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Centro de Referências em Educação Integral

Publicado no dia 8 de maio, o relatório referente ao Projeto de Lei nº. 7180/2014, conhecido como Escola
Sem Partido, traz argumentos costurados a noções de democracia e de liberdade por meio de linhas falsas.

Leia + Desvendando o Relatório do PL Escola sem Partido

O texto, assinado pelo deputado Flavinho (PSC-SP), discursa sobre garantir o pluralismo de ideias no
ensino e sobre a necessidade de evitar que os docentes prejudiquem os estudantes em razão de suas
convicções políticas, ideológicas, morais ou religiosas.

Para especialistas, no entanto, embora estes sejam valores desejáveis em qualquer educação, há facetas
dissimuladas que acompanham este discurso, revelando seu teor de censura e de culpabilização dos
docentes.

Além deste projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados, há outros projetos de lei em andamento:
25 estaduais, 110 municipais, e 13 no Congresso Nacional.

“Os professores não se oporiam a discutir a ética da profissão, como ensinar, equilibrar a construção de
conhecimentos com a função social da escola, debate s desejáveis e naturais. Mas esse texto toma outro
caminho, que é violento: o de proibir que se fale em determinados assuntos”, explica Renata
Aquino, mestranda em Ensino de História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e
integrante do Professores contra o Escola sem Partido e do Movimento Educação Democrática.

A pedido do Centro de Referência em Educação Integral, estudiosos da Educação analisam o PL em seus


pontos cruciais. Confira:

Liberdade do ponto de vista de quem?

“Art. 1º Esta lei disciplina o equilíbrio que deve ser buscado entre a liberdade de ensinar e a liberdade de
aprender, no âmbito da educação básica, em todos os estabelecimentos de ensino públicos e privados do
País” – trecho do projeto de lei nº. 7180/2014

A liberdade de ensino e aprendizagem já estão estabelecidas na Constituição e na LDB. A necessidade de


criar um projeto de lei que prega esse conceito mostra outro entendimento de liberdade, que fica evidente
nos artigos seguintes a este primeiro.

Para compreender de que liberdade se fala, vale olhar para os proponentes e apoiadores do Escola Sem
Partido. Criado em 2004 pelo advogado Miguel Nagib, foi só em 2014 que o movimento ganhou corpo
como projetos de lei. O primeiro foi apresentado por Flávio Bolsonaro, e o segundo por seu irmão, Carlos
Bolsonaro (PSC-RJ).

Embora a bancada evangélica corresponda a apenas 16% do Congresso Nacional, seus representantes
alcançaram postos-chave quando Marcos Feliciano assumiu a presidência da Comissão de Direitos
Humanos e Eduardo Cunha foi presidente da Câmara. Um dos presidenciáveis para as eleições de 2018 é o
conservador extremista, Jair Bolsonaro.

Em maio deste ano, o PL 7180/2014, que tramita na Câmara, recebeu parecer favorável da comissão
especial destinada a analisá-lo.

Esse colegiado era capitaneado pela bancada evangélica, com figuras como Pastor Eurico (PEN-PE), João
Campos (PRB-GO), Delegado Francischini (PSL-PR) e Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Flavinho, o relator,
é missionário católico na comunidade Canção Nova.
Durante as audiências públicas para debater o texto do projeto, que ocorreram ao longo de 2017, a
comissão ouviu 31 especialistas, entre advogados, educadores, estudantes, religiosos e familiares.

Dos 31 convidados, apenas 10 eram da oposição, revelando um desequilíbrio no debate e corroborando a


versão dos que são contra o PL: trata-se de garantir a hegemonia da perspectiva conservadora, ao invés de
fazê-la dialogar com visões diferentes para se construir uma educação mais democrática, neutra e
verdadeiramente livre.

É o que defende Valdir Heitor Barzotto, professor na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo
(USP). “A dimensão política não pode ser retirada dos eventos humanos, portanto nem da educação. A
tendência, de fato, é silenciar toda e qualquer visão mais à esquerda ou de promoção da igualdade e respeito
à diversidade”, diz.

Como o Escola Sem Partido entende a educação

O professor “não se aproveitará da audiência cativa dos alunos, com o objetivo de cooptá-los para
nenhuma corrente política, ideológica ou partidária”. No resumo, também diz que é preciso determinar a
conduta dos professores na “transmissão dos conteúdos” – trecho do projeto de lei nº. 7180/2014

Definir os alunos como “audiência cativa” e professores como “transmissores dos conteúdos” diz sobre a
compreensão que o Escola Sem Partido tem da educação.

“É uma visão pedagógica ultrapassada, que entende o aluno como uma folha em branco, passivo, e
estabelece uma relação hierárquica entre estudantes e professores, e não uma educação democrática”, diz
Russel Teresinha Dutra da Rosa, professora na Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul.

