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Escrutínio Intersubjetivo do Sofrimento – Bola 5

Parte 1

Há muito tempo atrás, a exata mesma questão fora abordada em mais uma de minhas
investigações pelo singular comportamento de alguns adolescentes. Certamente, você não
teve contato ou não sabe do que estou falando. Os objetos de estudo aqui retratados são:
a mentalidade por trás dos “Conteúdos Dark”, o que leva um jovem a seguir tal moral “da
fraqueza”, como algo assim pode ter feito tanto sucesso e, tudo isto, para responder a
maior indagação aqui feita: por que as pessoas buscam o sofrimento? Claro, falo de
maneira genética, e não universal.
O que chamo de Conteúdos Dark são aqueles grupos, comunidades ou páginas as quais
têm em comum o conteúdo lúgubre que se reflete na triste condição de determinados
indivíduos. Veja, abaixo, um exemplo de conteúdo de tais páginas:

Pode parecer algo inocente, já que foi naturalizado em nossa sociedade. Alhures, tais
comportamentos também tornaram-se um padrão. Hoje, graças aos meus
aprofundamentos sociológicos e filosóficos, enxergo um problema muito maior do que
um simples modismo. Em meados de 2014, pensei: “como os adolescentes podem seguir
tal coisa e definirem-se por tais páginas? Incomodo-me com tais postagens, mas tantos
indivíduos seguem-nas. Principalmente no quesito do sofrimento. O que os levou a fazer
tal escolha?”. Ficava enfadado por ser um garoto com alguns problemas, mas,
independente disto, nunca os compartilhar direta ou indiretamente no Facebook.
Quando algum cara repartia os sofrimentos por meio destas postagens, ficava claro que
ele desejava mostrar isto às pessoas. Ora, se não quisesse, não o teria compartilhado. Se
desejasse esconder algo do conhecimento das pessoas, não faria sentido algum realizar
tal ação contrária. Este raciocínio leva-nos à seguinte pergunta: o que incentiva um
indivíduo a compartilhar suas dores com o público? Desenvolvi, inicialmente, duas
possibilidades: procura por ajuda ou imagem. Definições tão simples essas que chegam a
nos incomodar, não é verdade? Ora, o indivíduo pode querer a atenção de alguém, e
permitindo o Facebook tal oportunidade, não há motivos para não o fazer. É algo natural.
Veja, por exemplo, as pessoas que passam dificuldades e usam as redes sociais para
fazerem denúncias, pedirem ajuda, darem uma “indireta”, desabafarem sobre um crime,
etc. Ademais, é quase esta a utilidade de uma rede social: unir pessoas a pessoas e
situações. Não obstante, alguns utilizam tais veículos da comunicação para enaltecer o
próprio ego. Veja, por exemplo, este sujeito:
Não impressiona o fato de existirem pessoas tais qual ele, mas sim as 115 mil reações,
88 mil comentários e 2.699 compartilhamentos. Seriam essas pessoas incapazes de ver a
espúria tentativa de gerar uma imagem positiva às custas do sofrimento alheio? Digo isto
porque, além de apelar para a religião, o jovem também usa fotos de pessoas com doenças
graves e descrições como: “quem não tem preconceito vai curtir e comentar amém”.
Nestes pontos, a Internet aparenta ter causado um retrocesso. Apersar da alcunha egoísta,
procuro aqui elucidar que, tais qual ele, também buscamos uma imagem através de nossas
ações. A grande divergência entre os humanos neste quesito é: que imagem?
Alguns querem ser conhecidos como salvadores da humanidade, outros querem ter a
honra de ajudarem e não terem um reconhecimento tão grande pelo público, já que
acreditam que o bem é algo que deve ser feito às escondidas e não precisa de ibope.
Existem até mesmo aqueles que cometem crimes graves e têm o prazer por vicejar os
feitos. Imagine o antigo facínora do Oeste, o qual orgulhava-se ao ver sua foto com um
gordo valor antecedido por um “Procura-se”. Por conviver em sociedade,
inevitavelmente, o indivíduo receberá uma imagem, uma etiqueta. Esta, como disse
acima, varia em grau e número. A fim de poupar explicações demasiadas sobre o tema,
já que não é escopo aqui, afirmo apenas que as pessoas querem ser vistas tal como
desejam. Esta explicação não ajuda muito, mas continuemos. Possível ou não, elas vão
lutar para atingir seus objetivos quanto ao reconhecimento público, e tal fulcro pode ser
também o desconhecimento.
Voltando ao assunto, se um sujeito qualquer posta determinada coisa que diz respeito a
um possível estado de coisas ao qual ele se encontra, existe algum fundamento em obter
prestígio através de uma fraqueza? Digo, é normal ver pessoas que entram em faculdades,
que ganham na loteria, que fazem grandes ou pequenos feitos, postarem tudo no Facebook
para obter atenção, mas qual base ideológica por trás de uma postagem como:

Muitos diriam que trata-se de uma mera comicidade. Entretando, alguns jovens levam
tais máximas para a vida. Você certamente já ouviu alguém dizer, ou até mesmo já disse:
“Não sei. Sou de humanas”. Acredito que a grande maioria das pessoas que afirmaram
tal coisa não estudam as ciências humanas e as têm como opção apenas pela inaptidão
nas ciências naturais. Não há problema algum em fazer comentários histriônicos sobre
nossos defeitos. O problema existe quando isto se torna um hábito e o indivíduo desiste
de traçar uma teleologia progressiva. Isso significa que ele tornará a vida uma coisa
cômica, de modo que viverá tal comédia. Chamaremos isto de conformidade. Aquele
cara que sempre quis ter um corpo sarado pode conformar-se em: “comecei minha dieta
na segunda, mas a pizza me impediu”. Ele passa a adquirir maus hábitos alimentares em
função de uma piada para recobrir o seu erro. E por que fazer isso? Terei que usar um
termo do filósofo Nietzsche: a moral dos fracos.
Existe uma inverção de valores que faz os indivíduos primarem o fraco. Aqueles que
estudam muito sofrem coerção e são estigmatizados como esnobes por aqueles que são
“de humanas”. Uma falsa humildade toma as palavras dos indivíduos claudicantes e faz
atitudes que induzirão ao fracasso serem mais valorizadas do que as boas atitudes. O
hodierno: “não sei o que fazer com tanta matéria acumulada” é mais dito que o “ao invés
de me lamentar no Facebook, irei estudar”. Entendeu que o problema vai além de um
simples modismo? Daí, você compreende a necessidade de alguns indivíduos em mostrar
suas dores: é um valor que é primado em relação ao seu antagônico para amenizar o
sofrimento em não atingir os objetivos. Se um sujeito não pode ter uma ferrari, por
exemplo, pode dizer que um fusca é melhor que a ferrari. Ele interioriza tanto esta verdade
que passa a acreditar mesmo nela. Doravante, compartilha suas ideias e, os indivíduos
que não têm uma ferrari também seguem a moral do fusca. Com o tempo, a grande maioria
da população concordará que a ferrari é subjacente ao fusca. Assim nasceu a moral dos
fracos.
