica que 'jtm
Art. 495. A ata descreverá fielmente todas as ocorrências e mencionará problema .serio tlo.s debates orais é a ausência de transcrição literal das
especialmente:
I-a data e a hora da instalação dos trabalhos:
argumentações apresentadas pela acusação e pela defesa, dada a relati
II-o magistrado que a presidiu e osjurados pre.sentes:
va oralidade que permeia o procedimento do Tribunal do Júri Popular,
III osjurados que deixarem de compareeer, eom escusa legitima ou sem sendo que essa oralidade só é afastada no conteúdo da ata da ses.são."
ela, e os ofícios e requerimentos a respeito apresentados e arquivados:
IV - osjurados dispensados e as multas impostas:
V -o sorteio dos suplentes:
Meios, que não importariam em despesas desarrazoadas para a administração pública,
dada, ademais, a importância da matéria.
VI - o adiamento da sessão, se houver ocorrido, com a declaração do 136
O autor ainda complementa.' Normalmente, um dos fundamentos mais correntes para
motivo:
os recursos conta as decisões do Júri Popular é o de que o acusado foi julgado contra
VII - a abertura da sessão e a pre.sença do órgão do Ministério Público: as provas dos autos. Ora, a instância superior encontrar-se-ia melhor municiada
VIII o pregão das partes e das testemunhas, o seu comparecimento. ou para avaliar se a decisão efetivamente foi construída contra as provas coligidas aos
não, e as penas impostas às que faltaram: autos se existi.xie alguma espécie de registro das e.\/>osições orais. Afinal, dado que
IX- as testemunhas dispensadas de depor: os jurados dificilmente manuseiam os autos do proces.so, torna-se razoável crer que
X- o recolhimento das testemunhas a lugar de onde não pudessem ouvir seus veredictos se sustentam naquilo que ouvem e vêem ao longo da .sessão, de onde
os debates, nem as respostas umas das outras: sobressaem, certamente, os debates entre acusação e a defesa". OLIVEIRA, Marcus
XI a verifieação das cédulas pelojuiz:
Vinícius Amorim de. Tribunal do júri popular na ordem jurídica constitucional.
1. ed., 2. reiinpr. Curitiba: Juruá, 2008. p. 145.
Rodrigo Faucz Pereira e Silva
144 145 Tribunal do Júri O Novo Rito Interpretado Art. 497
Art. 497

V - nomear defensor ao acusado, quando considerá-lo in


Se a ata é defendida por ser peça formal, deve-se admitir e pro defeso, podendo, neste caso, dissolver o Conselho e designar
piciar, complementariamente, a gravação integral do julgamento, minimi novo dia para o julgamento, com a nomeação ou a consti
zando - quiçá extinguindo - a possibilidade de talhas e omissoes na ata . tuição de novo defensor;
Além de todas as ocorrências do julgamento, a ata possui alguns VI- mandar retirar da sala o acusado que dificultar a reali
requisitos essenciais que deverão, sob pena de nulidade, estar presentes, zação dojulgamento, o qual prosseguirá sem a sua presença;
enle eles''*^; a indicação do motivo, caso tenha ocorrido o adiamento da Vil - suspender a sessão pelo tempo indispensável à reali
sessão; a presença das partes ^ em especial do Ministério Publico e do zação das diligências requeridas ou entendidas necessárias,
defensor do acusado -, uma vez que essenciais para a realizaçao do jul mantida a incomunicabilidade dosjurados;
gamento; as testemunhas dispensadas de depor, com a mdicaçao de VIU- interromper a sessão por tempo razoável, para proferir
eventuais requerimentos contrários à decisão de dispensa; o recolhimento sentença e para repouso ou refeição dosjurados;
das testemunhas em lugar onde não pudessem ouvir os depoimentos umas IX- decidir, de oficio, ouvidos o Ministério Público e a de
das outras, de forma a evitar inquirições viciadas; os debates e as alega fesa, ou a requerimento de qualquer destes, a argüição de
ções das partes"'; todos os incidentes suscitados e ocorridos, possibili extinção de punibilidade;
tando às partes a possibilidade de análise em instância superior. X - resolver as questões de direito suscitadas no curso do
Por último, o art. 496 estabelece que o escrivão, ou o responsável, julgamento;
que não lavrar a ata ficará sujeito a sanções administrativas e criminais. XI- determinar, de oficio ou a requerimento das partes ou
de qualquer jurado, as diligências destinadas a sanar nuli-
dade ou a suprir falta que prejudique o esclarecimento da
Seção XVJ verdade;
!j
Das Atribuições do Presidente do Tribunal do Júri XII — regulamentar, durante os debates, a intervenção de

Art. 497. São atribuições do Juiz presidente do Tribunal do


li uma das partes, quando a outra estiver com a palavra, po
dendo conceder até 3 (três) minutos para cada aparte re-
Júri, além de outras expressamente referidas neste Codigo: querido, que serão acrescidos ao tempo desta última.
I- regular a polícia das sessões e prender os desobedientes;
II- requisitar o auxilio daforça pública, que ficará sob sua Seção V
exclusiva autoridade;
Das atribuições do Presidente do Tribuna!do Júri
III- dirigir os debates, intennndo em caso de abuso, excesso
de linguagem ou mediante requerimento de uma das partes;
Art. 497. São atribuições do presidente do Tribuna! do Júri. além de
IV - resolver as questões incidentes que não dependam de outras expressamente conferidas neste Código:
pronunciamento dojúri; /- regular a polícia das sessões e mandar prender os desobedientes:
II - requisitar o auxilio da força pública, que ficará sob sua exclusiva
137
Não se pode esquecer que a Jurisprudência reconhece que a ata, 4o f autoridade:
válida, não pode ser questionada sem comprovação ^„ã„ são III- regular os debates:
reconhecidas como desnecessárias e ilógicas pelo escrivão e^^^j^ilidade, IV - resolver as questões incidentes, que não dependam da decisão do
registradas, o que, por si só, além de configurar inte- júri:
impossibilita às partes questionamento posterior. Pelo exposto a V - nomear defensor ao réu, quando o considerar indefeso, podendo,
gral, inclusive dos debates, atingiria o objetivo principal da ata e ^ g„, neste caso, dissolver o conselho, marcado novo dia para o julgamento e
Lm os princípios do devido processo legal, publicidade, impai cialid nomeado outro defensor:
alguns casos, com a própria plenitude de defesa. i, e hora Jos
Desnecessário fazer aqui considerações a respeito, por exeinplo-Ja da presidente VI- mandar retirar da sala o réu que, com injúrias ou ameaças, difictdiar
instalações dos trabalhos (inc. I), ou a verificação das cédulas pelo jutz p o livre curso do julgamento, prosseguindo-.se independentemente de sua
(inc. XI), pois estão suficientemente indicadas no proptio texto lega . pelo presença:

