Sunteți pe pagina 1din 3

EM BUSCA DE CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DO ATUAL QUADRO DE NOSSA REALIDADE

Alder Júlio Ferreira Calado

Brasil, março de 2015. Quase tudo a refazer, em matéria de organização societal. Todo um
período histórico a ser reexaminado, e refeito “autrement”, por outras vias! Não só Brasil, aliás.
Aqui se tem produzido uma exasperação dos mecanismos fundamentais vigentes em outras
realidades. Tem mais a ver com um caso de exasperação dos mecanismos que regem o tipo
de organização societal do que uma pretensa exclusividade do caso brasileiro. E haja desafios!
Mas, vamos partir do chão mais elementar: do reconhecimento de nossas limitações. São, com
efeito, bem conhecidos nossos limites, inclusive quanto ao conhecimento da realidade social.
Esta, em sua dinâmica e complexidade, em especial por nos encontramos em meio a uma
mudança de época, se põe sempre bem além de nossa pretensão de apreendê-la, em sua
inteireza. Isto não impede de nos dotarmos de instrumentos e condições de chegarmos mais
perto dela. Nesse momento, sobretudo em razão da complexidade da atual crise societal
brasileira (e para além do Brasil), respiramos uma atmosfera de sufocante e profunda
discrepância de leituras de realidade, feitas por, e entre diferentes analistas. Para bem além de
uma saudável e necessária diversidade de leituras de nossa realidade, instala-se uma
inquietante sensação de crescentes distanciamentos de avaliação, inclusive entre setores
tradicionalmente lidando com uma razoável margem de consenso. E isto incidindo por vezes
em pontos cruciais antes relativamente pacíficos.

O propósito dessas linhas é o de buscar critérios relativamente objetivos – ou menos


inconsistentes - que nos ajudem a fazer uma análise mais consequente de nossa realidade, do
ponto de vista das classes populares, de modo a reduzir crescentes disparidades de avaliações
que resultam, não raro, nocivas a uma compreensão adequada da mesma realidade, e, por
conseguinte, dificultam sensivelmente um esforço consistente de intervenção sobre a mesma
realidade. E o faremos por meio do compartilhamento, para fins de debate, de breves
questionamentos em busca de um razoável balizamento de critérios.

O fato de estarmos conscientes da sempre relativa capacidade nossa de dar conta


satisfatoriamente de uma análise completa da realidade, pode justificar nosso conformismo de
não buscar aprimorar nossos instrumentos de análise da realidade social?

Será que, na proporção de crescente complexidade do quadro conjuntural/estrutural de nossa


realidade social, vimos envidando os esforços necessários de pesquisa e de sistemático
acompanhamento do que anda acontecendo, em escala global, à luz de contribuições de bons
autores e autoras, clássicos e contemporâneos, de reconhecida qualidade nessa área?

Ante um espectro de crescente complexidade envolvendo a realidade atual, será que não
corremos o sério risco de ilusão de ótica, ao pretendermos, por vezes, analisá-la munidos
exclusivamente das mesmas fontes e ferramentas que vimos utilizando, há décadas?

A este propósito, há vinte, trinta, quarenta anos, até hoje, quais têm sido as fontes e os
interlocutores de nossa referência (quase) exclusiva? Neste caso, pelo fato de figuras
relevantes terem tido, durante certo período histórico, determinado posicionamento crítico à
altura dos desafios dessa época, isto implica necessariamente que segue inalterada a
qualidade de seu empenho e desempenho críticos?

Até que ponto pode ter sucedido que analistas consagrados que, em determinada conjuntura,
pareciam mais zelosos no exercício de sua autonomia perante instâncias estatais, noutra
conjuntura se tenham aproximado demasiado dessas instâncias, e isto tenha afetado
negativamente sua capacidade de análise crítica?

Será que admitimos que o fato de não diversificarmos fontes e analistas da realidade,
buscando manter fidelidade aos interesses e à perspectiva da Classe Trabalhadora, pode
implicar limites de análise, de nossa parte?

