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A C Ó R D Ã O

7ª Turma
GMIGM/ms/fn

TRABALHO RELIGIOSO –
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PARA
IGREJA – RELAÇÃO DE
EMPREGO CARACTERIZADA –
AFASTAMENTO DA CONDIÇÃO DE
PASTOR – SUBORDINAÇÃO,
EXIGÊNCIA DE CUMPRIMENTO
DE METAS E SALÁRIO – LIVRE
CONVENCIMENTO DO JUÍZO –
ART. 131 DO CPC – REEXAME
DE FATOS E PROVAS VEDADO
PELA SÚMULA 126 DO TST.
1. A Lei 9.608/98
contemplou o denominado
“trabalho voluntário”,
entre os quais pode ser
enquadrado o trabalho
religioso, que é prestado
sem a busca de
remuneração, em função de
uma dedicação abnegada em
prol de uma comunidade,
que muitas vezes nem
sequer teria condições de
retribuir economicamente
esse serviço, precisamente
pelas finalidades não
lucrativas que possui.
2. No entanto, na
hipótese, o Regional, após
a análise dos depoimentos
pessoais, do preposto e
das testemunhas obreiras e
patronais, manteve o
reconhecimento de vínculo
empregatício entre o Autor
e a Igreja Universal do
Reino de Deus, pois
concluiu que o Obreiro não
era simplesmente um
pastor, encarregado de
pregar, mas um prestador
de serviços à igreja, com
subordinação e metas de
arrecadação de donativos a
serem cumpridas, mediante
pagamento de salário.

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3. Assim, verifica-se que
a Corte “a quo” apreciou
livremente a prova inserta
nos autos, atendendo aos
fatos e circunstâncias
constantes dos autos, e
indicou os motivos que lhe
formaram o convencimento,
na forma preconizada no
art. 131 do CPC.
4. Nesses termos, tendo a
decisão regional sido
proferida em harmonia com
as provas produzidas,
tanto pelo Autor, quanto
pela Reclamada, decidir em
sentido contrário
implicaria o reexame dos
fatos e provas,
providência que, no
entanto, é inadmissível
nesta Instância
Extraordinária, a teor da
Súmula 126 do TST.
Recurso de revista não
conhecido.

Vistos, relatados e discutidos estes


autos de Recurso de Revista n° TST-RR-19800-
83.2008.5.01.0065, em que é Recorrente IGREJA UNIVERSAL
DO REINO DE DEUS e Recorrido CARLOS HENRIQUE DE ARAÚJO.

R E L A T Ó R I O

Contra a decisão do 1º Regional que


negou provimento ao seu recurso ordinário (seq. 1, págs.
498-512) e negou provimento aos seus embargos de
declaração (seq. 1, págs. 542-544), a Reclamada interpõe
o presente recurso de revista, postulando a reforma do
julgado quanto ao:
a) vínculo empregatício com pastor;
b) multa do art. 477 da CLT;
c) valor dos danos morais (seq. 1,
págs. 551-574).
Admitido o apelo (seq. 1, págs. 640-
2
641), foram apresentadas contrarrazões (seq. 1, págs.
644-650), sendo dispensada a remessa dos autos ao
Ministério Público do Trabalho, nos termos do art. 83, §
2º, II, do RITST.
É o relatório.

V O T O

I) CONHECIMENTO

1) PRESSUPOSTOS GENÉRICOS

O recurso é tempestivo (seq. 1, págs.


546 e 551) e a representação regular (seq. 1, pág. 304),
encontrando-se devidamente preparado, com as custas
recolhidas (seq. 1, pág. 471) e o depósito recursal
efetuado, no limite legal (seq. 1, pág. 575).