As quais devem ser, necessariamente, ponncnorizadas e, portanto, eia


juiz presidente, o qual possui aptidão jurídica para tal.
Art. 497 Rodrigo Faucz Pereira e Silva 146 147 Tribunal do Júri O Novo Rito Interpretado
Art. 497
VII- suspender a sessão pelo tempo indispensável à execução de diligên As expressões utilizadas pelos oradores não podem ser imnrn
cias requeridas ou julgadas necessárias, mantida a incomunicabilidade
dosjurados:
VIII- interromper a sessão por tempo razoável, para repouso ou refeição briSs%e?so?r'cabe
Dngas Th intervir diretamente,
pessoais. Cabe ao magistrado transformem em
ou mediante
dosjurados:
IX - decidir de oJJcio, ouvidos o Ministério Público e a defesa, ou a re íhiguagTm excesso de
querimento de qualquer das partes, a preliminar da extinção da punibili- Contudo, importante (desnecessário) ressaltar que esse inciso
dade: nao pode servir de subteríVigio para violar prerrogativa^ ot! garSintias
X - resolver as questões de direito que se apresentarem no decurso do constitucionais. O juiz presidente unicamente pode intervir em casos
julgamento: extremos, quando o abuso for excessivo e nitidamente evidenciado A
XI- ordenar de oficio, ou a requerimento das partes ou de qualquerjura
do, as diligências destinadas a sanar qualquer nulidade, ou a suprir falta
ntervençao também não pode demonstrar irritação, predisposição ou
que prejudique o esclarecimento da verdade. simpatia para com quaisquer das partes. , pieuisposiçao ou
tiscalizar a concretização do principio da pleniiitc/e
fiscalizar de defesa
presidente Se durante
desempenha é de
Além das previsões trazidas no Código de Processo Penal, o a sessão, o magistrado entender que o acusado não está sendo defendido
juiz presidente possui diversas atribuições durante o julgamento, contra impecavelmente, com uma defesa técnica adequada e eficiente deverá
dizendo o entendimento comum de que o magistrado possuiria papel
secundário no Tribunal do Júri.
dissolver o Conselho de Sentença'^ e designa^- novo dTaTa^o jS
Um julgamento inlluenciado por elementos externos, sem ordem ^ """'«''""■"o a ooL
e que não propicie paridade de armas entre as partes, com certeza, não
fará justiça. O juiz togado tem exatamente esta função, permitir que a
sessão se desenvolva respeitando as garantias fundamentais e seus desdo
bramentos, de forma que o julgamento seja, realmente,justo . Só
çao e/não°Dor'íhe
nao poi lhe falt^""
faltar aTó"'
defesa ^oucircunstâncias apresentadas
esta ser inadequada. pela acusa-
Clarividente aue
Reconhecendo o fundamental (garantista) papel do juiz togado, a ausência de defesa enseja a anulação do julgamento.
faz-se necessário indicar as atribuições constantes no presente artigo.
, influenciar
tentar rP que dificultar
os jurados, a realizaçãodedoforma
comportando-se julgamento seia nor
hostil è ameaS-
A policia, no decorrer do julgamento, fica exclusivamente sob
as ordens do juiz presidente, não obstante haver noticias (e já termos pre dora, seja por realizar quaisquer atos que impeçam o normal andamento
senciado) desmandos de autoridades policiais. Regular a policia e mandar
prender os desobedientes é de responsabilidade do magistrado. A previ adifSK/iir o
são dessa atribuição visa assegurar o bom andamento dos trabalhos, a fim O juiz presidente ainda poderá suspender ou interromper a ses
de evitar desordem e garantir esse andamento e a segurança dos presentes. são com o intuito de realizar diligências essenciais requeridas pelas par-
Não obstante haver alguns juizes que não presenciam os deba ^s para proferir a sentença, para repouso e refeições dos jurados. Ade
tes, nessa fase poderá haver necessidade de intervenção, quando, princi
mais, compete ao magistrado resolver eventuais questões incidentes aue
palmente, houver abuso do orador. O Plenário, por ser na verdade o ápice
nao sejam da alçada do Conselho de Sentença. mciaentes que
da Justiça''", deve ser um local onde as partes se comportem com urbani direito suscitadas no decorrer do julgamento bem
dade e polidez, prestigiando a administração da justiça.
Dri'i"faL Ó destinadas a sanar nulidades o'u su-
L
ser ohiPtnT «fsclarecimento
objeto de analise e decisões imediatas pordaparte
verdade, também deverão
do juiz.
Quando talamos de justiça, referimo-nos ao valor fundamental de todos os valores
jurídicos, como ensina Miguel Reale, ao disscrtar sobre a Teoria da Justiça: "E por
todas essas razões que cumpre reconhecer que a justiça, condicionante de todos os
valoresjurídicos,funda-se no valor da pe.ssoa humana, valor-jònte de todos os valores ■
Ne^e diapa.sào: yuanto á defesa em plenário, não é demasiado in.si.stir na indecli-
REALE, Miguel. Lições preliminares de Direito. 27 ed. São Paulo: Saraiva, 2002. p- 37 nye! extgettcta de sua efetividade (v.. retro, cap. VI). principahnente cuidanJo-Ve de
Onde é mais sentida a participação popular, não somente por intermédio do Conselho memoPT/'"'- f"" constituição popular, no qual a consideração pelos argu-
de Sentença formado por pessoas do povo, mas também pela intensidade da pub i • r r GRINfWrR rta dependência do trabalho do advogado
cidade. atuai
atual, nal
c ampl.?Q- P , Revista dos Tribunais,
Sao Paulo: As nulidades no321.
2007. p. processo penal. 10. ed., rev
Art. 497 Rodrigo Faucz Pereira e Silva 148 149 Tribunal do Júri O Novo Rito Interpretado
Art. 4°