Para Daniel Cara, coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, esse é um arcaísmo
que assola tanto a direita quanto a esquerda, e reforça que o professor não transmite conteúdo.

“Ele compartilha um conhecimento sistematizado e constrói com os alunos o aprendizado, mediando o


processo cognitivo. Quem transmite retira de si e dá para o aluno. E o professor não perde o que ensina, ao
contrário, ensinando também aprende”, explica Daniel.

Logo, em uma mesma escola é possível ter contato com visões diferenciadas, uma vez que todos os
professores e colegas de classe são diferentes entre si e carregam consigo valores diversos, agem de
maneiras únicas diante de uma mesma situação, e têm origens variadas.

“A escola deve ampliar o repertório das crianças em relação à família, mostrar que existem outros valores
e diferentes visões de mundo. E ao longo desse processo, vão construindo suas próprias visões de mundo.
Quanto mais plural e tolerante à diversidade for esse caminho, mais perto estaremos de uma sociedade
democrática”, diz Russel.

A separação entre educação escolar e familiar é possível?

“Respeito às convicções do aluno, de seus pais ou responsáveis, tendo os valores de ordem familiar
precedência sobre a educação escolar nos aspectos relacionados à educação moral, sexual e religiosa”
– trecho do projeto de lei nº. 7180/2014 que propõe alteração na LDB

Para exemplificar a falácia deste argumento Renata Aquino lembra de um caso ocorrido em uma
comunidade do Rio de Janeiro, no ano passado. Na primeira aula de História de uma turma de Educação de
Jovens e Adultos (EJA), os estudantes chegaram à escola cansados após um dia de trabalho. Tentando tornar
a aula sobre História Medieval mais interessante, o professor falou sobre como era o trabalho na época,
esperando que o assunto pudesse despertar o interesse nos alunos, uma vez que eles também trabalham.
Explicou então as principais características de um servo na Idade Média: trabalho compulsório, sem direito
de ir e vir e passíveis de punições físicas. Após a explicação, uma aluna levantou a mão para dizer: “acho
que a minha mãe é uma serva, porque ela apanha do meu pai, não pode sair de casa quando quer e tem que
limpar, cozinhar e arrumar a casa todos os dias, obrigatoriamente”.

“Esse caso mostra como seria cruel ouvir isso de um aluno e ignorá-lo completamente, uma vez que,
segundo o Escola Sem Partido, abordar essa questão, sob qualquer perspectiva, seria adentrar os campos da
educação familiar”, diz Renata.

Situações como essa acontecem cotidianamente. Os alunos interferem, questionam, contam sobre
experiências próprias, ou pelo menos deveriam ser estimulados a participar da aula. Além disso, costumam
ter o tempo todo, na palma da mão, um celular com acesso às mais variadas informações e pessoas.

Atualmente, a Lei de Diretrizes Básicas da Educação (LDB) estabelece que o ensino deve ser ministrado
com “respeito à liberdade e apreço à tolerância”. A Constituição, por sua vez, prevê o “pluralismo de ideias
e de concepções pedagógicas” nas escolas.

“O Escola Sem Partido quer que o professor fale só dos conteúdos curriculares, mas é difícil dar sentido
para a aprendizagem sem falar de temas atuais, do contexto. Ter a liberdade para discutir questões variadas
em sala de aula não é o mesmo que obrigar o aluno a pensar de determinada maneira. Nós mal conseguimos
obrigá-los a fazer a tarefa de casa, quem dirá a pensar de um jeito ou de outro”, diz Renata.

 Educação moral

Daniel Cara defende que a educação escolar deve representar o conjunto da sociedade, e lembra que a
própria Constituição diz que o Brasil precisa ser um país pautado pela justiça social.

“Se uma família não aceitar a justiça social, por exemplo, não considero justo e adequado a moral familiar
se sobrepor à missão da educação escolar. Se a família tiver uma postura discriminatória, por exemplo, a
moral familiar deve ser enfrentada e não pode se sobrepor à educação escolar. A família precisa ser
considerada como parte da sociedade. Mas não pode ser maior do que o todo”, diz Daniel.

 Educação religiosa

Do ponto de vista da educação religiosa, há conflitos decorrentes de crenças que desconsideram saberes
científicos. Embora não seja papel da escola dizer aos alunos sobre o que acreditar, a instituição deve
mostrar outras formas de ver o mundo e estimular o respeito ao diferente.

“Se o aluno e sua família acham que chove porque deus quer, não vou poder ensinar sobre o ciclo da água?
Se a ideia é deixar o aluno na tendência que ele já está, então não há educação”, diz Valdir Barzotto.