2) PRESSUPOSTOS ESPECÍFICOS

a) VÍNCULO EMPREGATÍCIO – PASTOR


EVANGÉLICO

Tese Regional: As duas testemunhas do


Reclamante denunciaram, expressamente, que este tinha
metas de arrecadação dos donativos a cumprir, recebendo
quantia fixa pelo exercício do mister e, que não podia
exercer outra atividade. As testemunhas presenciais da
Reclamada, apesar de negarem a subordinação e as metas,
também denunciaram o pagamento de quantia mensal a título
de ajuda de custo. Sendo assim, da análise do conjunto
probatório, é certo que o Autor não era simplesmente um
pastor, encarregado de pregar, mas um prestador de
serviços à instituição, com subordinação e metas a serem
cumpridas, mediante pagamento de salário, sendo
imperativo o reconhecimento do liame empregatício e a
condenação da Reclamada ao pagamento das parcelas

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contratuais e rescisórias (seq. 1, págs. 500-508).

Antítese Recursal: É incontroverso que,


durante mais de 8 anos, o Reclamante atuou como pastor
evangélico e líder espiritual devotado às suas convicções
de fé e, por acreditar na missão evangelizadora, resolveu
espontaneamente abraçar sua vocação sacerdotal para
pregar a palavra de Deus, não se encontrando ligado à
Reclamada por uma relação de emprego, pois não foram
atendidos os requisitos dos arts. 2º e 3º da CLT,
indispensáveis para o reconhecimento de vínculo
empregatício entre as Partes. Em seu depoimento, o
Reclamante afirmou que atendeu ao chamado para pertencer
à igreja, motivado pela fé, e que ministrava culto,
utilizando-se da bíblia em sua pregação, evidenciando-se
aí a sua confissão real, tipificada nos arts. 334, II, e
354 do CPC. Por se identificar com o ideário da
instituição religiosa, o ministro sacerdotal adere aos
ritos espirituais, às crenças e aos dogmas ali
professados para o exercício da atividade religiosa, em
obediência à sua fé e vocação, sendo que o valor recebido
pelo sacerdote não é salário, remuneração ou retribuição,
mas um suporte econômico suficiente para sustentar o
religioso e a sua família. Assim, deve ser afastado o
vínculo de emprego reconhecido judicialmente, sob pena de
violação dos arts. 5º, II e LV, da CF, 2º, 3º, 442 da CLT
e divergência de outros julgados (seq. 1, págs. 554-570).

Síntese Decisória: De início, cumpre


destacar que não há tese na decisão recorrida quanto à
alegada confissão real do Reclamante, tampouco sob a
senda do contido nos arts. 334, II, e 354 do CPC, razão
por que, sobre este aspecto, emerge o óbice da Súmula 297
do TST.
De outro lado, quanto ao trabalho
religioso, cumpre destacar que a controvérsia do início
da Idade Média foi solvida com a distinção entre trabalho

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profissional e estado religioso:
a) trabalho profissional – o trabalho
no meio do mundo, no exercício de uma profissão ou
ofício, correspondia a um serviço que mereceria uma
retribuição terrena, na base de honorários ou salário; e
b) estado religioso – o serviço
prestado pelo religioso a Deus e à comunidade
correspondia à resposta a uma vocação divina, segundo a
qual o homem esperaria uma retribuição extra-terrena.
Para o seu sustento, os integrantes das
ordens religiosas (monges, frades e freiras), como também
os membros da hierarquia da Igreja Católica (bispos e
sacerdotes) e das diversas confissões evangélicas ou de
outras religiões (pastores, rabinos, etc), contam com as
doações e esmolas do povo fiel. Essas contribuições não
têm, de forma alguma, a conotação de comutatividade, ou
seja, de retribuição material por um serviço de natureza
espiritual. Isso constituiria o pecado de simonia,
condenado desde os primórdios do Cristianismo: venda ou
promessa de bens espirituais em troca de vantagens
materiais (Simão, o Mago, pretende pagar a S. Pedro para
que lhe transmita o poder de impor as mãos sobre as
pessoas, para lhes dar o Espírito Santo: Atos dos
Apóstolos, Cap. 8, v. 18-24).
Todas as atividades de natureza
espiritual desenvolvidas pelos “religiosos”, tais como
administração dos sacramentos (batismo, crisma,
celebração da Missa, atendimento de confissão, extrema
unção, ordenação sacerdotal ou celebração do matrimônio)
ou pregação da Palavra Divina e divulgação da fé
(sermões, retiros, palestras, visitas pastorais, etc),
não podem ser consideradas serviços a serem retribuídos
mediante uma contraprestação econômica, pois não há
relação entre bens espirituais e materiais, e os que se
dedicam às atividades de natureza espiritual o fazem com
sentido de missão, atendendo a um chamado divino e nunca
por uma remuneração terrena. Admitir o contrário seria

