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O ESCÂNDALO DO PETRÓLEO

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Edilson Juviniano da Silva Filho

“Não há no mundo grande realização que não comece pelo sonho”.

MONTEIRO LOBATO, José Bento. O escândalo do petróleo e georgismo e


comunismo. São Paulo: Globo, 2011.

Quando o assunto é Monteiro Lobato, logo vem à mente sua obra mais conhecida:
O sítio do pica pau amarelo. Porém, apesar de ser famoso pelos livros infantis, o
autor também produziu obras sobre temas adultos não ficcionais. Uma delas, O
escândalo do petróleo, foi publicada originalmente em 1936, durante o primeiro
mandato de Getúlio Vargas. O livro teve duas edições esgotadas em algumas
semanas, mas foi censurado pela ditadura do Estado Novo meses depois do seu
lançamento, e somente em 1945, com o fim do governo Vargas, foi liberado.

No livro, Monteiro Lobato revela os detalhes de uma luta que durou uma década,
de 1931 a 1941, tentando colocar o Brasil nos trilhos do crescimento econômico.
Convicto de que a riqueza do país estava no subsolo, Lobato consultou
especialistas, reuniu capital junto a pequenos investidores e fundou empresas de
prospecção a fim de extrair petróleo do subsolo brasileiro, mas enfrentou forte
oposição de grupos estrangeiros apoiados pelo governo Vargas.

Na introdução, o autor inicia citando “A luta pelo petróleo”, obra de Essad Bey, que
ele lançou em junho de 1935 em mais uma de suas jogadas estratégicas. A obra foi
traduzida por Charlie W. Frankie, seu colaborador em levantamentos geofísicos e
de prospecções, e traz o resumo das vantagens do petróleo sobre o carvão como
matéria combustível. Ainda na introdução ele fala sobre os trusts, a Standart Oil e a
Royal Duth e Shell, que mantinham o monopólio do petróleo na época e por conta
disso dominaram as finanças, os bancos, o mercado do dinheiro e até os governos
e as máquinas administrativas. Lobato não esconde sua indignação com o fato de
o Brasil, com seu imenso território com tantos pontos marcados de indícios de
petróleo, permanecer economicamente escravo dos trusts. “Esses trusts nos
conhecem. Sabem que o brasileiro é uma espécie de criança tonta, que realmente
só se interessa por jogo, farra, carnaval e anedotas fesceninas (grosseiras)” (p. 24).

No trecho que recebe o título de retrospectiva, Lobato traz uma análise


comparativa da atividade de outros países da América como Estados Unidos,
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- Edilson Juviniano da Silva Filho. Graduando em Letras Vernáculas pela Universidade Estadual do Sudoeste
da Bahia, 4º semestre. Bolsista de Iniciação Científica pelo programa Estação da Leitura. Endereço para acessar
este CV: http://lattes.cnpq.br/5025935754296321
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México e Venezuela, por exemplo, ao tempo em que aproveita para denunciar a
ineficiência do Serviço Geológico. Nessa parte ele mostra tabelas que apresentam
o número de poços abertos, a quantidade de barris e o faturamento em dólares por
ano de vários países que circundam o Brasil, e afirma que o Serviço Geológico em
15 anos de “atividade” nunca visou descobrir petróleo, pois cavaram apenas 65
buracos de tatu. “O Serviço Geológico fingia que furava e depois, com a carinha
mais inocente do mundo, dizia: Não tem. vocês estão vendo que não tem...” (p. 41).

No caso de Alagoas, Monteiro Lobato associa-se a Edson Carvalho, Lino Moreira e


outros para fundar a Companhia Petróleo Nacional, baseado nos estudos do
geólogo alemão José Bach. Ao tentar as primeiras perfurações, enfrenta forte
oposição do chefe do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), Fleury
da Rocha. Na sequência, Lobato revela os resultados da dura batalha que ia
fazendo vítimas fatais, apresentando “Os primeiros mártires do petróleo”. Ele
mostra como os pioneiros na descoberta do petróleo foram sendo assassinados
por forças ocultas. Começando por José Bach em Alagoas, seguido por Pinto
Martins, Barzaretti e Harry Koller.

