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Jardim

PRÁTICAS PARA A
MEDITAÇÃO LIVRE

1ª edição

Nova Petrópolis - RS
Delci Jardim da Trindade
2013
FICHA CATALOGRÁFICA

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Jardim
Práticas para a meditação livre / Jardim. --
1. ed. -- Nova Petrópolis, RS : Ed. do Autor, 2013.

ISBN 978-85-906590-2-0

1. Controle da mente 2. Filosofia 3. Liberdade


4. Meditação I. Título.

13-13088 CDD-128

Índices para catálogo sistemático:


1. Meditação : Filosofia 128

ISBN 978-85-906590-2-0

DIREITOS RESERVADOS PARA


Delci Jardim da Trindade

delcijardim@bol.com.br

http://meditacaolivre.blogspot.com

REGISTRADO NA BIBLIOTECA NACIONAL

2
AGRADEÇO

Quando deixamos o fluxo da vida nos conduzir, sempre se manifesta


o que é necessário às nossas vidas.
Agradeço a este fluxo por conduzir-me a estas práticas.

Agradeço aos amigos, potente força movente e razão para


seguirmos em frente.

Agradeço à minha esposa, pelo incentivo e carinho de sempre.

Este livro é especialmente dedicado à Lidia Leão, pelo apoio e


impulso para a sua realização.

3
PROGRAMA GERAL DO CURSO

PROGRAMA
PRIMEIRO ENCONTRO - BÁSICO
1- RESPIRAÇÃO
PRIMEIRA
CONSCIÊNCIA 2- ESTADO INTERMEDIÁRIO DE
SEMANA
CONSCIÊNCIA
3- POSTURAS, FORMAS E MÉTODOS
SEGUNDA
VARIAÇÕES 4- MÚSICA COMO ENCONTRO
SEMANA
INTERNO
SEGUNDO ENCONTRO - AVANÇADO
5- ALCANÇAR OBJETIVOS
TERCEIRA 6- SAIR DO PROBLEMA
METAS
SEMANA 7- DESPROGRAMAR
CARACTERÍSTICAS
QUARTA 8- AGUÇAR SENTIDOS
OBSERVAÇÃO
SEMANA 9- OBSERVAÇÃO DO AMBIENTE
TERCEIRO ENCONTRO - AVALIAÇÃO

4
ÍNDICE

PROGRAMA GERAL DO CURSO 4


INTRODUÇÃO 5
PROPÓSITO 7
PARA QUE SERVE 8
DIFERENÇA ENTRE REFLETIR, DIVAGAR E MEDITAR 9
RESULTADOS 12
CONEXÕES ALCANÇADAS 13
CONSIDERAÇÕES INICIAIS 16
POSTURAS INICIAIS 17
PROGRAMA DE PRÁTICAS 21
PRIMEIRA SEMANA 22
PONTOS IMPORTANTES PARA A PRIMEIRA SEMANA 22
1. RESPIRAÇÃO 22
AUMENTAR O RITMO DA RESPIRAÇÃO 23
2. ESTADO INTERMEDIÁRIO 24
PRIMEIRO EXERCÍCIO – EBM 26
SEGUNDO EXERCÍCIO – QUEM SOU EU 28
TERCEIRO EXERCÍCIO – ESCUTAR MÚSICA 30
MÚSICA E RESPIRAÇÃO 30
QUARTO EXERCÍCIO – OUVINDO A MÚSICA UNIVERSAL 32
QUINTO EXERCÍCIO – MEXENDO AS ARTICULAÇÕES 33
SEXTO EXERCÍCIO – PARA SENTIR O CORPO 36
SEGUNDA SEMANA – ADAPTAÇÃO 39
3. POSTURAS, FORMAS E MÉTODOS 39
POSTURAS 39
VARIAÇÕES MAIS COMUNS 40
FORMAS E MÉTODOS 41
ALGUMAS FORMAS DIFERENTES 42
MEDITAÇÃO SEGUNDO OUTROS MÉTODOS 43
VARIAÇÕES INTERESSANTES 45
4. MÚSICA COMO ENCONTRO INTERNO 47
SUGESTÕES PARA AUDIÇÃO 48
PRÁTICAS PARA A SEGUNDA SEMANA 48

5
TERCEIRA SEMANA – METAS 50
5. ALCANÇAR OBJETIVOS 50
COMO FAZER 53
PARA LEMBRAR 53
6. SAIR DO PROBLEMA 53
6.1. ACIMA DAS NUVENS: ENCONTRAR O SOL 55
COMO PROCEDER 56
6.2. LUGAR DE CONFORTO 56
7. DESPROGRAMAR CARACTERÍSTICAS NEGATIVAS 58
7.1. AFASTAMENTO 58
7.2. DISSOLVER 63
7.3. INFERIORIDADE/SUPERIORIDADE E O PODER PESSOAL 64
7.4. REVER AÇÕES DO DIA 65
QUARTA SEMANA – OBSERVAÇÃO 69
8. AGUÇAR SENTIDOS 69
9. OBSERVAÇÃO DO AMBIENTE 70
CAMINHAR COM ATENÇÃO NA RESPIRAÇÃO 70
ÂNGULOS DE VISÃO 71
COMPLEMENTOS 79
O SOM DO SILÊNCIO 79
QUEM PODE MEDITAR 80
ALÉM 81
PONTO FINAL 83
CONTATO COM O AUTOR 84
INFORMAÇÕES SOBRE OUTRAS OBRAS 84

6
INTRODUÇÃO

Por que chamaremos a este curso de práticas para a meditação


livre?
Porque quando uma pessoa diz que vai fazer uma meditação da
Yoga, uma meditação Zen ou uma meditação hindu, ou chinesa ou
tibetana, ou seja o que for, ela não está praticando apenas uma
meditação ou, como veremos, algo que lhe proporcione o estado
meditativo. Ela estará, na realidade, praticando um método próprio
de um grupo para alcançar a iluminação por meio de práticas que
conduzem à meditação. Então, a pessoa que pratica uma destas
coisas, estará sendo induzida a se vincular a determinadas correntes
espirituais sem que seja avisada que isso ocorre.
O que a meditação livre quer proporcionar é uma maneira para que
qualquer ser, qualquer pessoa, possa relaxar, possa voltar-se para
dentro de si mesma e alcançar seu estado original, seu grupo
interno original. Depois disso encontrado, poderá vincular-se
conscientemente a alguma escola para que a conduza ou ela poderá
atingir o centro de si mesma e não precisar de mais nada.

Na meditação, ou para a meditação, existem milhares, infinitas


maneiras que são ensinadas. Mas, como sempre digo ninguém
ensina meditação para ninguém. Podem ensinar maneiras através
da qual uma pessoa possa vir a entrar em meditação. Pode-se
ensinar uma técnica que, se bem utilizada, pode ser a técnica por
meio da qual seja possível entrar em meditação.

PROPÓSITO
O que este breve curso se propõe é disponibilizar ferramentas que
estejam livres de qualquer vínculo, até mesmo do MOINTIAN, do
qual sou o Codificador. Assim, livre de qualquer vínculo, será
possível encontrar mais rapidamente a força interna e sentir, por
sua própria experiência, que qualquer um pode conhecer um

7
mundo totalmente diferente, com cores e vida que está muito além
do mundo sensorial que a maioria das pessoas percebe. O
praticante poderá encontrar o mundo interno.

Aqui não falaremos de energias, de dimensões, de seres ou de


iniciações. Falaremos de algo que está guardado no íntimo de cada
um e que pode ser todas essas coisas ou apenas a compreensão de
uma melhor maneira de viver a vida.

Não é intenção deste curso saber o que cada um vai descobrir ou


com o que vai se coligar, mas proporcionar as ferramentas para que
cada um descubra a si mesmo.
Para aqueles que quiserem um aprofundamento, as técnicas e níveis
do MOINTIAN proporcionarão efeitos muito mais abrangentes.
Acredito, ainda assim, que para muitos dos alunos do MOINTIAN as
ideias simples deste breve curso auxiliarão para que os resultados se
tornem mais significativos. Alguns alunos não tiveram um
treinamento básico ou não conseguem resultados mais conscientes.
Para esses, o presente curso auxiliará muito.

PARA QUE SERVE A MEDITAÇÃO?


O que é; como fazer; quando fazer; como aprender; como saber se
houve meditação?

A meditação serve para saber quem eu sou, como reajo ao mundo e


às pessoas. Através do aquietamento da mente, é possível deixar
que as emoções, pensamentos e reações estejam mais de acordo
com o que somos em nosso íntimo.
Pode servir para a reconstrução do caráter atuando como uma
ponte para a análise mental, psicológica e emocional.
Pode ser a alavanca para o crescimento espiritual, pelo
discernimento que nos trás, com as conexões que vamos fazendo
após a “limpeza” da mente de toda sujeira na qual estamos
inseridos pelo nosso meio.

8
A Medicina nos comunica que temos quatro determinantes de
saúde, a saber: meio ambiente; estilo de vida; acesso a serviços
sanitários; aspecto socioeconômico.
Sabe-se que o estilo de vida e o meio ambiente podem facilmente
ser modificados, melhorados, pelo aquietamento da mente, pela
análise de quem verdadeiramente somos e como encaramos o
mundo. Neste sentido, as pessoas que praticam algum tipo de
relaxamento ou meditação estão muito mais abertas para que o
equilíbrio se manifeste em suas vidas. É como estar livre de
determinadas influências nocivas que as próprias situações de vida
nos colocam. A meditação se torna então a primeira ferramenta
concreta para uma análise e posterior retirada de hábitos nocivos.

DIFERENÇA ENTRE REFLETIR E MEDITAR


É essencial saber a diferença entre meditar, refletir e divagar.
Refletir ou rever projetos ou problemas ajuda a mente consciente a
se organizar. Mas isso só ocorre quando conseguimos certo
afastamento do problema sobre o qual estamos tentando encontrar
uma solução.
Meditar é estar fora ou acima de um pensamento logicamente
elaborado. Portanto, sem a influência de pensamentos ou
problemas. É estar um nível acima da própria mente consciente.
Para meditar, pode-se estar andando, comendo, varrendo... Por que
se diz assim? O que há de verdade nisto?
Pode-se dizer que seja um pouco verdade, mas não se pode
confundir isto com divagação.
Quando uma pessoa começa a realizar uma tarefa que pode ser um
tanto enfadonha, que não esteja interessada ou mesmo que esteja
com pressa para realizá-la, e quer partir logo para outra, a mente
começa a divagar, procurando saltar de tal tarefa e ir para a
seguinte, mesmo que o corpo físico esteja preso naquela tarefa
ainda inacabada. Isso não a leva a lugar algum. Não se resolve o
problema, nem a tarefa, e a concentração fica prejudicada. Se, por

9
exemplo, algum objeto for guardado numa situação como esta,
seguramente estará perdido. E a pessoa vai correr atrás dele depois.
A mente não estava com a pessoa no momento que o ato de
guardar o objeto foi efetuado. Isto nos leva a um ponto interessante
que certamente será estimulado com este tipo de prática, que é a
análise, da melhor maneira possível, das informações que nos
chegam do meio. Principalmente por darmos tempo para
processarmos de maneira mais consciente as informações que nos
chegam das mais variadas maneiras a todo instante.

Há, portanto, a prática de exercícios para relaxamento e a


meditação propriamente. O relaxamento pode proporcionar este
equilíbrio da personalidade, da mesma maneira que as práticas mais
antigas que ainda são confundidas com meditação. Deve-se levar
em conta que, diante do que temos falado em outras circunstâncias,
como nos discursos dos cursos e charlas sobre MOINTIAN, as
práticas meditativas sempre foram desenvolvidas com o único
propósito de facilitar a iluminação, ascensão ou a elevação da
consciência. Este é nosso objetivo com este breve curso.

Se em lugar de realizarmos uma tarefa achando-a enfadonha, a


concentração no trabalho ou tarefa for tamanha que, de maneira
agradável e tranquila ele comece a ser realizado, o bem-estar
proporcionado pela situação libera determinadas substâncias no
cérebro e isto vai produzindo um afrouxamento da mente. Isto sob
o aspecto fisiológico da questão. Logo, existe nisto uma ponte entre
as ideias mentais objetivamente criadas e aquelas ideias mais
profundas que não são acessíveis quando a mente consciente e
pensante esteja ativada. Esta conexão vai, gradativamente,
induzindo ou conduzindo a uma relação ainda mais sutil que, se
mantida, vai introduzir aquele que a realiza em um nível que
podemos chamar “nível intermediário de consciência”. Este, a meu
ver, é o ponto principal, o limite entre a mente e a alma, por assim
dizer. Falaremos dele com mais detalhes posteriormente. Quando o

10
acesso a este nível ocorre, há realmente um breve desligamento da
mente lógica como a conhecemos e, um breve instante neste nível,
pode assemelhar-se a minutos, a horas ou até mesmo a dias. É
neste nível que chegamos ao que de fato seja uma meditação. Por
haver acessado uma dimensão, por assim dizer, mais elevada que
aquela na qual estávamos encerrados com o nosso “problema”,
vemos, como se tivéssemos uma visão desde acima, um conjunto de
ideias e fatores que não podíamos analisar centrados no problema.
Isto torna a mente como que expandida. Sem termos consciência
disto, ao voltarmos para a nossa realidade, na maioria das vezes,
voltamos com uma súbita renovação de energias ou mesmo a
solução para muitos problemas, até mesmo daqueles que não
estavam nos incomodando no momento, mas que, por termos tido
uma visão diferente, tornamo-nos aptos a resolvê-los.
Por isto se fala que, para reconhecermos se uma meditação
aconteceu, o primeiro fator a observar é se voltamos diferentes. Se
ocorrer esta revitalização ou se nossa mente ficou clara para que
pudéssemos perceber de uma maneira diferente até o som do
passarinho que cantava ao longe, então tivemos, de fato, uma
meditação.

Nesse processo ocorre, não como meta primeira, senão como um


efeito natural, que vamos acessando um mundo todo particular, um
mundo nosso e conectado com vibrações, dimensões, energias,
muito acima das que conseguimos quando estamos presos na
dimensão do mundo normal, como vemos e sentimos usualmente.
Neste mundo ou zona, que muitos chamam zona de conforto ou
lugar de conforto, criamos um encontro com todos os mais belos e
nobres sentimentos que temos e que estejam disponíveis para
qualquer um. Aprendemos, acessando a este mundo, a tomar o
controle do nosso ambiente, das nossas emoções, e que somos
parte do mundo porque vivemos nele, mas que não somos do
mundo. Então assumimos as rédeas de nossas vidas.

11
Na página 122 do Manual do MOINTIAN encontramos algo a este
respeito:

Começamos definindo a diferença entre os termos meditação e


reflexão. Refletir é o que a maioria das pessoas faz quando sentam
para praticar uma introspecção. Usam o termo meditar como
significando remoer conceitos ou problemas do cotidiano. Mas não
é meditar.
Meditar é o contato interno com o mais elevado nível possível
para cada pessoa. É a entrega da personalidade para o seu Eu
Superior. Exige uma preparação, que é a limpeza justamente dos
aspectos criados pela mente e pelas emoções durante o dia, o que
muitos chamam esvaziamento de expectativas. Este esvaziamento é
outro ponto que muito confunde. Pensam que esvaziar a mente é
criar lacunas de consciência ou perder-se em devaneios. Outros
pensam que a mente atrapalha na aquisição de níveis elevados.
Criar lacunas de consciência é deixar a mente inferior, cheia de
emoções e sentimentos, dominar a consciência, o que impede o
fluxo superior de chegar. A mente treinada para permanecer
tranquila é fruto da superação da mentalidade inferior. O exercício
da mente, do intelecto, através de leitura voltada para o plano
espiritual, estimula o contato com a sua expressão mais elevada, a
intuição, que é uma expressão da alma. O exercício da atração
mental dos aspectos superiores é o que aproxima e depois ancora
na consciência um padrão mais elevado. Só podemos receber o que
permitimos que nossa personalidade assimile, através da percepção
do que é saudável, belo e profundo. O impulso pelo supérfluo atrai
somente o que depois deve ser limpo, purificado...

