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A HUMANIZAÇÃO NA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO

PACIENTE EM CRISES PSIQUIÁTRICAS

ALMEIDA, Jacqueline Lima ¹


RIBEIRO, Elaine Rossi²

RESUMO

A reforma psiquiátrica no Brasil trouxe um novo modelo de atenção a saúde mental,


introduzindo um tratamento efetivo, integral e humanizado, mudando as praticas
psiquiátricas inadequadas, onde o portador de transtorno psíquico sofria
descriminação e eram isolados em hospitais que não ofereciam um tratamento
apropriado. Este artigo tem como objetivo geral mostrar a importância da
humanização nos cuidados prestados ao indivíduo que necessita de atendimento de
urgências e emergências psiquiátricas, trazendo uma nova reflexão a respeito das
práticas do cuidar, quebrando o paradigma e o preconceito vivenciados no momento
do atendimento do portador de transtornos psiquiátricos. A fim de contribuir com a
transformação do modelo assistencial oferecido nos atendimentos de urgências e
emergências psiquiátricas. Trata-se de uma revisão de literatura baseada em artigos
científicos e se caracteriza como um estudo descritivo com abordagem qualitativa.
Sendo descrito através de materiais de pesquisa reunidos sobre o tema. Realizada
entre dezembro de 2016 a janeiro de 2017. Foram encontrados 35 artigos sendo
utilizados 11, os artigos utilizados foram publicados entre os anos de 2002 a 2015.
Foram também pesquisados capítulos de livros de acordo com o tema
apresentando, sendo utilizados onze artigos e três livros todos em português.

Palavras-chave: Humanização. Assistência de Enfermagem. Saúde Mental.

____________________________________________________________________________
¹ Jacqueline Lima de Almeida, Enfermeira (Centro Universitário de Belo Horizonte- UNIBH, Belo
Horizonte MG, e aluna do curso de Especialização em Urgência e Emergência Grupo Uninter).
² Elaine Rossi Ribeiro, Enfermeira Doutora em medicina, docente e orientador de TCC do Grupo
Uninter.
INTRODUÇÃO

A Política Nacional de Humanização (PNH) é uma inovação de atenção em


saúde criada pelo SUS em 2003, com o objetivo de melhorar e qualificar as práticas
de gestão no serviço de saúde, a fim de proporcionar um atendimento adequado e
humanizado a todo cidadão. Remodela o processo de trabalho e oferece aos
usuários uma assistência com profissionais preparados e com atendimento de
qualidade (BRASIL, 2006).
A PNH propõe mudanças organizacionais que envolvem essencialmente
maior eficiência no atendimento e valorização das pessoas em todas as praticas de
atenção e gestão, bem como, promover a cultura da humanização definida como
uma prática politica e pedagógica que inclui o pensar e o fazer coletivo, que nos trás
a reflexão sobre as mudanças necessárias para prestar um atendimento de
qualidade, as pessoas que necessitam de atendimentos de urgências e emergências
psiquiátricas (BRASIL, 2004).
A palavra “humanizar” tem o significado de “tornar humano, dar condições
humanas”, sendo também definida como afável tratável e benévolo. A humanização
recupera valores humanos muitas vezes esquecidos, que não podem ser separados
da ética e das práticas em saúde (FERREIRA, 2009).
No campo da filosofia, a humanização é um termo utilizado pelo humanismo,
que reconhece o valor da dignidade humana e busca compreender a natureza do
homem a fim de compreender uns aos outros. Levando em consideração seus
potenciais, limites e dimensões humanas (NOGARE, 1997).
Pinel foi um dos maiores representantes da humanização na psiquiatria,
lutando pela liberdade daqueles que viviam presos e limitados aos espaços restritos
dos hospitais psiquiátricos, contribuído para a criação de um novo modelo de
assistência humanizada, modificando a forma de perceber e tratar o doente
(CATALDO, et al; 2003).
A humanização promove uma assistência de enfermagem qualificada atuando
como agente terapêutico, modificando o processo de trabalho a fim de prestar
assistência humanizada, baseada na ética e respeito ao próximo, quebrando o
paradigma do preconceito e estigma que o portador de transtornos psiquiátricos vem
sofrendo ao longo do tempo.