 Educação sexual

Sobre a educação sexual de crianças e adolescentes, a pesquisa “Emerging Adolescent Sexuality: A


Comparison of American and Dutch College Women’s Experiences” (“Emergindo da sexualidade na
adolescência: uma comparação entre as experiências de universitárias americanas e holandesas”, em
tradução livre) revelou os benefícios de realizá-la desde cedo: menor índice de doenças sexualmente
transmissíveis, gravidez indesejada e arrependimentos.

O estudo escolheu os dois países por apresentarem índices de IDH e industrialização similares, mas serem
opostos em um ponto: a forma como abordam a educação sexual nas escolas.
Enquanto os americanos abordam o assunto a partir da perspectiva do medo e dos perigos, em idades mais
tardias, os holandeses apostam na comunicação direta sobre o assunto, desde cedo, pelas famílias,
professores e médicos.

Como resultado, as jovens americanas se tornam sexualmente ativas mais cedo do que as holandesas e
demonstram distanciamento da família neste processo. As holandesas, por sua vez, apresentam mais
experiências sexuais positivas e seguras.

Ainda que a educação sexual não seja de responsabilidade exclusiva de meninas e mulheres, e as
experiências acima citadas estejam distantes da realidade brasileira, o estudo deixa uma pista sobre a
importância da educação sexual por diversos setores da sociedade, inclusive, a escola.

Por aqui, o Escola Sem Partido quer banir a discussão dos colégios. “Essa posição vem de grupos religiosos
mais conservadores, uma vez que grande parte dos proponentes do PL são vinculados à bancada evangélica
do Congresso”, explica Russel.

A relação entre alunos, famílias e escolas

“Art. 3º As escolas afixarão nas salas de aula, nas salas dos professores e em locais onde possam ser lidos
por estudantes e professores, cartazes com os Deveres do Professor” – trecho do projeto de lei nº.
7180/2014 em referências às seis obrigações dos docentes que garantiriam sua aplicação.

Sobre este ponto, Russel resume: “O Escola sem Partido coloca o professor sob suspeita e reserva aos
estudantes e suas famílias o lugar de delator. Essa dinâmica foi muito comum durantes regimes
autoritários”.

Leia + Professor é perseguido por abordar identidade de gênero e diversidade sexual na escola

Ainda que o PL não tenha sido aprovado, o movimento já gerou um clima de vigilância. “Muitos estudantes
gravam trechos da aula, sem o contexto completo, e difamam os professores nas redes sociais. Há famílias
que intimidam professores pelo seu trabalho pedagógico e equipes diretivas que afastam ou demitem
professores por conta disso”, conta Russel.

“Essas práticas têm se tornado comum e é muito violento culpabilizar o professor por tudo”, acrescenta
Renata Aquino.

Mas a relação entre alunos, famílias e escolas não deveria ser essa. O texto da LDB propõe a valorização
dos estudantes e seus responsáveis na construção do Projeto Político Pedagógico (PPP) das escolas, e sua
participação nos conselhos escolares, definindo atividades que vão acontecer na escola, e como serão feitos
os investimentos.

A própria definição de educação integral pressupõe muito diálogo entre escola e família e participação por
meio do debate democrático, e não da intimidação.

Russel explica que é natural que conflitos aconteçam, porque a escola é um espaço social mais amplo do
que a família, onde as crianças entram em contato com o mundo. Por isso, é preciso que as instituições se
aproximem ainda mais, e que a escola faça um esforço de explicar sua proposta pedagógica e as atividades
que serão realizadas.

“A escola é uma janela que abre outras possibilidades e aspectos que a família não mostra, e não dá para
ter plena coincidência de todos os valores, mas dá para ter aliança, confiança, diálogo. Dá para trazer as
famílias para dentro da escola, escutar o que a família têm a dizer, desmanchar os medos construídos, e
deixar claro que independentemente das variedades de família, todas merecem respeito e lugar na escola.
Assim se faz uma educação democrática”, conclui Russel.
Refefências

http://educacaointegral.org.br/reportagens/por-que-o-escola-sem-partido-vai-contra-o-papel-da-
escola/?gclid=CjwKCAjwyMfZBRAXEiwA-
R3gM7uFP_VakhCPw26TwTm3NZ7d3qQxUFBqdcQX4JrOOEs5X8avUzgezRoCOCYQAvD_BwE
Acesso em: 26 de junho de 2018
Escola sem Partid

o
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O Programa Escola sem Partido, ou apenas Escola sem Partido, é um movimento político criado em
2004 no Brasil e divulgado em todo o país pelo advogado Miguel Nagib.[1][2][3][4] Ele e os defensores do
movimento afirmam representar pais e estudantes contrários ao que chamam de "doutrinação ideológica"
nas escolas. Ganhou notoriedade em 2015 desde que projetos de lei inspirados no movimento começaram
a ser apresentados e debatidos em inúmeras câmaras municipais e assembleias legislativas pelo país, bem
como no Congresso Nacional.[5][6][7][8][9][10]