RESULTADOS
As informações que por ventura provenham de uma meditação
podem ser muito variadas e originadas a partir de dimensões muito
diferentes. Desta maneira, precisamos estar conscientes que a
linguagem interna, a linguagem com a qual perceberemos esta
comunicação é diferente da linguagem usual. Poderá ser uma
imagem, um som, uma figura, ou mesmo uma conversa. Teremos a

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certeza de que esta informação veio a nós, mas na maioria das vezes
não saberemos explicar ou relatar o que de fato aconteceu ou do
que se tratava. É difícil encontrar uma maneira de expressar uma
linguagem que esteja além de nossa capacidade de entendimento
lógico corrente.
Estar tranquilo e confiante ajuda a absorver os conteúdos que
venham destes níveis, trazendo as informações para a vida
cotidiana.
Na maioria das vezes, entretanto, poderá ocorrer apenas o silêncio.
E isto não será pouco, é algo extremamente importante.

AS CONEXÕES ALCANÇADAS
Quanto às conexões ou possíveis “contatos” com energias ou seres
de outros níveis ou dimensões, não será a tônica deste curso.
Este curso nada tem a ver com projeções, saída do corpo, cordão de
prata, estas coisas.
A postura que seguiremos será a mesma daquelas expostas para as
coisas do MOINTIAN, ainda que sem falar em energias ou iniciações:
sem fantasias e livre de conexões com planos obscuros.
Por isso leva como nome “curso livre”: livre de práticas, métodos e
dos efeitos que os demais cursos que se propõem estimular a
meditação poderiam proporcionar.
Estamos buscando o encontro interno. As possíveis reações ou
efeitos que a prática da meditação livre e correta ocasione são
muito variados, de acordo com as características de cada um. Alguns
poderão apenas se livrar de determinadas características negativas
ou alcançar metas positivas, outros poderão ter vivências internas
que proporcionem a descoberta de quem são e outros poderão
encontrar, em dimensões paralelas, aquilo que reflita o que de fato
são. Nesses efeitos não vamos nos concentrar. A ênfase é
disponibilizar um método seguro, claro e eficiente para que
quaisquer destas coisas possam ocorrer.

13
Vejamos outra citação do Manual do MOINTIAN, páginas 115 e 116,
que fala a respeito dos possíveis resultados das práticas de
meditação:

RESULTADO DAS MEDITAÇÕES


A meditação é a maneira correta de organizar os pensamentos e
as informações que recebemos. Todas as informações que
recebemos e as reações que temos estão orientadas pelo nosso
estado mental. O emocional é fruto das informações provenientes
do mental. Precisamos saber quem realmente somos, como
pensamos e como reagimos em todas as situações de nossa vida.
Organizando os pensamentos, podemos direcionar melhor nossa
vida e nossa busca espiritual. Precisamos estar conscientes de todas
as coisas que nos chegam através do meio externo, dos sentidos,
das outras pessoas, sabendo como reagimos a elas. Muitas
informações externas nos afetam tanto que não sabemos por que
manifestamos determinado comportamento. Muitas pessoas vivem
num estado de dormência tão profundo que nem mesmo disto se
dão conta. Avaliando corretamente as informações que nos
chegam, vemos que grande parte dos problemas emocionais e de
outros níveis da personalidade são criados pela errônea
massificação de conceitos e de uma crescente programação
estimulada pelos meios de comunicação. A verdadeira reforma
destas coisas não virá através de leis que regulamentem o que estes
meios veiculem, mas através da transformação individual, interior.
Preocupar-se com o emocional ou com o físico, determinado pelos
padrões de uma sociedade confusa, cria mais frustração e
estagnação.
Existem momentos em nossa vida nos quais as Hierarquias nos
enviam mensagens sutis para que procedamos a períodos de
recolhimento e meditação. Em geral não escutamos estes avisos ou
mensagens. Estes períodos poderiam ser as chaves para nosso
despertar. Em muitos casos, somente em períodos de doença é que
refazemos nosso modo de vida e de pensamento. Por que deixar a
doença ser o prenúncio de um novo ciclo? Por que não fazê-lo
enquanto estamos saudáveis e pudermos adquirir maiores
benefícios com os mesmos? Escuta a voz do coração. Quando um

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tipo de sonolência forte e sem motivo surge, este é o sutil aviso
para darmos uma pausa e meditarmos. Este é o momento de
aplicarmos alguma das técnicas que conhecemos para entrar em
estado de harmonia e meditação. Quando a sonolência nos atinge,
devemos utilizar as aplicações ou alguma das técnicas apresentados
e deixar nosso ser interno se manifestar. Informações importantes
ou um esclarecimento sobre algo perturbador pode imediatamente
tomar conta de nossa consciência.
Quanto às informações recebidas, é bom prestar atenção à fonte
delas. Muitas pessoas estão atualmente se perdendo, pensando que
recebem informações importantes, de seres de luz ou do profundo
dos registros de Akasha, quando na verdade estão colhendo da
esfera psíquica planetária.
É bom iniciarmos sempre pelas nossas próprias informações
internas, descobrindo quem somos, qual nossa real meta e a que
nos destinamos como seres cósmicos. Depois partimos para a
interação com planos ou dimensões superiores, com uma
consciência plena sobre as diferenças entre planos e dimensões,
sabendo onde estão as energias e informações novas e atuais.
Muitos dos ditos canalizadores profissionais, estão apenas entrando
na frequência da esfera coletiva, pegando registros do passado da
humanidade, uma humanidade que tinha códigos e estrutura
energética muito diversa da que atualmente temos e colocando
estas informações para pessoas curiosas ou sedentas de
informação. Isso causa grande dispersão de energia, fuga da
realidade interna e não ajuda no verdadeiro crescimento. A
interação e harmonização com esferas superiores deve ser aquela
que traz informações novas. As informações sobre o passado
servem como referência para este trabalho novo e para reforçar o
conhecimento adquirido ao longo das encarnações. Os registros
estão todos disponíveis, mas devemos saber o quê colher e,
principalmente, para que colhê-los.

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O primeiro exercício que será apresentado, Exercício Básico para
Meditação (EBM), deverá ser realizado sempre individualmente.
No caso de um casal, cada um deverá realizar as suas práticas
individualmente, em horários ou em ambientes distintos. Uma vez
por dia o casal pode realizar alguma prática em conjunto, para que
permaneçam harmonizados. A prática do Exercício Básico para
Meditação (EBM), conforme exposta adiante, e pelo menos uma
audição de música, quando indicado, deve ser individual.
Posteriormente podem realizar em conjunto uma segunda audição.

As informações complementares deverão ser anotadas pelo próprio


aluno como forma dele mesmo entender o curso e poder lembrar-
se dos passos a serem seguidos durante a semana seguinte.
Será importante que o aluno mantenha um diário para anotar os
períodos de concentração, colocando o horário de início e de
término, com as possíveis sensações e impressões que tenha obtido.
O registro das experiências será muito útil no futuro, estabelecendo
diferenças de conceitos, padrões de conduta e mesmo resultados
diversos. O aluno, se assim o desejar, poderá comunicar de suas
experiências por e-mail para o instrutor do curso. Será uma forma
de avaliar e auxiliar o aluno sobre o andamento do curso.

Se, durante uma prática alguma coisa ou alguém tentar interferir, o


mais indicado é que pause o exercício, saia, veja e viva o que causou
interferência ou distração. Evita problemas ou conflitos e recomeça
em outro momento, preparando melhor o ambiente. É importante
criar harmonia, mas não tornar este momento falsamente sagrado,
impedindo que a vida em volta possa fazer parte da mudança de
hábitos. Apenas persevere com naturalidade.

Mais importante que tudo é jamais gravar os exercícios. Eles


precisam ser aprendidos, integrados. Eles precisam ser espontâneos

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e livres. A gravação retiraria todo um aprendizado, todo um
mecanismo de ritmo próprio e tornaria qualquer exercício sem vida
e sem naturalidade.
Não devemos programar nada mais na nossa mente. Porque depois,
no processo de evolução propriamente dito, deveremos
desprogramar o que estiver lá pra podermos ser livres.

POSTURAS INICIAIS
Qual método seguir? Qual metodologia? Qual escola? Qual sistema?
Seguiremos um método livre, atual, sem origem, mas baseado no
potencial humano geral. Livre e solto. Com isso, podemos perceber
e definir o que somos como seres humanos e o que temos como
potencial, sem necessidade de vínculos a escolas, organizações
religiosas, fórmulas miraculosas. Mais importante que impulsos
externos, fórmulas ou energias, está o aprendizado interno, que é
verdadeiro e vem de nós mesmos. A verdadeira meditação pode nos
trazer o conhecimento sobre quem somos e as energias que de fato
precisemos.

Veremos variações de posturas ou possibilidades na segunda


semana.
Para a primeira semana, vamos considerar da seguinte maneira a
questão das posturas:

1. em pé para as práticas de exercícios de articulações;


2. sentado para as práticas de aumentar a capacidade
pulmonar;
3. deitado para ouvir a música e realizar o EBM.

Em qualquer uma destas posturas, é importantíssimo tentar


eliminar as marcas de expressão. Meditar sisudo ou com expressão
de desgosto vai apenas atrapalhar. O processo precisa ser alegre.
Portanto, serenidade, com alegria, é essencial para que sejam
obtidos melhores resultados.

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Outro ponto essencial para a primeira semana é a percepção do
corpo.
Realizar os exercícios para as articulações, conforme apresentados
mais adiante, ajuda muito ao aluno que seja iniciante no processo
de relaxamento para meditação, a eliminar desconfortos. É muito
comum que iniciantes e até mesmo intermediários ou pessoas que
praticam algum tipo de concentração, relaxamento ou meditação
sintam muito desconforto, dores ou agitação na hora de iniciar seu
processo. Os pontos mais comuns são onde as tensões se
concentram ou onde já exista algum problema de ordem mais física,
como os ombros, os quadris, a região lombar e as articulações de
uma maneira geral. Por isto aqueles exercícios são chaves
importantes para que se possa encontrar um equilíbrio e que o
aluno não deixe de realizar os exercícios com persistência. Com o
tempo e o conhecimento do corpo sendo aprofundado, é possível
controlar ou eliminar totalmente estes desconfortos, especialmente
se eles forem causados por uma má postura.

É preciso adquirir “consciência corporal”. Para isso ajudarão os


exercícios da primeira e da segunda semana. Apesar de que estes
exercícios estejam expostos na primeira semana, será um trabalho a
ser levado para a vida inteira.
Será preciso testar e iniciar a definir, durante os primeiros dias,
sobre a melhor postura para as práticas. Além disso, é muito
importante aprender a conhecer o corpo, sentir onde estão as
mãos, os dedos, os pés, observar a maneira como sentamos, como
andamos, etc. É preciso sentir o corpo e onde cada parte do corpo
está. São detalhes que fazem parte do autoconhecimento.

EM PÉ
Quando em pé, para as práticas de exercícios, procura destravar os
joelhos, quer dizer, não deixá-los estendidos demais nem
flexionados demais.
As pontas dos pés ficam para frente, levemente abertos;

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Ombros relaxados: ergue e abaixa os ombros algumas vezes,
deixando os braços bem soltos que a posição correta será
estabelecida naturalmente.

SENTADO
Usa uma cadeira simples, com espaldar reto, confortável a ponto de
não trazer qualquer incômodo físico e que esteja em condições
perfeitas, sem fazer ruídos ou rangidos.
As solas dos pés bem devem estar apoiadas no chão, com as pontas
um pouco para fora, de maneira natural e relaxada.
As costas ficam bem encostadas no espaldar, mantendo a coluna
ereta.
Procura sentar sobre os glúteos, mantendo-os bem apoiados sobre
o assento, e não o cóccix.
As mãos descansam sobre as coxas com as pontas dos dedos
voltadas para os joelhos e as palmas para baixo.

DEITADO
Na posição de decúbito dorsal em uma cama que permita
permanecer com o corpo perfeitamente relaxado.
Este “relaxado” precisa estar diferenciado do relaxado para ir
dormir. É preciso estabelecer certa ordem ao pensamento e
desprogramar o fato de deitar para dormir. Para as práticas
realizadas deitado, é preciso programar a mente, dizendo para si
mesmo que este período será de prática de exercícios conscientes.
Deve-se fazer isto porque temos programado em nossas mentes
que deitamos em uma cama para dormir.
Não haverá problema algum se dormires enquanto praticas o EBM
ou ouves uma música, mas é bom saber que este sono será
diferente do sono da noite e que o objetivo são as possíveis
modificações de hábitos e modos de vida e que possa haver algum
tipo de informação interna sendo conscientizada. Enfim, é um
momento diferente de deitar para dormir.

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Sentar confortável demais também não ajuda muito. É preciso
sentir o corpo, de maneira confortável, mas querendo estar
desperto, acordado, consciente para realizar as práticas. Por isso
elas não podem ser gravadas em um aparelho e reproduzidas sem
consciência.

ALMOFADAS
Quando se quer um relaxamento completo, podem ser utilizadas
almofadas sob a nuca, cotovelos, mãos e joelhos, dando a sensação
de flutuação. Aumenta o relaxamento. Alguns, ao contrário, quando
estão assim posicionados, gostam de pensar que estão afundando e
não flutuando. O resultado é o mesmo, mas depende da segurança
que se obtém com um ou outro método.

Com o tempo e a prática, mesmo que não tenhas as almofadas para


a posição que seria a mais confortável para relaxar, mas tendo
consciência mais plena do corpo, será possível encontrar pequenos
ajustes na postura que facilitam o relaxamento.

Para sentar no chão sobre almofadas, convém observar o tamanho


ideal delas. Para sentar corretamente é importante que o tamanho
da almofada seja tal que permita que as nádegas e as pernas,
quando cruzadas, estejam sobre ela.

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PROGRAMA DE PRÁTICAS

EXERCÍCIO COMO PRATICAR

1- EBM DIARIAMENTE
PRIMEIRA
DUAS VEZES NA 1ª
SEMANA 2- QUEM SOU EU
SEMANA
CONSCIÊNCIA
3- RESPIRAÇÕES SEMPRE QUE LEMBRAR
4- MÚSICA E RELAXAMENTO A CRITÉRIO DO ALUNO
5- ARTICULAÇÕES ANTES DO EBM
1- ARTICULAÇÕES ANTES DO EBM
2- EBM DIARIAMENTE
SEGUNDA
3- RESPIRAÇÕES SEMPRE QUE LEMBRAR
SEMANA
4- VARIAÇÕES DE POSTURA A CRITÉRIO DO ALUNO
VARIAÇÕES
5- MÚSICA COMO ENCONTRO
A CRITÉRIO DO ALUNO
INTERNO
1- ALCANÇAR OBJETIVOS
2- SAIR DO PROBLEMA
A- ACIMA DAS NUVENS
B- LUGAR DE CONFORTO
TERCEIRA 3- DESPROGRAMAR
SEMANA CARACTERÍSTICAS NEGATIVAS
METAS A- AFASTAMENTO
B- DISSOLVER
C- INFERIORIDADE E
SUPERIORIDADE
5- REVER AÇÕES DO DIA
1- AGUÇAR SENTIDOS
QUARTA
2- OBSERVAÇAO DO AMBIENTE
SEMANA
A- CAMINHAR COM ATENÇÃO
OBSERVAÇÃO
B- ÂNGULOS DE VISÃO

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PRIMEIRA SEMANA - CONSCIÊNCIA CORPORAL

Este curso poderia ser muito rápido, pois a prática para a meditação
é extremamente simples: basta respirar e ficar relaxado que ela
ocorre.
Mas sabemos que o problema reside justamente em como fazer
isso.

Dois pontos são os fundamentais na primeira semana:


1. desenvolvimento ou o reconhecimento do fluxo respiratório;
2. encontrar o Estado Intermediário de Consciência.