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O Enfermeiro se tornou um dos principais profissionais responsáveis pela
introdução do atendimento humanizado na assistência ao portador de transtornos
psiquiátricos, direcionando a assistência e orientando os familiares quanto à forma
de lidar com a doença (CARRARA, et al; 2015).
O presente estudo vem responder à seguinte questão: qual a importância do
atendimento humanizado ao paciente portador de transtornos mentais em crises
psiquiátricas?
Este estudo vem trazer uma nova reflexão sobre a necessidade de mudanças
no processo de trabalho do profissional Enfermeiro, sendo ele o responsável pelo
treinamento e capacitação dos técnicos em enfermagem que atuam diretamente na
assistência das urgências psiquiátricas. Compreendendo a importância do
atendimento humanizado e qualificado da assistência de enfermagem em
atendimentos de urgências e emergências psiquiátricas, reconhecendo que o ser
humano é especial e singular, não se esquecendo de que o atendimento
humanizado está ligado aos valores, à ética, e ao respeito aos direitos dos usuários
e seus familiares, que recorrem aos serviços de urgências.
Mesmo com a sobrecarga de trabalho vivenciada pelos profissionais de
saúde, o atendimento deve ser acolhedor e humanizado, respeitando a integridade
do ser humano, ampliando o conceito de saúde e trazendo uma nova conquista no
processo do cuidar. Este artigo tem como objetivo geral mostrar a importância da
humanização nos cuidados prestados ao indivíduo que necessita de atendimento de
urgências e emergências psiquiátricas, quebrando o paradigma e o preconceito
vivenciados no momento do atendimento do portador de transtornos psiquiátricos. A
fim de contribuir com a transformação do modelo assistencial oferecido nos
atendimentos de urgências e emergências psiquiátricas.

METODOLOGIA

O presente estudo é uma revisão de literatura baseada na utilização de


artigos científicos, se caracteriza como um estudo descritivo com abordagem
qualitativa, sendo descrito através de materiais de pesquisa reunidos sobre o tema.
Realizada entre dezembro de 2016 a janeiro de 2017.
Tendo como local de busca os bancos de dados virtuais como: Lilacs, Scielo,
biblioteca virtual do ministério da saúde e literaturas sobre o tema abordado.

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Foram encontrados 35 artigos sendo utilizados 11, os artigos utilizados foram
publicados entre os anos de 2002 a 2015. Foram também pesquisados capítulos de
livros de acordo com o tema apresentando, sendo utilizados onze artigos e três
livros todos em português.
A revisão da literatura auxilia para o aprofundamento e conhecimento do tema
a ser explorado, com isso fundamentou-se metodologicamente esta pesquisa.
De acordo Gil (1991), as pesquisas descritivas vão além da simples
identificação da existência de relações entre as variáveis, pretendendo determinar a
natureza dessa relação. E mesmo com a existência de pesquisas definidas como
descritivas a partir de seus objetivos, acabam servindo mais para proporcionar uma
nova visão do problema, levando a uma aproximação das pesquisas exploratórias.