Essa inversão não é atual. Os pacientes mais velhos os quais ficam nos hospitais têm o
costume de comentar com outros pacientes: “mossa, estou com cálculo renal e sinto fortes
dores no abdômen”, e o outro retruca: “caramba! E eu, que estou com a diabetes lá em
cima, além de estar com um tumor no pâncreas?”, e, por fim, chega aquele: “que sorte de
vocês! Tenho apenas uma semana de vida, já que meu tumor no cérebro está
completamente avançado”. Temos um vencedor. Eles poderiam competir em saúde, mas
como não o podem fazer, usam os defeitos. O pior é o melhor. Entenda, pois, que além
da luta pelo prestío entre os fortes, os ricos, os atletas, existe também uma competição
para ver quem se encontra em pior situação entre os fracos, os pobres, os sedentários. O
que importa ao homem é o destaque: seja como melhor, seja como pior.
Isso nos retoma brevemente a busca por uma imagem. As páginas D4rk auxiliam alguns
indivíduos em identificarem determinadas dores, outrossim, contribuem para que outros
usem suas fraquezas como qualidades; tornando-se, pois, coitadinhos de um mundo
injusto, uma vez que existem os felizes, os que têm uma família estável. Estes sortudos
ganham uma imagem negativa, tornam-se vilões, e o paupérrimo que, ao invés de buscar
uma forma de melhorar a vida, apenas se queixa dos problemas, adquire uma imagem
heróica. “A vida foi ruim com ele” – não é possível escolher o local de nascimento, mas
apegar-se a tais reclamações e usá-las para limitar os outros é deveras injusto. PAREI
DE ANALISAR AQUI Pior ainda àqueles que lutaram e conseguiram cumprir os
objetivos; a meritocracia é falha, eu sei. Não afirmo em momento algum que há plena
justiça e que tudo pauta-se em eventos determinísticos. Bem dizia Maquiavel: “temos
metade da autonomia de nossa vida, a Virtú. A outra metade, a Fortuna, é controlada pelo
acaso. O bom príncipe sabe usar a Fortuna a favor da Virtú”.
O que significa isto? Ora: “Se a vida te der limões, faça uma limonada”. Embora existam
determinadas dificuldades, podemos tirar proveito de algumas delas. Se sou mendigo, não
preciso me preocupar em pagar contas ou comprar automóveis. Caso eu não tenha muitos
amigos, poder-me-ia investir o tempo que usaria com eles para leitura ou estudos,
atividades físicas. Respectivamente, nas duas situações, há também a possibilidade de eu
trabalhar e sair da mendicidade ou procurar amigos; solucionando, pois, ambos
problemas. Qualquer medida do tipo é aconselhável. O único problema surge quando o
indivíduo permanece adinâmico perante os problemas. Não aprende a viver com
determinadas vicissitudes e põe-se a reclamar de tudo. Ele torna-se uma força improdutiva
na sociedade em alguns casos, o que prejudica o funcionamento do holismo. Muitos vêem
aí o comunista que não pôde se tornar burguês. Além de prejudicar as instituições em
geral, o dano pode ser ainda maior quando o sujeito tenta limitar a grandiosidade dos
outros. Não se tratam das greves por reivindicações de salário, mas de indivíduos que,
neste exemplo, trabalham sem disciplina ou vontade, e mesmo assim, vêem-se no direito
de despojar os bens daqueles que lutam para adquirir sucesso financeiro. Claro, nem
sempre os outros lutam, mas a tentativa de limitar alguém é, como diria Nietzsche,
marcante na moral dos fracos.
Tal advento aconteceria nas páginas D4rk com as pessoas felizes, por exemplo. Muitas
páginas pregam que o tipo ideal de pessoa é aquela que não é festiva, sujeito sério, amante
da cor preta, rock, etc. Isso prejudica os sorridentes e extrovertidos. O ideal seria valorizar
ambos tipos de personalidade, já que todas possibilidades oferecem prós e contras em
determinadas situações. Basta saber explorar isto. O indivíduo sério não daria um bom
comediante, no entanto, um ótimo pintor, por exemplo. Não culpo ou estigmatizo aqueles
que buscam uma imagem “negativa” por intermédio de tais páginas; apenas que o faça
por pura vontade, e não pela negação dos escopos ou pelo arrefecimento das vontades de
poder. Se o indivíduo quer ser um médico, que lute para isto. Não perca tempo
lamentando-se do árduo caminho, apenas lute. Caso não consiga chegar, evite a
pusilanimidade de afirmações como: “Ele nasceu no berço de ouro, por isso virou médico;
Claro, assim é fácil, porque o papai paga tudo! ; Com ensino de qualidade qualquer um
consegue!”. Qualquer estudante de medicina sabe bem que o caminho é árduo para ambas
as partes, acentuando-se àqueles que têm preocupações além da faculdade. O mérito de
ambos lados não deve ser retirado, porque empregou-se tempo e trabalho para alcançar
os objetivos.
A criação de páginas D4rk varia de uma necessidade do autor de encontrar uma maneira
de expressão dos sentimentos ou até mesmo a fama. É difícil comentar sobre o tema. Em
suma, ambos casos podem resultar em uma adoção de uma moral dos fracos por parte do
público da página. Além das consequências sociais, a interiorização de máximas do tipo
pode levar o indivíduo a morte, porque muitas práticas difundidas por esses veículos
envolvem a prática da automutilação. As visões emitidas pelos grupos podem fortalecer
uma espécie de mérito por flagelar-se. Isso significa que muitos podem ver na prática não
apenas uma saída para dor, mas, paradoxalmente, uma forma de sentir-se feliz e bem por
ser o coitadinho injustiçado. Claro, tal brincadeira pode levá-lo ao caixão. Deve ser,
portanto, delida com todas nossas forças.
Parte 2

Outra coisa que deveras merece atenção: os ídolos dos jovens. Observe esta música:
Swinging in the Tell me all the things you Watching all our friends
backyard want to do fall
Pull up in your fast car I heard that you like the In and out of Old Paul's
bad girls
Whistling my name This is my idea of fun
Honey, is that true?