A meditação resume-se, portanto, nestes princípios:

RESPIRAR - CONCENTRAR - ESTADO INTERMEDIÁRIO – PERDER-SE

PONTOS IMPORTANTES PARA A PRIMEIRA SEMANA

1. RESPIRAÇÃO

Respirar para o processo meditativo é tão importante que eu


poderia dizer que este curso não passa de ensinar a respirar.
Meditar é respirar. O problema reside em como fazer para respirar
ou de que maneira eu posso respirar.
Até mesmo se temos alguma compulsão, obviamente em estado
controlável ou consciente, pode-se tomar uma respiração mais
profunda, inspirar mais profundamente e pensar a respeito do ato
que estaria sendo cometido. Sentar e tomar uma inspiração mais
forte, muda o foco ou pelo menos deixa mais consciente a pessoa
que assim procede, e o direcionamento pode mudar. Pode até
desaparecer a vontade de fazer algo que poderia ser prejudicial a si
mesmo ou a outros.

22
Como preparação para o EBM, várias vezes ao dia, sem precisar de
muita concentração, volta tua atenção para o teu ritmo respiratório.
Sente o ar entrar e sair e verifica como estás respirando: ofegante,
rapidamente, profundamente, enfim, tenta definir como respiras e
tenta aumentar a entrada de ar.
Analisa se as vias aéreas ficam obstruídas boa parte do tempo, se
tens dificuldade com a capacidade pulmonar, se tens tosse quando
te concentras, se respiras pelo nariz ou pela boca.
Esse será o exercício mais importante, de descoberta, controle e
aumento do ritmo da respiração.

AUMENTAR O RITMO DA RESPIRAÇÃO


Em alguns períodos do dia, além da simples tomada de consciência
do teu ritmo respiratório, procede da seguinte maneira:

- senta confortavelmente e concentra tua atenção na


respiração por alguns minutos;
- mantém a entrada e saída de ar apenas pelo nariz, tranquila,
serenamente e sem emitir qualquer som, em total silêncio;
- sente o ar entrar e verifica tua capacidade pulmonar. Para
isto, naturalmente faz uma contagem enquanto inspiras. Sem
forçar. No ritmo natural;
- verifica a saída do ar. Faz a mesma contagem;
- agora compara se a contagem é igual;
- a seguir, concentrando tua atenção no ritmo próprio, bem
lentamente inspira e conta dois números a mais que no ritmo
natural. Faz o mesmo com a expiração. Assim, vais estabelecer
um ritmo de respiração mais profundo, rítmico e
harmonizado, aumentando tua capacidade pulmonar.

O limite para tua contagem de entrada e saída de ar serão as


sensações que tiveres. Quando surgir um desconforto é sinal que
deves parar de aumentar a contagem. Jamais faça inspirações
exageradas ou rápidas para este processo de aumento da

23
capacidade pulmonar. É preciso sentir-se agradavelmente
harmonizado com o fluxo do ar, sem fazer qualquer ruído com a
respiração. Anota as sensações e o aumento da contagem.
Entenda que esse exercício proporciona identificar limites
respiratórios, aumentando-o gradualmente e proporcionando ritmo,
tranquilidade e uma vibração harmoniosa para todo o teu ser. Com
isto, certamente já vais conseguir ter menos ansiedade.
Esse exercício de respiração pode ser realizado em qualquer lugar,
sempre. Até mesmo antes de uma reunião ou de uma prova. É um
hábito saudável que tranquiliza e pode trazer importantes
informações, sintonizando com o que for melhor para cada um.

Alguns exercícios físicos de erguer os braços até acima da cabeça


proporcionam melhor qualidade de respiração, permitindo que os
lobos pulmonares inferiores possam ser preenchidos de ar. É
aconselhável fazer algumas flexões leves antes das práticas para
fazer o sangue circular melhor. Veremos alguns exemplos de
exercícios físicos logo adiante.
Existe um princípio que diz que não se pode relaxar o que já esteja
relaxado. Se alguém tentar praticar um exercício de relaxamento já
cansado de estar sentado, por exemplo, não vai conseguir obter um
bom resultado.

2. ESTADO INTERMEDIÁRIO

A respiração é o fundamental para que se obtenha sucesso no


processo de entrar em meditação. Duas respirações, três ou quatro,
depende de cada um, em cada parte do corpo é o suficiente para
que vá se produzindo o relaxamento desejado.

Quando o EBM é concluído, mesmo que no início ele seja


demorado, porque é preciso entendê-lo, e que por algumas vezes
nos desliguemos enquanto o realizamos, o corpo inteiro vai emanar

24
uma vibração ou energia diferente. Será possível sentir o corpo
inteiro mais integrado, vamos poder sentir e identificar de maneira
mais completa a todo o corpo.
Quando conseguimos sentir uma mudança sutil que seja no corpo,
como um relaxamento maior ou um calor mais intenso, bem
espalhado, bem difundido pelo corpo, certamente estaremos em
um estado de consciência que não é o usual. Não será o estado de
vigília normal. Será aquele limite, entre estar acordado e dormindo,
que nos preenche de serenidade.
É preciso prestar atenção a pequenos detalhes. Ficamos acordados,
talvez mais acordados que antes, mas sem querer sair de onde
estamos. Os batimentos cardíacos diminuem, a ansiedade diminui,
se havia algo que nos incomodava, nem lembramos. Podemos ouvir
mais, mais detalhes, mais sons. Mas não estamos de fato no estado
de vigília usual. Este é o Estado Intermediário de Consciência - EI.
O Estado Intermediário está entre sono e vigília. Ele vai propiciar o
contato interno e a conexão entre a mente racional e a abstrata,
fundamental para o processo do afrouxamento da mente.
Saber reconhecer o estado intermediário facilita qualquer processo
meditativo, estimula o encontro interno, acelera as possibilidades
de que ocorra a meditação.

O reconhecimento do estado intermediário de consciência é a chave


para estar sempre conectado com o centro de si mesmo e com a
possibilidade de entrar na dimensão necessária para a meditação.
É possível encontrar o EI antes de terminar o procedimento de
concentração nas partes do corpo ou pelo simples ato de
concentração no fluxo respiratório.

25
PRIMEIRO EXERCÍCIO - EXERCÍCIO BÁSICO PARA MEDITAÇÃO

Este exercício é baseado no Exercício Básico para Meditação (EBM)


do Manual Completo do MOINTIAN, Capítulo 36, página 200.

Este é o exercício mais importante que será apresentado. Nele está


a fórmula para o relaxamento, aquietamento da mente e a
introdução ao Estado Intermediário de consciência. Sua prática
diária é necessária para que se possa conseguir atingir os resultados
deste curso e poder discernir entre a consciência normal ou estado
de consciência em vigília, o sono e o Estado Intermediário.
Como nota inicial, é importante entender que será feita uma
concentração, por meio da respiração dirigida, para cada parte do
corpo. Para que o estímulo correto e tranquilização ou relaxamento
de cada parte tenha efeito, é preciso que esta concentração seja
aliada ao fluxo da respiração, como falado anteriormente. Dessa
maneira, se a parte estimulada for os pés, procederemos da
seguinte maneira:
- inspira profundamente, seguindo teu ritmo normal e dirige a
atenção para os dois pés ao mesmo tempo;
- vai contando lentamente do número um até o limite
confortável para tua capacidade pulmonar, seja este o número
quatro, cinco ou seis;
- sempre com a atenção nos pés, expira contando até o
número que chegaste na inspiração;
- se inspiraste contando 1... 2... 3... 4... 5..., expira contando
1... 2... 3... 4... 5.
- logo após a concentração nos pés, vais fazer a concentração,
dessa mesma maneira, nas outras partes do corpo, como
tornozelos, canelas, joelhos, conforme será definido no
exercício que segue.

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Exercício EBM:
1. senta ou deita confortavelmente;
2. se estiveres sentado, coloca as mãos sobre as pernas, com
as palmas voltadas para o corpo; se estiveres deitado, as mãos
devem repousar o mais suavemente possível ao lado do
corpo;
3. por cinco minutos, permanece concentrado apenas na
respiração. Ela deverá ser profunda e tranquila. Isto
ocasionará a liberação de emoções e pensamentos
desarmônicos acumulados;
4. por mais cinco minutos, permanece em quietude, deixando
vir à consciência todos os pensamentos, as imagens e
impressões acumuladas. Deixa que passem, como nuvens em
dia de tempestade, como um forte vento que passa, mas sem
deixar marcas. Apenas passam. Deixa que venham as imagens.
Deixa que façam parte do passado. As preocupações e
aspirações também passam;
5. realiza o procedimento de concentração e estimulação das
partes do corpo, desde os pés até o abdome, respirando
profundamente, fazendo até quatro ciclos de respiração em
cada ponto. Concentra tua atenção totalmente no ponto que
está sendo estimulado. Procede desta maneira para: pés,
tornozelos, canelas, joelhos, pernas, abdome (órgãos
internos);
6. fica concentrado na sensação de relaxamento que o fluxo
da respiração profunda produz;
7. continua a concentração para as outras partes do corpo:
mãos, braços, tórax, ombros, costas (da base da coluna até a
região das escápulas), pescoço, boca, língua (que deve ficar
solta), nariz, pálpebras, testa, alto da cabeça;
8. permanece em quietude, sempre mantendo o fluxo da
respiração, sentindo a tranquilidade do momento pelo tempo
que achares conveniente, até que encontres o EI.

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SEGUNDO EXERCÍCIO – QUEM SOU EU?
Exercício adaptado da técnica Desenvolvimento da Conexão
Interna, do Manual do MOINTIAN, Capítulo 67, página 355.

Exercício de Dissociação da Imagem Pessoal – Quem Sou Eu?


Exercício para ser realizado no máximo duas vezes na primeira
semana, em horário diferente do EBM.
Tem por objetivo retirar a importância pessoal ou afrouxar as
amarras que nos prendem ao conceito de personalidade. Facilita a
retirada da mente do foco dos problemas, do “ego”, e da
importância que damos a imagem pessoal, como uma máscara que
esconde quem de fato somos.
Recomendo que seja realizada acompanhada da música “Quem
Sou”, de minha autoria, ou em silêncio.

Primeira Parte:
• fecha os olhos;
• visualiza-te em um ambiente sereno, harmonioso;
• na tua frente, há um espelho;
• uma pessoa aparece na tua frente, refletida no espelho;
• tu és a pessoa refletida espelho;
• diz mentalmente:
- Sou eu que vejo no espelho, ao outro, do outro lado?
- Quem sou eu agora?
- O da frente? O que chegou agora? O que já estava lá?
• troca de posição com a imagem;
• um dos dois levanta a mão;
• que som ele pode produzir?
• o que é este gesto?
• perde tua consciência nesta procura.

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Segunda parte:
• fecha os olhos;
• respira profunda e vigorosamente sete vezes;
• responde internamente, ouvindo mentalmente a voz:
- QUEM SOU EU....?
- QUEM...SOU...EU...?
- QUEM SOU EU...SOU...EU...EU...?
• perde-te novamente nesta procura...
• permanece por alguns minutos e encerra.

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TERCEIRO EXERCÍCIO – ESCUTAR MÚSICA CONCENTRADO NA
RESPIRAÇÃO

Para a correta audição de músicas proposta aqui, deixa tua mente


livre, solta e procura ficar absorto, perdido na música e nas possíveis
cenas que ela traga e no por que de às vezes as notas ficarem mais
fortes, outras vezes mais fracas ou suaves.
Na primeira semana não importa se não vais até o fim da sequência
de músicas ou se dormes logo no início. O importante é estabelecer
o fluxo da respiração e aproveitar o momento de relaxamento.
Na segunda semana este exercício será ampliado.
Por respeito a direitos autorais, recomendo, para a primeira
semana, as seguintes músicas de minha autoria:Universal, Galactica,
Clima e Quem Sou. Elas estão disponíveis para download no site de
armazenamento de arquivos www.4shared.com, bem como
inúmeros outros arquivos do MOINTIAN.
Lembra que, para o EBM, é recomendado que se faça as primeiras
vezes em silêncio, até que haja a devida compreensão do
procedimento.

MÚSICA E RESPIRAÇÃO:
- deita tranquilamente, em decúbito dorsal;
- procura estar o mais relaxado possível;
- atenta para que nenhum ponto do corpo esteja flexionado
ou estendido demais;
- usa algumas almofadas para encontrar um ponto de
relaxamento ideal, colocando-as especialmente sob: a nuca,
cotovelos, mãos, quadril, joelhos e tornozelos (em todos ou
nos que sejam mais importantes);
- prefira o som ambiente a fones de ouvido – deixa que a
música chegue a ti, sem ficar alheio ao ambiente e ao mundo;

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- o ideal é que estejas no mundo, mas não faças parte dele –
se o procedimento for satisfatório, haverá desligamento
parcial ou completo das preocupações e do ambiente;
- fica absorto na música, procurando sentir o pulsar, a
atmosfera que ela tenta induzir, sempre concentrado no ritmo
da respiração;
- permanece pelo tempo que achares conveniente.

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QUARTO EXERCÍCIO – OUVINDO A MÚSICA UNIVERSAL
Este é um exercício simples, para acompanhar o ritmo da música
com a respiração. Para cada tom mais grave, vá alternando entre
inspiração e expiração, mesmo que não seja o teu próprio ritmo.
Isso vai ajudar na concentração. Vai fazendo isto do início da música
até os dois minutos e vinte segundos, conforme indicado a seguir.
Podes continuar com a concentração ritmada ou encontrar teu
próprio ritmo até o final da música. Nas primeiras vezes, programa o
aparelho de som para repeti-la até que consigas realizar o exercício
adequadamente.

Inicia realizando o exercício anterior, estando deitado. A seguir


mostro as diferenças que a música apresenta, em minutos e
segundos, juntamente com o que se pode estimular em cada
período. Escuta algumas vezes a música, para perceber as
diferenças da melodia e poder realizar o exercício corretamente.

Concentração para adotar respiração rítmica e profunda, sentindo o


pulsar da música:

TEMPO SENSAÇÃO
00:00 - 01:03 equilibrar sentidos e encontrar ritmo respiratório
pulso e ritmo respiratório; deixar pensamentos e
01:03 - 02:20
emoções fluírem
02:20 - 03:55 sentir o pulsar da música, como ondas pelo corpo
03:55 - 05:55 aquietar a mente, concentrado no ritmo próprio
05:55 - 07:00 quietude

32
QUINTO EXERCÍCIO – MEXENDO AS ARTICULAÇÕES

Como curiosidade, é interessante pensar que aquilo que nos


permite viver também é responsável por consumir nosso corpo: o
oxigênio.

Não irei detalhar estes exercícios físicos aqui. Quero apenas reforçar
a ideia de que é necessário, para um melhor ajuste da postura, que
o corpo tenha um bom tônus muscular. Com isto a coluna fica mais
ereta, o ar penetra com mais intensidade, o tempo para práticas
aumenta, pois diminuem consideravelmente os desconfortos
causados por quem seja sedentário.

É necessário respeitar os limites do corpo. Onde houver dor, reveja


a postura, e continue. Principais pontos a serem exercitados:
articulações em geral, especialmente quadris, tornozelos, joelhos,
punhos, cotovelos, ombros e pescoço.
Movimentos circulares devem ser realizados com cuidado, em
ambas as direções, especialmente nos quadris e pescoço.

Quando em pé, cuida para que as pernas estejam levemente


afastadas, cada pé alinhado aproximadamente com o ombro
correspondente.
Procura manter uma postura na qual os membros, tanto inferiores
com os superiores, não estejam estendidos demais nem flexionados
demais. Chama-se a isto de “joelhos destravados”, eles
permanecem levemente curvados, mas não flexionados.
O mesmo vai valer para os braços, procura não deixá-los em uma
posição rígida, exageradamente estendidos, mas levemente
flexionados. São cuidados básicos para que estes exercícios sejam
relaxantes, não para produzir massa muscular ou fisiculturismo.
Seguem alguns exemplos de exercícios simples, e que quase todo
mundo pode fazer sem desconforto. Vale o bom-senso para saber o

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que se pode ou não realizar quando a condição clínica impeça algum
movimento.