REFERENCIAL TEÓRICO

Estudos realizados pela OMS e pela Organização Pan- Americana de Saúde


(OPAS) mostram que o Transtorno Mental (TM), corresponde a 12% da carga
mundial de doenças, apresentando apenas 1% do índice de mortalidade. O estudo
revela que mais de 40% dos países ainda necessitam de investimento e políticas em
saúde metal e 30% não apresentam nenhum tipo de programa aos cuidados
daqueles que sofrem desse mal (SANTOS e SIQUEIRA, 2009).
Só a partir de 1996 o TM foi reconhecido como sério problema de saúde
pública, a partir de pesquisas realizadas pela universidade de Harvard e da
Organização Mundial de Saúde, apresentando as 10 principais causas de
incapacitação em todo o mundo. Cinco delas estavam associadas ao TM. As cinco
mais importantes eram: a depressão (13%), os distúrbios afetivos bipolares (3,3%), a
esquizofrenia com os distúrbios obsessivos compulsivos (2,8%) e a ingestão de
álcool (7,1%) (SANTOS e SIQUEIRA, 2009).
Segundo o Consórcio Internacional de Epidemiologia Psiquiátrica (ICPE), o
Brasil apresentou a maior prevalência de TM na população adulta de 15- 59 anos ,
comparados a outros países da América Latina, com índices elevados para os
transtornos do humor, transtornos da ansiedade e transtornos relacionados a
substâncias psicoativas (SANTOS e SIQUEIRA, 2009).
Pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde mostra que 3% da população
geral no Brasil sofrem de algum tipo de TM graves e persistentes, e 6% dos

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indivíduos apresentam TM graves decorrentes do uso de álcool e outras drogas e
12% necessitam de atendimento especializado (SANTOS e SIQUEIRA, 2009).

REFORMA PSIQUIÁTRICA

Historicamente podemos relembrar da Reforma Psiquiátrica, trazendo assim


uma nova forma de vivenciar a condição humana e suas peculiaridades. A reforma
psiquiátrica foi um marco histórico, tendo início na Itália com o propósito de trazer
um novo modelo assistencial, baseado na desinstitucionalização manicomial e a
inserção do doente mental na sociedade, abolindo com as práticas desumanas
vivenciadas pelos pacientes institucionalizados (CARRARA, et al; 2015).
A lei Italiana n° 180/78 proibia a internação e tratamento dos pacientes com
transtornos mentais em hospitais psiquiátricos, com a intenção de desativação
gradativa e substituição por serviços comunitários, buscando outro modo de tratar o
portador de transtorno mental, excluindo a instituição psiquiátrica (RANDEMARK;
JORGE; QUEIROZ, 2004).
A reforma psiquiátrica no Brasil teve inicio na década de 70, trazendo um
novo modelo de atenção psiquiátrica e um novo objetivo para a psiquiatria,
mostrando a importância de um tratamento humanizado àqueles que muitas vezes
eram discriminados, isolados e recebiam um tratamento desumano. Mudou o
cenário, proporcionando um atendimento resolutivo, integral e humanizado àqueles
que sofrem de algum tipo de doença mental (BRASIL 2015).
Iniciou-se um movimento de critica às politicas oficiais de saúde no campo da
psiquiatria, que consistia no processo de mudanças das práticas psiquiátricas e
criação de novas alternativas de tratamento para o individuo que sofre de TM. Havia
uma necessidade da criação de novos modelos de atenção à saúde mental com o
proposito de atender os pacientes, familiares e comunidade (TENÓRIO, 2002).
O movimento Brasileiro de Reforma Psiquiátrica teve caráter reformista e de
conotação socialista e social-democrático, sendo implantado gradualmente com uma
proposta diferenciada da desospitalização, substituindo o modelo asilar, passando a
incluir a participação da família e sociedade (RANDEMARK; JORGE; QUEIROZ,
2004).
A reforma psiquiátrica trouxe mudanças no comportamento e na forma de
lidar com os pacientes psiquiátricos. O objetivo principal da reforma psiquiátrica foi
trazer um atendimento humanizado e romper com o paradigma onde o sujeito era