O juiz presidente, de ofício ou a requerimento de qualquer uma tratando de apartes abusivos da acusação, o princípio da plenitude de
das partes, deverá decidir sobre a argüição de extinção de punibilidade. A defesa. Nesses casos, se o juiz presidente permitir o aparte, a parte preju
argüição poderá ser suscitada a qualquer tempo, sendo mais comum sua dicada devera mandar constar o ocorrido - sendo-lhe facultado indicar as
provocação no início da sessão ou posteriormente à formulação dos quesitos. respectivas razões - na ata do julgamento'-'\
Em qualquer caso, a defesa e o Ministério Público deverão ser ouvidos.
Por derradeiro, convém adentrar na matéria dos apartes. Com a revopados o inciso VI do caput do art. 581 e
nova redação, os apartes, que já faziam parte do cotidiano forense, passam o Capitulo IV do Titulo II do Livro III, ambos do Decreto-
a ser previstos expressamente. lei n. 3.689, de 3 de outubro de 1941 ^ Código de Processo
Contudo de fundamental importância é lembrar que os apartes não
podem servir de escopo para interromper o raciocínio lógico da outra
parte ou para cercear a palavra tanto da defesa quanto da acusação. Art. 607. O prote.ito por novo júri é privativo da defesa, e somente se
Resta salientar que, na Seção relativa aos debates, o legislador admitira cpiando a sentença condenatóriafor de reclusão por tempo imiat
previu no art. 480, que as partes poderão, por intermédio do juiz, "pedir d"e uma ve- " """ serfeito mais
ao orador que indique afolha dos autos onde se encontra a peça por ele § r Não se admitirá protesto por novo Júri, quando a penafor imposta
lida ou citada", ou solicitar esclarecimento de fato por ele alegado. em grau de apelação (art. 606).
Desta sorte, poder-se-ia afirmar que os apartes somente poderão §2'O prote.sto invalidará qualquer outro recurso interposto e será feito
versar sobre essas situações. O fato é que o próprio instituto do aparte é najorma e nos prazos estabelecidos para interposição da apelação.
fundamentado para o esclarecimento de questão fática - erros, enganos, §3 No novo julgamento não servirão jurados que tenham tomado parte
interpretações objetivas inconetas que poderiam levar os jurados a con no primeiro.

clusões errôneas. Art. 608. O protesto por novojúri não impedirá a interposição da apela-
çao, quando, pela me.sma .sentença, o réu tiver .sido condenado por outro
Questões meramente jurídicas não podem, salvo hipótese de cume, em que nao caiba aquele prote.sto. A apelação, entretanto, ficará
flagrante má-fé,ser levantadas em apartes, até porque as partes dispõem suspensa, ate a nova decisão provocada pelo protesto.
de tempo para sustentar suas teses.
O juiz presidente possui uma importância fundamental para Recurso privativo da defesa, o protesto por novo júri cabia
impedir que os apartes, agora expressamente previstos, sejam utilizados quando a pena aplicada ao acusado fosse superior a 20 (vinte) anos e
com finalidades inidôneas.
decorrente de um único delito.
Os debates devem ser cordiais e respeitosos, consoantes ao espí
rito da justiça, não podendo as partes desvirtuar o devido processo legal e 14.3
Sobre apartes, veja-se o magistério de Adei EL TASSE: "Os debates ocorrem na
o adequado julgamento. O princípio da boa-fé processual deve ser res Joima taxativamente regrada pelo Código de Proces.so Penai ou seja, fala uma parte
peitado em sua magnitude. década vez. primeiro a acusação e depois a defe.sa. podendo haver réplica e tréplica
A intervenção do juiz presidente somente será necessária ée ZfiZZlZÍ,
apliíoMl cm umaT das r "f tratadas no Código deregulada
hipote.ses Proces.soe,Penal
portanto, .somente
sendo que o
quando as partes não concederem sucessivos, fundamentados e essen oi ador .somente pode .ser interrompido pelo juiz para indicar o número da folha de
ciais apartes. Apartes que servem apenas para romper o raciocínio documento que leu ou rejeriu. por .solicitação dosjurados para esclarecer fato alega
lógico do orador, para tumultuar os debates ou refutar teses jurídi do ou por no máximo tres minutos que lhes serão acrescidos do tempo de fala sob o
cas, não poderão ser concedidos. controle e deferimento ou indeferimento dojuiz-presidente. A.s.sim, é .seguro afirmar
que os apartes e.xce.s.sivos ou as interrupçõesfora das hipóteses acima versadcis nidi
O aparte poderá ser concedido pelo tempo máximo de 3 (três) ficam ojulgamento, pots, repre.sentam cerceamento à atuação da parte que os sofre,
minutos, e, para compensar, serão acrescidos, independentemente do tempo nao encontrando qualquer respaldo em lei para a .sua formulação. [...] O respeito e á
utilizado no aparte, 3 (três) minutos ao tempo do orador. cordialidade inutuos sao atos de engrandecimento do Poder Judiciário e de confiança
nos jurados.(ontrariamente. os expedientes de mero tumulto no julgamento não
Lembra-se que independentemente de haver previsão de com atingem so a parte oponente, senão afrontam o próprio Judiciário, repercutindo como
pensação do tempo "perdido", a permissão da utilização dos apartes para m gesto de desprestigio aos cidadãos re.sponsáveis pelo veredicto". EL TASSE
fins escusos violará diretamente o princípio do contraditório e, em se r- ■. 1"^°
Curitiba: Jurua, 2008. p. I07-I 10.õo j'úri - em conformidade com a Lei 11.689/08'
-"o^/uo.
150 Tribunal do Júri O Novo Rito 1 ntcrpretado
Art. 497 Rodrit;o Faucz Pereira c Silva Art. 4°