Tornozelos e pernas:
Estando em pé, coloca as mãos na cintura e ergue o corpo, ficando
na ponta dos pés e inspirando. Expira e volta à posição inicial. Não
precisa cansar, bastam cinco ou dez vezes.
Todos os movimentos muito suaves, sempre. Mantenha o cuidado
com a respiração.
Em pé, mãos na cintura, pernas levemente afastadas, pés alinhados
aos ombros, ergue a coxa, confortavelmente, até um ângulo de
aproximadamente 60 graus. Solta levemente até a postura inicial.
Dez vezes e faz o mesmo com a outra perna. Ao erguer inspira, ao
baixar expira.
Sentado, coloca um dos pés sobre a coxa oposta. Segura com a mão
na sola do pé e faz movimentos giratórios, cinco vezes em sentido
horário e depois anti-horário. Sempre o mesmo número de vezes
para cada lado. Inverte a posição dos pés e faz o mesmo exercício.

Punhos, cotovelos e ombros:


A ideia é sempre ir fazendo movimentos giratórios nos dois
sentidos, conforme vimos anteriormente.
Estende os braços para frente, as mãos relaxadas, caídas para baixo.
Gira uma mão em sentido horário e a outra em sentido anti-horário.
Inverte mais cinco ou dez vezes.
Seguindo, faça giros suaves em direções opostas dos punhos e
cotovelos, nos dois sentidos.
O mesmo para os ombros, mas com bastante cuidado e muito
lentamente.
Finalizando, solta bem os ombros, com os braços caídos
longitudinalmente, dos lados do corpo. Ergue os ombros com os
braços bem soltos, por umas cinco vezes.

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Pescoço:
Com as mãos na cintura, abaixa a cabeça, muito lentamente, em
direção ao peito. Logo volta à posição ereta e segue para trás,
tranquilamente, o mais que seja possível, sem desconforto. Uma
série de dez vezes é suficiente. Ao levantar a cabeça inspira, ao
abaixar, expira.
Logo, ainda no pescoço, vira a cabeça para um lado, inspirando,
segue para frente, expirando, e depois para o outro lado inspirando
novamente. Dez vezes, cinco para cada lado.
Para terminar com os exercícios para o pescoço, faça um giro
completo em sentido horário, cinco vezes, e alterne com o giro em
sentido anti-horário, mais cinco vezes. Esta série é muito agradável.
Além de prevenir dores de cabeça, fazendo circular o sangue que
entra para o crânio, trás grande relaxamento.

Quadril
Com as mãos na cintura, pernas ligeiramente afastadas, com os pés
um pouco para fora da linha dos ombros, gira o quadril em sentido
horário e depois anti-horário. Cinco ou dez vezes para cada direção.

Para respiração
Para terminar, um exercício bem completo que auxilia na circulação
do ar e do sangue.
Em pé, braços relaxados, pés alinhados aos ombros, vai inspirando
e, ao mesmo tempo, levantando os braços e os calcanhares,
erguendo o corpo. Levanta os braços enquanto inspira, até o alto da
cabeça, ficando na ponta dos pés. Na expiração, vai abaixando os
braços e os calcanhares. Bem lentamente. Repetir de cinco a dez
vezes.

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SEXTO EXERCÍCIO – PARA SENTIR O CORPO
Este é um exercício para ser realizado em horário diferente do EBM.
Ele auxilia na percepção do corpo. É importante saber como cada
parte do corpo se encontra, no cotidiano. Podemos estimular esta
percepção se damos atenção particular para que isso ocorra. Com o
treinamento, será possível ir percebendo não apenas a parte
externa, mas os órgãos e outros níveis de estruturas que nos
formam.

(...)
Por este motivo, algumas considerações sobre dieta e postura
devem ser feitas. No dia de uma meditação, a dieta deve ser leve. A
postura assumida, para sentar, deve permitir o conforto do físico,
mas não ser extremamente relaxante, o que induziria ao sono.
As mãos voltadas para cima indicam doação, distribuição,
contribuição incondicional e impessoal com o Plano Espiritual.
Palmas para baixo servem para conservar a energia nos corpos, para
acúmulo, em um trabalho pessoal.
As costas não devem encostar no espaldar da cadeira ou parede,
caso estejas no chão. Fica ereto, alinhado.
No início é possível que surjam dores suportáveis em várias
partes do corpo até que uma postura adequada seja encontrada. Se
houver ferimento ou inflamação, cuida para que não seja
pressionado. É preciso que o corpo físico esteja em condições
normais de saúde para a escolha da melhor postura.
O tempo para este procedimento pode variar muito, de 1 a 15
minutos. É preciso encontrar a melhor postura e achar o momento
da interiorização:
MOINTIAN, p.123.

Segue o exercício, adaptado para este curso:

 senta e fica concentrado na respiração;


 atenta para os sons do ambiente;
 os olhos ficam abertos;
36
 agora também te concentra na postura do teu corpo;
 sente o corpo, cada parte, desde os pés, mas sem ordem;
 deixa a mente vagar pelo corpo, sentindo como cada parte
está posicionada;
 se o corpo dói, termina o exercício neste ponto e deixa para
repeti-lo em outro momento;
 se o corpo está agradavelmente posicionado, fecha os olhos;
 respira lentamente, sem emitir qualquer som, suavemente;
 tenta ir sentindo que cada parte do corpo onde a
concentração te remete, pulsa ou vibra de uma maneira
distinta, mais harmoniosa e relaxada;
 deixa esta harmonia atuar até que preencha todo teu corpo;
 o ambiente não importa mais, estás absorto em teu corpo,
em paz;
 abre os olhos e deixa a paz que vem de dentro estar no
ambiente externo;
 podes abrir e fechar os olhos, lentamente, permanecendo
sempre com esta serenidade;
 se o corpo dói, sem movimentos bruscos, troca de posição,
serenamente, com a mesma paz;
 leva esta paz para o ambiente, para a casa onde estás, para o
planeta;
 é possível estar em alerta, mas com o ritmo interno
alcançado;
 vê de dentro, com olhos fechados, e vê de dentro com os
olhos abertos...

É possível alcançar a compreensão de que, ao saíres de um


estado meditativo ou de concentração profunda, a consciência pode
permanecer serena, mas extremamente límpida. É possível
aprender a sentir quando algo externo, do cotidiano, pode interferir
neste estado e, imediatamente deves fechar os olhos e trazer para
fora aquele estado de paz, de luz, já vivido... MOINTIAN, p.124.

37
FINAL DA PRIMEIRA SEMANA

38
SEGUNDA SEMANA – ADAPTAÇÃO

Nesta semana, continuaremos o mesmo trabalho da semana


anterior. Entretanto, após ter conseguido estabelecer um ritmo para
a realização dos exercícios, e entendido melhor o propósito deste
curso, será interessante analisar algumas possibilidades diferentes
para a prática geral.
Pequenas modificações na postura, a investigação sobre o motivo
de determinados métodos realizarem as práticas de uma ou outra
maneira, podem ajudar muito para que os resultados sejam ainda
melhores.
Vale lembrar a ideia essencial deste curso, que é a de deixar o aluno
livre de condicionamentos ou de conexões com forças, linhagens ou
dimensões. Portanto, é interessante, sob o ponto de vista
intelectual, conhecer a outras maneiras de meditação, mas é preciso
estar atento aos possíveis vínculos ou qual a verdadeira motivação
de um método. Veremos alguns exemplos adiante.

3. POSTURAS, FORMAS E MÉTODOS

POSTURAS
Conforme mostrado para a primeira semana, o procedimento para a
meditação é muito simples. Quanto mais simples o tornarmos
melhores resultados encontraremos. Mas para os que se iniciam a
realizar procedimentos como este, é preciso treinamento.
Se fores bem iniciante ou quiseres resultados mais rápidos,
aconselho que faças sempre como o sugerido na primeira semana,
sem enfeites, sem variar muito. Depois de ter conseguido algum
efeito, isto é, reconhecer o Estado Intermediário, obter uma
respiração mais profunda e silenciosa e talvez, algum contato
interno, algum insight ou mesmo aquele silêncio, então procura
variar a postura.

39
Deve ser de teu conhecimento que muitos grupos meditam
sentados em cadeiras. Outros, sentados no chão, sobre almofadas,
com as pernas cruzadas. Outros ainda, apenas deitados.
Para o resultado final, aquele do encontro interno, da meditação,
não importa a maneira como se procede.
Aqui, para nós, nem mesmo as razões pelas quais determinado
grupo segue desta ou daquela maneira. Para nós, para este curso, a
única coisa que importa é o bem-estar, o conforto e a maneira mais
prática para se atingir o resultado esperado.

Como vimos na primeira semana, até a posição das palmas das


mãos sobre as coxas, quando sentado em uma cadeira tem
significado diferente. Imagina quando, além do simples bem-estar
são ainda definidas coisas como o tipo de respiração, concentração
em determinados pontos de energia, entoação de determinados
sons, visualização de certas figuras, ou gestos que fazem com as
mãos, além de muitos outros fatores. E, para cada grupo, todos
estes fatores influenciam muito nos resultados, nos contatos, nas
conexões que realizam.
Por isto estou tentando simplificar ao máximo esta prática tão
importante, sem colocar nenhum artifício que possa estar coligado a
algum grupo ou energias.

VARIAÇÕES MAIS COMUNS


Sentado na cadeira é a mais comum, a mais simples. É a que temos
visto.

Para sentar no chão, é preciso mais cuidado, para não forçar demais
as articulações das pernas e joelhos.
Pode-se começar aproximando a almofada da parede para que as
costas fiquem apoiadas nela. Com o treino, é possível ficar sem
encostar. Vale lembrar que é preciso estar apoiado nas nádegas, e
não no cóccix para que haja relaxamento confortável.

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Algumas possibilidades:
1. pode-se cruzar as pernas, escondendo um dos pés sob a
perna oposta a ele e o outro sobre a perna oposta,
encostando no joelho;
2. cruzar as pernas colocando cada um dos pés sobre a coxa
oposta;
3. colocar um dos pés sobre a coxa oposta e o outro embaixo
da coxa oposta;
4. cruzar as pernas, deixando um dos pés próximo à coxa
oposta, sem prendê-lo sob a perna, e o outro pé caído, sem
encostar em nada;

Como vemos, existem muitas opções para sentar no solo. É preciso


cuidar o limite do corpo, não exagerar no tempo e, principalmente,
estar confortável.
Faz um teste sentando no chão. Acredito que a variação número
quatro apresentada acima é a mais fácil de ser realizada e a mais
confortável.

FORMAS E MÉTODOS
Durante a segunda semana, inicia uma pesquisa por outros métodos
de meditação, seus propósitos, vínculos e autores. Procura entender
o porquê de os métodos apresentarem maneiras diferentes para a
meditação. Procura saber se existe a tentativa de misturar técnicas
de escolas, métodos ou religiões distintas. Analisa se os autores são
compiladores, originais ou apenas representantes de determinada
filosofia.
É muito importante querer conhecer qualquer coisa na sua fonte.
Por isso precisamos encontrar um método que nos permita
chegarmos à fonte de nós mesmos, do nosso ser interno, mas que
não nos vincule a algo intermediário para que isto ocorra e que nos
torne dependentes de um vínculo a uma escola, filosofia ou religião.

41
Após esta pesquisa, anota o que achares mais importante e trás
para o nosso segundo encontro, no final desta segunda semana.

ALGUMAS FORMAS DIFERENTES


Como viste no EBM, aqui usamos a concentração em partes bem
definidas do corpo. Deve ser do teu conhecimento, entretanto, que
determinados métodos ensinam a dividir o corpo em partes
maiores, como membros e tronco. Os que ensinam assim, também
se utilizam da técnica de enrijecimento da musculatura destes
blocos ou partes antes do relaxamento. Segundo definem, agindo
assim já se faz um exercício de aquecimento e estimulação da
circulação.
Dividir as partes do corpo por membros torna o processo de
relaxamento mais rápido. Esta divisão seria algo como: pés, pernas,
tronco, mãos, braços, pescoço, cabeça.
Além disso, a concentração nas partes do corpo pode se iniciar de
baixo para cima, conforme o EBM, ou de cima para baixo. Depende
de cada um e de cada grupo ou escola que desenvolve o método.

Resumindo, o relaxamento pode ser feito:


- por partes isoladas: pés, tornozelos, pernas, coxas, etc.;
- por blocos: pés, membro inferior direito, membro inferior
esquerdo, etc.;
- iniciando de baixo para cima: dos pés ao alto da cabeça;
- iniciando de cima para baixo: do alto da cabeça para os pés.

Para o relaxamento, é possível alternar entre sentir o corpo mais


pesado que o normal, sentindo-se pesado, afundando na cama, ou
muito mais leve que o de costume, como se estivesse flutuando.
Depende de cada um, como mencionei anteriormente, e da
sensação de segurança e confiança que cada um experimenta ao
realizar o exercício de uma ou outra maneira.

42
MEDITAÇÃO SEGUNDO OUTROS MÉTODOS
Não devemos confundir os métodos existentes com o que estamos
propondo com este curso. A diferença entre este e outros, como por
exemplo, o Método Silva de Controle Mental, tão bem difundido e
talvez o maior inspirador de todas as práticas de meditação e cursos
de relaxamento, é que ele não se baseia na pura meditação, mas é
um método de controle mental, de auto-hipnose. Ele pretende
proporcionar domínio sobre determinadas faculdades e
circunstâncias de vida concreta. Não deve interessar, tendo como
ponto de vista a verdadeira espiritualidade, despertar determinadas
características apenas para a satisfação pessoal, para viver mais de
acordo com o que a sociedade impõe. Isto seria ir praticamente no
sentido oposto da própria evolução, para a maioria dos casos. Além
disso, perpetua determinadas emoções, mensagens subliminares e
estágios de consciência que precisariam ser dissolvidos
rapidamente. Entretanto, é talvez o método mais puro e original,
tendo sido adaptado até mesmo por diversas escolas esotéricas.
Serve como exercício de aquietamento e percepção.

Outro fator importante de lembrar é que precisamos fazer distinção


entre níveis de consciência mais elevados e tranquilizar a mente
para proporcionar autoconhecimento no aspecto psicológico.

É bom estar ciente que a maioria dos escritos que levam o título de
meditação não proporcionam uma meditação verdadeira. Podem
ser técnicas para mostrar determinadas características, para moldar
determinados hábitos ou para solucionar determinados conflitos.
Mas raramente proporcionam a verdadeira meditação.
Exemplos de técnicas para resolver conflitos e características
inadequadas veremos na terceira semana deste curso. Mas a
verdadeira meditação não se pode ensinar, porque ela advém como
fruto de um exercício como o EBM ter sido realizado
satisfatoriamente. Ela não pode ser induzida, não pode ser
ensinada, porque a meditação é um estado de consciência, um

43
nível, uma dimensão da consciência que foi atingida, e que é muito
própria para cada um. Por isto que o fator mais importante é
realizar com afinco qualquer exercício para entrar em estado
intermediário de consciência. Logo a seguir deste estado se
encontra a meditação.
Quando aquilo que se denomina usualmente como meditação vem
através de uma indução, de uma ordem para se atingir um objetivo,
o que se está realizando na verdade é uma tentativa de entrar no
subconsciente para reorganizar determinadas características ou
compreender determinada circunstância da vida. Mas não é a
meditação que está sendo realizada. Vale entender que, na indução,
é muito comum surgirem cenas, imagens ou sensações que
deveriam ser muito bem analisadas, estudadas e criteriosamente
entendidas, pois são reflexos da psique profunda enviando
mensagens para a consciência, numa tentativa de esclarecer sobre
momentos ou situações importantes. A maioria das pessoas fantasia
muito estes reflexos da psique profunda, pensando que são outras
coisas bem distintas.
É preciso prudência, inteligência e consciência para ir mexendo com
as situações que certamente irão aparecer quando paramos a
mente objetiva, concreta, e deixamos aflorar quem
verdadeiramente somos. É por isso que muitos falam que meditar é
para pessoas corajosas, porque quando paramos, em silêncio, para
aquietar a mente, tudo aquilo que somos aparece na nossa mente.
Só pessoas corajosas querem se ver como realmente são. Só
pessoas com vontade de crescer, de evoluir, querem entender
porque reagem de determinada maneira, porque vivem de
determinada maneira. E estas respostas, com a prática da
meditação, vão aparecendo. Isso acontece, vale ressaltar, porque
com a meditação estamos dando tempo para nossa consciência
processar as informações de maneira correta, para que possamos
direcionar nossa vida como devemos, e não como marionetes
teleguiadas por uma vida sem sentido e sem compreensão.