Open up a beer
It's better than I ever
And you say: Get over Playing video games
even knew
here
They say that the world
And play a video game
was built for two It's you, it's you, it's all
for you
Only worth living if
I'm in his favorite sun somebody Everything I do, I tell
dress you all the time
Is loving you
Watching me get Heaven is a place on
Baby, now you do
undressed earth with you
Take that body Tell me all the things you
downtown Singing in the old bars want to do
I say you the bestest Swinging with the old I heard that you like the
stars bad girls
Lean in for a big kiss
Living for the fame Honey, is that true?
Put his favorite perfume
on Kissing in the blue dark It's better than I ever
even knew
Playing pool and wild
darts They say that the world
Go play a video game
was built for two
Video games
Only worth living if
It's you, it's you, it's all somebody
for you He holds me in his big
Is loving you
arms
Everything I do, I tell
Baby, now you do
you all the time Drunk and I am seeing
stars
Heaven is a place on
earth with you This is all I think of (Now you do)
I heard that you like the Is loving you
bad girls
It's you, it's you, it's all Baby, now you do
for you Honey, is that true?
Everything I do, I tell It's better than I ever
Now you do
you all the time even knew
(Now you do)
Heaven is a place on They say that the world
earth with you was built for two
Tell me all the things you Only worth living if
want to do somebody

A atmosfera do som é extremamente pesada. A letra retrata bons momentos num lastro
retrô, permitindo a participação de uma possível nostalgia correlacionada intrinsecamente
a uma infelicidade. Eu até poderia dizer que tal estado de coisas da música propicia
alusões à depressão e aos sentimentos ruins, no entanto, veja esta música de Carpenters:
Long ago and oh so far [Chorus:] Loneliness is a such a
away sad affair
Don't you remember you
I fell in love with you told me you loved me And I can hardly wait to
before the second show baby be with you again
Your guitar, it sounds so You said you'd be
sweet and clear coming back this way
What to say to make you
again baby
But you're not really come again
here Baby, baby, baby, baby,
Come back to me again
oh, baby, I love you I
It's just the radio
really do And play your sad guitar

Não sou o melhor cara para analisar músicas, no entanto, algo me chamou a atenção. A
segunda obra, Superstar, demonstra outrossim uma atmosfera pesada, no entanto, a
canção da Lana Del Rey aparenta mais efeito nas pessoas. Além de sua associação à
bandeira LGBT, a cantora destaca-se pela beleza. Deveras, é uma música atual e obtém
vantagem sobre a outra. Diferente de Superstar ou Sound of Silence, a música Video
Games tornou-se o fulcro, se posso assim dizer, da chamada “bad”. É um estado ao qual
o indivíduo sente-se lúgubre em relação ao mundo. Nem Lana nem Carpenters poderiam
ajudar o sujeito a superar a dor (salvo casos de uma possível sinestesia nostálgica). O que
fazem, pois, estas músicas?
Algumas se adaptam ao momento, sendo uma espécie de trilha sonora. Outras, auxiliam
a compreender os problemas e superá-los, ou propõem álcool e drogas como solução. Há
muitas possibilidades. A grande vicissitude parte, ademais, da reação que tal som pode
provocar em indivíduos os quais possuem uma aptidão em adotar a moral dos fracos. O
estilo de vida retratado em qualquer uma das duas músicas paira a tristeza e a depressão;
a nostalgia e adinamia por novas experiências boas. Isso faz com que qualquer problema
na vida dos jovens torne-se uma oportunidade para se embriagarem (skol beats que o
diga), buscarem cigarros, automutilação ou outras “drogas”. Eles interessam-se por
manter uma vida triste e caótica tal qual seu ídolo. É “descolado” e pudico, já que o mundo
“injusto” favoreceu alguns indivíduos com a luz da vida, e outros “aprenderam” a
conviver na escuridão. Jamais dirijo crítica alguma aqui às pessoas que deveras sentem-
se bem com tal modo de vida, mas apenas àqueles que buscam problemas ou situações de
risco apenas para viverem as músicas ou serem retratos vivos de seus ídolos. Além de
retirar a autenticidade de cada um, tal advento ainda contribui para um aumento no uso
de drogas e, não menos importante, um crescimento no número de pessoas em posição
fetal nos seus quartos.
Tais músicas dever-se-iam servir como matriz para experiências estéticas, e não modo
de viver. A moral dos fracos impede o jovem de ver que o estilo gangster retratado em
determinadas músicas, ou o niilismo, não são ideais para uma vida deveras saudável
(salvo, novamente, aqueles que realmente sentem-se bem com aquilo). Alegoricamente,
a situação funciona como um drogado. A maioria sabe bem que o que faz é errado, embora
continue praticando atitudes claudicantes. Não obstante, apesar de se comportarem de tal
forma, costumam dar conselhos como: “não entre nesta vida; fique longe das drogas”.
Salvo alguns casos, é claro. Ataco, neste documento, a fundamentação da tristeza
como aspiração da vontade de poder, e não a dor nela mesma. As pessoas devem
buscar sempre o melhor para elas, e garanto-lhes, a inversão de valores pode ser
prazerosa, mas não tanto quanto o deleite do verdadeiro bem estar.
O que é o verdadeiro bem estar? Respondendo clara e simploriamente: convergir o eu
interior com sua representação social sem que hajam coerções. Com os termos de
Heidegger: permitir uma correspondência biunívoca entre ser e ente. Isto significa: seja
o que você quiser e ninguém te culpará por isto. “Mas, você mesmo disse que as pessoas
não deveriam buscar a tristeza” – sim, deveras disse –, mas devemos compreender que
tal necessidade não é de ser triste, e sim de estar sendo (perdoe-me, gramática) triste. É
uma vontade assertórica, um desejo arbitrário e histórico. Se todos pudessem viver como
desejam, desconsiderando o estado entrópico ao qual o mundo presentaria, dificilmente
encontrar-se-iam pessoas depressivas. A moral dos fracos é uma consequência do
indivíduo não satisfazer os requisitos para aderir a uma “moral dos fortes”. O forte é
aquele que faz o que quer independente das consequências, sendo que o faz por si. Não
inveja ninguém; e se o invejasse, jamais iria limitá-lo. Para compreender melhor e não
julgar meu texto tão rapidamente, recomendo a leitura de Crepúsculo dos Ídolos, de
Friedrich Nietzsche, O Ser e o Nada, de Sartre e O ser e o tempo, de Heidegger.