Criado em 1832 pelo Código de Processo Criminai, era utiliza Estabelecer ou suprimir regras contrárias ao acusado, de forma a reco
do quando a pena aplicada ao acusado era de morte, degredo, desterro e nhecer que é mais importante evitar a absolvição de um culpado a impe
dir a condenação de um inocente, é inverter a lógica do sistema garantista
galés perpétuas. Hermeneuticamente, o fato de a pena ser extremamente e aceitar risco efetivo da ocorrência de injustiças.
gravosa ao acusado - com conseqüências irreversiveis -, apontava no
sentido de a decisão, necessariamente, ser reavaliada. Por exemplo, nos Talvez o mais frágil argumento seja que os magistrados fixa
casos de aplicação da pena de morte e de ocorrência de um erro judicial, vam a pena a menor, para evitar o recurso de defesa. Frágil, porque é uma
não haveria possibilidade de revisão efetiva. afronta aos princípios constitucionais e à própria função do juiz, o qual
deve exercer sua função em consonância com a técnica correta e o orde
Historicamente, o protesto foi modificado, possuindo variantes namento jurídico.
importantes - principalmente quando havia competência legislativa dos Mesmo antes da aprovação da Lei, Lenio Streck''"' já salientava
estados da federação sobre a matéria. Em algumas unidades, os balizado- que "seria um contra-senso expimgir um recurso,fcmorável ao réu, em plena
res para garantir o direito do protesto por novo júri eram, alem de uma vigência da Constituição mais democrática que este paísjá elaborou".
condenação elevada, decisões não unânimes no Conselho de Sentença.
Mesmo tendo sido abolida a pena de morte, degredo, desterro e Se o protesto por novo júri não possuía racionalidade para a
galés não se pode admitir o entendimento de que penas superiores a 20 atualidade, ao invés de suprimi-lo, dever-se-ia modificá-lo, respeitando as
(vinte) anos são frívolas. De maneira geral, é cediço que a condição do garantias do acusado quando do julgamento por um instituto que pode
sistema penitenciário atual é cruel, não havendo perspectivas imediatas propiciar tantas falhas. Melhor seria mantê-lo para penas altas - em que
de recuperação para alteração do quadro. Penas superiores a 20 (yintej um erro judiciário teria proporções catastróficas -, e para decisões não
anos - ainda mais em se tratando dos malsinados "crimes hediondos unânimes (as quais evidenciam a falta da necessária certeza para condenar).
podem, a grosso modo, ser consideradas atrozes e desumanas. Nesse diapasão, são oportunas e válidas as posições de Paulo Rangel'^^ e
Roberto Delmanto Júnior'^"*.
Contudo, mais uma vez, escondendo-se sob o manto fácil e ge
neralizado da agilização e descomplicação dos processos, tolhem-se di
reitos históricos. Além da pseudo-eficiência trazida com a supressão do
protesto por novo júri, outras razões são abertamente propaladas: (a a O autor ainda complementa: "//ti que se preservar mecanismos processuais que ve-
supressão é uma forma de referendar a contiança nas decisões do Juri,(b) nham ao encontro Je uma visão garantista do proce.sso. Penas que ultrapassem os
produziam-se injustiças ao absolver acusados condenados anteriormente, vinte anos de reclusão devem ser submetidas ao duplo crivo da sociedade. Reconheço
(c)o recurso acabava por suprimir a garantia da individualizaçao da pena, que, na prática, muitas penas são fixadas abaixo de vinte anosjustamente para impe
baia vista que os magistrados, com o intuito de evitar um novo julga dir esse recurso. De qualquer sorte, se a sociedade representada no júri conside
ra relevante que se apene alguém com uma sanção acima de vinte anos. deve fazê-lo
mento, estabeleciam penas indevidamente interiores a 20(vinte) anos. com convicção, que, com certeza, não se esmorecerá em um .segundo julgamento".
Não se pode esquecer que os jurados são leigos,^^que, além de TRECK, Lenio Luiz. Tribunal do júri: símbolos e rituais. 4. ed., rev. e mod. Porto
ser influenciados por diversos elementos extraprocessuais ', decidem de Alegre: Livraria do Advogado, 2001. p. 152.
acordo com suas próprias consciências. Somem-se a isso a utilização do "Somos contra a revogação do protesto por novo júri. Na democracia não se luta
principio do in duhio pro societate - erigido na sentença da pronuncia , para perder direitos, mas para conquistá-los e preservá-los. Melhor .seria mudar a
fundamentação do recurso". RANGEL, Paulo. O princípio da irrctroatividadc da lei
os pré-iulgamentos midiáticos, o clamor social, a decisão por maioria e processual penal material como garantia fundamental. Boletim IBCCrim. São Paulo,
impossibilidade de reforma da decisão por instância superior Esse qua n. 188,jul. 2008, p. 4.
dro demonstra que, na realidade, o julgamento pelo juri pode levar a uma "São por e.s.sas razões que, ao invés de aniquilar o protesto por novo Júri, entende
decisão frágil e equivocada. mos melhor tivesse ele sido mantido, quiçá restringindo-o a condenações iguais ou
Não se trata de evitar absolvições injustas, mas sim de evitar superiores a 24 anos, comojá ocorrera no passado, ou limitando o protesto para as
condenações desprovidas de garantias fundamentais. O eno judiciário e condenações não unânimes a penas altas, como já ocorrera no Sergipe. [...] Perde
mos uma tradição liberal: aumentaram-se as chances de erro judiciário em tempos
que de mais grave pode acontecer num Estado Democrático de Dire que trazem novos desafios ao Júri. Tempos, em que as pessoas são julgadas primei
ramente pela mídia, contaminando toda a população, nela se incluindo os jurados,
que não precisam motivar a sua decisão. Um segundo Júri traria maior segurança."
o crime hediondo, quando configurado, tolhe uma série de garantias ''y DELMANTO JÚNIOR, Roberto. O fim do protesto por novo júri e ojulgamento pela
inclusive tornando mais austeras as condições para obtenção dc piogicssao d mídia. Boletim IBCCrim. São Paulo, n. 188,jul. 2008, p. 7-8.
Ver comentários ao art. 489.
A RETROATIVIDADE DA LEI
:4 PROCESSUAL PENAL NO
PROTESTO POR NOVO JÚRI