Segundo Nagib, o Escola sem Partido consiste em afixar nas escolas um cartaz com uma lista por ele
chamada de "deveres do professor". O advogado afirma ainda que "esses deveres já existem" e que o
objetivo é "apenas levá-los ao conhecimento dos alunos, para que eles mesmos possam se defender contra
eventuais abusos praticados por seus professores, já que, dentro da sala de aula, ninguém mais poderá fazer
isso por eles."[11][5]

Quase 60 projetos de lei foram apresentados em todo o país sob a influência do movimento.[12] Analisando
essas propostas e os documentos disponibilizados pela campanha, o Conselho Nacional de Direitos
Humanos emitiu uma resolução[13] em que repudiou todas as iniciativas do Escola sem Partido.[14][15] O Alto
Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos tratou os projetos de lei promovidos pelo
movimento como ameaças aos direitos humanos básicos.[16][17] Vários desses projetos foram questionados
devido à sua inconstitucionalidade pelo Ministério Público Federal, pela Advocacia-Geral da União.[18][19]

Contexto

Criado em 2004, o Escola Sem Partido foi transformado em associação em 2015 por Miguel Nagib,
Procurador do Estado de São Paulo que criou, coordena e divulga o movimento.[20][1] Católico, ele afirma
que se indignou com um professor de história que comparou Che Guevara a São Francisco de Assis[3] e se
inspirou em um site chamado NoIndoctrination.org.[2]

Segundo Nagib, os estudantes são prejudicados por serem obrigados a permanecer em sala de aula,
enquanto por outro lado, professores se beneficiam dessa condição: "A partir do momento em que o
professor se aproveita dessa circunstância não para falar de forma parcial equilibrada, mas para promover
as suas próprias preferências, ele está violando a liberdade de consciência e de crença dos alunos", explica
o coordenador do movimento.[21]

Os integrantes do Escola Sem Partido elaboraram um anteprojeto de lei que prevê a fixação do cartaz com
os deveres do professor nas salas de aula. De acordo com Nagib, a presença do cartaz em sala de aula tem
o objetivo de informar os estudantes sobre o direito que eles têm de "não serem doutrinados".[20]

O Escola Sem Partido tem apoiado as muitas propostas inspiradas nas ideias do movimento que têm sido
apresentadas nas assembleias legislativas e câmaras municipais de todo o país,[17][22] a maioria delas por
parlamentares católicos ou evangélicos.[23]

Em abril de 2015 a Assembleia Legislativa de Alagoas derrubou, por 18 votos a 8, o veto do governador
Renan Filho (PMDB) a um projeto de lei dessa natureza. Em maio o presidente em exercício da Assembleia,
deputado Ronaldo Medeiros (PMDB), promulgou a Lei n.º 7 800/16, instituindo o programa naquele
estado. Desde então a Secretaria Estadual de Educação informou que não vai implementar a lei. O programa
afetaria 9% das escolas alagoanas, já que recairia somente sobre as instituições estaduais de ensino.[24] Em
julho, a Advocacia-Geral da União (AGU) enviou um parecer ao Supremo Tribunal Federal defendendo a
inconstitucionalidade da lei alagoana. Segundo a AGU a lei afronta o pacto federativo pois "cabe
privativamente à União legislar sobre as diretrizes e bases da educação nacional".[24]

Um dos quase 60 projetos de lei influenciados pelo movimento[12] foi apresentado pelo senador e pastor
evangélico Magno Malta (PR) ao Senado do Brasil, juntamente com uma proposta de consulta pública
sobre o Programa Escola sem Partido.[25] O projeto de lei foi apresentado em junho de 2016 e intitulado
PLS 193/2016.[26] Assim como os demais, o projeto visa limitar a atuação dos professores para impedir que
eles promovam suas crenças ideológicas e partidárias em sala de aula ou que incitem os estudantes a
participarem de protestos populares.[5] Como parte da limitação é buscada uma tipificação de crime
chamado no projeto de “assédio ideológico” em sala de aula.[27]

Em 25 de agosto, estudantes ocuparam a Assembleia Legislativa em São Paulo em protesto contra o


Programa Escola sem Partido.[28]

Recepção

Apoios

O programa Escola sem Partido vem recebendo apoio de políticos e personalidades ligadas à direita,[29][30]
como o Movimento Brasil Livre (MBL),[31] o deputado estadual carioca Flávio Bolsonaro e o vereador
paulistano Fernando Holiday.[32] A maioria dos projetos tem sido apresentada por parlamentares ligados às
bancadas evangélicas.[33][34]