Como tais músicas exercem um efeito de tristeza nas pessoas? Sabemos que existe um
subjetivismo por trás de tal afirmação. A maioria dos indivíduos, ao ler a letra, pode
identificar traços de infelicidade. Isso ocorre porque os signos lexicais empregados em
ambas obras, tais como: sad, olds, dark, remember, loneliness, etc. , embora possam
adquirir vários significados, são empregadas de modo que suas proposições criem uma
atmosfera a qual afigura a realidade de maneira lúgubre. Isso significa que a letra e a
música são reflexos de coisas tristes hodiernas, e, ao entrar em contato, o indivíduo sofre
experiências estéticas por intermédio da sinestesia e memória por associação da letra com
os objetos da realidade. A letra e a trilha sonora podem lembrar momentos bons ou ruins
da vida de um indivíduo, servindo outrossim de figuração dos sentimentos do autor, os
quais se correlacionam com sua própria realidade subjetiva; compartilhada com os outros
por finalidades monetárias ou não. É interiorizar, em palavras e sons, sentimentos que
doravante permitirão experiências estéticas aos ouvintes ou leitores. Temas como
saudades ou amor perdido são mais efetivos, já que o histórico da maioria da população
contém tais dados empíricos. A Lana Del Rey soube como bem explorar isto.
Parte 3

Grande parte do eixo minoritário é marcado principalmente por suas vitimizações. A


moral dos fracos, como expliquei, deixa claro isto. O papel social de vítima é
tranquilizador; uma zona de segurança, porque não implica numa postura ofensiva do
indivíduo. Isso pode ser comprovado através de filmes de terror onde o antagonista
geralmente vence. O protagonista costuma ser o último a morrer e, quando não
problemático, tal fato gera um sentimento ruim nas pessoas que assistem o filme. Quando
o mocinho perde, as pessoas geralmente sentem-se mal. A questão é: quem merece a
alcunha de mocinho? Aquele que pratica o bem? E o que é o bem?
Entramos em um dos maiores dilemas da filosofia. O que é o bem? Ora, é coisa que traz
um benefício. Kant dirá que é bem aquilo que parte da boa vontade; da legislação de
máximas como leis apodíticas. Sócrates dirá que trata-se de agir racionalmente em todos
os casos. Niezsche dirá que bem é tudo aquilo que permite um aumento na potência do
homem (vontade de poder). Neste documento, rejeitarei todos os sentidos antes tratados
por grandes nomes aos quais citei. O que, pois, o “bem” para mim? Para responder tal
indagação, devo, antes de tudo, adotar uma espécie de Epoché para auscultar a situação.
O princípio da redução fenomenológica é colocar o mundo entre parênteses; ou seja, livre
de qualquer predicação. Minha escolha resultará numa fuga lógica, pois obteremos um
paradoxo: o bem não é bom ou mau, mas apenas bem. Acredite, teria sido pior aceitar o
bem como algo bom, porque nem sempre algo bom será realmente bom a alguém.
Pense numa linda moça que aspira intensamente comer um belo bolo de chocolate; e,
nesta situação-problema, tu possuis esse bolo. Poder-te-ia vir a cabeça que não custará
nada dividir um pedaço do teu bolo com a garota. Por boa vontade, dás o pedaço e o
mesmo satisfaz a garota, que sente-se grata. Comido o bolo, trinta minutos depois, a linda
moça tem um desmaio devido uma elevação no índice glicêmico. Ela era diabética. Kant
diria que, por mais que tenhas feito o “mau”, se deu o pedaço sem saber da doença da
garota, então o fez por boa vontade (considerando-te isento de inclinações) e foi moral.
Não obstante, a ti tal ação não afeta muito, uma vez que procuraste apenas o bem, ou seja,
um benefício para a garota. A garota está morta, então, o que valeu ter sido “bom”?
Se um indivíduo guloso negasse o bolo à garota, certamente, ela estaria viva. Kant diria
que sua ação foi imoral, uma vez que, movido por inclinações, deixou de compartilhar o
alimento com aquele que necessita. Noutra perspectiva, o mau foi um meio de evitar algo
ainda pior, mesmo que o rapaz guloso não soubesse disto. Confrontando as duas pessoas
as quais detém o bolo, vemos um mocinho e um vilão. O mocinho deu o bolo e,
coitadinho, não teve culpa da garota não ter-lhe informado a doença. Já o vilão, o facínora
malvado, ao negar o bolo, fez com que a garota continuasse viva. Temos,
respectivamente, o bom e o mau. No entanto, qual foi o melhor “bem” para a garota, já
que, embora o meio do mocinho seja mais aprazível que a gula, a finalidade da ação em
ambos casos resulta antíteses em ambos estados de coisas?
Considerando A para agir bem, B para agir mau, C para finalidade boa e D para
finalidade ruim, temos que A  D é uma incoerência, pois uma ação da boa vontade é
boa eo ipso, logo, de maneira deontológica, o mocinho não fez o mau. Como uma ação
do bem pode gerar algo ruim? A ação dele pode resultar em algo não tão regozijador, mas
nem por isto ela deixa de possuir, subjacente a tudo o que aconteceu, a dignidade. No
entanto, admitindo-se que a garota sabe que é diabética, temos que ela agiu mau em pedir
aquele bolo. Logo, B  D. A maior vilã da história foi, pois, a própria garota. Se ambos
rapazes fossem comunicados sobre a doença da menina, o quadro mudaria
completamente. O mocinho poderia tornar-se vilão, e o vilão mocinho (embora, na
deontologia kantiana, por agir pela gula, o vilão continue sendo vilão). A melhor solução
deste caso é: A  C. Considerando que o mocinho tenha agido bem ao oferecer bolo à
garota diabética, e que sua morte tenha sido uma finalidade ruim resultada da ação dela
mesma (e não do jovem), podemos afirmar que em uma única relação, admitem-se dois
papéis.
Tal raciocínio, quando unido à ideia de Aristóteles: “o maior bem resultante de todas
ações do homem é a felicidade”, permite afirmar que o menino bom e a garota buscaram
a felicidade através de suas ações. A felicidade é, outrossim, um bem, pois permite o
benefício em todos os casos. Pela ideia a priori de alegria, seria errôneo acreditar que um
regozijar servisse como meio para algo ruim, já que ele é o próprio fim de tudo.
Concluímos, pois, que o rapaz age pelo bem e a garota também; mesmo que o rapaz
buscasse o próprio deleite ou a alegria da moça, ele está agindo por uma finalidade que
aspira o fim universal de Aristóteles. Ela, principalmente, deseja satisfazer as
necessidades. Se agimos pela felicidade e esta é um bem, então, agimos por um bem (algo
que traz benefício). Isso significa que, sendo mocinhos ou vilões, buscamos todos a
mesma coisa; logo, é incoerente definir mocinho apenas como aquele que busca o bem.
“Aquele que busca o bem para o próximo é o mocinho” – agora, apresenta mais lógica.