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visto como perigoso e incontrolável e que não podia viver inserido na sociedade
(RANDEMARK et al; 2003).
Na historia tradicional da psiquiatria a loucura descrita nos apresenta
supostas origens de uma loucura imemorial (grega, quiçá egípcia.), Foucault nos
apresenta uma loucura ocidental posterior ao Renascimento. No período da
antiguidade clássica, até a era cristã, a loucura era vista sob os olhares: para
Eurípedes a loucura era tida como uma concepção passional ou psicológica,
segundo Homero a loucura tinha influencias mitológico-religiosa, já para Hipócrates
e Galeno com as disfunções somáticas (RAMMINGER, 2002).
Na idade média o motivo da loucura passou a ser de origem de possessão
diabólica, na qual o diabo se apossava do corpo da pessoa por vontade própria ou a
pedido de alguma bruxa através de rituais espirituais, fazendo com que o demônio
alterasse a percepção e emoções das pessoas (RAMMINGER, 2002).
Em 6 de abril de 2001 foi sancionada a Lei de Saúde Mental Lei 10.216,
sendo aprovada pelo Congresso Nacional, se torando uma grande vitória no âmbito
da saúde no Brasil. Com a promulgação da Lei 10.216 de 2001, que dispõe sobre a
proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais, o modelo
assistencial passa a sofrer uma nova transformação na assistência que estabelece
uma gama de direitos às pessoas portadoras de transtornos mentais (BRASIL,
2011).
A Lei estabelece que todo tratamento tenha a finalidade de reinserção social
do paciente ao seu meio. E que todo tratamento em regime de internação seja feito
de forma integral, com atividades de lazer e ocupacionais. Proíbe a internação em
instituições que tenham características asilares e desprovidas de recursos para
oferecer atendimento de qualidade (BRASIL, 2011).
Para Bezerra (2007), a reforma psiquiátrica é um processo muito mais
complexo que desfazer uma cultura manicomial. Consiste em construir novas
práticas do cuidado, além de compreender que o ser humano mesmo com suas
limitações é aquele que pensa, sonha, sofre e deseja permanecer inserido na
sociedade. Segundo o autor, é necessário reinventar a própria sociedade em que
vivemos a fim de que as mudanças sejam alcançadas, configurando um novo tempo
e uma nova maneira de vida para aqueles que sofrem desse mal.

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Através da reforma psiquiátrica surgiu um novo conceito de saúde mental,
estreitamente associada a um processo de adaptação social, esse conceito veio a
construir um novo significado para a psiquiatria. Essa nova concepção esta ligada a
dois aspectos importantes: afastar a figura medica da doença e demarcar o campo
das praticas e saberes que não se restringem a medicina e aos saberes psicológicos
tradicionais (TENÓRIO, 2002).
A desinstitucionalização propõe o resgate da cidadania, respeito aos direitos
humanos e liberdade sem opressões, reduzindo a longa permanência em hospitais
psiquiátricos, direcionando os tratamentos para redes de atenção especializadas. A
reestruturação da assistência é tida como um processo complexo dependendo muito
da mudança de cultura e valores hoje inseridos após a reforma psiquiátrica.
Essas conquistas foram garantidas através de muitas lutas e reinvindicações
dos trabalhadores da saúde mental, bem como os grupos sociais organizados em
busca de melhorias da qualidade de vida dessas pessoas, baseado na reabilitação e
reinserção social (FRAGA; SOUZA; BRAGA; 2006).

CRISES PSIQUIÁTRICAS

As urgências psiquiátricas são definidas quando o sujeito em crise necessita


de atendimento especializado e rápido, diminuindo os riscos de danos à integridade
física e psíquica, sendo direcionado para a unidade de referência em atenção
psiquiátrica, dando início ao tratamento adequado de acordo com a sua
necessidade. (BONFADA, 2010).
Em situações de crises, os portadores de Transtorno Mental (TM) são
encaminhados aos serviços de urgências e emergências psiquiátricas. É importante
que o portador de TM seja atendido de forma atenciosa e humanizada a fim de
proporcionar um ambiente tranquilo e acolhedor já que muitas das vezes o próprio
paciente chega coagido pelos familiares.
O TM é uma doença classificada como: doença com manifestação psicológica
associada a algum tipo de comprometimento funcional sendo resultado de vários
fatores importantes como: disfunção biológica, psicológica, genética, física, química
e social, segundo a Classificação Internacional de Transtornos Mentais e de
Comportamento (SANTOS e SIQUEIRA, 2009).