Segundo os apoiadores do projeto, o Escola sem Partido seria importante pois, em uma sociedade livre, as
escolas não devem funcionar como centro de doutrinação, mas sim fornecer uma formação ideologicamente
neutra e voltada ao aprendizado. O movimento afirma que existe um processo de doutrinação ideológica de
cunho esquerdista muito forte nas escolas.[21][35]

Os defensores do Escola sem Partido afirmam que questões como religião e gênero também não devem ser
discutidas em aula apenas nas famílias.[20]

Críticas

Professores, estudantes, políticos e juristas criticaram o programa Escola sem Partido.[36][18][37][38] A reitora
da UNIFESP, Soraia Smaili, criticou duramente o programa porque ele restringiria a liberdade de expressão
e prejudicaria a plena formação nas escolas de todos os níveis.[39]

Segundo os o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o projeto do senador Magno Malta, além de
ser ilegal por usurpar a função de legislar sobre educação — exclusiva da União —, é também carregado
de vícios.[40] Além de Janot, o Ministério Público Federal e a Advocacia-Geral da União também
consideraram o projeto inconstitucional.[19]

Especialistas em educação também criticaram o programa afirmando que nada na sociedade é isento de
ideologia, e que o Escola Sem Partido, na verdade, é uma proposta carregada de conservadorismo,
autoritarismo e fundamentalismo cristão. Também afirmam que apesar do discurso de aparente neutralidade
o Escola sem Partido defende uma escola sem espaço para discussão da cidadania.[21]

Com a aprovação do projeto, de acordo com os críticos do programa, o aluno não vai desenvolver o
pensamento crítico. Afirmam também que a educação moral não é prerrogativa exclusiva da família.[20]

Estudantes e professores que se manifestaram contra o projeto de lei o chamam de "Lei da Mordaça".
Diversos alunos secundaristas e universitários ocuparam instituições de ensino em protesto contra o projeto
de lei, que foi uma das pautas das mobilizações estudantis de 2016.[41]
O movimento foi duramente criticado pelo Alto Comissariado para os Direitos Humanos, que considerou
os projetos de lei promovidos por ele como ameaças aos direitos humanos básicos.[42][17] A atuação do
Escola sem Partido já havia sido repudiada no Brasil por organizações ligadas à educação e à ciência,
nomeadamente pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC),[43] pela Associação Nacional
de História (ANPUH)[44] e pela Associação Brasileira das Escolas Particulares (Abepar),[45] que afirmam
que o Escola sem Partido é uma grave ameaça às ciências, à educação, ao Estado laico e à liberdade de
expressão no Brasil.[5][36]

Professores da área de educação da Universidade Federal Fluminense criaram um movimento contrário ao


Escola sem Partido na rede social Facebook chamado "Professores contra o Escola sem Partido".
O movimento “Escola sem Partido”, que diz representar pais e estudantes contrários ao que chamam de
“doutrinação ideológica” nas salas de aula brasileiras, existe há vários anos, mas só a partir de 2015
começou a provocar polêmica - desde que câmaras municipais, assembleias legislativas e o Congresso
Nacional começaram a debater projetos de lei inspirados no grupo.

A ideia já virou lei em Alagoas e em dois municípios brasileiros, mas, no caso alagoano, o documento foi
parar no Supremo Tribunal Federal (STF) e, na semana passada, a Advocacia-Geral da União (AGU),
consultada no processo, considerou-o inconstitucional porque legisla sobre uma área de competência da
União, e porque infringe o artigo 206 da Constituição, que garante a pluralidade de ideias no ambiente de
ensino.

Para explicar o movimento, os argumentos favoráveis e contrários, e o que pode mudar com os projetos
de lei, o G1 ouviu o ministro da Educação e diversos especialistas em educação e direito.

O que é a escola sem partido?

O “Escola sem Partido” é uma referência a coisas distintas. Primeiro, há o movimento “Escola sem
Partido”, um grupo que diz representar pais e professores. No site oficial, o movimento diz se preocupar
"com o grau de contaminação político-ideológica das escolas brasileiras", e afirma que "um exército
organizado de militantes travestidos de professores prevalece-se da liberdade de cátedra e da cortina de
segredo das salas de aula para impingir-lhes a sua própria visão de mundo".

O movimento mantém uma página na internet na qual coleta “depoimentos de estudantes que tiveram ou
ainda têm de aturar a militância político-partidária ou ideológica de seus professores”, e afirma que
decidiu publicar esses textos porque sempre esbarrou "na dificuldade de provar os fatos e na
incontornável recusa de nossos educadores e empresários do ensino em admitir a existência do
problema". O site também endossa blogs que analisam o conteúdo de alguns livros didáticos e dá suporte
para pessoas interessadas em acionar a Justiça contra atitudes de professores em sala de aula.