44
Houve um tempo em que as práticas de meditação deviam ser
realizadas em centros espirituais denominados ashrams, para certas
culturas. Neles estavam os mestres realizados nas técnicas que
ensinavam e que proporcionavam aos iniciados em seus métodos
que pudessem percorrer os caminhos de sua mente/consciência de
maneira segura.
Hoje os tempos são outros, e devemos ser os nossos próprios guias
nesta jornada de autoconhecimento. Por isso mesmo que é preciso
estar bem ciente do método que se está seguindo. Penetrar nos
meandros da mente, da consciência, exige paciência, inteligência e
coragem.

Costuma-se dizer que, até algum tempo atrás, o que meditava


estava se preparando para o isolamento, para uma vida ascética.
Hoje, esta prática nos prepara para a vida real, para o cotidiano,
para estarmos inseridos na sociedade de maneira distinta. Quando
se transforma características nocivas ou maus hábitos, quando
descobrimos maneiras de moldar nosso caráter por nós mesmos,
quando pensamos por nós mesmos, acontece algo que eu gosto de
chamar de “a verdadeira revolução”. Poder mostrar aos outros que
o teu mundo mudou porque tu mudaste a ti mesmo é a maior
revolução possível ao ser humano. Uma revolução silenciosa que
nenhuma violência, nenhuma guerra e nenhum tipo de atitude
social jamais conseguirá. Para mudar o mundo, mudamos primeiro a
nós mesmos. Se estamos em conflito interno, nosso mundo é
conflito. Se estamos em paz e harmonia... vemos e irradiamos
harmonia.

VARIAÇÕES INTERESSANTES
De maneira geral, práticas mais tradicionais exigiam que o
praticante fosse iniciado ao método a ser utilizado para que de fato
pudesse dar resultado. E o resultado seria a iluminação da
consciência, a ascensão, estas coisas da espiritualidade. De fato
deve ser assim, mas quando o processo de autoconhecimento já

45
está em um nível adiantado. Então entram outras palavras no
processo, como energias, dimensões, níveis de consciência, etc.
Entretanto, às vezes precisa-se de uma mudança de pequenos
aspectos, de pequenas “falhas”, poderíamos dizer, que são
detectadas pela pessoa que tenta praticar a meditação e que,
certamente, foi o motivo dela querer conhecer a respeito deste tipo
de “coisas”.
Então algo muito interessante pode ser feito. Para algumas pessoas,
em vez de aquietarem-se, precisam ficar mais agitadas. Em vez de
falarem com voz mansa, precisam gritar como um leão. E isto
também pode ser um processo de autodescoberta. Algumas
pessoas em vez de ficar quietas precisam pular, gritar, correr.
Pode ser interessante como simples teste, socar uma almofada, por
exemplo, até que desapareça uma raiva ou um desconforto por algo
que não pode ter uma solução adequada. Pode ser interessante
pular, cantar, gritar.
Coloca uma música com percussão rápida, que não seja um destes
rocks que evocam forças ou energias obscuras, mas uma música
com percussão rápida bem marcada, boa de ouvir, que te agrade.
Então pula. Pula e pula. Até cansar. Mas pula com alegria, soltando
todos os músculos. Pode ser uma grande terapia.

A preferência por algo livre de influências ou objetivos pode se


justificar pelas palavras seguintes, extraídas do manual do
MOINTIAN, página 242:

Quanto à meditação que deve ser feita, é a verdadeira meditação,


que consiste em simplesmente relaxar e ficar absorto na própria
essência do exercício para que os efeitos dele e as consequentes
informações superiores possam infundir a consciência.
Quando quiseres entrar em meditação, a pureza de pensamentos e
sentimentos deve estar presente. Esteja entregue à energia. Sente o
fluir e o desapego das sensações e permite voltar-te para o interior
de ti mesmo. Assume a consciência de simples espectador do fluir
dos pensamentos, sem deixar-te divagar e sem assumir qualquer

46
atitude em relação aos mesmos. Não julga se os pensamentos são
positivos ou não. Pensa em algo como os monges zen-budistas, que
se valem de Koans (mensagens ou ideias que produzem um cansaço
da mente, produzindo a introspecção característica da meditação),
e perca-te no exercício. Sente que a energia dos símbolos ou o
significado dos mesmos produzem estes estados. Ao atingires um
estado de consciência alterado (nem vigília nem sono), começa o
exercício, que já deverá ser conhecido, para que não percas o
estado alcançado.

4. MÚSICA COMO ENCONTRO INTERNO

Na primeira semana recomendei algumas músicas para realizar o


exercício de respiração. Agora, seguindo aquele mesmo
procedimento, podemos variar as peças que serão ouvidas.
O que pretendo com este tipo de exercício é estimular a
sensibilidade do aluno para que possa entender as suas emoções e
que se acostume a identificar transformações no humor que possam
ser geradas pelos sentidos, pelas informações que, a todo instante,
permeiam o ambiente.

Saber identificar as emoções inseridas em uma melodia ajuda a


afastar o que seja desagradável ou a criar momentos
emocionalmente positivos quando desejarmos.

Determinados compositores eruditos, como Beethoven e Vivaldi,


foram mestres na arte de inserir em suas obras evocações de
lembranças da natureza ou de simular sons da natureza. Da mesma
maneira, poderemos identificar não apenas as lembranças que
tenhamos, mas evocar emoções harmoniosas, rechaçando as
contrárias. Também poderemos identificar a índole do compositor,
quando insere em melodias sensações pesadas ou leves.

47
Como instrução para esta semana, deixo livre a pesquisa sobre as
músicas que listarei como sugestão para audição. Pesquisa sobre o
contexto, a época em que foram escritas, o que o autor quis mostrar
com a melodia. Só assim poderás ter uma ideia da emoção por trás
da melodia.
Se for uma sinfonia, não escuta apenas um movimento, mas a obra
inteira, identificando temas recorrentes e melodias que evocam
emoções distintas. Vai anotando isto.
Escuta toda a obra enquanto realizas o terceiro exercício
apresentado na primeira semana. Estando absorto na música, segue
fazendo o EBM com a respiração, enquanto prossegues com a
audição da música escolhida.

SUGESTÕES PARA AUDIÇÃO:


• Vivaldi: As Quatro Estações;
• Beethoven: Sinfonia No. 6, “Pastoral”;
• Dvorak: Sinfonia No. 9, “Do Novo Mundo”;
• Rimsky-Korsakov: Scheherazad.

A primeira audição deve ser feita individualmente. Mesmo que seja


um casal morando na mesma casa. A intenção é proporcionar
momentos de contato íntimo com a música, despertar o gosto pela
melodia e a oportunidade de introspecção. A partir da segunda
audição fica a critério de cada um, desde que o EBM possa ser
realizado sem interferências enquanto se ouve a música.

PRÁTICAS PARA A SEGUNDA SEMANA


Como podemos constatar, a segunda semana é um complemento
da primeira. Consulta sempre o programa de práticas listado na
introdução deste curso. Anota todas as experiências e sensações em
algum tipo de diário, colocando data, hora de início, hora do final,
dificuldades encontradas, avanços, etc.
O EBM é o exercício básico. Ele precisa ficar bem memorizado. E
somente com a prática cria-se a condição de que ele possa ser

48
adequado às necessidades particulares que tenhamos. Isto quer
dizer que, na prática individual pode ser necessário respirar ou
concentrar por mais tempo em alguma parte ou acelerar em outra.
Muitos pontos podem ser modificados.
Na prática diária não pode faltar a observação da respiração e o
EBM, intercaladas com os demais exercícios e variações propostas
aqui.

FINAL DA SEGUNDA SEMANA

49
TERCEIRA SEMANA – METAS

5. ALCANÇAR OBJETIVOS

É possível projetar no futuro a situação que se quer ver, e vivê-la


intensamente. É possível, além disto, que se o futuro desejado não
for o ideal para nossa evolução, que pelo menos os problemas
sejam amenizados.
Como fazer esta concentração? O passo mais importante deste tipo
de projeção da mente para o futuro e para uma situação ideal é o
“esquecimento”.

Antes de expor mais detalhes, convém esclarecer alguns pontos


para reflexão.
É preciso fazer uma visualização e responder:
- Consegues ver tua vida diferente?
- Gostaria que tudo fosse diferente?
- Podes ver como seria o teu dia-a-dia?

Colocar-se no futuro ou numa situação diferente, que seria a


suposta vida ideal, ajuda a definir o que realmente se quer. Se for o
ideal, ajuda a manifestá-lo mais rapidamente.
Existem duas coisas aqui. A primeira seria a “projeção da vida ideal”,
e a tentativa de ver-se fazendo algo no futuro. Será que toda a
diferença no ritmo de vida, da agenda, das circunstâncias, enfim,
seriam agradáveis e trariam prazer, ou será que toda aquela coisa
desejada não passa de uma mera distração para não realizar o que
precisa ser realizado nas circunstâncias exatas nas quais já estamos
inseridos?
Em contrapartida, no segundo caso, é possível, quando definido que
de fato a situação apresentada é insustentável ou que não condiz
com as possibilidades ou características inatas da pessoa, criar uma
situação nova para o futuro próximo.

50
É possível criar, de fato, uma ideia do futuro. E assim nos vemos em
situação melhor. Mas tem que ser fiel ao que necessitamos.
Temos visto que, para a meditação, são pontos fundamentais: a
respiração, a concentração e o estado intermediário de consciência.

Quando realizamos a meditação profunda, quando atingimos este


estágio, a consciência se perde. Ocorre um silêncio profundo. Pode
ser porque os níveis internos acessados foram tão profundos que a
mente concreta não teve condições de interpretar o que vivenciou.
Outras vezes podem ocorrer mensagens, insights, respostas, coisas
assim. Mas haverá sempre um momento de silêncio profundo, que
é o esquecimento da personalidade, de quem somos, e até do
motivo de estarmos fazendo o procedimento. Isto ocorre
naturalmente. Temos então que o processo de meditação envolve
os seguintes pontos:

RESPIRAR – CONCENTRAR – ESTADO INTERMEDIÁRIO – ESQUECIMENTO

Surge, como consequência, que se quisermos realizar uma


“conexão” verdadeira com algo, se precisarmos cumprir alguma
tarefa “não-física”, digamos assim, teremos que tentar recriar o
momento do silêncio, o momento do esquecimento. Precisamos
largar, soltar, esvaziar a mente do objeto da concentração. Este é o
fator determinante para que uma “projeção” no tempo possa ficar
gravada em nossos níveis mais profundos e que possamos estar
coligados com o que precisamos de fato. Geramos uma força, uma
energia de pensamento, pela concentração verdadeira no que
precisamos e uma energia ainda maior pelo desligamento repentino
da concentração, na certeza de que tal fato já está concretizado,
bastando apenas que chegue até nós.
Um fator que ajuda muito na “materialização” ou na criação correta
da visualização é que aquilo que “queremos” também possa ser útil
a outros. Se, por exemplo, queremos transformar nossa vida e ter
um futuro melhor, é bom visualizar por que queremos isto. Por

51
exemplo, se teu objeto é que o emprego seja melhor, tu poderás
ajudar mais aos que estão perto de ti ou aos que tu vieres a
encontrar, tornando-te também uma pessoa melhor. Esta alegria
pelo melhor a si e a outros é um fator importantíssimo para gerar a
“energia” da criação da imagem necessária.
O esquecimento é o fator determinante para a projeção da mente
em uma situação hipotética ou futura. Assim, para alcançar um
objetivo, precisamos dos seguintes pontos:

- MOTIVAÇÃO
- RESPIRAÇÃO
- ESTADO INTERMEDIÁRIO
- PROJEÇÃO
- ESQUECIMENTO

Analisemos a cada um destes pontos:


MOTIVAÇÃO – é o objetivo. O que eu quero, o que eu preciso.
RESPIRAÇÃO – é a prática do EBM.
ESTADO INTERMEDIÁRIO – é preciso reconhecer plenamente que
encontramos este estado para fazer a projeção.
PROJEÇÃO – é a criação, da maneira mais real possível, da situação
que se quer viver. Ainda que para se falar dela, ela seja uma
situação futura, a criação e visualização deve ser tal qual ela já
esteja sendo vivida, agora, no presente.
ESQUECIMENTO – é ter a certeza interna absoluta que a projeção já
está realizada. Ela só precisa se manifestar plenamente.
É essencial que, para a devida meditação ocorrer, por mais que se
tenha um objetivo ou se queira o esclarecimento para alguma
situação real, logo após a concentração plena, durante o estado
intermediário, façamos algumas respirações ainda mais profundas,
mas sempre silenciosas e sempre nasais, com o propósito de liberar,
afastar a concentração do objetivo e deixar a mente abstrair-se,
para que possa atingir justamente o estado de conexão com a
resposta ou com o nada.

52
COMO FAZER:
- deitado ou sentado, conforme a preferência, realiza o EBM;
- assim que sentires o Estado Intermediário, podes começar a
visualizar a cena desejada;
- para a criação ou visualização correta, é preciso criar
mentalmente, com o máximo de clareza, uma cena completa, com o
máximo de detalhes possível. É preciso ver o lugar, a ti mesmo, a
outras pessoas, roupas, cheiro, luz, enfim, é preciso recriar com
clareza uma cena que represente o futuro almejado;
- quando a criação ou projeção do futuro estiver
absolutamente clara, é preciso ter certeza interna que ela já está
pronta para se manifestar. Respirando mais profundamente, afasta
da tua mente a cena criada, permanecendo com a alegria e a
certeza que ela já está sendo vivida.

PARA LEMBRAR

VER SITUAÇÃO COMO SENDO VIVIDA AGORA


MOTIVO - CRIAR – VISUALIZAR – CONCENTRAR = PROJEÇÃO
- MOTIVAÇÃO
- RESPIRAÇÃO
- ESTADO INTERMEDIÁRIO
- PROJEÇÃO
- ESQUECIMENTO

6. SAIR DO PROBLEMA

Existem muitas maneiras de enfrentar um problema e buscar uma


saída. Melhor se pudermos buscar forças dentro de nós para que,
de alguma maneira, sintonizemo-nos com as soluções necessárias e
que sejam positivas para todas as partes envolvidas.

53
Aqui colocarei algumas maneiras bem simples para tentar encontrar
esta força interna. Comecemos lendo o seguinte texto, um diálogo
entre o personagem Joca e seu amigo Dorival. Texto extraído do
livro “Os Incríveis Seres de Dois Mundos”, Capítulo XX, páginas 132
e 133.