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negar a própria natureza da atividade realizada.
Pode ocorrer, no entanto, o
desvirtuamento do serviço religioso, com consequências
variadas para as relações entre o religioso e a
instituição a que pertence:
a) desvirtuamento do religioso, que
perde o sentido mais elevado de sua vocação e que
pretende receber uma “indenização” pelos anos de
dedicação à instituição na qual serviu, ao se desligar
dela; e
b) desvirtuamento da instituição, que
perde o seu sentido de difusão de uma determinada fé,
para transformar-se em “mercadora de Deus”, estabelecendo
um verdadeiro “comércio” de bens espirituais, mediante
pagamento.
No primeiro caso, o desvirtuamento da
vocação religiosa não permite o reconhecimento de uma
relação de emprego com a Instituição à qual se filiou o
“religioso”. Isto porque os integrantes da hierarquia da
Igreja, os membros de uma ordem religiosa, os pastores,
rabinos e representantes das diversas religiões se
confundem com a própria instituição.
No segundo caso, pode haver
instituições que aparentam finalidades religiosas e, na
verdade, dedicam-se a explorar o sentimento religioso do
povo, com fins lucrativos. Nesse caso, o caráter
“comercial” da “igreja” permite que seja reconhecido o
vínculo empregatício entre os “pastores” e a instituição.
Só assim se entende que haja sindicatos de pastores,
criados para defender os interesses trabalhistas de uma
“categoria profissional dos pastores” contra uma
“categoria econômica das igrejas evangélicas”.
Em fevereiro de 1998, foi editada a Lei
9.608/98, para dirimir as discussões de membros ou
colaboradores de confissões religiosas que, dedicando-se
voluntariamente ao serviço dessas instituições,
pretendiam, depois, o reconhecimento de vínculo

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empregatício quando deixavam de se dedicar a elas,
buscando um ressarcimento pelo tempo que a elas
dedicaram.
A Lei 9.608/98 veio justamente dar uma
roupagem jurídica a esse tipo de situação, contemplando o
denominado “trabalho voluntário”, que é prestado sem a
busca de remuneração, em função de uma dedicação abnegada
em prol de uma comunidade, que muitas vezes nem sequer
teria condições de retribuir economicamente esse serviço,
precisamente pelas finalidades não lucrativas que possui.
De outro lado, verifica-se que o art.
22, § 13, da Lei 8.212/91, estabelece que:

“§ 13. Não se considera como remuneração direta


ou indireta, para os efeitos desta Lei, os valores
despendidos pelas entidades religiosas e instituições de
ensino vocacional com ministro de confissão religiosa,
membros de instituto de vida consagrada, de congregação
ou de ordem religiosa em face do seu mister religioso ou
para sua subsistência desde que fornecidos em condições
que independam da natureza e da quantidade do
trabalho executado” (grifos acrescidos).

Contudo, na hipótese dos autos, nos


termos do que foi registrado pelo Regional, verifica-se
que o Reclamante era obrigado a cumprir metas, de forma
que, de fato, o que se depreende daí é que percebia
remuneração sobre a qual, inclusive, incide contribuição
previdenciária, em consonância com a legislação
específica retromencionada.
No entanto, no caso dos autos, o
Regional cuidou de transcrever trecho do depoimento
pessoal do Reclamante que permite verificar que este
tinha metas a cumprir quanto à arrecadação de doações,
cujos valores eram sempre majorados no mês seguinte; que
exercia a atividade de administrador da igreja; que nunca
teve ata para o exercício de pastor; que ministrava
cultos e cuidava das condições físicas da igreja e ia na
rua para arrecadar pessoas e doações (seq. 1, pág. 502).