Você certamente deve concordar que se fazemos algo benéfico e isto nos alegra, então
gostamos de fazer aquilo. Do contrário, seria apenas uma obrigação. Se um indivíduo,
pela mesma analogia, faz algo ruim e isto o alegra, ele certamente gosta de fazer aquilo.
Seguindo o raciocínio, esta pessoa faria o correto por obrigação; logo, não estaria
plenamente feliz. Ambos indivíduos, no entanto, conseguem atingir o próprio bem
somente quando agem de acordo com suas vontades de poder. Despreende-se, portanto,
que é possível atingir o próprio bem por ambos os meios, logo, aquele que é mocinho não
necessariamente buscou o bem tal qual aquele que é vilão não necessariamente buscou o
mau; porquanto o “bem” pode ser relativo à pessoa em si ou a outrem. A falha do
raciocínio, aos bem aventurados, já foi mostrada. Perfazendo: se o mocinho é aquele que
busca o bem ao próximo e, ao fazê-lo, fica triste por não seguir corretamente sua vontade,
como ele pode buscar o bem em si e o próprio mal?
Toda esta discussão pode ser agora descartada, pois já não precisamos mais dela. Foi
apenas um andaime lógico para permitir que cheguemos ao raciocínio correto proposto
pelo documento. O “bem” não pode ser totalmente bom, já que implica o “mal” de
algumas pessoas, e o também não pode ser totalmente mau, porque seria incoente pelo
sentido etimológico da palavra. Portanto, o bem é relativo. Lembre-se de não confundir
bem com virtude ou conduta, mas apenas coisa que traz benefício. O mocinho não é
aquele que age por um bem comum ou pelo próprio bem; mas aquele que foi
convencionado como mocinho. Independente do caso, quem fornece esta honra permite
o gozo do indivíduo por uma boa alcunha, um reconhecimento. Isto é gratificante pelo
brio e por questões éticas. Perfaço o raciocínio com a seguinte analogia: na guerra do
Iraque, o mocinho dos americanos foi o soldado que matou o muçulmano, e o mocinho
dos orientais foi o muçulmano que matou o soldado.
A vitimização das pessoas nada mais busca que atribuir a outrem o título de vilão.
Consequentemente, a “vítima” torna-se mocinho. Por meio disto, os “D4rk’s” fazem
problematizações desnecessárias com as coisas para tornarem-se os mocinhos da história.
Concordamos que o mocinho faz algum bem, então, qual seria o bem que fazem os
coitadinhos? O que faz aglomerados os reconhecerem assim? O que torna o Justin Bieber
mas passível de ser um exemplo (por ter problemas e seguir em frente) do que um
trabalhador honesto o qual, nas horas vagas, é voluntário em uma ONG de crianças com
câncer?
Não sei responder o meio para todas estas consequências, mas isto não importa muito.
Pelo menos, não agora. Aquele que busca como meio de acesso de sua felicidade o título
de mocinho, clemente; segue a vida política proposta por Aristóteles – a felicidade do
indivíduo pauta-se em honrarias ou no vicejo da virtude. É lógico que tal vida não é ideal.
Justin Bieber não é (pelo menos, não deveria ser) o ídolo de alguém pelo simples fato de
fazer coisas erradas, mas sim por ser um cantor ou por possuir sex appeal. Tê-lo como
referência é interiorizar algumas de suas ações na própria vida; ou seja, se ele faz coisas
erradas, é possível que o indivíduo venha a defendê-lo por isto. Não há incoerência
alguma até aí, porém, ao tratarmos de indivíduos bondosos que são constantemente
desvalorizados, surge um problema.
Mais uma vez, a inversão da moral ataca. Na comunidade Bieber, você encontrará
pessoas que não apoiam suas ações, mas gostam das músicas; pessoas que apoiam as
ações e gostam das músicas e, sobretudo, pessoas que apoiam as ações, mas não gostam
das músicas. E, temos que admitir, a difusão de tais atitudes claudicantes é muito rápida
e efetiva, porque é mais fácil adotar o “coitadismo” do que contemplar a realidade. No
entanto, grande parte dos humanos prefere ter a imagem de mocinho, então, omitem todas
suas vontades subversivas com a máscara da bondade. São aqueles que dizem amar a
garota quando dão um perfume, mas só querem levá-la para a cama; ou aqueles que dão
dinheiro aos mendigos apenas com o intuito de ir ao paraíso quando morrerem. Às vezes,
nem o indivíduo perceberá tais ações capciosas.
Outro assunto que gostaria de tratar é a Literatura Inteligível. Percebe-se, nos jovens
D4rk, um certo rebuscamento e um gosto pela leitura. Deveras, eles gostam de ser
intelectuais. Alguns cientistas ou estudantes sério têm como intelectual: Isaac Newton,
Albert Einstein, Fernando Pessoa, Aristóteles, e por aí vai. Quanto mais o indivíduo
compreende o mundo, mais ele fica perplexo com a insignificância de sua inteligência
frente ao kosmos. Outros, mais ignorantes, acham-se superiores. É completamente
errôneo subestimar toda a história da vida humana por um mero momento. Isso porque
um grande e presunçoso aluno de matemática só sabe tantas coisas pelo fato de outras
pessoas descobrirem aquilo. Quem teria sido Isaac Newton se Pitágoras não existisse? É
este o raciocínio.
Então, se os jovens D4rk são intelectuais, e, tenho como intelectuais os mitos citados
acima, o que os leitores inteligíveis fazem? A grande maioria lê: Harry Potter, Jogos
Vorazes, Divergente, Convergente, Algumacoisaente, etc. Ao meu ver, tais livros
possuem um caráter lúdico insuficiente para garantir-lhes a alcunha de intelectuais. Se
lessem: O ser e o nada, Fenomenologia do Espírito, O ser e o tempo, Tractatus Logico-
Philosophicus, dentre outros mais, até admitir-se-ia uma alcunha do tipo, mas uma
simples literatura não pode, na maioria dos casos, esclarecer um indivíduo tal quais fazem
os livros de Filosofia, Matemática, História, Geografia, etc. Livros como: Memórias
Póstumas de Brás Cubas, O triste fim de Policarpo Quaresma, Vou-me embora pra
Pasárgada e companhia podem muito bem promover o esclarecimento de um indivíduo,
já que carregam toda uma crítica social dentro das obras. É ótimo que a leitura seja um
paliativo para os jovens, mas considero incoente considerá-los como hábeis leitores,
“amantes da leitura”, “prefere ler do que ficar na balada”, se alguns apenas lêem porque
não possuem aptidão para sair num sábado a noite. Mais uma vez, não critico a literatura
de histórias, mas o uso que dela fazem alguns indivíduos para ir contra aqueles que
gostam de baladas e, consequentemente, parecerem os intelectuais, os diferentes, os
escolhidos. Uma arte como a literatura nunca deve ser um meio, mas um fim; salvo se for
um meio que estabeleça relação direta com a felicidade.