(...)
– (...) quando um problema está para vir, eu sinto algo muito
estranho, como uma força que me afasta de uma pessoa, se ela for
a fonte do problema, ou de algum lugar, se for ali que a coisa vai
explodir. Eu sinto, entende.
– Sim, estou tentando entender.
– Pois é, então, para resolver uma situação, se for com um filho
ou com alguém que preciso me relacionar, eu me deito, como se
fosse para a cesta, e imagino que entre eu e a pessoa existe uma
bolha imaginária.
– Bolha?
– Sim, então eu fico vendo esta bolha e me concentro para que
ela exploda e eu possa resolver o problema. Quando a bolha
explode, parece que eu consigo me aproximar de novo da pessoa,
como se eu visse de novo a pessoa como ela era antes. E se é num
lugar, parece que tudo fica mais claro, mais limpo e consigo resolver
o problema. Mas quando não consigo explodir a bolha, fico irritado
até conseguir.
– Não sei não meu amigo, acho bom ter cuidado com estas
coisas. Vá que te perde dentro desta bolha e acaba igualzinho ao
Alberto.
– Acho que não, mas estou tendo cuidado. Quando vejo a bolha
explodindo é como uma energia dourada brilhante se espalhando. A
sensação é muito boa. E quando não consigo resolver algo mais
grave, eu imagino que o céu está nublado, bem pesado. Então, eu
imagino que eu vou até acima das nuvens, onde tem sol e furo as
nuvens e trago o sol para mim. Então tudo vai se resolvendo. Uma
beleza.
– Olha meu amigo, eu acho que tu podes estar meio estressado.
Quem sabe procura ajuda de um especialista? Lembra daquele
nosso amigo doutor? Quem sabe conversa com ele?
54
No diálogo acima, o personagem Joca apresenta duas técnicas que
mostrarei a seguir. De maneira simples, ele relata como consegue
neutralizar um problema, pessoa ou situação. A primeira que ele
fala veremos no tópico 7.2, Dissolver. A segunda técnica é o
exercício que segue logo abaixo.

6.1. ACIMA DAS NUVENS: ENCONTRAR O SOL


Como podes perceber, os exercícios são muito simples. Não
precisamos de muito esforço para compreender e realizá-los.
Aqui vamos fazer uma associação de ideias. A maioria das pessoas
não gosta de dias nublados. Menos ainda se estiver nublado,
chuvoso, frio. Muitos ficam até mal-humorados em dias assim. Se
tiver um vento forte junto, aí então, nem se fala. Parece-me que as
situações de conflito se acentuam em qualquer modificação da
condição climática. Acredito que se estivesse um dia muito quente a
reação de uma pessoa seria a mesma.
Enfim, uma pessoa que pensa assim, está agitada. Se ela parasse
para pensar, ela saberia que, logo acima das nuvens o sol continua
brilhando.
O que ela precisaria fazer é trazer o sol para o seu “coração”, como
diriam os poetas.
Sendo assim, é possível sair do foco do problema se visualizarmos e
sentirmos no fundo do nosso ser que é possível mudar uma situação
desde que consigamos manter um espírito confiante e alegre. Se
trouxermos estas sensações para nós as coisas se transformam.
Por exemplo, se o lugar que estamos está “nublado”, com coisas
desagradáveis acontecendo, parece que o mofo está instalado, é
possível ir lá acima das nuvens, furar as nuvens, rasgar as nuvens e
forçar um raio de sol a preencher todo o lugar, seja um prédio, uma
sala, as pessoas, enfim, o que for preciso. Com o máximo de
atenção, vamos visualizando aqueles raios dourados do sol
iluminando tudo, clareando tudo, alegrando tudo.
É assim, bem simples.

55
COMO PROCEDER
Como proceder? De maneira muito semelhante ao exercício
anterior: motivação, respiração, estado intermediário, projeção,
esquecimento.
Aqui, o esquecimento não tem tanta importância. A situação não
será projetada no futuro. Como dito anteriormente, ele vai
acontecer naturalmente quando, pela força gerada pelo
pensamento focado na visualização, tu entrares num estado mais
profundo de consciência.

Vejamos os passos:
- senta ou deita;
- realiza o EBM;
- tendo reconhecido o EI, inicia a visualização, vendo a ti,
conscientemente, elevando-te acima das nuvens e
descobrindo um sol intenso, pleno e dourado brilhando e
trazendo muita alegria;
- com a ruptura das nuvens, deixaste um buraco que permite
aos raios do sol chegarem ao lugar onde tu queres modificar.
Aumentando a visualização, vê que aqueles raios tomam
conta do lugar e das pessoas que estão lá, tornando-as alegres
e cheias de vida, com as características que sejam as
adequadas para a solução do teu problema particular;
- continua por mais algum tempo para entrares mais
profundamente em relaxamento e termina o exercício.

6.2. LUGAR DE CONFORTO


Tudo que precisamos está dentro de nós. Só precisamos estar
cientes disto. Muitos grupos que ensinam técnicas de meditação ou
relaxamento falam da possibilidade de criarmos um lugar de
conforto, uma zona dentro de nós mesmos ou projetada em um
lugar criado por nossa mente para que, cada vez que realizarmos
um exercício para meditação como o EBM, sejamos transportados

56
para lá. Neste lugar, a segurança é total, ele é construído de acordo
com nosso pensamento sobre o que é mais saudável, o que pode
trazer mais energia, saúde, alegria. Neste lugar, pode haver uma
cama confortabilíssima, pode estar acima das nuvens, pode ser feito
por um colchão de nuvens brancas, pode ser um bosque verdejante,
com um pequeno córrego correndo perto, pode ser um vale, no pé
de uma linda montanha, com arbustos florescendo...
Possibilidades infinitas, mas com o único propósito de ser um lugar
onde somente os pensamentos, as energias e as influências que tu
queiras vão penetrar. Por isto é o lugar de conforto. Ele vai ser o
lugar intermediário entre o teu estado de consciência normal, ou
vigília e o teu destino profundo. Ele será o lugar onde o Estado
Intermediário pode se manifestar plenamente, onde as
visualizações e criações mais benéficas podem ser realizadas com
total harmonia e segurança, de acordo, sempre com o teu nível de
compreensão. Por isto, quando este teu nível de compreensão
interna vai mudando, ele também vai mudando. Tu vais moldando
este local “sagrado” de acordo com tua própria “sacralidade”. Tu te
elevas, ele se eleva. Isso ocorre porque, com o tempo, vamos vendo
que os locais de conforto não são apenas os locais que pensamos
que criamos, mas que somos naturalmente transportados para
locais de segurança mais elevados, de acordo com as conexões que
vamos atingindo no processo de evolução natural que somos
destinados a atingir. Então entraríamos em outros temas que não
são a tônica para este curso.

Quanto ao primeiro ponto, relativo ao local criado, é uma fuga


positiva que pode ser criada pela personalidade, para que a alma
entre em contato com ela e possa expressar-se. Auxilia na
integração da personalidade e no desenvolvimento do contato
interno. A estimulação da mente proporciona que muitos bloqueios
sejam desfeitos nesta fase. As aplicações e muitas outras técnicas
podem ser feitas enquanto o aluno se retira para estes locais
internos de proteção. Técnicas de dissolução do medo profundo ou
de traumas podem ser realizadas neste ponto acima do plano da

57
consciência habitual. É possível criar uma dimensão acima das
nuvens, por exemplo, onde tudo é amor e tranquilidade, onde os
raios do Sol são protetores, etc... Neste local, as lembranças
negativas não afetam a personalidade. Elas podem ser visualizadas
nas mãos, dentro de uma esfera de luz e enviadas para o centro do
Sol, a fim de que sejam devidamente dissolvidas. Um exercício
constante deste tipo de visualização pode eliminar muitos
bloqueios. MOINTIAN, p. 359.

7. DESPROGRAMAR CARACTERÍSTICAS NEGATIVAS

7.1. AFASTAMENTO
Este procedimento e a explicação sobre como desprogramar uma
característica negativa foi extraído do texto “Uma Nova
Humanidade – Quarta Parte – Como Desprogramar Características
Negativas” da série de tópicos “Uma Nova Humanidade” disponível
para leitura na íntegra e download no formato pdf no blog
“Conversando Sobre MOINTIAN”.
Transcreverei o texto logo abaixo, que não foi diagramado como
citação para facilitar a leitura. O início e o fim do texto estão
marcados com nove asteriscos.

*** *** ***


Vamos ver de maneira mais simples e aprofundada como podemos
transformar o pensamento e os hábitos que são indesejáveis para
uma vida mais livre.

A questão é: quando temos algum conflito ou problema que


precisamos resolver, como fazemos para eliminar ou afastar de
nossa mente ou de nossa vida este conflito?
Algumas escolas mais antigas, a maioria delas, davam uma ênfase
muito grande para que os alunos se centrassem no próprio
problema. Chamavam isto de defeitos do ego, ou características
negativas do ego, ou defeitos da personalidade. O problema da
58
ênfase nos defeitos é que gerava muita frustração, muita
expectativa e muita comparação entre os membros de tais escolas,
que queriam saber: será que já eliminei tudo isto? Será que eu
fantasiei o resultado? Será que fulano já superou seus obstáculos?
Será que estou querendo ser melhor que os outros? Será que estou
muito pior que os outros? Gerava, portanto, muita comparação
entre os companheiros de jornada, policiamento entre os membros
e frustrações diversas quando se achavam abaixo da média
esperada.
Como já foi dito várias vezes, o que temos que fazer é criar uma
situação na qual já não estejamos mais subjugados por
determinados problemas ou por determinadas manifestações de
nossa personalidade que sejam negativas. Essas manifestações
podem ser aquela velha história dos sete pecados capitais, a saber:
ira, inveja, gula, cobiça, orgulho, luxúria, preguiça.
Considerando que a própria questão de viver a espiritualidade está
muito mais na projeção do teu pensamento sobre que ela exista que
propriamente a existência de uma manifestação da espiritualidade,
a mesma coisa deve acontecer em relação a um problema da
personalidade. Vamos analisar de uma maneira mais prática.
Digamos que o problema de uma pessoa seja a raiva, ou ira,
conforme enunciado anteriormente. Ela se pergunta todo dia, toda
hora, a cada segundo: como posso eliminar esta raiva que eu sinto?
Ela pode estar sentido raiva por um filho, pela família, digamos. A
questão seria: como atingir a compreensão desse sentimento em
uma nova humanidade, na qual ele possa não existir mais?
Um detalhe a ser reconhecido é que, como seres humanos, ou
vivendo em corpos encarnados de humanos, é da natureza destes
corpos terem esses aspectos intrínsecos. Faz parte do “kit humano”,
para entendermos melhor. Então vamos ter estas manifestações da
personalidade. Ocorre é que podemos utilizar essas coisas de
maneira positiva, pois existe uma raiva positiva, um sexo positivo,
um orgulho positivo. Não podemos encarar tudo como
extremamente negativo senão não chegaremos a lugar algum. E

59
ficaremos sempre oscilando entre momentos de extrema pureza e
outros de extrema negatividade.
Voltando ao exemplo, digamos que a raiva sentida pela tal pessoa é
gerada quando ela está em sua casa à noite, quando ela vai assistir à
novela. O que ela pode fazer para eliminar essa raiva, se ela precisa
viver neste mundo, se ela precisa encontrar o filho, se ela precisa
encontrar o marido, se ela precisa ir para o trabalho?
Pois bem, se essa raiva se manifesta contra a família, é preciso
encontrar um equilíbrio ou certa harmonia. Uma das características
que também precisa vir à nossa consciência é que nós temos
ferramentas para que, no mínimo, esse equilíbrio seja encontrado,
que são as técnicas com a energia. O foco sempre vai estar em
encontrar momentos certos para se aplicar a energia e, de alguma
maneira “fugir” da situação que provoca a manifestação inicial
daquela raiva. Então, na hora que a pessoa iria assistir à novela com
a família, naquela hora ela se retira, elimina aquele momento da sua
vida. Vai para um quarto, para uma sala, para o banheiro que seja, e
faz a sua aplicação com a energia. Vai fazer isto por uma semana,
quinze dias, um mês, dois meses... até que “desprograme” o
problema. Desprogramar é a chave aqui.
Tu precisas desprogramar aquele encontro e aquele momento que
traz ou que gera aquela raiva. É preciso lembrar que, como seres
humanos, fomos programados para sentir todas as coisas de
determinada maneira, como padrões de consciência. Ao
desprogramar isso, o problema é eliminado. É preciso, então, nestes
casos da necessidade consciente do trabalho de “eliminação” de
qualidades negativas, sentir de outra maneira, a todas as coisas.
Neste momento, precisamos inclusive reconhecer os sentimentos
que sejam de uma nova espécie, de uma nova humanidade.
Este tipo de esclarecimento já não deveria ser nossa preocupação
neste momento. Mas se ainda existem essas necessidades básicas e
dúvidas sobre como viver uma vida mais harmoniosa e que nos
coloque em um patamar diferente, então ainda se faz necessário
colocar esses comentários. É bom que fique claro que o que chamei

60
de “fuga” representa uma reavaliação de conduta. É preciso
permitir, através de um afastamento do problema, que as
necessidades reais apareçam. É preciso permitir que venha à tona o
ser real que somos. Com momentos de recolhimento, meditação e
aplicação de energia isto se torna possível.

A mesma coisa vai valer para todos os outros problemas que se


tenha, sejam problemas da gula, da luxúria, do sexo desenfreado,
etc., a mesma coisa: “fugir” das circunstâncias que provocam o
problema para poder desprogramá-la. Se um homem se acha
“tarado”, serve a mesma coisa: treina o olho para não olhar a moça
quando ela passa, afasta da mente o pensamento que vier. Vai
afastando até que desprograme. Pode até ficar em celibato algum
tempo. Que custa ficar em celibato um mês, dois meses, se o
resultado é o encontro consigo mesmo? Quando este tipo de reação
estiver desprogramado, é possível que esse homem encontre o que
estava procurando, porque certamente havia perdido algo,
possivelmente um amor verdadeiro. É questão de treino, vontade,
ideal, desprogramar, e viver um padrão diferente. O “mistério” para
a resolução desses conflitos está na “devoção”. Estar devoto ao
encontro consigo mesmo de uma maneira mais tranquila, neste
primeiro momento. Encontrar quem de fato é.

Para a solução de determinadas características, é preciso criar


possibilidades de avaliação de conduta. Às vezes será preciso cansar
o corpo e a mente para que uma ideia fixa possa ser retirada. Para
isto ocupar-se com um hobby, seja relacionado às artes em geral ou
a exercícios físicos, coisas que sejam produtivas, e ocupem o tempo,
cansem o físico e, no final, ainda tragam satisfação prazerosa. É
preciso usar a inteligência para criar um padrão diferente. Para
livrar-se de um vício, por exemplo, a pessoa precisa se afastar dos
locais e dos amigos que encontra e que estimulam o vício. Pelo
menos até ter certeza que o problema foi vencido. Mas com fé e

61
coragem, é possível, sem dúvida. Temos técnicas para retirar
pensamentos recorrentes no Nível II e III do MOINTIAN.

Quando desprogramamos uma característica, podemos ver e viver


de uma maneira nova e trazer para nossa realidade maneiras novas
de encarar a vida, estimulando que outras características pessoais
comecem a se ajustar ao que almejamos.
Esta maneira nova de ver as coisas, desprogramando a maneira que
se vê o mundo, traz para a tua vida um padrão novo, que dizemos
ser de uma nova humanidade e que não é nada além de tu poderes
ver a ti mesmo sem a programação padronizada da humanidade
atual.
*** *** ***

Aqui a ideia é a da desprogramação do problema ou característica


negativa pelo afastamento da situação. Como foi dito acima, é
diferente da fuga do problema porque conscientemente estamos
tomando as rédeas de uma situação que sabemos da necessidade
de que seja modificada.
A ideia de sair do foco do problema e fazer algo diferente vai
permitir mostrar a importância real que as coisas podem ter. Será
tão importante manifestar determinada atitude? Será tão
importante fazer tal coisa em determinada hora? Será tão
importante realizar determinada tarefa ou estar em determinado
lugar?
É óbvio que aqui não estamos querendo que alguém fuja de assumir
sua força pessoal, desistindo de opiniões ou escolhas. Aqui estamos
analisando uma situação na qual, pela avaliação pessoal foi
reconhecido um problema de conduta por quem quer se
transformar. É bem diferente. Não é uma aceitação pura, por se
sentir fraco ou subjugado pela vontade alheia. Ao contrário, pela
análise criteriosa do próprio caráter, foi feita uma escolha pelo
crescimento.

62
No texto falava para a pessoa que quer desprogramar a
característica retirar-se e realizar aplicações com a energia. Não é o
caso deste curso. O que se vai fazer, já deve ter ficado claro, é a
prática do EBM com respirações bem profundas na busca do
desligamento da situação e uma possível transformação do caráter
e da situação.