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Já o preposto da Reclamada afirmou que
a ata de consagração é uma confirmação dada pela igreja
para que a pessoa possa realizar batizados, casamentos,
etc, e que o Obreiro não tinha a referida ata (seq. 1,
págs. 502-503).
Consignados o depoimento pessoal e do
preposto, o Regional assentou ainda os depoimentos das
testemunhas e concluiu que:

“Ora, as duas testemunhas do autor (Colaboradores


da Igreja) denunciaram, expressamente, que o autor tinha
metas de arrecadação dos donativos a cumprir, bem como
recebia quantia fixa pelo exercício do mister e, ainda, que
não podia exercer outra atividade.
Por seu turno, as duas presenciais da ré, são Pastores
e, apesar de negarem a subordinação e metas, também
denunciam o pagamento de quantia mensal a título de
‘Ajuda de Custo’.
Sendo assim, da análise do conjunto probatório,
temos como certo que o autor não era simplesmente um
‘Pastor’, encarregado de pregar, e sim um prestador de
serviços à Instituição, com subordinação e metas a serem
cumpridas, mediante pagamento de salário” (grifos
acrescidos) (seq. 1, pág. 508).

Assim, da leitura do acórdão regional,


verifica-se que a Corte “a quo” apreciou livremente a
prova inserta nos autos, atendendo aos fatos e
circunstâncias constantes dos autos, e indicou os motivos
que lhe formaram o convencimento, na forma preconizada no
art. 131 do CPC, o que afasta qualquer pretensão de
cerceamento de defesa, com fulcro na alegação que
circunda a apreciação das provas dos autos.
Dessa forma, verifica-se que a decisão
foi proferida em harmonia com as provas produzidas, tanto
pelo Autor quanto pela Reclamada, em consonância com o
art. 3º da CLT. Logo, decidir em sentido contrário
implicaria o reexame de fatos e provas, o que é
inadmissível nesta Instância Extraordinária, a teor da
Súmula 126 do TST. Sinale-se que não há como cogitar de
divergência jurisprudencial em torno de matéria de prova.

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Pelo exposto, NÃO CONHEÇO do recurso de
revista da Reclamada, no tópico.

b) MULTA DO ART. 477 DA CLT

Tese Regional: A determinação contida


no art. 477 da CLT, de que o pagamento a que fizer jus o
empregado será efetuado no ato da homologação da rescisão
do contrato e no prazo ali estipulado, não pode ser
elidida diante da alegação infundada de inexistência de
relação de emprego (seq. 1, pág. 512).

Antítese Recursal: Indevida a multa do


art. 477 da CLT, uma vez que o Reclamante pretendeu o
reconhecimento em juízo de vínculo controvertido. A
decisão regional divergiu de outros julgados (seq. 1,
págs. 570-572).

Síntese Decisória: No aspecto, a


revista não tem como lograr trânsito, porquanto o
primeiro aresto é oriundo do mesmo órgão prolator da
decisão recorrida, esbarrando no óbice da Orientação
Jurisprudencial 111 da SBDI-1 do TST, ao passo que o
segundo paradigma não informa o órgão prolator, não
havendo como ser verificado o seu enquadramento no
permissivo do art. 896, “a”, da CLT. Da mesma forma, o
terceiro precedente não tem o condão de impulsionar o
apelo, porquanto foi proferido por Turma do TST, o que
não atende ao art. 896, “a”, Consolidado.
Nesses termos, NÃO CONHEÇO do recurso
de revista, quanto ao tema.

c) VALOR DOS DANOS MORAIS

Tese Regional: O Reclamante foi acusado


de roubo e não há nenhuma prova nos autos que demonstre
que tenha cometido o ilícito, o que gera a indenização

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por dano moral. Na busca do valor adequado, o juiz deve
levar em consideração a intensidade do sofrimento do
ofendido, a gravidade, a natureza e a repercussão da
ofensa, a posição social do ofendido, a intensidade do
dolo ou culpa, a situação econômica do ofensor e a
existência de algum tipo de retratação. Nessa linha,
correta a fixação de R$ 19.000,00 (dezenove mil reais),
pois inteiramente compatível com a situação narrada nos
autos, mormente se considerado o porte da Reclamada (seq.
1, págs. 508-512).

