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Patrística
Aluno:
Gilvan Santana Santos Júnior
João Pessoa
2017
Gilvan Santana Santos Júnior
João Pessoa
2017
Por que escrever sobre o desenvolvimento da doutrina da trindade?.................1
1. Monarquianismo Modalista..................................................................4
2. Monarquianismo Adocionista...............................................................5
6. O Concílio de Nicéia..........................................................................18
Conclusão...................................................................................................22
Por que escrever sobre o desenvolvimento da doutrina da trindade?
Seitas nos dias de hoje fazem proselitismo demasiado ensinando ou uma forma
de arianismo (Testemunhas de Jeová), triteísmo (Mórmons) ou unicismo. Sites
e vídeos na internet são divulgados o tempo todo com a finalidade de ensinar
que a doutrina é falsa.
1
HOUSE, Wayne. Teologia Cristã em Quadros (São Paulo: Editora Vida, 2000), p. 51
2
O termo herege é limitado ainda aqui, vamos usar o sentido que Alister McGrath define: aqueles que
tinham uma versão inadequada do cristianismo.
1
Isso não significa que a igreja ou qualquer concílio tenha inventado a doutrina.
Antes, foi para responder às heresias que a igreja explicou o que a Escritura já
pressupunha.3
3
HOUSE, Wayne. Teologia Cristã em Quadros (São Paulo: Editora Vida, 2000), p. 51.
4
CHESTER, Tim. Conhecendo O Deus Trino (São Paulo: Fiel, 2016) p, 84
2
R.C Sproul escrevendo sobre as controvérsias do Início da Igreja:
Se Jesus era Deus, existiriam, agora, dois deuses? Ou, ainda seria
apropriada uma reconsideração radical da natureza de Deus? Historicamente, é
possível argumentar que a doutrina da Trindade encontra-se intimamente
associada ao desenvolvimento da doutrina sobre a divindade de Cristo. Quanto
mais a igreja insistia no fato de Cristo ser Deus, mais era pressionada a
esclarecer a forma como Cristo se relaciona com Deus.6
Vamos analisar duas formas de heresia que podem ser mescladas no termo
monarquianismo7, que seriam o modalista ou adocionista. Essas heresias
consistiam em uma tentativa malsucedida de se manter o monoteísmo. J.N.D.
Kelly escreve:
5
SPROUL, R.C. O que é a Trindade? (São Paulo: Fiel, 2012) p, 33.
6
Id. Ibid.
7
Esse termo vem da junção da palavra “mono” que significa “um” e “arch” que significa “principio”
dessa forma era uma tentativa de se manter a unidade absoluta de Deus.
3
As últimas décadas do segundo século testemunharam o surgimento de
duas formas de ensino que, embora fundamentalmente distintas, foram reunidas
pelos historiadores modernos sob o nome comum de monarquianismo [...] A
classificação de ambos como formas de monarquianismo tem raízes na
pressuposição de que, apesar das diferenças nos pontos de vista e nas
motivações, estavam unidos no interesse pela unidade divina ou monarchia.
Essa suposição remonta pelo menos a Novaciano (c. 250), que interpretou o
adocionismo e o modalismo como tentativas mal orientadas de resgatar o dogma
bíblico de que Deus é um.8
Monarquianismo Modalista
8
KELLY, J.N.D. Patrística: Origem e desenvolvimento das doutrinas centrais da fé cristã (São Paulo: Vida
Nova, 2009) p, 86.
9
FRANGIOTTI apud Hipólito. História das Heresias: Séculos I-VII (São Paulo: Paulus, 1995) p, 46.
4
para Roma o patripassianismo, ele foi duramente respondido por Tertuliano que
o chamou de “demônio”10.
Monarquianismo Adocionista
10
Id. Ibid. p, 48.
11
Id. Ibd. P, 49-50.
5
única coisa que ele fez para merecer a excomunhão era “eu só neguei um
homem”1213.
O expoente mais conhecido dessa heresia foi Paulo de Samosata que foi
condenado em 268 por causa do seu pensamento. Era um homem de infância
pobre que com a habilidade e perspicácia alcançou riquezas, conhecido como
amante do luxo e do fausto era protegido pela rainha Zenóbia de Palmira. Se
tornou Bispo de Antioquia em 260 e 8 anos depois foi excomungado, mas
continuando com posse dos aposentos bispais. Frangiotti escreve sobre o ensino
dele:
12
Id. Ibid. p, 17-26.