7.2. DISSOLVER
Tem dois aspectos: aquilo que precisa ser eliminado e aquilo que
precisa ser recuperado. Para isso, pode-se utilizar a “conversa”
aliada à técnica da bolha, conforme veremos.
É possível conversar com o aspecto a ser eliminado. Uma conversa
sincera e com todos os pontos e argumentos previamente listados
ou examinados pode ser definitiva para que possamos retirar uma
característica negativa para nós. Pode-se, com isto, conseguir
compreender melhor um aspecto que não possa ser modificado,
mas que possa ser melhorado. É possível fazer isto em relação a si
mesmo e a outra pessoa.

O procedimento é muito simples, como os demais. Enquanto teu


“lugar de conforto” não estiver plenamente construído, é bom ter
“lugares” alternativos, ou chamar o aspecto a ser dissolvido para um
ambiente neutro, criado apenas para o momento.
A fórmula é sempre a mesma: motivação, EBM, EI, visualização,
esquecimento.
Acrescenta-se, na técnica da bolha, justamente uma espécie de
bolha, cobrindo o aspecto a ser eliminado, em ti mesmo, em volta
de ti mesmo ou como se fosse outra pessoa. Há duas possibilidades,
então:
1. visualizar a bolha em volta de ti, para que quando ela se
dissolva também se dissolva o aspecto negativo;
2. visualizar o aspecto a ser eliminado como sendo uma “outra
pessoa”, que ficará na tua frente, envolvida na bolha e pronta
para a conversa.

63
A bolha deve ser transparente, impenetrável, maleável e possibilitar
a comunicação. Deve ser visualizada preferencialmente na cor
dourada, mas também pode ser azulada, transparente.
O aspecto principal do exercício com a bolha é que o momento do
esquecimento é o momento que a bolha se dissipa, dissolvendo
junto a característica negativa ou o problema com determinada
pessoa.
A motivação neste processo é uma lista de argumentos previamente
elaborada que não deixará dúvidas quanto à necessidade de
dissolver o problema. Não deixará dúvidas para tua mente, que
fique claro.

Novamente detalhando, sempre iniciamos com o EBM e, quando


atingimos o Estado Intermediário, podemos iniciar a visualização e
já levar o aspecto envolto na bolha dourada para uma
“conversinha”.
Quando a conversa estiver bem clara, com vontade visualiza a bolha
estourando, dissolvendo-se, como uma bolha de sabão, mas ela
dissolve, elimina totalmente o aspecto da conversa. Some, sem
deixar vestígio algum. É importante não deixar qualquer vestígio.
Podes permanecer mais algum tempo no estado meditativo ou
podes ir para o teu local de conforto por alguns instantes.

7.3. INFERIORIDADE/SUPERIORIDADE E O PODER PESSOAL

O PODER PESSOAL
Existe uma técnica bem simples para saber onde está o teu
poder pessoal. Qual o tamanho da “imagem” que tens de outra
pessoa? O que esta pessoa representa para ti? O que faz com que
ela, à visão interna, pareça de tal tamanho?
Se, quando pensas ou crias mentalmente a imagem desta
pessoa, ela for maior que a tua própria imagem ou que pareças
estar olhando para cima quando lembras de uma conversa, então
estás dando importância demais para a pessoa e isto deve ser

64
interpretado como um sentimento de inferioridade em relação a
ela.
O ideal é realizar um treinamento para que todos estejam do
mesmo tamanho. O desenvolvimento interno permitirá ver o
tamanho real, sem as imagens externas ou aparentes das pessoas,
quando interpretadas pelos nossos pensamentos e emoções. Elas
serão geradas pelo contato interno com o nível de consciência real
de cada um.
Coloca-te no lugar do outro e facilmente resolves os teus
problemas. O afastamento e a possibilidade de ver uma situação
como se estivesses acima dela permite que tenhas vários ângulos de
visão. Isto resolve a situação, pois não estarás vendo apenas a
consequência imediata e aparente, mas a realidade dos fatos.
MOINTIAN, capítulo 67, p. 356.

O procedimento neste exercício é muito semelhante ao visto


anteriormente, pois envolve uma espécie de conversa com outra
pessoa. Aqui não haverá bolha, apenas a visualização da imagem
que tu tens da outra pessoa. O poder pessoal se restabelece quando
tu te fortaleces a partir da visualização correta. O medo gera esse
tipo de inferioridade. É possível transformar aspectos que geram
conflitos de maneira bem simples, como viste. Basta ir reforçando a
ideia de que todos somos, no mínimo, iguais uns aos outros em
importância e em “tamanho”, conforme o texto acima. Quando
alguém se torna “maior” será pela sua conquista interna, e jamais
irá mostrar uma atitude dominadora em relação a outra pessoa.
Portanto, vejamos a todos do mesmo tamanho, eliminando
conflitos.

7.4. REVER AÇÕES DO DIA


Outro aspecto da “criação” ou visualização do que se quer é a
possibilidade de desconstruir efeitos negativos de ações erradas do
passado. É como faziam nas escolas antigas, de rever uma situação
passada e visualizar um desfecho diferente para ela, suavizando ou
dissolvendo possíveis bloqueios para ti e para as pessoas envolvidas.

65
Isto nos torna conscientes de um possível erro ou que precisamos
melhorar determinadas características da personalidade.
Outra coisa que este tipo de prática proporciona, não apenas a
revisão de fatos ocorridos, mas a prática para meditação como um
todo, é o processamento das informações que nos chegam durante
um dia ou até mesmo durante uma vida. A maioria das pessoas
corre de um lado para o outro durante o dia, sem compreenderem
as situações pelas quais passam, sem processarem as informações
que viveram. Esta falta de processamento faz com que se percam e
que fiquem cada vez mais afastadas do seu eu verdadeiro.

O exercício de voltar ao passado e corrigir ações negativas é


utilizado desde a antiguidade. Na Escola Pitagórica, por exemplo,
era ensinado aos alunos que rememorassem seu dia, do final ao
início, e fossem revendo todas as sensações, reações e sentimentos
pelos quais tivessem sido acometidos. Quando algo negativo
voltasse à consciência, devia-se visualizar a situação com um
desfecho diferente, onde tudo ocorresse de forma harmoniosa para
os participantes da cena revista. Sempre sem interesses próprios,
mas comuns.
A realização deste tipo de exercício facilita a compreensão sobre
quem realmente és e como reages aos fatos e ocorrências
imprevistas. Permite que as tuas ações e pensamentos sejam
revistos, com o objetivo de quebrar sistemas de crenças e hábitos.
MOINTIAN, p.231.

Podemos ter dois exercícios bem diferentes de rever ações do


passado:
1- aumentar a percepção, a memória e a atenção para o
que foi vivido, rememorando o maior número de eventos
passados durante um dia;
2- rever mentalmente uma situação que teve um desfecho
negativo, analisá-la e revivê-la com um desfecho diferente.

66
O primeiro exercício aumentará muito a tua percepção do dia,
ajudando a entender os diferentes níveis de importância que tu dás
a eventos, circunstâncias e pessoas. Geralmente, o que lembramos
mais claramente, é o que demos mais importância. E as outras
coisas? Não importam? Passam simplesmente?
Algumas pessoas, que gostam de falar sobre encarnação e coisas
espiritualistas, se questionam sobre o motivo pelo qual não
lembram de outras vidas. Então, parece-me que o exercício de
memória para lembrar eventos ocorridos no mesmo dia iria ajudá-
las muito. Querem lembrar um suposto passado remoto e não se
lembram de um passado imediato. Ponderemos sobre isso.
Para a realização deste exercício, o indicado é que, antes de
deitares, faças o EBM, e logo a seguir vá voltando o teu dia, até o
mais que puderes. Se encontrares um evento negativo, então podes
transformá-lo na tua mente, conforme veremos a seguir.

O segundo exercício gera uma força positiva para que uma


transformação de caráter ocorra naturalmente. Neste tipo de
exercício, que usamos a força mental, a força da personalidade e da
vontade para nos conhecermos, tudo deve ser conscientemente
analisado. Dessa maneira, se algum evento teve um desfecho
desagradável, ou que poderia ter ocorrido de maneira diferente, é
possível revivê-lo e aprender com ele, retirando o peso emocional,
culpas e toda uma carga de sentimentos que precisam ser
eliminados.
Pensar em desfecho diferente ou entender os sentimentos, as
palavras e as ações na hora do ocorrido.
É bem simples, como os demais: EBM, EI, visualização.

67
FINAL DA TERCEIRA SEMANA

68
QUARTA SEMANA - OBSERVAÇÃO

8. AGUÇAR SENTIDOS

Para esta fase, é possível estimular todos os sentidos de uma vez,


durante a realização do EBM, como estimular um por vez.
Começando com a atenção durante todo o EBM na audição, é
possível ficar em silêncio e prestar atenção nos sons internos e nos
do ambiente geral. Em outro momento, coloca uma música e sente
a diferença da atenção. Quando o ouvido fica acostumado ao
silêncio, a percepção dos sons aumenta.
Em outra ocasião, procede da mesma maneira para outros sentidos.
A atenção no olfato pode ser estimulada pela fragrância de algum
incenso ou essência.
Voltar a atenção para o tato vai estimular ainda mais a concentração
nas partes do corpo, aumentando a atenção para conhecer e
perceber como cada parte do corpo está posicionada.
Com isso, não apenas na hora da realização do exercício, mas na
vida diária os sentidos estarão mais aguçados.

Resumindo, para a quarta semana temos muitas variações de um


mesmo exercício. Em ocasiões diferentes, faça um EBM voltando a
atenção para sentidos diferentes:

a. atenção na audição, em silêncio;


b. atenção na audição, com música;
c. atenção no olfato, com estímulo de fragrância;
d. atenção no tato, percepção das partes do corpo;
e. atenção em todos ao mesmo tempo.

69
9. OBSERVAÇÃO DO AMBIENTE

É preciso reconhecer o que é proveniente de nós mesmos e o que


manifestamos como um padrão, como uma influência externa,
como uma característica herdada. É preciso analisar até mesmo as
palavras que usamos, as expressões que usamos, o modo como
reagimos, as roupas que vestimos, etc. Somos nós mesmos agindo
assim ou somos uma projeção dos outros?

CAMINHAR COM ATENÇÃO NA RESPIRAÇÃO


Quando estiveres caminhando, caminha com atenção no trajeto.
Respira, sentindo que toda a vida está naquele momento. Agindo
assim, vai ser possível ver e determinar onde o pé precisa pisar para
o próximo passo e assim, além do caminho ficar mais fácil e mais
leve, vai-se seguindo o fluxo. O fluxo da vida. Utiliza os resultados
com os exercícios já descritos para estar o mais presente possível
em cada momento da tua vida. Faz do EBM uma constante. Se vais
comer, come respirando a comida, sentindo o cheiro, o gosto e
vendo o que está no prato. Sente os dentes mastigando, a língua
conduzindo cada porção, a deglutição.
Como saber quem tu és se não souberes o que fazes no teu
cotidiano?
Quantos degraus tem a escada da tua casa?
Quantos quilômetros tu andas de carro?
É preciso responder perguntas simples assim. Obviamente, não
vamos desenvolver paranoias nem transtornos de comportamento,
mas ao contrário, vamos ter o domínio, o controle de nossas vidas
com informações mínimas que nos tornam conscientes do que
estamos vivendo.

70
ÂNGULOS DE VISÃO
Diálogo entre Everaldo e o professor Ambrósio do livro “Os Incríveis
Seres de Dois Mundos”, páginas 167 e 168.

(...)
– Parece que posso identificar então certa indiferença em
relação à forma como a vida tratou a ti. – falou o Everaldo
– De fato, tudo é instável, todas as relações são instáveis, os
conceitos que temos são instáveis. É arriscado para alguém
manter uma opinião severa, rígida sobre alguma coisa porque
amanhã, se esta for uma pessoa em busca de algum mínimo
crescimento, amanhã poderá descartar aquela ideia que
defendia. Isto é crescer. Poder dizer que errou, que mudou, que
foi adiante. – comentou o professor.
– Sim, sem dúvida. Concordo plenamente.
– Tudo é questão de ponto de vista. E ninguém consegue ter
uma coisa que denomino “ângulos de visão” total.
– E o que é isto?
– Seria como se a pessoa pudesse ver uma situação, um
problema, por exemplo, desde um ângulo acima, vendo todas as
possíveis maneiras como aquela situação possa se desenvolver.
Imagina. Como um poder de estar um passo à frente, sabendo
todas as situações possíveis de aparecer e como resolver a elas.
Imagina, numa discussão, por exemplo, visualizar todas as
possíveis questões e suas respostas.
– Sim, muito interessante.
– Mas tem um problema. Por mais que se possa perceber
ângulos diversos e que se consiga avaliar a situação de maneira
desapegada e que se tenha um conjunto de fatores possíveis,
sempre vai aparecer, na hora que se coloca em prática um
destes ângulos, uma alternativa que não estava na previsão
daquele momento.
– Sim, entendo.
– Cada pessoa envolvida ou cada movimento de uma situação
gera um sem-número de outros ângulos, num cálculo
interminável de possibilidades.
71
– Que coisa maluca. Mas muito interessante.
– Sim, sem dúvida. Um exercício fascinante. E tem mais:
mesmo que não se consiga ter o desfecho esperado da situação
porque surgem ângulos não avaliados, ainda assim aqueles
momentos de reflexão sobre a crise ou problema geram uma
energia extra que também não estava prevista para o desfecho
da situação se não tivéssemos feito aquela parada.
– Então sempre o desfecho finaliza de maneira mais positiva.
– Exatamente. Muito bom isto não?

A técnica sugerida pelo personagem professor Ambrósio, “ângulos


de visão”, ou pontos de vista, serve para que possamos ver uma
situação sob vários aspectos, não considerando apenas nosso ponto
de vista, nossa argumentação, mas pensando no vizinho, nas
pessoas envolvidas, nas possíveis respostas e desfechos para
qualquer encontro, discussão ou decisão que tenhamos que
participar.
É preciso ter “consciência de ambiente”, pensar não apenas na
necessidade aparente e imediata, mas em uma necessidade real.
Quando pensamos que queremos algo, estimulados por uma
característica negativa como uma vaidade, por exemplo, estamos
indo contra o que chamo de fluxo da vida. Este fluxo se torna
bloqueado, frustrado, interrompido quando damos mais razão a
uma necessidade equivocada que a uma necessidade interna. Esta
necessidade interna, não é a direção de um ser divino distante, ou
uma divindade externa, mas a tua própria essência, que é a mais
sábia e perfeita. Esta essência habita teu interior. Toda busca por
meditação, por encontrar-se a si mesmo é para desabrochar, para
tornar evidente esta parte interna. E quando aproximamos nossa
vida externa, a vida diária, desta vida interna, estamos no “fluxo da
vida”.
Analisar situações conscientemente, ainda que seja importante dar
ouvidos à intuição, permite que saibamos, que sintamos se
seguimos um fluxo interno ou apenas uma característica
padronizada, estimulada por uma influência do meio externo. Então
72
estaremos diferenciando um impulso da personalidade, de uma
intuição verdadeira.
Esse é um importante exercício, não apenas para uma semana, mas
para a vida inteira. Analisa a todas as possíveis ações sob vários
ângulos, pensa no vizinho, colocando-te no lugar do outro, medindo
consequências de atos e palavras.

Para finalizar esta parte, transcreverei um texto, extraído


novamente da série de tópicos “Uma Nova Humanidade” – Sétima
Parte – Quociente de Ambiente. Novamente, o início e o final do
texto estão sinalizados por nove asteriscos.