Diante dos entraves, Lobato escreve uma carta ao ministro da Agricultura que teve
por título “POR QUE O BRASIL NÃO TEM PETRÓLEO”, na qual ele denuncia o
DNPM batendo na tecla que permeia todo o volume: “não tirar petróleo e não
deixar que ninguém o tire”. Com a repercussão da carta, o ministro decide instaurar
a comissão de inquérito a fim de apurar as denuncias nela contidas. Em seu
depoimento, o autor tenta provar suas declarações feitas, começando pela divisa
do serviço federal de minas: “NÃO TIRAR PETRÓLEO E NÃO DEIXAR QUE O
TIREM”.

Ainda em seu depoimento, Monteiro Lobato reitera sua acusação contra os órgãos
governamentais de usar informações privilegiadas para beneficiar diretamente uma
empresa norte-americana. Enfatizando a ideia de que abrir mão da matéria prima
combustível equivale ao suicídio econômico e militar da nação, ele conclui que o
problema principal residia na nossa tendência para resolver problemas só pelo lado
teórico, com desprezo absoluto do aspecto prático. Essa declaração dele é muito
atual diante da situação a qual vivenciamos em nosso país, onde tantos protestos
são feitos verbalmente através das redes sociais, mas sem nenhuma atitude pela
mudança tão sonhada.

Em “O que somos e o que precisamos ser”, o autor apresenta alguns gráficos


comparando a riqueza nacional, a produção e o comércio do Brasil e dos Estados
Unidos. “Só do subsolo os Estados Unidos extraem mais de CEM MILHÕES DE
CONTOS POR ANO. Nós com um subsolo equivalente só extraímos minhocas (p.
105). Lobato segue descrevendo “O que houve depois de 1936”. Com o golpe de
Estado de 1937, deu-se início a derrota dos petroleiros. foi criado o Conselho
Nacional do Petróleo, tendo por comandante o general Horta Barbosa, culminando

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na extinção das companhias nacionais de petróleo. Sem saída, Lobato decide
escrever uma carta á Getúlio Vargas em que dá o histórico da situação e grifa o
recado ao presidente: “O destino das nações depende muitas vezes da atuação de
um homem que enxerga mais longe que os outros” (p.148).

A resposta veio onze meses depois em forma de voz de prisão pela “audaciosa e
injustificável irreverência”, “afirmações destituídas de verdade, inteiramente falsas,
com o objetivo de injuriar os poderes públicos”. Em 18 de abril de 1941, recolhido à
casa de detenção onde estava no seu 3º mês de prisão, soube que fora absolvido
em 1º instância pelo juiz do Tribunal de Segurança Nacional, coronel Maynard
Gomes, cuja sentença transcreve na íntegra.

Após sofrer duros golpes, Monteiro Lobato ainda recebe o histórico do petróleo do
Lobato, enviado por seu companheiro Oscar Cordeiro, no qual descreve sua luta
pela descoberta do petróleo do Lobato (o local recebeu esse nome por mera
coincidência) e de como este foi demitido e expulso de seu próprio campo, ficando
o poço sob governo do Conselho Nacional do Petróleo. Diante disso, o escritor não
vê outra alternativa a não ser a rendição. “Chega. Não quero nunca mais tocar
neste assunto de petróleo. Amargurou-me doze anos de vida, levou-me à cadeia –
mas isso não foi o pior. O pior foi a incoercível sensação de repugnância que
desde então passei a sentir sempre que ouço a expressão Governo Brasileiro...” (p.
180).

No último trecho do livro, ele ainda fala sobre “Os grandes crimes contra os povos”.
Critica a ignorância do governo na queima de cerca de 80 mil sacas de café no
início da década de 30, e deixa claro seu lado intuitivo que previa a era do capital
financeiro transnacional a impor sua lógica de mercado às nações periféricas.

A leitura do livro O escândalo do petróleo nos leva a uma profunda reflexão a


respeito do país que queremos. Segundo Lobato, não há no mundo grande
realização que não comece pelo sonho (p. 67), e a obra deixa claro, não somente o
lado guerreiro e batalhador, mas também o lado sonhador do escritor de livros
infantis que decidiu dedicar a sua vida para ver o Brasil no caminho da
modernidade.

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