13
Veja também para mais informações sobre a tentativa desses, através de uma filosofia grega, ver
Jesus só como homem, em: KELLY, J.N.D. Patrística: Origem e desenvolvimento das doutrinas centrais da
fé cristã (São Paulo: Vida Nova, 2009) p, 87.
14
Id. Ibid. p, 52.
6
Os pais apostólicos
Que achais disso, Caríssimos? Será que Moisés não previa que isso iria
acontecer Claro que sim ele assim procedeu para que não houvesse em Israel
desordem e para que fosse glorificado o nome do Deus único e verdadeiro. A
ele, a glória pelos séculos dos séculos. Amém.16
Entendia também que existia três pessoas, mesmo esse termo não ter sido
cunhado, ele colocava os três juntos:
Recebei nossos conselhos, e não vos arrependereis. Pela vida de Deus, pela
vida do Senhor Jesus Cristo e do Espírito Santo, que são a fé e a esperança dos
eleitos aquele que tiver praticado com humildade os preceitos e mandamentos
dados por Deus, na simplicidade e perseverando na mansidão, esse será
colocado e contado no número dos que foram salvos por Jesus Cristo, a quem
pertence a glória pelos séculos dos séculos. Amém.17
Sobre o Espírito Santo Clemente afirma que o mesmo inspirou os profetas, tanto
do Antigo quanto do Novo Testamento:
15
Essa data é a adotada por Robert C. Walton, colocando-o como o primeiro pai apostólico, ele oferece
uma descrição geral sobre Clemente: Considerado pela Igreja Católica Roma o 4º papa. Talvez seja a ele
a menção que se faz em Fp 4.3. Foi martirizado sob o governo de Domiciano. Veja: WALTON, Robert.
História da Igreja em Quadros (São Paulo: Editora Vida, 2000) p.11.
16
1º de Clemente aos Coríntios, 43.6.
17
Id. Ibid, 58.3
7
Portanto, irmãos, sejamos humildes, depondo todos os sentimentos de jactância,
de vaidade, de insensatez e de cólera, e pratiquemos o que está escrito, de fato,
os Espírito Santo diz: “Que o sábio não se glorie de sua sabedoria, nem se farte
de sua força, nem o rico de sua riqueza; aquele que se gloria, glorie-se no
Senhor, por procurá0lo e praticar o direito e ajustiça.” Lembremo-nos, ensinava
sobretudo, das palavras do Senhor Jesus, quando ele no ensinava sobre a
benevolência e a paciência.18
Inácio de Antioquia
Assim como o Senhor nada fez, nem por si mesmo nem por meio de seus
apóstolos, sem o Pai, com o qual ele é um, também vós não façais nada sem o
bispo e os presbíteros.21
18
Id. Ibd. 13,1.
19
Id. Ibd. 16,2.
20
Carta de Inácio aos Magnésios, 8,2.
21
Id. Ibd. 7.1. Veja também: Smir. 8,1; Smir. 3,3.
8
Declarava que Jesus era Deus, além da carta aos Magnésios já citada acima:
Cuidado, portanto, com essas pessoas. Fazei-o sem vos encher de orgulho,
permanecendo inseparáveis de Jesus Cristo Deus, do bispo e dos preceitos dos
apóstolos.23
Michael Haykin escrevendo sobre Inácio de Antioquia cita a carta desse pai aos
Romanos 4.1 “permitam-me imitar a paixão de meu Deus” argumenta que essa
frase ressalta uma Cristologia elevada de Inácio, Haykin escreve24:
Apologistas e polemistas
22
Carta de Inácio aos Efésios 18,2.
23
Carta de Inácio aos Tralianos 7,1.
24
Haykin em seu livro, descreve como o martírio de Inácio era uma defesa apaixonada desse pai pela
natureza humana de Cristo e sua visão da deidade do mesmo, veja: HAYKIN, Michael. Redescobrindo os
pais da igreja (São Paulo: Editora Fiel, 2012), pp. 33-54.
25
Id. Ibid, p. 47
9
Santo também não disseram muita coisa, destacando já a defesa de Justino
acerca da inspiração do Espírito nos profetas do A.T. J.N.D. Kelly em um artigo,
descreve o período:
[...] a linhas gerais de uma doutrina trinitária são claramente visíveis nos
Apologistas. O Espírito Santo era para ele o Espírito de Deus; e, assim como o
Verbo, ele compartilha da natureza divina, sendo, nas palavras de Atenágoras,
uma “efluência” da deidade.26
Justino de Roma
26
KELLY, J.N.D. A Trindade nos santos padres. p, 8. Disponível em:
http://www.monergismo.com/textos/trindade/Kelly_A_Trindade_nos_santos_padres.pdf
27
Id. Ibid. p, 9.