Parte 4

Meu tema agora será o luto. Entendemos luto como uma série de privações por um
determinado período cuja causa é a morte de alguém querido. Exemplo: um pai perde seu
filho amado e, durante meses, ignora festas, passeios, bebidas e o próprio trabalho; porque
o sofrimento é tão grande que o mesmo não consegue acessar tais alas exteriores. Sua
única vontade é ficar deitado na cama, onde as lágrimas derramam. A morte é algo
natural, logo, a tristeza também é. Não obstante, quando o indivíduo ignora fatores
externos de sua vida em nome de uma perda do tipo, todos notam que ele sofre com maior
intencidade do que se fosse um simples sentimento lúgubre. Portanto, assim como o ciclo
da vida, o luto é algo natural do homem que não consegue superar a morte de um ente
querido.
No entanto, existe outra coisa que recebe o mesmo nome, porém é completamente
distinta. Trata-se de um “pseudo-luto”, uma tristeza forçada por questões culturais,
tradicionais ou individuais. As bifurcações ocorrem da ação para o meio de atingir o bem
estar. Um exemplo de questão cultural: Henrique perde seu tio, Cláudio. O funeral será
na sexta-feira. Embora ficasse um pouco triste, Henrique não era muito ligado ao tio e,
por isto, conseguia superar bem a perda ao distrair-se em alguns momentos. No entanto,
ele reconhece que trocar o perfil do Facebook por uma foto “LUTO” é algo cultural, ou
pelo menos usar roupas pretas e ignorar festas; afinal, Cláudio morreu e seria um
desrespeito viver aquela semana como se fosse qualquer uma. Portanto, Henrique decide
seguir a cultura apenas para evitar alguma coerção, mas no fundo, não havia tristeza
suficiente para seguir aquilo involuntariamente. Neste primeiro caso, o indivíduo se vê
induzido a sentir algo que não é tão verdadeiro por medo de ser taxado de insensível. Ele
é obrigado a ficar triste porque o feliz significaria uma “falta de respeito”. O sujeito será
falso por medo ou receio de ser mal visto, o que, por um lado, é até justificável, já que
sua vida pode correr riscos (vida biológica ou social). Note que a sociedade disse-lhe que
a tristeza era mais apropriada do que a felicidade. Não poderia Henrique ficar feliz por
saber que Cláudio está num lugar melhor? Ou que não sentirá mais dores? Note que o
mesmo discurso cristão para consolar é atacado pelos falsos moralistas.
O segundo tipo parece com o primeiro, todavia o indivíduo não se movimenta
necessariamente pela cultura, e sim por uma tradição familiar. O medo e o receio estão
novamente presentes e o sujeito se movimenta por uma corrente parental, que é a mesma
ideia da corrente social de Durkheim. Perceba que nos dois casos, devido uma valorização
exterior da tristeza, do título de “indivíduo preocupado e abalado pela morte de entes
queridos”, muitos são obrigados a forjar determinados sentimentos ruins a fim de ficarem
tristes. Como isto se dá? Negando a vontade de poder. O rapaz que distrai a cabeça em
festas vê-se mais solitário e pensativo com a morte do parente ao abandonar estes meios
lúdicos em respeito ao defunto. Ora, “respeito” o trará ao mundo novamente? Pessoas que
estão realmente de luto devem buscar a recuperação o mais rápido possível, porque a
tristeza é real e a pessoa prejudicar-se-ia caso o sentimento ruim permanecesse por muito
tempo. A sociedade deprava indivíduos que tentam ficar felizes e esquecer a morte dos
entes queridos (o que não deve ser confundido com falta de amor, já que também é um
caso possível, embora complemente oposto e perceptível), e isto contribui para a falsidade
e perpetuação da moral dos fracos.
O último tipo é o destaque daqui: o luto individualista. Neste caso, o próprio indivíduo
busca a tristeza, mas não por coerção ou medo, e sim por status. É muito bonito ficar triste
pela morte de alguém querido, como eu dissera diversas vezes, porém este luto de nada
se difere da cultura dos D4rk’s. Um exemplo: Marcos está triste pela morte de Maria,
porém vê que pode superar aquilo com o tempo e algumas atividades que o deixem feliz,
mas opta por forçar aquela tristeza que poderia ser vencida a fim de desenvolvê-la por
uma vida política. Este termo de Aristóteles nos remete ao indivíduo que busca o bem-
estar por meio de honrarias e méritos, ou seja, status. O cara escolhe a tristeza somente
pelo fato de ser bem visto. No fundo, ele reconhece que não havia necessidade de negar
festas, comidas, atividades sexuais e demais coisas pela morte do fulano, mas o faz em
nome do mesmo, o que é uma quimera.
Na ilha de Utopia, criação da obra A Utopia do renascentista Thomas More, é um
absurdo temer a morte ou lamentar-se durante os velórios. A população de lá é em sua
maioria cristã, e entendem aquilo como um chamado de Deus, sendo, pois, falta de ética
recusar. Quando alguém parte, o povo lembra dos bons momentos e virtudes do finado a
fim de aprender com o mesmo e usá-lo como exemplo de pessoa. A vida aqui na Terra é
passageira, portanto, prima-se o paraíso. Retomando o escopo, penso que se o luto fosse
visto como algo honroso, porém que deve ser vencido (porque a felicidade é muito mais
pudica que a tristeza), as coisas já melhorariam. Sobre o sentimento lúgubre que paira os
funerais, o ideal é não buscar a tristeza (o que não significa desrespeitar o defunto ou não
importar-se com ele), mas sim a felicidade. Ainda que não seja buscadas pela religião,
ideias como: “ele não sentirá mais dores; ele está num lugar melhor agora; sua matéria
reornizar-se-á e nunca será destruída; agora ele é uma estrela; etc.” devem ser
verdadeiramente aplicadas na prática, e não só como meras frases de impacto e consolo.