Antítese Recursal: Ao fixar o valor dos


danos morais em cinquenta vezes o valor do salário mínimo
nacional, a decisão de origem deixou de observar os
princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, sendo
omissa quanto ao critério e parâmetro para fixação do
“quantum” devido. Assim, o valor merece ser revisto,
determinando-se a sua redução, em observância ao critério
da fixação adotado em nosso ordenamento jurídico, para o
fim de evitar o enriquecimento sem causa do Reclamante. A
decisão regional violou os arts. 5º, V, da CF, 4º da LICC
e 944 do CC e divergiu de outro julgado (seq. 1, págs.
572-574).

Síntese Decisória: Segundo o Regional,


duas testemunhas confirmaram que o Autor foi acusado de
roubo, fato que foi denunciado em uma reunião, assentando
trechos dos depoimentos que confirmariam o ocorrido,
“verbis”:

“Declarou a presencial de fls. 269:


‘...que a depoente compunha uma
reunião onde foi comunicado que o autor
estava sendo afastado sob acusação de
roubo; que a comunicação foi feita pela
pessoa responsável pela unidade onde estava
o reclamante; que na unidade onde estava o
autor, era ele quem era responsável pela
contagem da arrecadação, encaminhamento
dos valores, etc;’
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Por seu turno, informou a testemunha que depôs às
fls. 270:
‘... que sabe que o reclamante foi
desligado da Igreja em uma reunião que
ocorreu num domingo, quando foi
comunicado que o reclamante teria roubado;
que a comunicação foi feita pelo pastor
regional; que o pastor mencionado tinha o
nome de Rogério;...’” (grifos no original)
(seq. 1, págs. 510).

Pois bem, a indenização por dano, como


direito trabalhista, encontra sua previsão em nosso
direito positivo no art. 7º, XXVIII, da CF, que assim
dispõe:

“Art. 7°. São direitos dos trabalhadores urbanos e


rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social:
[...]
XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a
cargo do empregador, sem excluir a indenização a que
está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa”
(grifos nossos).

A indenização pode ser por dano moral


ou material e é cobrável perante a Justiça do Trabalho,
desde que decorrente da relação de trabalho, conforme
disposto no art. 114, VI, da CF, “verbis”:

“Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho


processar e julgar:
[...]
VI – as ações de indenização por dano moral ou
patrimonial, decorrentes da relação de trabalho” (grifos
nossos).

Do cotejo de ambos os dispositivos


constitucionais, extrai-se como conclusão inarredável a
de que a modalidade de responsabilidade contemplada pela
Carta Magna como direito trabalhista e a única para a
qual a Justiça do Trabalho tem competência de impor é a
contratual. Ou seja, não tratam as normas constitucionais

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em apreço da responsabilidade civil ou aquiliana
extracontratual, decorrente da prática de ato que cause
danos a terceiros.
Nesse passo, na esfera contratual, os
parâmetros fixados na legislação civil (arts. 944, 945,
949, 950 e 953 do CC) não atendem, absolutamente, ao
mínimo exigível para reparar o dano e, simultaneamente,
ter efeito pedagógico para dissuadir as empresas de
práticas ou omissões que podem causar dano material ou
moral aos empregados.
Com efeito, a fixação do montante da
indenização por dano moral ou material na esfera
contratual trabalhista deve levar em consideração, pelo
menos, os seguintes elementos:
a) gravidade da lesão;
b) culpa concorrente do empregado;
c) função exercida pelo empregado;
d) remuneração recebida por este;
e) tempo de serviço;
f) porte da empresa e sua capacidade
financeira.
No caso do dano moral, nem todo
sofrimento psicológico é enquadrado como lesão passível
de aferição e indenização, mas somente, em nosso direito
positivo, aquele que afeta os bens constitucionalmente
tutelados pelo art. 5º, X, da CF, “verbis”:

“Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção


de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
[...]
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a
honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação” (grifos nossos).