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O TM é uma doença que acarreta prejuízos globais afetando o desempenho
pessoal, social e familiar. É de dimensão universal, atinge pessoas de todas as
idades, causando incapacitação grave e definitiva que aumenta a demanda nos
serviços de saúde, além do alto custo social e econômico (SANTOS e SIQUEIRA,
2009).
Os serviços de urgência e emergência psiquiátricas são destinados ao
atendimento em que os indivíduos apresentam situações de atendimento imediato,
podendo ser em unidades hospitalares ou pré-hospitalares. O atendimento é
realizado por profissionais treinados que realizam procedimentos de estabilização do
quadro clinico do individuo.
Para Santos (2011), o atendimento pré-hospitalar proporciona ao portador de
TM a reabilitação psicossocial e sua reinserção a sociedade, de maneira que ele
possa receber um atendimento integral incluindo uma equipe multidisciplinar
preparada para prestar atendimento individual de acordo com sua necessidade,
além do apoio dos familiares e sociedade.
Os pacientes com crises psiquiátricas são atendidos em unidades
especializadas, que incluem desde os ambulatórios de saúde mental a centros de
atenção psicossocial (CAPS), hospital dia, serviços de urgências e emergências
psiquiátricas e serviços de residências terapêuticas (MIELKE et al., 2009).

A HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

A assistência humanizada se dá quando o indivíduo é atendido de forma que


ele se sinta seguro e que ele possa perceber que é respeitado nos momentos em
que ele está mais vulnerável, sendo visto de forma holística, sendo ele o foco do
atendimento e não a doença, oferecendo lhe um ambiente tranquilo, acolhedor e
resolutivo.
Para Rios (2009), a humanização é baseada no respeito e valorização da
pessoa humana, fundamentada na transformação da cultura institucional, através da
construção coletiva e de ações de atenção à saúde e gestão de serviços. Na
relação do profissional e paciente, a escuta é um ato generoso se tornando muito
mais que um ato de bondade, e sim um recurso técnico imprescindível para o
diagnóstico e a adesão terapêutica.

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O autor também afirma que com a modernidade em que vivemos hoje, as
relações humanas se perderam, pois a perda da ética e valores sociais interage para
isso, tornando as pessoas individualistas, pensando somente em si próprias e não
no coletivo. Assim, a humanização é desenvolvida pelos próprios trabalhadores em
saúde.
O grande desafio talvez esteja na necessidade de desenvolver profissionais
que tenham interesse legitimo pelo paciente, se tornando uma tarefa nada fácil nos
dias atuais, prevalecendo o individualismo e o jeito narcísico de ser das pessoas,
inclusive na própria formação acadêmica dos profissionais de saúde (RIOS, 2009).
O enfermeiro tem papel fundamental na assistência humanizada já que ele é
responsável pelo comando de sua equipe, sendo o principal observador e avaliador
da assistência prestada, direcionando sua equipe aos caminhos que levam ao
respeito, ética e cuidado ao próximo com amor e dignidade (RIOS, 2009).
Muitas vezes o profissional de enfermagem não esta habilitado para oferecer
um atendimento satisfatório e de qualidade, porém, mesmo diante destas
dificuldades, a equipe de enfermagem está sempre ao lado do paciente para ouvi-lo
e atendê-lo (RIOS, 2009).
A enfermagem deve ter conhecimento da importância da humanização
inserida no momento da assistência prestada ao cliente portador de transtornos
mentais, tendo uma visão mais ampla de suas necessidades a fim de promover uma
assistência integral e que promova a sua reabilitação à vida social (RIOS, 2009).
Para Rocha e Carvalho (2007), os profissionais de enfermagem devem estar
em processo contínuo de educação, por ser uma profissão que está constantemente
ligada na promoção, proteção e recuperação do individuo enquanto doente.
É importante que o enfermeiro possa ter a consciência de uma nova história
em que o paciente psiquiátrico não é mais visto com preconceitos ou estigmas,
contribuindo para que o paciente possa continuar lutando por uma vida mais digna,
promovendo a cidadania e a inserção social (CANABRAVA et al., 2011).
Até a década de 60, o processo de trabalho da enfermagem na saúde mental
visava à contenção do comportamento dos pacientes psiquiátricos. Sua assistência
esteve marcada pelo modelo controlador e repressor, oferecendo um atendimento
sem qualidade focado na doença e não no doente (OLIVEIRA e ALESSI, 2003).