10
que ele acreditava na divindade do Filho e do Espírito Santo e que ele acreditava
na distinção das três pessoas da trindade.28
Justino em seu diálogo com Trifão (Diálogo com Trifão, XI.1.) declara seu
monoteísmo afirmando que: “Não haverá e nem houve outro Deus desde a
eternidade, além daquele que criou e ordenou o universo”. Ele mostra a sua
crença na trindade em sua primeira apologia (I Apologia, 13, 1.3-6; 61. 3.):
“[...]honramos também Jesus Cristo [...] aprendemos que ele é o Filho do próprio
Deus verdadeiro, e o colocamos em segundo lugar, assim como o Espírito
profético, que pomos no terceiro [...] tomam na água o banho em nome de Deus,
Pai soberano do universo, e de nosso Salvador Jesus Cristo e do Espírito Santo.
Justino entendia que o Pai era distinto do Filho, em seu diálogo com Trifão
(Dialogo com Trifão, 62,1-2) ele fala sobre o texto que Deus disse “façamos o
homem” e diz que esse “façamos” não pode está se referindo a ele mesmo ou
os elementos já criados, para Justino Deus estava conversando com alguém que
era “numericamente distinto e igualmente racional”. Justino continua
argumentando que quando Deus diz “Eis que Adão se tornou como um de nós
para conhecer o bem e mal”, o “nós” indica o número dos que conversavam, ele
diz que no mínimo tinha que ser admitido que eram dois. E continua:
Mas esse gerado [Jesus], emitido realmente pelo Pai, estava com ele
antes de as criaturas e com ele o Pai conversa, como nos manifestou a palavra
por meio de Salomão, ao dizer-nos que, antes de todas as criaturas, foi gerado
por Deus como princípio e progênie esse mesmo que é chamado sabedoria por
Salomão.29
28
FERREIRA, Franklin e Alan. Teologia Sistemática: uma análise histórica, bíblica e apologética para o
contexto atual (São Paulo: Vida Nova, 2007) p, 161-165.
29
Diálogo com Trifão 62, 4
11
Logo após Justino identifica Cristo no encontro que Josué teve com “O chefe do
exército do Senhor” (Cf. Js 6,2) como uma aparição de Cristo no A.T e termina
declarando “Este Verbo é o Cristo”.30 Esse entendimento demostra claramente
que Justino fazia distinção entre o Pai o Filho.
J.N.D. Kelly faz um comentário geral da forma como Justino escrevia sobre a
Trindade:
Melito de Sardes
Michael Haykin fala sobre a adoração a Cristo nas igrejas dos séculos II e III, ele
cita Melito de Sardes (teria morrido em 190 d.C.) um homem de notável
espiritualidade, é exposto uma parte da homília da paixão desse bispo e nessa
Perícope é clara o entendimento da divindade de Cristo:
30
Diálogo com Trifão 62, 5.
31
KELLY, J.N.D. A Trindade nos santos padres. p, 8. Disponível em:
http://www.monergismo.com/textos/trindade/Kelly_A_Trindade_nos_santos_padres.pdf
12
Que subjugou o abismo,
Que estendeu o firmamento,
Que encheu o mundo,
Que dispôs as estrelas nos céus,
Que acendeu os grandes luminares,
Que fez os anjos no céu,
Que ali estabeleceu tronos,
Que formou a humanidade na terra.32
Ireneu de Lion
32
HAYKIN apud MELITO. Redescobrindo os Pais da Igreja (São Paulo: Fiel, 2012) p, 21.
33
Id. Ibid. p, 22.
13
Para Ireneu, todo o processo da salvação do começo ao fim, testemunha a ação
do Pai, Filho e Espírito Santo. Ireneu fez uso de um termo que aparece com
destaque em discussões posteriores sobre a Trindade: “a economia (plano) da
salvação” [...] Ele [Ireneu] insistia que todo o processo de salvação, desde o
primeiro momento da criação até o último momento da história, era obra de um
único e mesmo Deus. Havia uma única economia (plano da salvação, na qual o
único Deus – que era tanto o criador como o redentor – estava operando para
redimir a criação.34
Tertuliano
34
MCGRATH, Alister. Teologia Sistemática, histórica e filosófica (São Paulo: Shedd Publicações, 2005) p,
377.