Depois, existem os projetos de lei inspirados no movimento. A maioria destes projetos, porém, segue o
modelo de um anteprojeto de lei elaborado e defendido pelo “Escola sem Partido”.

O que são os projetos de lei sobre o "Escola sem partido"?

Atualmente, há diversos projetos de lei em tramitação em câmaras municipais, assembleias legislativas e


no Congresso Nacional que falam sobre os direitos e deveres dos professores dentro da sala de aula, os
direitos dos pais na decisão sobre o conteúdo da educação dos filhos e regras para a definição de livros
didáticos a serem adotados pelas escolas. A maioria dos projetos de lei apresentados recentemente
seguem os moldes do anteprojeto elaborado pelo ‘Escola sem Partido’.

Projetos de lei "escola sem partido"

Os projetos de lei do "Escola sem Partido" pretendem especificar os limites da atuação dos professores,
impedindo que eles promovam suas crenças particulares em sala de aula, incitem estudantes a
participarem de protestos e denigram os alunos que pensem de forma distinta. Além disso, o projeto dá o
direito dos pais de escolherem como será o ensino de religiões distintas das suas (“direito dos pais dos
alunos a que seus filhos recebam a educação religiosa e moral que esteja de acordo com as suas próprias
convicções”). Aos professores, também cabe garantir que os estudantes ou terceiros descumpram as
regras acima durante suas aulas.

De acordo com um levantamento feito junto a assembleias legislativas e no Congresso Nacional, até o fim
de julho nove estados brasileiros, além do Distrito Federal tinham pelo menos um projeto de lei com teor
semelhante tramitando na Assembleia Legislativa. Na Câmara dos Deputados e no Senado, também há
projetos em análise dos parlamentares.

Em apenas um dos estados um projeto semelhante já foi aprovado. Trata-se da lei que institui o programa
“Escola Livre” em Alagoas (no mapa, em azul), aprovado em abril. Nessa época, em entrevista ao G1 por
e-mail, o advogado Miguel Nagib, idealizador do movimento “Escola sem Partido”, ressaltou que o
projeto defendido por seu grupo “não corresponde exatamente ao que foi aprovado em Alagoas”.

Segundo Nagib, o projeto defendido pelo “Escola sem Partido” consiste apenas em afixar nas escolas um
cartaz com uma lista de “deveres do professor”. O advogado afirma que “esses deveres já existem” e que
o objetivo é “apenas levá-los ao conhecimento dos alunos, para que eles mesmos possam se defender
contra eventuais abusos praticados por seus professores, já que, dentro da sala de aula, ninguém mais
poderá fazer isso por eles. Em três estados, o projeto já foi arquivado (no mapa, em amarelo).

Por que o "Escola sem Partido" tem provocado tanta polêmica?

A polêmica em torno dos projetos de lei envolve diversos fatores de ordem jurídica, política, social e
educacional. Apoiadores e críticos aos projetos debatem se ele fere ou não a Constituição, se é possível
ensinar com neutralidade e até que ponto a educação familiar deve ter influência no ensino escolar. O
embate entre os dois campos chegou até ao site do Senado Federal, onde uma consulta pública sobre o
projeto de lei sobre o tema recebeu mais de 360 mil votos cerca de duas semanas.

Veja abaixo os principais argumentos de quem é pró e de quem é contra:

LIBERDADE DE EXPRESSÃO: Depois que projetos de lei começaram a avançar nas assembleias
legislativas, na Câmara dos Deputados e no Senado, professores de todo o país passaram a protestar
contra o que classificam de “lei da mordaça”. Segundo os docentes, o movimento tenta controlar o que se
pode ou não dizer em sala de aula e confunde a população quando fala que é possível ensinar sem
ideologia.

Clovis Gruner, professor de história Universidade Federal do Paraná (UFPR), se posiciona contra o
“Escola sem Partido” e critica o “tom policialesco” do grupo, “no limite da criminalização da prática
docente”, que promove, segundo ele, a “perseguição” dos professores.

Andrea Ramal, especialista em educação e colunista do G1, afirma que a preocupação por trás do projeto
de lei é legítima, mas que a aplicação prática pode levar a "situações absurdas", como "famílias
processando escola e professor porque este mencionou determinado pensador, ou porque não deu o
mesmo tempo de aula sobre o pensador 'concorrente'". Leia o post completo

Nagib, do ‘Escola sem Partido’, acredita que “os professores que se referem à lei de Alagoas como ‘lei da
mordaça’ estão reconhecendo, publicamente, que se sentirão ‘amordaçados’ se não puderem usar a sala
de aula para promover os seus próprios interesses, concepções e preferências políticas, ideológicas e
partidárias; para fazer propaganda política e partidária; e para transmitir aos filhos dos outros os seus
próprios valores religiosos e morais”.