Devemos, por mais difícil que seja, alegrar-nos em ver o quão linda a vida é, e que o
indivíduo querido deixou boas memórias (e pudemos vivê-las!). Se a pessoa que se foi
nos ama, logo, nos quer bem, portanto, felizes. Não necessariamente felizes com a morte
do indivíduo, mas felizes por terem convivido com o ente querido, ou por agora uma nova
fase se iniciar. Perfazendo, se nossa rotina inclui caminhadas, baladas, festas, danças,
comidas, bebidas, viagens ou qualquer outra coisa que nos faça bem, não neguemos em
nome de um falecido apenas por uma imagem de sofredor, porque além de falso, isto é
contribuir com a moral dos fracos. Dado que João tenha morrido e Maria ficou triste, se
Maria encontrasse uma forma de se recuperar da melhor forma possível, seja em
meditações ou viagens, que o faça, porque o luto não é mérito real a ninguém. Se Ana diz
que mente que ficou triste e tenta usar a mesma lógica para esquecer o falecido Matheus,
é um problema ético e individual da pessoa. Às vezes, ela tem bons motivos para isto, ou
não. Não julguemos, em nome do solipsismo cartesiano: não pode-se adivinhar o
pensamento de uma pessoa, portanto, só acredite naquilo que apresenta-se clara e
distintamente. Pois, se nosso falecido amigo nos deixou magoados e podemos nos distrair
com uma festa, faremos o possível para recuperar a felicidade. Esta não é uma atitude
individualista, mas racional e amorosa, porque, se feita à moda utopiana, as memórias
sobre o falecido serão úteis e louváveis por aqueles que ficaram. Ademais, a tristeza não
o trará à vida, repito. O luto verdadeiro deve ser amparado, e não exaltado; exaltemos a
felicidade humana , o bem-estar, a vida e as boas memórias.
Parte 5

A espécie humana diferencia-se dos outros animais não apenas pelos incríveis projetos
arquitetônicos ou pela capacidade de figurar o mundo com a linguagem; é também a única
que aparentemente apresenta um instinto anti-natural. Chega a ser controverso, já que,
como dissera Husserl, os instintos são inatos ao corpo e envolvem questões praticamente
incontroláveis, portanto, naturais. Concluímos até agora que a vontade que movimenta o
homem é a vontade de poder, como já fora explicado. Se a vontade de poder é um impulso
incontrolável subjacente à ação humana, e o instinto é o que gera algumas aspirações,
como poderia uma ação ser anti-natural, ou seja, não ser vontade de poder? Ora, se a ação
for praticada por terceiros ou for completamente involuntária (num sentido limitado da
ideia de Aristóteles), ela não poderá ser vontade de poder do indivíduo, pois ele não
realiza nada. Conclui-se que não existe ação anti-natural, e sim ação praticada por
terceiros.
Isto quase soluciona o paradoxo, mas ainda resta uma indagação: “o que há de anti-
natural no instinto?”. Elucidando melhor, seria um instinto anti-natural devido a oposição
teoricamente realizada à vontade de poder do homem, ou seja, um gerador de intenções
que não visa a auto-expansão do indivíduo. Posso simplificar esse instinto com esta
afirmação: “os humanos são o problema do mundo”. Quem diz isto não o faz de
maneira leviana, induzida; o indivíduo realmente possui um grau de reflexão no assunto
para intuir tamanho absurdo. O que é o mundo? Parafraseando Wittgenstein, o mundo é
tudo o que ocorre. E o que ocorre? São os fatos. Exemplos de fato: uma maçã que cai no
chão, o carro que buzina, a mosca que voa, a respiração, a força intramolecular que
mantém os átomos unidos, etc. A própria palavra fato já é sinônimo de verdade, ou seja,
algo que acontece realmente. “Realmente”, o uso desta palavra leva-nos à elucidação da
realidade.
Parafraseando Wittgenstein novamente, a realidade é a subsistência e a não subsistência
das coisas. Uma coisa é algo que é capaz de existir. Portanto, a realidade é a soma de tudo
o que pode ou não acontecer. O mundo é justamente o conjunto da subsistência das coisas.
Um elefante rosa não subsiste, porém ele é pensável. O que é pensar? É figurar os fatos
logicamente. Figurar é transformar em figura, logo, pensar é converter fenômenos em
imagens e linguagens mentais. O sujeito que pensa num elefante rosa o faz por análise,
porque já viu a cor rosa e o elefante, sendo seu produto final uma não subsistência,
outrossim, um objeto figurado a partir de elementos já existentes. Neste sentido, o mundo
não se limita ao planeta Terra, mas à soma da totalidade de fatos. É possível imaginar o
quão enorme isto é (quem dirá a realidade!), e, exatamente por esse motivo, como poderia
o homem ser um problema numa totalidade de fatos?
Problema pressupõe algo que traz transtornos ou obstáculos para a realização de
determinadas tarefas. Portanto, limitaram o mundo ao planeta, à sociedade. O primeiro
erro daquela afirmação já aparece na linguagem, que, por ad absurdum, reduz o papel do
mundo a uma mera organização animal. Quem somos nós, humanos, para afetar o
universo?

Observe o tamanho do Sol, que é cerca de 333.000 vezes maior que a Terra, que fica
minúsculo em relação à gigante vermelha VY Canis Majoris. Quem dirá o universo. Um
simples asteróide poderia por fim a todo o nosso planeta. O humano não é, portanto, um
problema para o mundo. Ele nem sequer existe de maneira significativa para se considerar
capaz de provocar alguma mudança no último grau do estado de coisas de tudo. O kosmos
de nossa espécie parece grande quando aumentado infinitamente, mas sua participação
real é menor que as constituintes das subpartículas de um átomo. Só consideramos que
existimos porque somos fatos. Portanto, como dizia Sagan: “tem-se dito que a astronomia
é uma experiência que forma o caráter e ensina humildade. Talvez não exista melhor
comprovação da loucura das vaidades humanas do que esta distante imagem de nosso
mundo minúsculo. Para mim, ela sublinha a responsabilidade de nos relacionarmos mais
bondosamente uns com os outros e de preservarmos e amarmos o pálido ponto azul, o
único lar que conhecemos.”.
Creio ter elucidado que qualquer concepção do homem como problema de um estado de
coisas ou do kosmos é um puro devaneio. Agora, combaterei a suposta colocação do
homem como problema da sociedade ou planeta Terra. Antes de mais nada, atentemo-nos
à generalização feita: “os humanos são”. Quem são os humanos? Ora, todos nós! Que a
ação antrópica alterou a paisagem do período Cenozóico até nosso cotidiano, não se têm
dúvidas. Estigmatizar essa ação e atribuir ao homem as mudanças do planeta a fim de
criticá-lo pelo seu egoísmo interminável é apenas uma prova da hipocrisia e da
confirmação da vontade de poder humana a qual combatem os falsos moralistas que
proferiram a mentira acima. É a castração do indivíduo por uma moral tão evidentemente
falaciosa que chega a por em dúvida a existência de um paralogismo por trás daquela
afirmação.
