Impactos da desoneração da folha no

orçamento
Aldo Dórea Mattos

Embora a questão da desoneração da folha de pagamento já tenha

sido muito bem explicada e comentada no blog da colega Martelene
Carvalhaes em seus aspectos contábeis e fiscais, eu gostaria de tratar do
desdobramento do assunto sob o ponto de vista do orçamento das obras.

Primeiro, vejamos sucintamente em que consiste a tal desoneração.

Basicamente consiste em se cobrar o INSS sobre o faturamento da obra
(2%) e não mais sobre a folha de pagamentos. Essa mudança foi
estabelecida pela Lei nº 12.844/13.
Para o orçamentista, a desoneração impacta nos encargos sociais e no
BDI. A tabela de encargos sociais da Pini para os horistas e
mensalistas mostra a mudança:
Para os horistas, vemos que a desoneração reduz os encargos de 129,34%
para 98,89%. Note que a diferença é um pouco maior do que os 20% do
INSS, porque há incidências cruzadas entre o grupo A e os demais grupos
de encargos.
E para onde vai o INSS? Para o BDI. Como a desoneração da folha
implica a cobrança do INSS sobre o faturamento, o INSS passa a ter um
tratamento igual ao ISS, PIS e COFINS, devendo ser somado a esses
impostos no cálculo do preço de venda. A desoneração da folha de
pagamento reduz o custo direto da obra, porém aumenta o BDI
da obra.

Se, por exemplo, o custo total da obra é 100, o construtor deseja ter 8% de
lucro sobre o faturamento, e os impostos ISS+PIS+COFINS+INSS
totalizam 9%, o preço de venda será:

PV = CUSTO / (1 - incidências sobre o faturamento) = 100 / (1 - 0,17) =

100/0,83 = 120,48.

Abaixo eu simulo uma mesma obra orçada sem e com a desoneração:

Pela simulação, a desoneração barateia a obra em 4%. No entanto, se a
parcela de mão de obra for menos representativa no total do orçamento, a
diferença tende a ser menor. Tudo depende dos dados de entrada.

Engenharia de custos

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áreas de planejamento e orçamento de obras, com vários livros publicados,
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