Segundo ele, a liberdade de expressão do professor não deve existir dentro da sala de aula porque, caso
contrário, isso “equivaleria a reconhecer-lhe o direito de obrigar seus alunos a ouvi-lo falar, opinar e
pregar sobre qualquer assunto”, o que abriria espaço para que os professores usassem o tempo de sala de
aula para falar sobre qualquer assunto, mesmo que ele não seja relacionado à matéria. “Se o professor
desfrutasse de liberdade de expressão em sala de aula o nosso projeto seria inconstitucional. Em
compensação, como eu disse, não haveria ensino.”

FAMÍLIA X ESCOLA: Fernando Penna, professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal


Fluminense (UFF) e um dos fundadores do grupo “Professores contra o Escola sem Partido”, diz que o
movimento tenta extinguir o papel do educador. “No site do movimento Escola sem Partido, é dito que o
professor não é educador, e sim transmissor de conhecimento. É representado como sequestrador
intelectual. E os alunos aparecem como se fossem folhas em branco, sem autonomia. No site, chega a
falar em ‘síndrome de Estocolmo’, em que os alunos são vítimas de sequestro intelectual e doutrinados
pelo professor”.

Segundo Nagib, mesmo que os alunos não sejam “folhas em branco”, eles formam a “clientela da
educação básica” e “são indivíduos vulneráveis, do ponto de vista intelectual e emocional”. Além disso,
segundo ele, “o grau de vulnerabilidade varia de indivíduo para indivíduo, segundo a idade e a
personalidade de cada um”.

A antropóloga Yvonne Maggie, colunista do G1, acredita que a religião está por trás da questão, em um
contexto de "extrema radicalização das ideias". Segundo ela, o projeto "quer proteger os estudantes e
professores religiosos impedindo que os outros professores critiquem sua crença e exponham outras
crenças. Escola sem Partido é um projeto que toca no debate entre laicidade, ideologia e religião nas
escolas". Leia o post completo

Em entrevista ao G1, Deborah Duprat, promotora federal dos Direitos do Cidadão, afirmou que o projeto
não pode levar em conta só o que os pais querem que os filhos aprendam. “A criança vai para a escola
porque a educação em casa é insuficiente, ela precisa conviver com outras visões de mundo”, afirmou ela,
que publicou nota técnica sobre o projeto, para assessorar os parlamentares no Congresso, no qual avalia
que a proposta de legislação é inconstitucional.

Gruner, da UFPR, concorda. “Se a escola reforçar somente os valores da família, limita a oportunidade de
viver com outras crenças e valores. Um dos riscos do Escola sem Partido mora aí, se a escola for ‘neutra’
e meramente uma extensão do espaço doméstico, não formará indivíduos mais capazes de lidar com o
mundo que é complexo. As contradições devem aparecer para formar cidadãos mais tolerantes.”

Sobre a interferência dos pais no conteúdo ensinado na escola, Nagib cita um artigo da Convenção
Americana sobre Direitos Humanos, que diz que os pais “têm direito a que seus filhos e pupilos recebam
a educação religiosa e moral que esteja de acordo com suas próprias convicções”.

COMPETÊNCIA DAS ESFERAS: A lei aprovada em Alagoas foi parar no Supremo Tribunal Federal
(STF), em uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin). O julgamento ainda não chegou ao fim,
mas, no fim de julho, o governo federal em exercício se manifestou contra a lei. Por meio de um parecer,
a Advocacia-Geral da União (AGU) classificou o projeto como inconstitucional.

De acordo com o órgão, o teor das novas regras altera o conteúdo da Lei de Diretrizes e Bases (LDB),
uma competência que não cabe aos estados, mas sim à União.

CONSTITUIÇÃO: A AGU também afirmou que a lei alagoana fere o artigo 206 da Constituição
Federal, que garante a “pluralidade de ideias e de concepções pedagógicas” no ambiente escolar. A
Promotoria Federal dos Direitos do Cidadão, do Ministério Público Federal (MPF), por sua vez, divulgou
uma nota técnica afirmando que os projetos de lei na Câmara dos Deputados também são
inconstitucionais pelo mesmo motivo.

“Pode um projeto de lei ordinária ficar alterando a Constituição? Eles excluem esta parte de ‘concepções
pedagógicas’”, questiona Penna, da UFF. “Falam que o professor não tem liberdade de expressão no
exercício da profissão. Isso é muito grave”, disse ele, em entrevista ao G1.