o art. 2" do Código de Processo Penal determina que a lei pro


cessual penal deve ser aplicada de plano. Contudo, considerando a natu
reza da nova lei processual e analisando-a sob o prisma da Constituição
Federal, resta evidenciado que àqueles que cometeram o delito anterior
mente à data da entrada em vigor da nova lei deverão ter resguardados o
direito ao protesto por novo
De acordo com a corrente que divide as normas processuais pe
nais em (1) leis processuais puras e (2) leis processuais mistas (as quais
possuem características ou elementos de Direito Penal), faz-se necessário
analisar em qual categoria o protesto por novo júri se encaixa. É que, caso
seja lei processual pura, a retroatividade da nova Lei é o caminho natural
e, caso se trate de lei processual mista, a nova Lei somente poderá ser
utilizada para os crimes cometidos após a vigência da mesma.
As leis processuais puras possuem natureza meramente proce
dimental, não regulando direta ou indiretamente direitos e garantias. Já as
leis processuais mistas são ^^todas as normas que disciplinem e regulem,
ampliando oti limitando, direito e garantias pessoais constiliicionalmente
assegurados, mesmo ,sob aforma de leis processuais
É inegável que o protesto por novo júri ampliava um direito do
acusado, haja vista que, quando condenado a uma pena superior a vinte
anos, deveria ser julgado novamente. A garantia do acusado pode ser
constatada em dois elementos principais: (1) o protesto era um recurso
exclusivo da defesa;(2) proibia-se a reformatio in pejus indireto - posi
ção pacificada na jurisprudência. Com a revogação, afeta-se, por conse
guinte, o princípio da ampla defesa e do devido processo legal.
149
Desde que haja condenação superior a 20(vinte) anos de reclusão.
BADARÓ, Gustavo Henrique R. 1. Problemas de direito intertempora! e as alterações
do Código de Processo Penal, Boletim IBCCrini. São Paulo. n. 188, p. 23,jul. 2008.
154 Rodrigo Faucz Pereira e Silva Tribunal do Júri O Novo Rito Intcipretado 155

Contudo, independentemente da divisão entre a natureza das A lição de Aury Lopes Jr.'^*^ é imprescindível:
normas processuais, faz-se tlindamental a leitura da nova lei sob a égide
da Constituição. à Ittz da Constitttição. a garantia da irretroatividade da lei penal mais
Primeiramente deve-se entender que é impossivel fazer a desvin gravosa também deve ser aplicada às k-is processuais penais, .sendo
culação entre Processo Penal e Direito Penal'''" (ver lição de Figueiredo ab.wltitamente Jragtl e artificial a distinção tradicionalmente feita
Dias, nota 21). Portanto, ao se considerar o princípio da irretroatividade entie leis puras e mistas. Se mais gravo.sa a regra proce.s.sual nova,
da lei penal mais severa (CF, art. 5", XL), o foco central é se a nova lei é nao tera aplicaçao naquele proce.s.so, mas .somente nos proces.sos que
mais benéfica, ou não, ao acusado. di.s.serem respeito aosJatos praticados após a .sua vigência. Destaque-
se que o marco para aplicação da lei mais grave é ofato crimino.so e
Logo, se a norma processual penal é mais gravosa ao acusado. nao o nascimento do processo. Ofato é que deve ser posterior a lei
nao apenas o proce.s.so penai Por outro lado, se mais benéfica à defe
porque suprime ou relativiza garantias - v.g., adota critérios menos sa, a lei proce.s.sttal penal deverá ter efeito retroativo, ainda que isso
rígidos para a decretação de prisões cautelares ou ampHa os seus implique repetição de ato.s, pois em jogo está a garantia da eficácia
respectivos prazos de duração, veda a liberdade provisória mediante das I egi as do devido processo penal(incluindo a ampla defesa). ^
fiança, restringe a participação de advogado, ou a utilização de al
gum recurso etc. Umitar-se-á a reger os processos relativos às in
frações penais consumadas após a sua entrada em vigor Por sua vez, Paulo Rangel'" assevera sobre a supressão do
protesto por novo juri: 'Trata-.se de matéria, e.xclu.slvamenle de Direito
Penal henejtca ao reit que, uma vez excluída da Código, tem ultra ativi
Ao suprimir recurso exclusivo de defesa, o prejuízo ao acusado dade aos fato.s que foram comeltdos antes da vigência da Lei 11.689/08
é patente, pois não mais poderá ser julgado perante o Júri novamente - Em outras palavras: a lei em comento é mais gravosa não podendo re-
mesmo tendo sido condenado a penas severas. O principio do devido troagirpara alcançar osfatos que lhe são pretéritos",(grifo nosso)
processo legal e da plenitude de defesa é mitigado, suprimindo um recur Assim também percebe Luiz Flavio Gomes, que indica não se
so que poderia evitar, até, decisões errôneas e emotivas . poder impedir o/7/Y;tes7fi aos autores condenados há mais de 20 anos por
O que deve ser analisado, portanto, é se a nova lei restringiu ou crimes cometidos antes da data de entrada em vigor da nova Lei, baia
ampliou a esfera de proteção do acusado e não retóricas do senso co vista que esta restringe o direito de recurso do réu, em prejuízo à ampla
mum, em que se tenta subdividir o direito penal do direito processual - defesa e ao duplo grau de jurisdição ,
como se não fossem partes do mesrno sistema - com o escopo de tolher Em face do exposto, por ter o protesto por novo júri sido (erro
garantias. neamente)suprimido do nosso ordenamento, os acusados processados por
09
09.08.2008, S' anterionnente
deverão á vigência
ter o direito da novapor
de protestar lei, novo
ou seja,
júri,anteriores
como de-a
Obviamente que a leitura constitucional deve ser realizada em toda a legislação infra- eiminava a antiga redação do Código de Processo Penal, art 607 por
constitiicional e não somente no caso da nova lei.
"Recordando o principio da necessidade, não poderá haver punição sem lei anterioi
tratar-se de uma garantia e prejudicar o acusado, o qual - prevalenceiído a
que preveja o fato punivel e um processo que o apure. Tampouco pode haver um pro
nova Lei - nao mais terá direito a um novo julgamento.
cesso penal senão para apurar a prática de um fato aparentemente delituoso e apli
car a pena correspondente. Assim, essa intima relação e interação dá o caráter de
coesão do 'sistema penai', não permitindo que se pense o direito penai e o processo
peitai como compartimentos estanques.'" LOPES JR., Aury. Direito processual pena 156
e sua conformidade constitucional. 2. ed. Rio dc Janeiro: Lumcn Júris, 2008. v. L Direito processual penal e sua conformidade constitucional. 2 ed
p. 201. Rio de Janeiro: Lumcn Juris, 2008. v. 1, p. 204.
LOPES JR., Aury. Direito processual penal e sua conformidade constitucional. 2. ed. 157
^NGEL, Paido. O princípio da iiTctroatividade da lei processual penal material
Rio de Janeiro: Lumen Júris, 2008. v. 1, p. 201. 158 como garantia fundamental. Boletim IBCCrim. São Paulo, n. 188,jul 2008 p 4
Quando o crime ainda está presente na memória de dctcnninada comunidade, trazendo o
sentimento de vingança e comoção social. . 159
e di1
da Lei de Transito. f,"'„f^'»"'^"íários às reformas
Sao Paulo: Revista dos Tribunais,do2008
Código
p 261de Processo Penal
LOPES JR., Aury. Direito processual penal e sua conformidade constitucional. 2. et •
Rio dc Janeiro: Lumen Júris, 2008. v. I, p. 203.
REFERENCIAS

ALTAVILLA, Enrico. Psicologia Judiciária. Coimbra: Almedina, v. II, 2003.