O planeta passou por diversas mudanças físicas e biológicas. A fauna, a flora, a estrutura
geológica e o ar: tudo está em constante mudança. Não faltam provas ao Neodarwismo
para comprovar o que digo. No ensino fundamental, aprendemos que os homens surgiram
no período Cenozóico (estamos nele até hoje), os mamíferos no Mesozóico e os grandes
répteis tiveram seu auge no Jurássico. A seleção natural atuou e atua assidua e
imparcialmente. Não há bom ou ruim na natureza ou no universo, porque aquilo que
ocorre vai Além do bem e do mal (vide Nietzsche). Qualquer adjetificação feita não
pertence ao fenômeno ou coisa eo ipsos, como dissera Husserl, à consciência
transcendental residem os noemas que ultrapassa a simples compreensão empírica dos
fatos. Um leão não é mau porque come o filhote de cervo; afinal, ele estava com fome e
simplesmente se alimentou. O humano, ao dizer que foi uma ação errada, age de maneira
aparentemente anti-natural, já que vai contra a própria natureza (transcendendo o termo
Fato Social de Durkheim, uma espécie de fato natural que já está presente nas leis do
universo).
Compreendo que este raciocínio nos levará a dizer que aquilo que é feito por instintos
pertence á natureza, logo, deve ser visto sob um método de redução fenomenológico; por
conseguinte, não é bom ou mau, mas além disso: é natural. E, se é natural, não será vítima
de ignomínia. Isso descriminalizaria estupros, assassinatos, atos pedófilos, etc. No
entanto, se o sujeito A pode estuprar o filho do sujeito B, o sujeito B pode cometer uma
atrocidade contra o sujeito A e sair impune, já que agiu por instinto. Não deblatero em
momento algum contra a ordem numa sociedade, quero unica e exclusivamente retirar
quaisquer rótulos dos fenômenos a fim de estudá-los com mais precisão. Pelo menos até
encontrarmos uma solução para o problema (o famoso andaime lógico de Wittgenstein).
Não prego a descriminalização, mas a intersubjetividade nos estudos.
Se o humano é o problema do mundo, talvez se diga isso pelo fato de ele ser responsável
por drásticas mudanças geográficas e pela extinção de diversas espécies. Apesar disto,
tais mudanças já não existiam, em pequeno nível, antes de nós? “Sim, porém tudo ocorria
de maneira natural!”, ora, e como o homem não age de maneira natural se ele também faz
parte da natureza, ou seja, da vontade de poder? “Tudo bem, mas esta velocidade está
destruindo o planeta muito rapidamente!”, neste ponto, temos que concordar. A questão
é: isto realmente é um problema? Mudanças propiciam surgimentos de novas espécies e
adaptação de outras. Para elas, isto é bom, mas não é bom àquelas que morreram.
Façamos uso de um absurdo lógico: se conforme o homem destruísse a natureza, pari
passu, ela ficasse cada vez mais bela e segura, haveria o homem de parar de destruí-la?
Ora, claro que não. O homem é vontade de poder, portanto, não haveria sentido. Então,
que mal existe em continuar destruindo a natureza? Cito alguns problemas: poluição, ilhas
de calor, inundações, aumento no efeito estufa, etc. “Espere! Você disse que não haviam
problemas!”, não, eu apenas disse que firmar um problema como absoluto e pertencente
a uma generalidade (os humanos) é errado. Tais fenômenos realmente prejudicam nossa
sobrevivência, portanto, são problemas PARA NÓS, e não para as bacterías ou espécies
que poderiam surgir pela inundação do mundo, por exemplo.
Quando afirmei que a colocação: “os humanos são o problema do mundo” apenas
confirma a hipocrisia e a vontade de poder inata ao homem, me refiro ao verdadeiro
problema por trás desta afirmação. Escreverei de maneira mais clara para que vocês,
leitores, possam compreender: “os humanos estão destruindo o planeta, a natureza, e
está cada vez mais difícil sobreviver assim. Não foram ações naturais que pioraram o
mundo, e sim as antrópicas. Eu gostaria que houvessem árvores para deixar a paisagem
novamente bonita, com animais correndo por toda parte, e não as ilhas de calor e o
terrível efeito estufa que vivemos atualmente”. Façamos, pois, a análise que revelará a
contradição daqueles que usam esta afirmação para criticar o egoísmo do homem. “Está
cada vez mais difícil sobreviver assim”, note que, logo de cara, a verdadeira intenção por
trás da crítica foi revelada. “Não foram ações naturais que pioraram... e sim as
antrópicas”, note que “pioraram” ainda ficou meio vago, afinal, o que seria “piorar”?
Agora, a chave: “EU gostaria que houvessem árvores para deixar a paisagem novamente
bonita... e não as ilhas de calor e o terrível efeito estuda que vivemos atualmente”. Toda
esta crítica gira em torno de um problema que afeta o indivíduo que está criticando no
tocante às suas vontades.
Ele queria um mundo mais florestado, justo e democrático, porque sente-se bem assim.
O sujeito julga que os humanos são um problema pelo fato de destruírem o planeta em
nome de seu egoísmo, porém, prega que deve dever-se-ia plantar árvores, ou melhor,
parar de poluir (toda a reflexão acima visa a dispersão de ideias, e não o foco exato na
afirmação) para que ficasse mais fácil sobreviver. Ele abandona a vida de diversas futuras
espécies e bactérias em nome da transformação do ambiente conforme sua vontade. Isso
é egoísmo. Ele nem sequer liga para os empresários que têm as “melhores” garotas e os
melhores carros. A aparente postura anti-natural de ser a única espécie que prega o fim
da própria existência cai por água abaixo. Se um indivíduo realmente quisesse o fim da
espécie humana, ou acreditasse que ela é deveras um problema, começaria a solução
do problema com um suicídio. De resto, a afirmação só pode ser uma falácia ou um
paralogismo.
Perfaz-se, por tudo isto, que não existe bons ou maus quando falamos de humanos.
Existem interesses, vontades de poder. Os humanos não são o problema, pois o problema
é relativo, portanto, não podemos falar de um problema no sentido geral. Afirmações do
tipo feitas pelos Dark são devaneios que, no fundo, guardam um sentimento de vontade
de poder que eles mesmos criticam, porque pregam que a humanidade é um problema a
partir do momento que ela não vive consoante às suas vontades. Apesar das provas
apresentadas aqui, a juventude continua repentindo tal asneira e seus derivados. Deve-se
pregar amor pela humanidade, e não o suposto ódio. A frase correta seria: “existem
humanos que são problemas para o planeta, mas muitos estão dispostos a ajudá-lo”.

Reclamações excessivas
Minorias

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