*** *** ***


UMA NOVA HUMANIDADE – SÉTIMA PARTE – QUOCIENTE DE
AMBIENTE

A importância de conhecermos a “teoria da consciência de


ambiente” ou, para ficar mais elegante, Quociente de Ambiente,
para esta nossa civilização, está no fato que a maioria das pessoas o
esqueceu.
No momento, acredito que existam, essencialmente, dois tipos de
QA:

1. Aquele da noção de espaço e interação com o ambiente e;


2. Aquele da interação com os semelhantes e sua participação com
eles.

Neste breve tópico tentarei expor meu “conceito” sobre QA de uma


maneira simples, sem tentar abranger muitos aspectos ou
aprofundar-me no tema.
Uma análise de QA, diferentemente daquela que seria a dos QI
usuais, não se faria por avaliação intelectual, mas de situações, de
inserção em um ambiente e da observação e interação com este
ambiente.

73
Neste primeiro aspecto, da noção de espaço e ambiente, não é
preciso que se tenha ideia total de tudo que está num ambiente, ou
que se possa fazer uma lista de objetos, cores, etc. o que significa é
ter uma noção geral de tudo, como uma imersão no ambiente.
Precisamos ter em conta que o QA se alia a uma intuição, portanto,
a percepção de um ambiente não pode estar focada apenas no
mental, mas em outros fatores além das percepções normais dos
sentidos. Assim, classificamos o QA como algo de uma interação
entre o que percebemos com os sentidos físicos aliados aos não
físicos. Algo que alia os sentidos da percepção normal com os da
intuição. Percebemos, portanto, com nossas dimensões de
realidade.

Na análise do QA de alguém, vale saber pesar o que é importante


para mim e o que importa a todos. Um fator de QA também é o
sentido de bem comum, ou senso comum, ou o que pode ser
melhor para um conjunto de pessoas, não apenas para mim mesmo.
Mas isto é diferente do altruísmo. Na ideia do altruísmo está
intrínseco o fator de que é preciso favorecer a alguém ou que
alguém saia favorecido com o ato de um altruísta. Na ideia do senso
comum do QA, não existe a ideia de que alguém vá se beneficiar,
mas é algo inato o fato de que um bem maior será atingido, não
apenas um benefício pessoal ou para uma terceira pessoa. Não se
pensa em fazer algo de bom ou no bem ao outro. O pensamento
não existe, o QA torna “natural” ou “automática” a ideia do senso
comum. E vem uma espécie de esquecimento automático assim que
qualquer ato que seria “bom” seja realizado. Nada de dar algo com
o nome gravado, para que não esqueça quem o deu... Bem
diferente do sentido comum do bem. Passado o ato, nem se sabe o
que foi feito.

Alguém que seja deficiente de QA, se podemos dizer assim, precisa


de grupo, pois é, essencialmente, um ser social. Ele precisa do apoio

74
e equilíbrio que o grupo lhe dá. É como um contrapeso ao seu
déficit. O problema fundamental do deficiente de QA se resume ao
fato que possui extremado foco. Um foco tão grande que pode
torná-lo excepcionalmente apto a tarefas complexas ou que exijam
exatidão lógica, o que o mundo geral poderia até classificar como
um virtuoso ou gênio, mas que, fora do seu foco de atuação, vive
como um autômato, com ações, na maioria das vezes padronizadas,
por mais que se pense crítico ou com padrão de comportamento
social “normal”. É comum que sejam pessoas que não sabem
expressar suas emoções e sejam de difícil convívio, mas não é uma
regra geral.
O QA diminui com stress, excesso de foco em atividades materiais,
na 3D. Quando o QA diminui o que prevalece é o conhecimento, não
a sabedoria.

Acredito que o QA possa ser estimulado. É possível treinar a atenção


e os “ângulos de visão” para que ele se expanda. Entretanto, é
preciso que uma grande autoanálise tenha sido feita para descobrir-
se deficiente de QA. E é preciso uma grande força de vontade para
querer quebrar um padrão estabelecido pela própria personalidade.
A ideia dos ângulos de visão foi de certa maneira exposta no livro
“Os Incríveis Seres de Dois Mundos”, nas palavras do personagem
professor Ambrósio, a partir do final da página 167 e na página 168.
A ideia dos ângulos de visão é aquela de tentar observar ao máximo
as possíveis consequências de um ato. Analisar todas as possíveis
ações e reações de um ato, de uma conversa e suas possíveis
consequências. Certo está, como expressa o citado texto, que por
mais que se pense ou elabore as situações possíveis, uma situação
verdadeira, quando surgir, será ou terá um contexto ou algum
ponto que não tenha sido possível examinar ou imaginar. Ainda
assim, a formação das ideias que surgem, as possíveis reações e as
possíveis respostas sempre trarão amadurecimento,
enriquecimento e uma evolução no senso comum de quem assim
procede.

75
A expansão do Quociente de Ambiente permite que uma pessoa
perceba o mundo a sua volta, sua relação com as outras pessoas e
não se importe apenas com o seu próprio mundo. É preciso que o
leitor atento entenda que ter pouco QA não significa ser egoísta.
Pode até ser que um egoísta tenha pouco QA, mas em geral o
desprovido de QA não tem maldade nata para desagradar aos
demais, apenas não sabe ser diferente porque não consegue
perceber-se ou perceber o contexto geral e as necessidades ou
sentimentos alheios.

Há um paradigma, em relação ao desenvolvimento de determinada


característica, porque é sabido que nascemos com as características
que expressamos. É possível aprender a controlar ou diminuir
características que sejam negativas. Porém, desde a mais tenra
idade, desde a saída do útero já expressamos o que somos. Desde a
primeira infância, se a pessoa é chorona, vai ser chorona; se é
agradável será agradável; se é orgulhosa, vai ser orgulhosa. Diante
disto, uma das coisas mais importantes que precisaríamos fazer,
principalmente os parentes, os pais ou até a própria pessoa, seria a
construção de um “diário” ou uma pequena agenda de resumos das
reações desde a mais tenra idade, desde a saída do útero. Isto
mostra o que a pessoa é. Assim que começasse a escrever, cada um
já poderia ir anotando coisas importantes, sobre como faz suas
escolhas, como decide sua vida. Esta identificação de características
torna mais fácil que determinados padrões de conduta possam ser
modificados. Esta identificação das reações e características é um
dos pontos mais importantes para o autoconhecimento, pois assim
nos tornamos conscientes de como somos. Tornamo-nos
conscientes de quem somos, e somos donos do nosso destino.
Quem é consciente de si mesmo não espera que alguém lhe mostre
caminhos, direções, prognósticos. Uma pessoa consciente não
precisa da resposta do terapeuta, da cartomante, do astrólogo,

76
porque todas estas definições que ela precisa ter ela traz consigo,
por observar-se. Se alguém não se observa, fica perdido.
Tem aqueles que dizem que “vão buscar nos outros apenas a
confirmação do que eu já sabia”. Enganam-se.
Tu não tens que confirmar nada que tu já saibas, porque se tu vais
confirmar o que já sabes é porque na realidade tu não estás
acreditando em ti. Assim tu não és nada. Se tu precisas da
confirmação do outro, tu também precisas da sugestão do outro (de
estar sugestionado ou receber um sugestionamento). Ao mesmo
tempo, uma sugestão ou prognóstico, quando tem um desfecho
equivocado, contrário ao que foi falado, porque a escolha feita foi
errada, o outro pode usar isto para dizer que “havia falado “ que
não era de tal modo. Assim, não és tu quem decide tua vida, mas
outra pessoa. Que pequenez de vida a de um ser que deixa que
outros definam e decidam por si ou digam quem ele é! Parece que
isto é contrário à vida daquele que quer aprender a evoluir, que
quer estar em meio a pessoas evoluídas, ditando parâmetros sobre
uma nova humanidade.
Se por acaso as decisões estiverem muito difíceis, e decisão é
sempre assim: uma coisa ou outra; um sim ou um não; um aqui ou
ali; é isto ou aquilo. Se estiver muito difícil, faz o seguinte: pega uma
moedinha, joga ela para cima e vê se deu cara ou coroa. Se estiver
muito difícil a escolha, ou parecer importante demais, faz três vezes.
Se estiver quase impossível, faz nove. Se algo der errado, a decisão
foi tua, tu decidiste só, não foi a indicação de um terceiro e não vais
criar mais problemas com aquelas coisas dos prognósticos e do
envolvimento de outras pessoas com aquilo que foi a tua própria
decisão.

Finalizando:

- O QA é uma das chaves essenciais para se viver num ambiente com


outras pessoas.

77
- Estes que pretendem saber do futuro ou da vida alheia, deveriam
dizer apenas isto: eu posso prever que, se eu te disser o que queres
saber, teu futuro não vai ser como tu queres que seja. É a única
coisa razoável, sensata, verdadeira e íntegra que alguém poderia
dizer para quem lhe pergunte sobre seu futuro.
*** *** ***

Finalizo por aqui os exercícios e as definições principais para este


curso. Seguem alguns complementos.

78
COMPLEMENTOS

O SOM DO SILÊNCIO
Uma das maneiras de se perceber a entrada em meditação, após o
reconhecimento do estado intermediário, é perceber, sem forçar e
sem querer, os sons que advém como consequência do
afrouxamento da mente.
Esses sons já foram muitas vezes descritos em antigas literaturas,
mas nunca foram de todo elucidados, parecendo mais poesia ou
apenas palavras que descreviam uma experiência particular.
Os sons existem. E podem ser como estrondos muito variados.
Podem assemelhar-se a batidas fortes como de um martelo, o som
de um tantã, até um trovão. Geralmente o trovão é o melhor
indicativo do estado mais profundo de meditação. Gotas de chuva
ou mesmo o som de uma garoa de verão podem ser também
indicativos deste estado sendo atingido.
Um som muito importante e que em geral causa apreensão, medo
ou insegurança nos que se iniciam a praticar algum tipo de
meditação, especialmente os que o fazem sozinhos, é aquele chiado
que se parece com “ZZZZZZZZ” dentro da cabeça. Quando ficamos
em silêncio, em serenidade, podemos escutá-lo. Ele causa
estranheza porque a maioria das pessoas não está acostumada a
acalmar o ruído do mundo, estão sempre com o aparelho de som,
televisão, conversas, acompanhadas de outras pessoas ruidosas.
Querem isto para não deixarem o silêncio mostrar a elas quem são
de fato. Alguns falam que este som é o “som do maquinário
interno”. Até pode ser. O fato é que ele é um bom sinal. E também
pode ser um bom, excelente exercício escutar o som do silêncio, o
chiado interno “ZZZZZZZZ”. Ele indica que tu estás em harmonia
com algo que não é o externo apenas. Se queres te acalmar em
algum lugar, busca o som interno “ZZZZZZZZ”.

79
QUEM PODE MEDITAR
Qualquer um pode meditar, mas os resultados dependem do nível
de envolvimento ou entrega ao processo.
Não é objetivo deste breve curso dar todos os pormenores do que
acontece no plano interno para se alcançar a iluminação ou
ascensão. Isso é objetivo de outros trabalhos que temos realizado
ao longo dos anos. Entretanto, cabe fazer uma distinção entre
aquelas pessoas que buscam uma harmonia, um equilíbrio em suas
vidas, que procuram viver melhor, daquelas que querem realmente
se aprofundar no processo meditativo ou de encontro consigo
mesmas.
Cabem aqui, algumas ideias para reflexão e pesquisa.
Coisas como: dieta vegetariana, sono, exercícios, leituras e certo
controle da energia sexual fazem muita diferença para o processo.
Se analisarmos o fator da dieta, veremos que o respeito pelas
espécies é o fundamental para que se consiga um equilíbrio interno.
A ingestão de carnes também provoca muitos distúrbios em nível
energético, gerando maior agressividade ou, no mínimo, que as
pessoas ainda estejam inseridas no meio de pessoas agressivas. Não
vamos entrar no aspecto filosófico da questão, pois isto demandaria
páginas e mais páginas e não é nosso objetivo aqui. Existe muita
controvérsia neste sentido, mas seria preciso entender que é muito
diferente ingerir a seiva de animais que a de seres do reino vegetal,
os quais se doam para uma ainda necessária alimentação. É um fato
que neste planeta a maioria das pessoas morreria se a alimentação
animal fosse retirada de vez do contexto. Os motivos para isto estão
ligados especialmente ao padrão humano e a massificação de
conceitos. Tenho escrito muitos artigos sobre este ponto
importante.
Vimos alguns exercícios e a importância que tem para o devido
relaxamento. Até a qualidade do sono melhora com alguma
movimentação diária. O tempo de sono e a qualidade deste sono
podem ser melhorados com a prática dos exercícios para meditação,

80
mas é preciso que descubramos o tempo que necessitamos para
manter um equilíbrio deste aspecto. Dormir menos que o
necessário pode fazer com que os resultados das práticas demorem
mais tempo para aparecerem, porque cada vez que começarmos a
fazer uma prática, o sono vem.
Da mesma maneira que as atividades cotidianas nos envolvem e
dificultam a entrada em um estado de tranquilidade mais
rapidamente, o tipo de leitura, de música ou filme pode perturbar
ou poluir nossa mente, tornando mais difícil encontrar a meditação.

A energia sexual também precisa estar recebendo a devida atenção


ou ser o alvo das meditações para que se encontre um equilíbrio.
Alguém que pensa apenas em tirar vantagem do sexo oposto ou do
parceiro, que apenas pense no prazer ou na satisfação sensorial vai
usar a meditação apenas para poder refletir melhor sobre seu
cotidiano, não para o processo mais interno. Já alguém que busca
uma relação mais profunda com outras pessoas, esta pessoa está
num caminho de encontro mais adiantado. Tenho falado muito a
respeito deste ponto quando esclareço sobre a energia sexual nos
encontros sobre MOINTIAN. Aconselho que busquem por mais
informações nos blogs que mantenho e meu canal do Youtube.
Aconselho também que saibam distinguir as fontes de informações
sobre a energia sexual, pois a maioria das técnicas e teorias
proporciona apenas mais energia ou potência sexual, estimulando a
parte externa e não o encontro interno.

A meditação, conforme colocada aqui estimula para que o equilíbrio


geral se estabeleça. Será mais claro para o aluno aperceber-se de
seu próprio corpo, de seu próprio mundo e de como dirige a
atenção para os processos de sua vida. Com isso, acredito que será
possível determinar fatores que impeçam uma harmonia geral e um
equilíbrio tal que permitam uma mudança de padrões e
restabeleçam o ritmo próprio do organismo. Acredito que o aluno
inteligente também será capaz de reconhecer em si seus limites, o

81
que poderá ser uma grande chave para informar se está cometendo
exageros, se pode cometer um exagero em determinado momento,
e o ponto onde poderá parar e deixar o seu corpo voltar ao
reequilíbrio.

ALÉM
Neste curso, falamos da primeira fase do processo de integração
pessoal, de autoconhecimento. O que vem a seguir, como a conexão
com a parte superior, interna ou divina que temos em nosso
interior, pode ser estimulada e acelerada através da utilização de
outras ferramentas.
Cada um fica absolutamente livre para seguir seu caminho a partir
daqui, mas que procure um caminho livre com ferramentas eficazes
e que tragam resultados palpáveis, sem fantasias.
Se houver interesse, busca conhecer ao MOINTIAN, que é um
método seguro e potente para um trabalho definitivo.
Nele fazemos uso de práticas diferenciadas: concentração através
da energia universal; a autoaplicação como forma de concentração;
o uso da energia para provocar estados alterados de consciência, o
afrouxamento da mente e a própria meditação; o sentido da energia
como sendo a ferramenta mais rápida para trazer a meditação para
a vida prática.
Aconselho que leias a série de artigos “Uma Nova Humanidade”,
disponível no blog “Conversando Sobre MOINTIAN”.

82
PONTO FINAL
Se deixamos que se manifeste a vida que nos é própria, dizemos que
seguimos um fluxo. O fluxo da vida interna, ditada por nosso Eu
verdadeiro, superior, e que de fato tem algo a realizar neste plano
de existência. A caminhada de autoconhecimento não deve ter
como objetivo alcançar metas materiais, mas alcançar este fluxo. A
partir da entrada neste fluxo, todas as coisas necessárias para nossa
vida chegarão naturalmente até nós ou reconheceremos que já as
temos. A busca é para encontrar o que já somos. E viver isto
plenamente. Com alegria. Sempre com alegria.

E, sempre, continuamos...

83
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