AMBOS,Kai. A reforma do processo penal no Brasil e na América Latina. São Paulo:
Método, 2001.
AQUING, Álvaro Antônio Sagiilo Borges de. A Função Garantidora da Pronúncia.
Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2004.
ARAÚJO, Luiz Alberto David. Curso de Direito Constitucional. 1 1 ed. rev. e atual. São
Paulo: Saraiva, 2007.
BADARO, Gustavo Henrique R. I. Problemas de direito intertemporal e as alterações do
Código de Processo Penal. Boletim IBCCrim. São Paulo, n. 188,jul. 2008, p. 23.
BARROS, Marco Antonio de. A busca da verdade no processo penal. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2002.
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 10. ed., rev., atual, e ampl. São
Paulo: Malheiros, 2000.
CANOTILHO,J. J. Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 7. ed. Coimbra;
Almedina, 2007.
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
COLÔMBIA. Corte Suprema de Justicia. Proceso: 22459 de Auto Colisión de Competên
cia. Magistrado Ponente Dr. Álvaro Orlando Perez Pinzon. Procedência dei Tribunal
Superior dei Distrito Judicial, Bogotá D.C., 08/07/2004.
CÔUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda. As refonuas parciais do CPP e a gestão da
prova: segue o princípio inquisitivo. Boletim IBCCrim. São Paulo, n. 188,jul. 2008.
. Efetividade do processo penal e golpe de cena: um problema às reformas
processuais. Escritos de direito e processo penal em homenagem ao Professor Paulo
Cláudio Tovo. Rio dc Janeiro: Lúmen Júris, 2002.
CRUZ, Rogério Shietti Machado. Com a palavra, as partes. Boletim IBCCrim. São
Paulo, n. 188, jul. 2008.
DLLMANTO JÚNIOR, Roberto. O fim do protesto por novo Júri e o julgamento pela
midia. Boletim IBCCrim. São Paulo, n. 188,jul. 2008, p. 7/8
DEZEM, Guilherme Madeira; DINIZ JUNQUEIRA, Gustavo Octaviano. Prazo para
encerramento do procediiuento. Boletim IBCCrim. São Paulo, n. 188,jul. 2008, p. 29.
DIAS, Jorge de Figueiredo. Direito Penal - Parte Geral. 2. ed. Coimbra: Coimbra, t. I,
2007.
. Direito Processual Penal. Coimbra: Coimbra, 2004.
DOTTI, René Ariel. . A reforma do procedimento do Júri. Tribunal do Júri -
Estudo sobre a mais democrática instituição jurídica brasileira. São Paulo: Revistas
dos Tribunais, 1999.
. Um novo e Democrático Tribunal do Júri (II). O Estado do Paraná, cademo
"Direito e Justiça", 22 jun. 2008.
. Uiu novo e Democrático Tribunal do Júri (IV). O Estado do Paraná, cademo
"Direito e Justiça", 06 jul. 2008.
Tribunal do Júri O Novo Rito Interpretado 159
158 Rodrigo Faucz Pereira e Silva