A procuradora Deborah Duprat, após publicar nota técnica sobre o projeto de lei da Câmara, na semana
passada, afirmou que "a Constituição fala expressamente na liberdade de expressão do professor quando
ela fala na liberdade de cátedra dele, e não poderia ser diferente", disse Deborah à reportagem. De acordo
com ela, quando a Constituição cita a liberdade do professor de "divulgar o pensamento", está garantindo
sua liberdade de expressão.

Nagib rebateu essa crítica por e-mail. Segundo ele, “liberdade de expressão é a liberdade de dizer
qualquer coisa sobre qualquer assunto. Se o professor desfrutasse dessa liberdade em sala de aula, ele
sequer poderia ser obrigado (como é) a transmitir aos alunos o conteúdo da sua disciplina: poderia passar
todo o tempo de suas aulas falando e divagando sobre futebol, religião, cinema, novela etc. Ora, o simples
fato de o professor ser obrigado a transmitir certo conteúdo aos alunos já demonstra que ele não desfruta
da liberdade de expressão em sala de aula”.

NEUTRALIDADE: Duprat diz ainda que não existe ensino neutro. “Isso não existe no mundo real,
todos estamos inseridos na sociedade, temos as nossas concepções, que vêm da família, do nosso entorno,
do trabalho.”

Sobre a neutralidade, Nagib afirma que “as ideologias existem e sempre existirão. Isto é apenas um fato”.
De acordo com ele, "a perfeita neutralidade não existe. Mas isso não exime o professor (ou autor de livro
didático) do dever profissional de persegui-la. Assim como a cobiça não legitima o roubo, a inexistência
da neutralidade não legitima a doutrinação."

Outra organização que se manifestou contra o movimento “Escola sem Partido” foi o Instituto de
Desenvolvimento e Direitos Humanos (IDDH), uma organização não-governamental sediada em Santa
Catarina. A ONG denunciou o grupo para os relatores especiais das Nações Unidas para o Direito à
Educação e para a Liberdade de Opinião e Expressão. Em um comunicado, o instituto afirmou que
encaminhou a denúncia à relatoria em 18 de julho. Em nota, o IDDH afirmou que “resta clara que a
preocupação de fundo não é garantir direitos, mas vigiar e cercear a liberdade de ensino nas escolas.
Defendem que a educação moral, religiosa e política deve ser de responsabilidade exclusiva dos pais. O
perigo é que, em nome da liberdade de crença e consciência dos estudantes, difundem a falsa ideia de que
o aluno formará sua personalidade isento de reflexão e crítica. Ao proporem a neutralidade na escola, na
verdade, visam anular a individualidade e o poder emancipatório do próprio aluno, ignorando sua
condição de sujeito de direitos e questionando sua capacidade de formar opiniões próprias”.

Por e-mail, Nagib, líder do “Escola sem Partido”, respondeu à denúncia afirmando que o instituto diz se
preocupar com a liberdade de expressão, mas não se preocupa com a violação à liberdade de consciência
e de crença que, segundo ele, “milhões de estudantes” sofrem porque “são obrigados a escutar o discurso
(ideológico, político, partidário, religioso ou moral) dos seus professores”. Segundo ele, essa liberdade “é
a mais importante de todas as liberdades asseguradas pela Constituição Federal”. Ele também acusou o
instituto de não se preocupar “com a violação ‒ pelo governo, pelas escolas e pelos professores ‒ do
direito dos pais sobre a educação religiosa e moral dos seus filhos”.

Qual a posição do governo Temer sobre o "Escola sem partido"

Em entrevista ao G1, o ministro da Educação, Mendonça Filho, afirmou que a discussão sobre o "Escola
sem Partido" ainda não foi feita dentro do governo, que ele defende uma educação "de qualidade, plural e
que ofereça ao aluno a oportunidade de ter ampla visão de mundo e a acesso as diversas matizes do
conhecimento, desenvolvendo senso crítico".

“Conceitualmente, tenho a posição de que não será por meio de uma legislação assim que se resolve a
questão”, afirmou o ministro da Educação.

O que muda nas aulas caso os projetos baseados no "Escola sem partido" virem lei?

Mendonça Filho afirmou que o debate em torno do projeto de lei é “salutar para a sociedade e para o
Congresso Nacional”, mas ressaltou a “quase impossibilidade de aplicabilidade de uma medida como
essa”.
De acordo com o professor Clovis Gruner, caso a lei saia do papel, o professor teria de seguir um
programa estabelecido consensualmente por um grupo de especialistas. “Eu não defendo que o professor
possa dizer o que ele quiser em sala de aula, não é isso. Mas a escola não pode ser alheia à diversidade,
inclusive geográfica e social. E se os projetos virarem lei, os conteúdos seriam ministrados sem ser
contextualizados.” Além disso, segundo ele, “outro risco é o de criar uma geração de alunos dedo duros,
de professores que eventualmente escapem [e comentem sobre algo proibido por lei]”.

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