Tal como a qualidade de uma árvore se conhece por seu fruto, será que essas fontes e
respectivos analistas que nos alimentam, se mantêm irretocáveis em suas análises, quando
criticamente avaliados em seus trabalhos de ontem e de hoje, revelando-se certeiros em suas
críticas, devendo ter sido testados pelos fatos concretos, ou neles encontramos uma sucessão
de contradições comprometedoras de posições hoje sustentatadas, e que, mesmo assim,
fazemos nossas, apenas em razão de uma confiança incondicional em suas análises?

Até que pontos tomamos a sério – para nós e para as demais pessoas – a afirmação de que
também os educadores e educadoras precisamos nos reeducar, permanentemente?

Uma das consequências desse esforço permanente de reeducação implica a necessidade de


diversificação saudável de fontes e de analistas, não apenas pela necessidade de ouvirmos
outras vozes novas, como também pelo risco de continuísmo e suas consequências.

A grave conjuntura que atravessamos constitui mais um sinal - de uma longa série - da
gigantesca tarefa que historicamente nos é proposta - à nossa geração e às próximas: a de,
ante os sucessivos sinais de exaustão dos atuais modelos de organização social, econômica,
política e cultural de nossas sociedades, contribuir efetivamente para a reinvenção de novas
formas de organização societal. Vale dizer: contribur para a reinvenção de um novo modo de
produção, de consumo e de gestão de sociedade, numa relação de respeito e amorosidade ao
Planeta e a toda a comunidade de viventes.

De que se trata de tarefa sumamente complexa, temos clara consciência, pois, em verdade,
não vivemos mais uma simples época de mudança. Estamos mergulhados numa mudança de
época! Trata-se, por conseguinte, de um projeto a longo prazo, a demandar décadas, talvez
século, mas a ser iniciada desde logo. Alivia-nos saber que não teríamos que partir da estaca
zero. Em escala molecular, convivemos com inúmeras experiências prenhes de alternatividade
aos atuais e desgastados modelos de organização societal. Mais adiante, voltaremos a este
ponto.

Nas linhas que seguem, preferimos pronunciar-nos por meio de alguns questionamentos.

Com que propósito costumamos lançar-nos à compreensão dos atuais desafios: o de buscar
reduzir-lhe os impactos negativos ou, antes, o de buscar-lhe uma alternativa eficaz e
duradoura?

Será que, sem abrir mão da crítica - mas justamente por isto mesmo -, nós estamos dispostos
a nos colocar, em primeiríssimo lugar, no alvo da crítica, como corresponsáveis, por comissão
ou por omissão, da crise ora enfrentada?

Se é compreensível o ar de perplexidade observável no rosto da gente simples do nosso povo,


sentindo-se o elo mais vulnerável da cadeia desta crise, será igualmente compreensível e
justificável a apreensão de quem acompanha mais de perto - e já há um bom tempo - a
evolução do quadro que desemboca na crise atual?

Para estes últimos, é razoável limitar-se a apontar apenas responsáveis externos pelos
malfeitos acumulados?

Quando lá atrás, tivemos conhecimento desses malfeitos, qual foi nossa posição: chamar
nossa "moçada" envolvida à responsabilidade ou, passando a mão sobre sua cabeça, apenas
esbravejar contra os "inimigos externos"?

Até que ponto fomos consequentes com os critérios utilizados - e muito bem! - em contextos
passados? O que nos levou a mudar de postura ético-política? Terá sido o simples fato de que,
agora, são os nossos os que governam, ainda que as práticas sejam semelhantes às que antes
combatemos, a justo título?

Faz sentido criticar os governantes pelo seu incessante empenho de cooptação, "esquecendo-
nos" de perguntar por que nos deixamos cooptar?

O que explica e justifica que, em décadas passadas, defendiámos, a justo título, valores pelos
quais, nas décadas seguintes, não seguimos lutando?

S-ar putea să vă placă și