35
Veja mais em: KELLY, J.N.D. Patrística: Origem e desenvolvimento das doutrinas centrais da fé cristã
(São Paulo: Vida Nova, 2009) p, 77-80.
36
Sobre a palavra persona no latim R.C Sproul diz: No idioma latino, esta palavra era usada,
primariamente, em relação a dois conceitos. Primeiramente, ela podia se referir às apresentações
dramáticas feitas nos palcos daquela época. Ás vezes, os atores tinham papéis múltiplos em uma peça.
Sempre que o ator mudava seu papel durante a peça, ele tinha de colocar uma máscara diferente e
assumir uma pessoa diferente. Veja mais: SPROU, R.C. O que é a Trindade (São Paulo: Fiel, 2012) p, 51.
37
J.N.D. Kelly defende que uso de Tertuliano aqui não é jurídico, ele diz: “alguns sustentam
que, pelo menos para Tertuliano, com sua formação jurídica, substantia significava um bem
14
Assim como Ireneu, Tertuliano abordava a trindade através de duas maneiras,
isso é em sua imanência e em sua economia38. Em sua imanência Deus existe
só em toda a eternidade, sendo Ele “Seu próprio universo, localização, tudo”39,
pois não havia nada exterior a Ele, mas ele não estava só em relação a si mesmo
“pois tinha junto de Si aquela Razão que possuía em seu próprio íntimo, isto é,
Sua própria Razão”40 Essa racionalidade é “outro” ou “um segundo” em relação
a sim mesmo. Tertuliano explora a diversidade da razão em expressá-la nestes
termos.
Deus é um só; todavia, não pode ser considerado como alguém isolado da ordem
da criação. É complexa essa atividade, em cuja análise essa ação divina revela
tanto uma unidade como uma diversidade. Tertuliano defende que a substância
é o que une os três aspectos da economia (plano) da salvação; a pessoalidade
é o que os diferencia.41
que algumas pessoas podiam possuir em conjunto. Na verdade, porém, o sentido metafísico
era o que mais se destacava em sua mente, e a palavra dizia respeito à essência divina, de
Deus, com ênfase em sua realidade concreta. Veja em: KELLY, J.N.D. Patrística: Origem e
desenvolvimento das doutrinas centrais da fé cristã (São Paulo: Vida Nova, 2009) p, 85.
38
Tertuliano também usava “dispensação”.
39
KELLY, J.N.D. Patrística: Origem e desenvolvimento das doutrinas centrais da fé cristã (São Paulo: Vida
Nova, 2009) p, 82.
40
Id. Ibid. p, 83.
41
MCGRATH, Alister. Teologia Sistemática, histórica e filosófica (São Paulo: Shedd Publicações, 2005) p,
378.
15
O Pai, Filho e Espírito Santo são pessoas distintas na trindade, unidas em uma
substância, nunca separadas, Tertuliano argumentava que esse era a forma
correta de descrever, distintas, mas não separadas:
As três pessoas da Trindade são distintas, embora não se dividam (distincti non
divisi); distintas, contudo, não separadas ou independentes uma da outra
(discreti non separati). Assim, a complexidade da experiência humana da
redenção resulta de distintas atuações das três pessoas da Trindade, que agem
de formas diversas, embora coordenadas, na história da humanidade, sem que
ocorra perda alguma da unidade total da Trindade.42
Origines
Orígenes traz para trindade a afirmação de que cada uma das três pessoas da
trindade são distintas desde toda a eternidade, diferente dos seus antecessores
que só viam essa distinção de forma clara na economia, Orígenes argumenta
42
Id. Ibid.
43
CHESTER, Tim. Conhecendo O Deus Trino (São Paulo: Fiel, 2016) p, 86.
16
que a trindade na economia reflete a trindade em sua imanência, o que ela é na
eternidade é refletido na história.
É importante saber o uso que Orígenes fazia do termo “hypostasei”, pois antes
dele tinha sinônimo de “ousia” (substância), ele utiliza o termo como significando
“subsistência”, dessa forma ele escrevia que Deus são três “hypostaseis” e uma
“ousia”. Pode-se dizer que são três pessoas como uma essência, ou seja eles
se distinguem e essa distinção para Orígenes é desde toda a eternidade. J.N.D
Kelly escreve:
44
KELLY, J.N.D. Patrística: Origem e desenvolvimento das doutrinas centrais da fé cristã (São Paulo: Vida
Nova, 2009) p, 97.