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A psiquiatria hoje vive um novo momento, com a incorporação de novos
princípios e um novo modelo de atendimento clinico assistencial e interdisciplinar,
superando as perspectivas disciplinares de suas ações, direcionando a assistência
de enfermagem para novas práticas do cuidar (OLIVEIRA e ALESSI, 2003).
Muitas vezes os profissionais de saúde prestam um atendimento frio e sem
empatia, favorecendo assim o distanciamento do paciente ao tratamento oferecido,
esquecendo-se de que a enfermagem tem papel fundamental na reabilitação
psicossocial destes indivíduos, assim como proporcionar sua reinserção a
sociedade. (REIS; MARAZINA; GALLO, 2004).
Com a reforma psiquiátrica, o atendimento de enfermagem modificou a forma
de atender os pacientes, atuando com atitudes de respeito e dignidade, conhecendo
o sujeito e sua singularidade. Assim a enfermagem encontrou um novo caminho de
expressar o seu real objetivo, transformando o modelo assistencial já existente em
um modelo que reabilita e prepara o ser humano para uma nova vida.
A enfermagem contribui para que as pessoas busquem um caminho que lhes
dêem sentido do cuidado de si mesmas, resgatando a essência do cuidado com o
ser humano, contribuído para que a ciência e arte de enfermagem imperem através
da compreensão de que a vida é repleta de sentidos, e que a partir dessa
compreensão possam transcender dentro de si a sua importância no meio em que
vivem (SILVA et al.,2005).
Segundo Boff (1999), “O Cuidado somente surge quando a existência de
alguém tem importância para mim. Desta forma passo meus dias a dedicar-me a ele;
disponho-me a participar de seu destino, suas buscas, seus sofrimentos, seus
sucessos, enfim de sua vida”. A compaixão pelo próximo nos garante a humanidade
ao ser humano tornando a existência do outro muito mais importante para nos como
pessoas e profissionais.
Ao analisar a reflexão de Foucault, (2004), pude entender que só a
curiosidade nos permite novos conhecimentos, nos permite olhar a vida com um
olhar diferente do que somos acostumados a enxergar, suas palavras nos faz
refletirmos sobre a forma de pensarmos nos fazendo donos das nossas ações.
O exercício do pensamento nos leva a caminhos desconhecidos, jamais
vivenciados, nos permitindo escolher qual a melhor forma de conduzirmos a vida.
Assim a reflexão se faz presente em nosso meio profissional, se estamos

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preparados para o desconhecido se nossas praticas assistenciais tem sido efetivas,
se devemos estar mais preparados buscando o conhecimento daquilo que é
diferente aos nossos olhos.