EL TASSE, Adei. O novo rito do tribuna! do júri - em conformidade com a lei MOSSIN, Heráclito Antônio. Curso de processo penai. 2. ed. São Paulo: Atlas, v. 1,
11.689/08. Curitiba: Juruá,2008. 1998.
FERNANDES, Antonio Scarance. Processo penal constitucional. 5. cd., rev., atual, e NORES, José 1. Cafferata. Introducción al Derecho Procesal Penal. Córdoba: Córdoba,
ainpl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. 1994.
. Teoria geral do procedimento e o procedimento no processo penal. São NORONHA, E. Magalhães. Curso de direito processual penal. 28. ed. São Paulo:
Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. Saraiva, 2002.
FERREIRA, Pinto. Curso de Direito Constitucional. 12 ed., ampl. e atual. São Paulo: NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Processo Penal e Execução Penal. 2. ed. Sao
Saraiva, 2002. Paulo. Revista dos Tribunais, 2006.
FIGUEIRA, Luiz Eduardo. O ritual Judiciário do Tribunal do Júri. Porto Alegre: Fa . Tribunal do Júri. São Paulo. Revista dos Tribunais, 2008._
bris, 2008. OLIVEIRA, Eugênio Pacclli de. Curso de Processo Penal. 9. ed. Rio de Janeiro: Lumen
GOMES FILHO, Antonio Magalhães. Júri: projetos de reforma. Revista Brasileira de Júris, 2008. .
Ciências Criminais, São Paulo, a. 14, n. 58,jan./fev. 2006. OLIVEIRA, Marcus Vinícius Amorim de. Tribunal do júri popular na ordem jurídica
GOMES, Luiz Flavio, et al. Comentários às reformas do Código de Processo Penal e constitucional. 1. ed., 2. reimpr. Curitiba: Juruá, 2008. ^
da Lei de Trânsito. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. PARADA NETO. José. A defesa no plenário do júri. Tribunal do Júri - Estudo sobre a
GRECO FILHO, Vicente. Questões polêmicas sobre a pronúncia. Tribunal do Júri - mais democrática instituição jurídica brasileira. Sao Paulo: Revistas dos Tribunais, 1999.
Estudo sobre a mais democrática instituição jurídica brasileira. São Paulo: Revistas PASTRANA, Angel Tinoco. Fundamentos dei Sistema Judicial Penal en el Common
dos Tribunais, 1999. Law. Sevilla:'Secretariado de Publicaciones da Universidad de Sevilla, 2001.
GRINOVER, Ada Pellegrini. A reforma do processo penal. Escritos de direito e pro PEDROSO, Fernando de Almeida. Prova Penal. Rio de Janeiro: Aide, 1994.
cesso penal em homenagem ao Professor Paulo Cláudio Tovo. Rio de Janeiro: Lumen PERELMAN, Chaím. Ética e direito. Tradução de Maria Ennantina Galvão. São Paulo:
Júris, 2002. Martins Fontes, 2000. r, j
GRINOVER, Ada Pellegrini, et al. As nulidades no processo penal. 10. ed., rev., atual, e PITOMBO, Sérgio Marcos de Moraes. Supressão do Libelo. Tribunal do Juri - Estudo
ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. sobre a mais democrática instituição jurídica brasileira. São Paulo. Revistas dos
et al. Teoria Geral do Processo. 18. ed. São Paulo: Malheiros, 2002. Tribunais, 1999.
IBANEZ, Perfecto Andrés. Valoração da prova e sentença penal. ANDRADE, Lédio PORTO, Herminio Alberto Marques. Julgamento pelo Tribunal do Juri: Questionário.
Rosa de (Org.). Rio de Janeiro: Lumen Júris, 2006. Tribunal do Júri Estudo sobre a mais democrática instituição jurídica brasileira. Sao
JESUS, Damásio de. Código de processo penal anotado. 22. ed. atual. São Paulo: Saraiva, Paulo: Revistas dos Tribunais, 1999. ,
2005. RANGEL, Paulo. O princípio da irrctroatividade da lei processual penal material como
JIMENEZ, Hemando Londono. Tratado de Derecho Procesal Penal. De Ia Captura a garantia fundamental. Boletim IBCCrim. São Paulo, n. 188, jul. 2008.
Ia excarcelación. 3. ed. Santa Fe de Bogotá: Temis, 1993. REALE, Miguel. Lições preliminares de Direito. 27 ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
LINS E SILVA, Evandro. Sentença de Pronúncia. Publicado no Encarte da AIDP no SÈROUSSI, Roland. Introdução ao direito inglês e norte-americano. Traduzido por
Boletim do IBCCrim, v. 8., n. 100, mar., 2001. Renata Maria Parreira Cordeiro. São Paulo: Landy Editora, 2001.
LOPES JR., Aury. Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional. 2. ed. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 22. ed. São Paulo:
Rio de Janeiro: Lumen Júris, v. I, 2008. Malheiros, 2003. .. . u
. Introdução critica ao processo penal: fundamentos da instrumentalidade SOUZA, José Barcelos de. Novas leis de processo: inquirição direta de testemunhas.
constitucional. 4a. ed. rev. atual. ampl. Rio de Janeiro: Lumen Júris, 2006. Identidade física do juiz. Boletim IBCCrim. São Paulo, n. 188, jul. 2008.
. Sistemas de Investigação Preliminar no Processo Penal. 4. ed., rev., atual, e STOCO, Rui. Garantias asseguradas nos julgamentos de processos da competência do
ampl. Rio de Janeiro: Lumen Jiiris, 2006. Tribunal do Júri (a constitucionalização do processo penal). Boletim IBCCrim. São Paulo,
MAIER, Júlio B. J. Derecho Procesal Penal Argentino. Buenos Aires: Hammurabi, t. 1. n. 188, jul. 2008, p. 28. . . . .,
V. b, 1989. STRECK, Lenio Luiz. Tribunal do júri: símbolos e rituais. 4. ed., rev. e mod. I orto
MALATESTA, Nicola Fraiuarino Dei. A lógica das provas em matéria criminal. Tra Alegre: Livraria do Advogado, 2001. ,. j
dução de Paolo Capitanio. Campinas: Bookseler, 2001. TORRES, José Henrique Rodrigues. Qiiesitação. Tribunal do Júri - Estudo sobre a
SILVA, Ivan Luís Marques da. Reforma Processual Penal de 2008. São Paulo: RT. 2008. mais democrática instituição jurídica brasileira. Sao Paulo: Revistas dos Tribunais, 1999.
MARQUES, José Frederico. Elementos de direito processual penal. 2. ed. Campinas: TÜURINHO FILHO, Fernando da Costa. Código de Processo Penal Comentado. 8. ed.
Millenium, v. II, 2000. São Paulo: Saraiva, 2004. _ . .. rv-
MARREY, Adriano, et. al. Júri: teoria e prática: comentários de doutrina e interpretação TRINDADE, Antônio Augusto Cançado. Tratado de Direito Internacional dos Direitos
judiciária: roteiros práticos, questionários, jurisprudência. 3. ed. São Paulo: Revista dos Humanos. Porto Alegre: Fabris, v. 111, 2003.
Tribunais, 1988. TROVÃO, Edilberto de Campos. Reflexões de um Aprendiz de Promotor de Justiça
MIRABETE, Júlio Fabbrini. Processo Penal. 17. ed. São Paulo: Atlas, 2005.
no Tribunal do Júri. 2. ed. Curitiba: JM, 2005.
MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais: teoria geral, comentários aos TUCCl Rogério Latiria (Coord.). Tribunal do Júri: origem, evolução, características e
art. 1" a 5" da Constituição da República Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. perspectivas. Tribunal do Júri Estudo sobre a mais democrática instituição jurídica
5. ed. São Paulo: Atlas, 2003. At brasileira.Sao Paulo: Revistas dos Tribunais, 1999. , ^ , j
MORAIS, Antônio Manuel. O Júri no Tribunal - da sua origem aos nossos dias. Lisboa: '■■i VIDAL, Luiz Fernando Camargo. Três reflexões sobre o novo processo do Iribunal do
Hugin. 2000. Júri Boletim IBCCrim. São Paulo, n. 188, jul. 2008, p. 5.
ÍNDICE ALFABÉTICO

• Absolvição sumária. Sentença. Impronúncia. Cabimento do recurso de


apelação. Júri. Normas. CPP, art. 416.
' Absolvição sumária. Júri. Normas. CPP, art. 415.
• Aeusação. Júri. Normas. CPP. art. 406, e ss.
'Alistamento dos jurados. Júri. Normas. CPP, art. 425.
• Apelação. Sentença. Impronúncia. Absolvição sumária. Cabimento do re
curso de apelação. Júri. Nomias. CPP, art. 416.
• Ata dos trabalhos. Júri. Julgamento. Nonnas. CPP, art. 494, e ss.
• Atribuições do Presidente do Tribunal do Júri. Normas. CPP, art. 497.
• Audiência de instrução. Júri. Normas. CPP, art. 410.

Citação do acusado. Júri. Nonnas. CPP, art. 406.

• Debates. Júri. Normas. CPP, art. 476, e ss.