45
KELLY apud Orígenes. Patrística: Origem e desenvolvimento das doutrinas centrais da fé cristã (São
Paulo: Vida Nova, 2009) p, 95.
17
hierarquizou a trindade subordinando o Filho e o Espírito ao Pai na eternidade.
Tim Chester escreve:
O Concílio de Nicéia
Ário
46
CHESTER, Tim. Conhecendo O Deus Trino (São Paulo: Fiel, 2016) p, 87.
18
e fizeram com que o arianismo se propagasse. A heresia que Ário formulou
consistia em que o filho não é da mesma natureza que o pai, e dessa forma Deus
só se tornou “Pai” a partir da criação do “Filho” não transferindo aspectos do seu
ser a ele. Ele chegou a essa conclusão pelo fato de crer de tal forma na
transcendência de Deus que o tornava incomunicável, assim não podendo se
comunicar com sua criação, dessa forma já que o filho que é uma criatura tal
comunicação é possível.47
Orígenes havia dito que o Filho era coeterno com o Pai e subordinado a ele.
Ário disse que não se podia ter ambos, subordinação e coeternidade, já que a
coeternidade implica igualdade. Ário levava a subordinação de Orígenes a um
novo estágio, colocando o filho ao lado da criação e não do Criador. Para Ário
ser gerado significava ser criado. Só era apontar para o trinitarianismo
econômico do Sec. II
Alexandre
47
Resumo extraído de: RAMALHO, Jefferson. Jesus é Deus? (São Paulo: Relexão, 2008) pp, 21-32.
19
reforçou a condenação do Arianismo e ainda enviou um encíclica reafirmando a
decisão a várias igrejas contra a heresia.48
A definição que causou maior polêmica e que deveria ser discutida no concílio
era se o “Filho” era de “mesma natureza que o Pai” (homoousios) defendida
pelos ortodoxos ou era de “natureza semelhante do Pai” (homoiousios) posição
dos arianos.
O texto que foi formulado como decisão geral que é reconhecido em toda a
história da Igreja é o Credo de Nicéia. No credo primeiro é dito sobre a grandeza
e o poder sobre tudo do Deus Pai, sobre o Filho ser “gerado” e não “feito”
descrevendo a co-essencialidade do “Pai e do Filho”, dessa forma o filho não
teve início de dias e um não existe antes do outro, é declarado que Jesus é Deus
de Deus, mostra a relação divina do Filho com o Pai, depois sobre o Filho ter
48
Id. Ibid. pp, 33-42.
49
Id. Ibid. Pp, 49-71.
20
sido feito homem para a salvação dos homens, e por último a condenação de
quem não aceitasse a eternidade, consubstancialidade do filho50:
E quantos dizem: “Ele era quando não era”, e “Antes de nascer, Ele não
era”, o que “foi feito do não existente”, bem como a quantos alegam ser o
Filho de Deus “de outra substância ou essência”, ou “feito”, ou “mutável”,
ou “alterável” a todos estes a Igreja Católica e Apostólica anatematiza.
50
Id. Ibid. Pp, 111-116.
51
Id. Ibid. p, 55.
21
Alister McGrath é bem-sucedido ao afirmar que a doutrina da Trindade estava
relacionada a evolução da Cristologia:
Após a decisão conciliar o arianismo ressurge com força, mas é derrubado com
a insistência do Bispo de Alexandria Atanásio, logo após esse período a questão
final estará voltada a respeito a divindade do Espírito Santo em se ter um
reconhecimento dogmática da igreja. Este próximo passo é dado ao longo de
escritos contra o “pneumatoquianismo” dos Pais capadócio, Basílio de Cesareia,
Gregório de Nazianzo, Gregório de Nissa. Encontrando seu reconhecimento
dogmático no Concílio de Constantinopla em 381 d.C.
Conclusão
52
MCGRATH, Alister. Teologia Sistemática, histórica e filosófica (São Paulo: Shedd Publicações, 2005) p,
376
22
Nos Apologistas e Polemistas foi utilizado dos argumentos que os mesmos
levantaram em seus períodos contra as heresias e os avanços da doutrina.
Ireneu contribuiu com seu conceito econômico, Tertuliano com o vocabulário
adequado e Orígenes com as distinções hipostáticas.
Por último foi explanada uma abordagem geral do Concílio de Niceia levantando
a questão da sua necessidade e suas definições sobre a divindade do Logos.
Foi descrito também o significado das respostas que o Concílio deu aos hereges
e foi assinalado que a doutrina não foi uma invenção, mas sim um resultado do
reconhecimento da Igreja.
23