Somente a ação ou omissão empresarial


que afetar a dignidade do trabalhador em sua dimensão de
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intimidade, vida privada, honra e imagem poderá ser
enquadrada como dano moral passível de indenização
perante a Justiça do Trabalho.
“In casu”, tal como se extrai dos dados
fáticos assentados nos autos:
a) o Reclamante não era simplesmente um
pastor, mas um prestador de serviços à Reclamada;
b) a Reclamada é uma igreja
nacionalmente organizada e conhecida na pregação da
doutrina evangélica;
c) a lesão invocada na reclamação diz
respeito à dignidade do Reclamante, pelo fato de ter sido
acusado de roubo em uma reunião e que teria gerado o seu
afastamento da igreja;
d) restou comprovada a culpa da
Reclamada pela acusação de roubo, sem nenhuma prova capaz
de demonstrar que o Autor tenha cometido o ilícito;
e) o Reclamante trabalhou por cerca de
8 anos e meio para a Reclamada (25/03/99 a 03/12/07);
f) o valor do seu último salário foi de
R$ 2.368,00 (dois mil, trezentos e sessenta e oito
reais).
Ora, a lesão é clara, os bens lesados
enquadram-se no rol dos direitos constitucionalmente
tutelados e a culpa da Reclamada restou demonstrada,
razão pela qual a indenização é devida.
Quanto ao seu valor, em que pese o
montante da indenização ser, subjetivamente, elevado,
objetivamente não é impactante para a Reclamada, a par de
servir pedagogicamente como incentivo à adoção das
medidas necessárias ao cumprimento da legislação
trabalhista ligada à Medicina e Segurança do Trabalho.
Ademais, em se tratando de mensuração
do dano, para efeito de fixação do valor da indenização,
a margem de discricionariedade do magistrado é ampla, à
míngua de tarifação por parte da legislação, até para se
evitar atitudes que se assemelhem à ponderação patronal

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dos ônus entre a conduta lesiva e a sua reparação.
Sendo ampla, está mais afeta às
instâncias ordinárias, por seu contato direto com as
partes e os fatos, ou, ao menos, com acesso livre a toda
a documentação alusiva à lesão e às circunstâncias da
prestação dos serviços.
Assim, apenas nos casos em que o valor
fixado ou mantido pelo Regional patentemente destoa do
razoável, para mais ou para menos, é que se justificaria
uma intervenção do TST, para readequar esse montante, e,
mesmo assim, quando consignados na decisão regional os
elementos fáticos necessários ao juízo de ponderação
valorativa, o que não se verifica no caso, já que, como
exposto, o Regional se utilizou de vários elementos de
impossível verificação nesta Instância Extraordinária,
como a capacidade econômica da Reclamada e a condição
social da vítima e o sofrimento experimentado.
Com efeito, na hipótese dos autos, ao
manter o valor arbitrado aos danos morais, o Regional foi
enfático em consignar que levou em consideração a
intensidade do sofrimento sofrido pelo ofendido, a
gravidade, a natureza e a repercussão da ofensa, a
posição social do ofendido, a intensidade do dolo ou
culpa da Reclamada, a situação econômica da agressora, a
existência de algum tipo de retratação e o porte da
Reclamada (seq. 1, págs. 510-512).
Ademais, considerando o valor da última
contraprestação auferida pelo Reclamante, verifica-se que
a quantia arbitrada pela Origem, de 19.000,00 (dezenove
mil reais), expressa a soma aproximada de oito meses de
trabalho obreiro, não se revelando desarrazoada, mormente
em face do tempo em que o Obreiro prestou serviços à
Reclamada, qual seja, cerca de 8 anos e meio.
Nesses termos, como no caso a
indenização por dano moral foi fixada em montante
razoável, uma melhor adequação do valor demandaria o
revolvimento de fatos e provas, o que é inviável nesta

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Instância Superior, de natureza extraordinária, a teor da
Súmula 126 do TST.
Assim, NÃO CONHEÇO da revista, no
particular.

ISTO POSTO
ACORDAM os Ministros da Sétima Turma do
Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade, não
conhecer do recurso de revista.
Brasília, 08 de fevereiro de 2012.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


IVES GANDRA MARTINS FILHO
Ministro Relator

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