• Defensor. Nomeação. Resposta fora do prazo legal. CPP, art. 408.
162 Rodrigo Faucz Pereira e Silva Tribunal do Júri O Novo Rito Interpretado 163

Desaforamenlo. Júri. Normas. CPP, art. 427. • Júri. Audiência de instnição. Nonnas. CPP, art. 410, e ss.
• Júri. Citação do acusado. Nonnas. CPP, art. 406.
• Júri. Debates. Nonnas. CPP, art. 476, e ss.
• Júri. Desaforamento. Normas. CPP, art. 427.
Exceções. Júri. Normas. CPP, art. 407. • Júri. Exceções. Nonnas. CPP, art. 407.
• Júri. Exceções. Normas. CPP, art. 407.
• Júri. Função do jurados. Normas. CPP, art. 436.
• Júri. Itnpronúncia. Normas. CPP, art. 414.
Função do jurados. Júri. Normas. CPP, art. 436. • Júri. Instrução em plenário. Normas. CPP, art. 473, e ss.
• Júri. Intimação. Pronúncia. Normas. CPP, art. 420.
• Júri. Julgamento. Ata dos trabalhos. Nonnas. CPP, art. 494, e ss.
• Júri. Jurados impedidos. Normas. CPP, art. 448.
' Impedimento. Jurados impedidos. Júri. Nomias. CPP, art. 448. • Júri. Jurados isentos do serviço. Normas. CPP, art. 437.
' Impronúncia. Absolvição sumária. Cabimento do recurso de apelação. • Júri. Organização da pauta. Normas. CPP, art. 429.
Júri. Normas. CPP, art. 416. • Júri. Prazo para a resposta. Nonnas. CPP, art. 406.
' Impronúncia. Júri. Normas. CPP, art. 414. • Júri. Preparação do processo para julgamento em plenário. Normas. CPP,
' Instrução em plenário. Júri. Nonnas. CPP, art. 473, e ss. art. 422,e ss.
Instrução preliminar. Júri. Normas. CPP, art. 406, e ss. • Júri. Pronúncia. Normas. CPP, art. 413.
Intimação. Júri. Pronúncia. Nonnas. CPP, art. 420. • Júri. Prova testemunhai. Acusação e defesa. Normas. CPP, art. 406.
• Júri. Questionário e sua votação. Normas. CPP, art. 482, e ss.
• Júri. Reunião e sessões do Tribunal do Júri. Normas. CPP, art. 453, e ss.
• Júri. Sentença. Normas. CPP, art. 492,e ss.
• Julgamento. Ata dos trabalhos. Júri. Nonnas. CPP, art. 494, e ss. • Júri. Sorteio e convocação dos jurados. Normas. CPP, art. 432.
• Julgamento. Júri. Preparação do processo para julgamento em plenário.
Normas. CPP, art. 422, e ss. N
• Jurado. Função do jurados. Júri. Normas. CPP, art. 436.
• Jurados impedidos. Júri. Nonnas. CPP, art. 448. Nomeação de defensor. Resposta fora do prazo legal. CPP, art. 408.
• Jurados isentos do serviço. Júri. Normas. CPP, art. 437.
• Jurados. Sorteio e convocação dos jurados. Júri. Normas. CPP, art. 432.
• Júri. Absolvição sumária. Nonnas. CPP, art. 415.
• Júri. Acusação e instrução preliminar. Normas. CPP, art. 406, e ss.
Organização da pauta. Júri. Normas. CPP, art. 429.
• Júri. Alistamento dos jurados. Normas. CPP, art. 425.
• Júri. Atribuições do Presidente do Tribunal do Júri. Nonnas. CPP,art. 497.
w

164 Rodrigo Faucz Pereira e Silva

• Paula. Organização da pauta. Júri. Normas. CPP, art. 429.


• Plenário. Instrução em plenário. Júri. Normas. CPP, art. 473, e ss.
• Prazo para a resposta. Júri. Normas. CPP, art. 406.
• Preliminares e documentos. CPP, art. 409.
• Presidente do Tribunal do Júri. Atribuições. Normas. CPP, art. 497.
• Pronúncia. Intimação. Júri. Normas. CPP, art. 420.
• Pronúncia. Júri. Normas. CPP, art. 413.
• Prova testemunhai. Acusação e defesa. Júri. Nonnas. CPP, art. 406.

Questionário e sua votação. Júri. Normas. CPP, art. 482, e ss.

Recurso. Sentença. Impronúncia. Absolvição sumária. Cabimento do re


curso de apelação. Júri. Nonnas. CPP, art. 416.
Reunião e sessões do Tribunal do Júri. Nonnas. CPP, art. 453, e ss.

Sentença. Impronúncia. Absolvição sumária. Cabimento do recurso de


apelação. Júri. Nonnas. CPP, art. 416.
Sentença. Júri. Normas. CPP, art. 492, e ss.
Serviço do júri. Normas. CPP, art. 436, e ss.
Sessões e reunião do Tribunal do Júri. Normas. CPP, art. 453, e ss.
Sorteio e convocação dos jurados. Júri. Normas. CPP, art. 432.

'Votação. Questionário e sua votação. Júri. Nonnas. CPP, art. 482, e ss.
A Lei 11.689/08 alterou profundamente o procedimento dos crimes de com
petência do Tribunal do Júri e, como outras leis de natureza processual penal
aprovadas e sancionadas, possui o escopo de modernizar,simplificar e agilizar
a tramitação dos processos.
Contudo, de nada adianta simplificá-los tolhendo garantias dos acusados. O
discurso da agilização restará inócuo se não recepcionado pela Constituição. A
presente obra interpreta, artigo por artigo, o novo rito do Júri, sem olvidar a
inexorável leitura dos princípios constitucionais.
Além de examinar pormenorizadamente os artigos, o autor traz os principais
pontos positivos e negativos da reforma, explorando, de modo pioneiro, tó
picos indispensáveis para os operadores do Direito (p. ex., a decisão de pro
núncia como instrumento de garantia, a utilização de algemas no Júri, com a
Súmula Vinculante 11 do STF, a não-utilização do in dúbiopro reo,formulação
de quesitos, debates, entre outros).
Consoante as alterações legislativas e a necessidade de análises seguras sobre
a matéria,a Juruá traz uma obra de qualidade indiscutível,de leitura obrigató
ria para profissionais da área, estudantes e interessados no Tribunal do Júri.

ISBN 978-85-362-2222-6
III

II II II II
788536 222226

S-ar putea să vă placă și