“O motivo que me impulsionou é muito simples. Para alguns, espero que ele
baste por si só. É a curiosidade; o único tipo de curiosidade que, de
qualquer forma, vale a pena ser praticada com um pouco de obstinação:
não aquela que busca se assimilar ao que convém conhecer, mas a que
permite desprender-se de si mesmo. De que valeria a obstinação do saber
se ela apenas garantisse a aquisição de conhecimento, e não, de certa
maneira e tanto quanto possível, o extravio daquele que conhece? Há
momentos na vida em que a questão de saber se é possível pensar de
forma diferente da que se pensa e perceber de forma diferente da que se vê
é indispensável para continuar a ver ou a refletir” (FOUCAULT, 2004a, p.
196-7).

A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NO CUIDADO

A participação da família e fator crucial para o tratamento do paciente com


TM, cada família trás consigo experiências complexas que implicam em mudanças
radicais tanto na vida dos familiares como dos pacientes. A família deve ser incluída
no tratamento a fim de proporcionar ao paciente tranquilidade e fazer com que o
mesmo se sinta acolhido e apoiado pelos familiares, tornando assim o tratamento
mais eficiente (CASANOVA e LOPES, 2009).
Para os autores acima, o enfermeiro deve manter um vinculo com a família
assim como incentiva-los a se integrar com a equipe multidisciplinar para ajuda-los a
discutir novas possibilidades de tratamento. Com o fechamento dos manicômios,
muitas famílias foram obrigadas a acolher seus familiares portadores de transtornos
mentais em casa, sem ao menos receber treinamento adequado para lidar com a
doença e a exigência de seus cuidados.
O tratamento não deve ser focado apenas no paciente, mas também nos seus
familiares, que devem ser acompanhados por uma equipe multidisciplinar, a fim de
orienta-los e prepara-los para conviver com o familiar doente. Muitas vezes as
famílias não estão preparadas para lidar com o portador de TM, e acabam não
ajudando no tratamento dos mesmos, desta forma os pacientes se sentem
abandonados e sem estímulos para dar continuidade ao seu tratamento, devido à
falta de apoio familiar (MIELKE et al., 2009).

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A inclusão da família e sociedade no tratamento dos portadores de
transtornos mentais constitui um novo problema que necessita ser acompanhado
pelos agentes institucionais de saúde, devido à sobrecarga emocional vivenciadas
pelos familiares, que muitas vezes não dispõe de condições para lidar com a
responsabilidade imposta, além da carência de suportes institucionais que não
oferecem amparo para o enfrentamento do problema. (RANDEMARK; JORGE;
QUEIROZ, 2004).
A falta de capacitação dos familiares e profissionais de saúde trouxe
dificuldades no processo de cuidar, sobrecarregando os setores de especialidades
psiquiátricas, que não estavam preparados para a grande demanda gerada com
inicio da reforma psiquiátrica (CARRARA, et al; 2015).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Portanto se faz necessário a reflexão sobre o tema abordado já que a


humanização se torna fator crucial para a assistência, sendo discutida em muitos
aspectos principalmente na área da saúde, se tornando parte de um novo modelo
assistencial que compreende o ser humano em sua totalidade.
Mesmo com a reforma psiquiátrica muitas famílias ainda não estão
preparadas para lidar com a dimensão da doença. A falta de investimento e
interesse por parte do governo corroboram com a piora dos casos que não são
acompanhados devidamente por uma equipe multidisciplinar aumento assim o
numero de atendimentos nos serviços de urgências.
O enfermeiro tem papel fundamental nesse novo modelo de assistência,
sendo responsável pelo treinamento dos profissionais, para assim prepara-los para
prestar uma assistência humanizada, acolhendo o paciente e sua família, a fim de
minimizar o sofrimento que os familiares sofrem em não saber lidar com o individuo
nos momentos de crises psiquiátricas.
Para que os profissionais possam exercer seu trabalho de forma eficiente é
preciso que a humanização também aconteça no seu local de trabalho. O ambiente
de trabalho deve proporcionar ao profissional melhores condições de trabalho e
aumento no quadro de funcionários, tornando o ambiente de trabalho menos
exaustivo oferecendo um atendimento de qualidade.

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